Teoria da Relatividade Cosmologia I Prof. Pieter Westera [email protected] http://professor.ufabc.edu.br/~pieter.westera/Relatividade.html Cosmologia wikipedia: Cosmologia (do grego κοσμολογία, κόσμος="cosmos"/"ordem"/"mundo" + -λογία="discurso"/"estudo") é o ramo da astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo a partir da aplicação de métodos científicos. O modelo cosmológico mais aceito hoje em dia é a teoria do Big Bang. O termo Big Bang foi criado em 1948 pelos astrofísicos Bondi, Gold e Hoyle para zoar a proposta, de que o Universo teria nascido de uma singularide inicial. Nascimento da Ciência Na Grécia antiga nasceu a ciência (~550 a. C.) como a conhecemos hoje, com indução, dedução, análise, síntese, hipótese, modelos, teorias, etc. (=> Bases Epistemológicas). I. e. Pitágoras de Samos “inventou” a matemática e fez hipóteses Pitágoras de Samos sobre a organização do Universo: A Terra é esférica, e os planetas movem-se em diferentes velocidades nas várias órbitas ao redor da Terra. Há uma ordem que domina o Universo. Os modelos cosmológicos antigos ~350 a. C.: Platão: Universo Geocêntrico Esfera de estrelas girando em torno da Terra imóvel, já que círculos e esferas eram vistos como as formas mais perfeitas (dogma do círculo) Platão Acrescentado pelo aluno de Platão Eudóxio de Cnido por mais esferas carregando os planetas, que incluiam o Sol e Representações esquemáticas do modelo geocêntrico a Lua. Os modelos cosmológicos antigos ~150 a. C.: Hiparco: Epiciclos Cada planeta faz um movimento circular uniforme, chamado epiciclo, em torno de um ponto (no desenho: P) que faz um movento circular uniforme em torno da Terra. A órbita deste ponto se chama deferente. Hiparco Explica o movimento retrógrado dos planetas, pelo menos qualitativamente e o maior brilho durante o trecho retrógrado. Além disso, ele compilou o primeiro catálogo de estrelas, entre outras contribuições para a ciência. Modelo de epiciclos Os modelos cosmológicos antigos ~100 d. C.: Ptolomeu (Autor do Almagesto, o “Grande Livro”): Modelo Ptolomaico Refinamento do modelo de epiciclos: Os centros dos deferentes não ficam mais na Terra, mas giram em torno de pontos chamados equantes, que também se movimentam. Ptolomeu Prevê melhor as posições dos planetas. Mas ainda não perfeitamente. Nos séculos seguintes foram acrescentados mais e mais epicilos para manter a concordância. O modelo se tornou muito complicado. Modelo ptolomaico Os modelos cosmológicos antigos 1543: Copérnico: Modelo Heliocêntrico - O Sol é imóvel (e não é mais considerado um planeta). - A Terra (que agora é um planeta) e os outros planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol. Nicolau Copérnico - A Lua (que não mais é planeta) gira em torno da Terra em um mês sideral. - As estrelas fixas são imóveis, e ficam numa distância muito maior que o Sol. Modelo heliocêntrico Os modelos cosmológicos antigos 1543: Copérnico: Modelo Heliocêntrico Publicado na obra De Revolutionibus Orbium Coelestium em 1543, o ano da morte do astrônomo polonês. Era visto por muitos como apenas um truque para facilitar o cálculo das Nicolau Copérnico posições dos planetas no céu, sem significado real: A Terra não podia ser tirado do centro do Universo tão facilmente. Colocar o Sol no centro significava uma mudança de paradigma, a Revolução Copernicana. Na verdade, as previsões das posições dos planetas nem saem melhor que no modelo ptolomaico. Os modelos cosmológicos antigos Giordano Bruno (1548-1600): Frade dominicano italiano, teólogo, filósofo e escritor, sugeriu que o Universo seria infinito, que o Sol seria uma estrela, que existiriam planetas girando em torno de outras estrelas, e que nestes poderia ter vida inteligente. Giordano Bruno Foi condenado e queimado pela inquisição. As Observações de Galileu Galileu Galilei (1564-1642) foi o primeiro a apontar um telescópio pro céu, e é considerado o pai da astronomia observacional moderna. Ele observou pela primeira vez (1609-10): - As crateras da Lua, - As manchas solares, Galileu Galilei - As fases da Vênus, - As Luas de Júpiter, corroborando o modelo heliocêntrico de Copérnico. Além disso, ele observou que a Via Láctea não é simplesmente uma nuvem, mas consiste de estrelas, e fez contribuições importantes para a mecânica. As Observações de Galileu 1616 foi forçado pela igreja católica a renunciar o seu apóio para o modelo copernicano. 1632 publicou a obra Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo, que também apoia o modelo copernicano. De novo, ele teve que renunciar e a igreja colocou o Diálogo no index. Galileu Galilei Só foi absolvido em 1992 pelo papa João Paulo II. Tycho Brahe 1546-1601, astrônomo dinamarquês, último grande observador da era “pré-telescópio”, fez e compilou as melhores medidas de posições de planetas até então, que mais tarde seriam usados por Kepler. Também desenvolveu um modelo cosmológico, naquele o Sol gira em torno da Terra, e os planetas em torno do Sol, para manter a Terra no centro. Tycho Brahe Modelo de Tycho Brahe As Leis de Kepler Como mencionado, as previsões das posições dos planetas pelo modelo copernicano não eram tão boas assim. Isto, por que Copérnico não abriu mão de movimentos circulares uniformes. Quem conseguiu fazer o modelo bater melhor com os dados foi o astrônomo alemão Johannes Kepler, aluno de Tycho Brahe, sugerindo órbitas elípticas e estabelecendo três leis quantitativos sobre o movimento dos planetas (1609). Estes leis também dão uma dica quanto às causas físicas destes movimentos. Johannes Kepler Os modelos cosmológicos antigos Modelo Heliocêntrico Curiosidade: Copérnico não foi o primeiro a colocar o Sol no centro. Aristarco de Samos (310 - 230 a. C.) já tinha sugerido um modelo heliocêntrico quase 2000 anos antes, por intuição: Aristarco de Samos Ele tinha determinado o tamanho do Sol muito maior que o da Terra, e achou contra-intuitivo um corpo grande girar em torno de um corpo muito menor. Mas a hipótese dele não “pegou” e acabou caindo no esquecimento até o trabalho de Copérnico. Galáxias Immanuel Kant, século XVIII: Se a Via Láctea tem tamanho limitado, então talvez as “nebulosas elípticas” no céu sejam sistemas discos como o nosso, “Universos ilhas”. Na época, qualquer objeto flocoso no céu era chamado de nebulosa. Galáxias Em 1923, Edwin Hubble detectou Cefeidas (um tipo de estrelas variáveis) na Nebulosa de Andrômeda, M31, e, usando a relação período-luminosidade destas estrelas, conseguiu determinar a distância até M31. Ele encontrou que Andrômeda se encontra fora da Via Láctea, e é um objeto similar a esta. => Nascimento da Astronomia ExtraGaláctica. A Expansão do Universo comprimento de onda O Redshift Em 1914, V. M. Slipher descobriu, que os espectros da maioria das galáxias são deslocados para comprimentos de onda maiores que os de repouso. Eles sofreram um redshift (“deslocamento para o vermelho”). λ λ0 espectro como foi emitido pela galáxia Interpretando este redshift como um efeito Doppler, isto significa. que estas galáxias estão se afastando de nós. espectro ao chegar na Terra Uma exceção notável é a galáxia de Andrômeda, cujo espectro sofre um blueshift, e que está se aproximando. A Expansão do Universo O Redshift Na verdade, não é exatamente um efeito Doppler. É a expansão do Universo, que “estica” os comprimentos de onda da luz que o permea. Os comprimentos de onda são esticados por um fator 1+z, onde z é chamado de redshift (cosmológico): λ = (1+z)·λ0 Para z pequenos («1), uma galáxia com redshift z está se afastando com velocidade v = c·z ! As próprias galáxias não estão expandindo. Elas são gravitacionalmente ligadas. É o espaço entre as galáxias que está expandindo. A Expansão do Universo Lei de Hubble (1929): Hubble discobriu, que estas velocidades de recessão das galáxias distantes são proporcionais às distâncias até elas (medidas usando cefeidas): v = H0·d H0: constante de Hubble, medida para a taxa Edwin Hubble da expansão (inclinação da reta no gráfico). O valor da constante de Hubble foi um assunto controverso por décadas, mas hoje as opiniões convergiram para um valor de ~70 km/(s·Mpc). Adotemos 68 km/(s·Mpc). Diagrama de Hubble: velocidade vs. distância. A Expansão do Universo Lei de Hubble (1929): Se as velocidades de recessão das galáxias são proporcionais às suas distâncias até nós, então estamos no centro da expansão? Afinal, a Terra é o centro do Universo? Não, num Universo expandindo uniformemente (homogenea- e isotropicamente), qualquer ponto “vê” os outros pontos se afastando com velocidades proporcionais às suas distâncias. => Qualquer ponto se “sente” o centro do Universo. Edwin Hubble A Expansão do Universo comprimento de onda Lei de Hubble (1929): Além de provar a expansão do Universo, a Lei de Hubble nós fornece um método para medir a distância até uma galáxia: medir z através de uma linha espectral conhecida: z = λ/λ0 - 1 => Distância d = v/H0 = c·z/H0 válido para z ≤ 0.13 até um redshift de 2, a fórmula d ≈ c/H0·[(z+1)2-1]/[(z+1)2+1] é uma boa aproximação. λ λ0 espectro como foi emitido pela galáxia espectro ao chegar na Terra A Expansão do Universo O Redshift Como a luz de galáxias distantes leva tempo para chegar em nós, vemos os objetos com redshifts altos como eles eram no passado, quando a idade do Universo era menor por um fator (1+z)-1 em uma dimensão, e em distâncias maiores. => O redshift é uma medida para o tamanho e a idade do Universo na época da emissão da luz. Quanto maior o redshift, tanto menor o tamanho e a idade do Universo. O tempo hoje, em redshift 0, é t0, O lookback time de z é o tempo decorrido desde redshift z: tL = t0 – t(z) A Expansão do Universo Alguns Termos Este movimento de expansão é chamado de Hubble Flow, “Corrente de Hubble”(?). O movimento de uma galáxia relativo ao Hubble Flow é seu movimento peculiar. O redshift de um objeto extragaláctico que se mede é composto do redshift cosmológico devido à expansão do Universo e um efeito Doppler tradicional devido ao movimento peculiar. Já que as distâncias no Universo escalam com (1+z)-1, os volumes são proporionais a (1+z)-3. Quando se estuda um volume que expande junto com o Hubble Flow, se fala de volume comovente. Analógicamente, densidades por volumes comoventes são densidades comoventes. A Expansão do Universo A Distância de Luminosidade A distância determinada medindo a intensidade da luz chegando na Terra é chamada distância de luminosidade. Ela difere da distância própria dP,0 por um fator (1+z): dL = (1+z)·dP,0 , por que no caminho pra Terra, o fluxo cai, além do fator geométrico 4πdP,02 por mais um fator (1+z)-2: F = L/4πdL2 = L/4π((1+z)·dP,0)2 = (1+z)-2·F0, onde F0 é o fluxo que chegaria na Terra após percorrer a distância própria, se a luz não sofresse o deslocamento em comprimento de onda. A Expansão do Universo A Distância de Luminosidade - Um fator (1+z)-1 vem da redução de energia por fóton por causa do aumento do seu comprimento de onda, já que E = h·c/λ. - O outro vem do fato, que o número de fótons chegando por unidade de tempo também é reduzido por (1+z)-1. O espaço entre os fótons é esticado também. Em consequência, também vemos os acontecimentos na galáxia distante decorrerem mais lentamente, por um fator (1+z)-1: Δt0/Δte = 1+z, onde Δt0 é a duração de um evento lá, e Δte a duração observada na Terra => dilatação cosmológica do tempo. Galáxias Amostras de Redshifts Medindo os redshifts de galáxias numa “fatia” do espaço, e usando o redshift como coordenada radial, obtemos uma amostra de redshifts. Como o redshift é proporcional à distância, a amostra reflete a distribuição espacial das galáxias na fatia. Galáxias Amostras de Redshifts Cfa Survey, 1985 direção no céu Nas amostras de redshifts, se vê aglomerados de galáxias, ... Galáxias Amostras de Redshifts Amostra de redshifts 2dF, 2003, alcança redshifts (distâncias) 4 a 5 vezes maiores que o Cfa Survey ..., e super-aglomerados. Superaglomerados de Galáxias Superaglomerados em geral têm tamanhos de até 100 Mpc, e apresentam formas achatadas, ou filamentares. Os espaços vazios entre Aglomerados e Superaglomerados se chamam Voids. Não se encontra estruturas maiores que 100 Mpc no Universo. Aparentemente, o Universo é homogêneo em escalas maiores que 100 Mpc. A Teoria do Big Bang Extrapolando a Lei de Hubble para o passado, vemos que as distâncias devem ter sido zero em algum momento no passado. Naquele momento, o Universo era concentrado em um ponto. Pode ser considerado o começo do Universo, chamado Big Bang. Supondo que o Universo está expandindo à taxa atual desde seu começo, conseguimos estimar a idade do Universo: tH = d/v = 1/H0= Tempo de Hubble = 13.8 bi. anos A Teoria do Big Bang Na verdade, a taxa de expansão não era sempe igual. Ela não é, então, uma constante, mas um parâmetro que varia, o parâmetro de Hubble, H(t). H0 é o valor atual do parâmetro de Hubble. Cálculos recentes que levam em conta a variação da taxa de expansão, chegam numa idade do Universo de 13.8 bi. Anos, por acaso o mesmo valor estimado usando uma taxa constante. Cosmologia De onde vêm as teorias sobre as formação e evolução do Universo? A estrutura de fundo vem de cálculos baseadas na Relatividade Geral. As teorias sobre o que acontece dentro desta estrutura de fundo se baseiam na física quântica, na física das partículas, na termodinâmica, em praticamente todos os ramos da física e alguns de outras ciências. Cosmologia Nesta aula, dêmos uma olhada na Estrutura de Fundo (e na próxima aula, no que acontece dentro desta e nas evidências para todo o modelo). As teorias partem da suposição (apoiada pelas observações), chamada Princípio Cosmológico, que o Universo é, e sempre foi, - isotrópico: todas as direções são equivalentes, não há uma direção preferida, e - homogêneo a partir de uma certa escala (~100 Mpc). Cosmologia O tempo hoje, em redshift 0, é t0, O lookback time de z é o tempo decorrido desde redshift z: tL = t0 – t(z) Definimos como fator de escala: R(t) = (1+z)-1 => hoje: R(t0) = 1 A distância de coordenada, a distância entre dois pontos (p. e. duas galáxias) em função do tempo/redshift é r(t) = ωR(t), onde ω = r(t0) = a distância hoje é chamada coordenada comovente. Como v(t) = dr(t)/dt = dR(t)/dt·ω, a Lei de Hubble dependente do tempo vira: v(t) = H(t)r(t) = H(t)R(t)ω. => H(t) = 1/r(t) · v(t) = 1/ωR(t) · dR(t)/dt·ω = 1/R(t) · dR(t)/dt. Cosmologia Relativística A Geometria do Espaço A Relatividade Geral afirma, que o Espaço-Tempo é curvo na presença de massa/energia. Como o Universo contém várias componentes com massa/energia, ele deve ser curvo também, dependendo das densidades destas componentes. Dêmos uma olhada em como a parte espacial do Espaço-Tempo é curvo, então na Geometria do Espaço. A Geometria do Espaço Como é esta geometria? Geometria elíptica Ela pode ser - euclidiana (plana), - elíptica (fechada), ou - hiperbólica (aberta). Infelizmente, os termos Universo plano, fechado e aberto não são só usados para descrever a geometria espacial, mas também para descrever o destino do Universo no tempo (em breve). Geometria euclidiana Geometria hiperbólica A Geometria do Espaço Na geometria plana, linhas que são paralelas em uma região continuam paralelas no espaço inteiro. Por um ponto P passa exatamente uma linha paralela a uma linha L (linha que não cruza L). A soma dos ângulos num triângulo é 180°. Geometria elíptica Geometria euclidiana Geometria hiperbólica A circunferência de um círculo (conjunto de pontos na distância r de um ponto, o centro) é 2πr, e a área contida nele, πr2. A Geometria do Espaço Na geometria fechada, linhas “paralelas em uma região” se aproximam na distância. Por um ponto P passa nenhuma linha paralela a uma linha L. A soma dos ângulos num triângulo é > 180°. A circunferência de um círculo é < 2πr, e sua área, < πr2. A Geometria do Espaço Na geometria aberta, linhas “paralelas em uma região” se afastam na distância. Por um ponto P passa mais de uma linha paralela a uma linha L. A soma dos ângulos num triângulo é < 180°. A circunferência de um círculo é > 2πr, e sua área, > πr2. A Geometria do Espaço O nosso Espaço não é uma superfície (espaço 2D) dentro do espaço 3D, mas um espaço 3D dentro de um espaço 4D, onde não temos acesso à quarta dimensão (neste caso a quarta dimensão não é o tempo), mas é análogo ao espaço 2D dentro do espaço 3D. Em princípio podemos determinar a geometria do nosso Espaço observando o comportamento de linhas paralelas na distância, medindo ângulos em triângulos (grandes) e/ou medindo circunferências ou áreas de círculos (também grandes), ou áreas de superfície ou volumes de esferas (grandes). A Geometria do Espaço A curvatura do Espaço é dada pela curvatura K. No caso de uma geometria fechada, ela é positiva e mede o inverso do raio de curvatura: K = 1/r Na geometria plana, K = 0 (r = ∞) Na geometria aberta, K < 0. Num Universo expandindo, K depende do tempo, K(t), e diminui em módulo, quando o fator de escala aumenta: K(t) = k/R2(t), onde k = K(t0) é a curvatura hoje: k = 0: Universo plano k > 0: Universo fechado k < 0: Universo aberto A Equação de Friedmann Após um quadrimestre fazendo a disciplina Relatividade Geral conseguimos desenvolver a equação que descreve a evolução dinâmica do Universo, a equação de campo de Einstein, ou equação de Friedmann: ou (tem numerosas maneiras de escrevé-la), onde ρm = densidade de matéria (bariônica(comum) + escura), ρrel = urel/c2 = densidade em componentes relativísticas (fótons e neutrinos) e ρΛ = Λc2/8πG = densidade duma componente chamada energia escura, sendo Λ a constante cosmológica. Cosmologia Relativística Definindo a densidade crítica (=> em breve) como ρc(t) = 3H2(t)/8πG, valor hoje: ρc,0 = 3H02/8πG, podemos definir o parâmetro de densidade da componente X: ΩX(t) ≡ ρX(t)/ρc(t) = 8πGρX(t)/3H2(t) hoje: ΩX,0 = ρX,0/ρc,0 = 8πGρX,0/3H02 O parâmetro da densidade total é Ω(t)≡Ωm(t)+Ωrel(t)+ΩΛ(t) hoje: Ω0 = Ωm,0 + Ωrel,0 + ΩΛ,0 usando H(t) = 1/R(t)·dR(t)/dt, a equação de Friedman se torna H2(t)[1-(Ωm+Ωrel+ΩΛ)]R2(t) = H2(t)[1-Ω]R2(t) = -kc2 hoje: H02[1-(Ωm,0+Ωrel,0+ΩΛ,0)] = H02 [1-Ω0] = -kc2 Cosmologia Relativística => Se a densidade total, ρm + ρrel + ρΛ, é - menor que a densidade crítica => k < 0 => O Universo é aberto/hiperbólico - igual à densidade crítica => k = 0 => O Universo é plano/euclidiano - maior que a densidade crítica => k > 0 => O Universo é fechado/elíptico Cosmologia Relativística Um Universo só de Matéria Para matéria, a densidade ρ(z) é inversamente proporcional ao volume comovente, ou seja, a densidade comovente é constante: ρm(z) = (1+z)3ρm,0 = R-3(t)ρm,0, onde ρm,0 = densidade atual e Ωm(t)/Ωm,0 = ρm(t)/ρm,0(t)·H02/H2(t) = (1+z)3H02/H2(t) A equação de Friedmann se torna: ou isto é zero (Universo plano), para ρ(t) = ρc(t) = 3H2(t)/8πG Cosmologia Relativística Um Universo só de Matéria Como evolui um Universo destes? => (dR/dt)2 - 8πGρm,0/3R = -kc2 Para um Universo plano só de matéria, k = 0 e ρm,0 = ρc,0, isto é simples de resolver (=> IEDO): Rplano = (6πGρc,0)1/3 t2/3 = (3/2)2/3(t/tH)2/3, onde tH ≡ 1/H0 = tempo de Hubble => ρm(t) prop. t -2 Um Universo destes tem idade tplano,0 = 2/3 · tH Cosmologia Relativística Um Universo só de Matéria Para um Universo não-plano, k ≠ 0, dá pra mostrar, que - Universos fechados, k > 0, recolapsam suas idades são menores que as de Universos planos: tfechado,0 < 2/3 · tH - Universos abertos, k < 0, expandem por sempre suas idades são maiores que as de Universos planos: taberto,0 > 2/3 · tH => Para Universos só de matéria, fechado na geometria significa fechado no tempo, etc. Cosmologia Relativística Um Universo só de Matéria Combinando algumas fórmulas, dá pra mostrar, que Ω = 1 + (Ω0-1)/(1+Ω0z) => Ω - 1 não muda de sinal, ou seja: uma vez aberto, sempre aberto, ou uma vez fechado, sempre fechado, ou uma vez plano, sempre plano. => Para z -> ∞, Ω -> 1 => Ω evolui para longe de 1, quer dizer: se o Universo era um pouco aberto no passado, ele está mais aberto hoje, ou se foi um pouco fechado no passado, se “fechou mais”, resp. para ser plano hoje, deve ter sido muito plano no passado. Cosmologia Relativística Como se comportam as partículas relativísticas (fótons e neutrinos)? A densidade vai com a quarta potência de (1+z), três pelo volume comovente, e um por causa do aumento do comprimento de onda, já que m = E/c2 = h/cλ: ρrel = R -4ρrel,0 = (1+z)4ρrel,0 A temperatura vai como R-1: T = R-1T0 = (1+z)T0 e o fator de escala evolui: R(t) prop. t1/2 => ρrel(t) prop. t -2 , T(t) prop. t-1/2 Cosmologia Relativística E a tal de Energia Escura? Já sabemos que ρΛ = Λc2/8πG = constante => a densidade comovente cresce como o volume, proporcional a R3. A energia potencial de uma esfera de raio r e massa m, UΛ ≡ -1/6·Λmc2r2 diminui quando r aumenta Isto gera uma força repulsiva que aumenta com r: FΛ = -grad UΛ = 1/3·Λmc2r => Expansão acelerada Um Universo de energia escura expande exponencialmente: Cosmologia Relativística E a tal de Energia Escura? Inicialmente, Einstein, acreditando num Universo estacionário, tinha introduzido a constante cosmológico Λ para contrabalancear as componentes atrativas (matéria e partículas relativísticas). Quando Hubble descobriu a expansão do Universo, a constante não era mais necessária e Einstein a retirou, chamando a o “maior erro da vida” dele. Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo Exprimindo as densidades das componentes em função de ΩX,0 e R, e substituindo -kc2 por H02 (1-Ω0), a equação de Friedmann se torna uma equação diferencial para a evolução do fator de escala com o tempo: Transformada, ela dá o parâmetro de Hubble em função do redshift: Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo Ainda podemos calcular uma grandeza chamada parâmetro de desaceleração: q(t) ≡ - R(t)·[d2R(t)/dt2]/[d R(t)/dt]2 = 0.5·Ωm(t) + Ωrel(t) – ΩΛ(t) que quantifica a desaceleração da expansão e confirma que matéria e componentes relativísticos freiam a expansão e energia escura acelera a expansão Cosmologia Relativística A expansão do Universo vai continuar por sempre? Isto depende do balanço entre vários fatores: - A taxa da expansão, H0. - A densidade da matéria: A atração gravitacional da matéria freia a expansão. A partir de uma certa densidade, a densidade crítica, a gravitação consegue parar e reverter a expansão, resultando no recolapso do Universo (Big Crunch). - A energia escura, relacionada à constante cosmológica Λ, que tende a acelerar a expansão. Até recentemente, os cientístas acreditavam que Λ era 0. (- A componente relativística se torna desprezível logo depois do Big Bang.) Cosmologia Relativística A expansão do Universo vai continuar por sempre? Ignorando a componente relativística, que é desprezível depois de uma primeira fase do Universo, podemos fazer um diagrama dos possíveis destinos do Universo em função das densidades de matéria e energia escura. Cosmologia Relativística Esta expansão vai continuar por sempre? Medidas recentes (=> aula Evidências) indicam que: - A matéria no Universo não chega nem perto da densidade necessária para parar e reverter a expansão. A matéria “comum” (átomos), também chamada de bariônica, equivale a apenas 5 % da densidade crítica. Além dela, parece existir uma matéria invisível, de outra natureza (p. e. partículas elementares ainda não detectadas), em quantidade 5 ou 6 vezes maior do que a bariônica, a matéria escura não-bariônica. Juntas, as matérias bariônica e escura não-bariônica equivalem a apenas da ordem de 31 % da densidade crítica. => O Universo continuará expandindo Cosmologia Relativística Esta expansão vai continuar por sempre? - A energia escura não é nada zero. Ela é da ordem de 69 % da densidade crítica. => O Universo não só continuará expandindo, a expansão está acelerando! Composição do Universo Juntas, as matérias bariônica e escura não-bariônica e a energia escura equivalem à densidade crítica. => 95 % do Universo são de natureza desconhecida !!! quer dizer: matéria escura e energia escura 69% 5% 26% O modelo cosmológico que contém todos estes ingredientes se chama ΛCDM (do inglês “Λ Cold Dark Matter”, o “Cold” (frio) explicarei na próxima aula), ou modelo padrão. Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo Uma olhada mais detalhada na equação da evolução: - Para R pequeno (z alto, Universo jovem), o termo das partículas relativísticas domina. - Para R grande, o termo da energia escura domina. - Para valores de R intermediários, a matéria domina. => O Universo tem/teve 3 épocas dinâmicas. Geometria do Espaço Valores numéricos do modelo de melhor ajuste aos dados da radiação cósmica (=> aula Evidências) de fundo do satélite Planck, combinados com reconstruções do efeito lente e outros dados: Constante de Hubble: H0 = 67.7 km/sMpc Temperatura atual da radiação de fundo: T0 = 2.725 K Idade do Universo: t0 = 13.8 bi. anos Densidade crítica hoje: ρc,0 = 8.63·10-27 kg m-3 Ωm,0 = 0.31 => ρm,0 = 0.31 ρc,0 = 2.66·10-27 kg m-3 Ωb,0 = 0.05 => ρb,0 = 4.2·10-28 kg m-3 (matéria bariônica) Ωrel,0 = 9.1·10-5 => ρrel,0 = 7.85·10-31 kg m-3 ΩΛ,0 = 0.69 => ρΛ,0 = 5.96·10-27 kg m-3 Ω0 = 1.0023 ± 0.0055 (compatível com Ω0 = 1, Universo plano) parâmetro de deceleração hoje: q0 = -0.54 Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo Estes valores levam ao seguinte cenário, chamado modelo ΛCDM, ou modelo padrão: Até zr,m = 3400, quando o Universo tinha ~50'000 anos, radiação (fótons) dominava o Universo. => Era da Radiação: R(t) prop. t1/2, ρ(t) prop. t -2, T(t) prop. t -1/2 Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo De lá até zm,Λ = 0.3, matéria (bariônica e escura) dominava o Universo. => Era da Matéria: R(t) prop. t2/3, ρ(t) prop. t-2 Desde então o Universo é dominado por energia escura (por sempre?). => Era Λ: R(t) cresce exponencialmente, ρ(t) constante. Mas a aceleração da expansão já começou em z = 0.65, quando o Universo tinha 7.6 bi. anos de idade. A idade atual é 13.8 bi. anos. Cosmologia Relativística Juntando as constituentes do Universo As densidades das componentes do Universo em função do tempo. Cosmologia Relativística Algumas medidas diferentes de distância Observando um objeto com redshift z. A distância entre a posição de um objeto e a posição do observador (na Terra) no tempo t é a distância própria dp(t). A distância própria hoje, também chamada distância comovente é dp,0 = dp(t0) => dp(t) = R(t)·dp,0 = dp,0/(1+z) Cosmologia Relativística Algumas medidas diferentes de distância A distância de luminosidade é definida como dL ≡ √L/4πF Como o fluxo diminui com o quadrado da distância própria mais um fator (1+z)2, dL vira (1+z)·dp,0 (para Ω0 = 1). medindo os fluxos aparentes e os redshifts de velas padrão (objetos com luminosidade L conhecida) consegue-se determinar, como dL depende de z, o que dá dicas sobre a evolução do fator de escala em função do tempo/redshift. Fazendo isto com Supernovas tipo IA (um tipo de estrela explodindo), descobriram a aceleração da expansão do Universo, e então, a energia escura (=> Aula Evidências). Cosmologia Relativística A distância de diâmetro angular é dA ≡ D/θ = dp,0/(1+z) = dL/(1+z)2, onde D é o tamanho do objeto perpendicular à linha de visada na época da emissão, e θ, o tamanho angular observado. tamanho angular de um objeto Dependendo da geometria do de tamanho D em função do Universo, objetos de tamanhos seu redshift iguais podem parecer maiores, quando mais longes. => Observar os tamanhos angulares de objetos de tamanhos intrínsecos conhecidas (chamadas réguas padrão) em função do redshift dá dicas sobre a geometria do Universo. Cosmologia Relativística Usando este efeito na observação das estruturas na radiação cósmica de fundo (=> aula Evidências), consegue-se confirmar, que o Universo é plano. Cosmologia Relativística Os Horizontes da Observação Pela velocidade finita da luz, há lugares causalmente desligados da Terra, q. d., de onde luz nunca chegou em nós. A distância própria até o ponto observável mais distante, chamado horizonte de partículas, é a distância de horizonte, dh(t) = R(t) ∫0t c/R(t') dt' dh(t) é, então, o diâmetro da maior região causalmente ligada no tempo t. Logicamente dh(t) aumenta com o tempo. Cosmologia Relativística Os Horizontes da Observação Hoje, a distância de horizonte é dh,0 = 14.6 Gpc, o que significa que não conseguimos observar nenhum objeto que atualmente se encontra a mais de 14.6 Gpc. Isto é maior que c vezes a idade do Universo, por que atualmente a expansão está afastando estes pontos com velocidades maiores que a da luz da Terra. Para t→∞, a integral que calcula dh(t) converge a 19.3 Gpc, o que significa, que pontos que hoje ficam além desta distância nunca estarão observáveis daqui. Cosmologia Relativística Os Horizontes da Observação Pior, com o tempo, objetos atualmente observáveis se tornarão inobserváveis, q. d. os seus redshifts tenderão ao infinito: a radiação emitida por eles ficará mais e mais vermelha e fraca, e a sua evolução se tornará infinitamente lenta. Só conseguiremos observá-los evoluir até uma certa idade máxima, que depende do seu redshift hoje. Ex. Nunca veremos as galáxias atualmente observadas com redshift ≥ 1.8 como elas estão hoje. O contato entre as galáxias cessará, e o Universo se tornará causalmente fragmentado. Teoria da Relatividade FIM PRA HOJE