Apresentação do PowerPoint - Associação Brasileira de Recursos

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Nordeste - Desenvolvimento Recente e
Desafios para o Futuro
XIII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste
Aracaju, 08 de novembro de 2016
Ricardo Lacerda
I- Introdução
Crise fiscal e transição no Brasil: o enigma do futuro do
estado social brasileiro
• Ao final de 2014, a economia brasileira iniciou um processo de
ajuste fiscal que tem se revelado longo e penoso e que deverá se
estender ainda por alguns anos;
• A economia brasileira ainda não chegou ao “fundo do poço” e, na
verdade, nos últimos três meses o processo de estabilização
estancou (indústria e comércio voltaram a acentuar a queda);
• A economia brasileira não deverá deslanchar antes de 2018, ainda
assim vai depender de uma série de variáveis internas (como a
instabilidade política) e externas ( EUA, União Europeia e China);
Crise fiscal
• Há consenso sobre a necessidade do país realizar o ajuste de suas
contas públicas;
As discordâncias dizem respeito:
a) ao caminho a ser trilhado;
b) ao seu custo social e econômico e, sobretudo,
c) quais segmentos sociais vão arcar com a maior parte do ônus.
• Do meu ponto de vista, o problemático não é fazer o ajuste fiscal e
sim a transição que se esconde por trás dele, de retrocesso nas
políticas sociais, de precarização do mercado de trabalho e de
encolhimento do papel do estado da economia;
Transição
• Muito provavelmente, após o ajuste fiscal teremos transitado para
um novo formato do estado brasileiro, mais parecido com o que
tínhamos nos anos noventa;
• Em termos regionais, não há dúvida quem serão os perdedores,
nós mesmos, a população do Nordeste e do Norte , muito
especificamente as pessoas e as sub-regiões que mais dependem
da ação do estado.
II- Nordeste - Desenvolvimento
Recente
Em 2014, O BNDES publicou a coletânea Um olhar territorial para o
desenvolvimento: Nordeste.
Participei com a elaboração do capítulo 17: Uma janela de oportunidade
para o Nordeste.
A publicação pode ser acessada no link
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2801/3/Um%20olhar%20territorial%20sobre%20o%20desenvolv
imento_2014_P.pdf
Minha apresentação de hoje vai seguir as linhas daquele artigo, agregando
novo dados para dar conta do momento atual
Nordeste, anos noventa
•
•
•
•
•
No seminário comemorativo dos 50 anos do BNDES, em 2002, os integrantes da
mesa sobre desenvolvimento regional (Clélio Campolina Diniz, Tânia Bacelar e
Wilson Cano) não estavam otimistas sobre as possibilidades de desenvolvimento
do Nordeste.
Diniz (2002) concluía que as transformações em curso naquele momento eram
todas desfavoráveis às possibilidades de desenvolvimento das regiões mais
pobres:
1. a abertura comercial e a consolidação do Mercosul;
2. a mudança na concepção do estado e a privatização de empresas;
3. e as mudanças na tecnologia em curso, com a liderança das tecnologias
de informação e da comunicação (TICs) e seus impactos em termos de
reestruturação das cadeias produtivas globais.
Para o Nordeste, a década anterior tinha destinado a relocalização das indústria
de calçados e têxteis, como medida defensiva frente à maior competição global
De estruturante, apenas os investimentos nos entornos dos polos de Camaçari,
Pecém e Suape, nas três principais áreas metropolitanas da região.
Além do Binômio Turismo-Fruticultura irrigada
-6
-4
taxa
Linha de 2,5%
-3,8
-3,3
0,5
4,0
6,0
5,7
5,0
4,4
4,7
5,3
4,4
3,9
3,1
3,1
3,4
3,2
2,7
2,2
1,8
1,2
1,3
0,4
0,5
0,1
2
1,0
4
3,6
5,3
6
0,3
0,6
7,6
7,9
7,5
8
-4,2
-3,4
-4,4
-2
9,2
10
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
-0,5
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
-0,2
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
PIB: Ciclo expansivo 2004-2013.
Brasil. PIB. Projeção do FMI para 2016 a 2017
Linha de 2,5%
0
Ciclo de inclusão
Figura. Ciclo Virtuoso- Formação do Mercado
de consumo de massa por meio da inclusão
social
Nordeste, anos 2000:
Convergência e Oportunidade
• Apesar dos prognósticos pessimistas dos eminentes estudiosos, o
Nordeste conheceu um período de grande transformação nos anos 2000,
provavelmente um dos maiores de toda sua história.
• Duas dimensões se sobressaiam, do meu ponto de vista:
1. Convergência nos níveis de desenvolvimento entre as regiões e ;
2. Oportunidade de transformação estrutural
• Diferentemente de ciclos anteriores, como no período de intensa
modernização produtiva (1970-1985) a transformação foi liderada pela
expansão da renda e das políticas públicas, mas os impactos econômicos
e estruturais não estiveram ausentes;
• No título do capítulo, eu procurava assinalar que se abria na região uma
“janela de oportunidade” para uma transformação de maior envergadura
que poderia retirar o Nordeste de sua condição de “região-problema”, de
vagão vazio, como se costumava falar antigamente.
Nordeste, anos 2000:
Convergência e Oportunidade
• Tomei como referência as lições de dois importantes economistas,
cujas contribuições foram reconhecidas com o Prêmio Nobel
Arthur Lewis
Nobel (1979)
Paul Krugman
Nobel (2008)
Nordeste, anos noventa 2000,
Convergência e Oportunidade
• De Arthur Lewis, recorri à noção de que o Brasil poderia estar transitando para
uma economia com oferta inelástica de mão de obra , enquanto o Nordeste, em
que mais de 50% da força de trabalho ainda se encontra no setor informal, deve
perdurar por mais de um decênio com oferta elástica de mão de obra.
• Do modelo de Fujita; Krugman & Venables , duas ideias centrais:
1. A existência de fatores imóveis ou semimóveis, não facilmente transladados
para outras regiões, desde a disponibilidade de recursos naturais (jazidas
minerais e terras agricultáveis) à disponibilidade de força de trabalho nos níveis
básicos e crescentemente nos níveis técnicos e tecnológico.
2. As forças centrípetas ou de autorreforço proporcionadas pelo efeito do
crescimento do tamanho do mercado regional e os efeitos de ligação (linkages)
que levaram à implantação na região de empreendimentos industriais,
comerciais e de serviços, atraídos pela demanda final e pela demanda
intermediária (insumos) proporcionadas pelo crescimento da renda.
Essas referências me apoiavam na tese de que o Nordeste poderia se constituir em
uma importante frente de expansão no capitalismo brasileiro nas próximas
décadas, perspectiva esta que pode ser ameaçada pelo rumos que vir a tomar o país
na resolução da crise atual.
Nordeste, anos noventa 2000,
Convergência e Oportunidade
• Devemos reconhecer que o Nordeste é a região mais pobre do país
e apresenta os piores indicadores em todas as dimensões do
desenvolvimento econômico e social (educação, saúde, renda e
qualquer outra dimensão que se ponha em foco). São notáveis
também suas carências em infraestrutura produtiva e em
infraestrutura social;
• O Nordeste tem 27% da população nacional e participa com cerca
de 13% de sua riqueza. Ou seja, o PIB per capita do Nordeste é
metade da média nacional e cerca de 1/3 na comparação com os
estados mais ricos.
• Não obstante, o processo de convergência nos níveis de
desenvolvimento foi muito significativo entre 2004 e 2014.
• Vamos tratar de alguns desses indicadores de convergência
Indicadores de convergência
1º. O Nordeste cresceu acima da média o
Brasil
Crescimento médio anual do PIB Brasil e da
regiões brasileiras entre 2000 e 2011. (%)


O Nordeste é e deve
permanecer ainda por
longo tempo como a região
mais pobre do país;
Todavia, já algum tempo, o
Nordeste vem crescendo
mais rapidamente do que a
média do páis e bem mais
rápido do que as regiões
mais ricas, o Sudeste e o
Sul.
6%
5,5%
4,8%
5%
4,2%
4%
3,5%
3,1%
3,4%
3%
2%
1%
0%
Brasil
Norte
Nordeste Sudeste
Sul
CentroOeste
Fonte: IBGE – Contas regionais. Elaboração CEPLAN. extraídos de CGEE
(2014). Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento sustentável do Nordeste
Brasileiro PCTI/NE (versão Semifinal). Brasília, DF.
Nota: Valores deflacionados pelo deflator implícito do PIB a preços de 2013.
Indicadores de convergência
2º.O desenvolvimento do Nordeste nãos e limitou ao
litoral
210


200
Todas as sub-regiões
nordestinas apresentaram
crescimento acimada média
do Brasil;
Os destaques são os
cerrados.
190
180
Brasil
Nordeste
Semiárido nordestino
Cerrados nordestinos
201,0
Litoral e Zona da Mata
170
166,7
160
157,8
150,9
146,5
150
140
130
120
110
100
90
80
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: IBGE – PIB dos Municípios. Elaboração CEPLAN.
Nota: Valores deflacionados pelo deflator implícito do PIB a preços de
2013.
indicadores de convergência
3º. Reduziu o hiato da renda média familiar per
capita



A rendimento médio
familiar por habitante do
Nordeste diminuiu a
distância em relação a do
Brasil;
A situação de Sergipe é
melhor do que a média do
Nordeste
A convergência da renda foi
maior do que a do PIB.
80
Rendimento médio familiar per capita do
Nordeste e de Sergipe em relação ao do Brasil.
Sergipe;
2001 e 2013. (%)
73,7
70
60
Nordeste;
54,3
Sergipe;
57,3
Nordeste;
63,7
50
40
30
20
10
0
2001
Fonte: IBGE – PNAD
2013
Emprego Formal- RAIS
Região Natural
2004
2014 Taxa de
Crescimento
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
1.529.195
5.394.730
16.259.719
5.632.349
2.591.583
2.801.469
9.132.863
24.792.464
8.550.246
4.294.468
83,2%
69,3%
52,5%
51,8%
65,7%
Brasil
31.407.576
49.571.510
57,8%
Participação da Regiões no Emprego Formal (%)
100%
90%
4,9
8,3
5,0
8,3
5,1
8,2
5,2
8,1
5,3
8,2
5,3
8,3
5,5
8,2
5,5
8,3
5,5
8,4
5,6
8,7
5,7
8,7
80%
17,2
17,5
17,6
17,5
17,6
18,0
18,2
18,3
18,1
18,2
18,4
17,9
17,5
17,6
17,3
17,2
17,2
17,1
17,1
17,1
17,2
17,2
70%
60%
50%
40%
51,8
51,8
51,6
51,9
51,7
51,2
51,0
50,8
50,8
50,3
50,0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
20%
Centro-Oeste
Nordeste
Sul
Sudeste
2004
30%
Norte
10%
0%
O EMPREGO
FORMAL DO
Nordeste cresceu
5,4% ao ano, frente à
média nacional de
4,7%.
Cerca de um em
cada cinco empregos
formais foram
criados no Nordeste
Emprego Formal- RAIS
Indicadores de geração de Emprego Formal no setor privado entre a média
Entre 2002-2004 e 2010-2012 (%)
Descriminação
Taxa de Crescimento do Emprego Formal por Setor
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
CentroOeste
Indústria Geral e SIUP
56%
55%
44%
39%
72%
46%
Construção Civil
228%
199%
129%
119%
151%
147%
Comércio
101%
92%
63%
66%
74%
70%
Serviços
87%
72%
58%
56%
64%
61%
Agropecuária
93%
11%
10%
14%
50%
19%
TOTAL DO EMPREGO
PRIVADO
92%
76%
57%
53%
71%
61%
Região Natural
Fonte: MTE-RAIS
Brasil
Mercado de consumo de massa
Gráfico . Partipação das regiões na massa de
rendimento familiar. 2004 e 2014. (%)
100%
C. Oeste; 8,3
C. Oeste; 9,0
Sul; 18,2
Sul; 17,8
Sudeste; 52,1
Sudeste; 50,2
10%
Nordeste; 16,1
Nordeste; 17,7
0%
Norte; 5,5
Norte; 5,6
2004
2013
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar
Graus de informalidade. 2000 e 2010
: Taxa de informalidade das pessoas de 10 anos ou mais ocupadas na semana de referência. 2010. (%)
Taxa de informalidade das pessoas de 10 anos ou mais ocupadas na
semana de referência. 2010. (%)
70%
59,5%
60%
50%
59,4%
42,3%
40%
33,3%
34,3%
Sudeste
Sul
41,5%
30%
20%
10%
0%
Brasil
Norte
Nordeste
Fonte: IBE. Censo demográfico de 2010.
Centro-Oeste
Nível de instrução
Nível de instrução da população de 15 anosou
mais (%)
100%
90%
0,5
4,7
15,2
80%
70%
7,1
0,7
7,1
21,1
16,8
11,3
24,0
11,8
60%
14,5
50%
40%
77,5
20%
Médio completo e superior
incompleto
Fundamental completo e
médio incompleto
74,2
59,8
30%
Superior completo
50,0
Sem instrução e
fundamental incompleto
Não determinado
10%
0%
Nordeste
2000
Nordeste
2010
Brasil 2000 Brasil 2010
Fonte: Fonte: IBGE – Censos demográficos.. Com base em cálculo de CGEE (2014).
Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento sustentável do
Nordeste Brasileiro PCTI/NE (versão Semifinal). Brasília, DF.
A ECONOMIA DO NORDESTE
Campi de Universidades Federais
2002
2010
7 mitosAsobre
o desenvolvimento
do Nordeste
ECONOMIA
DO NORDESTE
Expansão rede rederal de educação tecnológica. Situação em 2010.
7 mitos sobre o desenvolvimento do Nordeste
PERSPECTIVAS PARA O NORDESTE
• Há muitos fatores preocupantes nas perspectivas da região;
• A Petrobras está se desfazendo de vários empreendimentos
na região, no Ceará, no Rio Grande do Norte e em Sergipe, no
processo chamado eufemisticamente de desinvestimento.
• O governo federal vem acenando também com cortes de
recursos para as políticas públicas;
• Sinaliza também a retração da ação do Estado e o aumento da
presença do setor privado, inclusive na área de infraestrutura,
com risco de retorno da concepção dos anos noventa.
• Há riscos, sim, de importantes retrocessos nas transformações
recentes nas regiões mais pobres mas me mantenho ainda
relativamente otimista de que os ganhos em termos de
mercado, infraestrutura e de recursos humanos terão ainda
importantes desdobramentos;
7 mitos sobre o desenvolvimento do Nordeste
PERSPECTIVAS PARA O NORDESTE
• Há ainda os investimentos em energia eólica e
energia solar, que favorecem a região.
• Tenho fé, e é uma questão de fé mesmo, que o
compromisso que o Brasil assumiu na constituição de
1988 de construir uma democracia social de massa
não será abandonado, mesmo que passemos no
futuro mais imediato por significativos retrocessos. E
esse compromisso favorecerá as regiões mais pobres
A Economia do Nordeste
INVESTIMENTO EM RECURSOS
HÍDRICOS, ESPECIALMENTE
NO SEMIÁRIDO
SEGURANÇA ALIMENTAR
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