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O que é climatério?
Editorial
O climatério não é uma doença, mas uma fase natural da vida da mulher, e muitas passam por ela sem
queixas ou necessidade de medicamentos; outras têm sintomas que variam na sua diversidade e
intensidade. Em ambos os casos, o importante é voltar a atenção para os cuidados com a saúde, para
prevenir o surgimento de doenças características dessa fase e garantir que a mulher entre na
menopausa com qualidade de vida e muita disposição!
Vamos conhecer um pouco mais sobre o climatério e aprender a lidar com os eventuais sintomas que
possam acompanhar a mulher nesse período.
Boa leitura!
O que é climatério?
O climatério, também chamado de perimenopausa, compreende a etapa que antecede a menopausa e
refere-se à transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. O climatério
começa em diferentes idades, sendo mais frequente por volta dos 40 anos. A mulher entra
oficialmente na fase pós-menopausa quando completa 12 meses consecutivos após sua última
menstruação (menopausa), o que acontece normalmente por volta dos 50 anos.
O termo menopausa refere-se à última menstruação, mas popularmente é utilizado referindo-se à fase
que se inicia após esta última menstruação.
O climatério no Brasil
De acordo com estimativas publicadas pelo IBGE, calcula-se que o Brasil tem, hoje,
aproximadamente 29 milhões de mulheres entre climatério e menopausa, o que totaliza 27,9% da
população feminina brasileira (Gráfico 1). Um dado que chama a atenção é o aumento da expectativa
de vida da mulher na pós-menopausa. Em 1940, a expectativa de vida da mulher brasileira era de 44,9
anos, ou seja, ela nem chegava à menopausa! Considerando que atualmente a expectativa de vida da
mulher no Brasil é de 78,6 anos, isso significa que ela viverá aproximadamente 28 anos após entrar na
menopausa. Essa estatística serve para alertar as mulheres a cuidarem cada vez mais da saúde, para
que possam desfrutar dos muitos anos que precedem o climatério e a menopausa com qualidade de
vida e disposição (Gráfico 2).
Gráfico 1 – Projeção da quantidade de mulheres brasileiras no climatério, menopausa e
pós-menopausa de 2000 a 2050 (em milhões)
Fonte: IBGE – Projeção da População do Brasil por sexo e idade
Gráfico 2 – Expectativa de vida da mulher brasileira na pós-menopausa
Fonte: IBGE – Projeção da População do Brasil por sexo e idade
Sintomas do climatério
O climatério é marcado pela diminuição progressiva do funcionamento dos ovários, resultando na
redução do nível de estrogênio, o principal hormônio feminino. O “sobe e desce” do
nível de estrogênio e outros hormônios provoca alguns dos sintomas característicos do climatério.
Entre as mudanças que o climatério pode trazer, encontram-se:
â—• Irregularidades no ciclo menstrual – o fluxo pode aumentar ou diminuir, a duração dos
ciclos pode tornar-se mais longa ou mais curta e pode haver ausência de alguns ciclos;
â—• Fogachos (calorões) – é um dos sintomas mais comuns relacionados ao climatério.
Não se sabe por que acontecem, e variam de intensidade, duração e frequência. Os fogachos são
muitas vezes seguidos por calafrios, sendo que algumas mulheres sentem somente o calafrio. Mesmo
sendo de intensidade leve, os fogachos podem interferir no sono e podem até causar os chamados
“suores noturnos”;
â—• Dificuldade para dormir – principalmente por causa dos fogachos, que interrompem o
sono;
â—• Alterações de humor – mulheres no climatério às vezes relatam vontade de chorar,
oscilações de humor, falta de energia, ansiedade, ataques de pânico e desânimo ou falta de coragem
para enfrentar as coisas. Parte desses sintomas pode ser causada pelo sobe e desce dos níveis
hormonais, e parte pela má qualidade do sono provocada pelos fogachos;
â—• Secura vaginal e problemas na bexiga – a queda no nível de estrogênio pode diminuir
a lubrificação e a elasticidade da parede vaginal, causando dores e desconforto nas relações sexuais.
Baixa quantidade de estrogênio também deixa a mulher mais vulnerável a infecções vaginais e
urinárias. A perda de elasticidade dos tecidos contribui para a incontinência urinária;
â—• Diminuição da fertilidade – com a irregularidade na ovulação, a habilidade da mulher
de conceber filhos diminui significativamente. No entanto, enquanto houver ciclos menstruais,
mesmo que irregulares, existe a possibilidade de engravidar. Portanto, mulheres que se encaixam
nesse perfil devem prevenir-se contra gravidez, até permanecerem 12 meses consecutivos sem
menstruar;
â—• Alterações na libido – a libido e o desejo sexual podem sofrer alterações durante o
climatério. No entanto, mulheres que já tinham uma vida íntima satisfatória, frequentemente a
mantêm durante o climatério e no decorrer da vida;
â—• Perda de massa óssea – com o declínio dos níveis de estrogênio, o organismo passa a
perder massa óssea, aumentando o risco de osteoporose, uma doença que fragiliza os ossos
tornando-os vulneráveis a fraturas;
â—• Alterações nas taxas de colesterol – baixos níveis de estrogênio provocam o aumento
das taxas de colesterol do sangue, especialmente do LDL-C (o “mau” colesterol),
aumentando o risco de doenças cardiovasculares, tais como infartos, derrames e aneurismas.
A boa notícia é que existem tratamentos para prevenir complicações e ajudar no alívio desses
sintomas!
Quando consultar o médico?
O médico deve ser consultado pelo menos uma vez ao ano, como parte dos cuidados de manutenção
da saúde, mas especificamente pensando na menopausa, quando a manifestação de um ou mais dos
sintomas do climatério se tornar desconfortável ou interferir na qualidade de vida. Para muitas
mulheres, os sintomas do climatério não se manifestam ou são tão leves que as mulheres não os
associam ao climatério, e passam despercebidos.
Como saber se a mulher entrou oficialmente no climatério?
Considerando que é uma transição natural e gradual, é preciso fazer uma avaliação geral do histórico
da mulher para determinar se ela entrou “oficialmente” no climatério. Incluem-se nessa
avaliação a idade, o histórico menstrual e quais são os sintomas ou mudanças no corpo que a mulher
está apresentando.
Tratamento dos sintomas do climatério
Todos os sintomas do climatério têm tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Vejamos os
principais tratamentos medicamentosos:
â—• Terapia hormonal – a reposição de estrogênio é o tratamento mais eficaz para aliviar
fogachos e suores noturnos, bem como prevenir a perda de massa óssea. O tratamento pode ser feito
em pílula, adesivo, creme ou gel. A recomendação médica e as dosagens dependerão do histórico
pessoal e familiar da mulher;
â—• Creme vaginal de estrogênio – indicado para o alívio da secura vaginal, o estrogênio
em creme pode ser administrado diretamente no canal vaginal;
â—• Antidepressivos – alguns antidepressivos podem auxiliar a reduzir os fogachos. Este
tratamento é indicado muitas vezes para mulheres que, por algum motivo, não podem se beneficiar do
tratamento hormonal;
â—• Fitoterápicos – alguns fitoterápicos, como os derivados da soja, da acteia (Cimicifuga
racemosa), do hipérico, e outros, podem ajudar na redução de alguns sintomas, e também estão
indicados às mulheres que por algum motivo não devam utilizar hormônios.
Tratamento não medicamentoso dos sintomas do climatério
É importante lembrar que o climatério faz parte natural do processo de envelhecimento da mulher.
Portanto, optar por um estilo de vida mais saudável é uma escolha benéfica não somente para prevenir
e tratar os sintomas do climatério, mas para cuidar do bem-estar em geral.
â—• Aliviar o desconforto vaginal – mulheres com secura vaginal podem utilizar
lubrificantes apropriados para aliviar o desconforto durante as relações sexuais. Manter uma vida
sexual ativa ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo para a vagina;
â—• Manter uma dieta saudável – devido ao risco de doenças cardiovasculares e
osteoporose, manter uma alimentação saudável é muito importante nessa etapa da vida da mulher.
Adotar uma dieta rica em fibras, legumes, vegetais, frutas, cálcio e pobre em gordura, carne vermelha
e carboidratos. Talvez o médico recomende suplemento de cálcio e vitamina D no tratamento e
prevenção da osteoporose. Evitar o tabagismo, a cafeína e bebidas alcoólicas;
â—• Praticar exercícios físicos – a prática regular de atividades físicas ajuda a prevenir o
ganho de peso, melhora a qualidade do sono, eleva o humor e ajuda a melhorar a densidade óssea e
evitar fraturas. O ideal é manter uma programação diária de pelo menos 30 minutos de exercícios, e,
idealmente, sempre com acompanhamento profissional.
â—• Higiene do sono – tentar manter uma rotina consistente para uma boa noite de sono.
Evitar cafeína e álcool antes de dormir;
â—• Praticar técnicas de relaxamento – praticar ioga, meditação ou outras técnicas de
relaxamento para diminuir o estresse e a ansiedade.
É importante buscar orientações sempre com profissionais da saúde. Não tome remédio sem
prescrição médica.
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