UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTIFÍCA RELATÓRIO TÉCNICO – CIENTÍFICO Período: fevereiro/2015 a julho/2015 () PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Empoderamento, ethos local e recursos naturais – PI (Projeto Interdisciplinar - Propesp) Nome da Orientadora: Jussara Moretto Martinelli Lemos Titulação da Orientadora: Doutora Unidade: ICB-UFPA Laboratório: Laboratório de Biologia Pesqueira e Manejo dos Recursos Aquáticos, Grupo de Pesquisa em Ecologia de Crustáceos da Amazônia (GPECA) Título do Plano de Trabalho: A cartografia social como estratégia para a elaboração de planos de ação em RESEX’s marinhas do “Salgado Paraense”. Nome da Bolsista: Gilnélio Vilhena Miranda RESUMO Este projeto tem como objetivo realizar um levantamento cartográfico da utilização dos recursos naturais, principalmente aqueles mais utilizados pela população local, empoderando-os quanto ao uso sustentável dos mesmos, os quais geram conflitos devidos a fatores como fonte de renda, pesca predatória de caranguejos, peixes, camarões e moluscos, além da vegetação nativa dentro da RESEX Marinha “Mãe Grande de Curuçá”, Pará. Primeiramente houveram encontros para ambientar os participantes sobre o assunto, assim como pesquisas sobre artigos e trabalhos acadêmicos relacionados com o assunto onde foi gerado um relatório. Ocorrerá ainda uma parte prática em campo, a fim de promover junto a população tradicional, a conscientização da preservação através de métodos como a cartografia social, oficinas, palestras, encontros entre os líderes das duas comunidades sendo criadas no final cartilhas informativas. Os dados levantados serão utilizados como embasamento para um projeto recém-criado de reserva extrativista, implantado na região de São Caetano de Odivelas, Pará. O levantamento das informações sobre a Resex de “Curuçá”, implantada em 2002, servirá de base para orientação e acompanhamento de outros projetos de Resex a serem implantados na região paraense. Palavras-chave: reserva extrativista, meio ambiente, conservação. INTRODUÇÃO A pesca na região amazônica destaca-se em relação às demais regiões brasileiras, tanto costeiras como de águas interiores, pela riqueza de espécies exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da população tradicional a esta atividade (Barthem, 2004). A Reserva Extrativista (RESEX) “Mãe Grande de Curuçá” está localizada no nordeste do Estado do Pará/Brasil (Figura 1), cujas suas águas são banhadas pelo Oceano Atlântico, produzindo alto teor de salinidade, por esta razão ser uma região denominada “Litoral do Salgado”. Abrange o Município de Curuçá e regiões adjacentes que vivem principalmente da pesca, tanto de peixes quanto de crustáceos e moluscos que habitam seus ricos manguezais. Figura 01: Imagem da localização da Reserva Extrativista “Mãe Grande de Curuçá”. Fonte: Instituto Peabiru. Estas atividades tradicionais são repassadas por gerações, e determinam a economia local, pois o município é um dos maiores produtores de caranguejo, juntamente com Município de São Caetano de Odivelas. Nestas duas regiões, os ribeirinhos almejam utilizar de maneira ordenada a extração dos recursos naturais, unindo sustentabilidade e renda aos moradores dessas localidades que dependem da atividade extrativista. Tal discussão passa por diversas interpretações, entre as quais algumas apontam certas controvérsias. Não apenas a insustentabilidade econômica, mas o próprio fim da atividade extrativa na Amazônia. Outras designam um fortalecimento da atividade extrativista por meio de mudanças no âmbito das relações ecológicas e da valorização sócioeconômica das práticas sustentáveis. Além do extrativismo de crustáceos como o caranguejo uçá – Ucides cordatus, a população curuçaense é reconhecida pela prática da pesca de curral em regime de atividade de parentesco onde é repassado de geração em geração o controle de uma área determinada a cada família para que seja utilizado aquele determinado espaço na beira do rio em seu proveito. Outra fonte de renda seria a pesca artesanal realizada em alto mar, composta por até 5 pescadores em um barco que pode chegar até 4 toneladas, atividade esta restrita aos homens, pois, as mulheres são incumbidas da coleta de crustáceos e moluscos que ajudarão a compor a renda familiar ou até mesmo seu sustendo. Segundo Furtado Jr. et al. (2006) As espécies mais encontradas nas capturas dos pescadores em ordem de valor comercial são: pescada-amarela (Cynoscion acoupa), gurijuba (Hexanematichthy parkeri), serra (Scomberomorus brasiliensis), tubarões (Carcharhinus sp., Sphyrna sp.), pargo (Lutjanus purpureus), pescada-gó (Macrodon ancylodon), bagre (Hexanematichthys herzbergii), xaréu (Caranx hippos). Outra atividade realizada em algumas comunidades curuçaenses é o cultivo de ostras (Crassostrea sp.), onde são criados com o apoio do SEBRAE e de instituições de pesquisas, que através de metologogias e técnicas tentam melhorar a produção, somados aos saberes tradicionais que vem proporcionando a realização dessas atividades por décadas. A perspectiva da sustentabilidade surge como uma possibilidade de inclusão daqueles que historicamente ficaram à margem dos planos políticosociais implantados na Amazônia. Nesse contexto, a gestão dos recursos naturais na região está sendo delineada a partir da criação de diversos modelos de Unidades de Conservação, tendo nas Reservas Extrativistas (RESEX) um instrumento inovador de garantia de direitos constitucionais sobre o meio ambiente (Souza-Gemaque, 2010). Segundo informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Reserva Extrativista “Mãe Grande de Curuçá”, possui uma área 36.678,24 hectares de extensão, atendendo a um bioma marinho costeiro, inclusive possui uma espécie protegida que é o peixe-boi marinho Trichecus manatus. Esta RESEX possui quase 12 anos de existência, sendo diplomada sob o decreto s/n de 13 de dezembro de 2002. O governo federal implantou desde setembro de 2011 o programa Bolsa Verde, instituído pela lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011, regulamentado pelo decreto nº 7.572, em que concede a cada trimestre um benefício de R$ 300,00 para famílias que vivem em extrema pobreza em áreas consideradas prioritárias em conservação ambiental, como é o caso da região em estudo. JUSTIFICATIVA Do ponto de vista ecológico, a importância da preservação dos estuários se traduz pela alta diversidade, constituindo-se em berçários para inúmeras espécies de peixes, crustáceos, moluscos e aves. É de suma importância a preservação dos mesmos, baseando-se em uma prática de sustentabilidade e preservação. A existência de poucos trabalhos relacionados ao assunto impede a disseminação do conhecimento para a população que possui o senso comum, uma maior conscientização por parte dos moradores locais sobre a importância da preservação de espécies locais, para que seu uso não venha a comprometer o ecossistema existente. Além da utilização dos moradores como fiscais da natureza, não permitindo sua degradação e denunciando às autoridades, qualquer crime ambiental pelo uso indevido de seus recursos. OBJETIVOS GERAIS Realizar um levantamento social através da ferramenta cartográfica sobre de que maneira estão sendo utilizados os recursos naturais na RESEX “Mãe Grande de Curuçá” e a importância de sua preservação através da criação de Unidades de Conservação, para que o resultado obtido sirva como base para a Unidade de Conservação recém-criada no Município de São Caetano de Odivelas e em futuros projetos nas regiões do Estado. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Efetuar revisão bibliográfica sobre Resex marinhas; - Conscientizar a população local da importância de preservação dos recursos naturais, sua utilização de maneira sustentável, através de levantamento cartográfico, palestras, oficinas, encontros, e finalmente uma cartilha que servirá de modelo para a região; - Obter dados em forma de uma cartilha, para servirem de complementação de outra reserva extrativista no Município de São Caetano de Odivelas, a união da experiência das duas servirá como embasamento para futuras implantações em outras Unidades de Conservação na região; - Divulgar o trabalho para preencher a lacuna da falta de informações científicas na área de reservas extrativistas do Estado do Pará. MATERIAL E MÉTODOS A primeira fase deste trabalho foi a de realizar uma revisão bibliográfica sobre pesquisas realizadas nas RESEX do Estado do Pará. Para isto, foi consultado o site da Web of Science, (https://apps.webofknowledge.com/) desde o período de 1945 até setembro de 2014, onde foram utilizadas as palavras-chave: “RESEX” (Reserva Extrativista) e “Marine Extractive Reserve” (Reserva Extrativista Marinha). Além dos artigos específicos sobre a Reserva “Mãe Grande de Curuçá”, foram pesquisados demais artigos relacionados à área, falando sobre experiências sobre reservas extrativistas e pesquisas sobre outros tipos de manejo. Esta pesquisa também servirá como objeto de estudo para a formação de uma cartilha em conjunto com a RESEX recém-criada em São Caetano de Odivelas, servindo como base para a criação de Reservas Extrativistas na região do Estado do Pará. A segunda fase desse trabalho ocorreu preparação para a atuação com a promoção de encontros interdisciplinares, capacitação e entrosamento do projeto com todos os bolsistas de iniciação científica, onde primeiro é apresentado o projeto e logo após foram abordados, apresentados artigos, textos e dissertações com temas relacionados ao assunto, com o intuito de promover o entrosamento e a apropriação do tema pelos mesmos. Esses encontros tiveram como objetivo a preparação do aluno em uma visão diferenciada quanto à realidade e a necessidade local, onde primeiramente foi demonstrada a importância do trabalho em campo para a realização de um projeto, através de entrevistas e coletas de dados, entre outros. Logo após foi introduzido o conceito de cartografia social e a importância com a qual a mesma tem contribuído para a organização de territórios, fronteiras, etc., através da utilização de mapas. Além de proporcionar uma visão aproximada à das comunidades locais tradicionais quanto ao uso dos recursos naturais, a forma de trabalho e sua hierarquia, explicando a importância dos papéis de homens na pesca e da mulher na extração de crustáceos, assim como a introdução através de imposições do mercado de novas espécies na dieta local, através do aumento da exportação para outros estados e até mesmo para o exterior de espécies consideradas de maior valor aquisitivo para o mesmo. O que vem causando a falta de peixes antigamente considerados comuns ao consumo da população devido a escassez e o aumento do valor, descrito na dissertação de Mestrado da aluna (Palheta, M. 2010), porém, ainda não publicado em formato de artigo. Figura 02: Imagem da localização da Casa do Pescador na Reserva Extrativista “Mãe Grande de Curuçá”. Fonte: Instituto Peabiru. Na terceira fase será promovido um encontro inicial com a população local de Curuçá, com vistas a identificar de que forma eles entendem os recursos biológicos e o ambiente. Esse primeiro contato será essencial para familiarizar os estudantes com o ambiente e seus moradores, onde tanto a população como os recursos serão utilizados como objeto de estudo do projeto. Serão realizados outros encontros, visando a realização da prática através de informações conseguidas através de encontros, palestras, entrevistas e reuniões, para obter o levantamento cartográfico pesquisando e relacionando o conhecimento de senso comum, proveniente da população local com o conhecimento científico. Posteriormente, será confeccionada uma cartilha que servirá de base para a criação de novas Reservas Extrativistas e Unidades de Conservação na região. RESULTADOS Foram selecionados um total de 28 (vinte e oito) trabalhos com a palavra RESEX que se trata de uma abreviatura em português para reserva extrativista, outros 11 (onze) trabalhos relacionados à palavra-chave “Marine Extractive Reserve” dentre diversos trabalhos citados. Porém, a maioria estava relacionada a realidades muito distintas da região costeira brasileira, sendo filtrados 9 (nove) daqueles diretamente relacionados ao assunto e apenas alguns que realmente discriminavam os estudos realizados na Região do Salgado Paraense. Também foram encontrados em busca no site “Google”, 04 (quatro) trabalhos ainda não publicados em periódicos indexados, incluindo uma dissertação sobre a participação e conhecimentos femininos na inserção de novas espécies de pescado no mercado e na dieta alimentar dos moradores da Reserva de Curuçá, além de outros que estavam disponibilizados nos encontros onde haviam trabalhos sobre Curuçá, Marapanim, entre outros. Os resultados específicos encontrados para a região estão descritos a seguir, todos de cunho biológico e ecológico. A investigação da ocupação e a correlação da abundância de camarões em relação às variáveis ambientais em diferentes habitats (manguezal, marisma e afloramento rochoso) na praia do Areuá, localizada na própria Reserva Extrativista “Mãe Grande de Curuçá”, verificou que o pH e a temperatura afetaram significativamente a densidade e a biomassa desses crustáceos. Um total de 4.871 camarões estiveram assim distribuídos: Farfantepenaeus subtilis (98,36%) (camarão-rosa, marinho), Alpheus pontederiae (0,76%) (estuarino), Macrobrachium surinamicum (0,45%) e Macrobrachium amazonicum (0,43%) predominantemente de água doce. As espécies F. subtilis e A. pontederiae ocorreram nos três habitats, enquanto que M. surinamicum ocorreu no marisma e no afloramento rochoso e M. amazonicum apenas em marisma (Sampaio e Martinelli-Lemos, 2014). Outro estudo descreve a composição e a riqueza de espécies de macroinvertebrados móveis dos fragmentos rochosos do entremarés, também realizado na praia de Areuá, Reserva Extrativista “Mãe Grande de Curuçá”, nos períodos chuvoso e seco. Como resultado a dominância de poliquetos, seguidos por malacóstracos e gastrópodes, com a maior riqueza e biomassa constatadas na zona inferior do entremarés e durante o período chuvoso (Morais e Lee, 2014). Houve somente um estudo de cunho sócioeconômico sendo realizado na Vila Mota, uma localidade pesqueira no Município de Maracanã/PA, que se encontra dentro da Reserva Extrativista “Maracanã”, vizinha da “Mãe Grande de Curuçá”. Neste estudo foram avaliadas as condições de vida de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), nos quais foram identificados fatores que delimitavam o desenvolvimento local. Como as famílias sobrevivem da pesca artesanal, sua renda ficava comprometida na falta da mesma, a maioria ganhava um salário mínimo e nem ao menos sabiam a finalidade da RESEX (Pinheiro, 2014). Outro trabalho analisou o papel desempenhado por um projeto de cooperação internacional (Projeto Resex) na implementação das Reservas Extrativistas na década de 1990. Discute-se nele a presença do Estado, em uma pedagogia da hegemonia, operando na desconstrução das conquistas objetivadas pelos seringueiros nas décadas de 1970-1980, e utilizando, para isso a RESEX como um espaço pedagógico privilegiado (Cunha, 2012). Foram realizadas ainda outras pesquisas que não estão diretamente ligadas a realidade de nossa região, como por exemplo, em Florianópolis, Sul do Brasil, o molusco Anomalocardia brasilliana que é utilizado como forma de subsistência local, sendo apoiado o uso comercial de pequena escala pesca por décadas. A introdução de uma draga de mão (gancho), pois 1987 levou ao desenvolvimento de uma pescaria significativa através do fornecimento de mercados marisco locais e regionais. Em 1992, uma da pesca principal áreas na região foi designada como a primeira Reserva Extrativista Marinha Brasileira (RESEX Pirajubaé) por (Perzzuto, 2010). Através dos encontros ocorreram leituras de diversos textos para melhor compreensão de Reserva Extrativista, cartografia, população tradicional, recursos, visando a introdução a interdisciplinaridade dos participantes. Abaixo encontra-se discriminado o cronograma: • 1° Encontro - O trabalho de campo como método (17/12/14 - tarde): Apresentação do projeto GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. - l.ed., IS.reimpr. - Rio de Janeiro : LTC, 2008. p. 3-24; 185-188. MALINOWSKI, Bronislaw. “Introdução. Tema, método e objetivo desta pesquisa”. In Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo : Abril S.A. Industrial e Cultural, 1976. P. 21-38. • 2° Encontro – A cartografia social (06/01/15 - tarde): Kleber Prado Filho; Marcela Montalvão Teti. A CARTOGRAFIA COMO MÉTODO PARA AS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS. Barbarói, Santa Cruz do Sul, n.38, p.<45-59>, jan./jun. 2013. Almeida, A.W. Terras tradicionalmente ocupadas, in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, ANPUR, vol. 6 n. 1 maio 2004, p. 9-32. ACSELRAD, Henri. Conflitos ambientais, processos de territorialização e identidades sociais. 33º Encontro Anual da Anpocs, GT 04: Conflitos ambientais, processos de territorialização e identidades sociais. Outubro de 2009 . Sobre os usos sociais da cartografia. • 3° Encontro: etnoconhecimento e os saberes nativos - (08/01/15 - tarde): POSEY, D. Etnobiologia: teoria e prática. In Ribeiro, D. et al. Suma etnológica brasileira. Belém/Pa: editora Universitaria da Ufpa, 1997. Interpretando e Utilizando a “Realidade” dos onceitos Indígenas: o que é preciso aprender dos nativos? Publicação original: Posey, D.A. 1992. Interpreting and Applying the “Reality” of Indigenous Concepts: what is necessary to learn from the natives?. In: Redford, K.H. & Padoch, C. (eds.). Conservation of Neotropical Forests: working from traditional resource use. New York: Columbia University Press, pp. 21-34. (on line) FURTADO, L.; MANESCHY, M.C. NASCIMENTO, I.; SANTANA, G. Formas de utilização de manguezais no litoral do estado do Pará: casos de Marapanim e São Caetano de Odivelas. In Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 1, n. 2, jan./jun. 2006. http://www.basa.com.br/bancoamazonia2/Revista/revistaamazonia02.htm • 4° Encontro – Etnoconhecimento e pesca – (13/01/15 – tarde): BEGOSSI, A. Áreas, pontos de pesca, pesqueiros e territórios na pesca artesanal. Begossi, A (org). Ecologia de pescadores da Mata Atlântica e da Amazônia. São Paulo: Hucitec: NEPAM/UNICAMP: NUPAUB/USP: FAPESP, 2004. P. 223-254. ADAMS, Cristina. As populações caiçaras e o mito do bom selvagem: a necessidade de uma nova abordagem interdisciplinar. Rev. Antropol., São Paulo, v. 43, n. 1, 2000. (on line). • 5° Encontro: Manejo em áreas costeiras: recurso comum governança e pesca (15/01/15 – tarde): TUCKER, C.M. ; OSTROM, E. Pesquisa multidisciplinar relacionando instituições e transformações florestais in MORAN, E.F.;OSTROM, E. (org) Ecossistemas florestais: interação homem-ambiente. São Paulo: Editora SENAC São Paulo: Eduspe, 2009. P. 109-138. DIEGUES, A. C. S. Ecologia humana e planejamento em áreas costeiras. São Paulo: NUPAUB-USP, 1996. P. 69-112. DIEGUES, A.C.S. conhecimento e manejo tradicionais; ciência biodiversidade. NUPAUB, 2000. Disponível em http://nupaub.fflch.usp.br. e • 6 ° Encontro – Entender as unidades de conservação (20/01/15 – tarde): DIEGUES, A. C. S. O Mito Moderno da Natureza Intocada. 3. ed. São Paulo: HUCITEC e NUPAUB, 2001. v. 1. Capitulo: Introdução, cap 12 e conclusões. ARRUDA, R. S. V. Populações Tradicionais e a proteção de recursos naturais em unidades de conservação. Revista Ambiente e Sociedade, ano II, no. 5, NEPAN/UNICAMP, v. ANO II, n. no. 5, p. 79-93, 2000. • 7° Encontro – Áreas de estudo: Curuçá e São Caetano de Odivelas (22/01/15 – tarde): SOUZA, C. B. G . A Gestão dos Recursos Naturais na Amazônia: A Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá-PA. Revista geografar (UFPR), v. 5, p. 83104, 2010. ALMEIDA, Neila J. R. Saberes e práticas tradicionais: população pesqueira extrativista da Vila Sorriso - São Caetano de Odivelas⁄PA. 2012. 109 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Núcleo de Meio Ambiente, Belém, 2012. Programa de Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia. PALHETA, M. K. S. Participação E Conhecimentos Femininos Na Inserção De Novas Espécies De Pescado No Mercado E Na Dieta Alimentar Dos Pescadores Da RESEX Mãe Grande Em Curuçá/PA. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciencias Biologica, Belém, 2013. Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquatica e Pesca. ICMBIO. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Estudo Socioambiental Referente à Proposta de Criação de Reserva Extrativista Marinha no Município de São Caetano de Odivelas, Estado do Pará, 2014. DIAZ, Rafael Paiva De Oliveira. As populações pesqueiras e a maricultura: um olhar sobre os processos de diminuição dos recursos pesqueiros no litoral paraense – Resex Mãe Grande de Curuçá. Estado do Pará, 2013. Houveram ainda a leitura e apresentação através de mini-seminários de dois artigos, o primeiro falando sobre Tipologia e Indicadores de Serviços de Ecossistemas (Ecosystem Services – ES) para Planejamento e gerenciamento espacial marinho (Böhnker-Henrics et al. 2013). Que trata de uma legislação de controle de áreas marítimas visando a utilização de maneira sustentável através da regulamentação, adotados por países desenvolvidos como, por exemplo, Canadá, Estados Unidos e a União Européia, esses modelos proporcionam tanto uma ferramenta analítica e comunicativa para identificar e quantificar a ligação entre o bem-estar humano e ao meio ambiente e, portanto, para avaliar as ramificações de intervenções de gestão. Planejamento Espacial Marinho (MSP) e Baseada em Gestão de Ecossistemas ( EBM ) são uma forma de intervenção de gestão que tem se tornado cada vez mais popular e importante a nível mundial. Porém, resalta ainda que existem poucos trabalhos publicados, sendo necessário um maior esforço de pesquisa para melhorar essa situação, aumentando sua importância e proporcionando um mundo mais sustentável. O segundo artigo fala sobre a gestão baseada no ecossistema marinho no sul da Flórida (COOK et al., 2014), no qual os autores dizem que os planos de gestão em ecossistemas marinhos estão ganhando popularidade entre os gestores ambientais, porém, exemplos de êxito ainda são poucos. Ao longo dos últimos três anos, os modelos de ecossistema conceituais integrados do ambiente costeiro marinho foram desenvolvidos como parte do projeto MARES - Estabelecimento de Metas para o Ambiente Marinho e Estuarino no sul da Florida. Neste artigo, foram usados estes modelos conceituais em conjunto com um modelo DPSIR modificado, a opinião de especialistas e análises baseadas em matrizes para avaliar os impactos relativos diretos e indiretos de 12 pressões do ecossistema em 11 estados do ecossistema e 11 serviços ecossistêmicos identificados através MARES. Observaram que no ecossistema costeiro do sul da Flórida as maiores pressões foram a descarga de água doce (para os estuários), o efeito da temperatura nas mudanças climáticas e os impactos das mudanças climáticas sobre o clima/tempo. As pressões menos invasivas para a região, foram a pesca esportiva, a pesca comercial e as espécies invasoras. Os ecossistemas (estados) que apresentaram maiores riscos (vulnerabilidade), conforme determinado pelos impactos cumulativos, foram a extração comercial e esportiva de peixes e mariscos (menos ostras), as espécies protegidas e as aves marinhas. Neste mesmo sentido, os ecossistemas menos impactados (estado de risco) foram os bancos de ostras e plataforma costeira calcária. Os serviços do ecossistema que apresentaram mais risco (vulnerabilidade) foram a existência de um sistema natural (Natureza), a experiência da natureza intocada/selvagem e a recreação não-extrativa. Os serviços dos ecossistemas menos afetados foram a extração comercial, a pesca esportiva e a estabilidade climática. O autor conclui que através da análise de opinião de especialistas e da interação entre várias pressões, estados e serviços do ecossistema, podemos começar a compreender as diversas maneiras em que os serviços ecossistêmicos são impactados por várias pressões. Como ainda não foi realizada a interação com a comunidade da Resex, que na nova etapa este será o objetivo, onde por motivos de logística e verbas, tamanho e vícios existentes na comunidades de Curuçá, foi invertida a ordem das visitas às RESEX`s, sendo primeiramente será realizada em 16 comunidades de São Caetano de Odivelas e depois nas 91 comunidades de Curuçá. Onde serão realizados primeiramente levantamentos com coletas de informações e depois atividades como apresentações sobre as espécies biológicas locais. DISCUSSÃO A escassez de trabalhos científicos em áreas de Reservas Extrativistas é um grande problema para a disseminação do conhecimento, com vistas à implementação de estratégias de manejo. Existe uma grande necessidade de estudos na área de Unidades de Conservação, para buscar informar a sociedade, para que possa servir como aliados e divulgadores das informações biológicas e ecológicas. A desigualdade existente no Brasil e mais especificamente na Amazônia nos dias atuais é um dos fatores relevantes utilizados para a criação desses mecanismos sócioeconômicos como o extrativismo. Populações inteiras vivem da exploração direta da fauna e flora amazônica através da pesca artesanal, seja de crustáceos, tartarugas, peixes, do açaí, frutas, raízes entre outros, mas até onde ele pode ser benéfico? Estas áreas deveriam ser preservadas ou exploradas? Hoje, porém, temos uma terceira via de opção que seria a utilização desses espaços de maneira sustentável. O termo sustentabilidade atualmente encontra-se em alta, quando se trata de ecologia e utilização de recursos do meio ambiente. A sociedade vem buscando cada vez mais utilizar de maneira sustentável o recurso que a natureza lhe oferece. Esta preocupação se torna evidente após a conscientização de que se não forem muito bem utilizados os recursos naturais podem diminuir significativamente ou até mesmo serem extintos, devido às formas predatórias como a pesca fora do período de defeso, captura de fêmeas ovígeras ou mesmo não ovígeras, afeta de forma direta a abundância de uma comunidade, afetando de forma direta a população e o ecossistema. CONCLUSÃO A busca pela divulgação de informações e esclarecimento sobre o assunto como educação ambiental, através de ações educacionais e conservação pelas atitudes resultantes das mesmas, são de muita importância para mudar a realidade na qual estamos inseridos. A consciência de que a preservação e manejo sustentável são os únicos meios de usufruir por muito tempo dos recursos naturais sem que os mesmos sejam prejudicados a médio ou longo prazo pela ação predatória humana, decorrente de ações, como por exemplo, a extração de caranguejos em época de reprodução conhecida popularmente como “Andança”, pesca em período de defeso, caça de animais protegidos por lei, além da utilização sem controle da vegetação local ou o desmatamento da mesma. A criação de Unidades de Conservação é o melhor caminho para que problemas como exploração desenfreada como caça e pesca predatória especificados acima, venham causar algum dano de médio ou longo prazo, leves ou até mesmo irreversíveis à natureza. São necessários maiores estudos na área para que possamos com isso esclarecer melhor junto a sociedade sobre a importância da preservação de áreas, para protegermos comunidades da nossa fauna e flora. REFERÊNCIAS Barthem, R.B. A Pesca e os Recursos Pesqueiros na Amazônia brasileira. Manaus: Projeto ProVárzea IBAMA. 269p. 2004. Böhnke-Henrichs. Typology and indicators of ecosystem services for marine spatial planning and management. Journal of Environmental Management. 130 (2): 135-145. 2013. Cook G. Towards marine ecosystem based management in South Florida: Investigating the connections among ecosystem pressures, states, and services in a complex coastal system. Ecological Indicators. 44 (2): 26–39. 2014. Cunha, C.; Loureiro, B.C. Estado educador: uma nova pedagogia da hegemonia nas reservas extrativistas. Revista Katálysis, 15(1): 52-61. DOI 10.1590/S1414-49802012000100005. 2012. Furtado Jr., I.; Tavares, M.C.; Brito, C.S.F. Estatísticas das produções de pescado estuarino e marítimo do estado do Pará. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Série Ciências Humanas, 1(2): 95-111. 2006. Morais, G.; Lee, J.T. Intertidal benthic macrofauna of rare rocky fragments in the Amazon region. Revista de Biología Tropical, 62(1): 69-86. 2014. PALHETA, M. K. S. Participação E Conhecimentos Femininos Na Inserção De Novas Espécies De Pescado No Mercado E Na Dieta Alimentar Dos Pescadores Da RESEX Mãe Grande Em Curuçá/PA. Programa de PósGraduação em Ecologia Aquatica e Pesca. Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciencias Biologicas, 117 p. 2013. Pezzuto, P.R. Efficiency and selectivity of the Anomalocardia brasiliana (Mollusca: Veneridae) hand dredge used in southern Brazil. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom, 90(1): 1455-1464. 2010. Pinheiro, O.C.J. Traditional communities in Amazonian coastal areas: a study on local development in the Vila Mota, State of Pará, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Série Ciências Humanas, 9(1): 145-162. DOI: 10.1590/S1981-81222014000100010. 2014. Sampaio, H.A.; Martinelli-Lemos J.M. Use of intertidal areas by shrimps (Decapoda) in a brazilian Amazon estuary. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 86(1): 333-345. DOI: 10.1590/0001-3765201420120039. 2014. Souza-Gemaque, C. A gestão dos recursos naturais na Amazônia: A reserva extrativista Mãe Grande de Curuçá-PA. Revista Geografar, 5(1): 83-104. 2010. CRONOGRAMA ATIVIDADES Meses Revisão bibliográfica 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 O x x x x x x x x x projeto Encontros interdisciplinares x iniciou Visitas à comunidade da RESEX de Mãe Grande de Curuçá em x outubro/ 2014 Análise de dados x Oficinas Envio de x x x Elaboração de relatório parcial resumo para x evento 12 x x x x x x x científico Elaboração de relatório final e x x x preparação de artigo Obs: As viagens para interação com a comunidade ainda não foram realizadas, pois faltou segunda parcela dos recursos financeiros destinados a este objetivo.