3ª Avaliação Aluna: Luiza Maria Rocha Pereira Matricula: 15/0157371 1. Segundo Malinowski, quais os três objetivos da pesquisa etnográfica e quais os métodos para se conseguir atingi-los? [1,5. Você confundiu coisas distintas na resposta. Veja comentários marginais, especialmente o último.] Os objetivos primordiais da etnografia são: o estabelecimento claro da constituição tribal com delineamento das suas leis e dos padrões dos fenômenos culturais, a apresentação da anatomia da cultura e a descrição da sua constituição social - conseguindo, assim, descobrir o “esquema básico” dessa cultura e, consequentemente, da dinâmica social daquela tribo. Para a realização desse objetivo é preciso que se faça um levantamento geral de todos os fenômenos e não apenas um inventário dos acontecimentos aparentemente extraordinários. É necessário ter cuidado para não criar uma imagem caricaturada e infantilizada do outro. A análise deve ser feita com seriedade e sem privilegiar aqueles fenômenos que causam estranheza e curiosidade à primeira vista. Para isso, deve-se ter a percepção da cultura nativa em sua totalidade, de forma que não se crie um campo de pesquisa artificial. Malinowski cita regras metodológicas a serem seguidas para que essa visão da realidade se realize. O método constitui, em primeiro lugar, pela vivência no mesmo ambiente da tribo pesquisada, pela permanência nele em tempo integral, permitindo-se observar todos os acontecimentos corriqueiros, que vão para além das cerimônias e festas, tentando compreender a verdadeira forma que se relaciona essa cultura. Dessa forma, é possível ver o cotidiano, a essência que se mostra quando a presença da pesquisadora passa despercebida. Em segundo lugar é preciso domínio teórico sobre a antropologia, para levar a maior quantidade de problemas quanto possíveis a campo, para comprovar teorias e hipóteses com os fatos encontrados ou ter a perspicácia necessária para refutá-las quando essas se mostrarem empiricamente erradas e também para ter as ideias e metodologias necessárias para que o trabalho científico seja concretizado. Em terceiro lugar deve-se ter a metodologia necessária para acumular dados e colher informações que sirvam ao pesquisador, para formular teorias gerais por meio da indução. Essa fase do método deve ser dividida em três partes para a constituição de um corpo com esqueleto, carne, sangue e espírito, que represente a vida social e cultural que é levada na tribo. O esqueleto é construído com base nos dados científicos coletados que devem sempre ser discriminados de forma precisa e clara para que não haja dúvidas sobre sua procedência e para que se ganhe a confiança do leitor de que o que está sendo realizado é um estudo com rigor científico. Devem-se transformar em material de base todas as informações, ocorridos e eventos, enfim, o maior número possível de informação a respeito da tribo para assim estudá-la. A carne e o sangue constituem-se de fatos que são classificados como os imponderáveis da vida real, e com razão, pois são fatos que só serão desvendados se observados com a visão de alguém que está integralmente no ambiente, tendo a sensibilidade de sentir suas nuances. Por último, o espírito, de outra maneira, seria a maneira típica dos indivíduos daquela sociedade pensarem e sentirem, tomandoos como membros da cultura na qual foram forjados. 1. Qual a função que Malinowski reconhece na magia do kula? [3,0] O Kula representa uma rede de relações, baseada na tradição, que envolve a troca de braceletes e pulseiras, e a magia. A magia influencia de forma primordial a forma como o nativo interpreta o ritual, afeta a noção do propósito e das motivações na participação e realização do Kula. Por conta da magia, o Kula transforma a finalidade econômica utilitária da troca propriamente dita, para um fim pragmático e utilitário na magia e no cerimonial. A natureza cerimonial do Kula está vinculada à crença na eficácia da magia, que é uma forma de complementar o conhecimento prático, uma maneira de tentar garantir o sucesso que vai além do conhecimento empírico comprovado. Os ritos mágicos impõem à tribo muito trabalho extra e estabelecem regras e tabus que são aparentemente desnecessários e dificultosos, mas que os nativos tomam como essenciais para o sucesso de suas atividades. “No sentido de ordenar, sistematizar e regular o trabalho, a magia constitui elemento de inestimável valor econômico para os nativos”. Para Malinowski, a magia também tinha uma função psicológica de orientar o povo em situações imprevisíveis. A crença na magia vem a ser uma das principais forças psicológicas que possibilitam a organização e a sistematização dos esforços econômicos provenientes do Kula. 1. Compare as definições de “estrutura social” em Rivers e Radcliffe- Brown, atentando para a importância que cada autor concede àquela em seus trabalhos? [2,8. A resposta apresentar inconsistências conceituais e problemas de ordem formal que prejudicam sua coerência. Ver comentários marginais.] Radcliffe Brown define Estrutura social como a rede de relações entre os seres humanos. Ele faz uma analogia com a forma biológica do organismo dos seres vivos da forma como são estudos nas ciências naturais. A estrutura social será estabelecida por uma série de interações dos seres humanos como indivíduos e dos grupos organizados nos quais estão unidos em um todo integrado de maneira organizada, com a finalidade de garantir a estabilidade e a sobrevivência de um determinado grupo ou de uma determinada sociedade. A estrutura social tem uma dinâmica em sua estrutura, assim como os seres vivos, caracterizada pelas relações sociais e pelas classificações entre classes e papeis sociais. A vida social e o funcionamento da estrutura são fatores primordiais para a continuidade e a manutenção da estrutura social, fatores que através de sua função, processos realizados por um ou mais unidades sociais, mantêm as condições necessárias de existência do organismo social. Radcliffe ressalta que apesar dessa analogia, sociedades não morrem assim como os seres vivos, a vida social e o funcionamento da estrutura são fatores primordiais para a continuidade e a manutenção da estrutura social. Um exemplo seriam as relações de parentesco. Para Rivers, estrutura social é o arcabouço da sociedade, é fundamentalmente importante e menos facilmente mudada como resultado da mistura de povos. É com a estrutura social que devemos começar a tentativa de analisar a cultura e de verificar até onde a comunidade da cultura se deve à mistura de povos, até onde se deve à transmissão através do simples contato ou de colonização transitória. Rivers baseou-se em explicações históricas de parentesco e é a partir desse sistema que deve-se começar a tentativa de analisar a cultura e de verificar até onde a comunidade da cultura se deve à mistura de povos, até onde se deve à transmissão através do simples contato ou de colonização transitória. Ambos têm uma noção sistêmica de estrutura social, se referindo a esta como fator primordial de perpetuação das culturas e sociedades, da transmissão de instituições, papeis e relações sociais ao longo do tempo. Rivers ressalta que a estrutura social deve ser tomada como um guia para amparar o processo de análise do desenvolvimento das sociedades, Radcliffe a utiliza para explicar a formação e a perpetuação da dinâmica social.