UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Heide Withoeft TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2008 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2008 Heide Withoeft TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Relatório de estágio apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Professor Msc. Ricardo Maia Orientador Profissional: Dr. André Luis Selmi CURITIBA 2008 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Profª Ana Laura Angeli Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS PROF. SYDNEI LIMA SANTOS Rua Sydnei Antônio Rangel dos Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82.010-330 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331- 7700 TERMO DE APROVAÇÃO Heide Withoeft TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção de título de Médica Veterinária por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 07 de novembro de 2008 ____________________________________ Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná Orientador ____________________________________ Prof. Msc. Ricardo Maia Universidade Tuiuti do Paraná ____________________________________ Profª Msc. Taís Marchand Rocha Moreira Universidade Tuiuti do Paraná ___________________________________ Medica Veterinária Raquel de Araújo Cantarella Universidade Tuiuti do Paraná À, Herica, minha irmã, querida amiga, pelo carinho, amor e sintonia que nos acompanha. DEDICO AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, por terem me proporcionado todos os anos de estudo, superando as dificuldades e privações. Agradeço imensamente a minha família, que mesmo distante sempre me apoiou, e dedicou um carinho incondicional que foi decisivo para o meu caminho. A minha mãe, Emilia, mulher guerreira, que me manteve firme assim como ela, suportando a saudade e a distância, estivemos sempre em sintonia. Ao meu pai, Cyro e a Mime, que me acolheram e me orientaram nos momentos adversos, que dividiram os momentos e suas vidas. A minha irmã, Herica, grande amiga, confidente de todas as horas, que sempre me transmitiu paz e coragem, e esteve ao meu lado. Ao Anderson, pelo amor, carinho e compreensão nos momentos que estive ausente. Ao Prof. Ricardo Maia, meu mestre e orientador pela dedicação durante a graduação e a paciência durante a orientação. Aos professores e funcionários da Universidade Tuiuti do Paraná, pelos anos de dedicação. Aos profissionais do Hospital Veterinário Anhembi Morumbi/SP, pelos meses de imenso aprendizado e amizade. A querida amiga, Raquel, pelos incansáveis ensinamentos e pelos momentos especiais divididos. A melhor coisa sobre o futuro é que ele acontece apenas uma vez. Abraham Lincon APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.), apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, para fins de cumprimento de estágio curricular, é composto de um Relatório de Estágio, onde estão descritas as atividades realizadas pela acadêmica Heide Withoeft, bem como a descrição de dois casos clínico cirúrgicos acompanhados durante o período de 04 de agosto a 30 de setembro de 2008, no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM) localizado na cidade de São Paulo/SP. RESUMO O estágio curricular foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, localizada na cidade de São Paulo/SP, no período de 04 de agosto a 30 de setembro de 2008. Foram acompanhadas atividades na área de Clinica Cirúrgica sendo que neste trabalho está contida a descrição do local do estágio bem como estão descritos dois casos clínicos cirúrgicos e suas respectivas revisões bibliográficas. Os temas são obstrução do fluxo biliar secundário a neoplasia pancreática e fratura de vértebra lombar. Palavras-chave: obstrução, fluxo biliar, neoplasia pancreática, fratura, vértebra lombar. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – HOSPITAL VETERINÁRIO ANHEMBI MORUMBI ........................ 15 Figura 02 – RECEPÇÃO DO HOVET-AM, 2008 .............................................. 15 Figura 03 – CONSULTÓRIO DO HOVET-AM, 2008 ........................................ 16 Figura 04 – CENTRO CIRÚRGICO 1 DO HOVET-AM, 2008 ........................... 16 Figura 05 – TÉCNICA DE COLECISTOJEJUNOSTOMIA EM ALÇA ............... 31 Figura 06 – TÉCNICA DE ENTEROANASTOMOSE TÉRMINO-TERMINAL ... 32 Figura 07 – NEOPLASIA PANCREÁTICA ENVOLVENDO DUODENO E PILORO ............................................................................................................. 37 Figura 08 – DILATAÇÃO DA VESÍCULA E DUCTO BILIAR ............................ 38 Figura 09 – TÉCNICA DE FRATURA POR SUTURA NO PÂNCREAS ........... 39 Figura 10 – ENTEROANASTOMOSE ENTE PILORO E DUODENO ............... 39 Figura 11 – COLECISTOJEJUNOSTOMIA ...................................................... 40 Figura 12 – METÁSTASE EM FÍGADO ............................................................ 40 Figura 13 – RADIOGRAFIA DA FRATURA EM VÉRTEBRA LOMBAR (L7) .... 55 Figura 14 – RADIOGRAFIA VENTRO DORSAL PÓS-OPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMETAR MODIFICADA ................................................. 57 Figura 15 – RADIOGRAFIA LATERO LATERAL PÓS-OPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMETAR MODIFICADA ................................................. 57 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 01 – NÚMERO TOTAL DE CASOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NO PERÍODO ................................................................ 17 GRÁFICO 02 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE DE TERIOGENEALOGIA ............................................................................... 18 GRÁFICO 03 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE DE ONCOLOGIA ........................................................................................... 18 GRÁFICO 04 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE DE ORTOPEDIA ............................................................................................ 18 GRÁFICO 05 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE DE OFTALMOLOGIA ..................................................................................... 19 GRÁFICO 06 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE DE TGI ........................................................................................................... 19 LISTA DE ABREVIATURAS ALT: alanina aminotransferase ATT: avanço da tuberosidade tibial BID: duas vezes ao dia bpm: batimentos por minuto dL: decilitro FAS: fosfatase alcalina sérica FC: freqüência cardíaca FR: freqüência respiratória IM: intra muscular IV: intra venosa mg: miligrama por quilograma ml: mililitro MPA: medicação pré anestésica OBEH: obstrução biliar extra hepática OSH: ovariosalpingohisterectomia SC: subcutâneo SID: uma vez ao dia SRD: sem raça definida TPC: tempo de preenchimento capilar TID: três vezes ao dia TGI: trato gastrointestinal VO: via oral SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO ................................................... 14 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................. 17 4 OBSTRUÇÃO DO FLUXO BILIAR SECUNDÁRIA À NEOPLASIA PANCREÁTICA ............................................................................................. 20 4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 20 4.2 RELATO DE CASO ................................................................................. 34 4.3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 41 5 FRATURA DE VÉRTEBRA LOMBAR ....................................................... 43 5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 43 5.2 RELATO DE CASO ................................................................................. 54 5.3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 58 7 CONCLUSÃO ............................................................................................. 60 8 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 61 ANEXO .......................................................................................................... 65 13 1 INTRODUÇÃO O presente Trabalho de Conclusão de Curso refere-se ao estágio realizado no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM), no período de 04 de agosto de 2008 a 30 de setembro de 2008 e tem como finalidade descrever os casos clínico cirúrgicos que foram observados no período, assim como as revisões bibliográficas de cada caso em questão. O estágio curricular foi realizado no setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, onde foi possível acompanhar os procedimentos da intensa rotina do HOVET-AM, onde o discente teve oportunidade de aplicar os conhecimentos obtidos no período de sua graduação, assim como pode adquirir novos conhecimentos e ter contato com novas tendências da área através da convivência com os profissionais da instituição, como os médicos veterinários contratados, docentes e residentes. Durante o período de estágio foi cumprido um total de 471 horas de atividades na clínica cirúrgica de pequenos animais, sob orientação profissional do médico veterinário Prof. Dr. André Luis Selmi e com a supervisão acadêmica do médico veterinário Prof. Msc. Ricardo Maia. Neste trabalho estão descritos o local do estágio, a casuística do período e o relato de 2 casos clínico cirúrgicos, com suas respectivas revisões bibliográficas. Os casos descritos são: fratura de vértebra lombar e obstrução do fluxo biliar secundário a neoplasia pancreática. 14 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO O Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM) iniciou suas atividades no ano de 2002, e localiza-se na Rua Conselheiro Lafaiette n° 64, no bairro do Brás, na cidade de São Paulo/SP. Seu horário de funcionamento é das 8 horas às 22 horas de segunda a quarta, das 8 horas às 18 horas as quintas e sextas-feiras e, aos sábados, das 8 horas ao meio dia. O corpo clínico do HOVET-AM (FIGURA 01) é composto de 8 veterinários contratados, 14 médicos veterinários docentes, 8 residentes e 3 enfermeiros. A sua estrutura física é composta de 1 recepção (FIGURA 02), 6 consultórios (FIGURA 03), 2 áreas de internação, sendo que uma delas é destinada a casos de doenças infecto contagiosas, sala de enfermagem, farmácia, 3 centros cirúrgicos de pequenos animais (FIGURA 04) e 1 centro cirúrgico de grandes animais, área de preparo para procedimentos cirúrgicos, UTI para pacientes em pós-operatório, banco de sangue, diagnóstico por imagem (radiologia e ultrassonografia), laboratório de análises clínicas, laboratório de reprodução, reabilitação e fisioterapia, vestiários, biblioteca, sala de residentes, copa e esterilização de materiais. O HOVET-AM conta com os seguintes atendimentos especializados: Cardiologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem, Endocrinologia, Animais Silvestres, Odontologia, Oncologia e Neurologia. Oftalmologia, Ortopedia, Reabilitação Animal, 15 FIGURA 01 – HOVET-AM, 2008 FIGURA 02 – RECEPÇÃO DO HOVET-AM, 2008 16 FIGURA 03 – CONSULTÓRIO HOVET-AM, 2008 FIGURA 04 – CENTRO CIRÚRGICO 1, HOVET-AM, 2008 17 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As principais atividades durante o período de estágio foram o cumprimento da rotina da clínica cirúrgica, atendimento dos pacientes encaminhados para os procedimentos, o preparo dos mesmos, assim como assistência em cirurgias e apoio pós-operatório. Como parte da programação das atividades do HOVET-AM, periodicamente eram realizadas reuniões onde os casos clínicos eram discutidos. No total foram acompanhadas 124 intervenções cirúrgicas sendo que 2 das quais serão descritas neste trabalho. As cirurgias do Sistema Tegumentar, Sistema Neurológico e Sistema Urinário não tiveram ocorrência significativa para constar graficamente, as demais especialidades estão representadas a seguir: Gráfico 1 – Número total de casos cirúrgicos acompanhados no período. 5% 2% 2%1% Teriogenealogia 5% Ortopedia 30% 5% Oncologia Trato Gastrointestinal 8% Sistema Tegumentar Oftalmologia Neurologia Odontologia Sistema Urinário 19% Trato Respiratório 23% 18 Gráfico 2 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Teriogenealogia 5% 10% Mastectomia 39% Piometra 18% OSH Orquiectomia Cesária 28% Gráfico 3 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Oncologia 9% 4% 4% Sem resultado até a data Mastocitoma 9% Lipoma Crioterapia 9% 65% Fibrossarcoma Vacinal Adenocarcinoma Gráfico 4 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Ortopedia Osteossíntese com placa 4% 4% Retirada de pinos,placas e fixador 4% Osteossíntese com pino e placa 8% 37% 8% Amputação digital Trocleoplastia Ressecção da cabeça do fêmur Sutura fabelo tibial 8% 8% Avanço da tuberosidade tibial 8% 11% Denervação Caudectomia 19 Gráfico 5 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Oftalmologia 17% Enucleação 33% Sepultamento de glândula Ulcera indolente 17% Retirada de glândula 33% Gráfico 6 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de TGI 18% 28% Endoscopia Enterotomia Enterectomia 27% Enterorrafia 27% 20 4 OBSTRUÇÃO DO FLUXO BILIAR SECUNDÁRIA À NEOPLASIA PANCREÁTICA 4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Fisiopatologia A vesícula biliar mais os ductos hepáticos, cístico e comum constituem o sistema biliar extra-hepático. A bile é drenada a partir dos ductos biliares para os ductos cístico e comum, sendo armazenada e concentrada na vesícula biliar (FOSSUM & WILLARD, 2004). O duto cístico se estende desde o colo da vesícula biliar até a junção com o primeiro tributário oriundo do fígado. Deste ponto até a abertura do sistema biliar no interior do duodeno, o duto é chamado de duto biliar. Esse duto atravessa o omento menor por aproximadamente 5cm e entra na parede mesentérica duodenal. O duto biliar canino termina no duodeno, próximo à abertura do duto pancreático menor. O duto biliar felino geralmente se junta ao duto pancreático maior antes de entrar no duodeno (FOSSUM, 2002 e FOSSUM & WILLARD, 2004). Obstrução biliar extra-hepática ocorre quando processos mórbidos interferem no fluxo normal da bile desde o fígado e a vesícula biliar até o intestino. São conhecidas causas neoplásicas, litogênicas, inflamatórias, parasitárias e congênitas. A obstrução pode ser parcial, completa, intermitente ou contínua. Os sinais clínicos, alterações fisiopatológicas e tratamento são diretamente influenciados por esses fatores (MARTIN et al, 2003). A doença pancreática é a causa mais comum de obstrução biliar extrahepática (OBHE) canina (FOSSUM & WILLARD, 2004). 21 Uma obstrução secundária à pancreatite ou neoplasia é mais comum em animais de meia idade ou idosos (FOSSUM, 2002). O pâncreas, localizado sob o estômago, é uma grande glândula composta. A secreção pancreática contém múltiplas enzimas para digerir todos os 3 principais grupos de alimentos: proteínas, carboidratos e gorduras, e, o pâncreas secreta ainda insulina e glucagon para o sangue pelas ilhotas de Langerhans, espalhadas por todo o pâncreas (GUYTON, 2006). O tecido endócrino do pâncreas, as ilhotas de Langehans, corresponde apenas a 1% - 2% da glândula, enquanto o tecido exócrino junto com vasos e nervos associados corresponde a mais de 98% da massa pancreática (CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004). Quando o pâncreas sofre um dano grave ou quando ocorre bloqueio de um ducto, grandes quantidades de secreção pancreática podem acumular nas áreas comprometidas do pâncreas. Nessas condições, o efeito inibidor de tripsina é insuficiente, situação em que as secreções pancreáticas tornam-se ativas e podem digerir todo o pâncreas em questão de poucas horas, levando a uma condição denominada pancreatite aguda. Trata-se de uma condição por vezes letal em razão do conseqüente choque circulatório. Se não for letal, geralmente leva a uma insuficiência pancreática crônica subseqüente (GUYTON, 2006). De acordo com Williams (2004), quando a função pancreática exócrina fica comprometida, essas vias alternativas da digestão são inadequadas, e os sinais clínicos de má absorção manifestam-se. A neoplasia pode causar OBEH. A cirurgia para neoplasia pancreática que esteja causando OBEH em geral não compensa, pois a maioria dos tumores pancreáticos é maligno. A colecistojejunostomia pode ser paliativa se 22 o lúmen intestinal estiver patente. A ressecção pancreáticoduodenal é possível, mas curas cirúrgicas são improváveis. Malignidades biliares, intestinais, hepáticas ou de linfonodos também podem obstruir os ductos biliares, sendo indispensável a biópsia para se chegar ao diagnóstico (FOSSUM & WILLARD, 2004). Adenocarcinoma Pancreático O câncer envolvendo o pâncreas de cães ou gatos é raro. A idade média de ocorrência em cães é de 10 anos e 12 anos nos gatos. Carcinomas são os mais comuns tipos de tumores primários malignos do pâncreas em cães e gatos. Esses tumores podem originar-se de células acinares (adenocarcinoma) ou, mais comum, do epitélio ductal (carcinoma) (MORRISON, 1998; FOSSUM, 2002; CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004). Para Fossum (2002), ainda não se comprovou predisposição sexual em cães, no entanto, o carcinoma pancreático parece ser mais comum em machos. Já segundo Cornell e Fischer (2003), não há relato de predileção por raça ou sexo. Tumores pancreáticos são ligeiramente mais comuns em humanos que em cães, e se associam a uma taxa de mortalidade extremamente alta. A maior parte dos tumores pancreáticos é maligna (adenocarcinomas); tratam-se de tumores agressivos que invadem localmente e metastatizam com facilidade (FOSSUM, 2002). Segundo Morrison (1998) o fígado é o local mais comum de metástase desses tumores, e metástases muitas vezes ocorrem previamente ao diagnóstico. Para Williams (2004), além do fígado, a metástase pode atingir a 23 parede duodenal, linfonodos locais ou, menos comumente, para os pulmões na época da apresentação. Os sinais clínicos em indivíduos afetados são muitas vezes inespecíficos e usualmente incluem anorexia, vômito e perda de peso (MORRISON, 1998; CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004), e, segundo Fossum (2002), Cornell e Fischer (2003), ainda incluem letargia, e/ou diarréia, podendo ocorrer dor abdominal em palpação e ascite (secundária a uma compressão de veia porta ou de outros vasos ou causada por uma metástase abdominal disseminada). Alguns animais podem apresentar uma massa abdominal palpável. Os sinais clínicos são muitas vezes mais referidos para metástases no fígado do que para o pâncreas, e sinais como a icterícia por obstrução do ducto biliar extra-hepático são comuns (MORRISON, 1998 e WILLIAMS, 2004). De algumas formas, os sinais clínicos podem mimetizar pancreatite e a diferenciação entre carcinoma pancreático e pancreatite sem o recurso da laparotomia exploratória pode ser dificultada (MORRISON, 1998; FOSSUM, 2002; CORNELL e FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004). Um carcinoma pancreático exócrino deve ser diferenciado de pancreatopatias benignas e metastáticas (FOSSUM, 2002 & CORNELL e FISCHER, 2003). Segundo Williams (2004), é importante lembrar-se de fazer uma biópsia de tecido pancreático anormal, pois ao exame macroscópico a pancreatite crônica pode lembrar o carcinoma pancreático. Certamente, a pancreatite é muito mais comum do que o carcinoma pancreático, mas nas duas desordens, os níveis séricos das enzimas pancreáticas amilase e lípase estarão normalmente aumentadas (MORRISON, 1998 e WILLIAMS, 2004). 24 Para Fossum (2002) e Williams (2004), não há testes laboratoriais específicos para detectar carcinoma pancreático, e os resultados dos testes de rotina podem ser enganosos, e o acometimento hepático em geral é indicado pelo aumento da fosfatase alcalina sérica (FAS) e da bilirrubinemia, compatíveis com colestase extra-hepáticas, e com aumentos menores na alanina aminotransferase (ALT), sugestivos de hepatopatia obstrutiva. Planos radiográficos do abdôme podem revelar massas lesionais, efusão peritoneal, ou evidências de carcinomatose. O ultrassom pode auxiliar na identificação de massa lesional que pode ser não palpável em cães por causa do pequeno tamanho ou pela presença de efusão (MORRISON, 1998). Segundo Morrison (1998); Cornell e Fischer (2003) e Williams (2004), o prognóstico em cães e gatos com carcinoma pancreático é extremamente pobre pelo alto grau de metástase e pela resistência às muitas das mais efetivas drogas disponíveis. E, de acordo com Morrison (1998), não se tornará brando em excisões completas por sua metástase prévia e natureza invasiva. Como resultado, uma ressecção cirúrgica é dificilmente atingida. Também não há terapia curativa, mas quando possível a excisão cirúrgica de lesões localizadas, talvez combinada com quimio ou radioterapia, pode ser paliativa. A terapia com insulina e enzimas pancreáticas pode ser necessária para tratar diabetes melito e insuficiência pancreática exócrina associados (WILLIAMS, 2004). Segundo Slatter (2003), OBEH e traumatismo são as duas indicações mais comuns para cirurgia do trato biliar. Deve-se realizar laparotomia exploratória em animais com suspeita de vazamento de bile no abdôme, quando a obstrução do fluxo biliar não é causada claramente por pancreatite e quando se suspeita de neoplasia, 25 doença parasitária ou cálculos biliares (FOSSUM, 2002 e FOSSUM & WILLARD, 2004). A ressecção cirúrgica constitui o tratamento de escolha, no entanto, muitos animais são apresentados com doença já avançada e a ressecção cirúrgica não é possível. A ligadura dutal deve ser realizada com fio de sutura não-absorvível. A complicação mais comum de uma cirurgia pancreática é a pancreatite; esta pode ser minimizada com a manipulação tecidual suave (FOSSUM, 2002). Diagnóstico a) Histórico e Sinais Icterícia, vômitos, dor abdominal e/ou ascite são compatíveis com disfunção do trato biliar (FOSSUM & WILLARD, 2004). Os sinais clínicos são vômito, depressão, perda de peso, febre, dor abdominal, desidratação e, possivelmente, fezes acólicas. Icterícia é um marco dos achados físicos, mas não está restrita à colestase extra-hepática (MARTIN et al, 2003). Ascite e icterícia podem ser os únicos sinais nos cães com bile estéril na cavidade peritoneal (FOSSUM & WILLARD, 2004). A icterícia caracteriza-se pelo acúmulo de bilirrubina no plasma e nos tecidos e pela conseqüente coloração amarela da esclera, da pele e das mucosas e também se manifesta na presença de várias outras enfermidades hepáticas e biliares, incluindo obstrução extra-hepática do ducto biliar, diferentes formas de hepatite, cirrose e neoplasias malignas. A colestase, uma redução do fluxo biliar, é a principal característica nessas condições. A icterícia é uma clara indicação de doença hepatobiliar com colestase, primária ou 26 secundária à hipóxia decorrente de hemólise aguda. No entanto, a icterícia manifesta-se apenas em uma minoria de animais com tais enfermidades. Os gatos tendem a apresentar icterícia com mais freqüência que os cães, porém em ambas as espécies ela ocorre apenas 10% a 30% dos casos de doença hepatobiliar. Embora específica, a icterícia não é um indicador sensível de doenças hepatobiliares. A determinação das concentrações plasmáticas de bilirrubina direta e indireta tem pouco valor, porque as diferenças não estão associadas às causas de icterícia e porque as biliproteínas podem tornar os resultados produzidos por artefatos (ROTHUIZEN, 2004). Outros eventos metabólicos, bioquímicos e histológicos estão relacionados com a obstrução biliar extra-hepática. Redução na síntese de albumina, aumento da proteína C reativa e enzimas hepáticas são outras conseqüências do estresse imposto pela obstrução biliar (MAIA et al, 2003). b) Exames Laboratoriais Hemograma completo, perfil bioquímico sérico e urinálise estão indicados ante a suspeita de disfunção do trato biliar (FOSSUM & WILLARD, 2004). Um aumento da FAS, geralmente com hiperbilirrubinemia, são típicos em obstruções parciais ou completas, e gatos tendem a apresentar elevações menores de FAS que os cães (FOSSUM, 2002 e MARTIN et al, 2003). Pode-se descobrir hipercolesterolemia secundária à obstrução no trato biliar, especialmente em gatos. A urinálise é útil no início do curso da doença, pois a bilirrubinúria ocorre geralmente antes da hiperbilirrubinemia (FOSSUM, 2002 e FOSSUM & WILLARD, 2004). 27 Segundo Fossum e Willard (2004), é comum haver aumento da ALT quando a inflamação ascende para o parênquima hepático. Para se confirmar o diagnóstico, medem-se as concentrações de bilirrubina da efusão. Se a origem da efusão for biliar, sua concentração de bilirrubina será no mínimo o dobro da concentração do sangue periférico. O prognóstico é excelente para animais com efusão biliar estéril (apenas peritonite química), apenas em que o problema primário é corrigido. Altos níveis persistentes de bilirrubina sérica indicam obstrução de dutos hepáticos ou do duto biliar, ou uma inflamação hepática em curso (MARTIN et al, 2003). De acordo com Rothuizen (2004), em cães e gatos sadios, as concentrações plasmáticas de bilirrubina encontram-se abaixo de 0,4mg/dL e, em geral, a icterícia torna-se evidente quando o teor do pigmento excede a 2mg/dL. Desse modo, apenas um quadro de hiperbilirrubinemia grave é clinicamente detectável. Já para Maia e colaboradores (2003), esse valor é de 3,5mg/dL. c) Diagnóstico por imagem A ultrassonografia diagnóstica se tornou o instrumento não invasivo isoladamente mais útil para a demonstração de colestase extra-hepática. Tendo em vista que é fácil formar imagem na ultrasonografia da distensão da vesícula biliar, do duto cístico e do duto biliar, e considerando que as concreções ficam imediatamente evidentes, é possível estabelecer um diagnóstico confirmado antes da laparoscopia ou da celiotomia exploratória (MARTIN et al, 2003 e FOSSUM & WILLARD, 2004). O exame ultrassonográfico tem utilidade na avaliação da distensão do trato biliar extra-hepático, contudo, obstruções biliares em curso ou prévias 28 podem ser indiferenciáveis, com o uso dessa técnica de formação de imagem (MARTIN et al, 2003). Ao exame radiográfico, caso se encontre presente ascite, pode-se observar uma perda de contraste visceral por todo o abdôme, e, ao exame ultrassonográfico, em casos de obstrução do trato biliar extra-hepático, pode-se observar distensão da vesícula biliar e dos dutos biliares (FOSSUM, 2002). Também é possível utilizar colecintilografia na avaliação dos dutos biliares extra-hepáticas e da vesícula biliar, em busca de evidência de obstrução (MARTIN et al, 2003). d) Diagnóstico Diferencial Concentrações patológicas de bilirrubina e icterícia podem ocorrer em condições associadas com produção elevada de bilirrubina, depuração reduzida, conjugação inadequada ou excreção biliar prejudicada (ROTHUIZEN, 2004). Tratamento Cirúrgico Pré-operatório Animais com doença biliar obstrutiva devem ter duas anormalidades hidroeletrolíticas e ácido-básicas corrigidas antes da cirurgia. Uma obstrução biliar prolongada pode causar má absorção de vitaminas K, resultando em deficiências de fatores VII, IX e X. (FOSSUM, 2002 e MARTIN et al, 2003). Durante a cirurgia, a concentração sanguínea de glicose deve ser mantida idealmente entre 100 e 300mg/dL (FOSSUM, 2002). A coagulação é avaliada em qualquer animal com doença hepatobiliar que vá passar por procedimentos invasivos (MARTIN et al, 2003). 29 De acordo com Fossum (2002), uma obstrução biliar parcial ou completa pode provocar infecção aeróbia e anaeróbia ascendente e bacteremia subseqüente, portanto indica-se antibioticoterapia profilática e perioperatória por causa dos efeitos prejudiciais de uma infecção bacteriana na cicatrização. Os antibióticos que são excretados na forma ativa na bile e são usados comumente para tratar doenças biliares incluem amoxicilina, cefazolina e enrofloxacina. Pancreatectomia parcial: Em termos anatômicos, o pâncreas está intimamente associado ao estômago, ao fígado e ao duodeno (WILLIAMS, 2004). Técnica indicada para animais com tumores secretores de insulina ou gastrina, ou em casos de adenocarcinoma pancreático (FOSSUM, 2002). Para Cornell e Fischer (2003), as indicações para pancreatectomia parcial são traumatismo focal ou presença de massa isolada, pseudocisto ou abscessos. Desde que o duto para a parte remanescente do pâncreas seja deixado intacto, será possível resseccionar 75 a 90% do pâncreas sem comprometimento da função exócrina ou endócrina. Deve-se realizar uma incisão abdominal em linha média ventral, que se estenda desde a cartilagem xifóide até caudalmente ao umbigo, e examinar o pâncreas usando uma combinação de palpação leve e exame visual. Deve-se incisar o mesoduodeno ou o omento em cada lado do pâncreas e inserir o material de sutura não-absorvível de um lado do pâncreas ao outro, através de incisões, de maneira que a sutura fique bem proximal à lesão a ser excisada. O fio de sutura é apertado, esmagando o parênquima, o que irá ligar vasos e dutos. A amostra será excisada distalmente à ligadura (FOSSUM, 2002). 30 A técnica de fratura por sutura e a técnica de dissecção romba e ligação para biópsia pancreática podem ser utilizadas na realização da pancreatectomia parcial. Também foram descritas técnicas de grampeamento para pancreatectomia parcial (CORNELL & FISCHER, 2003). Colecistojejunostomia Consiste em anastomose cirúrgica da vesícula biliar no jejuno, nos casos de doença biliar que pode ser causada por obstrução, neoplasia, infecção ou traumatismo do sistema biliar extra-hepático. As lesões que causam obstrução do sistema biliar extra-hepático podem ser extra ou intraluminais. A obstrução extralumial pode ser causada por neoplasia pancreática, enquanto a intralumial é menos comum. Nesta técnica, deve-se usar o jejuno proximal para diminuir a incidência de má digestão pós-operatória de lipídeos. Também pode ocorrer ulceração duodenal como seqüela. Outro cuidado que se deve tomar é quanto a confecção do estoma entre o intestino e a vesícula biliar, que, se muito pequeno é capaz de resultar em colecistite ascendente ou crônica que a confecção de um estoma muito grande, que minimiza o potencial de obstrução de fluxo biliar ou retenção de conteúdo intestinal na vesícula biliar. São realizadas suturas de fixação na vesícula, com intervalos de aproximadamente 3cm. Deve-se suturar no padrão contínuo com material de sutura absorvível entre a serosa da vesícula biliar e a serosa jejunal com 3 a 4cm de comprimento. Após drenar a vesícula biliar, é feita a incisão de 2,3 a 3cm em seu interior paralela a linha de sutura pré- colocada. Outra incisão paralela é feita na superfície mesentérica do jejuno. Uma linha de sutura contínua de material de sutura absorvível é feita desde a mucosa da vesícula biliar até a mucosa jejunal próximas à linha de sutura original, e outra, 31 da mesma forma para suturar as bordas de mucosa do estoma mais distantes da linha de sutura original. Para finalizar, é feita uma sutura no estoma nas bordas de serosa da vesícula biliar e do intestino no lado do estoma mais próximo (FIGURA 05). A vesícula biliar e o duto biliar comum devem ser suturados com material de sutura absorvível para diminuir a probabilidade de o fio de sutura servir como ninho para formação de cálculos (FOSSUM, 2002). Desvio da bile diretamente para o jejuno é uma técnica não fisiológica que será considerada apenas quando não for possível efetuar o desvio da bile para o duodeno (MARTIN et al, 2003). FIGURA 05 – TÉCNICA DE COLECISTOJEJUNOSTOMIA EM ALÇA Fonte: Fossum (2002) 32 Pilorojejunostomia: A ressecção e anastomose intestinais são recomendadas para remover segmentos intestinais isquêmicos, necrosados, neoplásicos ou infectados por fungos. Pode ser realizada através da técnica de anastomose suturada (FIGURA 06) ou anastomose grampeadas. Deve-se usar fios monofilamentares; realizar a anastomose de extremidade com extremidade, e eventuais disparidades devem ser corrigidas (FOSSUM, 2002). FIGURA 06 – TÉCNICA DE ENTEROANASTOMOSE TÉRMINO TERMINAL Fonte: Hedlund (2002) 33 Pós-operatório: A cicatrização intestinal depende do suprimento sanguíneo, aproximação da mucosa precisa e com traumatismo cirúrgico mínimo. A hidratação intravenosa deve ser mantida assim como analgesia conforme necessário, e água e alimentos são reintroduzidos 8 a 12 horas e 12 a 24 horas respectivamente, e a fluidoterapia deve ser continuada até que o animal seja capaz de manter sua hidratação com fluídos orais. Deve-se avaliar e corrigir os estados eletrolíticos e ácido-básicos (HEDLUND, 2002). Foi relatada a ocorrência de perda de peso em cães normais submetidos a colecistojejunostomia, provavelmente por má digestão de lipídeos. Mais importante ainda, ocorre o aumento fisiológico na secreção de ácido gástrico conjuntamente com o decréscimo mecânico na neutralização da secreção de ácido gástrico no duodeno, pela bile levemente ácida (MARTIN et al, 2003). Os cuidados pós-operatórios dos pacientes com doença pancreática variam com o problema subjacente. Na maioria desses pacientes, a alimentação oral fica restringida nos 3 a 5 dias imediatamente subseqüentes à cirurgia. Durante esse período, é muito recomendável o suporte nutricional entérico ou parenteral. A manutenção do equilíbrio de líquidos e eletrólitos é crítica e deve ser cuidadosamente monitorada. Em casos de peritonite, instituise a antibioticoterapia de amplo espectro até que estejam disponíveis os resultados de culturas bacteriológicas (CORNELL & FISCHER, 2003). Prognóstico É extremamente ruim para cães com adenocarcinoma pancreático. A maior parte deles apresenta doença disseminada no momento do diagnóstico e 34 muitos são eutanasiados na cirurgia. Deve-se esperar sobrevivência de 3 meses para a maioria dos animais remanescentes (FOSSUM, 2002). Apesar dos avanços científicos e do aperfeiçoamento da técnica operatória, o tratamento cirúrgico das patologias do pâncreas, particularmente as ressecções e as derivações pancreáticas, ainda acompanham-se de altas taxas de morbi-mortalidade. A mortalidade associada às ressecções pancreáticas, seguidas ou não de anastomoses, atinge índices que chegam até 20%, sendo que a fístula pancreática adiciona morbidade que oscila entre 5 e 15% nas pancreatectomias (KUCZYNSHI et al, 2004). 4.2 RELATO DE CASO Nome: Lui Espécie: Felina Raça: Siamês Sexo: Macho Idade: 13 anos Peso: 4kg Histórico Descreve-se o caso de um felino, que há aproximadamente 1 mês passou a apresentar fezes amareladas e anorexia. O responsável pelo paciente o levou a um colega que realizou exames complementares, porém sem diagnóstico conclusivo, notou massa abdominal palpável e prescreveu metoclopramida (PLASIL®), ranitidina (ANTAK®), dexametasona fosfato 35 (DECADRON®), ampicilina sódica e benzatina (OPTACILIN®) e o encaminhou ao HOVET-AM Anamnese Quando o responsável trouxe o paciente ao HOVET-AM, referia que na última semana o felino apresentava anorexia, aquesia, episódios freqüentes de emese, dor e apatia. Exame Físico Ao exame físico, o paciente apresentou freqüência cardíaca (FC) de 180 batimentos por minuto (bpm), freqüência respiratória (FR) de 24 movimentos por minuto (mpm), tempo de preenchimento capilar (TPC) de 1 segundo. Seu estado geral era regular, magro, desidratação entre 6 e 8%, mucosas ictéricas (+++), secreção ocular serosa bilateral, sialorréia e apatia. Na palpação abdominal, notou-se hipersensibilidade, dor e foi possível notar massa de aproximadamente 3cm na região de abdômen cranial. Exames Complementares Ao leucograma apresentou: neutrofilia 83% (35 a 75%) e linfopenia 6% (20 a 55%). Ao eritrograma, discreta anisocitose e policromasia; verificou-se também presença de megatrombócitos e plasma ictérico. Ao exame bioquímico, apresentou aumento de ALT, com valor de 627,00 UI/L (10 a 88 UI/L) e bilirrubina total e frações aumentadas, total 13,04mg/dL (0,10 a 0,70mg/dL); direta 10, 30mg/dL (0,04 a 0,30mg/dL) e indireta 2,74 (0,01 a 0,50mg/dL). 36 Na urinálise, os valores foram: bilirrubina (+++); proteína (+); leucócitos (++) e sangue (++). No sedimento, observou-se presença de hemácias 0510/campo de 40x (até 2/campo de 40x) e leucócitos 10-15/campo de 40x (até 3/campo de 40x). Ao exame glicêmico, o valor obtido foi de 142,00mg/dL (65 – 120mg/dL). Ao exame ultrassonográfico, foi observado vesícula biliar repleta, sem evidência de dilatação de via biliar intra hepática, ducto hepático comum dilatado por uma extensão de 2,5cm de comprimento por 0,92cm de diâmetro preenchido com conteúdo ecogênico, baço discretamente aumentado, formação de aproximadamente 3,28cm x 2,96cm com contorno irregular, ecotextura grosseira, hipoecogênica envolvendo porção cranial do duodeno descendente, em região epigástrica direita, sugestivo de neoplasia pancreática. Nos rins, corticais discretamente adelgaçadas e ecogenicidade elevada, sugestivo de nefropatia. Tratamento O paciente foi encaminhado para laparotomia exploratória, pois a suspeita diagnóstica foi de neoplasia pancreática e obstrução biliar. Na semana anterior ao procedimento assim como no pré-operatório, o paciente foi submetido a fluidoterapia com NaCl 0,9% 250ml IV SID; metoclopramida (Plasil®) 0,2mg/kg SC BID; ranitidina (Antak®) 2mg/kg SC BID; enrofloxacina (Baytril®) 5mg/kg BID SC; cloridrato de tramadol (Tramadon®) 1,5mg/kg SC BID. O paciente recebeu medicação pré-anestésica com cloridrato de tramadol 1,5mg/kg IM, indução anestésica com propofol na dose de 5mg/kg IV, 37 e a manutenção da anestesia foi com isoflurano, por via inalatória com uso de vaporizador universal. Após devida tricotomia da região abdominal e anti-sepsia do local, deu-se início a laparotomia exploratória, onde, após acesso foi possível visualizar a massa envolvendo parte do pâncreas, piloro e grande parte do duodeno (FIGURA 07). Pode-se ainda, visualizar a distensão da vesícula biliar, assim como a dilatação dos dutos biliares (FIGURA 08). FIGURA 07 – NEOPLASIA PANCREÁTICA ENVOLVENDO DUODENO E PILORO 38 FIGURA 08 – DILATAÇÃO DO DUCTO BILIAR Realizou-se então, a pancreatectomia parcial, por meio de fratura por sutura (FIGURA 09), com fio náilon 2-0, pilorojejunostomia por ressecção da porção duodenal e enteroanastomose das extremidades do piloro e jejuno (FIGURA 10), com uso de sutura simples interrompida com fio náilon 3-0. Finalmente, foi realizada colicistojejunostomia em alça, em que se observou a exposição das estruturas (FIGURA 11a), incisão da vesícula biliar (FIGURA 11b), aproximação das estruturas com suas respectivas incisões (FIGURA 11c) e sutura (FIGURA 11d). 39 FIGURA 09 – TÉCNICA DE FRATURA POR SUTURA DO PÂNCREAS FIGURA 10 – ENTEROANASTOMOSE DO PILORO E DUODENO 40 FIGURA11 – SEQUÊNCIA DA TÉCNICA DE COLICISTOJEJUNOSTOMIA a b c d O paciente veio a óbito ao fim do procedimento, e o material retirado durante a cirurgia foi enviado para exame histopatológico para fins didáticocientíficos e o diagnóstico obtido foi de Adenocarcinoma Pancreático com metástase em duodeno e fígado (FIGURA 12). FIGURA 12 – METÁSTASE EM FÍGADO 41 4.3 DISCUSSÃO A OBEH secundária à neoplasia pancreática é de progressão rápida e requer intervenção imediata, sendo que peritonite química e morte são complicações possíveis. O proprietário deve ser orientado quanto ao prognóstico desfavorável. Contudo, ao atendimento do paciente do caso relatado, constatou-se a grave progressão do quadro clínico, sendo que o mesmo apresentou sinais claros de OBEH. O paciente vinha sendo acompanhado há 1 mês e com suspeita diagnóstica de neoplasia pancreática, com indicação de laparotomia exploratória, porém o responsável concordou em realizar apenas o tratamento clínico e foi encaminhado ao HOVET-AM. Na avaliação da bioquímica sérica, apresentou aumento de ALT, que conforme citado por Fossum e Willard (2004) é comum na inflamação ascendente para o parênquima hepático. Aos exames laboratoriais, apresentou ainda bilirrubinúria e hiperbilirrubinemia, que, segundo a literatura consultada, são típicos em obstruções. Em série branca, observou-se linfopenia, que é comumente encontrada em casos neoplásicos. A glicemia esteve aumentada, o que pode decorrer de destruição de tecido endógeno do pâncreas, resultando em não produção de insulina. Ao exame ultrassonográfico, notou-se dilatação da vesícula e dutos biliares, e imagens compatíveis com ascite. Apesar de a literatura citar os sinais como inespecíficos, pode-se obter informações valiosas e típicas do quadro avançado do paciente. A literatura relata que além dos adenocarcinomas pancreáticos serem altamente malignos e metastáticos na ocasião do diagnóstico, não são 42 responsivos ao tratamento quimioterápico e a ressecção cirúrgica é uma opção paliativa. A despeito do quadro delicado do paciente, a indicação cirúrgica foi considerada como única opção de tratamento e, por ocasião da laparotomia, foram realizadas técnicas descritas na literatura, na tentativa de garantir sobrevida ao paciente, dado que o procedimento não oferece prognóstico favorável. Mesmo tendo sido seguido os protocolos descritos para o caso, respeitando técnicas, materiais, extrema habilidade do cirurgião, suporte clínico por profissionais altamente capacitados, o paciente veio a óbito em virtude da rápida progressão do quadro. A intervenção tardia agravou o quadro clínico, comprovando o prognóstico desfavorável nessas condições. 43 5 FRATURA DE VÉRTEBRA LOMBAR 5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Fisiopatologia Segundo Seim (2002) e Sturges (2003), as fraturas e luxações da vértebra lombar caudal, da articulação lombossacral, do sacro e das vértebras caudais resultam geralmente de traumatismo flexional direto. E a causa mais comum de fratura ou luxação é o traumatismo veicular (GAIA et al, 2003; NETO et al, 2004a; BRASIL et al, 2006 e DENNY & BUTTERWORTH, 2006). Não há predileção etária, sexual ou racial específica para a fratura ou luxação lombossacral canina ou felina. No entanto, cães são mais prováveis de sustentar a lesão que gatos, e há uma tendência de cães com menos de 3 anos de idade serem afetados mais freqüentemente (SEIM, 2002). Na lesão, a medula espinhal pode ser contundida ou lacerada, o que pode ser acompanhado por compressão ou distração contínua. A gravidade de uma lesão da medula espinhal, conforme determinada pela qualidade final da recuperação, está relacionada a três fatores: (1) a velocidade de aplicação da força compressiva, (2) o grau de compressão (deformação transversa da medula espinhal) e (3) duração da compressão. As fraturas do corpo vertebral de L6 e L7 são comuns. Tipicamente, a parte caudal do corpo vertebral sofre deslocamento no sentido cranioventral. O canal vertebral possui relativamente mais espaço nessa região, pois a medula espinhal do cão chega ao término entre as vértebras L6 e L7, e apenas as raízes nervosas e os nervos espinhais ocupam a porção caudal do canal vertebral (cauda eqüina). Embora possa ocorrer deslocamento considerável, os resultados do tratamento tendem a ser 44 satisfatórios. Isso ainda pode ser observado mesmo diante da perda considerável de função, inclusive perda da sensibilidade de dor profunda nos membros pélvicos (STURGES, 2003). Para Seim (2002) e Neto e colaboradores (2004a), as fraturas são geralmente oblíquas ou oblíquas curtas, envolvendo o corpo vertebral de L6 e L7, e podem ser acompanhados por luxações de facetas articulares. Fraturas lombossacrais são razoavelmente comuns devido à relação estático-cinética do sacro relativamente fixado nos corpos vertebrais lombar craniais e caudais. O cordão espinhal termina no corpo de L6, portanto, os sinais neurológicos se associam ao traumatismo nas raízes nervosas da cauda eqüina, em vez do cordão espinhal. As lesões podem comprimir ou aprisionar as raízes dos nervos ciático, pélvico, pudendo, resultando em disfunção neurológica grave dos membros pélvicos, da bexiga e do esfíncter anal (LORENZ & KORNEGAY, 2004). Podem ser tolerados consideráveis deslocamentos de fraturas ou luxações das três últimas vértebras lombares, sem necessariamente causar disfunção neurológica permanente. Contudo, as lesões tendem a resultar em dor intensa (NETO et al, 2004a e DENNY & BUTTERWORTH, 2006). Na compressão crônica, o fluxo sangüíneo e os níveis de oxigênio são freqüentemente mantidos na medula espinhal. A principal alteração que ocorre nesses casos é a desmielinização e edema axonal, e somente mais tarde, a substância branca se torna edemaciada devido à ocorrência de edema vasogênico, o que por sua vez aumenta a compressão medular (ARIAS et al, 2007). 45 A instabilidade da coluna espinhal causa lesão primária repetida às estruturas nervosas, portanto perpetua o processo de lesão secundária. Assim, a estabilização vertebral é vital (NETO et al, 2004a). Diagnóstico a) Histórico e Sinais Os pacientes se apresentam geralmente com graus variáveis de dor lombar, paraparesia ambulatória ou não-ambulatória e diminuição do tônus anal e caudal (SEIM, 2002). Como a lesão da medula espinhal freqüentemente pode ocorrer em casos de traumatismo orgânico múltiplo, é fundamental a obtenção do exame físico completo buscando indícios de problemas com risco de vida. Diante a suspeita de fratura-luxação vertebral, será preciso ter cuidado para evitar um dano maior à medula espinhal, secundariamente ao deslocamento do paciente (STURGES, 2003). A avaliação das fraturas pélvicas ou de subluxações lombossacrais deve incluir a avaliação neurológica dos membros pélvicos, do esfíncter anal externo e da bexiga (LORENZ & KORNEGAY, 2004). Faz-se necessária a modificação do exame neurológico quando o paciente sob suspeita de lesão da medula espinhal, onde é estabilizado em decúbito lateral, com o objetivo de evitar dano maior decorrente do deslocamento de vértebras instáveis. A extensão e a gravidade da lesão da medula espinhal geralmente podem ser avaliadas com precisão durante o exame neurológico inicial, pois grande parte das lesões medulares não apresenta evolução (STURGES, 2003). 46 Um exame neurológico localiza a lesão nas regiões lombar caudal e sacral. Radiografias de pesquisa são diagnósticas e revelam geralmente fratura oblíqua ou oblíqua curta através do corpo vertebral de L6 ou L7, luxação ou subluxação entre L6 e L7 ou L7 e S1. Devido aos sinais neurológicos relativamente suaves que podem ser observados com deslocamento de fratura/luxação acentuado em radiografias de pesquisa, o prognóstico se baseia nos achados do exame neurológico, e não nos achados radiológicos (SEIM, 2002). b) Indicação Cirúrgica As indicações para cirurgia incluem déficit neurológico substancial, evidência de compressão da medula espinhal, fratura estável pouco responsiva à terapia conservativa e deterioração do status neurológico após o manejo conservativo (NETO et al, 2004b). c) Diagnóstico por imagem É imprescindível a obtenção de radiografias de toda a coluna vertebral, conferindo especial atenção à região ou ao local sob suspeita de lesão da medula espinhal. Os maiores objetivos desta avaliação radiográfica completa são: a localização exata das lesões, a demonstração de múltiplas lesões não suspeitas com base nos resultados do exame neurológico, a avaliação de indicações cirúrgicas e a determinação do procedimento cirúrgico mais conveniente a ser empregado (STURGES, 2003). A avaliação inicial para a lesão da medula se baseia em radiografias laterais da coluna. Mesmo quando, aparentemente há pouco deslocamento das vértebras, como em uma subluxação, o trauma medular grave quase sempre 47 ocorrem, porque tais lesões tendem a ocorrer como uma chicotada, a vértebra sendo subitamente deslocada no momento do acidente e depois retornando para próximo de seu alinhamento normal, em parte em virtude do espasmo muscular (DENNY & BUTTERWORTH, 2006). d) Diagnóstico diferencial Segundo Seim (2002) uma fratura ou luxação da espinha lombossacral deve ser diferenciada de outros distúrbios que causam compressão da cauda eqüina, incluindo estenose lombossacral congênita, discoespondilite, discopatia degenerativa crônica, extrusão discal intervertebral, embolia fibrocartilaginosa e neoplasias espinhais, dos tecidos moles circundantes e de raízes nervosas. O diagnóstico definitivo deve ser feito analisando-se a anamnese, a localização neurológica e os resultados radiográficos. Para Brasil e colaboradores (2007), além das afecções neurológicas, deve-se considerar como diagnóstico diferencial as afecções ortopédicas (artrite coxo-femural, displasia coxo-femural, ruptura do ligamento cruzado, contratura do grácil), e prostopatias. O bom conhecimento anatômico da região lombo-sacral e o entendimento de suas etiologias contribuirão para o diagnóstico diferencial de moléstias não associadas com a junção lombossacra que a mimetizem (BRASIL et al, 2006). Tratamento Sturges (2003) cita que os objetivos terapêuticos específicos são: atenuação do edema e alívio da compressão da medula espinhal, controle da hemorragia intramedular ou extramedular, remoção de fragmentos ósseos ou 48 de material discal intervertebral provenientes do canal vertebral, bem como realinhamento e estabilização da coluna vertebral. Na opinião de Sturges (2003), a intervenção cirúrgica representa o método mais eficiente para se alcançar essas metas, dentro de um período ideal para a recuperação da função da medula espinhal. A intervenção cirúrgica apropriada e efetuada no momento oportuno pode restabelecer o ambiente fisiológico da medula espinhal e conferir o máximo restabelecimento neurológico. Segundo Seim (2002) e Sturges (2003), os objetivos imediatos do tratamento das fraturas ou luxações vertebrais são: (1) realinhamento das vértebras acometidas, (2) descompressão da medula espinhal e (3) estabilização das vértebras atingidas. O tratamento pode culminar em melhoria nas conseqüências neurológicas e evitar a perda adicional da função neurológica em curto prazo (decorrente de instabilidade ou má articulação) e em longo prazo (devido a formação cicatricial excessiva, degeneração articular com hipertrofia dos tecidos moles ou exostoses). O confinamento e a imobilização são importantes na terapia do paciente acometido por instabilidade da coluna vertebral, secundariamente à fratura ou luxação vertebral (STURGES, 2003). Para Seim (2002), a redução e a estabilização cirúrgicas proporcionam alívio imediato da dor nas costas, permitem liberdade de movimentos e, diminuem a morbidade do paciente e protegem as raízes espinhais de traumatismos adicionais. A decisão sobre o tratamento cirúrgico ou médico deve se basear no estado neurológico do paciente na apresentação, na resposta ao tratamento médico e em exames neurológicos seriados. 49 Segundo Sturges (2003), como regra geral, quanto maior a exatidão do alinhamento anatômico da coluna vertebral, melhor será o ambiente para a recuperação funcional da medula espinhal. A seguir serão descritas as técnicas cirúrgicas aplicáveis no caso de interesse segundo Seim (2002); Sturges (2003); NETO et al, (2004a) e DENNY & BUTTERWORTH (2006): Pinos transilíacos com pinças de Kirschner, pinos curvados ou cimento ósseo: nesta técnica, pinos de Kirschner são colocados nas facetas articulares de L7 e S1 para manter a redução da fratura ou luxação, e pinos de Steinmann são colocados através da face lateral da asa ilíaca, pela lâmina dorsal de L7 e através da asa ilíaca oposta (de ambos os lados), e os pinos devem cruzar sobre a lâmina dorsal de L7, e, para evitar migração, as extremidades de cada pino devem ser curvadas, chanfradas e incorporadas ao cimento ósseo de metilmetacrilato. Esta técnica não é compatível com a laminectomia de L7. Pinos transilíacos e placas de processo espinhoso dorsal plásticas: esta técnica proporciona fixação estável por meio da incorporação da espinha lombar caudal para ajudar a contra-atacar a flexão (placa plástica) e do uso de pontos de fixação múltiplos para evitar a instabilidade rotacional (pinos transilíacos). É compatível com a laminectomia dorsal. Pinos transilíacos, placas em processo espinhosos dorsais e fixação esquelética externa: pode-se usar pinos transilíacos em pacientes de todos os tamanhos. Esta técnica é compatível com a laminectomia dorsal, oferece 50 fixação dos compartimentos dorsal e ventral, requer equipamento especial mínimo e resulta em reparo estável. Fixação espinhal segmentar modificada: Pode ser realizada em pacientes de todos os tamanhos. Não requer exposição profunda, é compatível com laminectomia dorsal, é simples, versátil e resulta em um reparo estável. A abordagem cirúrgica ocorre pela face dorsal da espinha lombar e lombossacral, onde três processos espinhosos dorsais são expostos cranialmente à fratura/luxação que deve ser reduzida. São perfurados os orifícios nos processos articulares caudais e nas bases dos processos espinhosos dorsais de duas a três vértebras craniais a fratura/luxação. São perfurados os orifícios nas facetas articulares sacrais craniais com o objetivo de assegurar no mínimo dois pontos de fixação por pino no segmento sacroilíaco. São colocados fios de aço inoxidável através de cada orifício. São perfurados outros 2 orifícios transversalmente em cada asa ilíaca no nível da lâmina dorsal do sacro. Quatro pinos Steinmann de tamanho e comprimento apropriados em um ângulo de 90º são introduzidos pelos orifícios perfurados nas asas ilíacas. Os pinos são colocados ao longo da lâmina e fixados nas facetas articulares e nos processos espinhosos dorsais com os fios de aço pré-colocados. Pinos Steinmann (ou parafusos) incrustados em cimento ósseo de metilmetacrilato: pode-se usar pinos de Steinmann e cimento ósseo de metilmetacrilato em pacientes de todos os tamanhos. Esta técnica requer exposição da superfície dorsal dos processos transversos de L6 e L7, é compatível com a laminectomia dorsal, é versátil (pode ser usada em 51 combinação com outras técnicas), requer consulta constante a uma atmosfera anatômica (por exemplo, espinha) e produz um reparo estável, Para Seim (2002) e Sturges (2003), a escolha da técnica deve ser determinada geralmente pela experiência do cirurgião e pelo equipamento disponível. O resultado bem-sucedido após a fixação cirúrgica depende não somente da técnica empregada, e conhecimento do cirurgião a respeito da anatomia da coluna vertebral e da medula espinhal, da precisão do alinhamento da coluna vertebral, além da resistência e rigidez da fixação. Pré-operatório Os analgésicos devem ser administrados antes da manifestação de dor pelo animal e no término da cirurgia, previamente à recuperação. Para que esta seja ideal na fratura-luxação vertebral, há necessidade do fornecimento de hidratação e nutrição adequadas (STURGES, 2003). Os glicocorticóides podem ser utilizados em dose antiinflamatória no tratamento de condições crônicas que causam compressão à medula espinhal para redução do edema, diminuindo o efeito compressivo, apresentando ainda, efeito anti-prostaglandina. Opióides como morfina, oximorfina, butorfanol e a acupuntura são opções adequadas para o combate à dor (ARIAS et al, 2007). Pós-operatório Em casos de trauma na medula espinhal agudo, células danificadas liberam grande quantidade de radicais livres, os quais podem bloquear os sistemas naturais de limpeza e causar danos adicionais aos fosfolipídios da membrana celular, resultando BUTTERWORTH, 2006). em peroxidação lipídica (DENNY & 52 Segundo Brasil e colaboradores (2007), o cuidado pós-operatório durante as primeiras 24 horas inclui analgésico, antibióticos, restrição de espaço e exames neurológicos para acompanhamento. Para Seim (2002), os pacientes com fraturas ou luxações lombossacrais devem ser monitorados pós-operatoriamente, assim como pacientes com outros distúrbios lombossacrais (ou seja, confinamento escrito, analgésicos conforme exigido, caminhadas curtas usando tipóia abdominal, evacuação vesical freqüente e exames neurológicos diários). A recuperação de animais com lesão espinhal requer cuidados de enfermagem de alto nível. O alívio da dor, com o uso apropriado de analgésicos, é de importância vital. Paraplégicos e tetraplégicos requerem atenção especial. Pacientes devem ser mantidos limpos e secos em superfície almofadada. Devem ser virados freqüentemente para evitar úlceras de decúbito. Se o animal é incontinente, a bexiga deve ser esvaziada (preferivelmente por pressão manual ou com cateterização, se necessário), pelo menos três a quatro vezes ao dia. Antibióticos profiláticos devem ser usados para reduzir o risco de infecção na bexiga. Fisioterapia ativa e passiva são importantes para minimizar a atrofia muscular. Os proprietários devem ser alertados de que o período de recuperação pode ser muitas vezes, prolongado e também recebe orientação sobre os cuidados que podem ser necessários durante esse período, antes de se tomar a decisão em relação ao tratamento. A área deve ser protegida com uma tala externa por 2 ou 3 semanas após a cirurgia (DENNY & BUTTERWORTH, 2006). 53 Prognóstico O prognóstico para a recuperação é muito melhor nos animais com função neurológica normal (LORENZ & BUTTERWORTH, 2004). O fator prognóstico mais relevante após o traumatismo da medula espinhal é a presença ou a ausência da sensação de dor profunda, além de inúmeros fatores, sendo os resultados do exame neurológico, a adequação da terapia e a habilidade do cirurgião os principais determinantes. Em geral, podese esperar que os animais com detecção de qualquer grau de percepção de dor seguramente se recuperem para a locomoção (STURGES, 2003). Para Seim (2002), o prognóstico depende da gravidade da compressão de cauda eqüina e do regime do tratamento escolhido. As raízes nervosas da cauda eqüina suportam consideravelmente mais traumatismos que o cordão espinhal. Pacientes com comprometimento de canal espinhal lombossacral de 100% podem reter a função neurológica dos membros traseiros, do ânus, da bexiga, do períneo e da cauda; seu prognóstico é favorável. A maioria dos cães e gatos com fraturas/luxações envolvendo a cauda eqüina caminhará novamente em três a quatro semanas do acidente. Luxações lombossacras gravemente deslocadas resultando em retenção urinária e distensão de bexiga têm prognóstico reservado, uma vez que a paralisia flácida da bexiga tende a persistir mesmo após a redução e fixação interna, apesar de muitos desses casos recuperarem satisfatoriamente a função dos membros pélvicos (DENNY & BUTTERWORTH, 2006). 54 5.2 RELATO DE CASO Nome: Binger Espécie: Canina Raça: SRD Sexo: Macho Idade: 3 anos Peso: 13,5kg Anamnese Paciente atendido na rotina do HOVET-AM, onde a queixa principal do responsável se baseava no fato de que o paciente apresentava paraplegia de membros pélvicos. O responsável refere ter recolhido o paciente da rua no dia anterior a consulta. O cão foi encontrado já impossibilitado de se manter em estação. Refere ixodíase, anorexia, anúria, adipsia desde então. Foi levantada a possibilidade de o paciente ter sido atropelado. Exame físico Ao exame físico verificou-se a FC de 100bpm, FC de 40mpm, TPC de 2 segundos, seu estado geral era regular, levemente desidratado, mucosas hipocoradas. Durante a inspeção observou-se ixodíase e paraplegia de membros pélvicos. À palpação pode-se notar vesícula urinária repleta e linfonodos sub-mandibulares levemente aumentados. Ao exame neurológico, o nível de consciência foi definido como alerta; avaliação de nervos cranianos sem alterações; contração do esfíncter anal positivo e presença de dor 55 profunda que avaliado por meio da compressão digital com auxilio de uma pinça hemostática. Exames Complementares Ao exame radiográfico foi visibilizada imagem compatível com fratura vertebral, no corpo de L7 (FIGURA 13). Ao hemograma, foi observada apenas uma diminuição no valor de plaquetas, de 154x103 mm3. FIGURA 13 – RADIOGRAFIA DE FRATURA EM VÉRTEBRA LOMBAR (L7) Tratamento Pré-operatório O tratamento de escolha foi estabilização segmentar modificada, que foi agendada para 15 dias após a primeira consulta. Na primeira semana, o paciente foi submetido ao tratamento com as seguintes medicações: ranitidina xarope (Antak®) 2mg/kg,VO, BID; doxiciclina (Doxitrat®) 80mg, 2 comprimidos VO, SID; cloreto de betanecol (Liberan®) 5mg, 10mg/kg, 56 VO, TID; dipirona (Novalgina®) 25mg/kg VO,TID e cloridrato de tramadol 2mg/kg TID. Realizou-se sondagem do paciente, onde observou-se urina escura, forte odor e concentrada. Uma semana após o início do tratamento, o paciente apresentou melhora clínica, e ao exame de hemograma não havia alterações. O paciente já apresentava normorexia, normodipsia, porém urina com forte odor e de coloração amarelo escuro, e aquesia há 7 dias. Foi realizado então um enema, e o tratamento foi modificado para predinisona (Meticorten®) 0,5mg/kg VO, SID, durante 4 dias; domperidona (Motilium®) 25mg/kg VO, BID; dipirona (Novalgina®) 25mg/kg VO,TID; cloridrato de tramadol (Tramal®) 2mg/kg TID, até novas recomendações. Foi administrado metadona 0,1mg/kg IM para realizar o exame radiográfico. Tratamento Cirúrgico Como protocolo anestésico, utilizou-se como MPA metadona, 0,2mg/kg IM, indução com propofol 5mg/kg IV, e na manutenção da anestesia foi utilizado isoflurano. O tratamento cirúrgico escolhido para o caso em questão foi a estabilização segmentar modificada. Após realização de tricotomia ampla na região lombo sacra e anti-sepsia, foi realizada a abordagem cirúrgica realizada conforme citado anteriormente, porém, para realização da estabilização, o cirurgião utilizou parafusos posicionados transversalmente em cada asa ilíaca, e apenas dois pinos de Steinmann (FIGURAS 14 e 15). 57 Durante o procedimento, o paciente recebeu 2 doses de cefalotina, 30mg/kg a com intervalo de duas horas. FIGURA 14 – RADIOGRAFIA VENTRO DORSAL PÓSOPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR MODIFICADA. FIGURA 15 – RADIOGRAFIA LATERO LATERAL PÓSOPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR MODIFICADA 58 Evolução pós-cirúrgica: As medicações prescritas para o pós operatório foram carprofeno (carproflan®) 2,2mg/kg BID, durante 14 dias, cloridrato de tramadol 2mg/kg TID, e dipirona 25mg/kg TID até novas recomendações. O paciente foi encaminhado para o setor de fisioterapia do HOVET-AM ainda no período de recuperação da cirurgia, e apresentou progressões, e retomou a mobilidade dos membros pélvicos. 5.3 DISCUSSÃO As fraturas e luxações das vértebras lombares caudais são comuns e decorrentes principalmente de atropelamentos. As lesões da medula espinhal variam em sua gravidade e o prognóstico, segundo todos os autores consultados, referem como principal fator para retorno da ambulação a presença ou não de dor profunda e compressão da cauda eqüina. Felizmente, na região lombo sacra, o diâmetro do canal vertebral é relativamente amplo para acomodar a cauda eqüina podendo, dessa forma, serem tolerados consideráveis deslocamentos das 3 últimas vértebras lombares. Denny e Butterworth (2006) afirmam que nos casos de fraturas e luxações envolvendo a cauda eqüina, o paciente tende a caminhar novamente em 3 a 4 semanas, salvo em casos onde há grave deslocamento e seqüelas neurológicas, que, segundo Neto e colaboradores 2004a, estão associados a trauma de raiz nervosa da cauda eqüina e não à medula espinhal; como as raízes são mais resistentes aos deslocamentos, podem não provocar alterações neurológicas. A indicação cirúrgica, independente do grau de lesão e do prognóstico, se dá pela necessidade de promover estabilização da coluna vertebral, 59 impedindo a ocorrência de lesão secundária, agravando o quadro (Neto et al, 2004a). No caso em questão, o paciente, tendo sido recolhido da rua, não apresentou condição clinica para sofrer a intervenção cirúrgica. Sendo assim, recebeu suporte clínico para reverter o quadro e orientação ao responsável quanto a conduta frente a instabilidade vertebral durante o período. O paciente, por ocasião do procedimento cirúrgico, apresentava dor profunda em membros pélvicos, porém, dado o tempo incerto da ocorrência da fratura, a redução é dificultada pela atrofia muscular, o que compromete o alinhamento. Contudo, através da descompressão eficiente, da redução da fratura, da técnica de fixação bem empregada, devidos cuidados pós-operatórios, como analgesia e manejo e a realização da fisioterapia, o paciente teve ótima evolução pós-cirúrgica e retorno da ambulação. 60 7 CONCLUSÃO O estágio curricular foi parte importante da formação acadêmica, uma vez que proporcionou contato com profissionais de outro estado, assim como suas condutas e experiências. Permitiu grande aprendizado e proporcionou a oportunidade de demonstrar o conhecimento obtido durante a graduação, fato que construiu laços de amizade e contato com profissionais e estudantes da Medicina Veterinária. Dessa forma, a experiência resultou em grande incentivo para com a área escolhida, assim como realização pessoal nas oportunidades em que o trabalho desenvolvido durante o período foi reconhecido, trazendo gratificação, assim como em ocasiões opostas, o que, por sua vez, trouxe crescimento, experiência e preparo para a caminhada que está por vir. 61 8 REFERÊNCIAS FOSSUM, T.W.; WILLARD, M.D. Doença da Vesícula Biliar e do Sistema Biliar Extra-Hepático. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medina Interna Veterinária. v II, 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan S.A., 2004, p. 1413-1417. FOSSUM, T.W. Cirurgia do Sistema Biliar Extra – Hepático. In: ____. Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. São Paulo: Roca Ltda, 2002. p. 476 – 487. CORNELL, K.; FISCHER, J. Cirurgia do Pâncreas Exócrino. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. v I, 3.ed. São Paulo: Malone Ltda, 2003, p. 752 – 762. MARTIN, R.A.; LANZ, O.I.; TOBIAS, K.M. Fígado e Sistema Biliar. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. v I, 3. ed. São Paulo: Malone Ltda, 2003. p. 708 – 726. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Funções Secretoras do Trato Alimentar. In:____. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 791806. WILLIAMS, D.A.; Doença Panceática Exócrina. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.R. Tratado de Medicina Interna Verinária. v II, 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan S.A., 2004. p. 1418 – 1441. 62 MORRISON, W.B. Câncer of Endocrine Origin. In: ___. Cancer in Dogs and Cats. 1.ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1998, p. 599 – 637. MORRISON, W.B. Primary Cancers and Cancer-Like Lesions of the Liver, Biliary Epithelium, and Exocrine Pancreas. In: ___. Cancer in Dogs and Cats. 1.ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1998, p. 559 – 568. FOSSUM, T.W. Cirurgia do Sistema Endócrino. In: ___. Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. São Paulo: Roca Ltda, 2002, p. 488 – 532. ROTHUIZEN, J. Icterícia. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. v I, 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan S.A., 2004, p. 218 – 220. MAIA, E.L.C.; GUIMARÃES, S.B.; MAIA, A.C.S.; MAIA, J.S.; VASCONCELOS, P.R.L. Repercussões Temporais da Ligadura do Ducto Biliar Principal em Ratos Wistar. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 18, p. 45 – 50, 2003. Disponível em: http://www.scielo.com.br. Acesso em: 26 de set. 2008 HEDLUND, C.S. Cirurgia do Intestino Delgado. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. São Paulo: Roca Ltda, 2002, p. 369 – 399. KUCZYNSKI, L.B.; SPADELLA, C.T.; PADOVANNI, C.R. Efeito da Ligadura do Ducto Pancreático e da Secção Ductal com Livre Drenagem de Secreções para o Peritônio Sobre as Funções Endócrinas e Exócrina do Pâncreas. Estudo Clínico e Laboratorial em Coelhos. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo. v. 19 n. 63 3, 2004, p. 238 – 262, 2004. Disponível em: http://www.scielo.com.br. Acesso em 26 de set. 2008. SEIM, H.B. Cirurgia da Espinha Lombossacral. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. São Paulo: Roca Ltda, 2002, p. 1292 – 1312. STURGES, B.K.; LeCOUTEUR, R.A. Fraturas e Luxações Vertebrais. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. v I, 3.ed. São Paulo: Malone Ltda, 2003, p. 1244 – 1261. GAIA, L.; VOLL, J.; TANAKA, L.Y.; VOLL, R. Paresia em Cão por Compressão da Medula Espinhal Devido a Formação de Calo Ósseo. Acta Scientiae Veterinária, n.31, p. 119 – 122, 2003. Disponível em: http://www.ufrgs.br/favet/revista. Acesso em: 23 de set. 2008 NETO, O.P.; TUDURY, E.A.; SOUZA, A.F.A.; SEVERO, M.S. Utilização de Fios de Náilon na Técnica de Fixação Segmentar Modificada. Revista Clínica Veterinária, ano IX, n.49, p. 43 – 50, 2004 (a). BRASIL, F.B.I.; GIORDANO, P.P.; MARTINS, A.W. Síndrome da Cauda Eqüina, Etiopatologia. Revisão de literatura. Revista Acadêmica, Espírito Santo do Pinhal, SP. v. 2, p. 26 – 33, 2006. Disponível http://www.unipinhal.edu.br/artigos/index.php. Acesso em: 22 de set. 2008. em: 64 DENNY, H.R.; BUTTERWORTH, S.J. Fraturas e Luxações Espinhais. In:___. Cirurgia Ortopédica em Cães e Gatos. 1.ed. São Paulo: Roca Ltda, 2006, p. 162 – 170. LORENZ, M.D.; KORNEGAY, J.N. Paresia, Paralisia ou Ataxia do Membro Pélvico. In: ___. Neurologia Veterinária. 4.ed. São Paulo: Malone Ltda, 2004, p. 131 – 174. ARIAS, M.V.B.; SEVERO, M.S.; TUDURY, E.A. Trauma Medular em Cães e Gatos: Revisão da Fisiopatologia e do Tratamento Médico. Revista Semina, Londrina, PR, v. 28, p. 115 – 134, 2007. Disponível em: http://www.uel.br/proppg/semina. Acesso em: 30 de set. 2008. NETO, O.P.; TUDURY, E.A.; SOUZA, A.F.A.; SEVERO, M.S. Métodos Iniciais Auxiliares à Fixação Interna de Fraturas e Luxações Vertebrais Torácicas e Lombares em Cães e Gatos. Revista Clínica Veterinária, ano IX, n. 48, p. 32 – 40, 2004 (b). 65 ANEXO 66 ANEXO Princípio Nome Dose Dose Ativo Comercial (gatos) (cães) Ampicilina Optacilin® 20 – 22mg/kg 20 – 22mg/kg Betanacol Liberan® 1,25 – 5 mg/kg 5 – 15 mg/animal Carprofeno Carproflan® - 2mg/kg 20 – 30mg/kg 20 – 30mg/kg Tramal® 1 – 2mg/kg 1 – 5mg/kg Decatron® 0,1 – 0,2mg/kg 0,1 – 0,2mg/kg Novalgina® 0,25ml/gato 25 – 35mg/kg 10mg/kg 10mg/kg Sódica e Benzatina Cefalotina Cloridrato de Tramadol Dexametasona Fosfato Dipirona Doxiciclina Enrofloxacina Isoflurano Metadona Metoclopramida Predinisona Propofol Ranitidina Doxitrat ® ® Baytril 5mg/kg 5mg/kg ® 1,0 – 2,5%(CAM 2) 1,0 – 2,5% (CAM 2) ® 1mg/kg 1mg/kg 0,2 – 0,5mg/kg 0,2 – 0,5mg/kg 2,2mg/kg 0,5 – 1mg/kg 4 – 6mg/kg 4 – 6mg/kg 2mg/kg 2mg/kg Isoflurine Metadon Plasil ® ® Meticorten Profolen Antak ® ® Fonte: Livro de Medicações, USP, 2007.