1 Aplicação da técnica de energia muscular em criança portadora de paralisia cerebral: um estudo de caso Application of muscle energy technique in a child with cerebral palsy: a case study Bruna Kuerten Rocker; Renata Machado Baptista. Resumo: A paralisia cerebral (PC) é uma lesão de caráter não progressivo, que acomete o sistema nervoso central, levando a déficits posturais, tônicos e na execução dos movimentos. Propõe-se que as desordens do desenvolvimento motor, resultantes da lesão cerebral primária, são de caráter permanente e mutável. O desequilíbrio do tônus motor leva a um encurtamento da musculatura e pode gerar deformidades ósseas, ocasionando deficiências funcionais. A técnica de energia muscular (TEM) exerce o alongamento sobre músculos encurtados, espásticos e contraturados ou acometidos de fibroses e pontos-gatilhos. Desta forma, o objetivo do estudo foi verificar a contribuição da aplicação da técnica de energia muscular no tratamento fisioterapêutico de um paciente com paralisia cerebral. Este estudo foi composto por um caso. Uma criança portadora de PC com hemiparesia direita, 07 anos, gênero masculino. O tratamento constou de 15 atendimentos com 2 intervenções semanais e duração de 50 minutos cada intervenção. A TEM foi aplicada nos seguintes músculos: gastrocnêmio e sóleo, posteriores da coxa, quadrado lombar, grande dorsal, piriforme, trapézio superior e bíceps braquial, onde o terapeuta buscava uma barreira no alongamento do músculo que indicasse um encurtamento. Logo, era solicitado ao paciente que realizasse uma contração isométrica por 5 a 7 segundos, relaxando em seguida. Então, o terapeuta buscava nova barreira e mantinha o alongamento já conseguido por cerca de, 45 segundos a 1 minuto (tempo de repouso para o paciente). Os resultados mostraram melhoras em algumas habilidades motoras do paciente como: ficar em supino, ficar ajoelhado e semi-ajoelhado, e, ações como levantar. Conclui-se então que a aplicação da TEM contribuiu para o tratamento desta criança portadora de PC. Palavras-chave: paralisia cerebral, fisioterapia, transtornos das habilidades motoras. Abstract: Cerebral palsy (CP) is an injury to a non-progressive disorder affecting the central nervous system, leading to postural deficits, tonics and execution of movements. It is proposed that the disorders of motor development, resulting from the primary brain injury, are permanent and changeable. The imbalance of motor tone leads to a shortening of the muscles and can cause bone deformities, causing functional deficiencies. The muscle energy technique (MET) exercises on stretching shortened muscles, and spastic contracture or fibrosis of affected and trigger points. Thus, the purpose of this study was to assess the contribution of the application of muscle energy technique in physical therapy from a patient with cerebral palsy. This case study was composed of only one case. A child with a PC with right hemiparesis, 07 year old male. The treatment consisted of 15 weekly visits with 2 interventions and 50 minutes each intervention. MET was applied to the following muscles: gastrocnemius and soleus, hamstring, quadratus lumborum, latissimus dorsi, pyriform, upper trapezius and biceps muscles, where the therapist sought a barrier in the elongation of the muscle that would indicate a shortening. It was therefore asked patients to make an isometric contraction for 5-7 seconds, then relax. Then, the therapist sought new barrier and held the elongation for about 45 seconds to 1 minute (rest time for the patient). The results showed some improvements in this patient motor skills, such as staying in supine and semi-kneel kneeling, and actions such as stand up. It was concluded that implementation of MET contributed to the treatment of children with CP. Keywords: cerebral palsy, physical therapy, motor skills disorder 2 INTRODUÇÃO A Paralisia cerebral (PC) apresenta caráter duvidoso quando falamos da sua incidência no Brasil. Porém, acredita-se que surgem 17.000 novos casos anualmente, número esse, agravado por pouca informação durante a gestação e preventivos realizados pelo país1. O termo PC designa um grupo de afecções cerebrais de caráter estacionário e que apresenta clinicamente distúrbios do movimento e da postura, devido ao defeito ou lesão do cérebro no começo da vida2. A PC pode ser entendida por uma lesão não progressiva do cérebro imaturo, podendo esta ocorrer nos períodos pré, peri e pós natal. Além da desordem de movimento e da postura que podem gerar deformidades musculoesqueléticas graves, temos a associação a problemas de fala, audição, visão, retardo mental e/ou epilepsia3. Além de poder apresentar as alterações citadas acima, ela apresenta um retardo e um curso anormal de desenvolvimento, principalmente até os cinco anos de idade, porém, a mesma pode se estender até a adolescência ou infância4. Seus déficits motores acabam por afetar sua psicomotricidade e seu comportamento emocional. O desequilíbrio do tônus motor leva a um encurtamento da musculatura e pode gerar deformidades ósseas, ocasionando deficiências funcionais. Sendo uma grande meta para o fisioterapeuta diminuir as deficiências funcionais, contribuindo para que o paciente seja o mais independente possível nas suas AVDs e na sua locomoção. O tratamento fisioterapêutico é bastante abrangente, sendo que o mesmo considera o alongamento muscular, a estabilidade articular e a força, para que consiga alcançar seus objetivos5. A fisioterapia atua na liberação de músculos espásticos e o seu fortalecimento, através de métodos como a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), porém com a exigência (em muitos casos) de um esforço muito alto por parte do paciente6. Fred Mitchell, aprofundando-se nesse trabalho, criou a Técnica de Energia Muscular (TEM), que consiste em um método de terapia manual onde o paciente participa ativamente, e, com a supervisão de um terapeuta, realiza contrações musculares (em geral isométricas) que partem de princípios como o relaxamento pósisométrico (RPI) e a inibição recíproca (IR) para restituir a mobilidade articular, alongando músculos encurtados, contraturados ou hipertônicos e reduzindo quadros álgicos decorrentes de espasmo muscular6,7, característicos de pacientes acometidos de PC. A PC geralmente trás para o portador, no mínino uma deficiência associada, tais como, comprometimento cognitivo, alterações sensoriais, convulsões, doenças sistêmicas (ortopédicas e respiratórias), secundária ao quadro principal, isso faz com que a mesma fique afastada da sociedade, por incapacidades relacionadas às deficiências ou até por preconceito da população8. As técnicas utilizadas para tratamento de um paciente portador de PC são bem variadas, sendo que todas apresentam resultados positivos em relação ao tratamento, levando a criança a desenvolver suas habilidades motoras de uma forma mais correta, a obter seu desenvolvimento motor o mais próximo ao de uma criança normal e evitar o desenvolvimento de deformidades e contraturas no sistema músculo esquelético1. A fisioterapia almeja aumentar a capacidade funcional destas crianças. Assim, o tratamento deve estabelecer previamente quais as prioridades para cada criança em cada época do desenvolvimento2. Estudos sobre a aplicação das Técnicas de Energia Muscular em pacientes com PC não foram encontrados. Desta forma, o objetivo deste estudo foi verificar a contribuição da aplicação da Técnica de Energia Muscular no tratamento fisioterapêutico de um paciente com paralisia cerebral. MÉTODO O estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão. O período total para a realização do estudo foi dos meses de março a novembro de 2010. 3 Para a realização deste estudo foi selecionado um paciente entre os atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, de 07 anos, masculino, acometido de paralisia cerebral com hemiparesia direita. Seguidamente, foi realizado o contato direto com os responsáveis para apresentação dos objetivos da pesquisa e do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que foi aceito e assinado pelos mesmos. Neste estudo os atendimentos foram compostos da aplicação da técnica de energia muscular isométrica nos músculos gastrocnêmio e sóleo, posteriores da coxa, quadrado lombar, grande dorsal, piriforme, trapézio superior e bíceps braquial, onde o terapeuta buscava uma barreira no alongamento do músculo, indicando encurtamento. Logo, era solicitado ao paciente para realizar uma contração isométrica por 5 a 7 segundos e em seguida ao relaxamento muscular, o terapeuta buscava nova barreira e mantinha o alongamento já conseguido por cerca de, 45 segundos a 1 minuto, tempo este que representava um repouso ao paciente. Após, era solicitado ao paciente nova contração isométrica, até completarem-se três delas. Dessa forma, era proposto que após as aplicações, o encurtamento resultante da hipertonia presente neste paciente, fosse reduzido e assim fosse possível avaliar a contribuição da técnica com relação a um paciente acometido de paralisia cerebral. Foram realizados, no total, 15 atendimentos, sendo 02 atendimentos por semana, e que tiveram a duração de 01 hora. A avaliação e reavaliação foram realizadas, respectivamente, no primeiro e último dia de atendimento. Os atendimentos sempre foram realizados pela mesma pesquisadora, e, avaliação e reavaliação por ambas. Os materiais utilizados foram ficha de avaliação e evolução do paciente, além de matérias disponíveis na clínica, como macas, escadinhas, tatames e banquinhos. Os dados foram obtidos da avaliação inicial, das anotações na ficha de evolução clínica diária do paciente e da reavaliação da criança. Os dados ainda foram apresentados através de quadros com a situação do paciente em antes e depois das intervenções, com o intuito de analisar a evolução da criança durante o tratamento e a contribuição do TEM na PC após período de tratamento. RESULTADOS Os músculos encurtados (Quadro 1) foram identificados de forma subjetiva, por meio de posturas e padrões adotados pelo paciente. Além disso, após a análise subjetiva, o paciente foi posicionado na postura de tratamento (através da TEM) específica para cada músculo e foram encontradas barreiras (indicando encurtamento) no movimento passivo desses músculos, são eles: Quadro 1 – Identificação dos músculos encurtados e músculos tratados Músculos encurtados Músculos tratados Trapézio superior Sim Subescapular Não Bíceps braquial Sim Flexores de dedos Não Grande dorsal Sim Quadrado lombar Sim Piriforme Sim Posteriores da coxa Sim Tríceps sural Sim A proposta inicial era de que todos os músculos encurtados recebessem tratamento, no entanto, a não realização correta da contração isométrica pelo paciente, limitou a aplicação da técnica em alguns desses músculos. Assim sendo, 7 dos 9 músculos identificados como encurtados, foram tratados por meio da aplicação da TEM em sua forma de contrações 4 isométricas. São eles: trapézio superior, bíceps braquial, grande dorsal, quadrado lombar, piriforme, posteriores da coxa e tríceps sural. As seguintes habilidades motoras como, rolar, prono, supino, sentado, ajoelhado, semiajoelhado, levantar, em pé, marcha, chutar, correr, subir e descer escadas e pegar objetos, realizadas pelo paciente, foram analisadas de forma qualitativa, onde foi observado melhora em algumas delas, podendo-se notar que quanto mais complexa era a atividade menor, ou ausente, era a evolução encontrada. No quadro 2, em supino, obteve-se melhora do em relação a rotação interna de ombro direito que diminuiu em relação à observação de préintervenção. O joelho direito apresentou-se discretamente mais estendido na observação em pós do que em préintervenção. Já na posição prono, houve discreta diminuição da flexão de cúbito direito, e ajoelhado, evoluiu para sem apoio de membro superior esquerdo e demonstrou mínima dificuldade para atingir a posição, além de apresentar alinhamento adequado dos membros inferiores. Quadro 2 – Descrição de “prono”, “supino”, e “ajoelhado” em pré e pós-intervenção Habilidade motora Prono Supino Ajoelhado Pré-intervenção MSD: apoio do membro no tatame, rotação interna de ombro com flexão de cúbito (cerca de 97°), mão fechada (flexão de dedos). MSE: apoio do membro (com a mão) no tatame realizando flexão de cúbito e permanece com a mão estendida. MID: sem extensão completa de joelho, fica abduzido e com pé em plantiflexão. MIE: estendido. Tronco inclinado ao lado parético. MSD: rotação interna de ombro, flexão de cúbito, punho e dedos. MSE: estendido ao lado do corpo. MID: não estende completamente (cerca de 7°) o joelho e pé em plantiflexão. MIE: estendido. Tronco inclinado ao lado parético. Apresentou demasiada dificuldade em ficar nesta posição, para manter-se precisa de algum apoio no MSE. MSD: ombro com rotação interna, flexão de cúbito e dedos. MSE: faz o apoio. MMII em flexões associadas, porém desalinhados. Tronco inclinado ao lado parético. E no quadro 3, observamos que na posição de semi-ajoelhado, em préintervenção não era realizada, em pósintervenção passou a realizar, porém, apresentando grande Pós-intervenção MSD: apoio do membro no tatame, rotação interna de ombro com flexão de cúbito (cerca de 90°), mão fechada (flexão de dedos). MSE: apoio do membro (com a mão) no tatame realizando flexão de cúbito e permanece com a mão estendida. MID: sem extensão completa de joelho, fica abduzido e com pé em plantiflexão. MIE: estendido. Tronco inclinado ao lado parético. MSD: leve rotação interna de ombro, flexão de cúbito, punho e dedos. MSE: estendido ao lado do corpo. MID: não estende completamente (cerca de 4°) o joelho e pé em plantiflexão. MIE: estendido. Tronco inclinado ao lado parético. Apresentou mínima dificuldade para adquirir a postura. MSD: ombro pouco rodado interno, semi-flexão de cúbito, flexão de dedos. MSE: estendido ao lado do corpo. MMII em posição adequada para ajoelhar-se (flexões associadas). Tronco inclinado ao lado parético. dificuldade para manter a postura. No levantar, evoluiu da necessidade de apoio de membro superior esquerdo para sem apoio, mantendo a sequência de extensão de joelho e tronco e em pé, diminuiu a flexão de cúbito, o pé fez apoio total no solo e o tronco não apresentou inclinação aparente. Nas habilidades de rolar, chutar, correr, marcha, subir e descer escadas, pegar objetos e 5 sentado, evolução não houve ou diferenças entre pré intervenção, e pósconforme observado na avaliação e reavaliação do paciente. Quadro 3 – Descrição de “semi-ajoelhado”, “levantar” e “em pé” em pré e pós-intervenção Habilidade motora Pré-intervenção Pós-intervenção Não conseguiu realizar a posição Apresentou dificuldade em se devido ao grande desequilíbrio manter na posição devido ao apresentado de tronco e MMII. desequilíbrio. MSD: ombro pouco rodado interno, flexão de Semi-ajoelhado cúbito (cerca de 90°), flexão de dedos. MSE: estendido ao lado do corpo. Tronco inclinado ao lado parético. Necessita apoiar a mão Não utiliza apoio do MSE para esquerda. MSD: cúbito e dedos execução da atividade. MSD: flexionados. MSE: faz o apoio. cúbito e dedos flexionados. MID: rodado externo e em MSE: estendido ao lado do plantiflexão. MIE: posição neutra. corpo. MID: pouco rodado Tronco inclinado ao lado parético. externo e em plantiflexão. MIE: Levantar Faz extensão total de joelho E e posição neutra. Tronco inclinado permanece em semi-flexão de ao lado parético. Faz extensão joelho D, em seguida, faz total de joelho E e permanece extensão de tronco e fica na em semi-flexão de joelho D, em posição ereta. seguida, faz extensão de tronco e fica na posição ereta. MSD: rotação interna de ombro, MSD: cúbito em flexão (cerca de flexão de cúbito (cerca de 70°) e 35°) com flexão de dedos. dedos. MSE: estendido ao lado MSE: estendido ao lado do do corpo. Tronco e cabeça corpo. MID: levemente rodado Em pé inclinados ao lado parético. MID: externo. MIE: posição neutra. rotação externa de quadril e Tronco sem inclinação aparente. plantiflexão. MIE: estendido com posição neutra. DISCUSSÃO Em uma disfunção predominantemente sensório-motora na PC, distúrbios no tônus muscular, na postura e na movimentação voluntária estão de alguma forma, envolvidos. Esses distúrbios caracterizam-se pela falta de controle sobre os movimentos, por modificações adaptativas do comprimento muscular, resultando, em alguns casos, em deformidades ósseas9. A técnica de energia muscular é uma técnica de contração e relaxamento desenvolvida por osteopatas, porém, utilizada em muitas outras formas de terapias manuais, que historicamente, surgiu com base na FNP. Utilizada não só por osteopatas, mas também fisioterapeutas. É descrita como técnica ativa em que o paciente contribui para a força corretiva e é responsável pela dosagem aplicada6,10. A literatura diz que a TEM pode ser usada no alongamento e relaxamento muscular, recuperação da força de músculos fracos, diminuição da dor e ainda na diminuição de hipertonicidade dos músculos6. Várias teorias têm sido propostas para explicar a função fisiológica por trás da TEM e da FNP, mas o mecanismo pelo qual se produzem os efeitos da TEM ainda é incerto. Sugere-se que o alongamento muscular produzido pela TEM deve-se ao envolvimento do órgão tendinoso de Golgi (OTG). Este receptor sensorial encapsulado está localizado nos tendões do músculo esquelético e detecta mudanças na tensão muscular6, dando ao sistema nervoso informações instantâneas sobre o grau de tensão em cada pequeno segmento de cada músculo11. Em seu estudo, Stigger12 cita autores que afirmam saber que crianças com PC normalmente possuem um estilo de vida mais sedentário, sendo razoável presumir que a musculatura dessas crianças apresentará 6 características semelhantes às observadas decorrente da inatividade, embora não exista um consenso se a espasticidade representa um modelo de desuso ou sobrecarga. Na PC, os músculos esqueléticos que estão espásticos não relaxam durante a atividade. Assim, tanto a espasticidade quanto o espasmo muscular resistem ao alongamento e tendem a manter o músculo em uma posição encurtada, favorecendo o encurtamento muscular12. Em um estudo aleatório envolvendo grupo experimental e grupo controle, foi analisado o efeito da técnica de energia muscular na extensibilidade dos isquiotibiais e o mecanismo de flexibilidade neles alterados em indivíduos saudáveis. Os resultados mostraram que houve um aumento significativo na amplitude de movimento no joelho após uma única aplicação da TEM para o grupo experimental, quando nenhuma mudança foi observada no grupo controle. De acordo com a avaliação no grupo experimental, a técnica de energia muscular produziu um aumento imediato na extensão passiva do joelho. Atenta-se que esta mudança observada na amplitude de movimento é possivelmente devido a um aumento da tolerância ao alongamento, uma vez que não houve evidência de alterações de viscoelasticidade dos músculos13. Outro estudo demonstrou um aumento na rotação torácica ativa em indivíduos tratados com o TEM, e, nenhuma mudança significativa no grupo controle. A TEM aplicada à coluna torácica no sentido da rotação restrita aumentou significativamente a rotação de tronco ativa, enquanto a rotação do tronco no lado sem restrições e os controles não tratados mantiveramse inalteradas. O tamanho do efeito produzido pela intervenção TEM provou ser grande, uma vez que o valor médio de rotação do tronco para o lado restrito de pré-tratamento foi de 26,43 graus, e, imediatamente após o tratamento, essa faixa subiu para 37,09 graus. Este estudo mostrou a validade do uso da TEM dentro da coluna torácica quando a rotação do tronco restrita está presente14. Os tratamentos na PC podem envolver desde medicamentos até cirurgias, mas o principal foco é o da reabilitação, sendo que a reabilitação física é realizada pela intervenção da fisioterapia2. A avaliação da efetividade do tratamento na deficiência motora é difícil porque o tratamento não é padronizado. Programas de tratamento individualizados variam em muitos parâmetros envolvendo muitas questões subjetivas15. Linda15 aborda estudos que indicaram que a melhora na função motora é mais provável que ocorra quando as metas da terapia são específicas e mensuráveis, além de criadas em parceria com os pais da criança e outros cuidadores. Além disso, quantidades intensas de fisioterapia podem representar nenhuma vantagem sobre o tratamento, e, não é garantia que a longo prazo a terapia possa representar maior/melhor vantagem do que a terapia a curto prazo. Na PC, deve-se observar a extensão do distúrbio motor, sua intensidade e, principalmente, a caracterização semiológica desse distúrbio. Assim a paralisia cerebral apresenta várias formas clínicas. Dentre elas, a hemiplegia é a manifestação mais frequente. Em geral, o indivíduo hemiplégico (hemiparético) apresenta maior comprometimento do membro superior. O paciente ainda pode apresentar atitude em semi-flexão do membro superior, permanecendo o membro inferior hiperestendido e aduzido, e o pé em postura equinovara, padrão este, que pode ter modificações como variação de cada caso2. Segundo Mancini et al16, devido à lesão que persiste, o portador de PC apresenta alterações neuromusculares, como variações do tônus muscular, persistência de reflexos primitivos, rigidez, espasticidade, entre outros. Tais alterações geralmente se manifestam com padrões específicos de postura e de movimentos que podem comprometer o desempenho funcional dessas crianças. Consequentemente, a PC pode interferir de forma importante na interação da criança em contextos relevantes, influenciando, assim, a aquisição e o desempenho não só de marcos motores básicos (rolar, sentar, engatinhar, andar), mas também de atividades da rotina diária, como tomar banho, 7 alimentar-se, vestir-se, locomover-se em ambientes variados, entre outras16. Mancini16 ainda aborda um estudo que comparou crianças com deficiências motoras e crianças normais, demonstrando que, quanto maior a limitação motora da criança, maior será a quantidade de tempo necessária para execução das atividades diárias. Bem como em outro estudo, onde documentou que a condição de PC influencia o desempenho funcional dessas crianças, interferindo diretamente no ritmo e na ordem de aquisição de atividades de autocuidado17. CONCLUSÃO A fisioterapia tem ampla atuação na paralisia cerebral, sendo que para cada indivíduo o tratamento deve ser diferencial, objetivando melhorar as habilidades já conhecidas incluindo o ganho de outras novas. Este estudo buscou verificar a contribuição da Técnica de Energia Muscular na Paralisia Cerebral. A escolha desta técnica para tratamento foi fundamentada na literatura que nos mostra resultados da TEM para o alongamento de músculos, e, em contrapartida, a PC que em muitos casos pode evoluir com disfunções esqueléticas, estando entre elas, a musculatura hipertônica/encurtada. Ainda que com limitações para a realização do estudo, identificamos os músculos encurtados e as habilidades motoras que o paciente realizava. Comparando os dados de pré e pós-intervenção através da TEM, os resultados mostraram melhoras em algumas habilidades motoras do paciente como: supino, ajoelhado, semi-ajoelhado e levantar. Assim, em geral, pode-se verificar uma contribuição da aplicação da TEM neste paciente portador de PC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Rotta NT. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. J. Pediatr. (Rio J.) 2002 Jul/Ago 78(Supl.1); S48-S54. Disponível em: <http://www.jped.com.br/conteudo/02-78S48/port.pdf>. Leite JMRS, Prado GF. 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