Área: CV ( ) CHSA ( x ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] GADAMER E O CONCEITO DE RAZÃO HERMENÊUTICA Medianeira da Silva Carvalho (bolsista do PIBIC/UFPI), Gustavo Silvano Batista ( Orientador, departamento de Pedagogia- CSHNB); INTRODUÇÃO: O plano de trabalho prevê investigação acerca da forma como Gadamer define, caracteriza e insere o conceito de razão hermenêutica em seus escritos. Assim, a partir da leitura e estudo das obras. O problema da Consciência Histórica. A Razão na Época da Ciência e partes de Verdade e Método, sua principal obra serão analisados os principais traços desta noção de razão hermenêutica e sua importância para o pensamento filosófico atual. METODOLOGIA: A pesquisa é conceitual e bibliográfica, realizando-se também outras leituras de textos auxiliares, que contribuam para o esclarecimento da questão. Foram realizadas reuniões periódicas com o orientador, onde se travaram debates e discussões. preparados fichamentos, resumos e análises teóricas dos textos e artigos lidos. Na obra Verdade e Método buscou-se elementos fundamentais que pudessem trazer á superfície os conceitos de razão hermenêutica e que permitissem compreender a hermenêutica filosófica, de Hans-Georg Gadamer. Esse desafio se justifica mediante a possibilidade de construir uma ponte entre os conceitos filosóficos e a educação, de forma que seja possível contribuir na reflexão sobre a fundamentação dos modelos educacionais e a formação. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo Gadamer, o problema do método está relacionado ao fato de, a partir do século XIX se utilizar os mesmos métodos das ciências naturais na busca da compreensão dos fenômenos humanos, sociais e morais, já que estes fenômenos não podem ser compreendidos na sua totalidade a partir da mensuração dos fatos comprováveis, pois estão sujeitos a acontecimentos não compreensíveis/explicáveis pelas ciências positivistas. No entanto a autorreflexão lógica das ciências do espírito foi totalmente dominada pelo modelo das ciências da natureza e foi disseminada pela obra de John St. Mill, que levantou a possibilidade de aplicar a lógica indutiva às ciências morais, o que não se tratava de reconhecer uma lógica própria nas ciências do espírito, mas como fez Hume de encontrar uma uniformidade, regularidade e legalidade que pudessem tornar previsíveis os fenômenos e processos individuais. Já no livro A razão na época da ciência, Gadamer trata de conceitos como práxis e as condições da razão social e da hermenêutica como filosofia prática. No texto o que é praxis? as condições da razão social , o autor afirma que embora a práxis seja comumente definida na atualidade por oposição à teoria, segundo o texto, práxis é comportar-se e atuar com solidariedade Gadamer questiona: “se práxis é então a aplicação da ciência o que é a ciência desta perspectiva? Que movimento próprio da ciência moderna conduziu a práxis a se converter numa aplicação irresponsável da ciência?” (GADAMER, 1983, p. 41). Na atualidade a ciência deixou de ser a soma do saber e daquilo que é digno de ser sabido, ou seja, deixou de utilizar todo o conhecimento primário, o senso comum adquirido que é familiar ao homem e tornou-se um caminho para adentrar um âmbito ainda não investigado e não dominado, se convertendo em um conhecimento de contextos domináveis através da investigação isolada. Nessa conjuntura a ciência torna-se técnica e pode criar realidades artificialmente pensadas e definidas pelo homem. Numa situação onde a técnica deveria servir ao homem, vê-se uma progressão de acontecimentos onde a técnica se sobrepõe ao seu criador e este aos poucos se torna seu objeto e como tal serve à técnica, tornando-se mera ferramenta em um mundo onde nos vemos cercados de aparatos tecnológicos e ofertas de condições modernas de existência. Para se chegar a uma compreensão da razão prática faz-se necessário compreender o modo de agir do homem no mundo, a partir da sua racionalidade e das suas necessidades reais ou utópicas. Observando-se como o homem lida com a vida, com o trabalho, com morte e com a sua própria condição de existência. É possível observar ai a práxis humana. A hermenêutica é filosofia e filosofia é práxis, segundo Gadamer (1983), no entanto, “esta ideia se realiza na perspectiva de que a condição humana se realiza na prática. Nessa direção tomase o conceito de práxis como definiu Ritter “ práxis é a forma de comportamento dos seres vivos. Em sua mais ampla generalidade. Está situada entre a atividade e a condição de estar em uma situação ou estado” (GADAMER, 1983, p. 59). Portanto práxis no sentido aristotélico está definida entre a delimitação que existe entre o saber prático de quem escolhe livremente e a capacidade apreendida do especialista, é portanto “techné”, no sentido de que techné é uma habilidade aprendida. Não está ligada no entanto ás artes artesanais, mas ao despertar da consciência do homem, na sua prohairesis(capacidade de livre escolha), seja como formação das atitudes básicas humanas ou seja como inteligência da reflexão ou da busca de conselho que conduz a sua atuação no mundo. A filosofia prática precisa responder pelo ponto de vista, deve possibilitar o bem. Esse modelo de ciência é fruto da práxis e deve se voltar para a práxis. Assim para Gadamer (1983), como a filosofia é uma ciência, e não no sentido restrito do especialista da techné o qual se ocupa de uma capacidade ou habilidade, mas no sentido de um saber geral que pode ser ensinado e aprendido visando o bem. A hermenêutica também deve ter este mesmo fim como teoria da interpretação, ela deve de modo imediato promover a práxis como fruto da reflexão a cerca das possibilidades, regras e meios de interpretar. Na obra O problema da consciência histórica Gadamer procura coloca que “Entendemos por consciência histórica o privilégio do homem moderno de ter plena consciência da historicidade de todo presente e da relatividade de toda opinião” (GADAMER, 1998, p.17). Essa tomada de consciência permeia toda a ação dos homens, principalmente nas atividades intelectuais de forma que começamos a nos colocar no lugar do outro. E esse modo de reflexão, segundo Gadamer, pode ser chamado, também, de senso histórico.Assim o autor afirma que a consciência moderna assume uma posição reflexiva, portanto, com relação ao que lhe é transmitida pela tradição. “Esse comportamento reflexivo diante da tradição chama-se interpretação” (GADAMER, 1998, p.1819). E a primeira pressuposição dela é o “estranhamento” daquilo que se quer compreender. O que é prontamente evidente não requer uma interpretação, segundo Gadamer. Apenas aquilo que nos é estranho precisa ser interpretado, para ser compreendido. Retomando a ideia de que temos consciência histórica, expõe o autor: “O diálogo que travamos com o passado nos coloca diante de uma situação fundamentalmente diferente da nossa – uma situação ‘ de estranhamento’, diríamos que consequentemente e exige de nós um procedimento interpretativo” (GADAMER, 1998, p.19-20). CONCLUSÃO: Em Verdade e método Gadamer faz uma discussão em torno do problema hermenêutico, mostrando o que acontece quando se compreende: como a compreensão se dá por meio da interpretação – uma conversação entre a tradição e o intérprete –, e esta utiliza as précompreensões do intérprete, a historicidade da compreensão revela, de um lado, os aspectos linguísticos da compreensão, e de outro, a impossibilidade de uma interpretação objetiva. Gadamer não pensa a hermenêutica como um método capaz de validar interpretações, mas sim como uma filosofia, que mostra que tanto a compreensão quanto a linguagem são fatores transcendentais inerentes ao homem. Palavras-chave: Hermenêutica. Razão. Gadamer. APOIO: CNPQ. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GADAMER, Hans-Georg. A Razão na Época da Ciência. Trad. de Ângela Dias. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1983. ______ O Problema da Consciência Histórica. Trad. de Paulo Cesar Duque-Estrada. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1998. ______ Verdade e Método I.. 14 ed. Trad. de Flávio Paulo Meurer, nova revisão de Enio Paulo Giachini e Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2014.