Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _1 Behaviorismo uma corrente experimentalista do comportamento Ana Rita Marques Patrícia Castanheira Sofia Tavares Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _2 Nomes: Ana Rita Marques, nº2 Patrícia Castanheira, nº12 Sofia Tavares, nº2 Turmas: 12º1/12º3 Disciplina: Psicologia B Professor: Agostinho Franklin Escola: Colégio de São Teotónio Data: Outubro de 2009 Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _3 Índice Friso Cronológico 4 Behaviorismo 6 Behaviorismo Clássico 9 Behaviorismo Metodológico 15 Behaviorismo Radical 18 Neobehaviorismo 21 Textos 22 Vídeos 34 Glossário 34 Exercícios 35 Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _4 _ Friso Cronológico 1849 1936 Ivan Pavlov 1878 1958 John watson Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _5 _ 1886 1959 Edward Tolman 1884 1952 Clark Hull 1904 1990 Burrhus Skinner Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _6 Behaviorismo No início da década de 1900, as ideias de Wundt dominaram a psicologia. O termo inglês “behavior” significa comportamento. A palavra behaviorismo passou a significar comportamentalismo, teoria comportamental ou ainda análise experimental do comportamento. Behaviorismo é pois a psicologia do comportamento, uma doutrina iniciada por Watson (1878 - 1958) que ele definiu como sendo “Um ramo experimental e puramente objectivo da ciência natural” e que surgiu nos Estados Unidos da América em 1913. Segundo esta teoria, o objecto da psicologia era exclusivamente limitado aos dados observáveis do comportamento exterior. Assim, com o Behaviorismo, a psicologia deixa de ser o estudo da vida mental e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos factos conscientes, em que o comportamento é o objecto de estudo da psicologia no seu aspecto observável e mensurável, uma vez que pode ser reproduzido em diferentes condições. O behaviorismo desenvolve-se como reacção à introspecção e à Psicanálise, ou seja, contra os métodos e suposições gratuitas da psicologia funcional, que tentavam lidar com o funcionamento interior e não observável da mente. A sua origem é consequência de experiências cuidadosamente efectuadas em animais, com estrita garantia científica, promovidas por John B. Watson e expostas no seu livro Psichology from the Standpoint of a Behaviorist (1919). Recebeu novo impulso com as experiências de Pavlov (1849 - 1936) sobre os reflexos condicionados dos cães (condicionamento clássico, que diz respeito às relações entre estímulos e respostas). Um estímulo, o ruído de Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _7 uma campainha, que primeiramente não excitava a produção salivar no animal, foi repetidamente ensaiado com o fornecimento de alimentos; depois de um certo número de ensaios, o cão respondia ao tilintar da campainha com intensa produção de saliva, mesmo que tal som não fosse seguido de uma toma de alimentos. Este tipo de aprendizagem denominase, classicamente, por condicionamento. Mais tarde impôs-se o condicionalismo instrumental. Por outro lado, as experiências de Skinner (o mais importante Behaviorista a seguir a Watson) pertenceram ao condicionamento operante que consistia num mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até condicionado. ele A ficar linha estudo deste ficou conhecida de Behaviorista como Behaviorismo radical e, oposta à sua corrente, Behaviorismo ficou o metodológico. Enquanto que a principal preocupação dos outros Behavioristas era os métodos das ciências naturais, a de Skinner era a explicação científica definindo como prioridade para a ciência do comportamento o desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem explicações verdadeiramente científicas. Idealizou uma jaula em que o animal para conseguir alimento aprendia a desviar uma barra. Este condicionamento serviu de modelo aos behavioristas para estudar as variações do processo de aprendizagem. Ao behaviorista interessa, sobretudo, o estímulo e a resposta. Aplica a sua atenção sobretudo ao estudo das forças exteriores que actuam sobre o animal, e à observação das relações entre este e aquelas. Deste modo, podem prever-se as reacções do animal, dirigindo os factores externos. É assim que os behavioristas diminuem a importância da observação empírica e dos métodos objectivos, verificando que a consciência e a experiência não são factos sujeitos à observação, ou que possam ser submetidos ao regime experimental. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _8 J.B.Watson é considerado o autor do Behaviorismo, mas é importante referir que Watson foi, na verdade, o porta-voz dessa abordagem, devendo ser lembrado que antes de Watson, dois pesquisadores deram os primeiros passos: o americano E. L. Thorndike (1874 - 1949) e o russo Ivan Pavlov (1849 - 1936). O sentido de Behaviorismo foi sendo modificado ao longo do tempo e hoje já não se entende o comportamento como uma acção isolada do sujeito, mas sim como uma interacção entre o ambiente (onde o “fazer” acontece) e o sujeito (aquele que “faz”), passando o Behaviorismo a dedicar-se ao estudo das interacções entre o sujeito e o ambiente, e às acções desse sujeito (respostas) e ambiente (estímulos). O behaviorismo aplica-se a várias áreas, sendo a principal área, a educação. É através de métodos de ensino programado, que se pretendia garantir a aprendizagem através do condicionamento operante, ou seja, numa relação de estímulo-resposta. Foi ainda influenciado por estudos comportamentais em vários campos da ciência, como a antropologia, a psicologia e a sociologia. Ao longo do tempo, com esta teoria da psicologia do comportamento, foram surgindo alguns tipos de behaviorismo como é exemplo: o behaviorismo clássico, behaviorismo metodológico, neobehaviorismo e o behaviorismo radical. Principais Behavioristas: • Ivan Pavlov; • Clark Hull; • Skinner; • Conwy Morgan; • J.R.Kantor; • John Watson; • Joseph Wolpe; • Albert Bandura; • Edward Tolman. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _9 Behaviorismo Clássico O Behaviorismo Clássico (também conhecido como Behaviorismo Watsoniano) apresenta a Psicologia como um ramo puramente objectivo e experimental das ciências naturais. Sendo que a finalidade da Psicologia seria, então, prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo. John Watson, psicólogo americano, desenvolveu a proposta de abandonar, ao menos provisoriamente, o estudo dos processos mentais, como o pensamento ou os sentimentos, mudando assim o foco da Psicologia para o comportamento observável, concreto. Para Watson, a pesquisa dos processos mentais era muito pouco produtiva, de modo que seria conveniente concentrar-se comportamento. Assim, o naquilo que é comportamento objectivo, seria observável, qualquer o mudança observada, num organismo, que fosse consequência de um estímulo ambiental anterior, especialmente alterações nos sistemas glandular e motor. Por esta ênfase no movimento muscular, alguns autores referem-se ao Behaviorismo Clássico como Psicologia da Contracção Muscular. O Behaviorismo Clássico partia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma pavloviano de estímulo e resposta conhecido como condicionamento clássico. Ou seja, para o Behaviorista Clássico, um comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico. Porém, esta proposta viria a ser superada por comportamentalistas posteriores. Ocorre referirem-se ao Comportamentalismo Clássico como Psicologia S-R (sendo S-R a sigla de Stimulus-Response (estímulo - resposta), em inglês). Watson era um defensor da importância do meio na construção e no desenvolvimento dos indivíduos. Ele acreditava que todos os comportamentos eram consequência da influência do meio onde estavam inseridos, a ponto de afirmar que, dado algumas crianças recém-nascidas arbitrárias e um ambiente totalmente controlado, seria possível determinar qual a profissão e o carácter de cada uma delas. Embora não tenha executado alguma experiência do tipo, por razões óbvias, Watson executou a clássica e controvertida experiência do Little Albert*, demonstrando o condicionamento dos sentimentos humanos através do condicionamento responsivo. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _10 Em 1920, John Watson e a sua assistente desenvolveram Rosalie Rayner's, um estudo experimental que assentava em três questões-base: 1. Uma criança pode ser condicionada a ter medo de um animal, ao mesmo tempo hque este emite um som alto? 2. Será que esse medo é transferido para outros animais e/ou objectos inanimados? 3. Qual é o tempo que esses medos persistem? Watson e Rayner escolheram o Albert B., de um hospital, para desenvolverem este estudo, durante cerca de nove meses. Anteriormente ao início da experiência, o Pequeno Albert foi sujeito a uma série de testes de base emocional, ao qual foi exposto, pela primeira vez, a um rato branco, um coelho, um cão, um macaco, a máscaras com e sem cabelo, etc. Durante este procedimento, o Pequeno Albert não demonstrou receio/medo em relação a qualquer um destes itens. Os testes do condicionamento do Pequeno Albert só foram realizados dois meses mais tarde. A experiência começou quando colocaram Albert num colchão, em cima de uma mesa, no meio de uma sala. De seguida colocaram um rato branco de laboratório, próximo de Albert, e ele foi autorizado a brincar com o rato. Neste ponto, a criança não mostrou medo do rato. Começou a chegar perto do rato, que se deslocava em torno dele. Depois, watson e Rayner provocaram um som alto, nas costas de Albert, batendo numa barra de aço suspenso, com um martelo, ao mesmo tempo em que o bebé tocava no rato. Como era de esperar, ao ouvir o barulho, Albert mostrava medo, acabando mesmo por chorar. Após várias tentativas com os dois estímulos, foi novamente colocado, apenas o rato diante de Albert. Desta vez, Albert demonstrou emoções de aflição e pânico, começando a chorar e a tentar afastar-se do rato. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _11 Aparentemente, o menino tinha associado o rato branco (estímulo original neutro, agora estímulo condicionado) ao barulho (estímulo incondicionado) e estava a produzir uma resposta emocional de medo e/ou de chorar (originalmente a resposta incondicionada ao ruído, agora, a resposta condicionada para o rato). Estas experiências levaram a concluir que: • A introdução de um som alto (estímulo incondicionado) resultou numa sensação de medo (resposta incondicionada), uma resposta natural. • A introdução de um rato (estímulo neutro) emparelhado com o som alto (estímulo incondicionado) resultou numa sensação de medo (resposta incondicionada). • Introduções sucessivas de um rato (estímulo condicionado) resultou numa sensação de medo (resposta condicionada). Aqui, a aprendizagem ocorre. O que foi problemático sobre esta experiência foi que, o Pequeno Albert pareceu generalizar a sua resposta de modo a que, quando Watson colocou diante dele um coelho (não branco), dezassete dias depois da experiência original, Albert também ficou aflito. Ele most1rou reacções semelhantes quando lhe era apresentado um cachorro peludo, um casaco de pele, e mesmo quando Watson apareceu em frente dele utilizando uma máscara de Pai Natal, com bolas de algodão branco (como a barba), apesar de antigamente, este não ter medo. Pouco depois da série de experiências que foram realizadas, Albert foi retirado do hospital e, portanto, todos os testes foram interrompidos por um período de trinta e um dias. Watson queria insensibilizá-lo para ver se um estímulo condicionado poderia ser removido, mas sabia desde o início do estudo que não haveria muito tempo. No entanto, Albert deixou o hospital no dia em que os últimos testes foram feitos, e nunca ocorreu a insensibilização, portanto, a oportunidade de desenvolver uma técnica 1 Mais pormenores em: http//www.sussex.ac.uk/psychology/documents/harris_-1979.pdf Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _12 experimental para a remoção do Conditioned Emotional Response foi negado. Nada se sabe da restante vida de Albert1. É importante notar que Watson em momento algum nega a existência de processos mentais. Para Watson, o problema no uso destes conceitos não é tanto o conceito em si, mas a inviabilidade de, à época, poder analisar os processos mentais de maneira objectiva. De facto, Watson não propôs que os processos mentais não existissem, mas sim que o seu estudo fosse abandonado, mesmo que provisoriamente, em favor do estudo do comportamento observável dos indivíduos. A experiência que elucidou a existência do condicionamento clássico envolveu a salivação condicionada dos cães do fisiólogo russo Ivan Pavlov2. Num estudo sobre a acção de enzimas no estômago dos animais (que lhe dera um Prémio Nobel), interessou-se pela salivação que surgia nos cães sem a presença da comida. Pavlov queria elucidar como eram adquiridos os reflexos condicionados. Os cães salivam naturalmente por comida; assim, Pavlov chamou à correlação entre o estímulo incondicionado (comida) e a resposta incondicionada (salivação) de reflexo incondicionado. Por outro lado quando um estímulo não provoca qualquer tipo de resposta, designa-se por estimulo neutro (som da campainha). A experiência de Pavlov consistiu em associar um estímulo não condicionado (comida) com a apresentação estímulo uma 2 neutro de um (som de campainha). Ivan Pavlov, fisiologista e médico russo, criador da Teoria Dos Reflexos Condicionados. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _13 _ Após a repetição desta associação de estímulos verificou--se que o cão aprendeu a salivar perante o estímulo que antes não provocava qualquer resposta (neutro) eutro) mesmo na ausência do estímulo estímulo incondicionado (comida). Assim, este comportamento seria denominado de resposta condicionada (aprendida). 1. Som m da campainha (E. neutro)→ neutro) Ausência usência de resposta; 2. Comida (E. incondicionado) → Salivação (R. incondicionada); (reflexo Incondicionado) 3. Som da Campainha (E. Neutro) + Comida (E. Incondicionado) → Salivação (Resposta incondicionada); incondicion 4. ... 5. ... 6. ... 7. Som da campainha (E. Condicionado) Condicionado → Salivação (Resposta Condicionada) Explicando melhor: um estímulo indiferente, combinado com um estímulo capaz de activar um reflexo incondicionado, gera uma resposta incondicionada e, depois de algum tempo, o estímulo indiferente, por si só, Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _14 é capaz de provocar resposta que pode, então, ser considerada como condicionada. Esses estímulos indiferentes podem vir tanto do meio externo (estímulos sonoros, luminosos, olfactivos, tácteis, térmicos) como do meio interno (vísceras, ossos, articulações). As respostas condicionadas podem ser motoras, secretoras ou neurovegetativas3. Podem pois, ser condicionadas reacções voluntárias ou reacções vegetativas involuntárias. Podemos fazer com que respostas involuntárias apareçam de acordo com a nossa vontade, se usarmos o condicionamento adequado. As respostas condicionadas podem ser excitadoras (com aumento de função) ou inibidoras (com diminuição de função). Existem diversos exemplos de como se pode modificar, através do condicionamento, a fisiologia do animal e do ser humano. 3 Neurovegetativo – que é relativo ao sistema nervoso. (Ex: perturbação neurovegetativa) Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _15 Behaviorismo Metodológico A delimitação do objecto de estudo da Psicologia deixa transparecer muito a respeito da filosofia da ciência e metodologia que sustentam o Behaviorismo Metodológico. Watson apoiava-se num determinismo materialista. Ou seja, apenas fenómenos físicos causariam fenómenos físicos, não havendo espaço para uma ontologia diferente. Outra característica do behaviorismo metodológico é a defesa da verdade por consenso. Isto é, o objecto de estudo tem que ser observável por mais de uma pessoa e a verdade a seu respeito é fruto de pesquisas e experimentações cujos resultados são consensuais entre os que se encontram a pesquisar. É por essa razão, pelo menos, que Watson nega veementemente a introspecção como método da Psicologia. O uso da introspecção seria o maior obstáculo ao progresso da Psicologia enquanto ciência. A mente, a consciência, as emoções, etc., por serem inobserváveis, foram ignoradas – ou, ao menos, evitadas - por Watson nos seus estudos. Nada poderia ser dito a respeito desses fenómenos sem ferir os pressupostos metodológicos do seu behaviorismo. Por isso, há um debate sobre a sua posição em relação ao problema mente-corpo. Seria Watson um dualista? Um epifenomenalista? Trata-se de uma questão em aberto. A definição de conceitos em termos observáveis também é de extrema importância para o behaviorismo metodológico. O pensar, por exemplo, para Watson, seria uma resposta não-observável, produto da linguagem, verbal ou não, do organismo e, em decorrência disso, não passível de experimentação científica. O método de Watson para estudar tal comportamento verbal é semelhante, na prática, ao da introspecção. Muda-se, todavia, a interpretação do fenómeno estudado. Ao passo em que na introspecção há um experimentador e um observador que relata as suas experiências internas, no experimento behaviorista metodológico, o experimentador é o observador: ele observa o comportamento do sujeito experimental enquanto este relata as suas experiências internas. Nesse sentido, para o behaviorismo metodológico, descrever o comportamento observável do sujeito é explicar tal comportamento. Portanto, para o behaviorismo metodológico, definir um fenómeno, um comportamento, um objecto, um facto da natureza, é descrevê-lo em termos objectivos. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _16 Watson, adepto do evolucionismo, realizou pesquisas tanto com seres humanos quanto com outros animais. As suas pesquisas com crianças foram as mais célebres. Levado pela discussão a respeito da questão do inato versus aprendido na psicologia do desenvolvimento, Watson resolveu aplicar a sua metodologia em crianças recém-nascidas para, assim, levantar dados que delimitassem o que seria aprendido e o que seria herdado por elas. Ele traçou, passo a passo, o desenvolvimento de reações dessas crianças a diversos estímulos. Descobriu um grande repertório de atividades reflexas (chorar, piscar, fechar o punho, espirrar, etc.) que apareciam numa sequência bem definida em todas as crianças participantes dos experimentos. Localizou, também, três tipos de respostas emocionais (que foram definidas operacionalmente): medo, raiva e amor. A partir dessas experiências com crianças Watson desenvolveu parte do seu arcabouço conceitual. Pesquisou a respeito do reflexo condicionado (aprendido) e observou fenómenos como a transferência e o descondicionamento. O primeiro diz respeito à capacidade dos organismos para generalizar as funções dos estímulos para estímulos semelhantes. Um caso célebre, resultado de um experimento feito pelo próprio Watson, mostra, de forma clara, o que isso significa. Outra preocupação de Watson diz respeito à possibilidade de descondicionamento. Ou seja, seria possível à criança antes citada desaprender a ter medo do rato branco e de objectos semelhantes a ele? Segundo Watson, sim. Em situações experimentais ele fez com que crianças desaprendessem a ter medo dos mais diversos objectos. Watson, tomado pelo sucesso dos seus experimentos, chegou a negar a existência de qualquer influência hereditária nos comportamentos complexos dos adultos. Segundo ele, esses comportamentos seriam resultantes da aprendizagem (condicionamento) a partir das respostas básicas, como as localizadas nas crianças experimentos, não aprendidas (reflexos). recém-nascidas de seus Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _17 Watson não afirma que o organismo é uma tabula rasa, mas sim que o pequeno repertório de reflexos das crianças já é o bastante para possibilitar o surgimento de comportamentos complexos. Ele é contra, portanto, as ideias de “capacidades”, “dons”, “predisposições”, “talentos”, comummente presentes nos discursos da sua época. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _18 Behaviorismo Radical Burrhus Frederic Skinner Ao contrário do behaviorismo clássico, de Jonh B. Watson e do metodológico de Tolman, B. F. Skinner, principal representante do Behaviorismo Radical, propõe o estudo do comportamento humano a partir de variáveis, como, o factor genético, o ambiente externo e a história passada do indivíduo, levando-se em consideração a cultura e as experiências individuais desse sujeito. Nesse estudo a preocupação são as contingências, ou seja, com as interacções entre o ambiente e o organismo e seus efeitos sobre o comportamento em geral. O comportamento pertence a um indivíduo e deve ser analisado a partir das contingências anteriores e posteriores, pois dentro da proposta Behaviorista Radical, o homem é visto como agente e paciente do ambiente em que vive. É agente porque, ao comportar-se, constrói e reconstrói, transforma o ambiente em que vive, e paciente porque, simultaneamente a transformação do ambiente (construção e reconstrução realizada por ele), sofre a acção desse meio. Skinner, ao longo de sua trajectória behaviorista, foi o primeiro pensador a esclarecer a Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _19 diferença entre o comportamento respondente (reflexo) e comportamento operante, dando ênfase em suas obras ao operante, que pode ser classificado como o comportamento que actua no meio, modifica-o e é alterado por suas consequências. Ao contrário do behaviorismo clássico, de Jonh B. Watson e do metodológico de Tolman, B. F. Skinner, principal representante do Behaviorismo Radical, propõe o estudo do comportamento humano a partir de variáveis, como, o factor genético, o ambiente externo e a história passada do indivíduo, levando-se em consideração a cultura e as experiências individuais desse sujeito. Nesse estudo a preocupação são as contingências, ou seja, com as interacções entre o ambiente e o organismo e seus efeitos sobre o comportamento em geral. O comportamento pertence a um indivíduo e deve ser analisado a partir das contingências anteriores e posteriores, pois dentro da proposta Behaviorista Radical, o homem é visto como agente e paciente do ambiente em que vive. É agente porque, ao comportar-se, constrói e reconstrói, transforma o ambiente em que vive, e paciente porque, simultaneamente a transformação do ambiente (construção e reconstrução realizada por ele), sofre a acção desse meio. Skinner, ao longo de sua trajectória behaviorista, foi o primeiro pensador a esclarecer a diferença entre o comportamento respondente (reflexo) e comportamento operante, dando ênfase em suas obras ao operante, que pode ser classificado como o comportamento que actua no meio, modifica-o e é alterado por suas consequências. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _20 Princípios: 1. Comportamento que é positivamente reforçado vai acontecer novamente. Reforço intermitente é particularmente efectivo. 2. As informações devem ser apresentadas em pequenas quantidades, para que as respostas sejam reforçadas ("moldagem"). 3. Reforços vão generalizar, lado a lado, estímulos similares (generalização de estímulo) produzindo condicionamento secundário. PRINCIPAIS TIPOS DE REFORÇOS: 1. POSITIVO: todo estímulo que quando está presente aumente a probabilidade de que se produza uma conduta. 2. NEGATIVO: todo estímulo aversivo que ao ser retirado aumenta a probabilidade de que se produza a conduta. 3. EXTINÇÃO: a qual se apresenta quando um estímulo que previamente reforçava a conduta deixa de actuar. 4. CASTIGO: igual ao da extinção, funciona para reduzir a conduta. Contrariamente ao que se pensa, o reforço negativo não é punição, mas sim a remoção de um evento punitivo; enquanto o reforço aumenta um comportamento, a punição o diminui. Nos usos que propôs para suas conclusões científicas — em especial na educação —, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos, sugeria que o uso das recompensas e reforços positivos da conduta correcta era mais atractivo do ponto de vista social e pedagogicamente eficaz. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _21 Neobehaviorismo O neobehaviorismo prossegue a tradição behaviorista de uma pesquisa essencialmente analítica, embora se foque na preocupação com a mediação. Nesta, a aprendizagem é estudada a partir das suas menores partes componentes. Na mesma linha, as suas variáveis de interesse restringem-se às objectivamente observáveis. Hull Hull e Spence, criam sistemas hipotéticos dedutivos altamente formalizados que enfatizam principalmente os eventos que ocorrem entre o estímulo (E) e a resposta (R). São fundamentalmente sistemas do tipo E-M-R, o que os caracterizam como neobehavioristas. Dadas as suas semelhanças passaram a ser conhecidos como Modelo Hull-Spence. Preocupado com a mediação, Hebb tem no conjunto neuronal (CN) o seu conceito central. É definido como uma estrutura hipotética formada por dois ou mais neurónios (que podem ser milhares) que se estimulam reciprocamente formando uma alça reverberatória. Este diz-nos que o pensamento e sentimentos não podem ser reduzidos a um mero processo de mediação. No entanto, o conceito de mediação significou um claro avanço nas posições behavioristas, sem que com isto houvesse perda da objectividade (Lefrancois, 1972). Tolman (1948), Festinger (1957) e Bandura (1971) são autores que pelas suas ideias representam uma posição intermediária entre as teorias comportamentais e as cognitivistas. O primeiro (Tolman), ao apontar um comportamento teleológico (dirigido a um fim, organizado com um objectivo) nas suas cobaias. O segundo (Festinger), ao tomar a dissonância entre a crença e o comportamento como variável de estímulo a induzir respostas (Teoria da Dissonância Cognitiva). Já Bandura, apresenta uma teoria eclética da socialização humana que considera a aprendizagem do comportamento social como decorrente de variáveis comportamentais, cognitivas e ambientais. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _22 TEXTOS Texto 1_Skinner: o papel do meio ambiente Tais foram os antecedentes dos quais nasceu a psicologia do estímulo-resposta. John B. Watson usou o princípio do reflexo condicionado reunido com a noção anterior de hábito. Sustentava que animais e homens adquiriam novos comportamentos através do condicionamento e continuavam a se comportar enquanto os estímulos apropriados estivessem agindo. Esta posição científica foi desenvolvida sistematicamente por Clark Hull. E. B. Holt sumariou-a assim: “Somos, de fato, cutucados ou aguilhoados pela a vida afora”. Não era fácil, entretanto, demonstrar que isso se aplicava a todos os comportamentos. Nem identificar estímulos correspondentes para todas as respostas. Algumas condições ambientais relevantes, tais como falta de alimento, não agiam como se fossem estímulos. O conceito original foi sendo substituído por algo muito menos preciso, chamado de “situação estimuladora global”. De outro lado, igualmente perturbador, era o fato de que vários estímulos pareciam não ter efeito, embora obviamente atingissem a superfície do organismo. Inventou-se, então, um novo tipo de estímulo, chamado “pista” ou “indício”, que tinha a curiosa propriedade de ser eficaz, apenas quando o organismo necessitava dele. (Os etólogos resolvem um problema similar da mesma forma, quando atribuem o comportamento não aprendido a mecanismos “gatilho”, estímulos que agem apenas quando o organismo está carregado ou pronto para responder). Essa psicologia ficou sendo uma colcha de retalhos, destinada a salvar a fórmula estímulo-resposta e teve o efeito de levar a determinação do comportamento de volta para o interior do organismo. Quando não se podiam encontrar estímulos externos, havia que inventar estímulos internos. Se a falta de alimento, no ambiente, não pode ser considerado um estímulo, era o caso de imaginar que, ao menos, gerava um “impulso” que espicaçasse o organismo por dentro. (A descoberta dos espasmos de fome parecia confirmar esta visão, mas uma estimulação comparável pelas TEXTOS Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _23 vesículas seminais dilatadas, que Watson pensou pudesse explicar o comportamento sexual, era menos plausível). Variáveis emocionais levaram a criação de outros estímulos internos: o medo, por exemplo, tornou-se um impulso adquirido. Até mesmo os instintos tornaram-se estímulos, ponto de vista defendido, o que é muito curioso por Freud. Também tiveram que ser inventados processos e mecanismos interiores. Se um estímulo conspícuo parecesse não ter efeito, era porque um porteiro central – uma espécie de demônio de Maxwell – havia se recusado a deixá-lo entrar. Quando o organismo parecia comportar-se apropriadamente em relação a estímulos há muito desaparecidos, dizia-se que respondia a cópias desses estímulos que tinham ficado armazenados em sua memória. Muitas destas atividades centrais eram versões mal disfarçadas dos processos mentais que a psicologia de estímulo-resposta tinha prometido exorcizar. De fato, continuaram a ser chamadas de mentais (ou, em mudando a moda, cognitivas), numa formulação similar, derivada da teoria de informação. Substituam-se estímulos por entrada e resposta por saída, e certos problemas dimensionais estarão simplificados. Isto promete, mas não prometeu o suficiente, porque processos centrais ainda são necessários. As saídas seguem-se às entradas só depois de a entrada ter sido “selecionada”, “transformada”, “armazenada”, “recuperada” etc. (…) (Adaptado de: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/skinner/opapel_do_meio_a mbiente_textos.pdf) Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _24 TEXTOS Texto 2_Skinner: condicionamento respondente Como processos evoluídos através dos quais o comportamento se modifica durante a vida do indivíduo, a imitação e a modelação o preparam apenas para comportamento que já tenha sido adquirido pelos organismos que dão o modelo. Há outros processos que evoluíram que colocam o indivíduo sob controle de ambientes aos quais ele é exposto. Um deles é condicionamento respondente (pavloviano ou clássico). Sob que condições ele poderia ter se desenvolvido? Vamos considerar o exemplo clássico de Pavlov: um som, frequentemente seguido pela liberação de alimento, começa eventualmente a eliciar salivação. A salivação incondicionada é um reflexo evoluído. Os estímulos mais comuns são substâncias na boca, mas, num ambiente estável, o salivar diante da simples presença de determinado alimento também deve ter evoluído, assim como o apanhar e o comer um alimento evoluíram em resposta aos mesmos estímulos. No entanto, as contingências favoreceriam uma resposta mais forte ao sabor. O condicionamento respondente poderia ter se iniciado como uma variação que tornou as características visíveis do alimento ligeiramente mais prováveis de eliciar salivação. A saliva, então, teria sido secretada em resposta à visão do alimento, tanto como um reflexo fraco, resultante da selecção natural, como também como um reflexo condicionado. A versão condicionada poderia surgir em resposta a um estímulo (um som, p. ex.) que não tinha nenhum efeito relacionado à selecção natural. A salivação não sugere um forte valor de sobrevivência, e o argumento é mais convincente em relação à transpiração e à aceleração da pulsação, associadas com actividade vigorosa. Uma tendência evoluída para lutar ou fugir, à visão de um predador, poderia ser acompanhada por uma tendência evoluída para suar e aumentar a pulsação, mas existiriam mais transpiração e uma pulsação mais rápida durante uma fuga ou um ataque reais. Se, inicialmente, a transpiração e o aumento da pulsação ajudaram a preparar para uma fuga ou ataque eficazes, variações que conduziram ao processo de condicionamento respondente teriam tido valor de Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _25 TEXTOS sobrevivência. Nestes exemplos, o condicionamento respondente é explicado como um aumento adicional na força de reflexos que não evoluíram completamente. A explicação é corroborada por certas características do condicionamento respondente que são, frequentemente, negligenciadas. O condicionamento reflexo pavloviano não tem valor de sobrevivência, a não ser que seja seguido pelo reflexo incondicionado. Embora se possa demonstrar que a salivação é, eventualmente, eliciada por um som, não existe vantagem para o organismo, a menos que se siga a apresentação do alimento. Similarmente, uma inclinação para suar ou para aumentar o batimento cardíaco, em resposta ao aparecimento de um predador, também não tem valor, a menos que uma actividade vigorosa se siga. O alcance do condicionamento respondente é muito mais amplo do que seu papel no reflexo condicionado. Os desencadeadores (“gatilhos”) estudados por etólogos são condicionados mais ou menos da mesma maneira, e o imprinting é, no mínimo, similar. Há um óbvio valor de sobrevivência no comportamento de um patinho quando ele segue sua mãe. As características do objecto desencadeador poderiam ter sido precisamente definidas, mas há menor envolvimento genético, se o seguir for desencadeado por qualquer objecto grande que se mova. No mundo do patinho, tal objeto é quase sempre a mãe. A especificação menos rigorosa é suficiente, porque a pata-mãe é uma característica consistente do ambiente natural do patinho. O imprinting é um tipo de confirmação estatística de uma instrução genética não muito específica. TEXTOS Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _26 Texto 3: “JOHN B. WATSON E A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM PSICOLOGIA John B. Watson é uma figura muito conhecida na história da psicologia. A maioria dos autores o aponta como fundador do movimento behaviorista. Entretanto, poucos sabem que ele foi um dos grandes defensores da transformação da psicologia numa disciplina aplicada (BUCKLEY, 1989; COHEN, 1979; MORRIS; TODD, 1999), movimento esse por vezes indicado como responsável pela independência da psicologia em relação à filosofia (ABIB, 1998). Além de um grande defensor da psicologia como um campo de aplicação, e talvez justamente por defender este compromisso, Watson foi um grande disseminador dessa área do saber para o público leigo (COHEN, 1979). Dentre as dezenas de entrevistas no rádio, textos em jornais e em periódicos literários, Watson escreveu dois livros que tinham o grande público como alvo, The ways of Behaviorism [Os Caminhos do Behaviorismo] (WATSON, 1928) e o Psychological Care of Infant and Child [Cuidado Psicológico do Infante e da Criança - doravante apenas Psychological Care] publicado há exactos 80 anos (WATSON, J.; WATSON, R., 1928) e traduzido para o português em 1934 (WATSON, J.; WATSON, R., 1934[1928]), texto este que pode ser considerado um dos primeiros livros de divulgação científica na psicologia e que será o foco desta resenha. O carácter polémico do livro Psychological Care e o impacto que teve na disseminação da psicologia em geral e do Behaviorismo em específico justificam essa resenha e devem servir de alerta para os profissionais que se dedicam à divulgação científica em psicologia hoje, explicando, portanto, a retomada dessa obra 80 anos depois de sua publicação. Watson ficou muito conhecido pela publicação do chamado "manifesto behaviorista": um conjunto de palestras publicadas em forma de artigo em 1913 no qual defendeu o abandono da introspecção e a adopção da observação directa do comportamento como o único método possível para uma psicologia científica. O manifesto behaviorista coordenou muitas das manifestações esparsas que já vinham criticando o método introspectivo e se tornou um marco histórico na psicologia. A grande reivindicação de Watson, tanto no manifesto quanto em outras de suas obras (eg. WATSON, J., 1928, 1930) era a transformação da psicologia, através da adopção da observação do comportamento como método privilegiado, numa ciência capaz de prever e controlar o comportamento, e que, portanto, teria grandes aplicações práticas. Com esses propósitos, (1) o apelo à observação e experimentação do comportamento, (2) a rejeição de conceitos mentais inobserváveis e (3) a aplicação prática dos conhecimentos produzidos pela psicologia tornaram-se elementos marcantes de sua proposta. TEXTOS Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _27 Em 1920, devido a certas condutas pessoais inaceitáveis à época (relacionamento extraconjugal com uma de suas alunas, Rosalie Reiner, colaboradora no projeto do Psychological Care e com quem posteriormente viria a casar) Watson é convidado a retirar-se da Johns Hopkins University onde lecionava. Após esse ocorrido, mudase para Nova York e, não tendo conseguido outras posições em universidades, começa a trabalhar com marketing na J. Walter Thompson. Entretanto, sendo amplamente conhecido como um dos grandes nomes da psicologia da época e ganhando alguma publicidade com o trabalho com marketing, é convidado a falar sobre diversos assuntos do cotidiano e da psicologia no rádio e em periódicos populares, expondo, via de regra, opiniões polêmicas sobre esses assuntos. A partir de então, Watson diminui suas publicações para o público acadêmico e investe gradativamente mais em publicações para o público leigo de tal modo que, em 1925, seus contatos com a academia resumem-se a algumas palestras, resenhas de livros acadêmicos e a co-orientação de Mary Cover Jones num trabalho não concluído. Cohen (1979) e Logue (1994) sugerem que, ao afastar-se do ambiente acadêmico e privado da crítica promovida por esse ambiente, Watson vai gradativamente extrapolando seus resultados e interpretações para ambientes e situações onde seus dados não são suficientes para sustentar suas teorias. Se considerarmos que nas primeiras décadas do século XX a avaliação da repercussão de uma fala no rádio era o número de cartas recebidas pela emissora comentando um programa ou entrevista (LAFOLLETTE, 2002), o que provavelmente também era verdade para os periódicos populares impressos, é razoável supor que após sair da Johns Hopkins University o controle exercido pela crítica acadêmica foi transferido gradativamente para a repercussão que suas falas provocavam no público leigo até porque seu trabalho com marketing exigia certa visibilidade (BUCKLEY, 1989; LOGUE, 1994), essa transferência se torna importante porque o reconhecimento acadêmico era contingente a adequada formulação de teorias baseadas em dados e a repercussão no público leigo era contingente a discrepância entre os padrões culturais vigentes e a proposta publicada. O Psychological Care é um dos seus últimos livros de divulgação publicados e, portanto, pode-se supor que seja o mais influenciado pela repercussão pública em detrimento do reconhecimento acadêmico. Além disso, os estudos mais conhecidos e disseminados de Watson são aqueles sobre o condicionamento de emoções em crianças e o campo mais direto para a aplicação de tais estudos é a criação de filhos, o que torna o Psychological Care a obra de divulgação científica mais importante de Watson segundo seu próprio projecto de psicologia (WATSON, 1930). (Texto retirado de: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S198402922008000200023&script=sci_arttext) Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _28 TEXTOS Texto 4: “Behaviorismo Radical x Behaviorismo metodológico: Paradigmas da abordagem comportamental” A Psicologia não possui uma única unidade conceitual e / ou metodológica, isso por que até hoje, tal ciência não chegou a um acordo de como estudar o seu objecto de estudo (o homem), dentre algumas abordagens, podemos destacar como unidades de analise deste objecto de estudo: o comportamento, a mente, a existência, a personalidade, a subjectividade, dentre outras que surgem frente aos avanços e investimentos científicos que sustentam o desenvolvimento desta ciência. […] Behaviorismo comportamental, comportamento, cognitivo – radical, analise analise behaviorismo do comportamento, experimental comportamental, metodológico, do psicologia analise aplicada comportamento, analítico – psicologia do psicologia comportamental, psicologia cognitivista, psicologia experimental, psicologia da aprendizagem, comportamentalismo....quem passou pela graduação de psicologia certamente se deparou com uma destas terminologias que muitas vezes acabam sendo interpretadas como uma única coisa: Abordagem comportamental. […] Skinner (behaviorismo radical) contrapõe Watson (behaviorismo metodológico) conforme veremos na sequência deste artigo. É importante deixar claro que há ainda, “ramificações” dentro destas abordagens que servem para estudos específicos, como por exemplo: o Behaviorismo Radical é a filosofia da analise do comportamento, analise aplicada do comportamento, psicologia experimental, psicologia analítico – comportamental, psicologia cognitivo – comportamental, ou seja, enquanto filosofia, visa trazer subsídios epistemológicos para um sólido embasamento teórico, que posteriormente, fornecerá meios para o desenvolvimento de experimentos (psicologia experimental, estudos de laboratório, etc.), de formação de conceitos (analise do comportamento, psicologia comportamental, etc.) e aplicação de conceitos (analise aplicada do comportamento, psicologia analítico – comportamental, etc.), assim como o Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _29 TEXTOS behaviorismo metodológico é a filosofia do comportamentalismo. Segundo Malerbi (2003), para o behaviorismo metodológico, o ambiente refere-se apenas às condições externas, neste sentido tal behaviorismo considera importante o critério de “verdade” via consenso público, ou seja, o qual só pode ser alcançado para eventos externos e públicos (visto igualmente por mais pessoas além do observador). Na medida em que os aspectos do ambiente interno não são, e não podem ser observados por observadores independentes, eles não poderiam, segundo essa abordagem, ser objecto de uma ciência, neste sentido, defendem que o objecto de estudo seja somente o comportamento observável, mesmo que não ignorasse os sentimentos, subjectividade, Watson não acreditava que estes deveriam ser unidades de análise sobre o homem, enquanto um objecto de estudo. […] Oito dias antes da sua morte, Skinner recebeu da APA – American psychologist Association o prémio por “Destacada a contribuição à psicologia ao longo da vida”, deste a fundação desta associação (1974), Behavioristas do Brasil e do Mundo, cerca de 6.500 espalhados pelo planeta, segundo Hubner (2005), vêem tomando os cuidados científicos oriundos da filosofia do behaviorismo radical, abandonando o comportamentalismo de Watson, que no contexto histórico – cultural de hoje, deixa como marca, contribuições para ter gerado em segunda instância, a ciência do comportamento de Skinner, mais completa, cientificamente adaptada para abarcar as demandas que exijam uma intervenção comportamental. (Adaptado de: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid= 318) Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _30 TEXTOS Texto 5: “Neo-behavioristas” […] …iremos conceptualizar a aprendizagem, através de dois autores pertencentes a duas teorias psicopedagógicas que marcaram o século XX: Neo-behaviorismo (Skinner) e Cognitivismo (Bruner). A aprendizagem é um conceito essencial, tanto na Psicologia como na Pedagogia, envolvendo várias variáveis que se combinam de diversas formas estando, ainda, sujeita a factores internos e externos, individuais e sociais. Ao longo do tempo foram vários os psicólogos e pedagogos que pesquisaram a aprendizagem e desenvolveram teorias científicas a esse respeito. Assim, apareceram, entre outras, duas teorias conceptuais sobre a aprendizagem: O Neo-behaviorismo protagonizado por Skinner e o construtivismo social representado por Bruner. Tanto Skinner como Bruner discutem temas da aprendizagem que são de importância prática para o professor no contexto da sala de aula. Todavia, “quiçá” fruto de uma base de trabalho - a teoria de Skinner resulta principalmente de trabalhos com animais; os dados de Bruner têm origem em observações de crianças em situações de aprendizagem -, temos concepções diferentes sobre a aprendizagem. Assim, o Neo-behaviorismo, teoria descritiva, coloca acento sobre a dimensão quantitativa dos saberes. Daí o parcelamento dos conteúdos e das tarefas de aprendizagem, tal como a hierarquização dos conhecimentos a adquirir numa sequência linear e cumulativa, muitas vezes sem visão de conjunto. Skinner (1904-1990), professor e investigador de Psicologia, interessouse pelo estudo do comportamento animal com aplicações à conduta humana, onde, nas palavras de Sprinthall “O meio - e só o meio -controla o nosso comportamento” (Sprinthall,1993:233). Com efeito, inspirado no behaviorismo clássico idealizado por Watson, na reflexologia de Pavlov e apoiado nos trabalhos de Thorndike, criou a moderna teoria comportamentalista da aprendizagem (neobehaviorismo). Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _31 TEXTOS Para o efeito, de acordo com Sprinthall, Skinner distingue as respostas em duas categorias: “operantes (respostas que não necessitam de qualquer estímulo para serem desencadeadas) e respondentes (respostas que precisam de um estímulo incondicionado a fim de serem activadas)”(Sprinthall,1993:244). Trata-se, portanto, de uma teoria que se interessa pelo resultado da aprendizagem, através do estudo das respostas das pessoas ao ambiente, passíveis de observação e medida. O modelo Neobehaviorista de Skinner interessou-se, também, pelos processos de retenção e transferência da informação. A retenção pode ser melhorada através do aumento e da variedade de estímulos associados a uma resposta particular. A transferência é influenciada criticamente pela semelhança entre a tarefa apreendida e a tarefa para a qual a transferência é feita. Tanto uma como a outra constituem meios para que o aluno progrida na aprendizagem de objectivos pré-estabelecidos. Numa aprendizagem assente em associações entre estímulos e respostas, no desejo de uma objectividade científica alicerçada num empirismo lógico, na identificação do indivíduo como “tábua rasa”, conduz a um modelo pedagógico onde o aluno tem um papel passivo e o professor converte-se num executor de objectivos prescritos. Ao impor uma aprendizagem exclusivamente dependente do ambiente/meio, Skinner induz ao conceito de aprendizagem operante, a qual se baseia, essencialmente, no conceito da administração de reforços positivos.“ O reforço, como todos os conceitos de Skinner, é defendido estritamente em termos operacionais, isto é, em termos do modo como é observado ou medido.” (Sprinthall e Sprinthall, 1993:226). Por exemplo, a frequência de uma conduta aumenta quando acompanhada de reforços positivos, isto é, ao identificar uma resposta que se deseja, devemos reforçar o indivíduo cada vez que a exibe. Todavia, o condutivismo protagonizado por Skinner sofre hoje um sem fim de críticas: fundamentalmente critica-se hoje o deixar de lado o mais genuíno da dimensão psicológica do homem, isto é, as estruturas e os processos cognitivos. Torna-se evidente que reduzir a Psicologia humana a uma análise de estímulos e respostas é um esquema demasiado estreito para a grandeza da questão. Por isso, este modelo sofreu críticas e daí, Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _32 TEXTOS também, o surgimento de outro representante contemporâneo da escola cognitivista-gestaltista, associado mais ao conhecimento da mente e da conduta humana. […] Em síntese, de acordo com a teoria neo-behaviorista, a aprendizagem é considerada como um processo linear, um acumular de conhecimentos, realizando-se na medida conhecimentos mais em simples que para se os passa mais progressivamente complexos. A de definição estruturada de objectivos cada vez mais complexos para o aluno progredir na aprendizagem, conduziu à introdução da noção de pré-requisito como capacidade já adquirida e fundamental para a aquisição da aprendizagem seguinte. Uma vez que os objectivos são definidos em termos comportamentais, toda a aprendizagem se encontra orientada para o atingir dos resultados/produtos, em detrimento dos processos. Ao contrário, a aprendizagem surge-nos, numa perspectiva construtivista, como um processo activo, interactivo e contínuo do próprio sujeito, utilizando este as suas experiências e conhecimentos prévios em situações novas, construindo, progressivamente, sozinho ou com a ajuda do outro e/ou de acordo com os ambientes/contextos, os seus próprios conhecimentos. Neste sentido, a aprendizagem é diferenciada e individualizada. […] Por exemplo, podemos encontrar aplicações da teoria de Skinner, quando queremos fortalecer a auto-confiança em pessoas excessivamente tímidas. Isto é, no campo educativo, um professor que conheça as técnicas de condicionamento operante pode ajudar os alunos a vencer a sua timidez, adquirindo uma conduta mais activa na aula. Basta, por exemplo, que aprove de algum modo a conduta de um aluno para que esta aumente as probabilidades de repetir-se. […] Num último parágrafo, diremos que, a Teoria de Skinner está mais apropriada na aprendizagem de factos simples, com recurso à memorização e/ou descrição de conceitos isolados.” […] (Retirado de: http://ruijorgecgomes.blogs.sapo.pt/852.html) TEXTOS Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _33 Texto 6: ”Para começar, eu me expus a uma grande quantidade de material do campo do comportamento verbal. Isto foi o resultado de um interesse crescente pelo campo, interesse que surgiu de outras circunstâncias muito remotas para afectar o presente campo. As centenas de livros e artigos que li não foram uma exposição directa ao assunto comportamento verbal em si mesmo, mas geraram tendências verbais em relação a ele, tendências que revelam uma variedade enorme e uma inconsistência fabulosa. Eu também li livros, não pelo que eles diziam sobre o comportamento verbal, mas como registos do comportamento verbal.” (Skinner, 1957, p. 454). Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _34 Vídeos: behaviorismo • http://www.youtube.com/watch?v=4TyYX5C8uuI • http://www.youtube.com/watch?v=UBjv_fVSyQY • http://www.youtube.com/watch?v=vMVaxktVJz4 Glossário: Behaviorismo “Behavoir”: comportamento, comportamentalismo, Teoria Comportamental ou Análise Experimental do Comportamento ou ainda, Análise do Comportamento (Watson). Behaviorismo radical (Skinner): designa uma filosofia da Ciência do Comportamento por meio da análise do comportamento ( comportamento operante) onde actua sobre o ambiente. Behaviorismo metodológico (Watson) : designa um método de ciência, apenas os comportamentos observáveis são passíveis de serem analisados (comportamento reflexo ou respondente). O comportamento é produzido por estímulos do ambiente. Condicionamento operante: mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado. Condicionamento clássico: diz respeito às relações entre estímulos e respostas. Chamados de ‘não voluntário’, respostas são produzidas, por estímulos antecedentes do ambiente. São acções reflexas ou respondentes de comportamento involuntário (ambiente-sujeito), independente da ‘aprendizagem’. Incluem-se aí as respostas biológicas do organismo ao ambiente. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _35 Behaviorismo: Princípios básicos Exercícios 1. Qual é o papel do ambiente para a análise do comportamento? R: Ambiente para a análise de comportamento tem um significado amplo que abrange o espaço físico, social e interno do sujeito, através do estudo do comportamento pela mudança no ambiente é possível prever qual será o comportamento. 2. Um dos objectivos da análise comportamental é prever e controlar o comportamento humano. Discuta esta afirmação. R: As consequências dos comportamentos produziram o reforço ou a sua extinção. Ter essa análise do comportamento torna possível prever qual será a acção emitida pelo sujeito. 3. Qual é o objecto de estudo da análise experimental do comportamento? R: O objecto de estudo da análise experimental corresponde à interacção entre o sujeito e o ambiente, prever o que determinada alteração no ambiente provoca no seu comportamento. 4. Porque é que não podemos lidar com os termos “análise do comportamento” e “behaviorismo” como sinónimos? R:Não podemos lidar copmo sinonimos porque behaviorismo é uma filosofia,não uma ciência, que rege a análise do comportamento. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _36 5. Quais foram as principais objecções de Skinner ao Behaviorismo metodológico de Watson? R: Ao dualismo de Watson a separação do físico e do mental, nega a existência das emoções e sentimentos. Watson teve uma ideia primitiva sem pode provar muitas das suas teorias. 6. Qual é a importância dos eventos privados (sonhos, pensamentos, sentimentos) para o behaviorismo radical? R: Os eventos privados podem eliciar um comportamento mas não explicam ou justificam a sua ocorrência. 7. Skinner rompe com o dualismo, com as concepções mentalistas. Discuta esta afirmação. R: Skinner não nega a existência das emoções, sentimentos e ideias, considera físico e mental um só organismo, questiona que possam ser a causa do comportamento, por isso rejeita a mente como agente causador. Ana Rita Marques / Patrícia Castanheira / Sofia Tavares _37 Referências: http://historicofilosoficas.blogspot.com/2008/03/vidas-watson-john.html http://translate.google.pt/translate?hl=ptPT&langpair=en|pt&u=http://www.brynmawr.edu/Acads/Psych/rwozniak/w atson2.html&prev=/translate_s%3Fhl%3DptPT%26q%3Djohn%2Bwatson%2Bbehaviorismo%26tq%3Djohn%2Bwatson %2Bbehaviorism%26sl%3Dpt%26tl%3Den http//www.sussex.ac.uk/psychology/documents/harris_-1979.pdf http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid= 318 http://ruijorgecgomes.blogs.sapo.pt/852.html http://www.terapiaporcontingencias.com.br/tx_skinner.php http://www.bdrum.com/p130grp5/albert.html