Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 PRODUÇÃO DO RABANETE ADUBADO COM ESTERCO BOVINO, BIOFERTILIZANTE E ADUBO MINERAL. RENATO PEREIRA DE LIRA1*, ANCÉLIO RICARDO DE OLIVEIRA GONDIM2, JOAQUIM VIEIRA LIMA NETO 3, FRANCISCO DE ASSIS DA SILVA4, FRANCISCO HEVILÁSIO FREIRE PEREIRA5 1 Graduado em Agronomia, UFCG, Pombal - PB. Fone: (83) 99623-2537, [email protected] Dr. Professor Agronomia, UFCG, Pombal - PB. Fone: (83) 99647-7868, [email protected] 3 Graduando em Agronomia, UFCG, Pombal – PB. Fone: (83) 99699-8805, [email protected] 4 Graduado em Agronomia, UFCG, Pombal – PB. Fone: (83) 99606-8183, [email protected] 5 Dr. Professor Agronomia, UFCG, Pombal - PB. Fone: (83), 99657-3122, [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC‟ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar a produção do rabanete (Raphanus sativus L. Crismon Gigante). O trabalho foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Ciências e Tecnologia - CCTA da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Pombal – PB. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três repetições. Foram utilizados sete tratamentos nos quais foram constituídos da seguinte maneira: três doses de esterco bovino (37,5; 75,0 e 150g por vaso), três concentrações de biofertilizante (5; 10 e 15%) e o último tratamento foi a adubação mineral recomendada para a cultura. Os resultados mostram que a concentração de 10% do biofertilizante foi a que apresentou maior média do diâmetro da raiz, e matéria fresca e seca da raiz tuberosa do rabanete, e a dosagem de 75g de esterco bovino apresentou maior acúmulo de matéria fresca e seca das folhas do rabanete. PALAVRAS–CHAVE: Raphanus sativus L., biofertilizante, concentração, delineamento e produção. RADISH PRODUCTION FERTILIZED WITH CATTLE MANURE, BIOFERTILIZERS AND MINERAL FERTILIZER. ABSTRACT: This study aimed to evaluate the production of radish (Raphanus sativus L. Crismon Giant). The work was conducted in a greenhouse in the Science and Technology Center - CCTA Federal University of Campina Grande (UFCG), Pombal - PB. The experimental design was completely randomized with three replications. Seven treatments were used in which they were recorded as follows: three doses of cattle manure (37.5, 75.0 and 150 g per pot), three concentrations of biofertilizer (5, 10 and 15%) and the last treatment was the fertilization mineral recommended for culture. The results show that the concentration of 10% of biofertilizers showed the highest average root diameter, and fresh and dry weight of tuberous root of radish, and the dosage of 75g of manure had higher accumulation of fresh and dry matter of radish leaves. KEYWORDS: Raphanus sativus L., biofertilizers, concentration, design and production. INTRODUÇÃO O rabanete (Raphanus sativus L.), pertencente a família Brassicaceae, é uma das espécies hortícolas mais antigas que se tem notícia, havendo registro de seu cultivo há mais de três mil anos(DEL AGUILA, 2004). Seu consumo é baixo quando comparado com outras hortaliças, porém vem se destacando quando se trata de alimentação saudável. Essas hortaliças são mais cultivadas por agricultores familiares. A manutenção dos teores de matéria orgânica é de suma importância em quantidades satisfatórias para o bom desenvolvimento, produção e qualidade das hortaliças. A fonte de matéria orgânica como o esterco e biofertilizante é menos agressiva ao ambiente e possibilita o desenvolvimento de uma agricultura menos dependente de produtos industrializados, bem como a viabilidade da propriedade por muitos anos (FILGUEIRA, 2007). Com a visão de se produzir alimentos de melhor qualidade e um baixo preço no mercado, mudanças constantes têm ocorrido nas práticas agrícolas convencionais, onde o uso de adubos químicos perde espaço para os adubos orgânicos (GALVÃO et., 1999). Neste sentido , este trabalho tem como objetivo avaliar a produção do rabanete adubado com esterco bovino, biofertilizante e adubo mineral. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação do Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar - CCTA da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Pombal-PB, durante o período 07/03/2015 a 27/04/2015 de 2015. As coordenadas geográficas locais de referência são 6º46‟12‟' de latitude S e 37º48‟7” de longitude W e altitude media de 184 m, sendo o clima da região, conforme a classificação climática de Köppen, adaptada ao Brasil (Coelho & Soncin, 1982), do tipo BSh, que representa clima semiárido quente e seco, com precipitação média de 750 mm ano-1, e evaporação média anual de 2000 mm. Apresentando temperatura média anual de 30,5°C e tendo apenas duas estações climáticas bem definidas durante o ano, uma chuvosa e outra seca. O solo da área é do tipo Neossolo Flúvico (EMBRAPA, 1999). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, constituídos de sete tratamentos e três repetições. T1 = SOLO + ESTERCO BOVINO 37g (15 t/ha); T2 = SOLO + ESTERCO BOVINO 75g (30 t/ha) recomendada; T3 = SOLO + ESTERCO BOVINO 150g (60 t/ha); T4 = SOLO + BIOFERTILIZANTE 5%; T5 = SOLO + BIOFERTILIZANTE 10%; T6 = SOLO + BIOFERTILIZANTE 15%; T7 = TESTEMUNHA SOLO + ADUBO MINERAL. Foram utilizados 21 vasos de plástico com capacidade para 5 dm³, sendo preenchidos com solo peneirado. A semeadura do rabanete foi realizada em bandejas de isopor, utilizando substrato esterilizado. A profundidade das sementes foi de 1 cm, sendo inserido 3 sementes por célula, realizando irrigações duas vezes ao dia. A emergência ocorreu no terceiro dia após o semeio, acima de 85% das plantas. No décimo dia após o semeio, realizou-se o desbaste deixando apenas uma planta por célula, com dois dias após o desbaste, realizou-se o transplante das plantas para os vasos de 5L, deixando uma planta por vaso. O biofertilizante foi produzido em condições aeróbicas, nas proporções e materiais que estão presentes na (Tabela 1). A composição do biofertilizante foi submetida a 30 dias de fermentação, sendo acompanhado durante esse período. Tabela 1. Composição do biofertilizante natural enriquecido, em um recipiente de 100 litros. CCTA/UFCG, Pombal - PB, 2015. Descrição Quantidades Folhas verdes (gramíneas leguminosas e Bagaço 2 Kg de cana picadas) Farelo de milho 2 kg Leite de gado 1,0 L Caldo de cana 1,0 L Cinzas (provenientes de lenha de padaria) 1,0 kg Esterco de bovino fresco 4,0 kg Micronutrientes (B e Zn) 10 g de cada NPK (Ureia, MAP e KCl, ) 50 g de cada Com relação a aplicação das dosagens de esterco bovino, foram devidamente curtidos e peneirados. O esterco após preparado, foi pesado e incorporado junto ao solo no início do experimento, com suas respectivas concentrações: T1 - 37g de esterco bovino por vaso (15 t ha-1); T2 – 75g de esterco bovino por vaso (30 t ha-1) recomendada; T3 - 150g de esterco bovino por vaso (60 t ha-1). A aplicação das soluções de biofertilizante com os tratamentos T4, T5, T6, foram submetidas a utilização de biofertilizante fermentado no período de 30 dias. As concentrações utilizadas nas soluções das aplicações foram: T4 - 5% do biofertilizante na concentração de 50 mL L-1; T5 - 10% do biofertilizante na concentração de 100,0 mL L-1; T6 – 15% do biofertilizante na concentração de 150,0 mL L-1. As concentrações de biofertilizante foram diluídas em água, de acordo com a quantidade da solução a ser aplicada, que foi de 150 mL/ vaso. Durante a condução do experimento foram realizadas cinco aplicações da solução de biofertilizante nas plantas de rabanete, a cada sete dias, a partir do dia 28/03/2015. A colheita foi realizada no dia 25/04/2015. Todos os vasos foram umedecidos com água para melhorar a retirada das raízes do solo, utilizou-se um canivete para separar o tubérculo da parte aérea, sendo separados em sacolas plásticas e identificados de acordo com seu tratamento e repetições. As avaliações foram feitas no Laboratório de Fitotecnia da UFCG, CCTA - Pombal-PB. Foram realizadas a mensuração do diâmetro transversal (cm) e o comprimento médio (cm) de raízes, utilizando um paquímetro digital, em seguida foi realizado a pesagem da parte aérea e raiz do rabanete obtendo o peso fresco, após suas devidas pesagens foi submetido a secagem em estufa durante 72 horas a 65ºC. Os dados foram submetidos à análise de variância, usando-se o software SISVAR ao nível de 5 % de probabilidade e, aplicado o teste de Tukey a 5 % de probabilidade para a comparação das médias dos tratamentos sugeridos. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a análise de variância, verificou-se que todas as características avaliadas foram significativas, a 1% de probabilidade, pelo teste „F‟ (Tabela 2). Tabela 2. Resumo da análise de variância (valores de F e CV) para as variáveis: diâmetro da raiz tuberosa (DRT), matéria fresca (MFF) e seca da folha (MSF), matéria fresca (MFRT) e seca raiz tuberosa (MSRT), em plantas de rabanete. Pombal – PB, 2015. Fontes de variação DRT (cm) MFF (g) MSF(g) Tratamentos CV (%) MFRT(g) MSRT(g) 6,9* 37,2* 13,8* 18,9* 5,7* 9,2 9,3 13,9 12,8 19,7 *: significativo 1% de probabilidade, pelo teste „F‟. Observou-se nos dados obtidos na produção do rabanete, que o tratamento T5 10 % de biofertilizante apresentou melhores resultados do diâmetro da raiz tuberosa, matéria fresca e seca da raiz tuberosa, apresentando médias de 4,37cm, 41,82g, e 2,91, respectivamente, mesmo não diferindo do tratamento T2 (Tabela 3). (Queiroz et al., 2011), trabalhando com produtividade de rabanete cultivado sob doses de biofertilizante suíno verificou que as maiores doses de biofertilizante implicam em máxima produtividade, podendo-se dizer que o desenvolvimento do rabanete depende da disponibilidade de macronutrientes no solo, sendo o biofertilizante uma ótima opção para o fornecimento desses minerais. Tabela 3. Diâmetro da raiz tuberosa (DRT), matéria fresca (MFF) e seca da folha (MSF), matéria fresca (MFRT) e seca da raiz tuberosa (MSRT), em plantas de rabanete. CCTA/UFCG, Pombal – PB, 2015. Tratamentos* DRT (cm) MFF(g) MSF(g) MFRT(g) MSRT(g) T1 4,12ª 29,96 bc 2,44 bc 32,90ab 2,25abc T2 3,86ab 44,58a 3,74a 41,03a 2,71ab T3 3,12 b 13,60 T4 3,84ab 37,95ab 3,14abc 28,82 bc 2,03abc T5 4,37ª 40,41a 3,32ab 41,82a 2,91a T6 2,92 b 25,76 c 2,12 cd 18,38 cd 1,55 bc T7 3,63ab 29,77 bc 2,75abc 29,97 b 2,41abc DMS 9,52 8,24 1,05 10,70 1,19 d 1,34 d 17,73 d 1,28 c *T1 – 37 g de esterco bovino por vaso (15 t ha-1), T2 – 75 g de esterco bovino por m² (30 t ha-1) recomendada, T3 – 150 g de esterco bovino por m² (60 t ha-1), T4 – 5% do biofertilizante na concentração de 50 mL L-1, T5 – 10% de biofertilizante na concentração de 100 mL L-1, T6 – 15% de biofertilizante na concentração de 150 mL L-1, T7 – testemunha (adubação mineral). Médias com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A forma de fornecimento do biofertilizante as plantas do rabanete com o tratamento 5, obtive uma melhor produção e maior diâmetro da raiz tuberosa, cuja estrutura da planta é utilizada na comercialização. Em cenoura, (Viana et al., 2003) ao avaliarem a adubação verde, composto orgânico e biofertilizante notaram que o biofertilizante aplicado via foliar favoreceu o desenvolvimento vegetativo e, no solo, ocorreu maior produção. Souza & Resende (2003), relatam que uma das principais alternativas para a suplementação de nutrientes na produção orgânica de hortaliças é a utilização de fertilizantes orgânicos líquidos. Dentre os tratamentos que foram aplicados durante a condução do experimento, o tratamento que obteve um maior acúmulo de matéria fresca e seca da folha foi o tratamento T2 – 75 g de esterco bovino (30 t ha-1), apresentando médias de 44,58g e 3,74g. Pode estar relacionada ao fato de que quantidades adequadas de esterco bovino de boa qualidade podem ser capazes de suprir as necessidades da planta em macronutrientes, devido à elevação dos teores de N, P e K disponíveis, sendo que o potássio é o elemento cujo teor atinge valores mais elevados no solo, pelo uso contínuo (Camargo, 1984). CONCLUSÕES 1. A concentração de 10% do biofertilizante, foi a que obteve o maior diâmetro, matéria fresca e seca da raiz tuberosa. 2. O tratamento T2 – 75 g de esterco bovino apresentou as maiores médias de matéria fresca e seca das folhas quando comparada com os demais tratamentos. 3. A utilização de adubos orgânicos promoveu maior produção na cultura do rabanete, podendo ser utilizado como alternativa a adubação convencional. REFERÊNCIAS Camargo, L. de S. As hortaliças e seu cultivo. Campinas: Fundação Cargill, p.28-29, 1984. Coelho, M. A.; Soncin, N. B. Geografia do Brasil. São Paulo: Moderna. 1982. 368 p. Del Aguila, J. S. Processamento mínimo de rabanete: estudos físico-químicos, fisiológicos e microbiológicos. Piracicaba, 2004. 123 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 2004. EMBRAPA – Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). 1999. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – Brasília: EMBRAPA, 412p. Filgueira, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed. Viçosa: UFV, 2007. 412p. Galvão, J. C. C.; Miranda, G. V.; Santos, I. C. Adubação orgânica. Revista Cultivar, São Paulo, v.2 n.9, p.38-41, 1999. Queiroz, T B.; Torres, W. G. A.; Barros, R. E.; Parreiras, N. S.; Martins, E. R.; Colen, F. Produtividade de rabanete cultivado sob doses de biofertilizante suíno. 2011 Sousa, J. L. ; Resende, P . Manual de hortaliças orgânicas. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003, 564p Viana, J. V.; Bruno, R. L. A.; Silva, V. F.; Santos, G. P.; Araújo Filho, J. O. T. Produção de cenoura (Daucus carota L.) sob diferentes fontes de adubação. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 43, Recife. Resumo... Recife: SOB, 2003, p.23.