oftalmologia olhos bem cuidados no verão Q uase todas as pessoas se preocupam com a pele quando chega o verão e existe maior exposição ao sol e a temperaturas elevadas. Mas, a maioria dr Osmar Gaiotto Junior - médico oftalmologista com especialização na Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da USP São Paulo - título de especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e pela Associação Médica Brasileira - mestre e doutor pela Unicamp DRj Com a chegada do final de ano, das férias, e do verão a pele e o corpo ganham atenção especial. Os olhos também precisam de cuidados específicos? dr Osmar As pessoas naturalmente ficam com mais freqüência e intensidade em contato com claridade excessiva, sol, cloro, ar condicionado e areia, que são importantes agentes irritantes dos olhos e que podem causar problemas, que seguramente podem ser evitados se alguns cuidados básicos forem tomados. No verão, a incidência de conjuntivites, alergias e irritações oculares causadas pelo cloro, protetores solares e bronzeadores é bem maior do que nos demais meses do ano. A ceratite actínica é um exemplo típico de evento que ocorre com maior intensidade nesta época, e é causada por lesão da córnea, que provoca sensação de desconforto, sensação de presença de corpo estranho, porém sem secreção, além de provocar vermelhidão. É causada pela exposição dos olhos aos raios ultravioletas. DRj É possível evitar os efeitos dos raios ultravioletas sobre os olhos? dr Osmar Para evitar os efeitos causados pelos raios ultravioletas (UV), nos olhos, recomenda-se o uso de óculos escuros com lentes adequadas (com filtro ultravioleta) e de procedência (verificar se tem selo de qualidade), que bloqueiem pelo menos 99% da radiação ultravioleta . Além disso, quando for o caso de exposição prolongada ao sol, os cuidados com os olhos para o verão devem contemplar também a pele, com uso de sabonete neutro, protetor solar, creme hidratante para a noite e colírio de lágrima artificial (para o caso de ardor nos olhos), além de evitar o sol entre 10h Dr. Jornal esquece dos olhos e do quanto eles podem ser vulneráveis ao que nos chega com o verão. O médico oftalmologista dr. Osmar Antonio Gaiotto Júnior fala dos cuidados indispensáveis que todos devemos adotar. Acompanhe a entrevista: e 16h. Também é eficiente o uso de viseiras e outros tipos de proteção (bonés, chapéus, etc). DRj Existe alguma relação entre conjuntivites e o verão? dr Osmar Elas incidem mais nesse período. As conjuntivites dividem-se basicamente em infecciosas e não-infecciosas. As infecciosas podem ser virais, bacterianas ou fúngicas e as não-infecciosas podem ser alérgicas, químicas ou tóxicas. A conjuntivite infecciosa pode ser causada por vírus ou bactérias, levando a quadros diferentes, que requerem tratamentos também distintos. DRj Quais os sintomas da conjuntivite? dr Osmar Os sintomas são: presença de olhos vermelhos e lacrimejantes, dor persistente, sensação de que há areia nos olhos, dor ao olhar para a luz e pálpebras inchadas. No caso das bacterianas, há uma grande produção de secreção amarelada e, pela manhã, a pessoa acorda com as pálpebras ‘grudadas‘. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de objetos contaminados (toalhas, travesseiros, lenços) e dissemina-se rapidamente em ambientes como escolas ou creches. DRj Qual é o tratamento para as conjuntivites bacterianas? dr Osmar É feito com o uso de colírios de antibiótico. No caso das viróticas, o tratamento consiste basicamente na uso de lubrificantes e, em ambas, devem ser enfatizados os cuidados com a higiene tanto ocular (limpeza de secreções com soluções adequadas), bem como a lavagem freqüente das mãos e cuidados com toalhas, utensílios e objetos pessoais. Evitar cocar os olhos, usar lenços descartáveis, travesseiros 6 e toalhas individuais. É sempre importante e recomendável a avaliação e prescrição médicas adequadas, evitando-se também a automedicação, que pode levar a eventuais e sérias complicações . Só para exemplificar, a ceratite herpética (causada pelo herpes vírus) pode ser erroneamente confundida com conjuntivite, até por que ao exame externo dos olhos ambas podem ter as mesmas características, e inadequadamente serem tratadas com colírio com associação de corticóide e antibiótico (o corticóide é contraindicado para o vírus) causando agravamento, ulcera de córnea e até mesmo perda da visão. DRj E quem usa lentes de contato? dr Osmar Para quem usa lentes de contato, os cuidados devem ser redobrados. Além de não abrir os olhos debaixo d’água — recomendação que vale para todos —, os usuários de lentes devem utilizar também óculos de sol para evitar a entrada de ciscos e areia nos olhos. Outro cuidado diz respeito ao manuseio das lentes. Nunca se deve lavá-las com água de torneira, apenas com produtos adequados. Além disso, lavar bem as mãos com sabonete neutro antes de manipula-las a fim de não deixar que as lentes entrem em contato com detritos ou substâncias gordurosas, além de manter o estojo das lentes sempre limpo. Se estiver com suspeita de conjuntivite e ou corpo estranho nos olhos, deve-se retirar a lentes dos olhos e assim que possível procurar assistência oftalmológica dr. Jacob Bergamin Filho lança livros na Casa do Médico O médico pediatra dr. Jacob Bergamin Filho reuniu amigos e pacientes no dia 3 de dezembro, na Casa do Médico para o lançamento dos livros “A Velhice do Recém Nascido”, “Erros e Acertos em Alimentação Infantil” e “A Conexão Pré-Natal”. DRj No caso de contato dos olhos com substâncias químicas ou tóxicas, o que se deve fazer? dr Osmar O aconselhável é lavar bem os olhos com soro fisiológico, e na falta deste, água filtrada. Além disso, é importante a consulta ao oftalmologista para a indicação de colírios ou tratamentos adequados, para impedir a progressão de eventuais lesões à córnea. DRj Além da conjuntivite, que outros problemas oculares preocupam no verão? dr Osmar A alergia ocular, principalmente nas crianças, durante o verão tem maior incidência. A alergia ocular, ou conjuntivite alérgica, cresce no verão pelo uso de hidratantes, filtro solar além do cloro e produtos químicos para piscinas. A sua característica principal é o prurido (coceira nos olhos) e a vermelhidão ocular, sendo recomendável além da identificação da substância que está causando a alergia, avaliação e prescrição médica adequada, para evitar complicações oculares futuras. DRj Outras considerações dr Osmar Outra preocupação importante nas férias é a possibilidade de ferimentos oculares em crianças. Estudo realizado no Pronto Socorro Oftalmológico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, em 2001, por Matayoshi e colaboradores revelou que a maior parte dos ferimentos perfurantes oculares (36,1% dos casos) foi no ambiente doméstico, maior até que os em ambientes profissionais e acidentes de trânsito. Por isso, todo cuidado é pouco com objetos pontiagudos em casa (tesouras, lápis, canetas, canivetes, pinças) especialmente na presença das crianças. Thais Azzi Bergamin, Jacob, Enrico Angelo Azzi Bergamin e Leandro Azzi Ometto dr. Renato Françoso Filho, drª Danielle Chioquette Alves e dr. Adalberto José Fonseca Zanello dr. Jacob Bergamin Filho assina o livro ao lado do dr. José Mário Angeli, dr. Osmar Mendonça, João Augusto Martini, dr. José Angelini, dr. Jorge Silva 7 janeiro 2009