Monografia - Serviço Florestal Brasileiro

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1
I PREMIO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO EM ESTUDOS DE
ECONOMIA E MERCADO FLORESTAL
MERCADO FLORESTAL
A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA A GERAÇÃO DE
EMPREGO E RENDA NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
2
A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA A GERAÇÃO DE
EMPREGO E RENDA NAS GRANDES REGIÕES DO BRASIL:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
RESUMO
O objetivo do trabalho consistiu em ponderar a contribuição do setor florestal para a
geração de emprego e renda nas Grandes Regiões do Brasil. Em aspectos
específicos fez a verificação dos empregos gerados por meio de florestas plantadas,
florestas nativas, fabricação de produtos de madeira, fabricação de celuloses, papel
e outros produtos de papel. Na tentativa de dar resposta aos objetivos propostos,
utilizaram-se dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Sistema
de Contas Nacionais (SCN), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de Instituições
como Associação Brasileira do Setor Brasileiro (ABRAF), de empresas de
consultoria em setor madeireiro como a CONSUFOR e AMATA. Os resultados
indicam que o setor florestal no Brasil responde de forma positiva na produção dos
diversos segmentos estudados, proporcionando a geração de empregos formais no
mercado de trabalho. Faz-se necessário, no entanto, a adoção de alternativas que
busquem a ampliação deste segmento como resgate do trabalho decente,
possibilitando o alcance de um nível de igualdade deste aos demais setores da
economia formal no País.
Palavras- chave: Floresta, emprego e renda.
3
...e todas as árvores do campo baterão palmas.
Isaías 55:12 (Bíblia Sagrada)
)
4
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Importância do Setor Florestal...........................................
15
Quadro 2: Indicadores econômicos do Setor Florestal brasileiro....
17
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O uso do solo – Área Florestas plantadas (ha)
22
Figura 2 – Ranking mundial de florestas plantadas (milhões de (ha)
22
Figura 3: Número de Empresas – Produção Florestal
27
Figura 4: Número de Empresas – Florestas Nativas
28
Figura 5: Número de Empresas – Fabricação de Produtos de Madeira
29
Figura 6: Número de Empresas – Fabricação de Papel, Celulose e
produtos de papel
30
Figura 7: Número de Ocupações – Produção Florestal
31
Figura 8: Número de Ocupações – Florestas Nativas
31
Figura 9: Número de Ocupações – Fabricação de Produtos de Madeira
32
Figura 10: Número de Ocupações – Fabricação de Papel, Celulose e
produtos de papel
33
Figura 11: Valor adicionado bruto constante e corrente
34
Figura 12: Rendimento médio anual em valor corrente
35
Figura 13: Empregos diretos, indiretos e gerados devido ao efeito
renda por conta das florestas plantadas no Brasil
36
6
LISTA DE SIGLAS
ABRAF
Associação Brasileira de Florestas
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
FAO
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
MMA
Ministério do Meio Ambiente
ONU
Organização das Nações Unidas
SCN
Sistema de Contas Nacionais
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................
08
2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................
11
2.1 A base legislativa no preambulo da manutenção das florestas......
11
2.2 A Economia florestal.......................................................................
13
2.3 Os empregos verdes e os serviços ambientais..............................
19
3. MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................
23
3.1 O objeto..........................................................................................
23
3.2 Base de Dados...............................................................................
23
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................
26
4.1 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de empresas
26
4.2 Aspectos relevantes de mercado florestal em ocupações formais..... 30
4.3 Valor adicionado bruto constante e corrente........................................ 33
4.4 Rendimento médio anual em valor corrente........................................ 35
4.5 Empregos diretos, indiretos e efeito renda decorrentes das florestas
plantadas no Brasil...................................................................................
36
5. CONCLUSÃO........................................................................................... 37
REFERENCIAS............................................................................................. 39
APÊNDICES.................................................................................................
41
8
1. INTRODUÇÃO
A economia é a ciência da escassez. Mesmo quando a oferta de recursos na
natureza era maior que a necessidade de suprimento havia a carência de
adequação dos recursos e do conhecimento da natureza, dos ciclos, das estações.
A civilização humana conseguiu ampliar o conhecimento destas questões
gradativamente.
Ao passo que a população humana tomou proporções maiores, a oferta de
recursos disponíveis para dar manutenção à sobrevivência desta, de certa forma
apresentou-se escassa exigindo a intervenção e interferência humana no sentido de
cultivar para a produção de alimentos, de domesticar diversas espécies de animais
para a garantia de outras formas de provisão (leite, proteínas e inclusive o comércio
destes).
Historicamente a força do trabalho humano tem sido transformadora. As
diversas possibilidades de criar surgiram a partir do trabalho. Nesse sentido, teóricos
de relevante contribuição atribuíram grandeza ao trabalho humano, como por
exemplo, Adam Smith. Por meio da obra intitulada “A riqueza das nações”, pôde
mostrar que a principal fonte de riqueza de uma nação consistia no trabalho das
pessoas.
Adam Smith pontuou que a “especialização” do trabalho produzia uma cadeia
que à medida com que as pessoas buscavam dar resposta aos seus interesses, a
comunidade desfrutava de um positivo aquecimento econômico. O leiteiro ao ofertar
o leite, alcançava venda no mercado deste produto e possibilitava as diversas
formas de produção que tinham o leite em sua base, como por exemplo, a produção
do pão, do bolo.
9
Adam Smith, David Ricardo e tantos outros teóricos da Economia, como
Thomas Malthus ao desenvolverem seus estudos pontuaram a partir de suas
análises a relação entre escassez de recursos e necessidades humanas que são
ilimitadas.
Embora se tenha por certo que as pessoas precisam ter suas necessidades
supridas, verifica-se que a busca deste suprimento que em praticamente todos os
lugares ocorreu de forma não planejada, sabe-se que a natureza sofreu
consequências pesadas por conta disso.
A busca desenfreada dos homens por riqueza mostrou-se impiedosa e
produziu não apenas a “riqueza” objetivada, mas ainda alterações diversas e
desastrosas mostradas no desenrolar dos tempos, como secas intensas, alagações,
e outras formas que a natureza encontrou para refazer ou ajustar o que havia sido
alterado.
No contexto da manutenção das florestas embora ainda pequenas, são
relevantes as conquistas obtidas no sentido desta adequação de uso e preservação.
Diversos países utilizam seus desdobramentos legislativos para dar condição da
sobrevivência da vida das pessoas e geração de emprego e renda, pois é constituise elemento vital para a sobrevivência humana.
No Brasil a força econômica advinda do mercado florestal é significativa, ao
passo que atribui a possibilidade de todo um encadeamento econômico de
desenrolar, não apenas com base no uso de florestas nativas como a base. Diversas
empresas desenvolvem atividades de plantação das florestas, geram emprego,
renda, aquecem o mercado e por sua vez, preservam a floresta.
10
No sentido de possibilitar uma visão de certa forma focada neste segmento, o
presente trabalho se propôs a fazer uma investigação intencionando apresentar
alguns dados relevantes no mercado florestal no Brasil, mostrando alguns dados em
termos de empresas e empregos formais que permeiam este mercado.
A estrutura do trabalho está assim dividida: o arcabouço teórico buscou de
forma sucinta abordar às questões legislativas sobre as florestas, seguida de
observações inerentes à economia florestal e dos empregos verdes no Brasil.
A terceira seção consiste em apontar os procedimentos metodológicos
utilizados para responder ao objetivo proposto, e na quarta parte do trabalho faz-se
a análise dos resultados obtidos na pesquisa. Por fim, tem-se a conclusão.
11
2.REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A base legislativa no preambulo da manutenção das florestas
O uso dos recursos florestais é um exemplo sugestivo para refletir sobre o
conceito de desenvolvimento sustentável. Tanto a madeira como todos os outros
produtos que dependem do abrigo da floresta, têm sido uma forte interação com os
seres humanos desde o surgimento do Homo na Terra.
Essa coexistência foi
harmoniosa enquanto a oferta de recursos era muito maior do que a procura. Com o
aumento da população, o Homo foi forçado a domesticar plantas e animais e, assim,
a floresta transformava-se em obstáculo, sendo, invariavelmente, derrubada e
queimada. A super-exploração de florestas, associada ao mau uso dos solos,
causou o desaparecimento de algumas civilizações. Portanto, conforme Higushi,
(2007), combinar o uso sustentável dos recursos florestais e conservação dos
ecossistemas é o atual paradigma de desenvolvimento de uma nação e, ao mesmo
tempo, um grande desafio para a ciência florestal.
De acordo com o Novo Código Florestal Lei nº 12.651/2012, as florestas são
bens de interesse comum, que devem ser preservadas e recuperadas, em uma
relação sustentável com a agropecuária. É o instrumento que disciplina o uso dos
recursos florestais (HIGUSHI, 2007).
O Código Florestal Brasileiro foi criado em 1934 e editado em 15 de setembro
de 1965 através da Lei nº. 4.771 que definiu de forma minuciosa os princípios
necessários para proteger o meio ambiente e garantir o bem estar da população do
país. E trata das duas principais fontes de proteção ambiental – previstas através de
12
situações de preservação e conservação – que são as Áreas de Preservação
Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL), (GARCIA, 2012).
Na realidade apesar do fato das atualizações pelas quais passa o Código
Florestal, sabe-se que a Constituição de 1988, impôs ao Poder Público e à
coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e
futuras gerações. Sob esse prisma Fiorillo, (2010), contribui apontando que a nossa
Carta Magna estruturou uma composição para a tutela dos valores ambientais,
reconhecendo-lhes características próprias, desvinculadas do instituo da posse e da
propriedade, consagrando uma nova concepção ligada a direitos que muitas vezes
transcendem a tradicional ideia dos direitos ortodoxos: os chamados direitos difusos.
Leme e Machado (2010) apontam ainda que a defesa do meio ambiente é
uma dessas questões que obrigatoriamente devem constar na agenda econômica
pública e privada. “A defesa do meio ambiente não é uma questão de gosto, de
ideologia e de moda, mas um fator que a Carta Maior manda levar em conta.”
Fiorillo, (2010), discursa que o bem ambiental, fundamental, como declara a
Carta Constitucional, e porquanto vinculado a aspectos de evidente importância à
vida, merece tutela tanto do Poder Público como de toda a coletividade, tutela essa
consistente num dever, e não somente em mera norma moral de conduta. E ao
referir-se à coletividade e ao Poder Público, leva-nos a concluir que a proteção dos
valores ambientais estrutura tanto a sociedade, do ponto de vista de suas
instituições, quanto se adapta às regras mais tradicionais das organizações
humanas, como as associações civis, os partidos políticos e os sindicatos.
O Brasil e o mundo têm, enfim, todos os instrumentos necessários para
proteger as nossas florestas e deixar para as futuras gerações, oportunidades e
13
iguais as nossas, para atenderem as suas necessidades, na visão de Higushi,
(2007).
2.2 A Economia florestal
De acordo com o MMA 1, (2012), O Brasil possui a segunda maior cobertura
florestal (516 Mha, ≈13%) e a maior extensão de florestas tropicais do planeta. No
entanto, menos de 7% (< 34 Mha) dessas florestas estão destinadas à produção
florestal. Do total de florestas que cobrem atualmente o território nacional (516
milhões de hectares), 56% (290 milhões de ha) são públicas. Portanto, políticas
públicas convergentes para o fortalecimento de uma economia florestal têm o poder
de contribuir fortemente para a opção de crescimento sem degradação, com
positivos resultados nos índices de qualidade socioeconômicos e ambientais.
A maior parte das terras ocupadas pela agricultura e pecuária, de acordo com
Rodigheri, (2000), já foi coberta por florestas naturais. O desmatamento provocou
grande redução das matas naturais, diminuiu a disponibilidade de madeira,
aumentou a erosão das terras, o assoreamento dos rios e a poluição das águas.
A maior extensão de florestas brasileiras está na Amazônia, assim como as
maiores extensões de unidades de conservação. Essa é, também, uma região
pautada por conflitos sociais, violência rural, problemas fundiários, pilhagem de
recursos florestais e baixo IDH. Há ainda 64 milhões de florestas públicas ainda não
destinadas à mercê da grilagem e do uso predatório. A estruturação de uma
economia florestal forte na região seria uma contribuição sem precedentes para a
1
Ministério do Meio Ambiente, 2012.
14
conservação, associada ao aumento da governança local, apaziguamento dos
conflitos, melhoria da qualidade de vida de 25 milhões de brasileiros residentes,
diminuição do desmatamento, oferta de bens sustentáveis, fortalecimento da
soberania nacional e aumento dos benefícios ecológicos e climáticos para os
brasileiros e para o mundo, (MMA, 2012).
O setor florestal brasileiro, para Valverde (2000), com a importância que tem
na produção, no emprego, na arrecadação, nas exportações e no pagamento de
salários, pode ser um desses instrumentos necessários para impulsionar o
desenvolvimento da economia. Mais especificamente no emprego está uma razão
importante do setor florestal, visto que o progresso tecnológico tem contribuído para
o aumento do desemprego em muitos setores, tradicionalmente intensivos em mãode-obra, como é o caso da agricultura, principalmente em áreas planas, onde a
mecanização tem expulsado trabalhadores do campo. Dessa forma, o setor florestal
pode, com o seu crescimento, absorver grande parte dessa mão de obra, pois a
atividade, mesmo em áreas acidentadas, tem-se mantido viável.
A importância da contribuição dessas atividades para a sustentabilidade
ambiental da economia brasileira deriva do fato de que o desmatamento se constitui
na principal fonte das nossas emissões de carbono. A preservação das suas
florestas nativas talvez seja a maior contribuição que o país pode dar ao mundo para
o enfrentamento das mudanças climáticas. Isso só será possível na medida em que
diminuam as pressões econômicas sobre elas, entre as quais a extração ilegal de
madeira aparece como uma das principais. Além de contribuírem para aliviar essas
pressões, ao atenderem pelo menos uma parte da demanda de madeira extraída
ilegalmente das florestas nativas, as florestas plantadas representam um importante
15
sumidouro para o carbono presente na atmosfera, prestando assim um relevante
serviço ambiental, (MOÇOUÇAH, 2009).
O fortalecimento do setor florestal para um país é essencial para:
A
proteção
da
qualidade de vida
o crescimento do
agronegócio, da
agricultura familiar, do
setor biotecnológico,
do setor siderúrgico, do
setor energético, entre
outros
a manutenção do
homem no campo
a prevenção e solução
dos principais conflitos
ambientais e sociais do
campo
a geração de emprego e
renda
a oferta de produtos
florestais
a manutenção da qualidade do ar, do solo, da biodiversidade e do
clima é um serviço prestado sem custos pelas florestas. Em
contrapartida, sua deterioração traz custos econômicos altíssimos
para o Estado, por exemplo, com saúde, mudança na geografia
da produção de alimentos, investimentos para minimizar os
efeitos negativos e reparação dos danos, etc.;
que são, em última instância, possibilitados pela cobertura
vegetal, por meio dos serviços ecológicos que fornecem (água,
solo, clima, biodiversidade) e de suas riquezas naturais;
ao prover mais uma alternativa econômica, em especial nos
meses de seca, minimizando o efeito da crescente urbanização
da população (IBGE 2010), que, além de agravar os problemas
nas cidades, torna-se uma questão de segurança nacional com o
esvaziamento da população no interior do país;
em especial da região Amazônica. A valoração da floresta é prérequisito para sua manutenção, proteção, uso e distribuição de
riqueza;
por meio do aproveitamento econômico dos recursos florestais e
da biodiversidade em um país onde estes são abundantes. Quase
metade do PIB brasileiro é dependente da biodiversidade e de
seus recursos naturais. Cuidar para a manutenção da qualidade
desses recursos é viabilizar o próprio desenvolvimento do país; e
produzidos de forma sustentável, atendendo uma demanda
crescente do mercado e das políticas públicas nacionais e
internacionais.
Quadro 1: Importância do Setor Florestal
Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2012.
O desenvolvimento econômico com base no desenvolvimento florestal é uma
alternativa concreta que vem sendo discutida e proposta desde a década de 1950
pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) da Organização das Nações
Unidas (ONU), principalmente para o crescimento da economia dos países em
desenvolvimento, (VALVERDE, 2000).
16
Há que se notar, porém, o número relativamente baixo de empregos formais
mantidos no setor quando comparado aos outros agrupamentos de atividades
econômicas e, sobretudo, com os postos de trabalho gerados pela silvicultura em
outras partes do mundo com áreas de cobertura florestal muito menor do que a
nossa, conforme Moçouçah, (2009).
Por meio do estudo “Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um
mundo sustentável, com baixas emissões de carbono”, elaborado pelo PNUMA,
Moçouçah, (2009), nos sugere uma hipótese para explicar este aparente paradoxo
quando estima que a extração ilegal de madeira representa até 80% da produção
madeireira de algumas regiões do Brasil. Ele se refere sem dúvida à região
amazônica, onde o desmatamento ilegal é praticado quase sempre por
trabalhadores contratados informalmente, quando não mediante o uso das fraudes e
da violência que caracterizam o trabalho forçado. Mais do que em qualquer outro
setor, a geração de um maior número de empregos verdes nessas atividades terá
que ser necessariamente acompanhada da promoção do trabalho decente em todas
as suas dimensões.
Os benefícios ou vantagens da plantação de árvores, na visão de Rodigheri,
(2002), são diversos, tais como: a) ecológicos: melhoria da conservação do solo, da
qualidade água e do microclima para as pessoas, plantas e animais e redução do
corte das matas naturais remanescentes; b) econômicas: produção florestal e
agrícola na mesma área, diversificação da produção e aumento da renda por
unidade de área da propriedade e: c) sociais aumento de emprego e melhoria da
distribuição da mão-de-obra ao longo do ano e melhoria da qualidade de vida do
produtor.
17
A silvicultura brasileira ocupa lugar de destaque no cenário mundial pelos
índices de produtividade.
Nas florestas plantadas, as condições brasileiras (insolação intensa,
abundância de recursos hídricos, solos propícios para o cultivo), associadas ao
desenvolvimento de técnicas silviculturais adequadas, fizeram com que algumas
espécies atingissem produtividade sem concorrência com outros países de tradição
florestal. Essa produtividade colabora para o desenvolvimento econômico de
municípios onde a atividade florestal está presente, (MMA, 2012).
A importância do setor florestal para a sociedade brasileira em termos
econômicos, sociais e ambientais pode ser mensurada pela avaliação de seus
principais indicadores: a área de florestas plantadas, o valor bruto da produção, a
geração de impostos, o valor das exportações, empregos gerados e mantidos pelo
setor em geral, e os investimentos na área de responsabilidade social e ambiental,
(ABRAF, 2012).
Diversos países, conforme Valverde, (2000), exportam madeiras na forma de
toras para os países desenvolvidos que as processam e agregam valor,
transformando em produtos que são, em alguns casos, importados por aqueles
países exportadores de madeiras. Isso causa mais efeitos positivos para os países
importadores que para os exportadores.
Por meio dos dados da ABRAF (2012), os principais indicadores econômicos
do setor brasileiro de florestas plantadas em 2011 estavam assim definidos:
18
Indicador
Área Plantada Total no País (hectares)
Área Plantada das Associadas da ABRAF
(hectares)
Área de Florestas Nativas Preservadas pelas
Associadas da ABRAF (hectares)
Valor Bruto da Produção (BRL Bilhões)
Recolhimento de Tributos (BRL Bilhões)
Valor
6.516.000
3.125.571
Observação
2.078.320
53,91
7,60
0,5% da arrecadação
nacional
Exportações (USD Bilhões)
7,97
3,1% do total das
exportações do Brasil
Saldo da Balança Comercial (USD Bilhões)
5,73
19,2% do saldo da
balança
comercial
brasileira
Quadro 2: Indicadores econômicos do Setor Florestal brasileiro
Fonte: ABRAF, 2012 (ano base 2011).
O setor florestal, segundo a ABRAF (2010), em especial aquele baseado em
florestas plantadas, destaca-se pelo grau elevado de aproveitamento da matériaprima, a alta produtividade florestal, o desenvolvimento e uso de técnicas redutoras
de impactos ambientais, a manutenção da biodiversidade, o desenvolvimento sócioeconômico e a responsabilidade social. Tais fatores fazem do negócio florestal como
um todo algo singular e de características únicas, capaz de fornecer uma ampla
gama de bens e serviços à sociedade. De acordo com a mesma, as principais
razões para a estagnação do crescimento da área de plantios florestais em 2011
são:
a) as restrições impostas pelo governo brasileiro para a compra de terras por
grupos nacionais que possuam composição majoritária de capital
estrangeiro;
b) a reduzida atividade econômica nos países da União Europeia e nos
Estados Unidos, países importadores de produtos florestais ou da cadeia
de base florestal plantada;
c) a redução da competitividade no mercado internacional dos produtos da
cadeia produtiva brasileira de base florestal; e
19
d) a excessiva burocratização e os longos prazos requeridos pelos órgãos
ambientais nos processos de licenciamento ambiental de novos projetos
florestais e industriais no país.
Ademais, outro fator que diminuiu o nível de atratividade para investimentos
em florestas plantadas foi a limitação imposta pela infraestrutura deficiente do país,
em vias de acesso, rodovias, ferrovias e portos, o que acarreta em custos adicionais
ao transporte da madeira para as fábricas e para o escoamento dos produtos
(ABRAF, 2010).
Importante ressaltar que a par de reduções de áreas plantadas nos principais
estados produtores de florestas plantadas nas Regiões Sudeste e Sul do país,
ocorreram aumentos significativos nos estados situados nas novas fronteiras do
setor, como o Maranhão, Tocantins, Piauí e o Mato Grosso do Sul2.
Segundo Valverde, (2000), com o conhecimento e a evolução das técnicas de
manejo de florestas nativas e das vantagens comparativas das florestas plantadas
nos países tropicais, as condições supracitadas têm sido melhoradas, favorecendo o
desenvolvimento do setor florestal.
2.3 Os empregos e verdes e a contribuição na prestação dos serviços
ambientais
A transição para uma economia ambientalmente sustentável para Moçouçah
(2009) depende, sobretudo da adoção de novos padrões de consumo e de
2
ABRAF, 2010.
20
produção. Algumas das características desses padrões alternativos já foram bem
apontadas pelo estudo Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo
sustentável, com baixas emissões de carbono, que apresenta até mesmo um quadro
com as principais mudanças necessárias para o “esverdeamento” das diversas
atividades econômicas.
Podemos sintetizar essas transformações do modelo vigente em torno de seis
grandes eixos, levando em conta inclusive as particularidades da economia
brasileira 3:
• maximização da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis
por fontes renováveis;
• valorização, racionalização do uso e preservação dos recursos naturais e dos
ativos ambientais;
• aumento da durabilidade e reparabilidade dos produtos e instrumentos de
produção;
• redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de
todos os tipos;
• prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, sonora, do ar,
da água e do solo; e
• diminuição dos deslocamentos espaciais de pessoas e cargas.
Segundo Castro e Ferreira, (2012), observa-se que, embora o discurso
ambiental apareça como justificativa quase central para o mercado, as motivações
3
Moçouçah, 2009
21
do outro lado (dos trabalhadores) não parte tanto da consciência ambiental como da
necessidade de estar no mundo trabalho, de obter renda, de dignificar a própria vida.
Não obstante estas ações resultam na prestação de um serviço ambiental para a
coletividade.
As atividades econômicas cujos produtos finais contribuem objetivamente
para a incorporação de pelo menos uma dessas características ao modelo vigente
de produção e consumo na visão de Moçouçah (2009), estão prestando, sem
sombra de dúvida, um relevante serviço ao meio ambiente. Se, ao mesmo tempo, os
postos de trabalho que elas oferecem apresentam as condições que configuram um
trabalho decente, podemos então classificá-los como empregos verdes. Para tanto,
torna-se até certo ponto dispensável sabermos exatamente quantas toneladas de
carbono cada uma dessas atividades evita despejar na atmosfera. Ao contrariarem
os padrões dominantes de produção e consumo, elas apontam para alternativas
concretas de estruturação da economia sobre bases mais sustentáveis. É
justamente aí que reside a importância da sua contribuição: elas demonstram, em
última instância, a possibilidade de se conciliar na prática os aspectos econômico,
social e ambiental do desenvolvimento.
Dada a magnitude do solo do Brasil, a AMATA aponta que apesar de ter uma
proporção ínfima em relação às demais formas de uso, as florestas plantadas no
Brasil em hectares representam uma dinâmica forma de geração de emprego e
renda.
22
Figura 1: O uso do solo – Área Florestas plantadas (ha)
Fonte: Consufor, 2009; SBS 2008 in: www.amata.com.br
O crescimento da oferta de empregos verdes na economia brasileira será ainda
maior na medida em que os setores intensivos em energia e recursos ambientais forem
se “esverdeando”, ou seja, forem introduzindo tecnologias ambientalmente sustentáveis
nos seu processo de produção nas palavras de Moçouçah, (2009).
Fato que já é
alternativa em alguns países.
O segmento das florestas plantadas em contexto mundial apresenta um cenário
onde o Brasil tem a oportunidade de ampliar suas dimensões, conforme verificado nos
dados da AMATA. O ranking de área plantada aponta que em 2009 o Brasil ocupava 6
milhões de hectares em área de floresta plantada.
Figura 2 – Ranking mundial de florestas plantadas (milhões de ha)
Fonte: Consufor, 2009
23
É possível que aí ocorra certa substituição de algumas ocupações atualmente
existentes por outras mais adequadas aos novos padrões de produção. Entretanto, o
número total de postos de trabalho mantidos por esses setores dificilmente cairá, tendo
em vista o caráter quase sempre mais intensivo em mão de obra das tecnologias
“limpas” se comparadas às suas congêneres tradicionais, conforme Moçouçah, (2009).
3. MATERIAL E MÉTODOS
24
Esta seção ocupa-se de demonstrar os procedimentos metodológicos
utilizados para dar resposta aos objetivos propostos na presente pesquisa.
3.1 O Objeto
O objetivo geral do trabalho consistiu em:
Ponderar a contribuição do setor florestal para a geração de emprego e renda
nas Grandes Regiões do Brasil.
Em aspectos específicos buscou-se dentro do período 2007 a 2009:
• Verificar a geração dos empregos gerados por meio de florestas
plantadas, florestas nativas, fabricação de produtos de madeira,
fabricação de celuloses, papel e outros produtos de papel;
• Perceber o valor adicionado bruto constante e corrente no período
2005 a 2009; e
• Pontuar o rendimento médio anual em valor corrente para o setor no
período 2005 a 2009.
3.2 Base de Dados
Em atendimento aos objetivos do trabalho, utilizam-se como base, dados das
Instituições tais como: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que é o
Órgão governamental, responsável pela apuração, condensação e divulgação dos
dados estatísticos relacionados à população brasileira, nos vários aspectos.
Fez-se ainda, uso do Sistema de Contas Nacionais (SCN). De acordo com
Valverde, (2000), o uso dos modelos de equilíbrio econômico geral através das
25
relações multissetoriais depende de um sistema de contas integradas que descreva
todos os processos de produção, de circulação, de consumo e de acumulação numa
economia, denominado Sistemas de Contas Nacionais (SCN).
De importante contribuição ainda, foram os dados do Ministério do Meio
Ambiente (MMA),que entre outras coisas aponta que o Setor Florestal brasileiro,
compreendido por florestas nativas e plantadas, públicas e privadas, é bastante
heterogêneo em questões de produtividade, tecnologia, recursos humanos,
requerimentos específicos e outros aspectos. Contudo, é homogêneo quando o
assunto é carência de políticas públicas de fomento à produção. Talvez em razão de
um distanciamento do poder público – em parte, pela até então independência
financeira do setor de plantadas e, por outro lado, pelo foco no comando e controle
no caso de florestas nativas, o setor apresenta problemas. Esses problemas
referem-se a regramentos confusos e burocráticos, sobreposição de competências
entre órgãos, estatísticas embaralhadas e com a falta de um endereço de
interlocução na esfera federal (ou a multiplicidade desses endereços), de
transparência e de diretrizes políticas que norteiem ações sinérgicas entre diferentes
Ministérios. Como resultado, as florestas brasileiras são pouco valorizadas
economicamente e o Brasil vive uma (falsa) disputa entre diferentes setores da
economia pelo espaço para produção, recentemente trazida à superfície nos
calorosos debates em torno do novo Código Florestal 4.
Instituições que exploram o setor florestal como Associação Brasileira do
Setor Brasileiro (ABRAF), de empresas de consultoria em setor madeireiro como a
4
2012.
26
CONSUFOR e AMATA, também foram de relevância fundamental por possuírem
informações mais detalhadas do comportamento atual do setor.
A pesquisa de dados secundários torna-se interessante recurso, uma vez
que permite uma visualização de situações do objeto pesquisado com um custo
baixo. Bêrni (2002) afirma que a coleta, a codificação e a análise de dados são
processos inseparáveis e faz uso constante da comparação entre categorias,
propriedades e hipóteses em relação a problemas específicos.
De acordo com
Vergara (2000), este tipo de pesquisa expõe características de determinada
população ou fenômeno ou, ainda, o estabelecimento de relações entre variáveis.
Para
Bêrni
(2002)
os
trabalhos
quantitativos
caracterizam-se
pela
possibilidade de se mensurar certos fenômenos ou variáveis em termos numéricos e
análise qualitativa pode ser utilizada com o objetivo de captar as dimensões
subjetivas da ação humana e pode ser usada como suporte, combinada, ou ainda,
como predominante em relação à quantitativa.
4.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de empresas
27
4.1.2 Florestas plantadas
Em termos do quantitativo de empresas que desenvolvem atividades em
áreas plantadas no Brasil, os dados indicam um crescimento de 2.738 empresas. O
detalhamento por grandes regiões aponta que no Sudeste há a concentração do
maior número destas com um crescimento de 50% no período 2007/2011.
Figura 3: Número de Empresas – Produção Florestal
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
No sul do País, embora com número menor há uma elevação de 513
empresas no mesmo período. O Centro Oeste, em posição intermediária, em 2007
detinha 366 empresas no segmento, apresenta em 2011 o número de 506
empresas. As Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, possuem o menor
desempenho quando comparado com as demais regiões.
A maior concentração de plantios florestais nas regiões Sul e Sudeste do país
(73,8%), se justifica em função da localização das principais unidades industriais dos
segmentos de papel e celulose, painéis de madeira industrializada, siderurgia a
28
carvão vegetal e madeira mecanicamente processada. Compreende uma das
regiões com maior dinamismo econômico no segmento estudado.
4.1.3 Florestas Nativas
Figura 4: Número de Empresas – Florestas Nativas
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
Por meio dos dados observa-se que o número de empresas que exploram a
atividade economica em florestas nativas, com exceção da Região Sul (177 em 2007
e 166 em 2011) indicam relevante crescimento, sobretudo na Região Norte.
O atrativo econômico para a elevação do número de empresas é algo pode
ser investigado para futuros trabalhos, mas fato é que algo de interessante tem
sinalizado positivamente nestas áreas.
4.1.4 Fabricação de produtos de madeira
29
A atividade economica desencadeada por meio da fabricação de produtos de
madeira é significativa em todas as grandes Regiões, embora diante de ligeira
redução no período 2007/2011. A Região Sul lidera o ranking com volume acima de
10.300 empresas no segmento em 2011.
Figura 5: Número de Empresas – Fabricação de Produtos de Madeira
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
4.1.5 Fabricação de Celulose, papel e produtos de papel
O consumo de celulose e papel é um dos significativos indicadores de
desempenho econômico e das atividades industriais dos países. O número de
empresas que desenvolvem atividade na fabricação de celulose, papel e produtos
de papel no Brasil apresentou decréscimo. Em 2007 haviam 6.059 empresas e em
2011, 5.804, o equivalente a 255 empresas a menos.
No entanto não deve-se considera esta redução como um desestímulo
isolado da economia brasileira, uma vez que o período em análise compreende um
momento difícil para a economia mundial com desaceleração da economia em
vários pasíses.
30
Figura 6: Número de Empresas – fabricação de Papel, Celulose e produtos de papel
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
O
otimismo sofreu redução nas Regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Do
maior para o menor volume tem-se a visualização: no Sudeste, 203; no Sul, 87 e, no
Norte, 18 empresas. Em movimento contrário, no Nordeste houve a adição de 46 e
no Centro Oeste 07 empresas.
4.2 Aspectos relevantes do mercado florestal em número de ocupações
4.2.1 Florestas Plantadas
O dinamismo decorrente do segmento florestas plantadas mostra-se relevante
à medida que são criados novos postos de trabalho. Os dados da pesquisa
consubstanciam esta fala, uma vez que nas grandes regiões do país os números
refletem a agregação de ocupações que exercem papel duplo: geram renda e
possibilitam o suprimento das necessidades de uma forma e de outra, prestam um
serviço ambiental às gerações futura e presente, num processo de parceria
intergeracional.
31
Figura 7: Número de Ocupações – Florestas Plantadas
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
Na região Sudeste, por exemplo, que possui a maior concentração
populacional do País, apresenta elevação significativa de ocupações. O mesmo fato
ocorre no Sul, no Nordeste, Norte e Centro Oeste do Brasil.
4.2.2 Florestas Nativas
Figura 8: Número de Ocupações – Florestas Nativas
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
As
ocupações
criadas
neste
segmento
apresenta
comportamento
diversificado. No Sul e no Sudeste o ocorre redução de postos de trabalho neste
período, uma vez que o número de empresas reduziu-se. No Norte e no Centro
32
Oeste as ocupações foram incrementadas. Possivelmente este movimento possua
relação com produtos nativos que têm despertados maiores interesses econômicos
com base na extração de produtos florestais, como a crescente produção de
biocosméticos, por exemplo.
4.2.3 Fabricação de produtos de madeira
Nas Regiões Sul e Sudeste, como consequência de apresentar o maior
número de empresas na fabricação de produtos de madeira, lidera o ranking de
maior quantitativo em postos de trabalho. Isso é um dado interessante, uma vez que
mostra dinamismo no setor, sobretudo quando se trata de “empregos formais”.
Figura 9: Número de Ocupações – Fabricação de produtos de madeira
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
4.2.4 Fabricação de celulose, papel e proutos de papel.
33
Mesmo diante do crescimento do mercado digital e do clamor ambiental o uso
do papel no dia-a-dia praticamente é insubstituível.
No Brasil, 100% da produção de papel e celulose utilizam matéria-prima
proveniente de áreas de reflorestamento, principalmente de eucalipto (85%) e pinus
(15%) 5.
Figura 10: Número de Ocupações – Fabricação de celulose, papel e proutos de papel
Fonte: Classificação Nacional e Atividades Econômicas (CNAE, IBGE, 2013).
4.3 Valor adicionado bruto constante e corrente (2005-2009)
Valor adicionado é o valor que se adiciona ao produto em cada estágio de
produção. Esse processo de agregação possibilita o resultado final do produto na
economia.
5
De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
34
Figura 11 – Valor adicionado (In: Sistema de Contas Nacionais 2005-2009)
*Exclusive produção de móveis
O valor adicionado bruto constante e corrente no período 2005-2009, aponta
que no Brasil as atividades relacionadas à agricultura, silvicultura exploração
florestal obteve elevação significativa, tanto no valor constante em 2005 (81.735
milhões) e no valor corrente (R$ 70.267 milhões) quando comparado ao período de
2009: R$ 98.440 milhões no valor constante e R$ 106.497 no corrente.
Para a produção de madeira o valor adicionado corrente mostrou-se mais
atrativo no período, fato que pode ser confirmado também para a indústria de
celulose e produção de papel. Em 2005 o valor constante era de R$ 14.137 milhões
e em 2009 R$ 13.518 milhões. O valor corrente por sua vez, era de R$ 10.810
milhões no período primeiro, sendo sobremodo maior em 2009 (R$ 13237 milhões).
Em 1994, a silvicultura representava menos de 30% da produção florestal,
enquanto o extrativismo ultrapassava os 70%. Entre 1998 e 2002, ambos
praticamente se igualaram, mas a partir de 2003 a silvicultura acentuou a
predominância e vem se distanciando do extrativismo. A adoção de um sistema de
manejo florestal aliado a iniciativas conservacionistas que procuram conter os
desmatamentos constituem um fator preponderante para preservação das matas
(IBGE, 2014).
35
4.4 Rendimento médio anual em valor corrente (2005-2009)
O valor médio anual em valores correntes no período 2005-2009 sinaliza
elevação de renda de 46% nas atividades de agricultura, silvicultura e exploração
florestal. Embora represente uma remuneração baixa quando comparada à demais
ocupações, percebe-se que ter uma elevação de rendimento médio nesta proporção
no período de 4 a 5 anos em si, representa dado dinamismo econômico no
segmento.
A produção de madeira de igual modo apresenta elevação no período em
percentual próximo a 26%. Quando verifica-se que este rendimento não considera a
produção de móveis, a relevância econômica para o segmento mostra-se
promissora.
Figura 12 – Rendimento médio anual (In: Sistema de Contas Nacionais 2005-2009)
*Exclusive produção de móveis
Os mais altos rendimentos médios não obstante, permeiam a indústria de
celulose e papel, pois em 2005 correspondia a R$ 21.651,94 nas atividades e em
2009 R$ 28.474,90 em valores absolutos. Em termos percentuais, no entanto
apresenta menor crescimento no rendimento médio no período que as outras duas
atividades aqui expostas.
36
O aumento da renda resulta um dinamismo significativo na economia, uma
vez que a elevação desta possibilita o aumento do consumo, afetando a produção.
Esta uma vez motivada proporciona a elevação de mais postos de trabalho e,
consequentemente mais emprego e remuneração. Por meio dos dados expostos na
figura 13 verifica-se ocorre um “efeito multiplicador” substancial originado a partir dos
empregos diretos gerados no segmento das florestas plantadas.
4.5 Empregos diretos, indiretos e efeito renda decorrentes das florestas
plantadas no Brasil.
Figura 13: Empregos gerados por meio das Florestas Plantadas no Brasil (2011)
Fonte: ABRAF, 2012.
Em 2011 foram mais de 500.000 empregos diretos ofertados, significando que
este segmento tem sido promissor para a economia do País. Os empregos indiretos
correlacionados permearam os níveis de 1.500.000 ocupações. Em função do efeito
renda, os empregos criados em 2011 ultrapassaram a escala de 2.500.000
empregos.
37
5. CONCLUSÃO
O mercado florestal no período 2007/2011 apresentou crescimento de 2.738
empresas no segmento de florestas plantadas com destaque para a Região
Sudeste, embora com participação menor das Regiões Norte e Nordeste. A
agregação de novas empresas no segmento refletiu em 16.375 ocupações no
mercado de trabalho formal.
O comportamento percebido por meio das florestas nativas mostrou-se
relevante à medida que o número de empresas dobra no período nas Regiões Norte
e Centro Oeste. Na Nordeste havia 162 empresas e na Sudeste, 79. A motivação
econômica para tal evento é algo que pode ser investigado em pesquisas futuras,
pois algo de positivo pode estar gerando este movimento, o que resulta em geração
de postos de trabalho no âmbito formal. Mesmo em áreas com concentração
populacional em menor número, como a Região Norte, é importante o fato de se
perceber o crescimento desta atividade.
A fabricação dos produtos de madeira apresentou um movimento significativo
na Região Sul, que lidera o ranking com volume de 10.300 empresas, o que em
2011 representaram o número de 113.673 ocupações. Nas demais Regiões. Com
exceção da Sudeste, houve redução de empresas, fato que pode estar associado à
fase de desaceleração econômica vivenciada no período em diversos países.
Na produção de celulose, papel e produtos de papel, por sua vez, houve
movimento positivo nas Regiões Nordeste (78 empresas) e Centro Oeste (04)
empresas. Nas demais Regiões, houve redução destas, com reflexo, evidentemente
em postos de trabalho. Em termos de rendimento, no entanto, as maiores
38
remunerações concentram-se neste segmento, conforme verificado nos dados do
Sistema de Contas Nacionais.
Os dados da ABRAF confirmam o potencial do segmento florestal quando
mostram que em 2011 havia mais de 500.000 empregos diretos; 1.500.000
empregos indiretos e 2.500.000 empregos gerados por meio das florestas plantadas.
Um volume desta natureza mostra-se significativo, por exemplo, em Regiões com
expressivo quantitativo populacional, como é o caso do Sudeste e do Nordeste do
País.
É inquestionável a importância do setor florestal para o aquecimento da
economia do País. O quantitativo de metros cúbicos produzidos em toras de madeira
para a produção de diversos itens que são utilizados no dia a dia é originado nas
florestas plantadas.
Com maior intensidade em uma Região e menor em outra, é visível a
contribuição econômica advinda do setor florestal. Mesmo quando se discute em
elevado grau ações proativas para a sustentabilidade, percebe-se que deste setor
surge uma resposta positiva, de forma responsável.
No entanto para que os resultados sejam mais visíveis e eficazes, tanto
quanto à sustentabilidade quanto para o mercado de trabalho, faz-se necessário a
busca de alternativas que possam ser aliadas à valorização do emprego verde, tanto
por mover o individual e o coletivo na prestação de um serviço ambiental quanto por
proporcionar ocupações em postos de trabalho no mercado formal gerando renda e
garantias constitucionais previdenciárias.
39
REFERENCIAS
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2012.
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40
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multissetoriais. Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2000.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração.
São Paulo: Atlas, 2000.
41
APÊNDICES
Unidades locais, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12, salários e outras remunerações e salário médio
mensal, por seção, divisão e grupo da classificação de atividades (CNAE 2.0) e faixas de pessoal ocupado total
Variável = Número de unidades locais (Unidades)
Ano
Classificação Nacional de Atividades
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Econômicas (CNAE 2.0)
Brasil
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
4.415
4.687
5.516
6.140
6.963
7.153
02.2 Produção florestal - florestas nativas
622
806
862
958
1.104
1.109
16 Fabricação de produtos de madeira
24.121 23.740 23.363 23.078 23.246 22.260
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
5.974
6.059
6.079
5.994
5.927
5.804
papel
Norte
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
390
347
372
321
326
305
02.2 Produção florestal - florestas nativas
112
153
157
178
207
245
16 Fabricação de produtos de madeira
2.719
2.709
2.626
2.516
2.530
2.387
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
122
123
120
118
119
105
papel
Nordeste
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
312
343
345
331
385
381
02.2 Produção florestal - florestas nativas
60
107
143
168
212
222
16 Fabricação de produtos de madeira
2.052
2.023
1.942
1.927
2.043
1.877
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
575
607
654
659
620
653
papel
Sudeste
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
1.818
1.898
2.398
2.984
3.487
3.725
02.2 Produção florestal - florestas nativas
157
210
189
256
248
236
16 Fabricação de produtos de madeira
5.739
5.588
5.531
5.580
5.611
5.376
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
3.309
3.324
3.266
3.203
3.149
3.121
papel
Sul
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
1.541
1.733
1.960
2.041
2.225
2.236
02.2 Produção florestal - florestas nativas
169
177
166
152
170
160
16 Fabricação de produtos de madeira
11.005 10.944 10.856 10.614 10.651 10.302
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
1.739
1.779
1.804
1.767
1.753
1.692
papel
Centro-Oeste
02.1 Produção florestal - florestas plantadas
354
366
441
463
540
506
02.2 Produção florestal - florestas nativas
124
159
207
204
267
246
16 Fabricação de produtos de madeira
2.606
2.476
2.408
2.441
2.411
2.318
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de
229
226
235
247
286
233
papel
Fonte: IBGE, 2013
42
Unidades locais, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12, salários e outras remunerações e salário médio
mensal, por seção, divisão e grupo da classificação de atividades (CNAE 2.0) e faixas de pessoal ocupado total
Variável = Pessoal ocupado total (Pessoas)
Classificação Nacional de
Ano
Atividades Econômicas (CNAE
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2.0)
Brasil
02.1 Produção florestal - florestas
51.414
57.920
65.986
62.402
69.785
67.789
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
6.463
7.409
7.482
6.617
7.268
8.033
nativas
16 Fabricação de produtos de
268.261 270.707 250.293 236.278 244.382 239.934
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
182.273 187.528 187.545 191.722 192.016 191.028
e produtos de papel
Norte
02.1 Produção florestal - florestas
4.894
5.341
6.730
6.234
6.902
6.805
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
1.032
1.064
973
854
1.422
1.578
nativas
16 Fabricação de produtos de
52.597
52.775
43.817
38.755
40.524
38.199
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
4.579
5.172
4.804
4.716
4.088
4.678
e produtos de papel
Nordeste
02.1 Produção florestal - florestas
6.881
8.651
8.214
7.988
8.623
7.560
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
1.265
1.385
1.741
1.435
1.717
2.353
nativas
16 Fabricação de produtos de
10.857
10.959
10.260
9.517
10.026
10.557
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
14.678
16.036
16.482
16.364
16.853
17.623
e produtos de papel
Sudeste
02.1 Produção florestal - florestas
24.167
25.774
30.837
28.350
31.935
30.223
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
2.510
2.898
2.814
2.545
2.154
1.978
nativas
16 Fabricação de produtos de
54.047
56.953
56.422
54.500
55.794
55.886
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
106.819 108.358 107.607 110.944 109.953 108.493
e produtos de papel
Sul
02.1 Produção florestal - florestas
11.834
13.775
15.640
15.255
16.354
15.884
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
774
1.049
951
853
809
791
nativas
16 Fabricação de produtos de
126.231 124.920 115.980 110.683 115.675 113.673
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
52.546
54.235
53.650
53.329
54.792
54.631
e produtos de papel
Centro-Oeste
02.1 Produção florestal - florestas
3.638
4.379
4.565
4.575
5.971
7.317
plantadas
02.2 Produção florestal - florestas
882
1.013
1.003
930
1.166
1.333
nativas
16 Fabricação de produtos de
24.529
25.100
23.814
22.823
22.363
21.619
madeira
17 Fabricação de celulose, papel
3.651
3.727
5.002
6.369
6.330
5.603
e produtos de papel
Fonte: IBGE, 2013
43
Valor adicionado bruto constante e corrente em R$ 1.000.000
(2005-2009)
2005
Const.
Agricultura,
silvicultura
exploração
florestal
Produtos
madeira
exclusive
móveis
Celulose
produtos
papel
2006
2007
2008
2009
Corr.
Const.
Corr.
Const.
Corr.
Const.
Corr.
Const.
Corr.
81.735
70.267
74.299
76.465
81.505
87.336
93.918
103.663
98.440
106.497
de
–
7.938
7.307
7.287
7.953
7.500
8.597
7.811
9.169
7.672
7.908
e
de
14.137
18.810
11.187
12.489
12.367
12.764
13.180
13.800
13.518
13.237
e
Fonte: Sistema de Contas Nacionais (SCN)
Rendimento médio anual , em valor corrente
(2005-2009)
2005
2006
2007
2008
2009
Agricultura, silvicultura
e exploração florestal
3.957
4.139
4.824
6.039
6.100
Produtos de madeira –
exclusive móveis
6.933,24
7.288,15
8.170,43
9.093,39
9.281,20
Celulose e produtos de
papel
21.651,94
23.628,16
25.895,51
26.895,56
28.474,90
Fonte: Sistema de Contas Nacionais (SCN)
Empregos gerados por meio das florestas plantadas em 2011
5,0% da população
economicamente ativa
4.730.000
Empregos diretos
645.207
Empregos indiretos
Empregos
devidos
efeito renda
1.475.283
ao
Fonte: ABRAF, 2012.
2.613.122
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