DESENVOLVIMENTO DA MORANGA HÍBRIDA ADUBADA COM

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DESENVOLVIMENTO DA MORANGA HÍBRIDA ADUBADA COM
BIOFERTILIZANTE DE ESTERCO DE SUÍNO, EM CASA DE VEGETAÇÃO
Ana Paula Fialho(1), Maria Aparecida Nogueira Sediyama(2),
Luiz Tarcísio Salgado(2), Sanzio Mollica Vidigal(2), Daniel Silveira Rodrigues (3),
Marinalva Woods Pedrosa(4), Marlei Rosa dos Santos(4),
(1)
(2)
Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected];
Pesquisadores EPAMIG - Viçosa, MG, [email protected], [email protected],
[email protected]; (3)Bolsistas PIBIC FAPEMIG/EPAMIG – Viçosa, MG
(4)
Bolsistas FAPEMIG/EPAMIG – Viçosa, MG
Introdução
A moranga híbrida 'Tetsukabuto' (Cucurbita maxima x C. moschata), também
conhecida como moranga japonesa, é uma das olerícolas que mais cresceu em
número de produtores, área plantada e produção, nos últimos anos, em Minas
Gerais. Trabalhos têm sido realizados para avaliar espaçamento e sistema de
cultivo da moranga, mas poucos estudaram o efeito da adição de resíduos
orgânicos no solo (BLUM et al., 2003). O esterco de suíno fermentado ou
biofertilizante proveniente da digestão anaeróbica dos dejetos de suíno pode
ser usado como adubo orgânico para melhoria das características do solo e
como fonte de nutrientes às plantas. Para que não ocorram perdas nem
excesso de nutrientes aplicados no solo, é necessário investigação da resposta
de diferentes doses de biofertilizante e de seus efeitos no desenvolvimento da
cultura de moranga híbrida.
O objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento de plantas de moranga
híbrida 'Tetsukabuto', a diferentes doses de esterco de suíno (biofertilizante) e
em diferentes épocas de aplicação no solo.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em vasos plásticos em casa de vegetação, no
Centro Tecnológico da Zona da Mata (CTZM), da EPAMIG, em Viçosa, MG. O
solo utilizado foi o Argissolo Vermelho-Amarelo, câmbico, fase terraço, coletado
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na camada de 0 a 20 cm, com as seguintes características em mg/dm3: P= 1,3
e K= 76. Em cmolc/dm3: Ca2+= 4,8; Mg2+ = 1,4; Al3+= 0,0; H + Al= 3,96; SB=
6,39; CTC (t)= 6,39 e CTC (T)= 10,35; pH (H2O)= 5,4; V= 62%; MO= 4,1
dag/kg; P- rem= 35,2 mg/L; Umidade= 0,147 kg/kg e Capacidade de campo=
0,341 kg/kg.
O biofertilizante foi proveniente da fermentação anaeróbica de dejeto de suíno
coletado na entrada do biodigestor, na granja São Francisco, em Oratórios, MG
e armazenado por 30 dias em galão de plástico fechado. Após esse período,
apresentaram-se as seguintes características, em mg/L: N=1774,08; P=164,65;
K=1092,00; Ca=106,67; Mg=35,80; Na=432,00; Zn=10,24, Fe=4,59, Mn=1,62,
Cu=1,41, Cr=0,02, Pb=0,20 e Cd=0,11; pH (H2O)=6,72; condutividade
elétrica=15,43 e densidade=1,1g/cm3 .
De acordo com o resultado da análise do solo, do biofertilizante e da
necessidade da cultura da moranga híbrida calculou-se a dose de biofertilizante
que, teoricamente, iria promover a nutrição das plantas e da qual se originaram
as demais doses. O biofertilizante foi incorporado ao solo nas doses: 0,0
(água), 40, 80, 160, 320 e 640 mL/5,0 kg de solo. Considerando o
espaçamento da moranga híbrida no campo de 2,5 x 1,5 m e a aplicação na
cova (0,4 x 0,4 x 0,4 m), as doses estudadas nos vasos corresponderam a: 0,0;
1,4; 2,8; 5,6; 11,2 e 22,4 m3/ha, respectivamente. Em todos os tratamentos, as
doses de biofertilizante líquido foram completadas com água até 846 mL, para
atingir a capacidade de campo do solo. Foram estudados quatro períodos de
incubação do solo com biofertilizante, ou seja, incorporação com 28, 14, 7 e
zero dia de antecedência ao semeio. Para cada período de incubação, os
vasos de polietileno preto foram cheios com 6,0 kg da mistura de solo, com as
respectivas doses de biofertilizante, e levados para a casa de vegetação,
sendo irrigados a cada dois dias até a capacidade de campo. O solo foi
previamente passado em peneira de malha igual a cinco mesh.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com parcelas
subdivididas e quatro repetições, sendo as parcelas compostas pelos quatro
períodos de incubação e as subparcelas pelas seis doses de biofertilizante.
Cada vaso representou uma unidade experimental. Terminados os períodos de
incubação foram semeadas, em 14/09/2007, três sementes de moranga híbrida
Tetsukabuto ‘Takayama’ por vaso, sendo irrigadas diariamente.
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As plantas foram avaliadas aos 27 dias após a semeadura, quanto ao
número de folhas, a altura da parte aérea, massa fresca da planta inteira. Antes
da colheita das plantas, foi feita a leitura da clorofila, usando o aparelho SPAD502. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão.
Resultados e Discussão
A altura e o peso de matéria fresca das plantas de moranga híbrida
aumentaram com o aumento na dose de biofertilizante aplicada. O aumento
linear na produção de massa fresca em relação às doses de biofertilizante
indica que não se utilizou a dose que induzisse à máxima produção de massa
fresca. Este fato deve-se, provavelmente, à baixa fertilidade do solo utilizado,
aliado ao primeiro cultivo no solo com aplicação do biofertilizante.
A altura da parte aérea das plantas foi crescente até 14 dias de incubação
do solo com o biofertilizante. Quando o período de incubação foi de 28 dias,
observou-se menor crescimento das plantas, ou seja, menor altura em relação
àquela obtida com 14 dias. Comportamento semelhante também foi observado
para massa fresca das plantas (Gráficos 1A e 1B). Isto pode ser justificado pela
rápida liberação de nutrientes do esterco de suíno fermentado (biofertilizante),
podendo ter ocorrido perdas, especialmente de N e K, antes que as plantas
tivessem condições de absorvê-los. De acordo com Ceretta et al. (2003), o N é
um dos principais constituintes do esterco líquido de suínos. Cerca de 50% do
N e 100% K estão na forma mineral, solúvel. Ao ser aplicado tem efeito
imediato no crescimento das plantas, mas seu efeito residual no solo é muito
curto.
Observou-se aumento no número de folhas por planta, com as doses do
biofertilizante aplicadas até 14 dias de incubação do solo. Com 28 dias de
incubação, observou-se menor número de folhas, a partir da dose de 320
mL/vaso (Gráfico 1C). Silva et al.(1999) também verificaram redução no
número de folhas por planta, quando se aumentou a dose de composto
orgânico aplicada. De acordo com os resultados, sugere-se que a incorporação
do biofertilizante no solo seja feita até 14 dias de antecedência, para reduzir
riscos com perdas de nutrientes.
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A concentração de clorofila nas folhas de moranga híbrida também
aumentou com a dose aplicada até a maior dose de biofertilizante (640
mL/vaso). No entanto, observou-se aumento na concentração de clorofila, com
o aumento no tempo de incubação, especialmente aos 28 dias de incubação,
quando a altura das plantas e a massa fresca foram menores (Gráfico 1D). Isto
deve-se, provavelmente, ao efeito de concentração de clorofila nas folhas
amostradas.
Conclusões
O aumento nas doses de biofertilizante proporcionou aumento na altura
de plantas, massa fresca e número de folhas.
A dose de 640 mL/vaso, correspondendo 24,0 m3/ha, proporcionou maior
altura, maior massa fresca e maior número de folhas nas plantas de moranga
híbrida Tetsukabuto ‘Takayama’.
O melhor período de incubação do solo com o biofertilizante foi de 14 dias
antes da semeadura da moranga híbrida.
Referências
BLUM, L. E. B.; AMARANTE, C. V. T. do; GÜTTLER, G.; MACEDO, A. F. de;
KOTHE, D. M.; SIMMLER, A. O.; PRADO, G. do; GUIMARÃES, L. S. Produção
de moranga e pepino em solo com incorporação de cama aviária e casca de
pinus. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21, n.4, p.627-631, out./dez. 2003.
CERETTA, C. A.; DURIGON, R.; BASSO, C. J.; BARCELLOS, L. A. R.; VIEIRA,
F. C. B. Características químicas de solo sob aplicação de esterco líquido de
suínos em pastagem natural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38,
n.6, p.729-735, jun. 2003.
SILVA, N. F. da; FONTES, P. C. R.; FERREIRA, F. A.; CARDOSO, A. A.
Adubação mineral e orgânica da abóbora híbrida - II: estado nutricional e
produção. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 29, n. 1, p. 19-28,
jan./jun.1999.
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A
B
C
D
Gráfico 1 - Altura da planta, número de folhas por planta, massa fresca da planta e clorofila (Unidade SPAD) em
moranga híbrida Tetsukabuto ‘Takayama’, em função de doses de biofertilizante e período de incubação no solo,
Viçosa, MG - 2007.
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