1 I PREMIO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO EM ESTUDOS DE ECONOMIA E MERCADO FLORESTAL MERCADO FLORESTAL A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 2 A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES RESUMO O objetivo do trabalho consistiu em ponderar a contribuição do setor florestal para a geração de emprego e renda nas Grandes Regiões do Brasil. Em aspectos específicos fez a verificação dos empregos gerados por meio de florestas plantadas, florestas nativas, fabricação de produtos de madeira, fabricação de celuloses, papel e outros produtos de papel. Na tentativa de dar resposta aos objetivos propostos, utilizaram-se dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Sistema de Contas Nacionais (SCN), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de Instituições como Associação Brasileira do Setor Brasileiro (ABRAF), de empresas de consultoria em setor madeireiro como a CONSUFOR e AMATA. Os resultados indicam que o setor florestal no Brasil responde de forma positiva na produção dos diversos segmentos estudados, proporcionando a geração de empregos formais no mercado de trabalho. Faz-se necessário, no entanto, a adoção de alternativas que busquem a ampliação deste segmento como resgate do trabalho decente, possibilitando o alcance de um nível de igualdade deste aos demais setores da economia formal no País. Palavras- chave: Floresta, emprego e renda. 3 ...e todas as árvores do campo baterão palmas. Isaías 55:12 (Bíblia Sagrada) ) 4 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Importância do Setor Florestal........................................... 15 Quadro 2: Indicadores econômicos do Setor Florestal brasileiro.... 17 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1: O uso do solo – Área Florestas plantadas (ha) 22 Figura 2 – Ranking mundial de florestas plantadas (milhões de (ha) 22 Figura 3: Número de Empresas – Produção Florestal 27 Figura 4: Número de Empresas – Florestas Nativas 28 Figura 5: Número de Empresas – Fabricação de Produtos de Madeira 29 Figura 6: Número de Empresas – Fabricação de Papel, Celulose e produtos de papel 30 Figura 7: Número de Ocupações – Produção Florestal 31 Figura 8: Número de Ocupações – Florestas Nativas 31 Figura 9: Número de Ocupações – Fabricação de Produtos de Madeira 32 Figura 10: Número de Ocupações – Fabricação de Papel, Celulose e produtos de papel 33 Figura 11: Valor adicionado bruto constante e corrente 34 Figura 12: Rendimento médio anual em valor corrente 35 Figura 13: Empregos diretos, indiretos e gerados devido ao efeito renda por conta das florestas plantadas no Brasil 36 6 LISTA DE SIGLAS ABRAF Associação Brasileira de Florestas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas SCN Sistema de Contas Nacionais 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 08 2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... 11 2.1 A base legislativa no preambulo da manutenção das florestas...... 11 2.2 A Economia florestal....................................................................... 13 2.3 Os empregos verdes e os serviços ambientais.............................. 19 3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 23 3.1 O objeto.......................................................................................... 23 3.2 Base de Dados............................................................................... 23 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................ 26 4.1 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de empresas 26 4.2 Aspectos relevantes de mercado florestal em ocupações formais..... 30 4.3 Valor adicionado bruto constante e corrente........................................ 33 4.4 Rendimento médio anual em valor corrente........................................ 35 4.5 Empregos diretos, indiretos e efeito renda decorrentes das florestas plantadas no Brasil................................................................................... 36 5. CONCLUSÃO........................................................................................... 37 REFERENCIAS............................................................................................. 39 APÊNDICES................................................................................................. 41 8 1. INTRODUÇÃO A economia é a ciência da escassez. Mesmo quando a oferta de recursos na natureza era maior que a necessidade de suprimento havia a carência de adequação dos recursos e do conhecimento da natureza, dos ciclos, das estações. A civilização humana conseguiu ampliar o conhecimento destas questões gradativamente. Ao passo que a população humana tomou proporções maiores, a oferta de recursos disponíveis para dar manutenção à sobrevivência desta, de certa forma apresentou-se escassa exigindo a intervenção e interferência humana no sentido de cultivar para a produção de alimentos, de domesticar diversas espécies de animais para a garantia de outras formas de provisão (leite, proteínas e inclusive o comércio destes). Historicamente a força do trabalho humano tem sido transformadora. As diversas possibilidades de criar surgiram a partir do trabalho. Nesse sentido, teóricos de relevante contribuição atribuíram grandeza ao trabalho humano, como por exemplo, Adam Smith. Por meio da obra intitulada “A riqueza das nações”, pôde mostrar que a principal fonte de riqueza de uma nação consistia no trabalho das pessoas. Adam Smith pontuou que a “especialização” do trabalho produzia uma cadeia que à medida com que as pessoas buscavam dar resposta aos seus interesses, a comunidade desfrutava de um positivo aquecimento econômico. O leiteiro ao ofertar o leite, alcançava venda no mercado deste produto e possibilitava as diversas formas de produção que tinham o leite em sua base, como por exemplo, a produção do pão, do bolo. 9 Adam Smith, David Ricardo e tantos outros teóricos da Economia, como Thomas Malthus ao desenvolverem seus estudos pontuaram a partir de suas análises a relação entre escassez de recursos e necessidades humanas que são ilimitadas. Embora se tenha por certo que as pessoas precisam ter suas necessidades supridas, verifica-se que a busca deste suprimento que em praticamente todos os lugares ocorreu de forma não planejada, sabe-se que a natureza sofreu consequências pesadas por conta disso. A busca desenfreada dos homens por riqueza mostrou-se impiedosa e produziu não apenas a “riqueza” objetivada, mas ainda alterações diversas e desastrosas mostradas no desenrolar dos tempos, como secas intensas, alagações, e outras formas que a natureza encontrou para refazer ou ajustar o que havia sido alterado. No contexto da manutenção das florestas embora ainda pequenas, são relevantes as conquistas obtidas no sentido desta adequação de uso e preservação. Diversos países utilizam seus desdobramentos legislativos para dar condição da sobrevivência da vida das pessoas e geração de emprego e renda, pois é constituise elemento vital para a sobrevivência humana. No Brasil a força econômica advinda do mercado florestal é significativa, ao passo que atribui a possibilidade de todo um encadeamento econômico de desenrolar, não apenas com base no uso de florestas nativas como a base. Diversas empresas desenvolvem atividades de plantação das florestas, geram emprego, renda, aquecem o mercado e por sua vez, preservam a floresta. 10 No sentido de possibilitar uma visão de certa forma focada neste segmento, o presente trabalho se propôs a fazer uma investigação intencionando apresentar alguns dados relevantes no mercado florestal no Brasil, mostrando alguns dados em termos de empresas e empregos formais que permeiam este mercado. A estrutura do trabalho está assim dividida: o arcabouço teórico buscou de forma sucinta abordar às questões legislativas sobre as florestas, seguida de observações inerentes à economia florestal e dos empregos verdes no Brasil. A terceira seção consiste em apontar os procedimentos metodológicos utilizados para responder ao objetivo proposto, e na quarta parte do trabalho faz-se a análise dos resultados obtidos na pesquisa. Por fim, tem-se a conclusão. 11 2.REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A base legislativa no preambulo da manutenção das florestas O uso dos recursos florestais é um exemplo sugestivo para refletir sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. Tanto a madeira como todos os outros produtos que dependem do abrigo da floresta, têm sido uma forte interação com os seres humanos desde o surgimento do Homo na Terra. Essa coexistência foi harmoniosa enquanto a oferta de recursos era muito maior do que a procura. Com o aumento da população, o Homo foi forçado a domesticar plantas e animais e, assim, a floresta transformava-se em obstáculo, sendo, invariavelmente, derrubada e queimada. A super-exploração de florestas, associada ao mau uso dos solos, causou o desaparecimento de algumas civilizações. Portanto, conforme Higushi, (2007), combinar o uso sustentável dos recursos florestais e conservação dos ecossistemas é o atual paradigma de desenvolvimento de uma nação e, ao mesmo tempo, um grande desafio para a ciência florestal. De acordo com o Novo Código Florestal Lei nº 12.651/2012, as florestas são bens de interesse comum, que devem ser preservadas e recuperadas, em uma relação sustentável com a agropecuária. É o instrumento que disciplina o uso dos recursos florestais (HIGUSHI, 2007). O Código Florestal Brasileiro foi criado em 1934 e editado em 15 de setembro de 1965 através da Lei nº. 4.771 que definiu de forma minuciosa os princípios necessários para proteger o meio ambiente e garantir o bem estar da população do país. E trata das duas principais fontes de proteção ambiental – previstas através de 12 situações de preservação e conservação – que são as Áreas de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL), (GARCIA, 2012). Na realidade apesar do fato das atualizações pelas quais passa o Código Florestal, sabe-se que a Constituição de 1988, impôs ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Sob esse prisma Fiorillo, (2010), contribui apontando que a nossa Carta Magna estruturou uma composição para a tutela dos valores ambientais, reconhecendo-lhes características próprias, desvinculadas do instituo da posse e da propriedade, consagrando uma nova concepção ligada a direitos que muitas vezes transcendem a tradicional ideia dos direitos ortodoxos: os chamados direitos difusos. Leme e Machado (2010) apontam ainda que a defesa do meio ambiente é uma dessas questões que obrigatoriamente devem constar na agenda econômica pública e privada. “A defesa do meio ambiente não é uma questão de gosto, de ideologia e de moda, mas um fator que a Carta Maior manda levar em conta.” Fiorillo, (2010), discursa que o bem ambiental, fundamental, como declara a Carta Constitucional, e porquanto vinculado a aspectos de evidente importância à vida, merece tutela tanto do Poder Público como de toda a coletividade, tutela essa consistente num dever, e não somente em mera norma moral de conduta. E ao referir-se à coletividade e ao Poder Público, leva-nos a concluir que a proteção dos valores ambientais estrutura tanto a sociedade, do ponto de vista de suas instituições, quanto se adapta às regras mais tradicionais das organizações humanas, como as associações civis, os partidos políticos e os sindicatos. O Brasil e o mundo têm, enfim, todos os instrumentos necessários para proteger as nossas florestas e deixar para as futuras gerações, oportunidades e 13 iguais as nossas, para atenderem as suas necessidades, na visão de Higushi, (2007). 2.2 A Economia florestal De acordo com o MMA 1, (2012), O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal (516 Mha, ≈13%) e a maior extensão de florestas tropicais do planeta. No entanto, menos de 7% (< 34 Mha) dessas florestas estão destinadas à produção florestal. Do total de florestas que cobrem atualmente o território nacional (516 milhões de hectares), 56% (290 milhões de ha) são públicas. Portanto, políticas públicas convergentes para o fortalecimento de uma economia florestal têm o poder de contribuir fortemente para a opção de crescimento sem degradação, com positivos resultados nos índices de qualidade socioeconômicos e ambientais. A maior parte das terras ocupadas pela agricultura e pecuária, de acordo com Rodigheri, (2000), já foi coberta por florestas naturais. O desmatamento provocou grande redução das matas naturais, diminuiu a disponibilidade de madeira, aumentou a erosão das terras, o assoreamento dos rios e a poluição das águas. A maior extensão de florestas brasileiras está na Amazônia, assim como as maiores extensões de unidades de conservação. Essa é, também, uma região pautada por conflitos sociais, violência rural, problemas fundiários, pilhagem de recursos florestais e baixo IDH. Há ainda 64 milhões de florestas públicas ainda não destinadas à mercê da grilagem e do uso predatório. A estruturação de uma economia florestal forte na região seria uma contribuição sem precedentes para a 1 Ministério do Meio Ambiente, 2012. 14 conservação, associada ao aumento da governança local, apaziguamento dos conflitos, melhoria da qualidade de vida de 25 milhões de brasileiros residentes, diminuição do desmatamento, oferta de bens sustentáveis, fortalecimento da soberania nacional e aumento dos benefícios ecológicos e climáticos para os brasileiros e para o mundo, (MMA, 2012). O setor florestal brasileiro, para Valverde (2000), com a importância que tem na produção, no emprego, na arrecadação, nas exportações e no pagamento de salários, pode ser um desses instrumentos necessários para impulsionar o desenvolvimento da economia. Mais especificamente no emprego está uma razão importante do setor florestal, visto que o progresso tecnológico tem contribuído para o aumento do desemprego em muitos setores, tradicionalmente intensivos em mãode-obra, como é o caso da agricultura, principalmente em áreas planas, onde a mecanização tem expulsado trabalhadores do campo. Dessa forma, o setor florestal pode, com o seu crescimento, absorver grande parte dessa mão de obra, pois a atividade, mesmo em áreas acidentadas, tem-se mantido viável. A importância da contribuição dessas atividades para a sustentabilidade ambiental da economia brasileira deriva do fato de que o desmatamento se constitui na principal fonte das nossas emissões de carbono. A preservação das suas florestas nativas talvez seja a maior contribuição que o país pode dar ao mundo para o enfrentamento das mudanças climáticas. Isso só será possível na medida em que diminuam as pressões econômicas sobre elas, entre as quais a extração ilegal de madeira aparece como uma das principais. Além de contribuírem para aliviar essas pressões, ao atenderem pelo menos uma parte da demanda de madeira extraída ilegalmente das florestas nativas, as florestas plantadas representam um importante 15 sumidouro para o carbono presente na atmosfera, prestando assim um relevante serviço ambiental, (MOÇOUÇAH, 2009). O fortalecimento do setor florestal para um país é essencial para: A proteção da qualidade de vida o crescimento do agronegócio, da agricultura familiar, do setor biotecnológico, do setor siderúrgico, do setor energético, entre outros a manutenção do homem no campo a prevenção e solução dos principais conflitos ambientais e sociais do campo a geração de emprego e renda a oferta de produtos florestais a manutenção da qualidade do ar, do solo, da biodiversidade e do clima é um serviço prestado sem custos pelas florestas. Em contrapartida, sua deterioração traz custos econômicos altíssimos para o Estado, por exemplo, com saúde, mudança na geografia da produção de alimentos, investimentos para minimizar os efeitos negativos e reparação dos danos, etc.; que são, em última instância, possibilitados pela cobertura vegetal, por meio dos serviços ecológicos que fornecem (água, solo, clima, biodiversidade) e de suas riquezas naturais; ao prover mais uma alternativa econômica, em especial nos meses de seca, minimizando o efeito da crescente urbanização da população (IBGE 2010), que, além de agravar os problemas nas cidades, torna-se uma questão de segurança nacional com o esvaziamento da população no interior do país; em especial da região Amazônica. A valoração da floresta é prérequisito para sua manutenção, proteção, uso e distribuição de riqueza; por meio do aproveitamento econômico dos recursos florestais e da biodiversidade em um país onde estes são abundantes. Quase metade do PIB brasileiro é dependente da biodiversidade e de seus recursos naturais. Cuidar para a manutenção da qualidade desses recursos é viabilizar o próprio desenvolvimento do país; e produzidos de forma sustentável, atendendo uma demanda crescente do mercado e das políticas públicas nacionais e internacionais. Quadro 1: Importância do Setor Florestal Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2012. O desenvolvimento econômico com base no desenvolvimento florestal é uma alternativa concreta que vem sendo discutida e proposta desde a década de 1950 pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente para o crescimento da economia dos países em desenvolvimento, (VALVERDE, 2000). 16 Há que se notar, porém, o número relativamente baixo de empregos formais mantidos no setor quando comparado aos outros agrupamentos de atividades econômicas e, sobretudo, com os postos de trabalho gerados pela silvicultura em outras partes do mundo com áreas de cobertura florestal muito menor do que a nossa, conforme Moçouçah, (2009). Por meio do estudo “Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo sustentável, com baixas emissões de carbono”, elaborado pelo PNUMA, Moçouçah, (2009), nos sugere uma hipótese para explicar este aparente paradoxo quando estima que a extração ilegal de madeira representa até 80% da produção madeireira de algumas regiões do Brasil. Ele se refere sem dúvida à região amazônica, onde o desmatamento ilegal é praticado quase sempre por trabalhadores contratados informalmente, quando não mediante o uso das fraudes e da violência que caracterizam o trabalho forçado. Mais do que em qualquer outro setor, a geração de um maior número de empregos verdes nessas atividades terá que ser necessariamente acompanhada da promoção do trabalho decente em todas as suas dimensões. Os benefícios ou vantagens da plantação de árvores, na visão de Rodigheri, (2002), são diversos, tais como: a) ecológicos: melhoria da conservação do solo, da qualidade água e do microclima para as pessoas, plantas e animais e redução do corte das matas naturais remanescentes; b) econômicas: produção florestal e agrícola na mesma área, diversificação da produção e aumento da renda por unidade de área da propriedade e: c) sociais aumento de emprego e melhoria da distribuição da mão-de-obra ao longo do ano e melhoria da qualidade de vida do produtor. 17 A silvicultura brasileira ocupa lugar de destaque no cenário mundial pelos índices de produtividade. Nas florestas plantadas, as condições brasileiras (insolação intensa, abundância de recursos hídricos, solos propícios para o cultivo), associadas ao desenvolvimento de técnicas silviculturais adequadas, fizeram com que algumas espécies atingissem produtividade sem concorrência com outros países de tradição florestal. Essa produtividade colabora para o desenvolvimento econômico de municípios onde a atividade florestal está presente, (MMA, 2012). A importância do setor florestal para a sociedade brasileira em termos econômicos, sociais e ambientais pode ser mensurada pela avaliação de seus principais indicadores: a área de florestas plantadas, o valor bruto da produção, a geração de impostos, o valor das exportações, empregos gerados e mantidos pelo setor em geral, e os investimentos na área de responsabilidade social e ambiental, (ABRAF, 2012). Diversos países, conforme Valverde, (2000), exportam madeiras na forma de toras para os países desenvolvidos que as processam e agregam valor, transformando em produtos que são, em alguns casos, importados por aqueles países exportadores de madeiras. Isso causa mais efeitos positivos para os países importadores que para os exportadores. Por meio dos dados da ABRAF (2012), os principais indicadores econômicos do setor brasileiro de florestas plantadas em 2011 estavam assim definidos: 18 Indicador Área Plantada Total no País (hectares) Área Plantada das Associadas da ABRAF (hectares) Área de Florestas Nativas Preservadas pelas Associadas da ABRAF (hectares) Valor Bruto da Produção (BRL Bilhões) Recolhimento de Tributos (BRL Bilhões) Valor 6.516.000 3.125.571 Observação 2.078.320 53,91 7,60 0,5% da arrecadação nacional Exportações (USD Bilhões) 7,97 3,1% do total das exportações do Brasil Saldo da Balança Comercial (USD Bilhões) 5,73 19,2% do saldo da balança comercial brasileira Quadro 2: Indicadores econômicos do Setor Florestal brasileiro Fonte: ABRAF, 2012 (ano base 2011). O setor florestal, segundo a ABRAF (2010), em especial aquele baseado em florestas plantadas, destaca-se pelo grau elevado de aproveitamento da matériaprima, a alta produtividade florestal, o desenvolvimento e uso de técnicas redutoras de impactos ambientais, a manutenção da biodiversidade, o desenvolvimento sócioeconômico e a responsabilidade social. Tais fatores fazem do negócio florestal como um todo algo singular e de características únicas, capaz de fornecer uma ampla gama de bens e serviços à sociedade. De acordo com a mesma, as principais razões para a estagnação do crescimento da área de plantios florestais em 2011 são: a) as restrições impostas pelo governo brasileiro para a compra de terras por grupos nacionais que possuam composição majoritária de capital estrangeiro; b) a reduzida atividade econômica nos países da União Europeia e nos Estados Unidos, países importadores de produtos florestais ou da cadeia de base florestal plantada; c) a redução da competitividade no mercado internacional dos produtos da cadeia produtiva brasileira de base florestal; e 19 d) a excessiva burocratização e os longos prazos requeridos pelos órgãos ambientais nos processos de licenciamento ambiental de novos projetos florestais e industriais no país. Ademais, outro fator que diminuiu o nível de atratividade para investimentos em florestas plantadas foi a limitação imposta pela infraestrutura deficiente do país, em vias de acesso, rodovias, ferrovias e portos, o que acarreta em custos adicionais ao transporte da madeira para as fábricas e para o escoamento dos produtos (ABRAF, 2010). Importante ressaltar que a par de reduções de áreas plantadas nos principais estados produtores de florestas plantadas nas Regiões Sudeste e Sul do país, ocorreram aumentos significativos nos estados situados nas novas fronteiras do setor, como o Maranhão, Tocantins, Piauí e o Mato Grosso do Sul2. Segundo Valverde, (2000), com o conhecimento e a evolução das técnicas de manejo de florestas nativas e das vantagens comparativas das florestas plantadas nos países tropicais, as condições supracitadas têm sido melhoradas, favorecendo o desenvolvimento do setor florestal. 2.3 Os empregos e verdes e a contribuição na prestação dos serviços ambientais A transição para uma economia ambientalmente sustentável para Moçouçah (2009) depende, sobretudo da adoção de novos padrões de consumo e de 2 ABRAF, 2010. 20 produção. Algumas das características desses padrões alternativos já foram bem apontadas pelo estudo Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo sustentável, com baixas emissões de carbono, que apresenta até mesmo um quadro com as principais mudanças necessárias para o “esverdeamento” das diversas atividades econômicas. Podemos sintetizar essas transformações do modelo vigente em torno de seis grandes eixos, levando em conta inclusive as particularidades da economia brasileira 3: • maximização da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis; • valorização, racionalização do uso e preservação dos recursos naturais e dos ativos ambientais; • aumento da durabilidade e reparabilidade dos produtos e instrumentos de produção; • redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de todos os tipos; • prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, sonora, do ar, da água e do solo; e • diminuição dos deslocamentos espaciais de pessoas e cargas. Segundo Castro e Ferreira, (2012), observa-se que, embora o discurso ambiental apareça como justificativa quase central para o mercado, as motivações 3 Moçouçah, 2009 21 do outro lado (dos trabalhadores) não parte tanto da consciência ambiental como da necessidade de estar no mundo trabalho, de obter renda, de dignificar a própria vida. Não obstante estas ações resultam na prestação de um serviço ambiental para a coletividade. As atividades econômicas cujos produtos finais contribuem objetivamente para a incorporação de pelo menos uma dessas características ao modelo vigente de produção e consumo na visão de Moçouçah (2009), estão prestando, sem sombra de dúvida, um relevante serviço ao meio ambiente. Se, ao mesmo tempo, os postos de trabalho que elas oferecem apresentam as condições que configuram um trabalho decente, podemos então classificá-los como empregos verdes. Para tanto, torna-se até certo ponto dispensável sabermos exatamente quantas toneladas de carbono cada uma dessas atividades evita despejar na atmosfera. Ao contrariarem os padrões dominantes de produção e consumo, elas apontam para alternativas concretas de estruturação da economia sobre bases mais sustentáveis. É justamente aí que reside a importância da sua contribuição: elas demonstram, em última instância, a possibilidade de se conciliar na prática os aspectos econômico, social e ambiental do desenvolvimento. Dada a magnitude do solo do Brasil, a AMATA aponta que apesar de ter uma proporção ínfima em relação às demais formas de uso, as florestas plantadas no Brasil em hectares representam uma dinâmica forma de geração de emprego e renda. 22 Figura 1: O uso do solo – Área Florestas plantadas (ha) Fonte: Consufor, 2009; SBS 2008 in: www.amata.com.br O crescimento da oferta de empregos verdes na economia brasileira será ainda maior na medida em que os setores intensivos em energia e recursos ambientais forem se “esverdeando”, ou seja, forem introduzindo tecnologias ambientalmente sustentáveis nos seu processo de produção nas palavras de Moçouçah, (2009). Fato que já é alternativa em alguns países. O segmento das florestas plantadas em contexto mundial apresenta um cenário onde o Brasil tem a oportunidade de ampliar suas dimensões, conforme verificado nos dados da AMATA. O ranking de área plantada aponta que em 2009 o Brasil ocupava 6 milhões de hectares em área de floresta plantada. Figura 2 – Ranking mundial de florestas plantadas (milhões de ha) Fonte: Consufor, 2009 23 É possível que aí ocorra certa substituição de algumas ocupações atualmente existentes por outras mais adequadas aos novos padrões de produção. Entretanto, o número total de postos de trabalho mantidos por esses setores dificilmente cairá, tendo em vista o caráter quase sempre mais intensivo em mão de obra das tecnologias “limpas” se comparadas às suas congêneres tradicionais, conforme Moçouçah, (2009). 3. MATERIAL E MÉTODOS 24 Esta seção ocupa-se de demonstrar os procedimentos metodológicos utilizados para dar resposta aos objetivos propostos na presente pesquisa. 3.1 O Objeto O objetivo geral do trabalho consistiu em: Ponderar a contribuição do setor florestal para a geração de emprego e renda nas Grandes Regiões do Brasil. Em aspectos específicos buscou-se dentro do período 2007 a 2009: • Verificar a geração dos empregos gerados por meio de florestas plantadas, florestas nativas, fabricação de produtos de madeira, fabricação de celuloses, papel e outros produtos de papel; • Perceber o valor adicionado bruto constante e corrente no período 2005 a 2009; e • Pontuar o rendimento médio anual em valor corrente para o setor no período 2005 a 2009. 3.2 Base de Dados Em atendimento aos objetivos do trabalho, utilizam-se como base, dados das Instituições tais como: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que é o Órgão governamental, responsável pela apuração, condensação e divulgação dos dados estatísticos relacionados à população brasileira, nos vários aspectos. Fez-se ainda, uso do Sistema de Contas Nacionais (SCN). De acordo com Valverde, (2000), o uso dos modelos de equilíbrio econômico geral através das 25 relações multissetoriais depende de um sistema de contas integradas que descreva todos os processos de produção, de circulação, de consumo e de acumulação numa economia, denominado Sistemas de Contas Nacionais (SCN). De importante contribuição ainda, foram os dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA),que entre outras coisas aponta que o Setor Florestal brasileiro, compreendido por florestas nativas e plantadas, públicas e privadas, é bastante heterogêneo em questões de produtividade, tecnologia, recursos humanos, requerimentos específicos e outros aspectos. Contudo, é homogêneo quando o assunto é carência de políticas públicas de fomento à produção. Talvez em razão de um distanciamento do poder público – em parte, pela até então independência financeira do setor de plantadas e, por outro lado, pelo foco no comando e controle no caso de florestas nativas, o setor apresenta problemas. Esses problemas referem-se a regramentos confusos e burocráticos, sobreposição de competências entre órgãos, estatísticas embaralhadas e com a falta de um endereço de interlocução na esfera federal (ou a multiplicidade desses endereços), de transparência e de diretrizes políticas que norteiem ações sinérgicas entre diferentes Ministérios. Como resultado, as florestas brasileiras são pouco valorizadas economicamente e o Brasil vive uma (falsa) disputa entre diferentes setores da economia pelo espaço para produção, recentemente trazida à superfície nos calorosos debates em torno do novo Código Florestal 4. Instituições que exploram o setor florestal como Associação Brasileira do Setor Brasileiro (ABRAF), de empresas de consultoria em setor madeireiro como a 4 2012. 26 CONSUFOR e AMATA, também foram de relevância fundamental por possuírem informações mais detalhadas do comportamento atual do setor. A pesquisa de dados secundários torna-se interessante recurso, uma vez que permite uma visualização de situações do objeto pesquisado com um custo baixo. Bêrni (2002) afirma que a coleta, a codificação e a análise de dados são processos inseparáveis e faz uso constante da comparação entre categorias, propriedades e hipóteses em relação a problemas específicos. De acordo com Vergara (2000), este tipo de pesquisa expõe características de determinada população ou fenômeno ou, ainda, o estabelecimento de relações entre variáveis. Para Bêrni (2002) os trabalhos quantitativos caracterizam-se pela possibilidade de se mensurar certos fenômenos ou variáveis em termos numéricos e análise qualitativa pode ser utilizada com o objetivo de captar as dimensões subjetivas da ação humana e pode ser usada como suporte, combinada, ou ainda, como predominante em relação à quantitativa. 4.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de empresas 27 4.1.2 Florestas plantadas Em termos do quantitativo de empresas que desenvolvem atividades em áreas plantadas no Brasil, os dados indicam um crescimento de 2.738 empresas. O detalhamento por grandes regiões aponta que no Sudeste há a concentração do maior número destas com um crescimento de 50% no período 2007/2011. Figura 3: Número de Empresas – Produção Florestal Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). No sul do País, embora com número menor há uma elevação de 513 empresas no mesmo período. O Centro Oeste, em posição intermediária, em 2007 detinha 366 empresas no segmento, apresenta em 2011 o número de 506 empresas. As Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, possuem o menor desempenho quando comparado com as demais regiões. A maior concentração de plantios florestais nas regiões Sul e Sudeste do país (73,8%), se justifica em função da localização das principais unidades industriais dos segmentos de papel e celulose, painéis de madeira industrializada, siderurgia a 28 carvão vegetal e madeira mecanicamente processada. Compreende uma das regiões com maior dinamismo econômico no segmento estudado. 4.1.3 Florestas Nativas Figura 4: Número de Empresas – Florestas Nativas Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). Por meio dos dados observa-se que o número de empresas que exploram a atividade economica em florestas nativas, com exceção da Região Sul (177 em 2007 e 166 em 2011) indicam relevante crescimento, sobretudo na Região Norte. O atrativo econômico para a elevação do número de empresas é algo pode ser investigado para futuros trabalhos, mas fato é que algo de interessante tem sinalizado positivamente nestas áreas. 4.1.4 Fabricação de produtos de madeira 29 A atividade economica desencadeada por meio da fabricação de produtos de madeira é significativa em todas as grandes Regiões, embora diante de ligeira redução no período 2007/2011. A Região Sul lidera o ranking com volume acima de 10.300 empresas no segmento em 2011. Figura 5: Número de Empresas – Fabricação de Produtos de Madeira Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). 4.1.5 Fabricação de Celulose, papel e produtos de papel O consumo de celulose e papel é um dos significativos indicadores de desempenho econômico e das atividades industriais dos países. O número de empresas que desenvolvem atividade na fabricação de celulose, papel e produtos de papel no Brasil apresentou decréscimo. Em 2007 haviam 6.059 empresas e em 2011, 5.804, o equivalente a 255 empresas a menos. No entanto não deve-se considera esta redução como um desestímulo isolado da economia brasileira, uma vez que o período em análise compreende um momento difícil para a economia mundial com desaceleração da economia em vários pasíses. 30 Figura 6: Número de Empresas – fabricação de Papel, Celulose e produtos de papel Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). O otimismo sofreu redução nas Regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Do maior para o menor volume tem-se a visualização: no Sudeste, 203; no Sul, 87 e, no Norte, 18 empresas. Em movimento contrário, no Nordeste houve a adição de 46 e no Centro Oeste 07 empresas. 4.2 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de ocupações 4.2.1 Florestas Plantadas O dinamismo decorrente do segmento florestas plantadas mostra-se relevante à medida que são criados novos postos de trabalho. Os dados da pesquisa consubstanciam esta fala, uma vez que nas grandes regiões do país os números refletem a agregação de ocupações que exercem papel duplo: geram renda e possibilitam o suprimento das necessidades de uma forma e de outra, prestam um serviço ambiental às gerações futura e presente, num processo de parceria intergeracional. 31 Figura 7: Número de Ocupações – Florestas Plantadas Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). Na região Sudeste, por exemplo, que possui a maior concentração populacional do País, apresenta elevação significativa de ocupações. O mesmo fato ocorre no Sul, no Nordeste, Norte e Centro Oeste do Brasil. 4.2.2 Florestas Nativas Figura 8: Número de Ocupações – Florestas Nativas Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). As ocupações criadas neste segmento apresenta comportamento diversificado. No Sul e no Sudeste o ocorre redução de postos de trabalho neste período, uma vez que o número de empresas reduziu-se. No Norte e no Centro 32 Oeste as ocupações foram incrementadas. Possivelmente este movimento possua relação com produtos nativos que têm despertados maiores interesses econômicos com base na extração de produtos florestais, como a crescente produção de biocosméticos, por exemplo. 4.2.3 Fabricação de produtos de madeira Nas Regiões Sul e Sudeste, como consequência de apresentar o maior número de empresas na fabricação de produtos de madeira, lidera o ranking de maior quantitativo em postos de trabalho. Isso é um dado interessante, uma vez que mostra dinamismo no setor, sobretudo quando se trata de “empregos formais”. Figura 9: Número de Ocupações – Fabricação de produtos de madeira Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). 4.2.4 Fabricação de celulose, papel e proutos de papel. 33 Mesmo diante do crescimento do mercado digital e do clamor ambiental o uso do papel no dia-a-dia praticamente é insubstituível. No Brasil, 100% da produção de papel e celulose utilizam matéria-prima proveniente de áreas de reflorestamento, principalmente de eucalipto (85%) e pinus (15%) 5. Figura 10: Número de Ocupações – Fabricação de celulose, papel e proutos de papel Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013). 4.3 Valor adicionado bruto constante e corrente (2005-2009) Valor adicionado é o valor que se adiciona ao produto em cada estágio de produção. Esse processo de agregação possibilita o resultado final do produto na economia. 5 De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). 34 Figura 11 – Valor adicionado (In: Sistema de Contas Nacionais 2005-2009) *Exclusive produção de móveis O valor adicionado bruto constante e corrente no período 2005-2009, aponta que no Brasil as atividades relacionadas à agricultura, silvicultura exploração florestal obteve elevação significativa, tanto no valor constante em 2005 (81.735 milhões) e no valor corrente (R$ 70.267 milhões) quando comparado ao período de 2009: R$ 98.440 milhões no valor constante e R$ 106.497 no corrente. Para a produção de madeira o valor adicionado corrente mostrou-se mais atrativo no período, fato que pode ser confirmado também para a indústria de celulose e produção de papel. Em 2005 o valor constante era de R$ 14.137 milhões e em 2009 R$ 13.518 milhões. O valor corrente por sua vez, era de R$ 10.810 milhões no período primeiro, sendo sobremodo maior em 2009 (R$ 13237 milhões). Em 1994, a silvicultura representava menos de 30% da produção florestal, enquanto o extrativismo ultrapassava os 70%. Entre 1998 e 2002, ambos praticamente se igualaram, mas a partir de 2003 a silvicultura acentuou a predominância e vem se distanciando do extrativismo. A adoção de um sistema de manejo florestal aliado a iniciativas conservacionistas que procuram conter os desmatamentos constituem um fator preponderante para preservação das matas (IBGE, 2014). 35 4.4 Rendimento médio anual em valor corrente (2005-2009) O valor médio anual em valores correntes no período 2005-2009 sinaliza elevação de renda de 46% nas atividades de agricultura, silvicultura e exploração florestal. Embora represente uma remuneração baixa quando comparada à demais ocupações, percebe-se que ter uma elevação de rendimento médio nesta proporção no período de 4 a 5 anos em si, representa dado dinamismo econômico no segmento. A produção de madeira de igual modo apresenta elevação no período em percentual próximo a 26%. Quando verifica-se que este rendimento não considera a produção de móveis, a relevância econômica para o segmento mostra-se promissora. Figura 12 – Rendimento médio anual (In: Sistema de Contas Nacionais 2005-2009) *Exclusive produção de móveis Os mais altos rendimentos médios não obstante, permeiam a indústria de celulose e papel, pois em 2005 correspondia a R$ 21.651,94 nas atividades e em 2009 R$ 28.474,90 em valores absolutos. Em termos percentuais, no entanto apresenta menor crescimento no rendimento médio no período que as outras duas atividades aqui expostas. 36 O aumento da renda resulta um dinamismo significativo na economia, uma vez que a elevação desta possibilita o aumento do consumo, afetando a produção. Esta uma vez motivada proporciona a elevação de mais postos de trabalho e, consequentemente mais emprego e remuneração. Por meio dos dados expostos na figura 13 verifica-se ocorre um “efeito multiplicador” substancial originado a partir dos empregos diretos gerados no segmento das florestas plantadas. 4.5 Empregos diretos, indiretos e efeito renda decorrentes das florestas plantadas no Brasil. Figura 13: Empregos gerados por meio das Florestas Plantadas no Brasil (2011) Fonte: ABRAF, 2012. Em 2011 foram mais de 500.000 empregos diretos ofertados, significando que este segmento tem sido promissor para a economia do País. Os empregos indiretos correlacionados permearam os níveis de 1.500.000 ocupações. Em função do efeito renda, os empregos criados em 2011 ultrapassaram a escala de 2.500.000 empregos. 37 5. CONCLUSÃO O mercado florestal no período 2007/2011 apresentou crescimento de 2.738 empresas no segmento de florestas plantadas com destaque para a Região Sudeste, embora com participação menor das Regiões Norte e Nordeste. A agregação de novas empresas no segmento refletiu em 16.375 ocupações no mercado de trabalho formal. O comportamento percebido por meio das florestas nativas mostrou-se relevante à medida que o número de empresas dobra no período nas Regiões Norte e Centro Oeste. Na Nordeste havia 162 empresas e na Sudeste, 79. A motivação econômica para tal evento é algo que pode ser investigado em pesquisas futuras, pois algo de positivo pode estar gerando este movimento, o que resulta em geração de postos de trabalho no âmbito formal. Mesmo em áreas com concentração populacional em menor número, como a Região Norte, é importante o fato de se perceber o crescimento desta atividade. A fabricação dos produtos de madeira apresentou um movimento significativo na Região Sul, que lidera o ranking com volume de 10.300 empresas, o que em 2011 representaram o número de 113.673 ocupações. Nas demais Regiões. Com exceção da Sudeste, houve redução de empresas, fato que pode estar associado à fase de desaceleração econômica vivenciada no período em diversos países. Na produção de celulose, papel e produtos de papel, por sua vez, houve movimento positivo nas Regiões Nordeste (78 empresas) e Centro Oeste (04) empresas. Nas demais Regiões, houve redução destas, com reflexo, evidentemente em postos de trabalho. Em termos de rendimento, no entanto, as maiores 38 remunerações concentram-se neste segmento, conforme verificado nos dados do Sistema de Contas Nacionais. Os dados da ABRAF confirmam o potencial do segmento florestal quando mostram que em 2011 havia mais de 500.000 empregos diretos; 1.500.000 empregos indiretos e 2.500.000 empregos gerados por meio das florestas plantadas. Um volume desta natureza mostra-se significativo, por exemplo, em Regiões com expressivo quantitativo populacional, como é o caso do Sudeste e do Nordeste do País. É inquestionável a importância do setor florestal para o aquecimento da economia do País. O quantitativo de metros cúbicos produzidos em toras de madeira para a produção de diversos itens que são utilizados no dia a dia é originado nas florestas plantadas. Com maior intensidade em uma Região e menor em outra, é visível a contribuição econômica advinda do setor florestal. Mesmo quando se discute em elevado grau ações proativas para a sustentabilidade, percebe-se que deste setor surge uma resposta positiva, de forma responsável. No entanto para que os resultados sejam mais visíveis e eficazes, tanto quanto à sustentabilidade quanto para o mercado de trabalho, faz-se necessário a busca de alternativas que possam ser aliadas à valorização do emprego verde, tanto por mover o individual e o coletivo na prestação de um serviço ambiental quanto por proporcionar ocupações em postos de trabalho no mercado formal gerando renda e garantias constitucionais previdenciárias. 39 REFERENCIAS ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF 2012 ano base 2011 /ABRAF. – Brasília: 2012. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em 17/11/2013. BÊRNI, Duiliu de Avila. Técnicas de pesquisa em economia: transformando curiosidade em conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2002. CASTRO. Dahiane da Silva; FERREIRA, Rúbia Silene Alegre. 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Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2000. 41 APÊNDICES Unidades locais, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12, salários e outras remunerações e salário médio mensal, por seção, divisão e grupo da classificação de atividades (CNAE 2.0) e faixas de pessoal ocupado total Variável = Número de unidades locais (Unidades) Ano Classificação Nacional de Atividades 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Econômicas (CNAE 2.0) Brasil 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 4.415 4.687 5.516 6.140 6.963 7.153 02.2 Produção florestal - florestas nativas 622 806 862 958 1.104 1.109 16 Fabricação de produtos de madeira 24.121 23.740 23.363 23.078 23.246 22.260 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 5.974 6.059 6.079 5.994 5.927 5.804 papel Norte 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 390 347 372 321 326 305 02.2 Produção florestal - florestas nativas 112 153 157 178 207 245 16 Fabricação de produtos de madeira 2.719 2.709 2.626 2.516 2.530 2.387 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 122 123 120 118 119 105 papel Nordeste 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 312 343 345 331 385 381 02.2 Produção florestal - florestas nativas 60 107 143 168 212 222 16 Fabricação de produtos de madeira 2.052 2.023 1.942 1.927 2.043 1.877 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 575 607 654 659 620 653 papel Sudeste 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 1.818 1.898 2.398 2.984 3.487 3.725 02.2 Produção florestal - florestas nativas 157 210 189 256 248 236 16 Fabricação de produtos de madeira 5.739 5.588 5.531 5.580 5.611 5.376 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 3.309 3.324 3.266 3.203 3.149 3.121 papel Sul 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 1.541 1.733 1.960 2.041 2.225 2.236 02.2 Produção florestal - florestas nativas 169 177 166 152 170 160 16 Fabricação de produtos de madeira 11.005 10.944 10.856 10.614 10.651 10.302 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 1.739 1.779 1.804 1.767 1.753 1.692 papel Centro-Oeste 02.1 Produção florestal - florestas plantadas 354 366 441 463 540 506 02.2 Produção florestal - florestas nativas 124 159 207 204 267 246 16 Fabricação de produtos de madeira 2.606 2.476 2.408 2.441 2.411 2.318 17 Fabricação de celulose, papel e produtos de 229 226 235 247 286 233 papel Fonte: IBGE, 2013 42 Unidades locais, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12, salários e outras remunerações e salário médio mensal, por seção, divisão e grupo da classificação de atividades (CNAE 2.0) e faixas de pessoal ocupado total Variável = Pessoal ocupado total (Pessoas) Classificação Nacional de Ano Atividades Econômicas (CNAE 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2.0) Brasil 02.1 Produção florestal - florestas 51.414 57.920 65.986 62.402 69.785 67.789 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 6.463 7.409 7.482 6.617 7.268 8.033 nativas 16 Fabricação de produtos de 268.261 270.707 250.293 236.278 244.382 239.934 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 182.273 187.528 187.545 191.722 192.016 191.028 e produtos de papel Norte 02.1 Produção florestal - florestas 4.894 5.341 6.730 6.234 6.902 6.805 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 1.032 1.064 973 854 1.422 1.578 nativas 16 Fabricação de produtos de 52.597 52.775 43.817 38.755 40.524 38.199 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 4.579 5.172 4.804 4.716 4.088 4.678 e produtos de papel Nordeste 02.1 Produção florestal - florestas 6.881 8.651 8.214 7.988 8.623 7.560 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 1.265 1.385 1.741 1.435 1.717 2.353 nativas 16 Fabricação de produtos de 10.857 10.959 10.260 9.517 10.026 10.557 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 14.678 16.036 16.482 16.364 16.853 17.623 e produtos de papel Sudeste 02.1 Produção florestal - florestas 24.167 25.774 30.837 28.350 31.935 30.223 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 2.510 2.898 2.814 2.545 2.154 1.978 nativas 16 Fabricação de produtos de 54.047 56.953 56.422 54.500 55.794 55.886 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 106.819 108.358 107.607 110.944 109.953 108.493 e produtos de papel Sul 02.1 Produção florestal - florestas 11.834 13.775 15.640 15.255 16.354 15.884 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 774 1.049 951 853 809 791 nativas 16 Fabricação de produtos de 126.231 124.920 115.980 110.683 115.675 113.673 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 52.546 54.235 53.650 53.329 54.792 54.631 e produtos de papel Centro-Oeste 02.1 Produção florestal - florestas 3.638 4.379 4.565 4.575 5.971 7.317 plantadas 02.2 Produção florestal - florestas 882 1.013 1.003 930 1.166 1.333 nativas 16 Fabricação de produtos de 24.529 25.100 23.814 22.823 22.363 21.619 madeira 17 Fabricação de celulose, papel 3.651 3.727 5.002 6.369 6.330 5.603 e produtos de papel Fonte: IBGE, 2013 43 Valor adicionado bruto constante e corrente em R$ 1.000.000 (2005-2009) 2005 Const. Agricultura, silvicultura exploração florestal Produtos madeira exclusive móveis Celulose produtos papel 2006 2007 2008 2009 Corr. Const. Corr. Const. Corr. Const. Corr. Const. Corr. 81.735 70.267 74.299 76.465 81.505 87.336 93.918 103.663 98.440 106.497 de – 7.938 7.307 7.287 7.953 7.500 8.597 7.811 9.169 7.672 7.908 e de 14.137 18.810 11.187 12.489 12.367 12.764 13.180 13.800 13.518 13.237 e Fonte: Sistema de Contas Nacionais (SCN) Rendimento médio anual , em valor corrente (2005-2009) 2005 2006 2007 2008 2009 Agricultura, silvicultura e exploração florestal 3.957 4.139 4.824 6.039 6.100 Produtos de madeira – exclusive móveis 6.933,24 7.288,15 8.170,43 9.093,39 9.281,20 Celulose e produtos de papel 21.651,94 23.628,16 25.895,51 26.895,56 28.474,90 Fonte: Sistema de Contas Nacionais (SCN) Empregos gerados por meio das florestas plantadas em 2011 5,0% da população economicamente ativa 4.730.000 Empregos diretos 645.207 Empregos indiretos Empregos devidos efeito renda 1.475.283 ao Fonte: ABRAF, 2012. 2.613.122