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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS
Curso de Enfermagem
Ana Paula Pereira Duarte
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MANEJO DO DIABETES MELLITUS DO TIPO 1ABORDAGENS DO ENFERMEIRO- REVISÃO DA LITERATURA
Pará de Minas
2014
1
Ana Paula Pereira Duarte
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MANEJO DO DIABETES MELLITUS DO TIPO 1ABORDAGENS DO ENFERMEIRO- REVISÃO DA LITERATURA
Monografia apresentada á Coordenação de
Enfermagem da Faculdade de Para de Minas
como requisito parcial para a conclusão do
curso de Enfermagem.
Orientador: Prof. Ms. Edson Alexandre de
Queiroz.
Pará de Minas
2014
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Ana Paula Pereira Duarte
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO MANEJO DO DIABETES MELLITUS DO TIPO 1ABORDAGENS DO ENFERMEIRO- REVISÃO DA LITERATURA
Monografia apresentada á Coordenação de
Enfermagem da Faculdade de Para de Minas
como requisito parcial para a conclusão do
curso de Enfermagem.
Aprovada em: _____ / _____ / _____
________________________________________
Prof. Ms. Edson Alexandre de Queiroz
________________________________________
Prof. Dr. Humberto Ferreira de Oliveira Quites
3
Dedico esse trabalho a Deus, a minha
mãe, amigos e todos aqueles que de
alguma forma me ajudaram a concretizar
o mesmo.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse,
ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm
todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.
Agradeço a minha mãe por me ensinar valores, exemplo de humildade
compreensão e por não medir esforços para concretização desse sonho,
A minha filha Ana Flavia, minhas irmãs Patrícia e Fláviane que nоs momentos
dе minha ausência dedicados ао estudo superior, sеmprе fizeram entender qυе о
futuro é feito а partir dа constante dedicação nо presente!
Ao meu orientador Edson Alexandre de Queiroz pela paciência na orientação
e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia.
A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida
acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.
Ao coordenador do curso, Humberto Ferreira de Oliveira Quites pelo convívio,
pelo apoio, pela compreensão e pela amizade.
Аоs amigos е colegas, pelo incentivo е pelo apoio constante.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ
muito obrigado.
5
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas
vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior
empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de
todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar
um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que
injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...."
Fernando Pessoa
6
LISTA DE SIGLAS
DM1 - Diabetes Mellitus Tipo 1
NASF - Núcleo de Apoio á Saúde da Família
7
RESUMO
O Diabetes Mellitus tipo 1 é o distúrbio metabólico mais comum da infância,
acometendo aproximadamente 2/3 de todos os casos de diabetes em criança. O
processo de educação em saúde serve para promover saúde e prevenção primária
ou secundária onde possa centrar mais nos problemas e valorizar mais as
experiências dos indivíduos e grupo. O estudo objetivou identificar fatores que
impactam na abordagem do enfermeiro em relação aos aspectos de educação e
orientação em crianças portadoras de DM1 e seus familiares. Realizou-se uma
pesquisa bibliográfica qualitativa, feito por meio de levantamento nos bancos de
dados eletrônicos Scielo, DM1; com as palavras chaves; crianças; enfermagem;
educação em saúde. Os resultados apontam fatores que facilitam e dificultam o
manejo do diabetes tais como: estado emocional, contexto familiar e social,
participação em grupo de orientação e abordagem multiprofissional. Concluímos que
é importante a formação e capacitação de equipes de enfermagem especializadas
para atenderem ás crianças, familiares e amigos, ampliando grupos de educação em
diabetes.
Palavras-chave: Diabetes mellitus tipo 1. Crianças. Enfermagem. Educação em
saúde.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................
09
2 OBJETIVOS......................................................................................................
2.1 Objetivo Geral...............................................................................................
2.2 Objetivos Específicos..................................................................................
11
11
11
3 JUSTIFICATIVA................................................................................................
12
4 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................
4.1 Fatores predisponentes para DM 1.............................................................
4.2 Aspectos clínicos da DM1...........................................................................
4.2.1 Sinais e Sintomas da Diabetes Mellitus......................................................
4.2.2 Tratamento Diabetes tipo 1.........................................................................
4.2.1.1 Exercícios físicos......................................................................................
4.2.1.2 Controle da dieta......................................................................................
4.2.1.3 Insulinoterapia..........................................................................................
4.3 Perfil do Portador da DM 1..........................................................................
13
13
13
13
14
14
15
15
16
5 METODOLOGIA...............................................................................................
17
6 RESULTADOS..................................................................................................
6.1 Estado Emocional: o enfrentamento da doença e valorização da
criança.................................................................................................................
6.2 O contexto familiar e social influenciando no controle do Diabetes
Mellitus tipo 1......................................................................................................
6.3 Participação em grupos de orientações para um bom manejo do
Diabetes Mellitus tipo 1......................................................................................
6.4 Abordagem Multiprofissional......................................................................
18
7 DISCUSSÃO.....................................................................................................
26
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................
30
REFERÊNCIAS....................................................................................................
31
20
21
23
24
9
1 INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus tipo1 é o distúrbio metabólico mais comum da infância,
acometendo aproximadamente 2/3 de todos os casos de diabetes em criança.
Atualmente são estimados cinco milhões de diabéticos no Brasil e, destes, cerca de
300 mil são menores de 15 anos. A conseqüência da presença de uma criança com
diabetes na família tem sido amplamente debatida, nos cenários nacionais e
internacionais. O adequado manejo da doença nessa população tem se apresentado
como um desafio, principalmente para as próprias crianças, em virtude da presença
de comportamento, habilidades e conhecimentos inadequados que colaboram para
a não adesão ao tratamento e para o aumento significante de complicações em
longo prazo. (CÂMARA; MELLO; GOMES, 2012).
A educação em saúde surge como estratégia para promover saúde e
prevenção primária e secundária e deve ser uma prática social centrada na
problematização do cotidiano, na valorização da experiência dos indivíduos e
grupos, tendo como referência a realidade na qual eles estão inseridos. Isto exerce
uma grande influência na conduta e atitudes das pessoas em relação á saúde.
Serve para estimular o individuo a melhorar suas condições de vida, Indicado para
toda população. (CÂMARA; MELLO; GOMES, 2012).
Nesta proposta, quando já estiver confirmado diagnostico de Diabetes Mellitus
tipo 1 a assistência de enfermagem é desenvolvida através da realização do
processo de enfermagem, iniciando pelo histórico do paciente no qual se levanta os
problemas e diagnósticos de enfermagem,afim de buscar elementos que possam
subsidiar á assistência de enfermagem que se define como um ato ou efeito de
assistir,presença constante, proteção, amparo auxílio e ajuda. (CÂMARA; MELLO;
GOMES, 2012).
A rede de apoio social, as relações familiares e a relação de confiança com os
profissionais de saúde influenciam os comportamentos de autocuidado e
autocontrole além de aumentar a adesão ao tratamento, resultando na melhora do
controle glicêmico. Estudos têm demonstrado que compreender as experiências de
vida das crianças nos seus diversos espaços, valorizando-as e buscando maior
aproximação com as mesmas, pode contribuir para a partilha do conhecimento
sobre o manejo do diabetes e para o maior envolvimento da criança no cuidado.
Além disso, a prática da enfermagem, os cuidados em saúde, a pesquisa e a criação
10
de novos conhecimentos poderão também ser beneficiados. (NASCIMENTO et al.,
2011).
Sabe-se que a família e os amigos influenciam no controle da doença quanto
ao seguimento do tratamento, da dieta e na participação em um programa regular de
exercícios. (GÓES; VIEIRA; RAPHAEL JÚNIOR, 2007). Pelo fato de interferir na
intimidade do núcleo familiar, a dieta é freqüentemente motivo de dificuldades e falta
de adesão da família. As crianças com diabetes não precisam de nenhum alimento
ou suplemento especial, mas de calorias suficientes para equilibrar o consumo diário
de energia e suprir as necessidades para seu crescimento e desenvolvimento.
(GÓES; VIEIRA; RAPHAEL JÚNIOR, 2007).
Este trabalho tem como objeto de estudo conhecer como o enfermeiro pode
abordar os aspectos de educação e orientação em pacientes portadores de Diabetes
Mellitus tipo 1, problematizando de que forma a enfermagem atua e orienta na
educação á saúde ,a criança portadora de Diabetes Mellitus.
Após ser desenvolvido, este estudo pretende contribuir para conscientização
dos profissionais e acadêmicos de enfermagem sobre a importância da
educação/orientação, como norteadores das ações de enfermagem a criança
portadora de Diabetes Mellitus, estimulando também a busca de uma especialização
do profissional enfermeiro nesta área.
Para administrar os cuidados que uma doença crônica exige, tal como
diabetes em crianças, necessita-se de uma abordagem para o cuidado, através de
uma equipe multiprofissional tendo a criança e a família como foco central deste
cuidado.
11
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Identificar as formas de abordagem do enfermeiro em relação aos aspectos
de educação e orientação em crianças portadoras de Diabetes Mellitus tipo 1 e seus
familiares.
2.2 Objetivos Específicos
a) investigar as orientações do enfermeiro junto aos pacientes durante o
tratamento do diabetes mellitus do tipo 1.
12
3 JUSTIFICATIVA
A escolha desse tema, DM1, foi para poder atualizar os aspectos
educacionais e orientativos em crianças portadoras de Diabetes Mellitus tipo 1, os
quais são
considerados de
difícil compreensão
as pessoas com
pouco
conhecimento e instrução.
Grande parte dos portadores de DM1 não tem conhecimento do manejo
correto da doença, portanto não seguem o tratamento corretamente, pela falta de
orientação ou pela falta de receber educação sobre o tema, acabando diminuindo
muito a qualidade de vida e, na pior das hipóteses, o tempo de vida.
Assim, este trabalho justifica-se pela necessidade de rever e atualizar as
formas de atuação do enfermeiro, para melhorar as intervenções em crianças
portadoras de DM1.
13
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Fatores predisponentes para DM 1
Segundo
Marcondes,
Vaz
e
Ramos
(2003)
o
DM1
é
a
doença
endocrinometabólica mais comum da infância, ela é autoimune decorrente da
destruição das células beta pancreática resultando em uma deficiência absoluta de
insulina.
Muitos pacientes com DM tipo 1 apresentam anticorpos da classe IgG contra
a albumina sérica bovina,um peptídeo de 17 aminoácidos que existe na membrana
das células das ilhotas. Alguns autores tentaram relacionar o uso precoce de leite de
vaca á ocorrência de DM, mas a ausência de imunidade celular ao BSA tem
desafiado esse conceito. De forma análoga, a presença de nitrosaminas em carnes
em conserva tem sido responsabilizada por DM. (MARCONDES; VAZ; RAMOS,
2003).
Os aspectos clínicos da DM1, que são sinais e sintomas isto é: poliúria
(pessoa urina com frequência), polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão
de líquidos), polifagia (apetite aumentado). Pode ocorrer perda de peso que é mais
comum em crianças maiores. Estes sintomas são mais freqüentes no diabetes tipo
1, que são particularmente em crianças. (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
Quando a concentração de glicose no sangue está alta (acima do limiar
renal), a reabsorção de glicose no túbulo proximal do rim é incompleta, e parte da
glicose é excretada na urina (glicosúria). Isto aumenta a pressão osmótica da urina e
consequentemente inibe a reabsorção de água pelo rim, resultando na produção
aumentada de urina (poliúria) e na perda acentuada de líquido. O volume de sangue
perdido será reposto osmoticamente da água armazena das células do corpo,
causando desidratação e sede aumentada. (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
Quando os níveis altos de glicose permanecem por longos períodos, ocorre á
absorção de glicose e isto causa mudanças no formato das lentes dos olhos,
levando a dificuldades de visão. A visão borrada é a reclamação mais comum que
leva ao diagnóstico de diabetes; o tipo 1 deve ser suspeito em casos de mudanças
rápidas na visão Pacientes (geralmente os com diabetes tipo 1) podem apresentar
também cetoacidose diabética, um estado extremo de desregulação metabólica
caracterizada pelo cheiro de acetona na respiração do paciente, respiração
14
Kussmaul (uma respiração rápida e profunda), poliúria, náusea, vómito e dor
abdominal e qualquer um dos vários estados de consciência alterados (confusão,
letargia, hostilidade, mania, etc.). Na cetoacidose diabética severa, pode ocorrer o
coma (inconsciência), progredindo para a morte. De qualquer forma, a cetoacidose
diabética é uma emergência médica e requer atenção de um especialista.
(MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
4.2.2 Tratamento Diabetes tipo 1
O DM1 tem um tratamento mais exigente por se tratar de uma doença
crônica, quando não realizado adequadamente pode levar até a morte. Requerem
atividades físicas, mudanças nos hábitos alimentares, é doloroso, depende de uma
autodisciplina e utiliza insulinoterapia. (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
4.2.1.1 Exercícios físicos
A atividade física eleva a sensibilidades á insulina, é essencial no tratamento
do diabetes para manter os níveis de açúcar no sangue controlados e afastar os
riscos de ganho de peso,aumenta a capacidade do músculo de captar e oxidar
graxos livres durante os esforços Há restrição nos casos de hipoglicemia,
principalmente para os pacientes com diabetes tipo 1. Dessa forma, pessoas com a
glicemia muito baixa não devem iniciar atividade física, sob o risco de baixar ainda
mais os níveis. Por outro lado, caso o diabetes esteja descontrolado, com glicemia
muito elevada, o exercício pode causar a liberação de hormônios contrareguladores, aumentando mais ainda a glicemia. Em todos os casos, os pacientes
com diabetes devem sempre combinar com seus médicos quais são as melhores
opções. Lembrando que o ideal é privilegiar atividades físicas leves, pois quando o
gasto calórico é maior do que a reposição de nutrientes após o treino pode haver a
hipoglicemia. (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
15
4.2.1.2 Controle da dieta
O paciente com diabetes deve diminuir o consumo energético na forma de
gorduras, devem evitar os açúcares simples presentes nos doces e carboidratos
simples, como massas e pães, pois eles possuem um índice glicémico muito alto.
Quando um alimento tem o índice glicêmico baixo, ele retarda a absorção da glicose.
Mas, quando o índice é alto, esta absorção é rápida e acelera o aumento das taxas
de glicose no sangue. Os carboidratos devem constituir de 50 a 60% das calorias
totais ingeridas pela pessoa com diabetes, preferindo-se os carboidratos complexos
(castanhas, nozes, grãos integrais) que serão absorvidos mais lentamente.
(MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
No diabetes tipo 1, como o pâncreas não produz insulina, e este é um
hormônio essencial à vida, o tratamento é necessariamente com reposição de
insulina. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas. Por ser uma proteína,
ela não pode ser ingerida por via oral, pois, nesse caso, seria digerida pelas enzimas
do aparelho digestivo. (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
Para o controle adequado são necessárias tanto uma insulina de ação lenta
(controla a glicemia de jejum e entre as refeições) quanto uma insulina de ação
rápida (controla a glicemia após a refeição). (MARCONDES; VAZ; RAMOS, 2003).
4.2.1.3 Insulinoterapia
Como o pâncreas não produz insulina deve-se então repor. A insulina não
deve ser administrada por via oral, pois ela leva á destruição do estômago, e ela é
injetada na pele.
Segundo Marcondes, Vaz e Ramos (2003), existem quatro tipos ações de
insulina: insulina de ação rápida que age mais rápida, insulina ação intermediária
que começa a agir de 1 a 3 horas, insulina ação curta é comumente administrada 20
a 30 minutos antes da refeição; pode ser administrada isoladamente.e insulina ação
prolongada que longa e lenta.
16
4.3 Perfil do Portador da DM 1
A freqüência do diabetes tem aumentado rapidamente no mundo, nos últimos
anos. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde reconheceu que a doença é
epidêmica. As estatísticas apontam que o número de casos registrados em 1977,
cerca de 143 milhões, deve se multiplicar até 2025, podendo chegar aos 300
milhões. No Brasil, existem hoje 5 milhões de diabéticos. Estimativas revelam que
até 2025 serão 11,6 milhões. Alguns dos fatores que favorecem esse crescimento
alarmante de casos são o estilo de vida e o envelhecimento da população. (BRASIL,
2009).
Segundo o International Diabetes Federation, a população mundial de
diabéticos é cerca de 5.5 bilhões de pessoas, sendo que na população adulta (entre
20 e 79 anos) este número é de 3.3 bilhões. O impacto global do diabetes é
relevante. As maiores incidências ocorrem: Leste do Mediterrâneo e Oriente Médio:
17 milhões; América do Norte: 21.4 milhões, Europa: 22.5 milhões; Sudeste Asiático:
34.9 milhões e no Oeste 44 milhões. (BRASIL, 2009).
No Brasil, essa prevalência de pacientes com diabetes mellitus é de 7.6% da
população (faixa etária de 30 a 69 anos). Estes dados constam no Censo de 1989, o
único oficial do País, realizado pelo Ministério da Saúde em conjunto com a
Sociedade Brasileira de Diabetes, em nove capitais brasileiras. Desta porcentagem,
53% tinham conhecimento prévio da doença e 41% faziam uso de hipoglicemiante
oral como forma de tratamento. (BRASIL, 2009).
17
5 METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica qualitativa, feito por meio de
levantamento nos bancos de dados eletrônicos BVS, (no endereço eletrônico
http://www.scielo.org). A pesquisa constituiu-se das seguintes etapas: definição do
problema; busca e seleção dos artigos; definição das informações a serem extraídas
e a análise das mesmas; discussão e interpretação dos resultados e, por fim, a
síntese do conhecimento.
Utilizamos como palavras-chaves, previamente selecionadas e em suas
várias combinações: diabetes mellitus tipo 1; crianças; enfermagem; educação em
saúde. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados cuja temática respondesse
ao problema de investigação e que tiveram como participantes crianças portadoras
de DM1; artigos em português publicados de dezembro 1998 a agosto 2011. Na
intersecção dos descritores utilizados foram encontradas 68 referências. Desses
foram selecionados 10 artigos, porém foi excluído 01 artigo devido não estabelecer
nexo com o objetivo proposto, pois tratava de custo do tratamento do diabetes
mellitus tipo 1 dificuldades das famílias. Após esta etapa, as cópias destes 09 foram
adquiridas, e procedeu-se á leitura e discussão de seu conteúdo na íntegra, para
assegurar-se de que os mesmos contemplavam a questão norteadora e atendiam
aos critérios de inclusão.
18
6 RESULTADOS
O quadro abaixo indica os 9 artigos escolhidos através da pesquisa informada
nos critérios acima:
QUADRO 1 – Relação de artigos encontrados com a temática proposta
TÍTULO
PALAVRAS
AUTORES
CHAVES
Diabetes mellitus
Lucila Castanheira Nascimento
Diabetes mellitus tipo
tipo 1: evidências
Mariana Junco Amaral
1
da literatura para
Valéria
seu manejo
Luciana
adequado,na
Michelle Darezzo Rodrigues Nunes,
pediátrica
perspectiva de
Giselle Dupas
Autocuidado
de
Cássia
Mara
Sparapani,
Monti
Fonseca,
crianças
ANO DE
PUBLICA
ÇÃO
2011
Criança
Enfermagem
Educação em saúde
Pontos Básicos de
Silmara A. Oliveira Leite
Diabetes tipo 1;
um Programa de
Ligia Maria Zanim
Educação;
Educação ao
Paula Carolina D. Granzotto
Controle glicêmico
Paciente com
Sabrina Heupa
Diabetes Melito
Rodrigo N. Lamounier
2008
Tipo 1
Organização de um
Balduino Tschiedel
Diabetes melito tipo 1;
Serviço de
Gislaine Viss oky Cé
Assistência; Equipe;
Assistência ao
Césa r Geremia
Multidisciplinar;
Paciente com
Paula Mondad ori
Educação
Diabetes Melito
Silvana Speggiorin
Tipo 1
Marcia K. C. Puñales
Diabetes mellitus
Anna Paula P. Góes,
Criança, adolescente,
tipo 1 no contexto
Maria Rita R.Vieira
diabetes mellitus,
familiar e social.
Raphael Del Roio Liberatore Junior
assistência domiciliar.
O cuidado de
Daniele M.S.de Brito;
Diabetes Mellitus tipo
enfermagem em
Tatiane Gomes Guedes;
1
uma criança com
Janaína Fonseca Victor;
Cuidados de
diabetes mellitus
Adriana Bessa Medeiros;
Enfermagem
tipo 1:Um relato de
experiência
Criança.
2008
2007
2006
19
TÍTULO
PALAVRAS
AUTORES
CHAVES
Reflexões sobre o
Daniela Botti Marcelino
Diabetes mellitus tipo
Diabetes Tipo1 e
Maria Dalva de Barros Carvalho.
1; Educação Acerca
sua Relação com o
do diabetes; Aspectos
Emocional
emocionais;
ANO DE
PUBLICA
ÇÃO
2005
Psicoterapia de grupo
O Desafio para o
Maria Lúcia Zanetti,
controle domiciliar
Isabel Amélia Costa Mendes,
em crianças e
Kátia Prado Ribeiro
adolescentes
Criança, adolescente,
2001
Diabetes mellitus tipo
1
diabéticas tipo 1
Análise das
Maria Lúcia Zanetti,
Criança, adolescência,
dificuldades
Isabel Amélia Costa Mendes
diabetes mellitus tipo 1
Educação em
Marco Antonio Vivolo
Educação; Diabetes
Diabetes: Papel e
Odete de Oliveira
mellitus; Colônia de
Resultados das
Sandra R. G. Ferreira
férias; Monitorização;
2001
relacionadas às
atividades diárias
de crianças e
adolescentes com
diabetes mellitus
tipo 1: depoimento
de mães
Colônias de Férias
1998
Complicações
Fonte: elaborado pela autora, 2014.
Para facilitar o de entendimento dos objetivos do trabalho foi construído um
quadro a partir dos artigos mostrados no QUADRO 1, para melhor discutir os fatores
que facilitam e dificultam o manejo do diabetes.
20
QUADRO 2 – Fatores que facilitam e dificultam o manejo do diabetes
Categorias
Facilitam
Dificultam
Estado
Conhecer, enfrentar e aceitar a doença,
Desconhecer a doença, preconceito,
Emocional
valorizar as crianças; crenças e sentimentos
isolamento e você enfrentar como se
positivos.
fosse uma luta diária.
Contexto familiar
Apoio da família e amigos, apoio nas
Não participação direta dos familiares
e social
escolas,
(mãe, pai, filho), dificuldades de
relacionamento com amigos, ciúmes,
insegurança,
Participação em
Importante para educar melhor as crianças
Vergonha de ter a doença, baixa auto-
grupos de
e suas famílias quanto os principais sinais e
estima, não ter conhecimento da
orientação
sintomas da mesma, trocas de experiências,
existência de grupos.
dietas, aplicação de insulina, diminuir a
freqüência de hospitalizações por situações
agudas.
Abordagem
Apoio de profissionais: vínculo e valorização
Falta de apoio dos pais: dificuldades
Multiprofissional
de uma equipe multiprofissional. Atenção
de se relacionar com pessoas.
especial as mães, orientações e suporte.
Fonte: elaborado pela autora, 2014.
6.1 Estado Emocional: o enfrentamento da doença e valorização da criança
Quando a criança não conhece a doença e suas implicações, isso conduz ao
medo de sofrer preconceitos e ao isolamento, prejudicando o adequado manejo do
diabetes.
Segundo
Góes,
Vieira
e
Raphael
Júnior
(2007)
algumas
crianças
apresentavam revolta por estar anteriormente saudável e depois ter desenvolvido
uma doença crônica, obtendo cuidados especiais por toda a vida e que o emocional
influi na etiologia do diabetes e que o diabetes também influi no emocional desta
criança.
Apoiar-se em crenças e ter sentimentos positivos que trazem conforto
colaboram para o enfrentamento dessas questões, aliviando seu sofrimento e
melhorando sua qualidade de vida. (NASCIMENTO et al., 2011). O maior
entendimento sobre a doença, por meio da experiência durante o diagnóstico, as
internações e as respostas do próprio corpo são fatores positivos que apóiam o bom
21
controle. Além disso, a participação da criança, enquanto sujeito de pesquisas, que
proporciona um maior contato entre criança e profissionais de saúde ou
pesquisadores pode contribuir para ampliar esse o conhecimento, uma vez que
oferece oportunidades de maior interação entre eles, melhorando sua educação
quanto à doença e ao seu manejo, conseqüentemente, obtendo um melhor controle
glicêmico. (NASCIMENTO et al., 2011).
Umas das medidas que colaboram para um bom manejo da doença é: tentar não
pensar sobre a doença, conviver em harmonia, assumindo e adequando melhor ao
seu estilo de vida. Obter os cuidados necessários, como comer bem, realizar a auto
monitorização sanguínea, manter-se ativa e tomar as medicações necessárias.
Contudo, para algumas crianças, encarar o diabetes, dessa forma, torna-se uma luta
diária consigo mesma como uma constante provação (Tschiedel et AL.2008).
Brito et al. (2006) consideram que o objetivo mais importante da educação do
diabético seria fazer o paciente mudar de atitude internamente, tomando-o ativo no
controle da doença.
Ter um bom conhecimento sobre a doença facilita muito o seu manejo, o paciente
pode levar uma vida saudável e tranqüila, tentando esquecer um pouco a mesma,
realizando seus cuidados necessários para se ter uma qualidade de vida melhor.
6.2 O contexto familiar e social influenciando no controle do Diabetes Mellitus
tipo 1
O envolvimento da família, apoiando a criança desde o momento do
diagnóstico e promovendo um ambiente familiar saudável, é um fator importante
para adesão ao tratamento e controle glicêmico. (NASCIMENTO et al., 2011).
Quando os pais não apóiam, tendo um relacionamento crítico e negativo,
onde ninguém assume o papel de responsabilidade em relação ao manejo da
doença pode haver piora do controle metabólico.
Sabe-se que a família e os amigos influenciam no controle da doença quanto
ao seguimento do tratamento, da dieta e na participação em um programa regular de
exercícios. Um estudo demonstrou que pacientes com diabetes mellitus que tiveram
apoio adequado de amigos e familiares aderiram melhor às orientações de
autocuidado. Tal fato demonstra a importância da aceitação da doença pela criança
e sua família. Os irmãos mais velhos apresentaram ciúmes pelo fato de a doença
22
exigir uma atenção maior para seu controle. (GÓES; VIEIRA; RAPHAEL JÚNIOR,
2007).
É importante ressaltar que a escola é um importante fator que influencia o
adequado manejo do diabetes. Muitas das vezes as escolas não estão preparadas
para auxiliar as crianças em algumas ações de autocuidado.
Oferecer local adequado para a criança guardar os materiais necessários
para o autocuidado com fácil acesso a estes diante de uma necessidade, foi um
aspecto importante relatado pelas crianças. (NASCIMENTO et al., 2011).
A indiferença da equipe escolar em relação às condições, aos sintomas e às
dificuldades apresentadas pelo aluno com diabetes também foi relatada.
(NASCIMENTO et al., 2011).
Em relação ao despreparo dos professores diante da possibilidade de
atendimento de crianças em situações de hipoglicemia, visualizamos que a
disponibilidade de cursos de primeiros socorros nas escolas poderia ajudá-los a lidar
com estas emergências, aliviando sua tensão e medo, assim como dos seus pais.
(ZANETTI; MENDES; RIBEIRO, 2001).
Os professores diante desses alunos se sentem indefesos, incompetentes,
para poder monitorar essa crianças, fazendo com que um treinamento de uma
equipe multiprofissional seja essencial para o manejo dessas crianças.
O desenvolvimento de programas educativos que oportunizem a discussão e
a busca de soluções para essas dificuldades, entre profissionais de saúde, pais,
alunos e professores, foram apontados como estratégia importante para o manejo
da doença. (NASCIMENTO et al., 2011).
A família influencia muito no tratamento e no controle do diabetes, tornando a
vida dos pacientes melhor, para que eles tenham mais segurança sobre a doença.
O desenvolvimento de programas educativos ajuda bastante, trazendo
soluções para uma qualidade de vida melhor. (TSCHIEDEL et AL.2008).
6.3 Participação em grupos de orientações para um bom manejo do Diabetes
Mellitus tipo 1
Segundo Góes, Vieira e Raphael Júnior (2007) para conseguir um bom
controle do diabetes, é importante a educação tanto do paciente quanto da família,
23
deixando explícito que esta deve estar envolvida no tratamento tão logo tenha
passado o primeiro impacto do diagnóstico.
Zanetti e Mendes (2001) parecem concordar com Goés, Vieira e Raphael
Júnior (2007) quando afirma que as participações em grupos de orientações
facilitam para que os pais e as crianças entendam mais sobre os sinais e sintomas
da mesma.
Uma das maneiras de ajudar os pacientes diabéticos é através do trabalho de
integrar o diabético num grupo de iguais para trocarem experiências. O objetivo da
formação de grupos é a melhora e não a cura, até mesmo porque é preciso pesar a
realidade de que o diabetes mellitus é uma doença crônica e incurável. Falar sobre a
doença possibilita trabalhar as fantasias dela, trocar entre iguais, compartilhar
sentimentos, dúvidas e assim aprender a conviver melhor com ela. Os grupos
também podem ajudar na melhora a custo prazo, o controle glicêmico e atribuem
importância às intervenções psicoeducacionais com crianças e suas famílias para
resolver problemas e aumentar o apoio dos pais com relação a doença. Pesquisas
têm demonstrado a eficácia de terapia psicossocial que podem melhorar a aderência
ao regime, controle glicêmico, funcionamento psicossocial e qualidade de vida.
(NASCIMENTO et al., 2011).
Segundo Zanetti e Mendes (2001) o comprometimento dos hábitos
alimentares em termos qualitativos, antes mesmo de o filho tornar-se diabético. No
entanto, os dados parecem indicar redirecionamento da qualidade dos alimentos
consumidos pelo grupo familiar como um todo, após a confirmação do diagnóstico
do filho.
Entretanto, a reestruturação do cardápio traz alguns transtornos para os
irmãos que se sentem afetados pelas mudanças nos hábitos alimentar.
Zanetti e Mendes (2001) ainda verificou-se que as mães precisam ser mais
bem informadas e orientadas no sentido de que a alimentação do filho deve ser
fracionada em desjejum, colação, almoço, merenda, jantar e ceia, adequando assim
as refeições ao tipo e número de aplicação diária de insulina e à atividade física a
ser realizada.
Diminuir a freqüência de hospitalizações por situações agudas, já está sendo
alcançado, provavelmente fruto da atenção dispensada aos pacientes, como rápido
acesso presencial, aliado ao processo educativo constante. (TSCHIEDEL et al.,
2008).
24
Já Vivolo, Oliveira e Ferreira (1998) acredita que para diminuir a freqüência de
hospitalizações por situações agudas, promover a educação de jovens em ambiente
de lazer, mediante o convívio com equipe multiprofissional de saúde, oferece-se aos
profissionais de saúde a oportunidade de adquirir conhecimento e experiência no
manejo do Diabetes Mellitus tipo 1. Com isso pode diminuir a freqüência de
hospitalizações por situações agudas.
Em relação à aplicação de insulina, as crianças aplicavam as medicações por
si próprias, uma vez ao dia. Quando havia necessidade de novas doses de insulina
em outros horários, a aplicação era realizada, em geral, pela mãe. (GÓES; VIEIRA;
RAPHAEL JÚNIOR, 2007).
Segundo Góes, Vieira e Raphael Júnior (2007) muitas crianças estão em fase
de aprendizado quanto à aplicação da insulina, com supervisão de um responsável,
e relatavam sentir medo da dor ao realizar o procedimento.
Zanetti e Mendes (2001) investigaram quem assume a responsabilidade pela
administração de insulina, é a mãe.
Realizar grupos de orientações para poder orientar o paciente e sua família,
faz muita diferença, eles tiram suas dúvidas sobre a doença, são orientados
corretamente no que devem ou não fazer, trazendo esclarecimento e aprendizagem.
para um bom controle do diabetes.
6.4 Abordagem Multiprofissional
O envolvimento de uma equipe multiprofissional para o auxílio nas limitações
físicas, alimentares e de socialização foi lembrado pelas crianças como aspecto
importante para o adequado manejo. O profissional foi citado pela sua atuação,
valorizando e apoiando-a no ambiente hospitalar, na Unidade Básica de Saúde,
acompanhamento clínico, em programas educativos, em pesquisas e na escola. Em
todos estes casos, a atuação do profissional interfere diretamente na experiência da
criança, atenuando seus medos e anseios, atuando de forma educativa,
proporcionando o aumento do conhecimento sobre o diabetes e suas necessidades
e intensificando o autocuidado e a expressão de suas experiências, emoções e
sentimentos. (NASCIMENTO et al., 2011).
Segundo Zanetti, Mendes e Ribeiro (2001) os dados indicam a necessidade
da inclusão dos pais nos programas de educação em diabetes para crianças e
25
adolescentes, programas que devem dispensar também às mães atenção especial,
pois elas precisam de orientação e suporte para o cuidado diário do filho diabético,
principalmente quanto à administração de insulina: função que deverá ser
desempenhada pelo enfermeiro através de visitas domiciliares. Somente o
enfermeiro terá condições de desenvolver objetivos realistas, de acordo com a idade
e o nível de compreensão da criança e necessidades da família.
A atuação de um profissional da saúde interfere muito levando ate as crianças
suas experiências, diminuindo seu medo, proporcionando uma boa educação, um
bom conhecimento, orientações e um bom cuidado (ZANETTI, et al. 2001).
26
7 DISCUSSÃO
Lidar com as demandas de uma doença crônica, como o diabetes, é um
desafio contínuo para a própria criança e todos os envolvidos. Desde o momento do
diagnóstico e o início da convivência com a doença, o abalo emocional vivido pela
criança pode ser agravado pelo fato de desconhecer o que significa ter diabetes e
suas implicações para seu dia a dia. Apesar de relevantes, são escassos os estudos
que buscam a opinião das crianças e que dão importância às suas experiências.
(NASCIMENTO et al., 2011).
O desconhecimento da doença faz com que o convívio com a doença tornase mais difícil para as pessoas, abalando muito seu emocional levando a um agravo
maior da doença, (NASCIMENTO et al., 2011).
Nas intervenções de enfermagem no diagnóstico de déficit de conhecimento,
foram realizadas sessões educativas, com duração de uma hora cada, por meio de
leituras da cartilha “Diabetes Mellitus o que todos precisam saber”, foram discutidos
os sinais, os sintomas, a fisiologia, o tratamento e as complicações da doença. Além
desse recurso, eles utilizaram um álbum seriado, o qual facilitou o entendimento dos
temas abordados. (BRITO et al., 2006).
Essas cartilhas fazem que as pessoas tenham um conhecimento melhor
sobre a doença, assim tornado muito mais fácil seu manejo. (BRITO et al., 2006).
Segundo Brito et al. (2006) quanto às intervenções que envolvem a criança no
aprendizado sobre sua doença, a literatura revela que à medida que a criança
adquire um maior conhecimento sobre o conceito relacionado á doença e á
habilidade cognitiva, tornam-se mais capazes de relatar sintomas de doenças com
precisão, concordar com regime de tratamento prescrito, adaptar-se á doença e
tomar decisões esclarecidas sobre medidas de saúde preventiva.
Quando já conhece a doença torna-se mais fácil o convívio e assim adaptar
ás mudança no seu estilo de vida.
A família e os amigos da criança também devem ser incorporados no plano
de cuidados e orientação. Estudos apontam que, nas famílias onde há um ambiente
de conflito e envolvimento deficiente com respeito às questões do diabetes, há baixa
adesão ao tratamento, autocuidado inapropriado, controle metabólico e dificuldades
na transferência das habilidades do cuidado dos pais para os filhos.
27
Os amigos são para as crianças importantes fontes de apoio e personagens que
interferem no adequado manejo da doença. Dessa forma, intervenções que incluam
os amigos e colegas de classe podem ser complementares àquelas direcionadas à
família. O envolvimento dos amigos, dos pais e da família estendida reforça o apoio
necessário para fortalecer o manejo, promove o aumento da autoconfiança da
criança e o entendimento da importância de seguir o tratamento adequado, todos
esses
fatores
são
essenciais
para
o
desenvolvimento
do
autocuidado.
(NASCIMENTO et al., 2011).
Já Góes, Vieira e Raphael Júnior (2007) acreditam que, a partir do momento
em que a família começa a conviver com a criança doente e se envolver com os
cuidados diários, os sentimentos de medo, negação e desespero acabam sendo
transformados em aceitação.
O apoio de familiares, amigos, pais influencia muito para um bom controle sobre a
doença, dando a elas mais segurança, para que elas tenham forças suficientes para
poder lidar com tudo isso. (GÓES et al. 2007).
Os estudos analisados indicaram que os jovens se esforçam para encontrar
caminhos para a execução do autocuidado e para adequar suas necessidades à
escola, na tentativa de limitar o impacto da sua condição sobre as atividades
escolares. (NASCIMENTO et al., 2011).
Com isso a escola pode influenciar de forma positiva ou negativa a sua
experiência com a doença. (NASCIMENTO et al., 2011).
Segundo Leite (2008) alguns aspectos são importantes para o cuidado do
diabetes no cenário escolar, cuidados e orientações para a criança com diabetes na
escola: a escola deverá ter informação sobre o diabetes quanto á, sinais, sintomas e
causas sobre hipoglicemia, prescrever planos de cuidado que contenha quem
realizará, local onde ficará o material se precisar, e as instruções sobre como poderá
ser feito o tratamento. Instruir e apontar uma pessoa responsável pela administração
de medicamentos. Proporcionar mudança na rotina escolar quando houver viagens
ou festas, por exemplo, os pais devem ser avisados para providenciar o cuidado
necessário. Plano alimentar: a revisão de um programa básico de alimentos e
refeições, devendo-se instruir a criança sobre as escolhas alimentares mais
adequadas nas festas e lanches escolares. Instruções sobre a contagem de
carboidratos para calcular eventuais doses de insulina nos lanches e nas refeições.
28
A escola é um dos principais equipamentos para o desenvolvimento do
autocuidado, sendo fundamental para a criança se desenvolver, criar e fortalecer
vínculos, pois é onde ela passa maior parte do dia.(LEITE 2008).
Para Nascimento et al. (2007) é importante que um familiar participe, pois
poderá ajudar a assumir os cuidados com o paciente quando esse adoecer ou ficar
incapacitado. Acredita-se que, a partir do momento em que a família começa a
conviver com a criança doente e se envolver com os cuidados diários, os
sentimentos de medo, negação e desespero acabam sendo transformados em
aceitação.
A família deve participar dos cuidados do paciente, isso levará ate eles mais
segurança, diminuindo seu medo, e fazendo com que eles aceitam melhor tudo isso.
Em relação à terapia medicamentosa, é importante haver o estímulo à autoaplicação de insulina e, para tal, não se deve levar em conta apenas a idade da
criança. Deve-se analisar também o conhecimento da criança sobre a doença, o
desenvolvimento cognitivo, o desempenho apresentado no controle de atividades
relacionadas ao diabetes e o ambiente familiar para decidir como e quando transferir
esta responsabilidade para a criança. Diante disso, é válido inferir a importância de
um maior incentivo à auto-aplicação de insulina. (GÓES; VIEIRA; RAPHAEL
JÚNIOR, 2007).
A aplicação de insulina é muito importante para uma boa qualidade de vida
dos pacientes, devemos orientar sobre a importância da mesma e incentivá-los a
auto- aplicação.
Já Zanetti, Mendes e Ribeiro (2001) em relação à atuação das mães frente à
doença crônica dos filhos. Eles mostram que a responsabilidade das mães na
administração de insulina é maior devido à sua participação no cuidado diário dos
filhos, pois são as mães que os levam à consulta médica; que, freqüentemente,
fazem as anotações referentes à dieta, aos testes de urina, a episódios de
hipoglicemia, além de os acompanharem aos grupos de educação em diabetes.
Partilhamos também da compreensão de que os problemas com os filhos são mais
sentidos pelas mães do que pelos pais, as quais vivenciam mais a doença e os seus
efeitos sobre os outros membros da família.
Para poder diminuir a hospitalização das crianças por situações agudas foi
implantado o Instituto da Criança com Diabetes, uma organização nãogovernamental que atende pacientes com DM1 na infância.
29
Os pacientes são atendidos por uma equipe interdisciplinar (médicos:
endocrinologista, pediatra, oftalmologista, nefrologista, cirurgião e ginecologista;
enfermeiro, nutricionista, psicólogo, assistente social, dentista e educador físico),
têm direito a consultas mensais, bimestrais ou trimestrais e/ou atendimento e
acompanhamento em hospital-dia, de acordo com os protocolos próprios de
acompanhamento e o atendimento aos pacientes com diabetes, visando a atingir as
metas de tratamento intensivo. (TSCHIEDEL et al., 2008).
O profissional de saúde também foi lembrado pelas crianças como importante
fonte de apoio para o adequado manejo da doença. Torna-se, portanto,
indispensável o acompanhamento multidisciplinar a estes jovens, nas várias fases
de seu crescimento e desenvolvimento. (NASCIMENTO et al., 2011).
Dentro da equipe multiprofissional, o enfermeiro é responsável pelo
desenvolvimento de programas de treinamento relativos ao cuidado domiciliar da
pessoa diabética, incluída a técnica de auto-aplicação de insulina. (ZANETTI;
MENDES; RIBEIRO, 2001).
Pessoas treinadas podem ser inseridas na comunidade para serem aliadas no
suporte dos portadores de diabetes, pois promove educação de maneira mais
próxima, o que torna o aprendizado mais efetivo. Isso inclui visitas domiciliares,
auxílio na execução dos cuidados com a insulina, incentivo contínuo ao autocontrole
e, ainda, contatos telefônicos. Grupos de encontros regulares para realização de
atividades físicas, preparo de pratos e troca de experiências são bons métodos e
podem ser viáveis com a colaboração de outros profissionais da saúde.
Segundo Brito et al. (2006) para administrar os cuidados que uma doença
crônica exige, tal como diabetes em crianças, necessita-se de uma abordagem para
o cuidado, através de uma equipe multiprofissional tendo a criança e a família como
foco central deste cuidado.
Uma equipe multiprofissional tem um papel importante na vida dos pacientes,
pois trazem mais segurança para eles. Uma boa educação e um bom conhecimento.
Também foi criado o NASF (Núcleo de Apoio á Saúde da Família) foi criado
pelo Ministério da Saúde em 2008, com o objetivo de apoiar a consolidação da
Atenção Básica no Brasil, ampliando sua abrangência e resolubilidade. “São equipes
multiprofissionais que devem trabalhar de forma integrada às equipes Saúde da
Família, apoiando-as e compartilhando saberes”. (BRASIL, 2009, p. 07).
30
31
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que, conhecer a doença, o autocuidado, o cotidiano escolar o
apoio da família, de amigos e dos profissionais de saúde influência muito de forma
negativa ou positiva, no manejo do DM1.
Podemos visualizar, também, que é muito importante o trabalho em grupos
para o pacientes, pois compartilham sentimentos entre iguais e tiram suas dúvidas
sobre a doença, para aceitar e ter uma qualidade de vida melhor.
O estudo nós possibilitou compreender fatores que facilitam e dificultam o
manejo do diabetes para tornar mais fácil seu convívio.
Neste contexto, deparamo-nos com a necessidade de formação e
capacitação de equipes multiprofissionais especializadas para atenderem ás
crianças, familiares e amigos, ampliando grupos de educação em diabetes para
também poder esta realizando trabalhos domiciliares e escolares.
Diante disso, podemos constatar que, a educação em saúde é uma das
melhor maneiras de conscientizar a pessoa com DM1 na importância de realizar os
cuidados necessários e seus hábitos diários.
Após este estudo identificou-se e atualizou a importância do papel do
enfermeiro, não só no tratamento, mas também na orientação, acompanhamento e
acolhimento ao DM1, possibilitando o profissional realizar uma assistência de
qualidade melhor.
Podemos considerar também a importância do NASF, pois realizam um apoio
sobre as equipes de saúde família, para que haja um maior suporte e uma melhor
assistência aos usuários.
32
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