Períodos de interferência de erva-quente (Spermacoce atifolia) no

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SCIENTIA FORESTALIS
n. 61, p. 103-112, jun. 2002
Períodos de interferência de erva-quente (Spermacoce atifolia)
no crescimento inicial de eucalipto (Eucalyptus grandis)
Periods of interference of Spermacoce latifolia
on the initial growth of Eucalyptus grandis
Augusto Guerreiro Fontoura Costa
Pedro Luís da Costa Aguiar Alves
Maria do Carmo Morelli Damasceno Pavani
RESUMO: A erva-quente (Spermacoce latifolia), em função do uso contínuo de mesmos
herbicidas e outros métodos de controle, vem se constituindo numa das plantas mais freqüentes infestando eucaliptais do Estado de São Paulo. Em virtude disso, objetivou-se neste trabalho avaliar os efeitos de períodos de controle e convivência dessa planta daninha sobre o
desenvolvimento inicial de mudas de eucalipto (Eucalyptus grandis), transplantadas no inverno e no verão. Uma única muda de eucalipto foi transplantada em caixa de cimento amianto e
submetida a períodos crescentes de convivência e de controle da erva-quente (0, 20, 40, 60
e 80 dias no sujo e no limpo, respectivamente). As densidades de plantas de erva-quente
foram de 4 e 16 plantas/m2 (nas condições de inverno e verão, respectivamente). O ensaio foi
conduzido por um período de 100 dias após o transplante (DAT). O delineamento experimental foi de blocos casualizados com dez tratamentos em quatro repetições. Pelos resultados da
altura das plantas, diâmetro do caule, biomassas secas e área foliar, verificou-se que os
períodos anterior à interferência (PAI), total de prevenção à interferência (PTPI) e crítico de
prevenção à interferência (PCPI) foram de 40, 60 e 40 a 60 DAT, respectivamente, no inverno.
Em condições de verão, o PAI, PTPI e PCPI foram de 20, 80 e de 20 a 80 DAT.
PALAVRAS-CHAVE: Erva-quente, Eucalyptus grandis, Competição, Planta infestante
ABSTRACT: The buttonweed (Spermacoce latifolia) is becoming a plant among the most
current infesting eucalypts plantation in State of São Paulo due to the continual use of same
herbicides and control methods. Owing this, this work aimed to evaluate the effects of periods
of company and control of S. latifolia on the initial growth of Eucalyptus grandis, planted in
winter and summer. Only one seedling of Eucalyptus was planted in amianthus cement box
and submitted for crescent periods of company and control of S. latifolia (0, 20, 60 and 80
days in competition or not). The densities of plants of S. latifolia were 4 and 16 plants per m2
(under winner and summer conditions). The experimental period was 100 days after the
planting (DAP). The experimental design for both experiments was the completely randomized
blocks (CRB) with ten treatments and four replicates. The results of plant high, stem diameter,
dries weights and leaf area showed that the before interference period (BIP), whole period of
prevention for interference (WPPI) and critical period of prevention for interference (CPPI)
were 40, 60, and 60 DAP, respectively, under winner conditions. Under summer conditions, the
BIP, WPPI and CPPI were 20, 80 and 20 to 80 DAP.
KEYWORDS: Buttonweed, Eucalyptus grandis, Competition
104 „ Erva-quente e crescimento inicial de eucalipto
INTRODUÇÃO
A presença das plantas invasoras no
ecossistema florestal tem sido um dos maiores
problemas na implantação e manutenção das
florestas de eucalipto e pinheiros, pois causa
prejuízos ao crescimento e produtividade.
Marchi (1987) estudando efeitos de períodos de controle de plantas daninhas no crescimento inicial e composição mineral de
Eucalyptus grandis, no município de Guatapará
(SP), observou que o período anterior à interferência (PAI) foi inferior a 28 dias e que o período
total de prevenção à interferência (PTPI) foi de
140 dias. A análise de custo-benefício revelou
que a manutenção da cultura no limpo por um
período de 112 dias proporcionou uma aceitável produção de madeira a baixo custo.
Segundo Toledo (1998) plantas jovens de
Eucalyptus urograndis, convivendo com
Brachiaria decumbens, apresentam um período anterior à interferência (PAI) inferior a 14-28
dias. Para assegurar o desenvolvimento inicial
da cultura, essa apresentou um período total
de prevenção à interferência (PTPI) ao redor de
196 dias, sendo que o período crítico de prevenção à interferência (PCPI) foi de 14-28 a 196
dias após o transplante.
As plantas daninhas competem por luz, nutrientes, água e “espaço”, exercem pressão de
natureza alelopática e aumentam riscos de incêndio, entre outros efeitos deletérios, justificando a preocupação com seu controle (Pitelli,
1987; Pitelli e Marchi, 1991).
Os fatores que afetam o grau de interferência entre plantas infestantes e culturas agrícolas
estão apresentados em esquema proposto por
Bleasdale (1960) e adaptado por Pitelli (1985).
Segundo este esquema, o grau de interferência
depende de fatores ligados à própria cultura
(espécie, espaçamento e densidade de plantio), à comunidade infestante (composição específica, densidade e distribuição), às condições específicas em que ocorre a associação
cultura-comunidade infestante, principalmente
condições edafo-climáticas e de tratos culturais e, finalmente, depende também da época
e extensão do período em que ocorreu a associação.
Pitelli (1987) pondera que, de uma maneira
geral, quanto maior for o período de convivência múltipla cultura-comunidade infestante, maior
será o grau de interferência. No entanto, isto
não é totalmente válido, porque dependerá da
época do ciclo da cultura em que este período
ocorre.
Recentemente, devido à dificuldade no controle da erva-quente com os herbicidas existentes, esta planta daninha está se dispersando
bastante, tornando-se cada vez mais freqüente
nos eucaliptais. Além disso, é importante ressaltar que essa espécie de planta vem se tornando problemática nas áreas de reflorestamento no Estado de São Paulo, principalmente com
relação à sua densidade de ocorrência, provavelmente como resultado de um processo de
seleção promovido pelos métodos de controle
e herbicidas utilizados.
A erva quente, a partir de 4 plantas.m-2,
mesmo sob condições de inverno, quando acumula pouca matéria seca, tende a interferir negativamente sobre o crescimento das mudas
de Eucalyptus grandis, principalmente na emissão de folhas e ramos e, consequentemente,
na área foliar (Costa et al., 1996). Em condições de verão, esta interferência ocorre a partir
de maior densidade, 16 plantas.m-2, também no
que diz respeito à emissão de ramos (Costa et
al., 1998).
Baseando-se nos efeitos da densidade de
erva-quente observados por Costa et al. (1996
e 1998), este trabalho objetivou determinar os
períodos de interferência desta planta daninha
sobre o crescimento inicial de mudas de
Eucalyptus grandis (em condições de inverno e
verão).
Costa, Alves e Pavani „ 105
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram conduzidos dois ensaios: um sob
condições de verão e outro de inverno (porém
sem limitação de água), nos quais se estudou
os efeitos de períodos de convivência e controle de erva-quente no crescimento inicial de
mudas de Eucalyptus grandis.
Os ensaios foram instalados em área experimental do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária (FCAV - UNESP, Campus de
Jaboticabal). Como recipientes foram utilizadas
caixas de cimento amianto com capacidade
para 70 litros, utilizando-se, como substrato,
terra coletada na camada arável de um
Latossolo Vermelho-Escuro, distrófico, A moderado, de classe textural argilosa. O substrato
foi previamente corrigido, quanto à fertilidade,
utilizando-se adubo formulado 04-14-08 e com
adubação complementar de cobertura com
sulfato de amônia.
Uma única muda de eucalipto com aproximadamente 90 dias de idade foi plantada em
cada recipiente. Em cada época correspondente ao tratamento (período de convivência), as
plântulas da erva-quente, no estágio de duas a
quatro folhas, foram transplantadas no recipiente, nas densidades de 16 plantas/m2 e 4 plantas/m2, sob condições de verão e inverno, respectivamente.
Os tratamentos experimentais foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo constou
de períodos crescentes de convivência das
plantas de eucalipto com a erva-quente desde
o transplantio até 0, 20, 40, 60 e 80 dias. No
final de cada período, toda população da planta daninha foi removida. No segundo grupo de
tratamentos, as plantas de eucalipto permaneceram na ausência das plantas de erva-quente
(no limpo) desde o transplantio até 0, 20, 40,
60 e 80 dias após, quando as mudas das plantas daninhas foram transplantadas. O período
de condução dos ensaios foi de 100 dias após
o transplantio do eucalipto, período esse em
que as plantas cresceram sem limitação de água.
O delineamento experimental adotado para
os dois ensaios foi o de blocos casualizados,
com os dez tratamentos (períodos) em quatro
repetições.
As avaliações realizadas para as espécies
foram as seguintes:
9 eucalipto: aos 30, 50 e 100 dias após o
transplantio das mudas (DAT) foram medidos a
altura das plantas e o diâmetro do caule. O diâmetro do caule foi obtido por medições na
região do colo e a altura das plantas pelo comprimento do caule principal. Ao término do período experimental (100 DAT), determinaram-se
o número de folhas e ramos, a área foliar e o
peso de matéria seca das folhas, caule e ramos
das plantas. A área foliar foi obtida por meio
de um medidor de área foliar (Li-Cor Instruments,
modelo LI-3000A) e a matéria seca das diferentes partes das plantas foi obtida após a secagem dos materiais em estufa com circulação
forçada de ar, a 70°C por 96 horas, sendo, esses, posteriormente pesados em balança de
precisão de 0,01 g.
9 erva-quente: ao término dos respectivos períodos de convivência e aos 100 DAT (para os
períodos de controle) foi avaliada a biomassa
seca da parte aérea das plantas infestantes. Os
dados obtidos foram expressos pelas suas médias, sendo essas submetidas à análise de regressão, segundo os modelos de Boltzman (Y
= [(A1 - A 2)/(1 + eX-X0/dX) + A2]), regressão
exponencial (Y = Y0 + A.e-X/T1) e regressão linear (Y = A + B.X), do programa Microcal Origin,
versão 3.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ensaio em condições de inverno
Pode-se observar, pela Figura 1A, que a
matéria seca da parte aérea das plantas de ervaquente foi crescente com o aumento dos perío-
106 „ Erva-quente e crescimento inicial de eucalipto
dos de convivência (dias no sujo). Para os períodos de controle a matéria seca da planta daninha foi decrescente até os 40 dias no limpo.
Ainda se pode constatar que os períodos de 80
dias de controle e convivência foram mais importantes para o acúmulo de matéria seca das
plantas infestantes e, principalmente, os períodos de 20 e 40 dias de convivência e 40, 60 e
80 dias de controle favoreceram muito pouco
para o acúmulo de biomassa da erva-quente,
já que os valores são muito próximos de zero,
ou seja, as plantas infestantes transplantadas
nestas épocas praticamente não se desenvolveram.
Para o diâmetro do caule das plantas de
eucalipto, aos 100 DAT, verificou-se pela Figura
2A que até os 40 dias praticamente não houve
efeito do controle ou da convivência. A partir
dessa época, com o aumento do período de
convivência houve redução no diâmetro do caule das plantas, enquanto com o controle, houve aumento.
3,0
40
Mat. seca S. latifolia (g)
S. latifolia dry weight (g)
Com relação à altura da plantas de eucalipto,
verificou-se que com o aumento do período de
convivência a altura das plantas de eucalipto
tendeu a ser menor, passando de 91,5cm (0 dias)
para 84cm com 80 dias de convivência (Figura
2C). Contudo, constatou-se que até os 60 dias
de controle não houve efeito da planta daninha
sobre essa característica, mas com 80 dias de
controle, as plantas de eucalipto estranhamente
apresentaram-se menores que as dos demais
períodos de controle.
Quanto à área foliar (Figura 3A), para os
períodos de convivência, após os 40 dias observa-se uma redução nessa característica, que
passa a se estabilizar a partir dos 60 dias. Esse
resultado foi muito semelhante para o número
de folhas (Figura 3C). Para o número de ramos
tal redução é observada aos 60 dias no sujo
(Figura 4A).
Convivência - Company
Controle - Control
A
B
2,5
30
2,0
20
1,5
10
1,0
0,5
0
0
20
40
60
Períodos (dias)
Periods (days)
80
0,0
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
Figura 1.
Biomassa seca acumulada da parte aérea de S. latifolia, aos 100 DAT, em função dos períodos de interferência, em
condições de inverno (A) e verão (B).
(Dry weight accumuleted of top part of S. latifolia, at 100 DAP, at function of periods of interference, under winter (A) and
summer (B) conditions)
Costa, Alves e Pavani n 107
9 ,0
Convivência - Company
Controle - Control
Stem diameter (mm)
Diâmetro do caule (mm)
18
A
B
y=7,63+1,04.exp(-x/9,57)
17
8 ,5
y=-0,80/{1+exp[(x-69,40)/-13,84]}+15,84
16
y=-10,18/{1+exp[(x-540,40)/173,36]}+17,93
8 ,0
15
y=-68,45/{1+exp[(x-177,00)/27,65]}+83,53
14
7 ,5
0
20
40
60
80
0
20
40
60
80
60
94
92
C
Y=91,26-0,08.x
D
58
Altura (cm)
High (cm)
90
y=10,98/{1+exp[(x-222,91)/-72,54]}+55,20
56
88
86
54
84
y=7,78/{1+exp[(x-63,32)/5,11]}+78,50
82
y=9,11/{1+exp[(x+47,32)/32,68]}+52,96
52
80
78
50
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
Figura 2.
Efeitos dos períodos de interferência sobre o diâmetro do caule e altura das plantas de Eucalyptus grandis, aos 100 DAT,
em condições de inverno (A e C) e verão (B e D).
(Effects of periods of interference on the stem diameter and plant high of Eucalyptus grandis, at 100 DAP, under winter
(A and C) and summer (B and D) conditions)
Costa et al. (1998) também constataram
diminuição na área foliar (34%), quando plantas de eucalipto (E. grandis) conviveram 75 dias
com plantas de erva-quente (Spermacoce
latifolia), na densidade de 4 plantas/m2, em condições de inverno.
Para os períodos de controle, houve incremento em área foliar até os 20 dias, após o
qual tendeu a se estabilizar, entretanto, o aumento no número de folhas teve início a partir
desse período. Em relação ao número de ramos, as diferenças para os períodos de controle não foram evidenciadas no gráfico da Figura
4A.
Quanto à biomassa seca de ramos, para os
períodos de convivência, observa-se, na Figura
4C, tendência de diminuição nessa característica, aos 60 dias no sujo. Para a matéria seca de
folhas (Figura 5A) o decréscimo inicia-se aos
40 dias, acentuando-se aos 60 dias. Para a
matéria seca do caule das plantas de eucalipto
(Figura 5C), o período de 60 dias leva também
a um decréscimo mais acentuado da curva.
Para os períodos de controle, o acréscimo
na matéria seca de ramos e caule ficou mais
evidente a partir dos 40 dias de controle. Entretanto, com relação à biomassa seca de folhas,
o efeito desses períodos foi inexistente, como
pode-se observar no gráfico da Figura 5A.
Pode-se constatar que o período de convivência passou a ser crítico quando a erva-quente
acumulou cerca de 8g de biomassa seca (60
dias nos sujo) e o período de controle deixou
de ser crítico quando tal planta acumulou por
volta de 0,34g (40 dias no limpo).
108 n Erva-quente e crescimento inicial de eucalipto
8000
2200
Convivência - Company
Controle - Control
A
Área foliar (cm2)
Leaf area (cm2)
y=2126,01/{1+exp[(x-42,68)/1,81]}+4851,90
B
y=-2204,50/{1+exp[(x-94,81)/10,36]}+3916,30
7000
2000
y=1869,11/{1+exp[(x3,46)/-7,50]}+4073,68
6000
5000
1800
1600
y=1559,35+397,99.exp(-x/4,41)
4000
1400
0
20
40
60
80
0
20
40
60
80
500
C
D
170
Número de folhas
Leaf number
y=-323,15/{1+exp[(x-310,74)/208,06]}+409,06
450
y=129,36/{1+exp[(x-39,51)/0,31]}+310,33
160
400
150
350
y=-1119,84/{1+exp[(x319,96)/168,65]}+1276,23
140
y=28,09/{1+exp[(x-19,80)/2,30]}+133,83
300
130
0
20
40
60
Períodos (dias)
Periodos (days)
80
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
Figura 3.
Efeitos dos períodos de interferência sobre a área foliar e o número folhas das plantas de Eucalyptus grandis, aos 100
DAT, em condições de inverno (A e C) e verão (B e D).
(Effects of periods of interference on the leaf area and number leaf of Eucalyptus grandis, at 100 DAP, under winter (A
and C) and summer (B and D) conditions)
Costa, Alves e Pavani n 109
19
14
A
B
18
y=4,49/{1+exp[(x-60,60)/1,45]}+13,04
y=-76,64/{1+exp[(x+175,
55)/51,42]}+13,61
Número de ramos
Branch number
13
17
y=0,79/{1+exp[(x-38,78)/6,11]}+15,65
16
12
15
14
11
Convivência - Company
Controle - Control
13
y=2,88/{1+exp[(x-38,43)/1,01]}+10,75
12
10
0
20
40
60
80
0
20
40
60
3,5
32
C
D
30
Mat. seca de ramos (g)
Brunch dry weight (g)
80
y=2,14+1,07.exp(-x/0,55)
28
3,0
26
y=29,91/{1+exp[(x+72,65)/-156,37]}+3,49
24
22
2,5
y=-1,01/{1+exp[(x-78,11)/1,12]}+3,47
20
y=16,08/{1+exp[(x+12,14)/76,78]}+16,68
18
16
2,0
0
20
40
60
Períodos (dias)
Periods (days)
80
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
Figura 4.
Efeitos dos períodos de interferência sobre o número de ramos e a matéria de seca de ramos das plantas de Eucalyptus
grandis, aos 100 DAT, em condições de inverno (A e C) e verão (B e D).
(Effects of periods of interference on the number brunch and brunch dry wheight of Eucalyptus grandis, at 100 DAP,
under winter (A and C) and summer (B and D) conditions)
110 n Erva-quente e crescimento inicial de eucalipto
32
13,5
Convivência - Company
Controle - Control
A
Mat. seca de folhas (g)
Leaf dry wheight (g)
31
13,0
B
y=-13,34/{1+exp[(x-299,64)/210,39]}+22,74
30
29
28
12,5
y=-0,66/{1+exp[(x+787,28)/200,69]}+28,89
12,0
27
26
11,5
y=1,15/{1+exp[(x-20,48)/1,77]}+11,50
y=4,35/{1+exp[(x-41,88)/1,50]}+25,38
25
24
11,0
0
20
40
60
80
0
20
40
60
80
7
70
C
D
Mat. seca de caule (g)
Stem dry weight (g)
65
6
60
y=4,75/{1+exp[(x-106,27)/-14,79]}+4,95
y=-74,62/{1+exp[(x-135,23)/-47,66]}+61,36
55
5
50
y=4,35+1,96.exp(-x/17,22)
45
4
y=21,00/{1+exp[(x+4,97)/-41,25]}+33,61
40
35
3
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
0
20
40
60
80
Períodos (dias)
Periods (days)
Figura 5.
Efeitos dos períodos de interferência sobre a matéria seca de folhas e caule das plantas de Eucalyptus grandis, aos 100
DAT, em condições de inverno (A e C) e verão (B e D).
(Effects of periods of interference on the leaf dry wheight and stem dry wheight of Eucalyptus grandis, at 100 DAP, under
winter (A and C) and summer (B and D) conditions)
Ensaio em condições de verão
Pode-se observar, pela Figura 1B, que o
peso da matéria seca da parte aérea da ervaquente foi crescente dos 0 aos 20 dias de convivência (dias no sujo), após os quais se estabi-
lizou. Com o controle (dias no limpo), a
biomassa seca da planta daninha tendeu a reduzir, ou seja, aquelas plantas transplantadas
após 20 dias não lograram em acumular
Costa, Alves e Pavani „ 111
biomassa. Para as condições de inverno (Figura 1A), entretanto, o acúmulo de biomassa seca
das plantas infestantes passou a ser crescente
somente após os 40 dias de convivência, mas
decrescente a partir dos 20 dias de controle,
fato semelhante ocorrido, neste caso, nas condições de verão.
No verão, o incremento na altura das plantas de eucalipto tendeu a ocorrer com o aumento no período de controle da erva-quente,
enquanto com o aumento no período de convivência ocorreu o inverso, ou seja, a altura das
plantas decresceu (Figura 2D).
Para o diâmetro do caule, com o aumento
no período de convivência houve redução que
tendeu a se estabilizar após os 40 dias. Com o
aumento no período de controle verificou-se
tendência de aumento na altura das plantas (Figura 2B).
Para a área foliar (Figura 3B) pode-se verificar uma tendência de acréscimo nessa característica para o maior período de controle – 80
dias no limpo – (18% em relação aos 0 dias no
limpo). Quanto aos períodos de convivência a
presença da planta daninha, a partir dos 20 dias,
em quaisquer um dos períodos, implicaram em
uma tendência de diminuição quando comparado à testemunha - 0 dias no sujo – (20% de
decréscimo do período de 20 dias em relação
aos 0 dias de convivência).
O número de folhas e ramos (Figuras 3D e
4B, respectivamente), para os períodos de convivência, apresentaram decréscimo aos 40 dias
(10 e 8%, respectivamente). O início do decréscimo no número de folhas, já aos 20 dias, demonstrou que esta característica provavelmente foi a causa principal para a redução
visualizada para a área foliar, que foi de 20% a
partir do mesmo período de convivência (20
dias), após o qual tendeu a se estabilizar. Costa et al. (1998), entretanto, relacionaram o decréscimo no número de folhas com a diminuição no número de ramos, para plantas de
eucalipto (E. grandis) que conviveram 90 dias
com 16 plantas/m2 de erva-quente (S. latifolia),
em condições de verão.
Para os períodos de controle, observa-se
uma tendência de crescimento para o número
de ramos (acréscimo de 11% a partir dos 20
dias no limpo), o que foi menos evidente para
o número de folhas.
Pode-se constatar pela Figura 4D, para os
períodos de convivência, que a biomassa seca
de ramos foi mais sensível aos períodos do que
a biomassa seca de caule (Figura 5D) e folhas
(Figura 5B), principalmente, já que os decréscimos foram de 36, 26 e 18%, para ramos, caule
e folhas, respectivamente, a partir dos 20 dias
no sujo.
Com relação aos períodos de controle, a
biomassa seca de caule não demonstrou a
mesma sensibilidade aos períodos como a de
folhas, sendo que esta última apresentou um
acréscimo de 27% aos 80 dias no limpo. Para a
biomassa seca de ramos o crescimento é observado aos 80 dias no limpo, com acréscimo
de 12% em relação aos 0 dias de controle.
Pode-se constatar que o período de convivência passou a ser crítico quando a erva-quente
acumulou cerca de 0,62g de biomassa seca (20
dias nos sujo) e o período de controle deixou
de ser crítico quando acumulou por volta de
0,1g (80 dias no limpo).
Nas duas condições dos ensaios (inverno e
verão) é possível observar, de uma maneira geral, que quanto maiores foram os períodos de
convivência, maiores foram as diminuições nas
características estudadas das plantas de
eucalipto. Essa constatação é corroborada por
Pitelli (1987) que afirma ser maior o grau de interferência, quanto maior for o período de convivência múltipla cultura-comunidade infestante.
CONCLUSÕES
9 A Spermacoce latifolia na densidade de 4 plantas/m2, em condições de inverno, a partir dos
60 dias de convivência com plantas de E.
112 „ Erva-quente e crescimento inicial de eucalipto
grandis, tende a diminuir a área foliar, número
de ramos e folhas dessas plantas. Em termos
de controle, a partir dos 40 dias, a erva-quente
tende a não causar efeitos deletérios, principalmente na produção de biomassa seca de ramos e caule das plantas de eucalipto;
9 Em condições de inverno, os períodos anterior à interferência (PAI), total de prevenção à
interferência (PTPI) e crítico de prevenção à interferência (PCPI) foram de 40, 60 e 40 a 60 DAT,
respectivamente;
9 A Spermacoce latifolia na densidade de 16
plantas/m2, em condições de verão, a partir dos
20 dias de convivência com plantas de E.
grandis, tende a diminuir a área foliar, produção de biomassa seca de caule e ramos. Em
termos de controle, a partir dos 80 dias, a ervaquente tende a não causar efeitos deletérios,
principalmente em relação ao número de folhas
e área foliar das plantas de eucalipto;
9 Em condições de verão, o PAI, PTPI e PCPI
foram de 20, 80 e de 20 a 80 DAT, respectivamente.
AUTORES E AGRADECIMENTOS
AUGUSTO GUERREIRO FONTOURA COSTA é
Mestrando do Curso de Proteção de Plantas
junto ao Departamento de Produção Vegetal da
Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP
- Campus de Botucatu - Rua Dr. José Barbosa
de Barros, 1160 – apto. 24 - Jardim Paraíso –
Botucatu, SP - 18610-510 – E-mail:
[email protected]
PEDRO LUÍS DA COSTA AGUIAR ALVES é Prof.
Assistente Doutor do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAVJ / UNESP
- Rod. Carlos Tonanni, km 05 – s/n - Jaboticabal,
SP - 14870-000 – E-mail: [email protected]
MARIA DO CARMO MORELLI DAMASCENO
PAVANI é Prof. Assistente Doutor do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da
FCAVJ / UNESP - Rod. Carlos Tonanni, km 05 –
s/n - Jaboticabal, SP - 14870-000
Os autores agradecem ao CNPq, à FCAV /
UNESP - Jaboticabal e à VCP – Votorantim Celulose e Papel, Unidade de Luiz Antonio, SP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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HARPER, J.L. The biology of weeds. Oxford:
Blackwell Scientific Publication, 1960. p.133-143
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grandis, em condições de verão. In: CONGRESSO
DA SOCIEDADE BOTÂNICA DE SÃO PAULO, 12,
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COSTA, A.G.F.; TOLEDO, E.B. ; PAVANI, M.C.M.D.;
ALVES, P.L.C.A. Interferência de Borreria alata, em
densidades crescentes, no desenvolvimento inicial de
mudas de Eucalyptus grandis. In: CONGRESSO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP, 8, 1996. Anais.
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1991. p.110-123.
TOLEDO, R.E.B. Efeitos da faixa de controle e dos
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decumbens Stapf. no desenvolvimento inicial de
plantas de Eucalyptus urograndis. Piracicaba, 1998.
77p. Tese (Mestrado). Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo.
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