OBSERVATÓRIO SOCIAL Av. Mauro Ramos, 1624 – Centro Florianópolis (SC) – CEP 88.0020-302 Fone/Fax (48) 3028-4400 E-mail: [email protected] COMPORTAMENTO SOCIAL E TRABALHISTA RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A. e THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. Julho/2003 OBSERVATÓRIO SOCIAL COMPORTAMENTO SOCIAL E TRABALHISTA DAS EMPRESAS THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A. E THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO FLORIANÓPOLIS, JULHO/2003 OBSERVATÓRIO SOCIAL CONSELHO DIRETOR Presidente: Kjeld A. Jakobsen (CUT) João Vaccari Neto (Secretaria de Relações Internacionais, CUT ) Rosane da Silva (Secretaria de Políticas Sindicais, CUT) Artur Henrique dos Santos (Secretaria de Organização, CUT) José Celestino Lourenço (Secretaria Nacional de Formação, CUT) Maria Ednalva B. de Lima (Secretaria da Mulher Trabalhadora, CUT) Gilda Almeida de Souza (Secretaria de Políticas Sociais, CUT) Antonio Carlos Spis (Secretaria de Comunicação) Wagner Firmino Santana (Dieese) Mara Luzia Feltes (Dieese) Francisco Mazzeu (Unitrabalho) Silvia Araújo (Unitrabalho) Tullo Vigevani (Cedec) Maria Inês Barreto (Cedec) COORDENAÇÃO GERAL Arthur Borges Filho: Coordenador Administrativo Clemente Ganz Lúcio: Coordenador Técnico Nacional José Olívio Miranda de Oliveira: Secretário Geral Adjunto da CIOSL Kjeld A. Jakobsen: Presidente do Conselho Diretor Maria Ednalva B. de Lima: Coordenadora da SNMT/CUT Maria José H. Coelho: Coordenadora de Comunicação Odilon Luís Faccio: Coordenador de Desenvolvimento Institucional Pieter Sijbrandij: Coordenador de Projetos Rosane Silva: Secretário Nacional de Organização da CUT Ronaldo Baltar: Coordenador do Sistema de Informação EQUIPE TÉCNICA - PESQUISA THYSSENKRUPP Coordenação Geral – Clemente Ganz Lúcio e Odilon Faccio Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores Coordenação: Clóvis Scherer Pesquisadores: Giuliano Saneh e Ana Iervolino Pesquisa ThyssenKrupp Fundições Coordenação: Vera de Fátima Maciel Lopes Pesquisadores: Vanessa F. Mendonça de Carvalho e Felipe S. Braga Estatístico: Marcelo Pitta Revisão e validação técnica: Clemente Ganz Lúcio Revisão gramatical e ortográfica: – Laura Tuyama Pesquisa realizada no período de: julho de 2002 a junho de 2003. ii SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................... v LISTA DE TABELAS.................................................................................................. vi LISTA DE QUADROS................................................................................................ vii LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................. viii 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 2. PERFIL GERAL DO GRUPO THYSSENKRUPP .................................................. 4 3. REFERÊNCIAS E INDICADORES ........................................................................ 6 3.1. LIBERDADE SINDICAL....................................................................................... 6 3.2. NEGOCIAÇÃO COLETIVA.................................................................................. 7 3.3. TRABALHO FORÇADO....................................................................................... 8 3.4. TRABALHO INFANTIL........................................................................................ 9 3.5. DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO E RAÇA........................................................ 10 3.6. SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO....................................................... 11 3.7. MEIO AMBIENTE............................................................................................... 12 3.8. RESPONSABILIDADE SOCIAL........................................................................ 13 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 15 4.1. ETAPAS DA PESQUISA..................................................................................... 15 4.2. DESCRIÇÃO DO PLANO AMOSTRAL............................................................ 16 4.3. FONTES DOCUMENTAIS.................................................................................. 19 5. A THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A. ........................................................... 22 5.1. PERFIL GERAL DA EMPRESA ........................................................................ 22 5.1.1. Histórico ............................................................................................................ 23 5.1.2. Estrutura organizacional .................................................................................... 25 5.1.3. Indicadores econômicos e operacionais ............................................................ 28 5.1.4. Presença no mercado ......................................................................................... 28 5.1.5. Cadeias produtivas ............................................................................................. 29 5.2. PERFIL DOS TRABALHADORES .................................................................... 30 5.2.1. Sexo ................................................................................................................... 30 5.2.2. Cor ..................................................................................................................... 31 5.2.3. Idade .................................................................................................................. 32 5.2.4. Tempo no emprego ............................................................................................ 33 5.2.5. Escolaridade ...................................................................................................... 34 5.2.6. Cargos ................................................................................................................ 35 5.2.7. Salários .............................................................................................................. 39 5.2.8. Jornada de trabalho ............................................................................................ 40 5.3. DIREITOS TRABALHISTAS E AMBIENTAIS: RESULTADOS DA PESQUISA................................................................................................................... 42 5.3.1. Liberdade Sindical ............................................................................................. 42 5.3.2. Negociação Coletiva .......................................................................................... 48 5.3.3. Trabalho Forçado ............................................................................................... 52 5.3.4. Trabalho Infantil ................................................................................................ 53 5.3.5. Discriminação de Gênero e Raça ...................................................................... 54 5.3.6. Saúde e Segurança no Trabalho ........................................................................ 61 iii 5.3.7. Meio Ambiente .................................................................................................. 72 5.3.8. Responsabilidade Social .................................................................................... 75 5.4. CONCLUSÕES .................................................................................................... 77 6. A THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. .......................................................... 80 6.1. PERFIL GERAL DA EMPRESA ........................................................................ 80 6.1.1. Histórico ............................................................................................................ 82 6.1.2. Estrutura Organizacional ....................................................................................83 6.1.3. Atuação no Mercado .......................................................................................... 84 6.1.4. Investimentos ..................................................................................................... 84 6.1.5. Principais Clientes ............................................................................................. 85 6.1.6. Principais Concorrentes ..................................................................................... 85 6.1.7. Principais Fornecedores e a Relação com a Cadeia Produtiva .......................... 86 6.1.8. Terceirização ..................................................................................................... 86 6.1.9. Capacidade Produtiva e Estratégias de Expansão ............................................. 88 6.1.10. Condições de Trabalho .................................................................................... 89 6.1.10.1. Instalações .................................................................................................... 90 6.1.10.2. Planta fabril .................................................................................................. 91 6.1.10.3. Organização do local de trabalho e mudanças comportamentais.................. 93 6.1.10.4. Horários de trabalho ..................................................................................... 96 6.1.11. Cargos e Salários - caracterização geral .......................................................... 97 6.1.12. Benefícios ...................................................................................................... 101 6.1.13. Formação e Treinamento ............................................................................... 102 6.2. PERFIL DOS TRABALHADORES .................................................................. 105 6.2.1. Sexo ................................................................................................................. 105 6.2.2. Cor/Raça .......................................................................................................... 105 6.2.3. Idade ................................................................................................................ 106 6.2.4. Nível de escolaridade ...................................................................................... 106 6.2.5. Empregabilidade – anos de trabalho na empresa ............................................ 107 6.2.6. Salários ............................................................................................................ 109 6.3. DIREITOS TRABALHISTAS E AMBIENTAIS: RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................................................................ 112 6.3.1. Liberdade Sindical ........................................................................................... 112 6.3.2. Negociação Coletiva ........................................................................................ 117 6.3.2.1. A negociação da PLR ................................................................................... 118 6.3.2.2. Horas extras .................................................................................................. 120 6.3.3. Trabalho Forçado ............................................................................................. 123 6.3.4. Trabalho Infantil .............................................................................................. 123 6.3.5. Discriminação de Gênero e Raça .................................................................... 123 6.3.6. Saúde e Segurança no Trabalho ...................................................................... 128 6.3.7. Meio Ambiente ................................................................................................ 136 6.3.8. Responsabilidade Social .................................................................................. 139 6.4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 140 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 145 APÊNDICES ............................................................................................................. 148 iv LISTA DE ABREVIATURAS ABIFA ACT CAT CCT CEDEC CIPA CIRJ CNM/CUT CUT DGB DIEESE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÕES - ACORDO COLETIVO DE TRABALHO – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO - CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO - CENTRO DE ESTUDOS DE CULTURA CONTEMPORÂNEA - COMISSÕES INTERNAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES - CENTRO INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS METALÚRGICOS - CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES - CONFEDERAÇÃO DOS SINDICATOS ALEMÃES - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS EIA/RIMA - ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RESPECTIVO RELATÓRIO DE IMPACTO SOBRE O MEIO AMBIENTE EPI - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL FEEMA – FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO-AMBIENTE DO RIO DE JANEIRO FEPAM/RS - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER, DO RIO GRANDE DO SUL FNV - FEDERAÇÃO DE SINDICATOS HOLANDESES IBAMA – INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO-AMBIENTE E RECURSOS RENOVÁVEIS ICV-DIEESE – ÍNDICE DO CUSTO DE VIDA DO DIEESE NR - NORMA REGULAMENTADORA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO OIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO PCMSO - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL PPR - PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS PPRA - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS RH – RECURSOS HUMANOS SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SINDIMAQ - SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS SINDIPEÇAS - SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE COMPONENTES PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES SINMETAL - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SM – SALÁRIO MÍNIMO SIPAT - SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO SST - SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO STIMMMEBP - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO BARRA DO PIRAÍ STIMMMEPA - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS, MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE PORTO ALEGRE TKEB - THYSSENKRUPP ELEVADORES TKF - THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES UI/M - UNIDADE INDUSTRIAL E MATRIZ UN - UNIDADE DE NEGÓCIO UNITRABALHO - REDE INTERUNIVERSITÁRIA DE ESTUDOS DO TRABALHO UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA v LISTA DE TABELAS TABELA 1 – THYSSENKRUPP – INDICADORES SELECIONADOS 2001/2002 – (MILHÕES DE EUROS) ................................................................................... 5 TABELA 2 – PESQUISA TKEB - PLANO AMOSTRAL ....................................................... 18 TABELA 3 - TKEB – PLANO AMOSTRAL FINAL - DIVISÃO POR ESTRATO ............... 18 TABELA 4 – PESQUISA TKF - PLANO AMOSTRAL ......................................................... 19 TABELA 5 - TKEB – EMPREGADOS POR REGIÃO - JAN/2003 ........................................ 25 TABELA 6 - TKEB – UNIDADE INDUSTRIAL - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIVISÃO - JAN/2003 ....................................................................................... 26 TABELA 7 - TKEB – MATRIZ - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIVISÃO JAN/2003 .......................................................................................................... 27 TABELA 8 - TKEB – EMPREGADOS POR GÊNERO E UNIDADE DE TRABALHO JAN/2003........................................................................................................... 31 TABELA 9 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA, POR COR E ESTRATO - FEV/2003 - % ................................................................................................. 31 TABELA 10 - TKEB – EMPREGADOS SEGUNDO A FAIXA DE IDADE E O SEXO JAN/2003 .......................................................................................................... 32 TABELA 11 -TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA SEGUNDO A IDADE E O SEXO - JAN/2003 .........................................................................................33 TABELA 12 - TKEB – EMPREGADOS POR TEMPO DE EMPREGO E GÊNERO JAN/2003........................................................................................................... 33 TABELA 13 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA POR TEMPO DE EMPREGO E GÊNERO – JAN/2003 ............................................................... 34 TABELA 14 - TKEB – EMPREGADOS POR GRAU DE INSTRUÇÃO E SEXO JAN/2003............................................................................................................35 TABELA 15 - TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA PELO GRAU DE INSTRUÇÃO E O SEXO - JAN/2003 ..............................................................35 TABELA 16 - TKEB – EMPREGADOS SEGUNDO O CARGO E O SEXO JAN/2003............................................................................................................37 TABELA 17 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA SEGUNDO O CARGO OCUPADO E O SEXO - JAN/2003 ..................................................................38 TABELA 18 - TKEB – EMPREGADOS POR FAIXA SALARIAL E SEXO - JAN/2003 (R$).....................................................................................................................39 TABELA 19 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA, POR FAIXA DE SALÁRIO E SEXO – JAN/2003 (R$) ...............................................................40 TABELA 20 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - MÉDIA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NA SEMANA POR ESTRATO - FEV/2003..... 41 TABELA 21 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NO MÊS, SEGUNDO O ESTRATO – JAN/2003 – (HORAS)............................................................. 41 TABELA 22 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA POR ASSOCIAÇÃO A SINDICATOS - FEV/2003 - % .........................................................................44 TABELA 23 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – FORMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE ATIVIDADES SINDICAIS - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* ...................................................................................................47 TABELA 24 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – OPINIÃO SOBRE DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO E/OU COR - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS*....................................................................................................58 TABELA 25 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - OPINIÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO UTILIZADOS PELA GERÊNCIA - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* .................................................................................. 59 TABELA 26 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - OPINIÃO SOBRE AS OPORTUNIDADES DE REALIZAÇÃO PROFISSIONAL NA EMPRESA FEV/2003 - %.................................................................................................... 59 vi TABELA 27 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO A COR/RAÇA POR REGIÃO GEOGRÁFICA - 2000 - % .............................................................. 60 TABELA 28 – TESTES DE COMPROVAÇÃO ESTATÍSTICA QUI-QUADRADO COM O CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS SELECIONADAS – FEV/2003 ...............61 TABELA 29 – TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - OPINIÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA CIPA - FEV/2003 - % ............................................................68 TABELA 30 - TKEB – INDICADORES DE ACIDENTES DE TRABALHO .........................70 TABELA 31 – TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – OPINIÃO SOBRE AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRABALHO - FEV/2003 - % ............ 72 TABELA 32 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE O AMBIENTE DE TRABALHO – FEV/2003 - % .......................................................................... 95 TABELA 33 - TKF – EMPREGADOS DA DIRETORIA INDUSTRIAL – OPINIÃO SOBRE O AMBIENTE DE TRABALHO – FEV/2003 - % .......................................... 96 TABELA 34 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR TURNO DE TRABALHO SEGUNDO OS ESTRATOS – FEV/2003 - %...................................................96 TABELA 35 – TKF – EMPREGADOS POR CONDIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO EM TREINAMENTOS OFERECIDOS PELA EMPRESA, SEGUNDO O ESTRATO – FEV/2003 - %............................................................................ 104 TABELA 36 – TKF – MÉDIA DE CURSOS REALIZADOS EM 2002 PELOS EMPREGADOS, POR ESTRATO – NÚMERO ............................................ 104 TABELA 37 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR COR/RAÇA E POR ESTRATOS – FEV/2003 - % ........................................................................ 105 TABELA 38 - TKF – EMPREGADOS POR FAIXA DE IDADE E SEXO - JAN/2003 ...... 106 TABELA 39 – TKF – EMPREGADOS POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE – JAN/2003 .. 106 TABELA 40 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE MOTIVOS PARA NÃO PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES SINDICAIS - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* ................................................................................................ 114 TABELA 41 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE AS FORMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE ATIVIDADE SINDICAL, SEGUNDO O SEXO E A ÁREA DE TRABALHO - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* .................... 116 TABELA 42 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMRPEGADOS POR FAIXA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NO MÊS, SEGUNDO O ESTRATO – FEV/2003 – % .................................................................................................................. 121 TABELA 43 - TKF- OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SINDICATO POR ESTRATO - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* .... 122 TABELA 44 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO, POR FAIXA SALARIAL, SEGUNDO A COR/RAÇA – FEV/2003 - % .............. 127 TABELA 45 - TKF – ACIDENTES - PARTES DO CORPO ATINGIDAS .......................... 130 TABELA 46 - TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE A QUALIDADE DOS SERVIÇOS AMBULATORIAIS POR ESTRATO – FEV/2003 ................... 134 TABELA 47 - TKF – PROBLEMAS DE SAÚDE ADQUIRIDOS NA FÁBRICA - FEV/2003 % DAS RESPOSTAS* .................................................................................. 135 TABELA 48 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS – FEV/2003 - % ................................................................................................ 138 vii LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - DADOS GERAIS GRUPO THYSSENKRUPP ................................................... 4 QUADRO 2 - CONVENÇÕES DA OIT – TEMAS E CENTRALIDADE ................................13 QUADRO 3 - TKF – DADOS GERAIS .....................................................................................80 QUADRO 4 - TKF - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ......................................................82 QUADRO 5 - TKF- NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIRETORIAS – JAN/2003 .......83 QUADRO 6 - TKF - TURNOS DE TRABALHO – FEV/2003 .................................................96 QUADRO 7 - TKF – EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO POR FUNÇÕES/CARGOS E SALÁRIOS MÉDIOS – FEV/2003 - R$ ........................................................ 100 QUADRO 8 - TKF - EMPREGADOS DO SEXO FEMININO POR FUNÇÕES/CARGOS E SALÁRIOS MÉDIOS – FEV/2003 - R$ ........................................................ 101 QUADRO 9 - TKF - TEMPO DE TRABALHO NA EMPRESA ........................................... 107 QUADRO 10 - GRUPO THYSSENKRUPP - UNIDADES PRODUTIVAS E REPRESENTAÇÃO SINDICAL ................................................................... 112 QUADRO 11 - TKF - COMPARAÇÃO DE INDICADORES SELECIONADOS POR GÊNERO (ESTRATOS 1 E 3) – FEV/2003 .................................................. 124 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE A LIMPEZA NO LOCAL DE TRABALHO – JAN/2003 ................................................................................. 94 GRÁFICO 2 - TKF – EMPREGADAS POR TEMPO NO EMPREGO - JAN/2003 .............. 108 GRÁFICO 3 - TKF – EMPREGADOS POR TEMPO NO EMPREGO – JAN/2003 ............. 108 GRÁFICO 4 - TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR FAIXA DE SALÁRIOS – FEV/2003 ........................................................................................................ 110 GRÁFICO 5 - TKF - DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO E DE DIRETORIAS NÃO LIGADAS DIRETAMENTE À PRODUÇÃO – FEV/2003 ......................................................................................................................... 110 GRÁFICO 6 - DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO E DA DIRETORIA INDUSTRIAL, POR FAIXAS DE SALÁRIOS – JAN/2003......................................................................................................... 111 GRÁFICO 7 - TKF - DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO FEMININO POR FAIXA SALARIAL – FEV/2003 ................................................................... 111 GRÁFICO 8 - TKF – EMPREGADOS POR CONDIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO A SINDICATOS – FEV/2003 - % ...................................................................... 114 GRÁFICO 9 - TKF - NÚMEROS DE ACIDENTES EM 1 MILHÃO DE HORAS TRABALHADAS ........................................................................................... 129 GRÁFICO 10 - TKF - NÚMEROS DE DIAS PERDIDOS EM 1 MILHÃO DE HORAS TRABALHADAS ........................................................................................... 129 GRÁFICO 11 - TKF - PARTES DO CORPO ATINGIDAS EM 2000/2001 .......................... 130 GRÁFICO 12 - TKF - PARTES DO CORPO ATINGIDAS EM 2001/2002 ...........................130 GRÁFICO 13 - TKF - AVALIAÇÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A ATUAÇÃO DA CIPA – FEV/2003 ............................................................................................133 viii 1 1. INTRODUÇÃO Este Relatório de Observação apresenta os resultados da pesquisa sobre o desempenho social e trabalhista das unidades industriais da THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A., localizada em Guaíba, no estado do Rio Grande do Sul, e da THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA., localizada em Barra do Piraí, estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada pelo Observatório Social, no período de julho de 2002 a maio de 2003, e faz parte do Projeto Observatório Social Europa e do convênio com a Fundação Hans Böckler, da Alemanha. O Observatório Social (OS) é uma iniciativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT Brasil) em parceria com o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos SócioEconômicos (DIEESE) e a Rede Interuniversitária de Estudos do Trabalho (Unitrabalho). Sua meta é gerar e organizar informações consistentes sobre o desempenho social e trabalhista de empresas, no contexto da adoção de cláusulas sociais e ambientais nos acordos de comércio internacional. A análise do Observatório trata dos seguintes temas: liberdade sindical, negociação coletiva, trabalho infantil, trabalho forçado, discriminação de gênero e raça, meio ambiente e segurança e saúde no trabalho. A referência da análise do Observatório baseia-se nos princípios e direitos fundamentais do trabalho definidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A OIT é uma agência multilateral ligada à ONU, fundada em uma estrutura tripartite, na qual governos, empregadores e trabalhadores estão reunidos para lutar pela promoção da justiça social e de melhores condições de vida e de trabalho em todo o mundo. O Projeto Observatório Social Europa consiste em pesquisas e monitoramento do comportamento sócio-trabalhista de seis empresas alemãs e holandesas e suas filiais no Brasil, a saber: Bayer, Bosch, ThyssenKrupp, Ahold, Philips e Unilever. O projeto é uma cooperação entre o Observatório Social, a central 2 sindical alemã DGB e a central sindical holandesa FNV. O objetivo geral da pesquisa é avaliar as práticas das empresas ThyssenKrupp Elevadores (TKEB) e da ThyssenKrupp Fundições (TKF) no tocante aos direitos e princípios fundamentais no trabalho, conforme definidos pela OIT nas suas convenções sobre a liberdade sindical, negociação coletiva, discriminação de gênero e raça, trabalho infantil, trabalho forçado, além das questões relacionadas à saúde e segurança no trabalho e meio ambiente. São objetivos específicos da pesquisa: • fazer uma caracterização geral do perfil das empresas e de seus empregados; • caracterizar as relações de trabalho nas empresas; • sistematizar informações sobre as unidades pesquisadas no que se refere aos temas de estudo; • colher opiniões dos atores sociais relevantes (direção da empresa, direção sindical e trabalhadores) sobre os temas tratados; • permitir uma comparação entre as empresas pesquisadas no âmbito do Projeto Observatório Social Europa. A pesquisa contou com a ampla colaboração das unidades industriais da TKEB e TKF, além da participação do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre (STIMMMEPA) e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico Barra do Piraí (STIMMMEBP), ambos filados à Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A CNM/CUT acompanhou desde o início este trabalho, como parte de sua estratégia de atuação nacional e construção de um sindicato nacional da categoria metalúrgica. Este Relatório Geral de Observação está estruturado por uma seção com informações gerais sobre o Grupo ThyssenKrupp e outras quatro partes. Na primeira são apresentados os referenciais e indicadores de avaliação e os métodos empregados na pesquisa. A segunda parte contém os resultados da pesquisa na TKEB, junto com 3 capítulos iniciais de caracterização da empresa e de seus empregados. A parte seguinte traz conteúdo semelhante, desta vez para a TKF. Na quarta parte são feitas considerações finais sobre a pesquisa. 4 2. PERFIL GERAL DO GRUPO THYSSENKRUPP A ThyssenKrupp AG é um grupo de origem alemã, resultante da fusão, em abril de 1997, da Thyssen A.G. com a Friedrich Krupp A.G. Hoesh-Krupp. A nova empresa passou a ser uma das maiores siderúrgicas européias, tendo como principais concorrentes a British Steel e Usinor – Sacilor. O grupo empresarial desenvolve atividades nos setores de aços, bens de capital e serviços, distribuídas em seis divisões operacionais, com atuação em vários países: QUADRO 1 - DADOS GERAIS GRUPO THYSSENKRUPP Ramos Divisões Principais produtos ThyssenKrupp Steel Aços carbono (chapas revestidas), SIDERURGIA aços inoxidáveis. ThyssenKrupp Carrocerias, chassis, comando de Automotive válvulas, sistemas e suspensões. ThyssenKrupp Fabricação de elevadores, escadas e BENS DE Elevatory esteiras rolantes, passarelas para CAPITAL aeroportos. ThyssenKrupp Sistemas de produção, tecnologia de Technology plantas industriais, indústria naval, engenharia de construção mecânica. ThyssenKrupp Suprimento de materiais metálicos e Materials plásticos, comércio de materiais, produtos especiais. SERVIÇOS ThyssenKrupp Sistemas integrados de produção, Services serviços em tecnologia da informação. Países Alemanha, Itália e México. Alemanha; Espanha; Portugal; EUA; Brasil; Argentina; Peru; Chile; Colômbia; Guatemala; Uruguai; Paraguai; México. Alemanha; Espanha; Reino Unido, Brasil; Argentina; Peru; Chile; Colômbia; Guatemala; Uruguai; Paraguai; México. Fonte: Grupo ThyssenKrupp. Elaboração: Observatório Social. O número de empregados registrados no grupo, em setembro de 2002, era de 191.254, representando queda de 1,17% (2.262), comparado ao mesmo período de 2001. A maior parte dos trabalhadores (54%) está na Alemanha. Os demais estão empregados nas várias unidades espalhadas pelo mundo. A tabela a seguir apresenta alguns dados básicos sobre esses segmentos do grupo ThyssenKrupp. 5 TABELA 1 - THYSSENKRUPP – INDICADORES SELECIONADOS 2001/2002 – (MILHÕES DE EUROS) Segmento Vendas Lucros Empregados Steel (aço) 11.686 167 50.184 Automotive (automotivo) 6.337 64 38.425 Elevator (elevação) 3.500 317 28.768 Technologies (tecnologias) 5.806 112 32.781 Materials (materiais) 8.875 72 13.743 Services (serviços) 2.549 52 25.932 Real Estate (neg. imobiliários) 320 80 745 Corporate incl. Consolidation (corporação inclusive consolidação) -2.375 -102 677 Grupo 36.698 762 191.255 * antes de impostos e distribuição de lucros aos acionistas minoritários Fonte: ThyssenKrupp. Segment Information. Web-site: http://www.thyssenkrupp.com/independent/segmentinformationen-en.html; visitado em 10/04/2003. Elaboração: Observatório Social. A Divisão Operacional da ThyssenKrupp Automotive está organizada em três Business Units (unidades de negócios) denominadas Body, Chassis e Powertrain. A ThyssenKrupp Fundições está vinculada a essa divisão e é composta pelas unidades de Barra do Piraí (RJ) e de Matozinhos (MG). A Divisão Operacional ThyssenKrupp Elevator possui empresas em diversos países, entre eles o Brasil, onde opera por meio da ThyssenKrupp Elevadores, com fábrica em Guaíba e unidades de serviço nas grandes capitais brasileiras. Ao todo, no Brasil o grupo mantém cerca de dezessete empresas e mais de 40 unidades produtivas e/ou serviços. No país não há uma “holding” local do Grupo ThyssenKrupp AG, ou seja, não há uma corporação unificada. Como destacado acima, a empresa organiza-se em seis Divisões de Negócio, tem vários segmentos e cada empresa se reporta a uma direção da respectiva Divisão na Alemanha. Há uma coordenação local, mas de caráter funcional. A administração de cada unidade fica a cargo dos executivos locais, sendo estes os responsáveis pelos resultados gerados nas respectivas empresas, a partir de planos negociados anualmente. O acompanhamento do desempenho é realizado trimestralmente pela comparação entre o planejado e o realizado. 6 3. REFERÊNCIAS E INDICADORES O Observatório Social adota como referência um quadro teóricometodológico que articula o conteúdo das convenções da OIT, as centralidades de observação em cada uma delas e os indicadores que permitem realizar a análise sobre o desempenho de empresas em relação aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, saúde e segurança e meio ambiente. 3.1. LIBERDADE SINDICAL O princípio da liberdade de organização sindical dos trabalhadores, preconizada pela OIT, pode ser sintetizado pela capacidade dos trabalhadores de se organizarem desde o próprio local de trabalho até a central sindical nacional, sem que esta organização sofra cerceamento pelo Estado ou pelos empresários. Com base nos textos das Convenções nº 87 e nº 135 da OIT, o Observatório Social escolheu alguns indicadores para a avaliação das empresas neste aspecto: a liberdade do trabalhador para se sindicalizar; a existência de organização dos trabalhadores no local de trabalho; a livre atuação de representantes sindicais no espaço da empresa, tendo acesso aos locais de trabalho e condições de estabelecer comunicação com os trabalhadores; o respeito ao direito de greve; a liberdade das entidades sindicais de elaborarem seus próprios estatutos; o reconhecimento das decisões das organizações sindicais aprovadas em assembléias; e a liberdade de recolhimento e repasse das contribuições financeiras em favor do sindicato. Há que se esclarecer inicialmente que o Brasil não ratificou a Convenção 87 da OIT. Apesar de garantir o direito à sindicalização livre de interferência do Estado, a Constituição brasileira estabelece ao mesmo tempo o chamado sistema de “unicidade sindical”. Esse sistema admite a existência de apenas um único sindicato por categoria profissional, o qual detém o poder de representação legal dos trabalhadores, mesmo dos que não forem sindicalizados. Portanto, proíbe a existência de mais de um 7 sindicato para a mesma base. A base territorial mínima corresponde ao município, embora existam sindicatos de base intermunicipal, estadual e até nacional. A unicidade sindical não evita que, numa determinada empresa, atuem vários sindicatos, pois estes se dividem por diferentes categorias profissionais. Numa empresa do setor metalúrgico, por exemplo, as secretárias podem ter um sindicato próprio, o mesmo com o pessoal da vigilância e assim por diante. Com a terceirização surge outra divisão, na medida em que os terceirizados deixam de fazer parte da base do sindicato majoritário, normalmente o mais atuante e presente na empresa. 3.2. NEGOCIAÇÃO COLETIVA A Convenção nº 98 da OIT determina que haja proteção dos trabalhadores contra atos atentatórios à liberdade sindical e preconiza o fomento e a promoção da negociação coletiva de trabalho. Os princípios dessa convenção não podem ser isolados da efetiva liberdade sindical, que garante aos trabalhadores e suas organizações condições para o desenvolvimento do conjunto da ação sindical. Tendo examinado anteriormente o tema da liberdade sindical, nesta seção destaca-se que a OIT assegura o direito à negociação coletiva efetiva e, conseqüentemente, as condições para tanto, especialmente o acesso a informações. No Brasil, que ratificou a Convenção nº98, a lei trabalhista é o principal instrumento de regulação das relações e condições de trabalho. A negociação coletiva é uma prática relativamente recente e bastante limitada, complementando o que a lei estabelece através das convenções coletivas de trabalho (CCTs, que regulam a relação entre sindicato de trabalhadores x sindicatos de empregadores) ou dos acordos coletivos de trabalho (ACTs, que regulam a relação entre sindicatos de trabalhadores x uma empresa). Com vigência máxima de dois anos, esses instrumentos contêm, principalmente, o reajuste anual, o piso salarial, benefícios não salariais e alguns direitos sindicais. A perda de validade das convenções e acordos ao final do período de vigência coloca os trabalhadores em desvantagem diante da extinção automática dos 8 direitos, sendo pressionados a aceitarem as propostas patronais na negociação. A alternativa de solicitar a intervenção da Justiça do Trabalho existe, mas ela pode demorar anos para resultar numa decisão final (o chamado dissídio coletivo). A negociação não é totalmente livre do Estado, pois se ela chega a um impasse ou não é concluída, uma das partes, mesmo sem o consentimento da outra, pode levar as reivindicações dos trabalhadores para a decisão da Justiça do Trabalho. Por exemplo, em caso de greve, a empresa ou mesmo o Estado poderá solicitar a intervenção da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar o conflito, analisando se a greve é abusiva, bem como instituir ou não as reivindicações solicitadas. Assim, muitas empresas e organizações empresariais nem aceitam negociar, remetendo as questões diretamente para a Justiça, quando assim lhes interessa. Os indicadores que o Observatório Social definiu para a avaliação da empresa, neste aspecto, incluem: negociações diretas entre empresa e sindicato; condições necessárias, por parte dos representantes dos trabalhadores, para negociações efetivas; possíveis ameaças da empresa em transferir suas atividades para outros países com a finalidade de influenciar nas negociações; acesso às informações necessárias para que sejam estabelecidas negociações efetivas, inclusive com dados sobre as unidades e o conjunto da empresa. 3.3. TRABALHO FORÇADO A OIT incluiu na Declaração dos Direitos Fundamentais no Trabalho duas convenções internacionais que tratam do trabalho forçado: a de nº 29, Sobre o Trabalho Forçado, de 1930, e a de nº 105, sobre a Abolição do Trabalho Forçado, de 1957. Ambas foram ratificadas pelo Brasil, respectivamente em 1954 e em 1965. A Convenção nº 29 proíbe o trabalho forçado ou obrigatório, embora permita o trabalho não voluntário em certas circunstâncias muito específicas. Em nenhuma hipótese pode ser prestado em benefício ou sob controle de empresas ou pessoas jurídicas de caráter privado. E a Convenção 105 obriga o país a “suprimir e não fazer 9 uso de nenhuma forma de trabalho forçado ou obrigatório”, expressamente condenando seu uso no fomento econômico e como medida disciplinar ou punitiva. Os indicadores da conduta da empresa sobre esse tema são: emprego de mãode-obra por meio de coerção, castigo, como medida disciplinar, por dívida, diretamente nas suas instalações; o emprego de mão-de-obra por meio de coerção, castigo, como medida disciplinar, por dívida, pelos seus fornecedores e/ou subcontratados; benefício auferido em função de trabalho forçado de qualquer natureza. 3.4. TRABALHO INFANTIL A Convenção n.º 138 sobre a Idade Mínima para a Admissão de Emprego estabelece que o país deve buscar a efetiva abolição do trabalho infantil e fixar uma idade mínima de admissão no emprego. Essa idade mínima prevista na convenção não se aplica ao trabalho feito no contexto educacional ou profissionalizante. No caso de treinamento em empresas, a convenção estipula a idade mínima de quatorze anos e exige a interferência das autoridades competentes. A idade mínima para o emprego ou para o trabalho considerado prejudicial à saúde, à segurança e à moral do jovem foi fixada em 18 anos pela Convenção nº 138. Jovens de 16 anos podem exercer esses tipos de trabalho, desde que estejam plenamente protegidas a saúde, a segurança e a moral, bem como tenham instrução ou formação adequada. O Brasil ratificou a Convenção nº 138 e a Convenção nº 182 sobre a Proibição e Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil, de 1999. A idade mínima para o trabalho foi fixada em 16 anos e o trabalho considerado perigoso, penoso ou insalubre foi proibido aos jovens com idade inferior a 18 anos. Quanto ao trabalho realizado dentro de programas educativos e de formação profissional, pode ser realizado a partir de 14 anos, mas sempre submetido a critérios pedagógicos com supervisão das autoridades competentes. 10 As referências nacionais e internacionais que traduzem a questão da infância e adolescência em normas desejáveis de conduta empresarial incorporam vários pontos que vão além do respeito às idades mínimas, propondo a atuação da empresa junto aos públicos interno e externo. Considerando as convenções da OIT e esse desenvolvimento do tema, o Observatório Social adota os seguintes indicadores: cumprimento da legislação nacional sobre idade mínima (não contratação de adolescentes menores de 16 anos; não emprego de adolescentes com menos de 18 anos em atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas); oferecimento de oportunidades de aprendizagem a adolescentes com mais de 14 e menos de 18 anos (com entidade credenciada e na proporção de 5-15% dos cargos que requeiram profissionalização); conscientização do público interno (funcionários e parceiros comerciais); e atuação junto à comunidade em benefício da criança e do adolescente. 3.5. DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO E RAÇA Duas convenções da OIT são centrais para a definição dos direitos à igualdade e não discriminação de qualquer natureza: a Convenção nº 100, sobre a Igualdade de Remuneração, de 1951; e a Convenção nº 111, sobre a Discriminação (emprego e profissão), de 1958. A Convenção nº 100 dispõe sobre a “igualdade de remuneração entre a mão-de-obra masculina e a mão-de-obra feminina por um trabalho de igual valor”. A Convenção nº 111 quer superar todas as causas que impedem a realização do princípio da igualdade e a não discriminação no emprego e profissão, com relação a: acesso à formação profissional, acesso e permanência no emprego, acesso às diferentes funções e ocupações, condições dignas de trabalho e remuneração justa e eqüitativa. Na Convenção nº 111, a discriminação em relação ao emprego e trabalho é definida como: “Toda a distinção, exclusão ou preferência fundamentada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social que tenha 11 por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão”. A Convenção ressalva que “as distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para um determinado emprego não são consideradas como discriminação”. A Constituição do Brasil proíbe qualquer discriminação com base no sexo, raça ou cor, idade, credo religioso ou idéias políticas. A legislação penaliza as práticas discriminatórias. O país ratificou as duas convenções principais da OIT que tratam desse assunto e incorporou à legislação proibições relativas ao pagamento de salários diferenciados e outras condições de trabalho. O Observatório Social focaliza os temas da discriminação de gênero e raça, por entender serem os mais problemáticos na realidade brasileira, e considerando que o tema da discriminação contra a atividade sindical é contemplado no exame da liberdade sindical e da negociação coletiva. Os indicadores escolhidos para avaliar a empresa quanto ao tema da discriminação de gênero e raça são: a existência de desigualdade salarial entre mulheres e homens em trabalhos de igual valor, a existência de desigualdade entre quaisquer pessoas que trabalhem em condições iguais e exerçam iguais funções, os critérios adotados para a ocupação de cargos de chefia, o acesso às oportunidades de aperfeiçoamento profissional, os critérios adotados para a contratação e promoção, a existência de serviços sociais (tais como creche), a existência de programas ou políticas que promovam a igualdade, a existência ou não de cláusulas antidiscriminatórias nos acordos ou convenções coletivas de trabalho. 3.6. SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO Várias convenções da OIT tratam da saúde e segurança no trabalho, dentre as quais se destacam as de nº 148, sobre o Meio Ambiente de Trabalho, a nº 155, sobre a Saúde e Segurança Ocupacional, a nº 161, sobre Serviços de Saúde no Trabalho, a nº 170, sobre os Produtos Químicos, e a nº 174, sobre a Prevenção de Grandes Acidentes 12 Industriais. Um ponto comum a todas essas convenções é a previsão de processos de consulta e participação dos trabalhadores e seus representantes nas decisões e práticas que visam a melhorias no ambiente de trabalho, aos serviços de saúde, à prevenção de acidentes e ao gerenciamento de riscos. Partindo dessa característica, o Observatório Social escolheu indicadores que evidenciem: mecanismos de participação dos trabalhadores na elaboração, aplicação e supervisão das medidas de controle das condições ambientais no trabalho; acesso a informações objetivas sobre o ambiente de trabalho e os riscos à saúde e segurança; e existência de medidas de prevenção e de proteção dos trabalhadores em relação a saúde e segurança no trabalho. 3.7. MEIO AMBIENTE Dentre os vários documentos internacionais e nacionais que tratam do tema do meio ambiente, o Observatório Social adotou a Declaração do Rio e a Agenda 21 como principais referências para a construção de indicadores da conduta das empresas. Na Declaração do Rio interessam, particularmente, os princípios que tratam do direito ao acesso à informação ambiental e da necessidade de participação de toda a sociedade no tratamento das questões ambientais. Dentre as propostas de ação da Agenda 21, destacam-se: a necessidade de implantação de sistemas de gestão ambiental; e o direito dos trabalhadores à informação, para que possam participar efetivamente nos processos de tomada de decisão e da implementação de programas de informação para a comunidade. A Agenda 21 dedica um capítulo especial sobre a necessidade de fortalecer o papel dos trabalhadores e dos seus sindicatos em apoio ao desenvolvimento sustentável, por meio da promoção do direito de cada trabalhador à liberdade de associação e da garantia do direito de se organizar, tal como estabelecido pelas convenções da OIT. Nas Diretrizes sobre Empresas Multinacionais, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ressalta-se a recomendação para 13 que as empresas: informem sobre os seus sistemas de gestão de riscos; incorporem a necessidade de proteger o meio ambiente, a saúde e a segurança pública; respeitem a legislação, a regulamentação e as práticas administrativas nos países onde elas operam; considerem os acordos internacionais, os princípios, os objetivos e as normas existentes. Com base nos documentos acima, foram criadas três categorias de indicadores: o compromisso da empresa em relação ao meio ambiente; a participação dos trabalhadores e da comunidade na gestão ambiental da empresa; e a disseminação da informação ambiental. 3.8. RESPONSABILIDADE SOCIAL O tema da responsabilidade social será analisado sob três aspectos: o da existência de compromissos públicos que formalizem a posição da empresa perante os direitos fundamentais no trabalho, incluindo códigos de conduta ou balanço social; o das ações perante a cadeia produtiva; e o das ações filantrópicas e comunitárias. No quadro a seguir sintetizamos as convenções, os temas e centralidades e a situação no Brasil. QUADRO 2 - CONVENÇÕES DA OIT – TEMAS E CENTRALIDADE Convenções Centralidade Situação no Brasil Liberdade Sindical 87 e 135 Liberdade de organização dos trabalhadores, sem interferência dos empregadores e do Estado. Direito de todos os trabalhadores à negociação coletiva sem interferência. A C87 não está ratificada e a C135 foi ratificada em 18/05/1990. Negociação Coletiva 98 e 151 A C98 foi ratificada em 18/11/1952, e a C151, que trata de trabalhadores no serviço público, não está ratificada. Trabalho Forçado Abolição do trabalho exercido por meio A C29 foi ratificada em 25/04/1957 e a C105, em 29 e 105 de coação ou castigo. 18/06/1965. Trabalho Infantil Efetiva erradicação do trabalho infantil. C138 (Idade mínima) ratificada em jun/2001 e 138 e 182 C182 (Piores formas) ratificada em 02/02/2000. Não discriminação por motivos de sexo, C100 ratificada em 25/04/1957 e Discriminação de origem racial, religião, opinião política e C111, em 26/11/1965. Gênero e Raça ascendência. 100 e 111 Adequação do meio ambiente interno à C148 (meio ambiente interno) ratificada em Saúde e Segurança segurança e saúde no trabalho. 14/01/82; C155 (segurança e saúde) em 18/05/92; no Trabalho C170 (produtos químicos) em 23/12/96; C174 148, 155, 170 e 174 (acidentes industriais maiores) não ratificada. Fonte: Observatório Social, 2002. 14 Na temática ambiental, as principais referências internacionais são a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21, documentos adotados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, as Diretrizes para as Empresas Multinacionais da OCDE e o Global Compact, das Nações Unidas. 15 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1. ETAPAS DA PESQUISA A construção do percurso metodológico desta investigação foi delineada em três momentos distintos, porém complementares, de acordo com o detalhamento a seguir: Primeiro momento – Negociações com os sindicatos e as empresas: • apresentação do projeto de pesquisa e negociação com as partes interessadas – empresas e sindicatos dos metalúrgicos – para a formalização dos termos de compromisso sobre o trabalho a ser desenvolvido; • constituição do grupo sindical de apoio à pesquisa; e • visitas dos pesquisadores às unidades fabris. Uma das visitas teve o acompanhamento de uma comitiva de representantes da empresa e dos trabalhadores da ThyssenKruup na Alemanha. Segundo momento – Realização do trabalho de campo: • aplicação dos questionários junto aos trabalhadores, com base em amostras estatisticamente representativas dos universo dos funcionários de cada empresa. Os planos amostrais encontram-se detalhados mais adiante; • entrevistas em profundidade com diretores e gerentes das empresas. Na TKEB foram entrevistados: o gerente da Divisão de Recursos Humanos, o chefe do Departamento de Pessoal, o engenheiro de Segurança no Trabalho, o gerente da Divisão de Materiais e o responsável pela implantação do sistema de gerenciamento ambiental. Já na TKF foram entrevistados: o presidente dessa unidade industrial, o diretor e o gerente de Relações Industriais, o chefe do Departamento de Pessoal, o 16 engenheiro de Segurança no Trabalho e a médica do trabalho. As entrevistas foram guiadas por um roteiro de questões abertas, tratando de todos os temas de interesse da pesquisa (Apêndice 1); • entrevistas em profundidade com os membros representantes das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA). Na TKEB foram entrevistados o atual presidente e o ex-presidente, bem como dois membros da CIPA recentemente eleitos pelos empregados. Na TKF foram entrevistados o vice-presidente, que é o atual representante dos trabalhadores, e o gerente de Relações Industriais, que também é membro da CIPA. As entrevistas foram guiadas por um roteiro de questões abertas, tratando de todos os temas de interesse da pesquisa (Apêndice 2); e • entrevistas em profundidade com diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre na sub-sede de Guaíba e do Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí, todos empregados das respectivas unidades fabris. Essas entrevistas também foram guiadas por roteiro de questões abertas (Apêndice 2). • pesquisa documental junto às empresas e aos sindicatos dos metalúrgicos. Terceiro momento – Descrição e análise dos dados: • descrição e análise dos dados e informações coletadas; • elaboração do Relatório Preliminar; • submissão do Relatório Preliminar à apreciação de consultores, sindicatos e empresas, que puderam expressar suas opiniões quanto ao texto e sugerir alterações; • avaliação das sugestões recebidas e elaboração do relatório final. 4.2. DESCRIÇÃO DO PLANO AMOSTRAL Os planos amostrais foram concebidos de forma a permitir que os seguintes 17 objetivos da pesquisa fossem alcançados (ver Apêndice 3.1 e 3.2): - verificar se existem diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito às condições de trabalho e emprego; - verificar se existe discriminação, nas suas diversas formas, dentro das empresas; e - verificar as condições em que o trabalho é realizado. As empresas forneceram uma listagem de seus funcionários, contendo informações que foram utilizadas na elaboração do plano amostral. No caso do estudo da TKEB, para contemplar o primeiro objetivo da pesquisa (verificar diferenças de opinião entre homens e mulheres), o plano previu a separação do universo de empregados em dois conjuntos diferenciados: um estrato com os homens e outro com as mulheres. A elaboração do plano amostral respeitou, portanto, as características de sexo, subordinação dos trabalhadores a área e diretorias de atuação. Com relação aos dois outros objetivos, partiu-se de uma hipótese de que existiriam diferenças entre os trabalhadores alocados nas divisões responsáveis pela produção industrial (indicadas como subordinadas à indústria) e aqueles empregados nas divisões administrativas (vendas, assessoria jurídica, marketing etc, subordinadas à matriz). O cálculo da amostra seguiu o método da amostragem aleatória simples sem reposição, por ser a metodologia mais simples entre as várias existentes na bibliografia estatística. Para estimar parâmetros utilizados no cálculo da amostra e, ao mesmo tempo, verificar a adequação do questionário, foi necessário realizar uma pesquisa piloto na empresa, entrevistando-se 26 trabalhadores. O tamanho da amostra foi definido para um nível de confiança de 95% e uma precisão relativa de 0,3. A população de empregados da empresa foi subdividida segundo estratos, anteriormente à seleção e à determinação do tamanho da amostra, com vistas a permitir uma visão melhor dos aspectos de interesse na pesquisa. 18 TABELA 2 - PESQUISA TKEB - PLANO AMOSTRAL Estrato Estrato 1 Estrato 2 Descrição Mulheres Matriz Mulheres Indústria Amostra por estrato 8 15 (n) Total da amostra 23 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria 31 116 147 170 A pesquisa de opinião foi realizada com sucesso, mas a amostra que efetivamente respondeu ao questionário se diferenciou da planejada. Durante o desenho da amostra, a Diretoria de Recursos Humanos foi considerada como sendo subordinada à planta industrial, quando na verdade pertence à matriz, o que mudou a distribuição da amostra e da população. Também foi necessário substituir os funcionários sorteados que estavam ausentes na ocasião do campo (por férias, licenças ou demissão), o que foi feito preservando-se o mesmo sexo e a mesma diretoria. As tabelas com os valores corretos para a população e para a amostra são apresentadas a seguir. TABELA 3 - TKEB - PLANO AMOSTRAL FINAL - DIVISÃO POR ESTRATO Estrato Descrição Estrato 1 MULHERES Matriz Estrato 2 Estrato 3 Estrato 4 MULHERES Indústria HOMENS Matriz HOMENS Indústria TOTAL Amostra por estrato 11 13 (n) Total da amostra 24 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social 36 111 147 171 Os questionários foram aplicados por entrevista individual, nos dias 18 a 20 de fevereiro de 2003, nas dependências da empresa e durante o horário de trabalho. As entrevistas duraram, em média, quinze minutos. Com apenas uma única exceção, todos os entrevistados concordaram verbalmente em responder as perguntas do questionário. O questionário aplicado se encontra no Apêndice 4. Na TKF, seguindo a mesma hipótese de que existiriam diferenças entre os trabalhadores ligados diretamente à Diretoria Industrial (DRI) – contingente maior de trabalhadores do nível operacional –, e trabalhadores ligados a outras diretorias – 19 contingente maior de áreas administrativas (Diretoria da Garantia da Qualidade, Comercial de Vendas e Administrativa e Financeira), o plano amostral ficou dividido em três estratos. O primeiro estrato é formado pelo universo de mulheres que, pelo pequeno número, foram todas entrevistadas. O segundo estrato é composto de trabalhadores do sexo masculino, ligados à diretoria industrial, correspondendo à maior parcela da população empregada, com um total de 1106 funcionários trabalhando diretamente na produção. O terceiro estrato representa os homens vinculados a outras diretorias, entre as quais a de Garantia da Qualidade, Diretoria Comercial de Vendas, Diretoria Administrativa e Financeira, que no total somam 235 funcionários. Também na TKF a amostra foi calculada com base em parâmetros obtidos por pesquisa piloto, na qual foram entrevistados 26 trabalhadores. O tamanho da amostra foi definido para um nível de confiança de 95% e uma precisão relativa de 0,3. O plano amostral geral ficou assim definido: TABELA 4 – PESQUISA TKF - PLANO AMOSTRAL Estrato Descrição Estrato 1 MULHERES Amostra 34 Entrevistados 29 Total de Entrevistados Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social Estrato 2 HOMENS Diretoria Industrial 250 253 321 Estrato 3 HOMENS Outras diretorias 47 39 O trabalho de campo (aplicação dos questionários e entrevistas) foi realizado entre fevereiro e março de 2003. Todos os entrevistados concordaram verbalmente em responder as perguntas do questionário. 4.3. FONTES DOCUMENTAIS Empresas e sindicatos forneceram documentos com informações e dados relevantes para o estudo. A TKEB forneceu: listagem de funcionários; dados sobre a estrutura 20 organizacional; demonstrações financeiras de 2001/2002; boletim estatístico sobre acidentes de trabalho; evolução dos indicadores de acidentes do trabalho (1997/2002); lista de empresas e áreas terceirizadas; contribuições e doações de natureza filantrópica; indicadores e metas do Programa de Participação nos Resultados (PPR); cópia de slides da apresentação intitulada “Overcoming Challenges: one vision of our mission and values”; Informativo da CIPA, 1ª ed., 2003; cópia da Convenção Coletiva de Trabalho; três textos apresentando a empresa e sua história; apresentação ilustrada da Gestão de Resíduos Sólidos; Descritivo CIPA; lista de componentes importados e respectivos países de origem; exemplar do Notícias ThyssenKrupp Elevadores, informativo interno da empresa, edição de fev/mar de 2003. O sindicato, por sua vez, forneceu cópia da Convenção Coletiva de Trabalho; cópias de notícias e de boletins da empresa; e uma lista de empregados da TKEB sindicalizados. A falta de um maior detalhamento nos dados fornecidos pela empresa limitaram o alcance da análise da distribuição salarial e da ocupação, que visava avaliar os temas da discriminação de gênero e de raça. A listagem disponibilizada pela empresa não continha o valor do salário e/ou da remuneração de cada indivíduo, mas sim sua posição numa escala de faixas salariais. Com isso foi impossível calcular médias salariais, bem como cruzar tais médias com atributos individuais (sexo e cor/raça), nível de escolaridade, ocupação etc. A TKF, por sua vez, forneceu: listagem de funcionários; dados sobre a estrutura organizacional; boletim estatístico sobre acidentes de trabalho; evolução dos indicadores de acidentes do trabalho (2000/2002); lista de empresas terceirizadas; indicadores e metas da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2002/2003; cópia do Acordo Coletivo de Trabalho; e Projeto Construindo a Cidadania. O sindicato disponibilizou cópias de notícias e de boletins da empresa; uma lista de empregados sindicalizados da TKF; e cópias das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs). As empresas não dispunham de informações sobre a cor/raça de seus 21 funcionários, o que impediu o cruzamento dessa variável com outros dados por ela fornecidos, bem como a concepção do plano amostral da pesquisa de opinião junto aos empregados com base nessa variável. 22 5. A THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A. 5.1. PERFIL GERAL DA EMPRESA Este capítulo apresenta a ThyssenKrupp Elevadores (TKEB), situando-a no Grupo ThyssenKrupp e descrevendo suas principais características. A TKEB desenvolve atividades de fabricação, comércio, importação, exportação, conservação, instalação e representação de elevadores, fingers (passarelas de aeroportos), passarelas e pontes eletrônicas e/ou mecânicas, armazéns e almoxarifados automatizados, escadas, esteiras rolantes, bem como de aparelhos mecânicos para tais equipamentos. Ela se enquadra no setor da indústria manufatureira de bens de capital. No segmento Elevadores, o Grupo TK tem uma presença global formada por 180 empresas em mais de 750 estabelecimentos. Os produtos desse segmento chegam a mais de 100 países, totalizando mais de 600 mil elevadores, escadas e esteiras rolantes. Ao comparar o segmento Elevadores com os demais, conforme mostra a tabela 4, percebe-se que as vendas dos seus produtos são relativamente pequenas, significando 9,5% do total, bem como o número de empregados (15,0% do total). Em contrapartida, os lucros auferidos contribuíram significativamente para o resultado do grupo no período encerrado em setembro de 2002. A TKEB está vinculada à ThyssenKrupp Industries, braço da ThyssenKrupp AG nos setores de bens de produção e produtos manufaturados, dividindo-se pelos segmentos de elevação, sistemas de produção, maquinaria de plásticos, componentes, estaleiros e engenharia de construção. No segmento de elevação, há uma subdivisão por área geográfica, que agrupa as empresas da Espanha, Portugal e da América Latina. É a esta subdivisão, cuja matriz localiza-se na Espanha, que a TKEB se reporta. 23 5.1.1. Histórico A TKEB se originou da aquisição da Elevadores Sûr S.A. Indústria e Comércio pelo Grupo ThyssenKrupp Industrial, em setembro de 1999. A Elevadores Sûr era um tradicional fabricante de elevadores, de capital nacional, fundado em Porto Alegre no ano de 1945. De início, a empresa produzia equipamentos mecânicos de precisão, máquinas de escritório, centrais telefônicas, entre outros. Em 1948, a empresa passou a representar a Elevadores Bandeirantes, de São Paulo. Em seguida, começou a fabricar seus próprios elevadores, passando a oferecer produtos de melhor qualidade e com menor prazo de entrega. Foi quando surgiu a Sûr Indústria, Comércio e Representações. Assim, a empresa estudada tem mais de cinqüenta anos de atuação no ramo de elevadores. Inicialmente a Sûr direcionava seus produtos e serviços para a região metropolitana de Porto Alegre e o interior do Rio Grande do Sul. Em 1965, a planta industrial foi transferida de Porto Alegre para o município de Guaíba. Naquele mesmo ano a empresa iniciou a sua expansão para outras regiões do Brasil, começando pelos estados do Sudeste, atingindo todo o território nacional até meados da década de 70. Um fato relevante nessa história foi o período de associação com a empresa japonesa Fujitec, que em 1974 assumiu o controle acionário. Houve a incorporação de tecnologias, mas a associação não durou muito. Quatro anos depois, envolvida numa crise financeira, o controle da Sûr foi transferido para as empresas credoras Industrial Hanh Ferrabraz e Construtora Aubrich. A partir daí a empresa recuperou-se financeiramente e iniciou uma trajetória de crescimento. Na década de 80 a Elevadores Sûr passou a exportar e, em 1992, o mercado externo representava 25% do total das vendas. Na década de 90, a empresa registra os seguintes fatos relevantes no seu histórico: • processo de terceirização de atividades (outsourcing) e racionalização da 24 organização, reduzindo o quadro de pessoal pela metade; • reestruturação da companhia, com filiais transformadas em unidades de negócios; • implantação de sistema de gestão por metas; e • implantação de programa de participação nos resultados, com base em indicadores de desempenho. Em 1997, a empresa obteve a certificação pela norma ISO 9001 para projeto e fabricação de elevadores. Atualmente, o certificado já cobre projeto, fabricação, venda, modernização e assistência técnica de elevadores. Foram certificadas as unidades de negócios de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal, além da unidade industrial de Guaíba. Uma das características que a distingue de outras empresas que atuam no ramo é que ela desenvolve, fabrica e monta seus elevadores, dependendo pouco de importações. Em setembro de 1999 foi anunciada a “aliança estratégica” entre a Thyssen e a Sûr, formando a Thyssen Sûr, e a integração da empresa ao Grupo ThyssenKrupp Industrial. Na ocasião destacou-se que a aliança daria acesso a toda a cadeia de negócio, escala competitiva e permanente atualização tecnológica. Os funcionários foram informados de que a “união oferece novas oportunidades de crescimento para todos os funcionários” e que “representa uma oportunidade de acesso ao conhecimento, para continuarmos nosso processo de aprendizagem e aprimoramento profissional e pessoal”. Em novembro de 2001, a ThyssenKrupp finalizou a aquisição das operações de uma de suas concorrentes, a Kone, na América do Sul e, por extensão, no Brasil. Em março de 2002, a empresa anunciou a substituição da marca “Sûr” pela da ThyssenKrupp. As razões dessa mudança foram a unificação da imagem corporativa das empresas do grupo no mundo e a necessidade de incorporar as atividades da Kone. Acreditava-se que a nova marca daria maior projeção no mercado, pela visibilidade e prestígio internacional. 25 5.1.2. Estrutura organizacional A TKEB desenvolve suas atividades por meio de uma unidade industrial, localizada em Guaíba (RS), e de dez unidades de negócios (UNs), espalhadas pelo Brasil. A matriz da empresa está situada junto à unidade industrial (UI/M) As unidades de negócio são responsáveis pelas atividades comerciais e prestação de serviços, isto é, a venda de elevadores e os serviços de instalação e de manutenção de elevadores e outros equipamentos. Embora na maioria dos casos uma UN corresponda a uma unidade da Federação, várias delas abrangem uma área mais extensa. TABELA 5 - TKEB - EMPREGADOS POR REGIÃO - JAN/2003 Número de Empregados GUAÍBA* 570 SÃO PAULO 328 RIO DE JANEIRO 205 PORTO ALEGRE* 138 MINAS GERAIS 125 PARANÁ 91 DISTRITO FEDERAL 65 SANTA CATARINA 52 BAHIA 49 PERNAMBUCO 44 CEARÁ 43 RIO GRANDE DO SUL 30 GOIÁS 15 ESPÍRITO SANTO 13 PARÁ 10 AMAZONAS 8 MATO GROSSO 5 RIO GRANDE DO NORTE 5 PARAÍBA 4 ALAGOAS 2 MATO GROSSO DO SUL 2 SERGIPE 1 TOTAL 1805 * Dados desagregados do total de empregados no Rio Grande do Sul. Fonte: ThyssenKrupp Elevadores. Elaboração: Observatório Social REGIÃO Em cada UN existem diversos estabelecimentos, localizados nas maiores cidades de cada região. As UNs são as seguintes: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, 26 Paraná, São Paulo (cobrindo também o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul), Rio de Janeiro (Espírito Santo), Minas Gerais, Distrito Federal (Amazonas, Goiás e Pará), Bahia, Pernambuco (Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba) e Ceará (Maranhão). A tabela acima apresenta o número de empregados na unidade industrial de Guaíba e em Porto Alegre, separados do total de empregados no Rio Grande do Sul, com a finalidade de mostrar o contingente de trabalhadores na base territorial do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. O tamanho das UNs corresponde ao mercado de elevadores. A maior, pelo número de empregados, é a de São Paulo, seguida pela do Rio de Janeiro. Depois vem a do Rio Grande do Sul, refletindo a origem da empresa e seu tradicional mercado, só então aparecendo o Estado de Minas Gerais. Na unidade industrial (UI), a empresa estrutura-se por diretorias, divisões, departamentos e seções. As divisões industriais são seis, dentre as quais se destaca a Divisão de Manufatura Mecânica, responsável pela fabricação e montagem dos componentes mecânicos dos elevadores. A Divisão de Manufatura Elétrica executa a produção e montagem dos componentes eletro-eletrônicos. TABELA 6 - TKEB – UNIDADE INDUSTRIALN NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIVISÃO - JAN/2003 Siglas Denominação DECE Departamento de Especificações DIAM Divisão de Materiais DIEI Divisão de Engenharia Industrial DIGQ Divisão de Garantia da Qualidade DIMA Divisão de Manufatura Mecânica DIME Divisão de Manufatura Elétrica TOTAL Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número de Funcionários 23 33 23 21 264 51 415 27 TABELA 7 - TKEB - MATRIZ - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIVISÃO - JAN/2003 Sigla Denominação AJUR Assessoria Jurídica Controladoria Centro de Processamento de Dados Divisão de Contabilidade Departamento de Campo Departamento de Marketing Divisão de Engenharia de Produto Divisão de Exportação Divisão Financeira Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento Divisão de Recursos Humanos Divisão de Vendas Novas Departamento de Suprimentos Diretoria Não indicado CPD DCOG DECA DEMK DIEP DIEX DIFI DIPD DIRH DIVN DSUP TOTAL Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número de Funcionários 5 5 14 14 10 3 29 5 6 23 14 14 7 5 1 155 As divisões subordinadas à matriz da empresa desenvolvem atividades comerciais, administrativas e de engenharia, pesquisa e desenvolvimento. Destacam-se estas últimas, como se vê pelo expressivo número de funcionários, pois evidenciam a importância da dimensão tecnológica na vida da organização. Diante dessa caracterização da estrutura organizacional da TKEB, é importante registrar que a pesquisa teve como objeto uma fração específica da empresa, que não é a majoritária, embora seja a de maior tamanho, individualmente falando. O quadro funcional da Unidade Industrial/Matriz (UI/M) representa menos de um terço do total de empregados, os quais desenvolvem atividades industriais e administrativas. Já nas UNs, não contempladas neste estudo, está alocada a maioria dos empregados, que atuam na prestação de serviços, na comercialização e na administração. Portanto, os resultados deste estudo não são generalizáveis para toda a empresa. A TKEB contrata serviços de empresas para realização de diversas atividades de apoio na UI/M, tais como limpeza e asseio da fábrica, portaria, operação do refeitório, manutenção e conservação predial. No total, eram empregados 62 28 trabalhadores nessas atividades, por intermédio de sete empresas contratadas, com número de empregados no local variando de um mínimo de 1 a um máximo de 17. 5.1.3. Indicadores econômicos e operacionais Nas suas demonstrações contábeis de 2002, relativas ao período encerrado em setembro daquele ano, a empresa apresenta um ativo de aproximadamente R$ 402 milhões1. A estrutura do capital é predominantemente formada pelo capital dos acionistas, que totalizou R$ 283 milhões, aproximadamente, representando 65% do ativo total. Outra parcela significativa do passivo é representada pelo circulante, de R$ 112 milhões (28% do passivo), dos quais mais da metade corresponde a adiantamentos de clientes (R$ 58 milhões). Ou seja, a estrutura de capital da empresa caracteriza-se por um baixo endividamento. A situação de liquidez é aparentemente confortável, já que o ativo circulante supera, com folga, o passivo circulante: R$ 143 milhões e R$ 11 milhões, respectivamente. Quanto ao desempenho nos últimos dois anos, as demonstrações de resultados registram lucros de R$ 689 mil em 2001 e de R$ 677 mil em 2002. O índice de lucratividade (lucro líquido sobre as receitas brutas) foi de 2,35% em 2002. A rentabilidade do ativo ficou em 0,16% e a rentabilidade do patrimônio líquido alcançou os 2,58%. 5.1.4. Presença no mercado A empresa detinha uma participação no mercado brasileiro de elevadores de 32% em 2002, tendo vendido 8.200 unidades. Em 1999 essa participação era de 28%. 1 ThyssenKrupp Elevadores S.A. Relatório da Administração. D.O.E.; Empresarial; São Paulo, 112 (249) 28 de dezembro de 2002. p 14-15. 29 Nos outros segmentos do mercado, a empresa responde por 24% da modernização de equipamentos, 15% das escadas rolantes (importadas) e 100% das passarelas de aeroporto (fingers). Mas, é sobretudo na prestação de serviços de manutenção que a empresa focaliza sua atuação. Neste segmento, a TKEB domina quase 37% do mercado, fazendo manutenção em 77% dos elevadores que ela mesma produz. 5.1.5. Cadeias produtivas A empresa, como indústria de bens de capital do ramo metalúrgico, está situada na cadeia produtiva do aço, principal insumo produtivo. Ela adquire chapas de aço de distribuidores que comercializam produtos de aciarias brasileiras, como a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). Outro insumo produtivo adquirido pela TKEB em grande quantidade é o de peças fundidas, originadas de fundições brasileiras, como a Fundição Ferrabrás (município de Sapiranga, Rio Grande do Sul). Além disso, a fabricação de elevadores consome uma certa quantidade de componentes plásticos, que a TKEB diz adquirir de várias empresas nos pólos plásticos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo, o que a coloca na cadeia de produção de plástico. A motorização dos elevadores cria um vínculo com grandes fornecedores de motores elétricos, como é o caso da Weg, de Jaraguá do Sul (Santa Catarina). A empresa informou que ela importa poucos componentes, quase todos de países desenvolvidos: componentes eletrônicos dos Estados Unidos, máquinas de tração e cabos de aço da Alemanha, detectores eletrônicos da Inglaterra, sistemas hidráulicos e vidros especiais da Itália e cabos de aço da Argentina. O gerente de compras afirmou que a empresa importa componentes do sudeste asiático (Taiwan), mas disse serem compras de muito pequena importância. Os elevadores fabricados pela TKEB são vendidos diretamente para a indústria da construção civil, do Brasil e de países latino-americanos. Seu uso final é 30 equipar edifícios residenciais e comerciais. Assim, a empresa se posiciona dentro de cadeias produtivas estruturadas no espaço nacional, como a do aço (minério de ferro, siderúrgicas, distribuidoras de aço), a do ferro fundido (minério, fundições) e a do plástico (petróleo, petroquímica, plástico). Com a reestruturação da década de 90, algumas atividades que eram realizadas internamente na TKEB foram terceirizadas. Entre elas está a seção de marcenaria, que fabricava portas de madeira, e a produção de peças de reposição para motores de modelos de elevadores antigos. Além disso, foram terceirizados os serviços de telefonistas e a vigilância patrimonial. A conduta da empresa frente aos seus fornecedores de bens e serviços, no que tange as questões sócio-trabalhistas, será tratada ao longo do Relatório. Basicamente, no caso dos fornecedores, a empresa está implantando um sistema de cadastramento que envolve avaliações das condições de trabalho e emprego. No caso de serviços terceirizados, a TKEB controla e acompanha o cumprimento de obrigações legais por parte das empresas prestadoras. 5.2. PERFIL DOS TRABALHADORES Este capítulo traça um perfil dos trabalhadores da TKEB, com base em dados fornecidos pela empresa ou obtidos por intermédio da pesquisa amostral. O objetivo é apresentar algumas características pessoais e condições de emprego (cargos, salários e jornada de trabalho). O perfil salientará também a dimensão de gênero, desagregando as variáveis segundo o sexo dos indivíduos, tendo em vista ser este um dos focos da pesquisa. Pelas limitações das fontes sobre a dimensão racial, tornou-se impossível apresentar dados desagregados segundo a variável cor/raça. 5.2.1. Sexo 31 A TKEB se caracteriza por empregar majoritariamente pessoas do sexo masculino. A força de trabalho feminina representa apenas 10,3% do quadro funcional total, percentual que só não é menor pela ocupação de cargos nos setores administrativos, principalmente na Matriz. É nas unidades de negócios (UNs), onde estão alocados mais de dois terços do total de funcionários, que o percentual de mulheres é o mais baixo. TABELA 8 - TKEB - EMPREGADOS POR GÊNERO E UNIDADE DE TRABALHO - JAN/2003 Número de empregados Unidades Masculino Número Unidade industrial/Matriz 570 495 Unidade industrial 415 371 Matriz 155 124 Unidades de negócios 1235 1124 Total da empresa 1805 1619 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. SEXO % 87 89 80 91 90 Feminino Número 75 44 31 111 186 % 13 11 20 9 10 5.2.2. Cor Os dados sobre a cor/raça dos empregados da TKEB foram obtidos a partir da pesquisa por amostragem realizada na UI/M. Os empregados entrevistados foram perguntados sobre qual era a sua cor. 88% dos empregados se declararam brancos. As respostas variaram pouco segundo o sexo e a área de subordinação, com maior presença de pessoas de outras cores/raças nas áreas industriais que nas áreas administrativas. Vale destacar que a pesquisa não constatou a presença de mulheres da raça negra (pretas ou pardas) na área Matriz. TABELA 9 - TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA, POR COR E ESTRATO - FEV/2003 - % Estrato 4 Estrato 3 Estrato 2 Estrato 1 Homens Homens Mulheres Mulheres Indústria Matriz Indústria Matriz Branca 100 77 86 87 Preta 0 8 6 4 Parda 0 15 8 7 Asiática 0 0 0 0 Indígena 0 0 0 2 100 100 100 100 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. COR Total 88 4 7 0 1 99 32 5.2.3. Idade Os empregados da TKEB estão distribuídos de forma equilibrada entre as faixas etárias, como mostra a tabela a seguir. Pode-se perceber que 49% do total têm idade entre 18 e 29 anos, mas também que mais de 54% tem entre 25 e 39 anos de idade. TABELA 10 - TKEB - EMPREGADOS SEGUNDO A FAIXA DE IDADE E O SEXO - JAN/2003 SEXO FAIXA IDADE FEMININO MASCULINO Número % Número % 18 A 24 ANOS 39 21 291 18 25 A 29 ANOS 51 27 319 20 30 A 34 ANOS 38 20 279 17 35 A 39 ANOS 29 16 282 17 40 A 49 ANOS 24 13 320 20 50 A 64 ANOS 5 3 124 8 65 OU MAIS 0 0 4 0 TOTAL 186 100 1619 100 MÉDIA DE IDADE 31 34 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. TOTAL Número % 330 370 317 311 344 129 4 1805 18 21 18 17 19 7 0 100 34 A média de idade dos funcionários é de 34 anos, sendo menor para as mulheres e maior para os homens. A distribuição das mulheres segundo a idade, diferentemente da verificada entre os homens, apresenta menor concentração nas faixas etárias mais avançadas, o que se traduz na média de idade mais baixa. Na UI/M, o perfil etário dos empregados é semelhante ao verificado para toda a empresa, concentrando-se nas faixas entre 25 e 50 anos. A média de idade dos empregados na UI/M é um ano maior que a do conjunto dos empregados, ficando em 35 anos. Essa característica se repete tanto entre mulheres quanto entre os homens, mas a diferença entre esses dois grupos não é tão acentuada quanto a que se verifica no universo dos empregados da empresa. As mulheres não aparecem com tanta freqüência nas faixas iniciais e finais da tabela. 33 TABELA 11 -TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA SEGUNDO A IDADE E O SEXO - JAN/2003 SEXO FAIXA IDADE Feminino Masculino Número % Número % 18 A 24 ANOS 7 9 88 18 25 A 29 ANOS 18 24 102 21 30 A 34 ANOS 20 27 61 12 35 A 39 ANOS 12 16 100 20 40 A 49 ANOS 15 20 105 21 50 A 64 ANOS 3 4 38 8 65 OU MAIS 0 0 1 0 TOTAL 75 100 495 100 MÉDIA DE IDADE 34 35 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. TOTAL Número % 95 120 81 112 120 41 1 570 35 17 21 14 20 21 7 0 100 5.2.4. Tempo no emprego No momento da pesquisa, os empregados da TKEB estavam há oito anos no emprego, cerca de 24% tinham iniciado seu vínculo com a empresa há menos de dois anos e 48% nela trabalhavam há menos de cinco anos. Neste aspecto também se nota diferenças entre mulheres e homens, pois aquelas têm um tempo médio na empresa de seis anos, contra oito anos dos homens. Outra diferença é o percentual de mulheres que trabalham há menos de um ano, que é o dobro do percentual relativo aos homens. TABELA 12 - TKEB – EMPREGADOS POR TEMPO DE EMPREGO E GÊNERO - JAN/2003 SEXO TEMPO NO EMPREGO FEMININO Número % TOTAL MASCULINO Número % < 1 ANO 42 22 176 1 ANO 24 13 186 2 ANOS 15 8 169 3 OU 4 ANOS 20 11 239 5 OU 6 ANOS 20 11 172 7 A 9 ANOS 23 12 200 10 A 15 ANOS 22 12 276 MAIS DE 15 ANOS 20 11 201 TOTAL 186 100 1619 6 8 TEMPO MÉDIO Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número 11 12 10 15 11 12 17 12 100 218 210 184 259 192 223 298 221 1805 8 % 12 12 10 14 11 12 17 12 100 Neste aspecto do perfil dos empregados, a UI/M se diferencia de forma 34 marcante do restante da empresa, exibindo um tempo maior de permanência no emprego, de nove anos, em média. Apenas 17% dos empregados tinham menos de dois anos de emprego e o percentual de pessoas com menos de cinco anos na empresa é menor que o visto anteriormente, de 38%. TABELA 13 - TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA POR TEMPO DE EMPREGO E GÊNERO – JAN/2003 SEXO TEMPO NO EMPREGO Feminino Número % TOTAL Masculino Número % < 1 ANO 7 9 34 1 ANO 7 9 48 2 ANOS 2 3 48 3 OU 4 ANOS 6 8 62 5 OU 6 ANOS 12 16 56 7 A 9 ANOS 13 17 72 10 A 15 ANOS 16 22 90 MAIS DE 15 ANOS 12 16 85 TOTAL 75 100 495 TEMPO MÉDIO 9 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número 7 10 10 13 11 15 17 17 100 9 41 55 50 68 68 85 106 97 570 % 7 10 9 12 12 15 18 17 100 9 Também é inversa a situação de homens e mulheres, pois estas permanecem no emprego por mais tempo que aqueles, em média, e são proporcionalmente mais freqüentes nas faixas de tempo de emprego entre cinco e 15 anos. 5.2.5. Escolaridade Entre os empregados da TKEB predominam pessoas com nível médio de escolaridade. O percentual de empregados com menos que o nível médio completo (32%) é bastante próximo do percentual dos que tem escolaridade de nível superior, completa ou incompleta (27%). Ao comparar a escolaridade de homens e mulheres, estas se mostram mais escolarizadas do que aqueles. Uma maior proporção de mulheres alcançaram o nível superior, completo ou incompleto (62% contra 23%). Relativamente menos mulheres não tinham completado ensino médio (8% contra 33%). 35 TABELA 14 - TKEB – EMPREGADOS POR GRAU DE INSTRUÇÃO E SEXO - JAN/2003 SEXO Grau de instrução Feminino Número % Total Global Masculino Número % Analfabeto 0 0 2 Fundamental incompleto 2 1 161 Fundamental completo 3 2 192 Médio incompleto 9 5 174 Médio completo 56 30 712 Superior incompleto 67 36 209 Superior completo 49 26 169 Total Global 186 100 1619 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número 0 10 12 11 44 13 10 100 % 2 163 195 183 768 276 218 1805 0 11 11 10 41 15 12 100 Quanto à escolaridade dos funcionários, não há diferenças significativas na comparação entre aqueles que trabalham na UI/Matriz e no total da empresa. Quando os dados da UI/M são analisados com desagregação segundo o sexo do empregado, pequenas diferenças mostram maior escolaridade das mulheres e menor para os homens. TABELA 15 - TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA PELO GRAU DE INSTRUÇÃO E O SEXO JAN/2003 SEXO Grau de instrução Feminino Número % TOTAL Masculino Número % Analfabeto 0 0 1 Fundamental incompleto 2 3 37 Fundamental completo 3 4 73 Médio incompleto 4 5 41 Médio completo 31 41 212 Superior incompleto 22 30 67 Superior completo 13 17 64 TOTAL 75 100 495 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número 0 8 14 8 43 14 13 100 1 39 76 45 243 89 77 570 % 0 7 13 8 43 15 14 100 5.2.6. Cargos A listagem fornecida pela empresa traz 254 denominações diferentes para os cargos existentes (posição). Para a análise dos dados, essas denominações foram agrupadas, resultando em 54 posições distintas. A posição mais freqüente é a do Oficial de Manutenção de Elevadores, ocupada por 663 empregados, representando 36 44% do total. Este é um cargo típico das UNs, que prestam serviços de manutenção dos elevadores já instalados, ao lado dos de vendedor e de assistente administrativo. Em seguida aparece o cargo de operador de máquina, com 104 trabalhadores, correspondendo a 7% do total. Esta é uma posição típica da unidade industrial, junto com a de montador mecânico e de montador eletromecânico. Os cargos que denotam algum tipo de atividade de comando e liderança representam 16% do total. Pelas informações obtidas junto à Divisão de Recursos Humanos, a hierarquia da empresa, no sentido decrescente, tem a seguinte ordem: • Diretor • Gerente (de divisão ou de UN) • Chefe (de departamento, seguido de chefe de seção) • Coordenador, supervisor ou encarregado. Ao comparar a ocupação dos cargos entre homens e mulheres, percebe-se que estas concentram a sua presença no cargo de auxiliar administrativo, assistente, montador eletromecânico, analista e vendedor. Dessas posições, apenas a de montador eletromecânico é típica da unidade industrial. O percentual de mulheres nos cargos de comando (11%) é superior ao dos demais cargos, pela grande presença na posição de encarregado, em que representam 46% do total. Nos outros cargos de comando, principalmente aqueles hierarquicamente mais elevados, sua participação é menor do que a média. 37 TABELA 16 - TKEB – EMPREGADOS SEGUNDO O CARGO E O SEXO - JAN/2003 CARGOS TOTAL DE EMPREGADOS Número SEXO MASCULINO % do total Número % no cargo OFICIAL MANUTENÇÃO DE 663 36 663 ELEVADORES OPERADOR MÁQUINA 104 6 104 AUXILIAR ADMINISTRATIVO 91 5 39 VENDEDOR 83 5 72 MONTADOR MECÂNICO 65 4 59 AJUSTADOR MANUT. E MEC. 56 3 56 PROJETISTA 49 2 44 ASSISTENTE 41 2 15 INSPETOR 35 2 33 ANALISTA 32 2 20 MONTADOR ELETROMEC. 32 2 15 ALMOXARIFE 26 1 24 ENGENHEIRO 24 1 22 TÉCNICO 22 1 20 AUXILIAR FÁBRICA E OUTROS 21 1 21 SOLDADOR 20 1 20 Integração: posição defau 16 1 12 PROGRAMADOR DE PRODUÇÃO 15 1 12 AJUDANTE 11 1 11 ASSESSOR 11 1 11 MECÂNICO 10 1 10 OUTROS 86 5 75 SUB-TOTAL 1513 84 1358 DIRETOR 5 0 5 GERENTE 25 1 24 CHEFE 62 3 57 COORDENADOR 40 2 38 SUPERVISOR 112 7 111 ENCARREGADO 48 3 26 SUB-TOTAL 292 16 261 TOTAL 1805 100 1619 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. FEMININO Número % no cargo 100 0 0 100 43 87 91 100 90 37 94 62 47 92 92 91 100 100 75 80 100 100 100 87 90 100 96 92 95 99 54 89 90 0 52 11 6 0 5 26 2 12 17 2 2 2 0 0 4 3 0 0 0 11 155 0 1 5 2 1 22 31 186 0 57 13 9 0 10 63 6 38 53 8 8 9 0 0 25 20 0 0 0 13 10 0 4 8 5 1 46 11 10 As mulheres também estão relativamente sub-representadas em funções técnicas, como as de engenheiro, técnico e projetista. Apenas na função de programador de produção é que elas aparecem com uma freqüência acima da média geral. A posição predominante entre os empregados da UI/M é a de operador de máquinas, seguida pelas de projetista, montador, mecânico e eletromecânico, e de inspetor. Estas cinco posições respondem por mais da metade do contingente, 38 refletindo a predominância das funções industriais e de desenvolvimento de projetos. Os cargos de direção e gerência representam 12% do total, predominando os chefes de departamento e de seção. TABELA 17 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA SEGUNDO O CARGO OCUPADO E O SEXO - JAN/2003 CARGOS TOTAL DE EMPREGADOS Número % do total SEXO MASCULINO Número Participação % no cargo 104 100 59 91 42 89 OPERADOR 104 18 MONTADOR MECÂNICO 65 11 PROJETISTA 47 8 MONTADOR 32 6 15 ELETROMECÃNICO INSPETOR 31 5 29 ANALISTA 30 5 19 AUXILIAR OUTROS 27 5 24 SOLDADOR 20 4 20 ALMOXARIFE 17 3 16 PROGRAMADOR 15 3 12 ENGENHEIRO 14 2 13 TÉCNICO 13 2 12 ASSISTENTE 11 2 6 AUXILIAR ADM. 10 2 2 OUTROS 67 12 63 Sub-total 503 88 436 DIRETOR 5 1 5 GERENTE 13 2 13 CHEFE 30 5 26 COORDENADOR 9 2 7 ENCARREGADO 10 2 8 Sub-total 67 12 59 TOTAL 570 100 495 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. FEMININO Número Participação % no cargo 0 0 6 9 5 11 47 17 53 94 63 89 100 94 80 93 92 55 20 94 87 100 100 87 78 80 88 87 2 11 3 0 1 3 1 1 5 8 4 67 0 0 4 2 2 8 75 6 37 11 0 6 20 7 8 45 80 6 13 0 0 13 22 20 12 13 Os homens ocupam praticamente todos os tipos de posições. Na posição de operador não há mulheres. Nas posições mais numerosas, os homens só são minoria entre os auxiliares administrativos e os montadores eletromecânicos. O percentual de mulheres nos cargos de comando (12%) é inferior ao dos demais cargos. Em Guaíba, a presença feminina nos cargos de comando hierarquicamente mais elevados é menor do que a média. As mulheres também estão relativamente sub-representadas em funções 39 técnicas, como as de engenheiro, técnico, projetista e inspetor. Apenas nas funções de analista e de programador de produção é que elas aparecem com uma freqüência acima da média geral. 5.2.7. Salários Conforme já registrado, a empresa não informou o valor dos salários ou da remuneração paga a cada um de seus empregados, apenas a posição numa escala de faixas salariais. Os dados indicam que a parcela majoritária deles se situa na faixa salarial entre R$ 601,00 e R$ 1.000,00, equivalentes a uma faixa entre três e cinco Salários Mínimos (SM) da época. Também é expressiva a parcela que recebe entre R$ 1.000,00 e R$ 1.400,00 (cinco a sete SM). Na tabela a seguir percebe-se que as mulheres têm salários menores que os dos homens, uma vez que sua freqüência relativa nas faixas salariais acima de R$ 1.400,00 é inferior. Esse perfil contrasta com o fato de as mulheres terem maior escolaridade, mas é condizente com a pequena presença em cargos gerenciais e de técnicos e engenheiros. Pode-se imaginar, embora os dados não permitam afirmação categórica, que exista uma correlação entre salários e menor tempo no emprego e idade. TABELA 18 - TKEB - EMPREGADOS POR FAIXA SALARIAL E SEXO - JAN/2003 (R$) SEXO FAIXA SALARIAL Feminino Masculino Número % Número % Até 400,00 0 0 9 1 De 401 a 600 6 3 119 7 De 601 a 1.000 98 53 758 47 De 1.001 a 1.400 55 30 318 20 De 1.401 a 2.000 15 8 150 9 De 2.001 a 4.000 6 3 183 11 Mais de 4.000 6 3 82 5 TOTAL 186 100 1619 100 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. TOTAL Número 9 125 856 373 165 189 88 1805 % 0 7 47 21 9 11 5 100 Particularmente entre os empregados lotados na UI/M, a distribuição salarial é muito próxima à do conjunto da empresa. Mas é possível verificar que os salários são 40 um pouco mais elevados, havendo relativamente menos pessoas recebendo até R$ 600,00, e uma maior parcela situada nas faixas mais altas de salários. Ainda na UI/M, as mulheres estão mais fortemente concentradas nos estratos médios da estrutura de salários, tendo relativamente menor presença que os homens nas faixas mais elevadas. TABELA 19 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA, POR FAIXA DE SALÁRIO E SEXO JAN/2003 (R$) SEXO FAIXA SALARIAL Feminino Número % Total Global Masculino Número % Até 400,00 0 0 1 De 401 a 600 1 1 6 De 601 a 1.000 37 49 260 De 1.001 a 1.400 21 28 74 De 1.401 a 2.000 8 11 40 De 2.001 a 4.000 3 4 70 Mais de 4.000 5 7 44 Total global 75 100 495 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores S.A. Elaboração: Observatório Social. Número 0 1 53 15 8 14 9 100 1 7 297 95 48 73 49 570 % 0 1 52 17 8 13 9 100 5.2.8. Jornada de Trabalho A jornada normal de trabalho regulada por lei é de 44 horas semanais, salvo em turnos ininterruptos, que não podem exceder a 6 horas diárias. A lei permite a realização de até duas horas extraordinárias por dia, quando houver motivo que a justifique, e nunca além de 12 horas na semana. Essas horas excedentes devem ser remuneradas com adicional de 50% sobre o valor da hora normal e de 100% quando ocorrerem em domingos e feriados. A pesquisa amostral entre os empregados da UI/M apurou uma média aproximada de duas horas extraordinárias de trabalho, realizadas na semana anterior. Esse índice foi puxado pelo Estrato 1, correspondente às mulheres que trabalham na área Matriz. Sua média foi mais alta em função de necessidades momentâneas de trabalho extraordinário para a implantação de sistema gerencial na área financeira. Mesmo assim, observando apenas os resultados do Estrato 4, o mais numeroso dos quatro, a média na semana foi de duas horas extras. 41 TABELA 20 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - MÉDIA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NA SEMANA POR ESTRATO - FEV/2003 Estrato 1 Mulheres Matriz Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria Horas 6 0 2 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 2 2 Os entrevistados também foram questionados sobre o número de horas extras realizadas em janeiro de 2003. Ainda que naquele mês muitos empregados estivessem em férias, o resultado mostrou que 48% do total trabalharam além da sua jornada normal, e que para 42% as horas extras superaram as quatro no mês. TABELA 21 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NO MÊS, SEGUNDO O ESTRATO – JAN/2003 – (HORAS) Horas Estrato 1 Mulheres Matriz 0h <= 4h 5h a 10h 10h a 20h 20h a 40h >= 40h Sem inf. Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria 37 70 53 49 0 15 3 7 9 15 11 24 18 0 14 9 9 0 8 8 27 0 11 1 0 0 0 2 100 100 100 100 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 52 6 20 10 7 4 1 100 Na UI/M existem quatro horários de trabalho diferentes. O principal correspondente ao horário comercial (das 7h35 às 17h23), um horário matutino (6h30 às 14h30), um vespertino (14h30 às 22h) e um horário noturno (22h às 6h20). Este último é válido para um grupo muito reduzido de operadores de máquinas que têm funcionamento constante. Parte dos trabalhadores da área industrial dividem-se em equipes que se alternam entre o horário matutino e o vespertino, em rotação mensal. Assim, o empregado típico da TKEB é uma pessoa do sexo masculino, com aproximadamente 34 anos de idade, desempenha tarefas de manutenção de elevadores, com pouco mais de sete anos no emprego e recebe um salário mensal situado entre três e cinco Salários Mínimos. O perfil típico dos empregados da Unidade Industrial e da Matriz da 42 empresa, que foram definidas como objeto da pesquisa, é de um homem de 34 anos de idade, que trabalha como operador de máquina, com ensino médio completo, está há nove anos na empresa e recebe salário entre R$ 600,00 e R$ 1.000,00. 5.3. DIREITOS TRABALHISTAS E AMBIENTAIS: RESULTADOS DA PESQUISA 5.3.1. Liberdade Sindical Os trabalhadores da TKEB são representados por aproximadamente 30 sindicatos de metalúrgicos de todo o país, de bases territoriais onde existem unidades da empresa. Ou seja, não há uma entidade sindical unitária que faça a representação sindical dos empregados da TKEB. Além disso, a empresa informou que atuam junto a ela os seguintes sindicatos profissionais: de engenheiros, de técnicos de nível médio, de vendedores, de desenhistas, de administradores e de técnicos em segurança no trabalho. A pesquisa não tem o propósito de avaliar a atitude da empresa em relação à organização sindical em todas as suas unidades, restringindo-se ao caso de Guaíba. Como foi dito anteriormente, o STIMMMEPA representa os empregados da TKEB enquadrados na categoria majoritária de metalúrgicos, que trabalham em estabelecimentos da empresa situados na sua base territorial. Esta é formada por oito municípios da região metropolitana de Porto Alegre (Gravataí, Guaíba, Cachoerinha, Alvorada, Viamão, Glorinha e Eldorado do Sul, além de Porto Alegre). A Convenção Coletiva de Trabalho/Metalúrgicos de Porto Alegre (CCT/POA) fixa em 30 o número de dirigentes sindicais com estabilidade no emprego 43 e prevê uma redução para 24 na próxima eleição sindical2. Esse é o quadro de sindicalistas que a entidade dispõe para atuar numa ampla região, onde se estima que haja entre 23 e 25 mil metalúrgicos, dos quais 12 mil são sindicalizados. Assim, estão abrangidos na base do STIMMMEPA os empregados da UI/M, com 570 empregados, e da Unidade de Negócios Porto Alegre, com 138 empregados, totalizando 708 trabalhadores. Segundo informações do sindicato, somam 135 os empregados da TKEB associados à entidade, o que representa uma taxa de sindicalização de 19% (calculado sobre 708 trabalhadores). Os dados fornecidos não permitem identificar em qual unidade da empresa os associados trabalham, mas na opinião dos sindicalistas a sindicalização se concentra na Unidade de Guaíba. Haveria um baixo grau de sindicalização entre os empregados na UN de Porto Alegre, em função das dificuldades que os sindicalistas encontram para manter contato e atuar junto a esses trabalhadores, os quais desempenham serviços externos de manutenção e instalação de elevadores descentralizados pela região de atuação da UN. A pesquisa amostral junto aos trabalhadores da UI/M identificou que 26% dos entrevistados declararam ser associados ao Sindicato dos Metalúrgicos. Esse percentual é maior entre os trabalhadores do sexo masculino, bem como entre aqueles que trabalham na área industrial. A associação a outro sindicato, que não o dos Metalúrgicos, continua sendo maior entre os homens, e é quase inexistente entre os que trabalham na área industrial. 2 Esta cláusula foi negociada depois que a Justiça deu ganho de causa a uma ação movida pelo sindicato patronal do ramo metalúrgico, que questionava o número de dirigentes sindicais com estabilidade no emprego, que era de 85. A Justiça determinou que esse número fosse reduzido para 24. 44 TABELA 22 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA POR ASSOCIAÇÃO A SINDICATOS FEV/2003 - % Associação Estrato 1 Mulheres Matriz Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria Sindicato dos 9 15 11 Metalúrgicos Outros sindicatos 27 0 28 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 34 26 2 8 A pesquisa constatou que a associação ao Sindicato dos Metalúrgicos é uma característica do pessoal de “chão de fábrica”. Um teste estatístico permitiu comprovar que as diferentes taxas de sindicalização entre o pessoal da área industrial e da matriz não se devem ao chamado erro amostral, mas representa uma característica da população estudada. (Apêndice 4, item 3) Os entrevistados que se declararam associados ao Sindicato dos Metalúrgicos indicaram o tempo de associação à entidade, uma média de 12 anos. Essa média varia entre os estratos, de um mínimo de 10 anos para as mulheres da Matriz e o máximo de 15 anos para os homens da Matriz. Os homens que trabalham na área industrial, que constituem a principal base sindical, computam uma média de tempo de sindicalização de 11 anos, enquanto as mulheres dessa mesma área estão há 12 anos sindicalizadas à entidade. Para averiguar a liberdade sindical, os entrevistados foram perguntados se eles se sentiam prejudicados ou discriminados na empresa por uma série de fatores, entre os quais ter participação sindical. Nenhum dos entrevistados indicou haver prejuízo ou discriminação por esse motivo, na empresa. Assim, quanto à liberdade do trabalhador para se sindicalizar, os dados apresentados mostram que ela existe na UI/M da TKEB. A atuação do Sindicato dos Metalúrgicos na região de Guaíba é feita por meio de uma sub-sede regional, que dispõe de estrutura física e pessoal para desenvolver ações de representação sindical e jurídica, bem como prestar serviços aos membros da categoria (serviços odontológicos, cursos de qualificação profissional e treinamento, atividades de lazer). A administração da empresa relaciona-se com a subsede do sindicato para realizar as homologações das rescisões de contrato de trabalho. 45 Já a presença do sindicato na UI/M se dá por meio de dois diretores da entidade que lá trabalham, além de outro diretor que está liberado do trabalho para o exercício de atividades sindicais, com salários pagos pelo Sindicato dos Metalúrgicos. Os dois primeiros declararam ter acesso aos seus colegas de trabalho durante o intervalo para o almoço, no início ou ao final da jornada de trabalho. Eventualmente, para realizar esse contato, podem utilizar os tempos livres na jornada e que não entrem em choque com suas atividades de trabalho e/ou com autorização ad-hoc das suas chefias imediatas. Podem ainda solicitar junto à gerência da empresa, especialmente do gerente da DIRH, que sejam liberados do trabalho, sem prejuízo da remuneração, durante o tempo necessário para a realização de alguma atividade sindical específica. Como regra, a liberação para atividades realizadas fora dos limites da fábrica é feita com prejuízos nos salários. A lei brasileira garante o direito dos detentores de mandato sindical a disporem de tempo necessário ao exercício de suas atividades, sem, contudo garantir a remuneração. E a CCT restringe a liberação dos dirigentes sindicais, sem remuneração, mas preservando o descanso semanal remunerado e os dias de férias, por solicitação da entidade, ao máximo de 30 dias ao ano. Os dirigentes sindicais acompanham o processo de eleição de membros da CIPA e da comissão de negociação do Programa de Participação nos Resultados (PPR). Sindicalistas conseguiram ser eleitos para participar dessas duas instâncias. No caso da comissão do PPR, embora a lei que regulamenta a Participação nos Lucros e Resultados exija que em tais comissões haja um representante indicado pelo sindicato, a empresa não segue esse princípio. Apesar das condições descritas anteriormente, as atividades de representação no local de trabalho são realizadas pelos dois sindicalistas, condicionadas a autorizações ad-hoc da gerência e não formalizadas por acordo ou convenção coletiva de trabalho. Em novembro de 2002, o Sindicato dos Metalúrgicos encaminhou à direção da empresa uma correspondência solicitando uma reunião para discutir a liberação de 46 diretores para a realização de atividades sindicais e a criação de comissão de representantes dos trabalhadores no local de trabalho, entre outros assuntos. A intenção declarada pelos sindicalistas era a de ver criada, na unidade, uma organização do tipo Comissão de Fábrica. Durante a pesquisa esta questão ainda não havia evoluído. Normalmente, a forma de comunicação da entidade sindical com os empregados da UI/M se dá por meio do carro de som, que é postado em frente ao portão de acesso à fábrica antes do início da jornada de trabalho ou no período de intervalo para o almoço. Isso ocorre principalmente durante as campanhas salariais anuais ou em momentos em que a entidade pretende mobilizar os trabalhadores para que compareçam a assembléias ou outros eventos sindicais. A comunicação e informação entre o sindicato e os empregados da UI/M também se realiza pela distribuição de jornais, boletins e panfletos, que são distribuídos pelos sindicalistas no portão interno que dá acesso à área industrial da unidade. A pesquisa amostral permite constatar que o Sindicato dos Metalúrgicos consegue atingir um elevado percentual dos empregados da unidade estudada com seu material impresso, tanto na área industrial quanto na administração. Por outro lado, conversas com diretores da entidade sindical foram identificadas como a forma de informação e comunicação sobre atividades sindicais por apenas 23% dos entrevistados, sendo praticamente inexistente no caso de mulheres da área Matriz da Unidade. Na área industrial as proporções alcançadas são mais altas, fato que pode ser explicado pela proximidade dos dois sindicalistas, que trabalham nessa área. Cabe ressaltar a proporção de 52% dos entrevistados que disseram receber informação de natureza sindical por meio de conversas com colegas de trabalho. Isso mostra que não há um constrangimento do fluxo de informações sindicais que afaste esse tema do relacionamento interpessoal dos trabalhadores. 47 TABELA 23 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – FORMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE ATIVIDADES SINDICAIS - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* FORMA DE INFORMAÇÃO Estrato 4 Estrato 3 Estrato 2 Estrato 1 Homens Homens Mulheres Mulheres Indústria Matriz Indústria Matriz 73 100 92 90 1 15 17 27 45 62 42 54 Jornais, boletins ou panfletos Conversas com sindicalistas Conversas com colegas *Admite múltiplas escolhas. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 90 23 52 Assim, apesar de as condições para o exercício da atividade sindical no espaço da Unidade de Guaíba não estarem asseguradas por instrumento normativo, elas existem e não são obstaculizadas pela direção e gerência da empresa. Os dados acima mostram, também, que as atividades de comunicação e informação ocorrem parcialmente, sendo menos freqüentes na área administrativa da Unidade de Guaíba que na área industrial. A empresa não respeita a legislação nacional quanto à representação do sindicato na comissão que discute a participação nos lucros ou resultados. A atitude da empresa em relação a greves não pôde ser avaliada na pesquisa em função de não ter havido tal tipo de movimento nos últimos anos. Ao menos em Guaíba, de acordo com os sindicalistas entrevistados, a empresa recolhe e repassa as contribuições financeiras mensais feitas pelos empregados sindicalizados em favor do sindicato. Essa questão é regulada pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O desconto e recolhimento da contribuição confederativa era polêmico até o ano passado, mas se chegou a uma solução negociada. Os empregados não sindicalizados podem se opor ao desconto da contribuição, por meio de cartas endereçadas ao sindicato. Até o ano de 2002, as cartas de oposição eram feitas pelos empregados na própria empresa, que disponibilizava um modelo de correspondência. As cartas eram recebidas no setor de Recursos Humanos, que as encaminhava ao sindicato. O gerente de RH entende que é um direito do trabalhador optar livremente pela contribuição financeira à entidade sindical, reconhecendo na oposição uma 48 expressão dessa liberdade. Segundo ele, o que a empresa fazia era dar condições a que essa liberdade pudesse se concretizar. Atualmente vigora um acordo entre as entidades de empregadores e de trabalhadores pelo qual as cartas de oposição devem ser homologadas na entidade sindical, obrigando a presença do trabalhador nesse ato. Com tal medida, exige-se do trabalhador um esforço adicional para que não lhe seja descontada a taxa, reduz-se a possibilidade de pressão patronal e permite-se que a liderança sindical esclareça e justifique a cobrança da taxa, buscando a adesão do trabalhador. 5.3.2. Negociação Coletiva Como foi dito anteriormente, os empregados da TKEB são representados por cerca de 30 diferentes sindicatos de metalúrgicos, de acordo com a unidade da empresa no qual trabalham, sem contar os sindicatos de categorias ditas diferenciadas. Cada uma dessas entidades sindicais procura negociar uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com a respectiva entidade patronal. Essas CCTs, portanto, são os instrumentos normativos complementares à legislação que se aplicam à TKEB, criando uma situação em que as condições contratuais podem se diferenciar dependendo da negociação local. Não há uma centralização dessas negociações, até mesmo porque os sindicatos não se filiam às mesmas centrais sindicais. A empresa não tem a prática de negociar com as entidades sindicais acordos coletivos de trabalho (ACTs) específicos. Aos empregados da Unidade de Guaíba vigora a CCT firmada entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e três entidades patronais: o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Rio Grande do Sul (SINMETAL), o Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas (SINDIMAQ) e o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS). Essa CCT é a mesma para todas as empresas do setor metalúrgico de sete municípios da região de abrangência do sindicato (excetua-se o município de 49 Gravataí) e tem vigência de um ano a partir de 01/05/2002. A CCT/Metalúrgicos de Porto Alegre (CCT/POA) divide-se nos seguintes capítulos: normas gerais, formação e registro do contrato de trabalho, reajuste salarial e benefícios pecuniários, regime horário e controle da jornada de trabalho, suspensão e interrupção do contrato de trabalho, garantia de emprego ou salário, extinção do contrato de trabalho, saúde e segurança no trabalho e outras disposições3. Entre as cláusulas da CCT/POA figuram o reajuste salarial anual, fixado em 10% e o salário normativo, ou seja, o piso salarial da categoria, de R$ 323,40 e que passou a R$ 327,80 em 01/01/2003. Três pontos mostram como a CCT/POA não estimula negociações diretas entre empresas e sindicato, para estabelecer condições de trabalho específicas. Um deles é a faculdade de adoção do regime especial de compensação de horas de trabalho, o chamado “Banco de Horas”, que pode ocorrer desde que os trabalhadores aprovem tal regime em eleição secreta, acompanhada por representante do sindicato. No caso de implantação de nova tecnologia e processos de automação que resultem em alteração de atribuições e funções, o texto da CCT afirma que o sindicato deve ser informado pela empresa, com uma ressalva: “quando for previsível”. E as empresas devem “envidar esforços” para implementar a participação nos lucros ou resultados, “inclusive”, mas não sempre, por meio de Acordo Coletivo de Trabalho. Ou seja, em nenhum desses casos há uma obrigação de negociar com a entidade sindical ou com representantes eleitos pelos trabalhadores com assistência do sindicato. Com negociações setorizadas, a informação específica sobre as empresas perde importância para a negociação, em favor de dados sobre o desempenho geral do setor. O Sindicato dos Metalúrgicos detém pouca informação sistematizada sobre a TKEB, restringindo-se aos documentos que legalmente precisa manter em arquivo, tais como as rescisões de contrato de trabalho homologadas, o cadastro dos trabalhadores associados e os registros das contribuições financeiras. 3 Convenção Coletiva de Trabalho 50 Nos processos de negociação coletiva, as condições necessárias que dependem da atitude da empresa referem-se à informação e comunicação do sindicato com os trabalhadores, que foram tratadas no capítulo anterior. A pesquisa amostral junto aos empregados da UI/M indicou que, entre as principais funções do sindicato, aparece em primeiro lugar justamente “fazer a negociação salarial”, na opinião de 66% dos entrevistados. Na seqüência aparecem as opções “dar orientação política para a luta dos trabalhadores” (com 58%), “prestar serviços de assistência jurídica” (41%) e “oferecer cursos de formação profissional” (35%). A opção “resolver problemas com a gerência da empresa”, que estaria associada a uma ação do sindicato no local de trabalho, foi apontada por apenas 29% dos entrevistados, superando apenas a opção “prestar serviços de assistência médica e odontológica” (16%). De qualquer modo, pode-se ver claramente que o sindicato é reconhecido como o ator das negociações salariais, bem como pela função de liderança política (no sentido amplo da palavra). Se a estratégia empresarial é de uma negociação centralizada no nível setorial, aparentemente o Sindicato dos Metalúrgicos também não procurou estabelecer negociações específicas com a TKEB, com vistas a firmar Acordo Coletivo de Trabalho. Em 2002 o sindicato encaminhou pauta de reivindicações à empresa, solicitando uma negociação sobre representação no local de trabalho. Assim, se a negociação direta entre a TKEB e o sindicato se mostra pouco desenvolvida, esse fato não exprime uma situação contraditória com a prática geralmente aceita no país e que, inclusive, faz parte da cultura local de negociação coletiva. Por outro lado, tanto os executivos da empresa quanto os sindicalistas dizem que há espaço para o entendimento direto sobre questões específicas, que sejam de mútuo interesse. Um exemplo disso foi a discussão sobre o sistema de votação para que os trabalhadores decidissem se aceitariam a compensação de dias de trabalho intercalados entre feriados, com previsão para todo o ano. No caso desses processos de entendimento específicos, as condições para que os sindicalistas atuem são 51 disponibilizadas pela empresa. Há também um processo semelhante ao da negociação coletiva para a definição do Programa de Participação nos Resultados (PPR), que é discutido entre representantes da direção da empresa e representantes eleitos pelos empregados da Unidade de Guaíba. Após serem eleitos, esses representantes dos trabalhadores recebem da empresa a proposta de metas e valores do PPR e podem propor alterações. Dessa forma, o processo ganha semelhança ao da negociação coletiva. As informações colhidas junto aos entrevistados dão conta de um processo de consulta e entendimento bastante consensual, e de que as condições para o exercício dessa atividade de representação seriam adequadas. As regras do PPR e os dados para o acompanhamento estão à disposição dos empregados, em murais e informativos periódicos. A participação de membro da direção sindical na comissão, ao contrário do que diz a lei, não é garantida e só ocorre atualmente porque um dirigente sindical disputou o processo eleitoral4. Por meio do PPR, todos os trabalhadores da empresa, inclusive os sindicalistas, passam a ter um conjunto de informações sobre o desempenho financeiro e operacional da companhia, que podem ser utilizados para uma negociação coletiva. Outra norma do contrato de trabalho na empresa que escapa à negociação coletiva é a estrutura de salários da companhia. Segundo as entrevistas realizadas, essa estrutura, que não é chamada de plano de cargos e salários, define os patamares salariais e as escalas de progressão para todos os cargos da empresa. Embora a estrutura seja a mesma para todas as unidades, os valores salariais variam conforme a região para, segundo a empresa, adequarem-se ao mercado local. A empresa diz seguir uma política de situar os salários no terceiro quartil das pesquisas de mercado que realiza periodicamente. Os sindicalistas disseram desconhecer essa estrutura e não serem informados sobre as pesquisas de mercado. 4 A esse respeito, a empresa diz que a participação de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos existe “sempre”, por serem “democraticamente eleitos pelos funcionários”. 52 O treinamento do pessoal é uma ênfase da empresa, que identifica nos seus empregados o seu “diferencial competitivo”. A estratégia de treinamento envolve formação escolar, treinamento gerencial, treinamento técnico e treinamento especial. Para a formação escolar de seus funcionários, a empresa concede incentivos financeiros de 50% dos custos dos cursos. Atualmente são favorecidos principalmente empregados que estejam cursando o nível universitário e, em menor medida, estudantes de outros níveis escolares e de cursos de idiomas estrangeiros. As outras formas de treinamento são oferecidas pela própria empresa, inclusive o treinamento especial, que está voltado para a qualificação comportamental. Essa modalidade envolve 2.747 pessoas, e o treinamento técnico, 2.409 pessoas. Os indicadores utilizados pela empresa para quantificar seu investimento em treinamento são o percentual da jornada anual dedicada ao treinamento, de 4,35% em 2001/2002, e o de 151,77 euros por pessoa por ano de gastos. Ainda no caso do treinamento, o sindicato não foi consultado e não interferiu na sua elaboração e acompanhamento. Também não há norma negociada específica que regule a prestação de horas extraordinárias de trabalho. Tanto o sindicato quanto a empresa não demonstraram interesse na implantação de Banco de Horas. Não se soube de qualquer iniciativa da empresa em transferir suas atividades para outros países, muitos menos com a finalidade de influenciar nas negociações. 5.3.3. Trabalho Forçado Nas entrevistas com dirigentes sindicais não foi constatada nenhuma queixa quanto a atitudes irregulares da empresa que estivessem relacionadas ao tema em questão. O gerente da Divisão de Materiais, responsável pela política de relacionamento com os fornecedores, explicou que a companhia está implantando um sistema de cadastramento e seleção de fornecedores que envolve requisitos na área 53 trabalhista. As empresas que se candidatam a fornecer para a TKEB passam por uma vistoria prévia que segue um check-list em que figuram itens como o nível de treinamento dos funcionários e as condições do ambiente de trabalho. Numa segunda etapa é o próprio fornecedor que se auto-avalia, com base na mesma lista de itens, para formar, junto com a avaliação feita pela TKEB, uma avaliação final. Uma vez estabelecido o contrato de fornecimento, esse processo se repete periodicamente. Tal regra está sendo implantada progressivamente e se estenderá a todos os fornecedores nacionais. Os fornecedores estrangeiros são selecionados, segundo o gerente, entre empresas de “classe mundial”, para ele com menor risco de violarem regras básicas como as do não emprego de crianças ou de trabalho escravo. Além de o tema do trabalho forçado estar presente no critério relativo à responsabilidade social empresarial do fornecedor, também o nível de exigência feita noutros pontos torna improvável que uma empresa que tivesse essa prática fosse aceita como parceira comercial. O mesmo se pode dizer dos prestadores de serviços terceirizados, que são fiscalizados quanto à regularidade na área trabalhista. 5.3.4. Trabalho Infantil A empresa cumpre o requisito da idade mínima, não empregando pessoas com menos de 16 ou menos de 18 anos em atividade perigosa, insalubre ou penosa. Na verdade, nos dados fornecidos pela companhia e na pesquisa amostral, não se constatou a existência de qualquer empregado com idade inferior a 18 anos. Há contratação de jovens estudantes na modalidade de estágio remunerado, mas, segundo a gerência, mediante convênio com entidades educacionais. A empresa oferece vagas para adolescentes participarem de cursos profissionalizantes ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Esses adolescentes não realizam atividades de trabalho na unidade de Guaíba, concentrando sua jornada de aprendizagem teórica e prática na própria instituição de ensino. 54 A atuação junto aos parceiros comerciais se diferencia entre prestadores de serviços diretos e os fornecedores de insumos. As empresas de prestação de serviços que atuam na UI/M precisam apresentar à TKEB a documentação trabalhista e fiscal de acordo com a legislação, o que envolve a situação funcional dos empregados, ou seja, os contratos de trabalho (carteira profissional). Isso impede, ou dificulta em muito, que haja emprego de pessoas em idade irregular. Quanto aos fornecedores externos, a empresa não mantém uma exigência explícita de comprovação da idade dos empregados para verificar a regularidade quanto à idade mínima. Mas a postura em relação à responsabilidade social empresarial, explicitamente mencionando o tema do trabalho infantil, faz parte dos critérios de avaliação dos fornecedores. No capítulo que trata da responsabilidade social serão apresentadas as ações que a empresa realiza em prol da infância da comunidade. Não há um posicionamento público claro da TKEB sobre a questão do trabalho infantil, na forma de códigos de conduta ou declaração públicas. A empresa não participa de fóruns nem contribui com fundos de direitos da criança e do adolescente. 5.3.5. Discriminação de Gênero e Raça Com relação às mulheres, no capítulo que trata do perfil dos empregados da TKEB já se registrou que: 10% dos empregados são do sexo feminino; na UI/M esse percentual sobe para 13%, concentrando-se na área Matriz; elas são mais jovens, em média, que seus colegas do sexo masculino (31 e 34 anos, respectivamente); estão há menos tempo na empresa que os homens (6 e 8 anos), mas em Guaíba o tempo médio é praticamente igual (9 anos); têm grau de instrução escolar mais elevado que o alcançado pelos homens; têm uma inserção muito específica em certos cargos, notadamente na área administrativa das UNs e da Matriz, em cargos de apoio e na posição de montador eletromecânico; ocupam cargos de gerência (4%) e chefia (8%), 55 mas em proporção inferior à da sua participação no quadro total de pessoal da empresa (10%); em Guaíba, ocupam cargos de chefia (13%) em proporção acima da sua participação no quadro de pessoal da unidade; não ocupam cargos de diretor e de gerente de divisão; as mulheres ocupam cargos de coordenador e de encarregado em percentual superior ao de sua participação no quadro de pessoal da empresa. Cabe registrar que a participação feminina no quadro funcional da empresa, de 10%, está abaixo do patamar observado nas indústrias de máquinas e equipamentos, tanto no Brasil (12%), quanto no Estado do Rio Grande do Sul (12%), de acordo com os dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego5. A empresa considera que a presença feminina nos seus quadros estaria acima da média para empresas congêneres, sem, no entanto, amparar tal afirmativa em estatísticas6. Assim, considerando os números acima, pode-se discutir se na TKEB existe ou não o chamado “teto de vidro” – uma barreira invisível que impediria as mulheres de ascenderem a cargos mais elevados na hierarquia da organização, motivado por um preconceito subliminar. Se algumas mulheres alcançaram cargos de responsabilidade elevada na empresa, como o de chefe de departamento, sua expressão entre os gerentes, e mesmo entre os chefes, especialmente nas UNs, é relativamente pequena. Por outro lado, elas ocupam grande parte dos cargos de chefia imediata, como o de encarregado, mas não os de gerência e direção. Esse fato leva a pensar que a dificuldade na ascensão funcional fez com que as mulheres tivessem, até aqui, galgado apenas as posições 5 Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, 2001. A RAIS informa um total de 271.013 empregos na indústria de máquinas e equipamentos (divisão 29 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas/1995), dos quais 32.896 ocupados por mulheres. No Rio Grande do Sul, os empregos nessa divisão da indústria totalizavam 37.580, sendo 4.374 ocupados por mulheres, em 2001. 6 A gerência de RH considera que, se fossem excluídos do cálculo os empregados que trabalham na assistência técnica, onde a presença feminina é nula, a participação das mulheres seria superior à média nacional e regional. Mas esse raciocínio simplesmente evita a questão sobre as causas para o não emprego de mulheres nesta atividade central da empresa, ou seja, a assistência técnica. 56 iniciais na hierarquia gerencial, sem muito sucesso na tentativa de atingir os postos mais elevados. Cabe ressaltar que a média de idade das mulheres e seu tempo de permanência no emprego sugerem que elas têm tanta experiência profissional quanto os homens. Ressalta-se também que sua formação escolar é superior à deles. Ou seja, a barreira para a ascensão não deve estar ligada à falta de qualificação para o exercício de funções de alta complexidade. O perfil também mostrou que, em termos médios e de uma forma geral, as mulheres têm salários menores que os dos homens. Contudo, não se pode dizer que essa situação resulta da discriminação sistemática contra as mulheres, violando os termos da Convenção 100 da OIT, por não ter sido levado em conta o “valor do trabalho”. Os dados obtidos na pesquisa não permitem uma comparação dos salários pagos a empregados de ambos os sexos que estejam enquadrados numa mesma posição. A empresa declarou que sua estrutura salarial se baseia em fatores objetivos e sem considerar sexo, raça ou outros atributos individuais de seus ocupantes. Os critérios adotados para o posicionamento das pessoas na estrutura salarial seriam a qualificação profissional, o conhecimento adquirido na empresa, a complexidade das tarefas realizadas, a avaliação da chefia e a participação em treinamento de produtos. No caso de cargos de liderança, além da qualificação técnica e da experiência, é necessário que o candidato apresente capacidade em liderança de pessoas. A gerência de Recursos Humanos descreveu o processo de contratação de pessoal da seguinte forma: a empresa continuamente recebe currículos ou eventualmente em função de anúncios de vagas publicados na imprensa; forma um banco de dados com os currículos, que são a base para uma seleção prévia; a pessoa responsável pela seleção e recrutamento avalia a compatibilidade com a função; os candidatos pré-selecionados são entrevistados por essa pessoa e pela chefia à qual o candidato estará subordinado; depois, uma psicóloga contratada faz uma avaliação final dos candidatos. 57 Quanto à promoção funcional, o critério adotado é o da aderência entre o perfil funcional e o da função a ser preenchida. O gerente de Recursos Humanos atribui à capacidade pessoal para o exercício do cargo um peso que equivaleria a 70% do necessário para a promoção, sendo os outros 30% atribuídos à percepção do chefe e à existência de oportunidades. Os chefes são até estimulados a favorecer o desenvolvimento pessoal dos chefiados, o que tem repercussão na própria carreira do chefe. O gerente avalia que a seleção e recrutamento não se baseiam em critérios discriminatórios, por confiar na orientação pessoal da responsável por essa tarefa na empresa, que ele sublinhou ser uma mulher. Além disso, ele salientou que a empresa transmite uma mensagem de não discriminação, por exemplo, ao valorizar a presença feminina nos cargos de chefia departamental. Essa imagem empresarial, essa cultura, seria capaz de desestimular atitudes discriminatórias, seja na admissão, seja na promoção funcional. O gerente atribui a pouca presença de mulheres nos quadros da empresa ao fato de que a natureza do trabalho executado não atrai o interesse de mulheres, mesmo daquelas com a formação técnica requerida para exercê-lo. O principal exemplo é o de técnico em manutenção de elevadores, que no exercício de sua atividade precisa andar na rua vestido com um macacão, portando uma maleta de ferramentas, executar tarefas dentro de poços de elevadores, sujando-se de graxa ou lubrificantes, em atividade que também requerer certo esforço físico. Ele afirmou nunca ter sabido de mulheres candidatas a ocupar esse tipo de cargo. A empresa não tem programas ou políticas orientadas especificamente para a não-discriminação ou a diversidade. Na opinião do gerente de RH, a empresa optou por não criar tais programas por entender que qualquer privilégio advindo de tais iniciativas seria rejeitado pelas próprias empregadas ou pessoas da raça negra. Ele reforça a opinião de que o critério para as ações administrativas é exclusivamente baseado na competência profissional. No campo dos serviços sociais para o atendimento à mulher, a empresa 58 dispõe de ambulatório com serviço de ginecologia, bem como disponibiliza vagas em creche para filhos de funcionárias, conforme o estipulado na legislação. A pesquisa de opinião realizada com os empregados da UI/M procurou saber se eles alguma vez tinham se sentido discriminados ou prejudicados por seu sexo ou cor/raça. Embora as proporções totais sejam de apenas 3% para o motivo sexo e 1% para o motivo cor/raça, no caso do primeiro motivo, os percentuais aumentam significativamente para as mulheres. Vale notar que na área da Matriz, onde elas são relativamente mais numerosas, o sentimento de discriminação é mais disseminado que na área industrial. TABELA 24 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – OPINIÃO SOBRE DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO E/OU COR - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* Motivos Estrato 1 Mulheres Matriz Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria Sexo 27 15 0 Cor/raça 0 0 0 * Admite múltiplas respostas. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 0 1 3 1 Em outra questão, os entrevistados eram perguntados sobre quais os fatores que a gerência ou as chefias adotavam para promover os funcionários a cargos mais elevados na empresa. Entre as opções de resposta múltipla, foram listados o sexo e a cor/raça. Novamente, embora as proporções totais relativas a esse critério sejam próximas a zero, no caso das mulheres, as respostas foram significativas, principalmente por parte das que trabalham na área da Matriz (36%). Verifica-se, também, uma diferença nas opiniões de homens e mulheres sobre as oportunidades de realização profissional na empresa. Embora em termos gerais os entrevistados considerem tais oportunidades como “boas” ou “muito boas”, uma maior parcela de mulheres julgaram-nas “regulares”, em comparação com os homens. Neste caso, os percentuais verificados entre os que trabalham na área industrial são maiores que os da área matriz, para ambos os sexos. 59 TABELA 25 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - OPINIÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO UTILIZADOS PELA GERÊNCIA - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* Estrato 1 Mulheres Matriz Fatores Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Formação escolar e técnica 91 92 Experiência adquirida no 82 69 trabalho Dedicação à empresa 55 38 Não participar de atividades do 0 0 sindicato Ser homem 36 8 Ser mulher 0 0 Ser negro, preto ou pardo 0 0 Ser branco 0 0 Outros 9 8 * Admite até três opções Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Estrato 4 Homens Indústria Total 83 86 86 83 80 80 78 57 60 0 4 3 0 0 0 0 19 1 0 0 1 8 3 0 0 1 10 TABELA 26 - TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – OPINIÃO SOBRE AS OPORTUNIDADES DE REALIZAÇÃO PROFISSIONAL NA EMPRESA - FEV/2003 - % OPINIÃO Estrato 1 Mulheres Matriz Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria Muito boas 18 8 36 Boas 55 54 53 Regulares 27 38 11 Ruins 0 0 0 Muito ruins 0 0 0 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 19 59 18 04 0 21 57 19 3 0 No que se refere ao número médio de cursos ou treinamentos por empregado, realizados no ano 2002, as mulheres apresentam uma média superior ou próxima à média geral: 1,8 curso para as que trabalham na Matriz e 1,15 para as da Indústria, contra uma média geral de 1,23 curso no ano. Na pesquisa amostral também chamam a atenção outros aspectos que diferenciam as mulheres, como a maior incidência declarada de lesões por esforços repetitivos e de depressão ou estresse, e a menor ocorrência de acidentes de trabalho. Como foi dito, os dados coletados na pesquisa não permitem avançar na análise da questão racial na empresa. A TKEB não disponibilizou dados sobre cor/raça, impossibilitando a desagregação das variáveis sexo, escolaridade, salários e cargos ocupados segundo esse critério para análise. Também se tornou impossível elaborar um plano amostral que contemplasse essa variável na definição dos estratos e 60 no cálculo da amostra. Sem uma estratificação da amostra por cor/raça, o número de entrevistados de raça negra (pretos e pardos), embora represente sua participação no universo, foi muito pequeno para permitir comparações de suas respostas com as dadas por pessoas da raça branca, quanto às opiniões e condições de trabalho. Nas condições acima, concretamente, a pesquisa não permite chegar a conclusões sobre a existência de diferenças entre brancos e negros no que tange aos salários pagos, às oportunidades de treinamento, à ocupação de cargos gerenciais, às condições de trabalho, ocorrência de acidentes ou de doenças. Tal como descrito no item II.2.2, estimou-se a proporção de negros (pretos e pardos) em 11% do total de empregados da UI/M. Esse percentual está abaixo do verificado na população do município de Guaíba, da Região Metropolitana de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. A diferença se dá entre os que se declararam pretos, que são apenas 4% na unidade pesquisada, em comparação com 7% verificado na região. TABELA 27 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO A COR/RAÇA POR REGIÃO GEOGRÁFICA - 2000 -% TKEB Rio Grande do Região Metropolitana de Guaíba UI/M Sul Porto Alegre Branca 88 86 86 88 Preta 5 7 7 4 Parda 7 7 7 7 Amarela 0 0 0 0 Indígena 0 0 0 1 Fontes: IBGE. Resultados Iniciais da Amostra, Censo 2000. Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social. Elaboração: Observatório Social OPINIÃO Foram realizados testes estatísticos para apurar diferenças significativas na comparação entre respostas de homens e mulheres, entre empregados da área Industrial e da Matriz, e entre brancos e não brancos. Desconsiderando os cruzamentos em que uma das variáveis teve freqüência inferior a 5, o que diminui o poder do teste utilizado, os seguintes cruzamentos apresentaram diferenças significativas, indicados na tabela a seguir quando os valores forem menores que 0,05: • a ocorrência de doenças entre mulheres, mais alta do que entre homens; 61 • a associação ao Sindicato dos Metalúrgicos, maior na área industrial em comparação com a área Matriz; • a associação a outros sindicatos, maior na área Matriz do que na área industrial; e • percentual de pessoas que disseram ter se sentido discriminadas, maior na área matriz do que na área industrial. Ou seja, apenas este último ponto sugere discriminação de gênero, uma vez que as mulheres têm uma maior presença na área matriz. TABELA 28 – TESTES DE COMPROVAÇÃO ESTATÍSTICA QUI-QUADRADO COM O CRUZAMENTO DE VARIÁVEIS SELECIONADAS – FEV/2003 Cor Sexo Subordinação Branca X Não Feminino X Industrial X Matriz Branca Masculino Associação ao STIMMMEPA 0,05* 0,00 0,77* Associação a outro sindicato 0,44* 0,00 0,86* Oportunidade de realização profissional 0,06 0,12 0,46 Declarou ter se sentido discriminado 0,08 0,03 0,57 Apresentou problema de saúde 0,04 0,77 0,77 Deixou de revelar doença 0,81* 0,32* 0,84* Treinamento SST 0,21* 0,33 0,79* Ocorrência de acidente 0,27* 0,01* 0,81 * A freqüência absoluta em uma das células é inferior a cinco, diminuindo os resultados do teste. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social VARIÁVEIS Pelo que foi exposto até aqui, é possível concluir que a empresa busca administrar as relações de trabalho de modo a não discriminar pessoas pelos seus atributos pessoais. Mas alguns dados mostram que pessoas da raça negra ainda têm pouco acesso ao emprego na unidade estudada. Mostram também que as oportunidades de promoção funcional e a ocupação de cargos mais elevados na hierarquia da empresa ainda são pouco acessíveis para mulheres. Mesmo diante deste quadro, a empresa não desenvolve programas ou ações positivas para corrigir desigualdades e promover maior igualdade nas relações de trabalho. 5.3.6. Saúde e Segurança no Trabalho Uma entrevista com o gerente da área de RH e o responsável pela Saúde e 62 Segurança no Trabalho (SST) abordou a estratégia da empresa diante desse tema. Para eles, o processo de modernização ocorrido ao longo da década de 90 incorporou a preocupação com a segurança e as condições de trabalho na fábrica, inicialmente procurando modificar as atitudes e, depois, com a aquisição de equipamentos adequados e a melhoria das condições estruturais (piso, arranjo físico). Uma das medidas adotadas foi incluir metas relativas a SST no programa 5S7, por exemplo, sobre o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Um sinal de que a segurança no trabalho está integrada aos processos é a participação do engenheiro de segurança durante a aquisição de novas máquinas, verificando o aspecto da segurança. O conceito adotado pela empresa é o de que os responsáveis pela segurança na fábrica são os chefes. Por exemplo, são os supervisores de campo que acompanham o dia-a-dia dos técnicos em manutenção de elevadores, estando em melhores condições para verificar se as normas de segurança são cumpridas. O pessoal técnico em segurança é prestador de serviço interno, ao dar meios para que se tenham condições de segurança. O técnico passou a ser um auditor, que verifica se o sistema está funcionando bem. Segundo os entrevistados, a segurança é um componente estratégico da empresa. Uma das razões é que o acidente e a doença têm impactos negativos no seu desempenho, com possível perda de pessoal qualificado e mais gastos em treinamento. A empresa, por exemplo, tem cerca de 200 automóveis, utilizados para o atendimento de assistência técnica de emergência. O custo material, apenas, de um acidente envolvendo esses veículos é considerado muito alto. A imagem do negócio também é estreitamente ligada à não ocorrência de acidentes. Eventos desse tipo envolvendo técnicos em manutenção de elevadores causariam prejuízos à empresa, uma vez que a venda de seus produtos e serviços 7 O programa 5S normalmente faz parte de sistemas de gestão da qualidade total. Ele visa obter uma organização visual do espaço físico, com limpeza e padronização. O programa fixa metas que as equipes de trabalho devem atingir. 63 depende da sensação de segurança que eles transmitem aos usuários e clientes. Assim, a empresa afirma acompanhar não somente os acidentes que geram ou não Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), mas também os incidentes, que correspondem aos “quase acidentes”. Outra ação tomada é adquirir o material de segurança e EPIs de melhor qualidade encontrados no mercado. A empresa também se mostra preocupada com a ergonomia dos postos de trabalho. Foram dados exemplos de melhorias na área de montagem de portas e na montagem de quadros de comando. As tarefas que exigem esforços físicos e movimentos repetitivos estão sendo modificadas. Exemplo disso é a remodelação da área de montagem eletrônica, onde as tarefas envolvem um trabalho repetitivo. Foram adaptados móveis e bancadas aos padrões ergonômicos. Nessa área, também foi implantado um sistema de rodízio e as pausas seguem um sistema de micro-pausas. O engenheiro de segurança explicou que a empresa dá aos trabalhadores dessa área condições para realizar seu trabalho sem prejuízo das pausas necessárias para a boa condição física e mental. Não há um controle da duração e número de pausas, que podem ser realizadas sempre que o trabalhador sentir necessidade. A empresa considera as pausas importantes para garantir o rendimento a longo prazo, ao se evitar doenças e o absenteísmo. Não foi possível confirmar essa informação com os trabalhadores da área. A TKEB mantém um programa de ginástica laboral para os trabalhadores. A estrutura para lidar com o tema da segurança no trabalho consiste em técnicos de nível médio espalhados pelo país e uma coordenação nacional em Guaíba, a cargo de engenheiro de segurança no trabalho. Atualmente, das dez UNs existentes, seis contam com técnicos em segurança que fazem o atendimento por região. A coordenação do trabalho desses técnicos, que hoje é feita desde Guaíba, passará a ser realizada por um engenheiro lotado em São Paulo, e será criado um grupo coordenador da área de segurança em nível corporativo. Na visão da empresa, isso aumentará a capacidade de coordenação de toda a área, que ficará mais próxima das equipes de manutenção lotadas nas UNs, bem como reduzirá a sobrecarga sobre os profissionais 64 de Guaíba. Atuam na SST da fábrica um engenheiro de segurança no trabalho, uma médica do trabalho e três técnicos, trabalhando em rodízio pelas diferentes áreas. A UI/M dispõe de um ambulatório com uma equipe composta, por médica do trabalho, clínica geral, pediatra, ginecologista, duas odontólogas, terapeuta ocupacional, técnica em enfermagem e auxiliar administrativa. Nas UNs, o serviço médico é realizado pelas empresas contratadas via plano de saúde, com exceção da unidade de Porto Alegre, onde há um médico do trabalho. Os empregados da TKEB têm à disposição um plano de saúde, que cobre integralmente custos de exames e consultas, por rede conveniada, e parcialmente os custos hospitalares. A contribuição financeira dos empregados depende do número de dependentes e do valor do salário. Segundo o sindicato, ela varia de 30 e 40% dos custos dos procedimentos. De acordo com o sindicato, essa contribuição passou a existir após a aquisição pela empresa pela TK e causou descontentamento entre os funcionários. A empresa não dispõe de sistema de gestão específico para a área de SST. A única iniciativa neste sentido é a integração das normas e padrões de segurança com as da certificação ISO 9000, de gestão da qualidade. A documentação referente à SST está agregada ao sistema da qualidade, que é o mais bem estruturado na empresa. Conforme informou o engenheiro de segurança, está sendo informatizada a gestão de documentos, para mantê-los atualizados, e isso pode ser um passo no caminho para uma futura implantação de sistema de gestão. A TKEB toma como referência as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (NRs). Quando não se encontra nelas algum padrão, consulta normas internacionais. A aquisição da empresa pela ThyssenKrupp não provocou mudanças nas práticas que vinham sendo adotadas anteriormente, nem as referências para os programas. O gerente de RH e o responsável pela área acreditam que há uma tendência de se adotar práticas uniformes do grupo TK, mas não no curto prazo. Por outro lado, 65 eles dizem haver uma intensa troca de informação, mas não incorporação de práticas da matriz. Os trabalhadores participam das ações relacionadas com segurança e saúde no trabalho por meio das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), existentes na UI/M e em sete UNs: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Paraná. Além disso, nas outras unidades há representantes com funções de CIPA. A UI/M conta com uma CIPA formada por 11 membros indicados pela empresa e 11 eleitos diretamente pelos empregados da unidade, sendo seis titulares e cinco suplentes em cada grupo. Os suplentes participam das atividades e exercem o voto tal como os titulares. Significa, na prática, que a comissão é bem mais ampla do que o previsto na legislação. A presidência da CIPA é exercida por empregado indicado pela empresa, e o cargo de vice-presidente cabe ao empregado mais votado entre os trabalhadores. A bancada representante da empresa é formada pelo presidente da CIPA, que convida colegas de trabalho a fazerem parte da comissão. Segundo a atual presidente da CIPA e o ex-presidente entrevistados, eles têm total autonomia da direção da empresa para escolherem as pessoas que serão convidadas. Na eleição para a CIPA, votam todos os funcionários da unidade, mas isso não inclui os trabalhadores terceirizados e os estagiários da própria TKEB. A eleição não resulta necessariamente na representação rigorosa das diferentes áreas da fábrica. Mas os presidentes, ao convidarem membros indicados pela empresa, tentam equilibrar a representação, para ter pessoas de todas ou do maior número de áreas possível. O convite e indicação são feitos depois de encerrado o processo eleitoral. O processo eleitoral é organizado pela CIPA em exercício e ocorre em novembro. Os eleitos tomam posse em dezembro, 15 dias após a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT). A inscrição é aberta a todos os funcionários. Na última eleição havia 20 candidatos para 11 vagas. De acordo com os cipeiros entrevistados, a campanha eleitoral foi aberta e livre, com amplas condições 66 para que os candidatos divulgassem suas propostas. A CIPA tem mandato de um ano, com o período coincidindo com o ano civil. Ela funciona com reuniões mensais previamente agendadas e divulgadas num mural, de modo acessível a todos os trabalhadores. As reuniões ocorrem em horários alternados, permitindo que a presença de todos os seus membros se dê durante a jornada de trabalho. A atuação básica da CIPA se dá por meio dos seus membros, que desempenham um papel de “fiscais” das condições de segurança na unidade. São levadas em conta também as condições e os procedimentos de segurança dos trabalhadores terceirizados e estagiários. Os cipeiros entrevistados consideraram que os membros da comissão são as pessoas que mais cuidam da segurança no dia-a-dia da fábrica, principalmente da utilização dos EPIs e outras medidas de segurança. Após serem eleitos ou indicados, os cipeiros passam por um treinamento teórico e prático que os capacita a fazerem a análise dos riscos de acidentes. O material de treinamento inclui um check-list, que auxilia na identificação dos riscos. Além disso, a CIPA faz análises do ambiente de trabalho em todas as áreas da unidade, definindo ações para a minimização dos riscos de acidentes. Na época das entrevistas, foi informado que a comissão já tinha levantado os problemas nas áreas, definido soluções e designado responsáveis pela sua execução. Estes teriam que apresentar relatórios das ações planejadas. A CIPA está atualizando o mapa de risco da unidade, apoiada pela área de SST nos aspectos técnicos. A atualização se baseia em medições objetivas das condições do ambiente de trabalho, complementadas pela avaliação qualitativa dos próprios trabalhadores, que são entrevistados pelos membros da comissão. Segundo os quatro cipeiros entrevistados, a CIPA tem acesso às informações relativas ao seu campo de atuação. Ela é notificada de todos os acidentes que acontecem na fábrica, mesmo daqueles que não geram afastamento do trabalho, e das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) emitidas. A CIPA também recebe da empresa a estatística dos acidentes na fábrica. Isso possibilita acompanhar o 67 desempenho da empresa. Na avaliação dos cipeiros, tem havido uma melhora substancial no desempenho da empresa. Eles comentaram que, de 2000 para 2002, o número de acidentes se reduziu em 45%, o que teria sido motivado pela realização de uma análise de risco na ocasião da mudança de arranjo físico (lay-out), em 2001. Outro motivo seria o comportamento das pessoas, que estão mais conscientes sobre a necessidade do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e das medidas de segurança. As máquinas também passaram a ser equipadas com mecanismos de segurança. Os entrevistados mostraram-se desinformados quanto ao Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Eles disseram não saber se tais programas foram discutidos pela CIPA em gestões anteriores, mas a apresentação do relatório anual consta da pauta prevista para a atual gestão. As empresas terceiras que atuam na UI/M, mesmo aquelas que prestam serviços permanentes, não são obrigadas a criarem suas próprias CIPAs. A CIPA da TKEB faz inspeções periódicas nas áreas terceirizadas, para verificar as condições de segurança e higiene e os equipamentos utilizados. Os técnicos acompanham as terceirizadas e a documentação relativa a SST é exigida por contrato. A relação entre sindicato e CIPA é contingencial. Atualmente, um dos membros eleitos é diretor do sindicato. Mesmo que não houvesse essa participação, os entrevistados julgam que os representantes do sindicato, assim como qualquer trabalhador, poderiam ter acesso à documentação da CIPA, principalmente as atas das reuniões. A CIPA mantém um informativo aos empregados, no qual divulga suas atividades e reuniões, e aborda temas relacionados à segurança e saúde no trabalho. A pesquisa amostral junto aos empregados da Unidade de Guaíba constatou que a CIPA é avaliada positivamente. Quase 80% dos entrevistados julgaram a sua atuação como muito boa ou boa. Na avaliação dos cipeiros entrevistados, a atitude da direção da empresa diante dos problemas identificados pela CIPA tem sido a de buscar viabilizar as 68 soluções apontadas. Eles reconheceram que em certos casos as melhorias envolvem investimentos que não podem ser realizados imediatamente ou de uma única vez, implicando numa priorização das medidas. Mas não haveria recusa em atender as demandas ou falta de comunicação sobre as causas que levam ao não atendimento. TABELA 29 – TKEB – EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA - OPINIÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA CIPA FEV/2003 - % OPINIÃO Estrato 1 Mulheres Matriz Estrato 2 Mulheres Indústria Estrato 3 Homens Matriz Estrato 4 Homens Indústria Muito boa 18 8 19 Boa 64 77 64 Regular 18 15 17 Ruim 0 0 0 Muito ruim 0 0 0 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 17 59 23 1 0 17 61 21 1 0 Os cipeiros avaliaram que o principal problema na fábrica é a temperatura no ambiente, causado pelo tipo de revestimento utilizado no telhado do prédio, de chapas de zinco. Esse assunto está sendo debatido pela CIPA e pela direção da empresa, na busca de soluções definitivas. Enquanto isso, a empresa adotou algumas iniciativas para atenuar o problema e evitar conseqüências prejudiciais para a saúde dos funcionários, como a distribuição de freezers pela fábrica disponibilizando água em garrafas de 500ml, soros reidratantes, uso de ventiladores com umidificadores e resfriamento do telhado por aspersão de água. Eles reconhecem que não é fácil alterar essa situação, pois decorre da própria característica da construção. Anualmente se realiza a SIPAT, com uma programação que envolve gincanas e palestras sobre saúde e segurança. Os funcionários podem comparecer a palestras, dentro do horário de trabalho, distribuindo a participação em cada evento para não prejudicar a produção. Como se disse anteriormente, o Programa de Participação nos Resultados (PPR) prevê metas relativas à segurança no trabalho que devem ser atingidas para haver participação nos resultados. Na fábrica, por exemplo, a meta é um limite máximo de 20 acidentes com afastamento durante o ano. Na UN Rio Grande do Sul, a 69 meta é reduzir em 10% esses acidentes. Os cipeiros entrevistados avaliaram que a inclusão desse tipo de meta é um fato positivo, por motivar os empregados a tomarem os cuidados necessários para evitar acidentes. O desempenho em relação às metas é divulgado e conhecido por todos, tanto por um folheto como por mural. Outro aspecto abordado nas entrevistas foi o intercâmbio entre a CIPA da UI/M e de outras unidades (filiais) da empresa, ou de outras empresas da TK. Essas CIPAs não desenvolvem atividades de integração. Contudo, a coordenação geral da área de segurança, que envolve os coordenadores regionais, reúne-se anualmente para tratar da segurança no trabalho. A relação com o pessoal das terceirizadas é fraca. O cipeiro pode atuar no sentido de alertar os empregados das terceirizadas sobre os riscos e a necessidade de medidas de prevenção, mas não há uma relação orgânica. Nunca houve caso de problemas apresentados à consideração da CIPA pelos terceirizados, mas há condições para que isso seja feito. Os cipeiros acham que há uma certa distância entre os dois grupos de trabalhadores, que pode dificultar essa abertura, mas não propriamente alguma discriminação. O treinamento em segurança no trabalho envolve o curso dado aos membros de CIPA, as atividades anuais da SIPAT, um módulo na chamada “integração” de novos funcionários e um módulo específico no treinamento de cada cargo. A empresa diz seguir a lei no que diz respeito à reciclagem em treinamento para as áreas de risco e tomar outras iniciativas de acordo com a necessidade. Por exemplo, quando se percebeu um aumento no número de acidentes com chapas de aço, em que os empregados sofriam cortes, a empresa alterou o equipamento de proteção e fez um treinamento específico. A pesquisa amostral indicou que 86% dos empregados entrevistados tinham recebido treinamento da empresa sobre saúde e segurança no trabalho. Essa taxa variou entre 82% para o estrato feminino da área Matriz e 100% para o estrato feminino da área industrial. Na opinião dos responsáveis pela área de SST, os problemas existentes 70 atualmente são alguns equipamentos muito antigos que oferecem riscos, apesar das modificações para melhoria da segurança, e que, ao poucos, estão sendo substituídos. Outro desafio é oferecer treinamento operacional básico que prepare os operários para atuarem no conceito de “multi-função”, dando treinamento específico para as diferentes operações. E, por fim, o conforto térmico em algumas áreas da fábrica. A tabela abaixo mostra que nos últimos anos houve queda significativa no número de acidentes por elevador fabricado e de horas de trabalho perdidas por trabalhador. No entanto, o percentual de horas perdidas por horas trabalhadas aumentou fortemente, sobretudo em 2001 e em 2002. TABELA 30 - TKEB – INDICADORES DE ACIDENTES DE TRABALHO Acidentes por elevador % de horas perdidas por horas fabricado trabalhadas 1997 0,073 0,48 1998 0,048 0,53 1999 0,048 0,48 2000 0,049 0,25 2001 0,037 1,61 2002 0,024 3,36 Fonte: ThyssenKrupp Elevadores. Elaboração: Observatório Social ANO Horas perdidas por trabalhador 10,3 11,0 9,4 5,5 2,5 4,9 Entre os empregados que responderam ao questionário da pesquisa amostral, 30% tinham sofrido acidente de trabalho desde seu ingresso na empresa. No estrato representado pelos empregados do sexo masculino e que trabalhavam na área industrial, este percentual era de 38%. Em média, cada empregado tinha sofrido 0,48 acidente, ou seja, um acidente para cada dois trabalhadores. No estrato de homens que trabalham na área industrial, a média é de 0,59 acidente por pessoa. Um diagnóstico da empresa mostra que os setores onde ocorre o maior número de acidentes na Unidade de Guaíba é o Departamento de Funilaria, que manipula chapas de aço, seguido pelo Departamento de Usinagem. As partes do corpo atingidas com maior freqüência pelos acidentes são as mãos, em seguida as pernas. Este diagnóstico é corroborado pelo resultado da pesquisa amostral, que identificou os cortes e os impactos como os tipos de acidente mais freqüente entre os 71 empregados entrevistados, ocorridos com 16% e 15% do total de empregados. Isso se verifica apesar do uso generalizado dos EPIs, como mostra o baixo percentual de 1% dos entrevistados que declararam não os utilizarem na forma indicada pelas normas de segurança, e os 9% que disseram o fazer “às vezes”. Desconsiderando os 36% dos entrevistados que não precisam utilizar EPI no seu trabalho, todos os demais disseram que a utilização é feita sempre na forma indicada pelas normas. O principal motivo alegado para a não utilização do EPI adequadamente é o esquecimento. Isso se verifica entre pessoas da área Matriz que esporadicamente ingressam em áreas de risco e deveriam, mesmo assim, usar os equipamentos. O exemplo é o do engenheiro que vai até a área industrial e não utiliza o protetor auricular ou os óculos de proteção. Quanto aos problemas de saúde indicados pelos entrevistados, novamente se destacam as lesões por esforços repetitivos (13% dos entrevistados) e a depressão/estresse (22%). Esses dois problemas aparecem com nitidez em todos os estratos da amostra, mas são mais altos entre as mulheres que trabalham na área Matriz (45% para ambos os problemas de saúde). As mulheres que trabalham na área industrial relataram esses problemas em percentuais equivalentes aos dos homens. A tabela seguinte apresenta a opinião dos empregados sobre as condições do ambiente de trabalho na Unidade de Guaíba. Como fatores positivos aparecem a iluminação, a limpeza, o conforto de móveis e a organização do espaço de trabalho. De outro lado, confirmando o resultado das entrevistas, aparecem a temperatura, o ruído (barulho) e a qualidade do ar como os aspectos que receberam maior proporção de respostas “ruim” e “muito ruim”. 72 TABELA 31 – TKEB - EMPREGADOS DA UNIDADE DE GUAÍBA – OPINIÃO SOBRE AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRABALHO - FEV/2003 - % Quali-dade TempeIlumi-nação Barulho do ar ratura Muito boa 18 29 8 13 Boa 31 63 38 50 Regular 32 7 42 27 Ruim 14 1 8 8 Muito ruim 5 4 2 * Ordem ou organização do espaço de trabalho ** de móveis, bancadas, cadeiras etc Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social OPINIÃO Organização* 16 64 16 3 1 Limpeza Comforto** 24 62 13 1 0 15 63 20 1 1 5.3.7. Meio Ambiente A TKEB não adota um sistema de gestão de ambiental nos moldes da norma ISO 14000 ou outra similar. Contudo, mantém um sistema de controle para atender às normas da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM/RS)8 e alguma exigência de mercado. A empresa está submetida a uma vasta legislação ambiental, que inclui transporte de material perigoso, classificação de resíduos, efluentes e emissões atmosférica (inclui ruídos). Quanto ao gerenciamento dos resíduos, a empresa elaborou um plano para cada tipo de resíduo, identificando-os e determinando o meio de armazenamento, o meio de transporte e a destinação final. Em alguns casos há a necessidade de licenciamento da destinação final. O plano especifica as condições do local de armazenamento dos resíduos, que é feito em dois locais distintos. Um deles recebe resíduos que têm valor comercial (aço, bronze), bem como os que têm alguma fragilidade, como lâmpadas fluorescentes. A borra de solda também tem valor comercial e é armazenada em local fechado. Numa segunda área localiza-se o galpão de reciclagem, onde é feita a seleção e a preparação de materiais como papéis e plásticos. A implantação da coleta seletiva na fábrica começou com o programa 5S. 8 A FEPAM é a instituição responsável pelo licenciamento ambiental no estado Rio Grande do Sul, e é vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA. 73 Segundo o funcionário responsável pela área ambiental, nos anos de 1997-98 o percentual de resíduos reciclados já alcançava 85% do total, com apenas 15% do resíduo sendo destinados para aterros de classe 2. Quanto aos efluentes, a fábrica dispõe de uma unidade de tratamento que, basicamente, recebe o líquido de tratamento das chapas de aço e lança os efluentes descontaminados nos níveis aceitáveis pela FEPAM. Sobra do processo de tratamento uma borra de fosfato, que periodicamente é analisada para ser classificada e encaminhada para aterros industriais licenciados. A FEPAM exige a renovação anual da licença de operação da fábrica e, segundo os entrevistados, realiza vistorias constantes. Atualmente o órgão ambiental está exigindo uma melhoria nos efluentes sanitários. A última autuação sofrida pela empresa ocorreu em 1994. Naquela ocasião, a empresa foi absolvida da multa após apresentar um plano corrigindo a não-conformidade. A fábrica é cercada por um bairro residencial, com vários domicílios situados ao lado do galpão principal da unidade industrial. A informação coletada nas entrevistas sugere que a questão ambiental não gera tensões entre a empresa e seus vizinhos. Por outro lado, não há uma participação comunitária institucionalizada. A relação da empresa com a comunidade do entorno na questão ambiental consiste na apresentação de suas ações para as escolas da região, principalmente o programa de coleta seletiva dos resíduos. As escolas de Guaíba e de Porto Alegre organizam visitas ao sítio, bem como empresas da região buscam conhecer a experiência da TKEB para fazer benchmarking. O funcionário responsável pela área avaliou que os empregados participam das ações ambientais da UI/M, como a de separação de resíduos. Para isso eles precisam estar informados dos motivos que justificam as ações, tendo um entendimento básico do processo e dos cuidados necessários a cada material. O tema ambiental é exposto aos empregados na sua admissão na empresa. O programa 5S tem metas que se referem ao desempenho ambiental. Um exemplo positivo das ações da empresa nesse campo é o da reciclagem 74 de papel e plástico, que hoje é totalmente auto-suficiente, ou seja, a venda do material gera receitas suficientes para cobrir os custos do processo (pessoas, equipamentos da unidade de separação e prensagem). Outro exemplo é o da recuperação do óleo solúvel, anteriormente feita externamente, em outro município, implicando em custo de R$ 60,00 por tambor, mais o frete, sem contar o risco associado ao transporte rodoviário. Por iniciativa própria de uma equipe da fábrica, foi desenvolvido um sistema de recuperação do óleo, quebrando a emulsão, que passou a ser comercializado. Esta ação foi considerada um demonstrativo da consciência das pessoas em viabilizar a questão ambiental. Um terceiro exemplo dado foi o da retirada do óleo solúvel dos cavacos metálicos gerados no processo de funilaria e usinagem. A forma dos cavacos é propícia à retenção do óleo lubrificante utilizado no processo fabril. Ao submeter o material ao processo de reciclagem na indústria siderúrgica, o óleo acabava provocando emissões atmosféricas de vapores em níveis superiores ao permitido pela legislação. Além disso, o local de armazenagem na fábrica era a céu aberto, o que causava derramamento de óleo junto com a água da chuva. Com o passar do tempo, foi sendo tomada uma série de medidas para evitar esses impactos ambientais, culminando com o desenvolvimento de um sistema de centrifugação dos cavacos, que retira todo o excesso de óleo, acabando com o impacto no solo da fábrica e das emanações nas empresas siderúrgicas que fazem a reciclagem do aço. O quarto exemplo de problema resolvido foi o dos panos de estopa, de retalho, que são usados na limpeza. Até certo tempo atrás esses panos, contaminados por óleo, eram incinerados, causando impacto ambiental. Os panos se espalhavam por todos os cantos da fábrica, dando uma aparência de sujidade ao ambiente. No programa 5S o problema foi examinado e a solução encontrada foi destinar tais materiais para uma lavanderia industrial, certificada, que retorna os panos limpos. O resultado foi a redução da sujeira no ambiente de trabalho e a redução do impacto no ambiente externo. As medidas e atitudes comentadas anteriormente refletem uma cultura 75 desenvolvida ainda no período anterior à compra da Sûr pela TK. Esta apenas fez um estudo do passivo ambiental antes da aquisição, mas desde que assumiu o controle não interferiu na política ambiental da empresa no Brasil. O funcionário entrevistado avalia que a matriz está satisfeita com as práticas adotadas na TKEB. Ele comenta que os executivos representantes da matriz, ao visitar a fábrica, procuram colher informações e discutem alguns aspectos que lhes chamem a atenção. Não há um controle sistemático, na forma de relatórios periódicos ou sistemas de auditorias ambientais. Ele acredita que essa postura se deve ao baixo impacto ambiental desse tipo de indústria e que, se fosse uma indústria de processo, o controle seria mais sistemático e detalhado. 5.3.8. Responsabilidade Social A TKEB não adotou um código de conduta empresarial de nenhum tipo. A única iniciativa reportada pelo pessoal da gerência foi a futura publicação de balanço social, em fase de preparação, que seguirá o modelo do Instituto Ethos de Responsabilidade Social. Como foi visto nos tópicos que tratam do trabalho infantil e do trabalho forçado, a empresa está desenvolvendo um sistema de credenciamento de fornecedores que envolve avaliação do desempenho trabalhista. Embora entre os itens de verificação não constem todos os direitos fundamentais no trabalho, o sistema tende a privilegiar as empresas que tenham práticas trabalhistas de nível elevado, que contratem seus empregados de forma regular, que desenvolvam intensamente atividades de treinamento e que ofereçam condições de trabalho no nível existente na TKEB. Por outro lado, o sistema não prevê auditorias independentes ou participação sindical. Há que se registrar que, segundo informou a empresa, ela acompanha as condições de trabalho nas etapas de instalação dos elevadores, normalmente feita por empresas especializadas, exigindo condições adequadas, inclusive em termos de segurança. Essa atitude gera reflexos no ambiente de trabalho das obras de construção 76 civil, que devem apresentar condições seguras. A empresa desenvolve, em Guaíba, algumas atividades de cunho social. Com enfoque na infância e juventude, a empresa realiza atividades de apoio a escolas e estudantes. As ações relatadas foram aporte técnico para escolas que desejam implementar ações de gestão da qualidade, palestras sobre o mercado de trabalho e a profissionalização e programa de visitas de alunos de escolas técnicas à empresa. A TKEB destaca funcionários que, durante sua jornada de trabalho, dão consultoria técnica à Junior Achievment (empresa júnior) e auxiliam estudantes em seus trabalhos escolares. A empresa fornece espaço físico e equipamentos para o Projeto Crescer, que consiste em ações voluntárias de funcionários que ministram aulas de informática e técnicas manuais, beneficiando familiares dos próprios funcionários. O projeto foi criado ao se perceber que, no horário de almoço dos funcionários, havia um espaço livre que podia ser utilizado para o desenvolvimento de hobbies e de habilidades das esposas e filhos de funcionários. No espaço de lazer da empresa funciona uma escolinha de futebol que atende a crianças da comunidade. A empresa cede o espaço e doa o material esportivo, contando com um professor voluntário. O Projeto Encantar é um programa de voluntariado, no qual a empresa tem um papel de apoio, cedendo espaço e tempo de trabalho de voluntários. O pessoal realiza atividades lúdicas, nas instalações da área social da empresa, para crianças de duas creches de bairros carentes da cidade, realizando festas mensais com animadores e doação de presentes. Outras ações de natureza social voltadas para a comunidade são a doação de alimentos para uma pessoa que prepara e distribui refeições gratuitas a pobres, apoio a uma associação de coral, doações de combustível para a polícia e doação de uniformes fora de uso mas em boas condições à população carente. 77 5.4. CONCLUSÕES Sintetizando os principais aspectos da pesquisa feita na unidade da TKEB, cabe salientar a importância dessa empresa para a região onde está instalada, bem como por sua contribuição para o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional. O processo de transferência do controle acionário preservou não só o emprego, como a capacidade de geração de tecnologia no país. Decorrente da característica de ser uma empresa metalúrgica com relativamente alta densidade tecnológica, pode-se entender o fato de seus empregados terem nível de escolaridade elevado, padrão de remuneração relativamente alto e longa permanência no emprego. Seguindo uma característica setorial, também, as mulheres são uma minoria e ocupam cargos específicos dentro da estrutura organizacional. No primeiro dos temas de avaliação da empresa, sobre o direito à liberdade sindical, foi visto que ele é respeitado. Concentrando a atenção sobre a UI/M, a pesquisa de opinião entre os empregados mostrou que 26% dos empregados são sindicalizados, que os empregados têm acesso a informações sindicais e que o sentimento de discriminação no emprego por motivo da participação em sindicatos é bem próxima de zero. A atuação dos sindicalistas no local de trabalho existe na UI/M e em condições razoáveis, quando se considera que eles podem distribuir livremente material de divulgação e encontram abertura para fazerem-se ouvir perante a administração da companhia. Por outro lado, certas condições se verificam sem que haja formalização para tanto, com base em decisões ad-hoc, como por exemplo, tempo de liberação para atividades de comunicação e informação com os trabalhadores. Não há comissão de fábrica ou órgão representativo dos empregados com funções e prerrogativas definidas formalmente, o que limita o potencial de participação negociada dos trabalhadores na vida da empresa. A negociação coletiva se dá entre as entidades representativas de trabalhadores e de empresários. A TKEB não negocia acordos coletivos diretamente 78 com o Sindicato dos Metalúrgicos, embora tenha havido entendimentos entre as partes para dirimir questões pontuais. Além disso, há processos similares à negociação coletiva, principalmente o que fixa as metas e valores para o Programa de Participação nos Resultados. Por outro lado, os sindicalistas da UI/M têm acesso a um conjunto de informações operacionais e financeiras que os capacita a representarem os empregados em negociações coletivas. Com base nos dados obtidos é possível concluir que a empresa procura se pautar por critérios não discriminatórios, contra as mulheres ou contra os negros. No entanto, não adota políticas ativas que contribuam para ampliar as oportunidades desses grupos sociais. Sobre as mulheres, os dados da pesquisa de opinião captaram um sentimento de existência de comportamentos discriminatórios dentro da empresa, que encontra certo amparo no fato de que as mulheres ocupam menor proporção de cargos de chefia e gerência, têm menores remunerações médias, apesar de exibirem escolaridade mais elevadas. Sobre os negros, há que se considerar que estão subrepresentados na empresa, comparativamente ao seu peso na população total da região. A empresa cumpre os requisitos mínimos esperados para o tema do trabalho infantil, especialmente a idade mínima para o trabalho e a profissionalização dos adolescentes. Ela também patrocina ações de voluntariado dirigidas à infância da sua comunidade. A empresa se preocupa com a ocorrência de trabalho infantil na cadeia produtiva, mas ainda não há ações concretas para identificar se esse problema ocorre junto a seus fornecedores. O ponto alto na questão da Saúde e Segurança no Trabalho é a da configuração e bom desempenho da CIPA, segundo a opinião geral. Alguns aspectos positivos são: o sindicato tem acesso à comissão; sua composição é mais ampla que o previsto em lei; e as informações relevantes estão ao alcance do trabalhador. Um ponto negativo pode ser identificado na não participação dos empregados das empresas terceirizadas na CIPA. Um desafio é a melhoria das condições de trabalho nas situações já identificadas pela empresa e pelos empregados como prejudiciais à saúde e à segurança. 79 A atuação na cadeia produtiva, especialmente quanto aos fornecedores, apesar de incipiente no que diz respeito à responsabilidade social e trabalhista, mostrase promissora, tanto por já estabelecer critérios de avaliação quanto na influência sobre a indústria da construção civil. A questão ambiental, dadas as características da empresa, parecem também terem sido objeto de uma atuação consistente e não se apresentarem críticas. 80 6. A THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. 6.1. PERFIL GERAL DA EMPRESA No Brasil, a ThyssenKrupp atua no ramo de fundição por meio de duas unidades, uma em Barra do Piraí (RJ), que é a matriz, e uma filial em Matozinhos (MG). Ambas estão sob a gestão de uma mesma direção executiva, cujo atual presidente é o Sr. Erich Rammiger. Por isso, em termos de políticas adotadas no país, tudo nasce na unidade de Barra do Piraí. Este estudo abrangeu exclusivamente a unidade de Barra do Piraí, onde foram realizadas pesquisas em fontes primárias e secundárias, com análise documental, entrevistas com os representantes da empresa e pesquisa de opinião com os trabalhadores. QUADRO 3 – THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. – BARRA DO PIRAÍ – RJ– DADOS GERAIS Área total 3.729.238 m² Área Construída 45.000 m² Equipamento • 2 linhas de moldação em areia verde, fundidos de 1 a 300 kg; • 1 linha de moldação em casca shell; fundidos de 5 a 40 kg; • 1 linha de moldação manual, fundidos de 100 a 1000 kg. Capacidade de Produção 6.000 t/ mês (em turnos de revezamento) Materiais • Ferro Cinzento, não ligado (GG) e ligado (GGL) 30% • Ferro Nodular, não ligado (GGG) e ligado (GGGL) 70% Endereço/ telefones Estr. Governador Raymundo Padilha, s/n° Cep. 27 150-255 Barra do Piraí - RJ Tel.:(24) 2447-2212 Fax:( 24) 2443-1949 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social 9 6.1.1. Histórico Originariamente, a empresa pertencia ao grupo Schindler Elevadores. Em 9 Ver http:\www.thyssenfundicoes.com.br 81 1973, a Thyssen comprou a pequena fundição localizada em Barra do Piraí. A cidade localiza-se no interior do Estado do Rio de Janeiro, a 110 quilômetros da capital e já cumpriu importante papel no desenvolvimento econômico e social da região. Porém, nos últimos anos, vem sofrendo progressivo processo de empobrecimento, com diminuição do número de fábricas e de empregos. As indústrias que ali se mantiveram exercem papel preponderante na economia e conseqüentemente no poder local. Nesse sentido, a ThyssenKrupp Fundições é uma das principais referência, já que é a maior empresa do município, empregando 1.341 pessoas, das quais 86% residem em Barra do Piraí, 11% em cidades vizinhas – Mendes(6%), Vassouras (4%), Valença (1%) – que também não possuem maiores ofertas de emprego – e 3% fora do Estado. Para aqueles que acompanham o desenvolvimento da empresa desde 1973, a ThyssenKrupp vem passando por várias transformações: “(...)No início, era tudo muito precário, as pessoas usavam uma espécie de calçado de madeira, não havia uso de protetor auricular, capacetes (...)Naquele tempo nem se falava em meio ambiente” (representante da empresa). Em 1976 foi realizado um grande investimento na fábrica, ampliando consideravelmente suas instalações e, principalmente, sua capacidade produtiva. Tais mudanças foram apresentadas como fruto de um processo contínuo e necessário, pois nas fundições trabalha-se com ferro líquido e areia, o que torna o ambiente muito agressivo às pessoas. Os representantes da empresa, ao avaliar as mudanças ocorridas, consideraram que muitos progressos foram alcançados, mas ainda existem muitos aprimoramentos a fazer. Afirmam ainda a necessidade de um trabalho de convencimento, para melhorar o ambiente. Segundo avaliação, a solução de alguns problemas implicaria em automação e que essa é a tendência do setor. Porém, no Brasil, a robotização teria maiores implicações do que na Europa, em função do baixo nível de escolaridade e das dificuldades das pessoas em serem absorvidas em outros empregos: “robotizar uma fundição desta, numa região onde a população tem grau de 82 instrução um pouco acima do analfabetismo? O que vai fazer essa população? São mundos diferentes e temos que levar isso em conta” (representante da empresa). 6.1.2. Estrutura Organizacional QUADRO 4 – TKF - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Unidade Denominação Organizacional P Presidência DGQ Diretoria Garantia da Qualidade DRI Diretoria Industrial (Barra) DCV Diretoria Comercial de Vendas DAF Diretoria Administrativa Financeira DIM Diretoria Industrial Matozinhos Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social Cada uma dessas unidades organizacionais subdivide-se em vários departamentos e seções, tendo como responsáveis gerentes e chefes de seção. O presidente da empresa acumula o cargo de diretor financeiro. NÍVEIS HIERÁRQUICOS: Presidência Diretoria Gerência de Departamento Chefia de Seção Na linha de produção, abaixo desse escalão encontramos ainda supervisores e coordenadores. No momento da realização da pesquisa, a empresa tinha no seu quadro 1.341 funcionários, dos quais 1.307 homens e 34 mulheres. A maioria dos funcionários do sexo masculino concentrava-se nos setores produtivos, ligados à Diretoria Industrial. Entre as 41 pessoas que ocupavam cargos de chefia havia uma única mulher. As mulheres, basicamente, exercem atividades administrativas. Existiam, ainda, aproximadamente 300 pessoas trabalhando em empresas terceirizadas. O quadro a 83 seguir discrimina o número de funcionários por diretoria. QUADRO 5 – TKF – NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR DIRETORIAS – JAN/2003 Unidades Descrição DRI Diretoria Industrial (Barra) DGQ Diretoria de Garantia da Qualidade DCV Diretoria Comercial de Vendas DAF Diretoria Administrativa Financeira Total Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social Número de Funcionários 1106 235 1341 Observando a estrutura organizacional da ThyssenKrupp Fundição, verificase que ainda prevalece um modelo bastante tradicional de organização – Taylorista – hierarquicamente constituída com centralização de poder. A empresa está realocando o seu quadro de diretores e incorporando novos gerentes com mentalidades e posturas mais participativas, iniciativas que acabam, ainda que lentamente, irradiando-se para os diversos setores. A incorporação desses novos quadros, ao que tudo indica, faz parte de uma estratégia mais global de mudanças necessárias, principalmente no tocante ao clima organizacional. Em entrevistas com representantes da empresa e do sindicato, contatou-se que a abertura ao diálogo e à maior participação são bem vindas, gerando uma expectativa positiva. Houve uma necessidade de modernização para conquistar o mercado exterior. Com isso, surgiram mudanças de comportamento no sistema de gestão, assim como a aquisição de novas tecnologias: “o carro-chefe das mudanças é o mercado, só que agora nós já podemos também nos dar o direito de escolher como queremos nos conduzir.”(Gerente). 6.1.3. Atuação no Mercado A ThyssenKrupp Fundições atende às indústrias de tratores, automóveis, caminhões, ônibus, veículos fora de estrada, de elevadores, bombas e compressores. De seu faturamento total, 50% realizam-se no mercado externo – EUA, Finlândia, México, entre outros. Segundo representantes da empresa, isso coloca a TKF numa 84 condição relativamente confortável. Em entrevista ao Jornal Correio da Barra no final de 2002, o Sr. Erich afirmou: "Hoje, estamos exportando para empresas européias e norte americanas, como a Caterpillar, produtora de máquinas de terraplanagem e caminhões fora de estrada, que trabalham com minério. Além dela, existe também a Volkswagem do México, para onde exportamos virabrequins”. Ainda de acordo com o executivo da empresa, a empresa teria prejuízo se atuasse somente no mercado interno. Portanto, a atuação no mercado externo foi uma estratégia acertada dos últimos dez anos: “ou seja, ter uma perna em cada lado, se acontecer alguma coisa no Brasil, nós temos garantido pelo menos 50%”. 6.1.4. Investimentos A TKF aplicou, em média, nos últimos cinco anos 3 milhões de dólares no processo produtivo, em função de mudanças no mix de produtos. Na área tecnológica, foram automatizadas algumas atividades na pintura e no transporte interno das peças, que passou a usar as chamadas “linhas monovias” – um sistema de transporte aéreo de peças. Essas mudanças geraram aumento de produtividade com acréscimo da força de trabalho. Atualmente a empresa está operando quase à plena capacidade produtiva. A diretoria avalia que a empresa conseguiu atingir a maturidade competitiva no que se refere à conquista de novos mercados, de qualidade dos produtos, mas falta ainda atingir essa mesma maturidade e qualidade no ambiente para os funcionários: “Tem muita coisa boa acontecendo(...) Claro que não dá para acertar tudo de uma hora para outra, mas é hora, e nós temos tudo para fazer. (...) Que o nosso funcionário se sinta cada vez melhor desempenhando a função, tendo aquele orgulho de trabalhar na empresa, vestindo uma camisa limpa... e poder chegar em casa e se sentir orgulhoso por trabalhar nessa empresa. Nós estamos trabalhando para isso e estamos recebendo apoio de outras diretorias. (...) Nos últimos sete meses a empresa desenvolveu projeto para investimento de 1 milhão de reais em equipamentos de exaustão para a linha de virabrequim”. (representante da empresa). 6.1.5. Principais Clientes 85 No Brasil, a expansão foi pensada especialmente para atender as indústrias de tratores agrícolas. A TKF é uma das principais fornecedoras dessas indústrias, atendendo a Valmet, New Holland, Massey-Ferguson e Agrale. Para exportação, a TKF produz para indústrias eólicas, automotivas e de máquinas de terraplanagem, principalmente para a Caterpillar. Também produz peças de elevadores, que são exportadas para a Finlândia. Apesar de atender as indústrias de elevadores, a unidade de Barra do Piraí não fornece para a TKEB, já que as peças não se enquadram nos padrões de produção exigidos. Portanto, as principais empresas clientes no exterior são: Caterpillar (Estados Unidos), Agco, Case New Holland (CNH), Valtra, ZF, Volkswagen, Jost, Eaton, MWM, Volvo, Scania, Nacco (México), Randon, Schindler, Komatsu (Japão), Spicer Clark-Hurth (Estados Unidos) e GE (Estados Unidos). 6.1.6. Principais Concorrentes Os principais concorrentes da TKF, no Brasil, são as seguintes empresas: Fundição Tupy (SC), que é a maior fundição da América Latina; Fundição Schultz (SC); FerraBrás (RS), que fornece fundidos para a TKEB; Brasileira (MG); e uma fundição do grupo FIAT, que é a segunda maior do ramo no Brasil. No exterior, a TKF concorre com empresas instaladas nos EUA, Europa e, de certa forma, consegue manter-se nesses mercados graças ao baixo custo da força de trabalho encontrada no Brasil. Ela também concorre com empresas da China e de outros países da Ásia, com as quais a competição é mais acirrada. De acordo com os representantes da empresa, o mercado e a concorrência exigem planejamento para alcançar metas definidas. Há também muita pressão dos acionistas por resultado. Nesse sentido, destaca-se que o objetivo da empresa é obter lucro para remunerar os acionistas; os demais fatores são conseqüências: “(...) Para fazer esse lucro, tenho que ter boa administração, ter um bom relacionamento e interagir com a comunidade local, meio ambiente, remunerar e dar um local de trabalho condigno aos funcionários”. (representante da empresa). 86 6.1.7. Principais Fornecedores e a Relação com a Cadeia Produtiva Ao observar a TKF na cadeia produtiva do setor siderúrgico – metal mecânico, constata-se que ela ocupa posição intermediária, servindo de elo entre empresas que atuam em segmentos primários/extrativista e as que processam produtos finais. Os principais insumos utilizados na fundição são areias, ferro gusa e carvão. Portanto, olhando para os segmentos acima nessa cadeia produtiva (em direção aos fornecedores), encontram-se processos de produção bastante críticos, principalmente no que se refere às condições de trabalho e meio ambiente. Em contraposição, olhando para os segmentos à jusante da cadeia (em direção aos clientes), encontram-se grandes indústrias com sofisticados processos tecnológicos, como, por exemplo, as empresas VW, GM e Carterpillar. Estas empresas, por sua vez, envolvem em seu processo produtivo outras pequenas empresas empreiteiras que atuam como terceirizadas nas suas instalações. Não foi objetivo desta pesquisa conhecer a realidade dos fornecedores da TKF. No entanto, pelo menos no que se refere às empreiteiras, procurou-se saber se a TKF tem alguma política específica e quais são os critérios usados na escolha das mesmas. 6.1.8. Terceirização O trabalho terceirizado nesta unidade produtiva envolve cerca de 180 pessoas, salvo quando ocorre alguma situação extraordinária. Dependendo da época, o número de terceiros pode aumentar de forma significativa. Por exemplo, nos meses de dezembro (2002) e de janeiro (2003), esse número aumentou para 300, já que a empresa deu férias coletivas aos funcionários e aproveitou o momento para fazer manutenções no restaurante, nos vestiários, entre outras instalações fabris. Verifica-se que há, pelo menos, 15 empreiteiras que prestam serviços terceirizados para ThyssenKrupp Fundições: Univulk, N.C.O., Casa da Caridade, Icomasar, Transbarra, R. Flores, Sufer Comércio, Ski Despachos, M. Di Fazio 87 Engenharia, Vila Forte, Decolar, De Nadai Alimentação, LBL Recursos Humanos, Construtora Campos Guerra e Refus Comércio e Indústria. Os serviços prestados por essas empresas envolvem atividades mais “tradicionais”, como serviços de alimentação, segurança patrimonial, saúde (atendimento de emergência fora empresa) e de transportes. Mas também há prestações de serviços diretamente ligados à produção como, por exemplo, serviços de quebra de canais, recuperação de sucata, descarte de resíduos industriais, subprodutos, manutenção no setor de fusão. O acabamento das peças é realizado por terceiros, apesar de eles usarem equipamentos e uniformes da ThyssenKrupp e de haver algumas diferenças salariais em relação aos funcionários efetivos que atuam na mesma linha de produção. Os trabalhos realizados por terceiros dentro das áreas produtivas, principalmente na quebra de canais, são pesados. Os representantes da empresa reconhecem as dificuldades, porém justificam que, se essas funções fossem automatizadas, o nível de desemprego aumentaria. Também avaliam que a terceirização, no início, era vista como uma possibilidade de diminuir custos e aumentar a lucratividade. Atualmente, algumas terceirizações estão sendo revistas. Os representantes do sindicato afirmam, no entanto, que nos setores produtivos, como, por exemplo, na área de acabamento, há trabalhadores empregados de empreiteiras e que, apesar de realizarem trabalho igual aos funcionários da TKF, recebem salários inferiores e não têm os mesmos benefícios. Segundo o depoimento de um dos gerentes, os funcionários das empresas terceirizadas, ligados diretamente às prestadoras de serviços, cujas parcerias com a empresa são bastante duradouras, costumam receber cestas básicas e, de alguma forma, fazem uso dos serviços de assistência médica, transporte e alimentação. Além disso, a empresa encara como sendo dela o papel de cuidar da segurança dessas pessoas, fazendo-as participar de palestras e de treinamentos sobre saúde e segurança no trabalho, a fim de evitar acidentes. No entanto, a responsabilidade pelo lesionado é da prestadora, embora, em Direito Civil e do Trabalho, o conceito de 88 “responsabilidade subsidiária” estenda à empresa a responsabilidade tanto dos acidentes quanto das doenças do trabalho. 6.1.9. Capacidade Produtiva e Estratégias de Expansão Com relação à capacidade produtiva, a empresa vem fazendo planos de expansão especificamente de um item produzido, o virabrequim. Atualmente, a produção média é de 1,2 milhão de virabrequins por ano. A meta é chegar a 2,5 milhões/ano, atendendo as indústrias automobilísticas. A fabricação desse produto destina-se a atender empresas do grupo Volkswagen. Porém, está havendo uma negociação de seu fornecimento também para a GM e para a Renault. As metas estratégicas de atuação da TKF visam buscar nichos específicos de mercado, principalmente no exterior, sem deixar, no entanto, de atender as demandas já existentes no mercado nacional. Essa alternativa foi encontrada e trabalhada a partir da realidade local da empresa, em função da intensificação do processo de globalização. Ao longo dos últimos cinco anos, ela conseguiu descobrir alguns nichos de mercado onde se mostrou mais competente que outras fundições do próprio grupo como, por exemplo, a dos EUA, que produz um milhão de toneladas/ano. Em comparação, as unidades de Barra do Piraí e Matozinhos, representantes da TKF no Brasil, produzem juntas aproximadamente 60 mil toneladas/ano. Essa defasagem ocorre em função do alto índice de automação da empresa no exterior. Nas unidades brasileiras, são produzidos em média 60 moldes por hora; já nos EUA, 350 moldes/hora. A alternativa encontrada pela direção da fundição no Brasil foi desenvolver clientes e mercados que as outras fundições não atendiam. De acordo com a direção da empresa, a fundição dos EUA produz peças menores, feitas em série. No Brasil, procurou-se intensificar a produção de peças grandes, atendendo demandas específicas de empresas que, como a Carterpillar, encomenda peças que variam de 200/300/500/1000 quilos ou mais. Na divisão internacional do trabalho, o Grupo 89 ThyssenKrupp mantém empresas mais intensivas em “mão-de-obra” e outras empresas intensivas em capital. Segundo o presidente desta unidade, a estratégia adotada é a de utilizar o fator de produção local, “que melhor existe e que seja mais barato”. Na sua visão, o grupo Thyssen interessou-se em investir em fundição no Brasil porque, nesse tipo de atividade, o país tem um fator que deve ser aproveitado, que é a “mão-de-obra barata” e isso se coaduna com as atividades desenvolvidas pela empresa. Não há por parte da ThyssenKrupp interesse em manter aqui uma fábrica nos moldes das do exterior, superautomatizada, pois sairia mais caro em função dos custos do capital muito mais elevados que no exterior, dentre outros fatores. A abertura ao mercado externo e a estratégia de nichos foram fundamentais para a empresa, tanto no que se refere ao volume de vendas, representando 50%, como também para conter um ciclo de sazonalidade vivido pela empresa em decorrência da oscilação do mercado interno. Era prática comum da TKF realizar contratações nos meses de janeiro, fevereiro e março e demitir nos meses de setembro, outubro e novembro. De acordo com um dos gerentes, “Sempre foi assim, isso penalizava demais a empresa, a todos (...) você nunca tinha a certeza de quando volta e como volta”. Segundo essa análise, a abertura ao mercado externo, possibilitou que a empresa adotasse políticas mais estáveis. Conseqüentemente, isso gerou a necessidade de melhorar os investimentos nas pessoas por meio de cursos de aperfeiçoamento, bolsas de estudo, treinamentos técnicos, que antes ela não fazia porque perdia seus funcionários. O Plano de Cargos e Salários nunca poderia funcionar nas condições que a empresa se encontrava antes desse processo. “Não havia responsabilidade, não havia segurança, não havia empregos duradouros” (representante da empresa). 6.1.10. Condições de Trabalho 90 6.1.10.1. Instalações Como já relatado anteriormente, a TKF ocupa 45.000 m² em área construída e está cercada por uma grande área verde tendo, muito próxima das instalações fabris, uma pequena vila de casas, onde moram alguns antigos funcionários. É uma fábrica de grandes dimensões, incomum na atualidade, que vem sofrendo amplas mudanças desde 1973. A imagem que transparece ao conhecê-la, metaforicamente falando, é de uma casa “antiga” que foi sofrendo ampliações de acordo com as necessidades sem, no entanto, ser levado em conta o mínimo conforto das pessoas. Ou seja, observando o arranjo físico da fábrica, principalmente da produção, fica-se com a impressão de que todos os investimentos realizados na área de produção, equalização dos transportes das peças, ampliações e modificações foram planejados a partir da otimização dos fluxos de processos de materiais e produtos, sem levar em conta as pessoas na produção. Uma racionalização do espaço, que não foi pensada a partir da atividade de trabalho, resultando na agressividade do ambiente, onde os trabalhadores se adaptam dentro do possível ao espaço físico existente. É tudo muito intenso dentro da produção, o calor, a poeira, a fuligem, o ruído e o ritmo de trabalho. São aproximadamente 1300 pessoas trabalhando em diversos setores, revezando-se em três turnos de trabalho, com horários alternados. A produtividade é muito diferenciada nos diversos setores, mas em geral é alta como, por exemplo, na Moldação 76, onde é produzida, em média, uma caixa por minuto. O processo produtivo das fundições em geral é problemático, agressivo aos homens e ao meio ambiente. As matérias primas básicas utilizadas são: ferro, carvão e areia. As pessoas acabam ficando expostas à poluição atmosférica, ao calor excessivo, respirando gases, poeiras etc. Essa situação tende a se agravar de acordo com as condições dos equipamentos de segurança coletivos, das disposições das instalações fabris, entre outros. Os representantes da empresa, em geral, falam abertamente sobre os problemas enfrentados pela TKF e assumem que há necessidades de melhorias: 91 “Nossos equipamentos já têm um certo tempo de vida útil e precisamos modernizar mais do que a parte de produção, eu diria que a nossa parte de ambiente de trabalho. E, quando eu falo em ambiente, estou tratando de tudo, desde jardim, meio fio, limpeza dos banheiros, chão de fábrica, piso até o ar que o pessoal respira. A nossa fábrica está instalada num prédio antigo, com todos os problemas de um prédio antigo. Não é pelo fato de ser antigo que deve ficar sujo. Antigamente, havia a mentalidade que uma fundição era assim mesmo, suja com poeira, mas não é assim. Enquanto a gente não conseguir evitar a poeira, a gente vai limpar... até o momento que a gente conseguir evitar. Essa é uma mudança que a gente vem conseguindo implantar com apoio de outros diretores e do presidente da unidade.” 6.1.10.2. Planta Fabril Como se pode verificar na planta fabril, a empresa tem vários blocos de construção, que se subdividem em salas, departamentos e seções. Na parte de cima da planta, observam-se as áreas onde estão instalados os seguintes departamentos: de modelos (dois galpões), de engenharia, administrativo (com salas da diretoria). Nessa ala também estão instaladas as salas de treinamentos – no período da pesquisa foram observadas duas delas, ambas bem equipadas e confortáveis – e o almoxarifado. À esquerda, estão instalados: a fundição I, a macharia I e o acabamento III. Logo na entrada (frente, à direita), estão: a portaria, o DRI e o RH, vendas, compras, vestiários, banco, cantinas (restaurantes), almoxarifado e manutenção. Na parte mais central da planta, fica concentrada a maior parte das atividades produtivas, encontrando-se os setores de: sucata, fusão, macharia, fundição II, acabamento II, tratamento térmico, 92 acabamento I, pintura e expedição. Nos períodos em que é feita manutenção nos fornos, ou que a produção é muito intensa, a fumaça e a poeira tomam conta de quase todas as áreas da fábrica. Nesses dias o cheiro que é exalado também fica muito intenso10. Segundo o Diretor de Recursos Industriais da empresa, pode-se dizer que a TKF tem, basicamente, quatro fundições em uma: virabrequim, que tem um processo específico (segundo o presidente da unidade, é a única linha de produção com estimativa de crescimento para os próximos cinco anos); fundidos para “No-Breaks”, que usam um outro processo de moldagem; uma terceira linha, chamada AL2 e que tem um processo a vácuo; e uma quarta linha chamada grupo 76, que trabalha com peças pesadas, mas com máquinas automatizadas. A fábrica mantém processos de fundição manual e mecanizado. O mesmo diretor relatou que, desde que assumiu o cargo há um ano, sentiu necessidade de mudar a estrutura da organização, buscando deixar bem definidos esses quatros processos. Atualmente, cada um deles tem um gerente responsável e isso, segundo sua opinião, está ajudando a dar maior visibilidade a cada processo, já que cada uma dessas linhas tem resultados, produtos e especificações próprias. Ainda segundo esse diretor, foram feitos muitos investimentos no processo produtivo, mas que não foram eficazes para resolver alguns problemas, como, por exemplo, de exaustão. Para resolvê-lo, a TKF decidiu contratar uma empresa especializada em exaustão, a fim de elaborar um estudo adequado e propor soluções que, segundo ele, já serão implementadas aproximadamente em seis meses na linha de fusão do virabrequim. Outro projeto que vem sendo estudado pela empresa objetiva mudar todo o processo de pintura. A intenção é acabar com a pintura líquida que se tem hoje e transformá-la em pintura a pó (pintura eletrostática). A implantação desse novo 10 A direção da empresa contestou essa afirmação, mas tais odores foram percebidos pela equipe de pesquisa do Observatório Social durante uma das visitas à fábrica. 93 processo representaria para a empresa uma redução de custo de 20%. O diretor industrial afirma que, com essa mudança, a empresa teria uma melhora significativa no ambiente, já que a tinta a pó não gera o resíduo que se tem hoje. A implantação da pintura a pó não acabaria totalmente com o sistema de pintura líquida, mas reduziria de três cabines de pintura, existentes hoje, para apenas uma. Ele acredita que, se implantado, esse novo sistema pode trazer significativa melhora, eliminando alguns problemas enfrentados com a utilização do sistema atual. O levantamento desse projeto ficaria pronto em seis meses e depois a sua viabilidade econômica seria avaliada. Ainda com relação ao problema de exaustão, há também um outro estudo em andamento denominado “projeto de engenharia”, que objetiva fazer um diagnóstico dos sistemas de exaustão da fábrica inteira. A TKF tem, atualmente, 19 sistemas de exaustão implantados. A proposta desse estudo é fazer um levantamento verificando: • que já tem e não funciona; • que está faltando para proporcionar um bom funcionamento ao que já existe; e • que não se tem e o que é necessário implantar. Na visão do diretor industrial, à medida que forem resolvidas as deficiências do que já tem, mas não funciona, 50% dos problemas serão solucionados, principalmente os que se referem à qualidade do ar no ambiente empresa. 6.1.10.3. Organização do Local de Trabalho e Mudanças Comportamentais Durante a pesquisa constatou-se que os trabalhadores estão assimilando algumas mudanças comportamentais que a direção da empresa vem propondo. No tocante à caracterização geral dos ambientes de trabalho, procurou-se conhecer a avaliação dos trabalhadores em relação a: limpeza, organização/ordenação, conforto, temperatura, iluminação, barulho e qualidade do ar. Na aplicação dos questionários e posteriormente, na observação dos resultados, aferiu-se que os trabalhadores estão 94 conscientes do seu papel, pelo menos no que se refere à manutenção da limpeza do local de trabalho. O reforço da necessidade em procurar manter os postos de trabalhos “limpos” foi constante, deixando claro que eles percebem a diferença entre limpeza no setor e outros fatores que afetam o ambiente como, por exemplo, a poeira e a fuligem. A pesquisa procurou ouvir pessoas de vários setores administrativos e operacionais, mas, no que se refere a esses itens, as respostas não divergiram. No gráfico a seguir apresentam-se os resultados. GRÁFICO 1 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE A LIMPEZA NO LOCAL DE TRABALHO – JAN/2003 59% 60% 50% 40% 29% 30% 20% 10% 0% 7% 4% Muito boa Boa Regular Ruim 1% Muito ruim Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social Somadas as respostas, verifica-se que 66% dos pesquisados consideram que a limpeza nos locais de trabalho está muito boa ou boa. Não houve divergência entre as respostas das pessoas dos diversos setores. Alguns trabalhadores afirmaram que não podem responder que a limpeza está muito boa, porque: “a gente sempre pode melhorar, então é melhor dizer que está só boa”. Ao que tudo indica, isso é fruto de uma proposta de trabalho que vem sendo implementada nos últimos anos: “hoje o 95 trabalhador antes de jogar o lixo no chão vai pensar muito, mesmo porque terá uma lixeira muito próxima dele” (representante da empresa). A empresa tem coleta seletiva de lixo. Enquanto a questão da limpeza vem sendo equacionada, são grandes os desafios em outros itens referentes às condições de trabalho. Na demonstração dos resultados a seguir estão as avaliações gerais de todos os entrevistados. Em seguida está a avaliação apenas do pessoal dos setores produtivos. TABELA 32 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE O AMBIENTE DE TRABALHO – FEV/2003 - % Itens Muito bom Bom Regular Ruim Muito ruim Temperatura 3 17 35 19 26 Iluminação 3 59 25 11 2 Barulho 1 14 30 23 32 Qual. do ar 5 12 20 25 38 Organização 5 49 36 7 3 Limpeza 6 60 29 4 1 Conforto 3 33 25 16 23 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Com base na avaliação geral dos funcionários sobre as condições do ambiente em que trabalham, lembrando que foram consultados trabalhadores de todos os setores da empresa, é possível concluir que os problemas mais urgentes, segundo a ordem de prioridades, são os seguintes: 1o – Qualidade do ar 2o – Ruído (barulho) 3o – Temperatura 4o – Conforto 5o – Organização 6o – Iluminação 7o – Limpeza Já a tabela a seguir representa somente as opiniões dos que trabalham diretamente ligados à produção. A ordem de prioridade não variou em relação ao resultado geral. No entanto, houve mudanças em relação à intensidade, aumentando a 96 porcentagem de respostas de regular a muito ruim. TABELA 33 - TKF – EMPREGADOS DA DIRETORIA INDUSTRIAL – OPINIÃO SOBRE O AMBIENTE DE TRABALHO – FEV/2003 - % Itens Muito bom Bom Regular Ruim Temperatura 0 11 37 Iluminação 1 57 28 Barulho 0 9 29 Qual. do ar 1 9 19 Organização 3 39 29 Limpeza 3 59 32 Conforto 1 27 26 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. Muito ruim 21 12 25 26 5 5 18 31 2 37 45 24 1 28 6.1.10.4. Horários de trabalho Os horários de trabalho existentes na TKF são os seguintes: QUADRO 6 – TKF - TURNOS DE TRABALHO – FEV/2003 Horários Descrição 7:00 às 17:00 (turno único) Em geral pessoal da área administrativa Pessoal operacional - Trabalham em revezamento, alternando 7:00 às 15:00 semanalmente seu horário. Podem estar à noite numa semana e 15:00 às 23:00 trabalhar à tarde na outra e somente na semana seguinte trabalhar 23:00 às 7:00 de manhã, ou vice-versa. (Revezamento) 7:00 às 15:00 ( manhã) Pessoal de manutenção, Pessoas da área de qualidade 15:00 às 23:00 (tarde) Pessoal de manutenção Pessoas da área de qualidade 13:00 às 17:00 Médica do trabalho Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social No que se refere aos turnos de trabalho, com base nos 321 questionários aplicados na empresa, aferimos os seguintes resultados: TABELA 34 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR TURNO DE TRABALHO SEGUNDO OS ESTRATOS – FEV/2003 - % Turnos Estrato 1 Estrato 2 –DI Estrato 3 Mulheres (Operacional) (Outras Diretorias) Manhã 3 2 3 Tarde 0 0 5 Noite 0 0 0 Único 97 18 59 Revezamento 0 80 33 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. Total 3 1 26 70 97 A produção na TKF deve funcionar 24 horas em função do forno. Então alguns setores da produção não param nunca. Os horários dos trabalhadores da produção são por revezamento, mas não seguem seqüência. Por exemplo, em uma semana um trabalhador está no horário das 7:00 às 15:00; na outra semana, pode estar trabalhando das 15:00 às 23:00 horas ou pode estar novamente de manhã. A programação de horário pode variar de acordo com as necessidades da produção. Já a maioria dos funcionários de outras áreas trabalha em um único turno. 6.1.11. Cargos e Salários - Caracterização Geral Na documentação do Plano de Cargos e Salários fornecida pela empresa consta um planejamento de pessoal com previsão anual do número de pessoas necessárias para a consecução das ações. A partir disso, é elaborado o Plano Mestre Mensal, que tem consonância com o Sistema de Produtividade e que dispõe o Quadro de Lotação Efetivo necessário (submetido à aprovação das diretorias e presidência), em função do volume de trabalho mensal visando o atendimento do mercado. Segundo essa documentação, os critérios estabelecidos para o preenchimento do quadro de pessoal dizem que o dimensionamento do cargo e do setor deve estar em conformidade com o Planejamento Estratégico de Pessoal, que a vaga deverá estar estimada no Quadro de Lotação, que o cargo deverá constar na Estrutura de Cargos da Matriz Funcional da unidade e que, para aumento de quadro, é necessária a aprovação da presidência. Além disso, as faixas salariais devem obedecer à relação abaixo: Admissão = Salário Inicial; Efetivação = 8% acima do nível Admissão; Médio = 8% acima do nível Efetivação; Superior = 8% do nível Médio; Máximo = 8% do nível Superior. Depois de contratado, o funcionário passa por um período de experiência, 98 que deve ter duração máxima de 90 dias, e um período de adaptação ao posto de trabalho, que não pode ultrapassar 180 dias, a contar a partir da data de assinatura do contrato. Segundo dados obtidos junto ao sindicato, em março de 2003 o piso salarial de admissão era de R$ 304,00, aumentando para R$ 326,00 após 90 dias de trabalho e para R$ 353,00 após 180 dias. No entanto, ao comparar essas informações com o documento de cargos e salários fornecidos pela empresa, verificamos que a média salarial dos operadores de produção é R$ 239,80, o que pode ser conferido no Quadro 7 e fica abaixo do piso estabelecido. De acordo com os critérios de promoção estabelecidos, para que um trabalhador passe para um cargo de maior nível e, conseqüentemente, para um grupo salarial mais elevado, são exigidos os seguintes requisitos: • ter no mínimo 12 meses ininterruptos de empresa, a contar de sua data de admissão; • ter recebido a última promoção num período superior a 12 meses; • possuir em seu currículo os requisitos solicitados na descrição do novo cargo; • ter sido considerado pelo gerente de sua área apto para os padrões estabelecidos; • ter sido considerado apto pelo Serviço de Saúde Ocupacional (entendendo por apto o funcionário que não apresente problemas de saúde ocupacional) para o exercício do novo cargo; e • disponibilidade e aprovação de verba de acordo com o orçamento anual. Os cargos da empresa estão separados por categorias, de modo que os operacionais se subdividem em I, II e III - sendo o cargo I o nível mais alto. Os cargos administrativos subdividem-se em Júnior, Pleno e Sênior - sendo Sênior o mais alto nível. Os quadros abaixo registram as médias salariais por função praticadas na empresa, segundo o sexo. É importante deixar claro que, em vários casos, para a 99 mesma função, existem duas ou três categorias de salários diferentes. Dada a variedade de cargos e salários na empresa, optou-se, na construção desses quadros, por agrupálos por funções, tirando a média salarial de cada uma delas. No entanto, os casos em que o salário para uma mesma função destoava, foram mantidos individualmente, sem entrar na média geral. Os dados aqui apresentados foram baseados em informações fornecidas pela empresa. Vale destacar que o piso mínimo da categoria nesse período (2002) era de R$ 304,00, salário de admissão de um funcionário da produção. Após 90 dias esse valor deveria ir para R$ 326,00 e em 180 dias passaria para R$ 353,00. São inúmeras as funções exercidas na empresa e cada uma delas tem uma série de desdobramentos, em níveis como, por exemplo, mecânico de manutenção I, II e III e assim sucessivamente. Cada nível tem um percentual diferenciado no salário. No caso das funções masculinas, os salários variam de R$ 102,91 pagos aos aprendizes do SENAI até os pagos aos cargos de chefia, que variam de R$ 1.346,00 (supervisor) a R$ 5.962,00 (engenheiro de vendas). O salário de um operador de produção é, aproximadamente, 19,2 vezes menor do que o salário de um engenheiro de vendas. A empresa não forneceu os dados referentes ao pessoal da diretoria. 100 QUADRO 7 – TKF – EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO POR FUNÇÕES/CARGOS E SALÁRIOS MÉDIOS – FEV/2003 - R$ Funções Salário Médio Funções Salário Médio Aprendizes 102,91 Torneiro mecânico ( II ) 706,20 Operadores de produção (geral) 310,00 Programador de compras 711,00 Assessor diret. Adm. Financeira 350,17 Oper. tratamento de água 732,60 Lubrificador de máquinas 448,80 Modeladores 763,40 Apontador produção 486,20 Oper. compressores 763,40 Oper. de rebarbação (I-II-III) 474,36 Tec. suporte téc. informação 788,40 Oper. de macharia (II-III) 486,18 Fresador II 800,80 Ajudantes de modelação 431,20 Mecânicos de manutenção (II - I) 862,14 Operadores de moldação (I-II-III) 492,95 Coordenadores de prod. 940,74 Mecânicos de manutenção 578,42 Eletricista operador 915,20 Forneiros (III - II) 561,29 Torneiro mecânico I 970,20 Borracheiros 407,73 Motorista de diretoria 1.020,00 Inoculadores 450,88 Fresador I 1.051,60 Aux. serviços gerais (III -II) 516,66 Inspetor tracador ferramentais 1.051,60 Oper. ponte rolante 567,60 Torneiro mecânico I 1.051,60 Oper. tratamento térmico 567,60 Analistas (vários) 1.473,59 Soldador fundidos 567,60 Orçamentista de fundição 1.178,46 Aux. de segurança trabalho 482,93 Programadores de materiais 1.293,00 Aux. administrativo pl. 588,20 Administrador de rede 1.392,00 Aux./ ajud. almoxarifado 508,20 Almoxarife 1.392,00 Inspet. de qualidade (I-II) 579,78 Comprador 1.392,00 Inspet. garantia da qualid.(I - II) 866,45 Técnico manutenção 1.392,00 Eletricistas auxiliares 538,37 Técnico processos fundição pl 1.392,00 Lubrificador de máquinas 525,80 Técnico segurança trabalho sr 1.392,00 Operadores carro industrial 575,33 Técnico processos fundição sr 1.640,00 Oper. tratamento térmico 525,80 Técnico processos fundição sr 1.771,00 Soldador fundidos 525,80 Técnico laboratório 970,20 Vazador 525,80 Técnico laboratório 1.227,60 Expedidor 567,60 Técnico segurança trabalho pl 1.102,00 Mecânico auxiliar 567,60 Técnico proj.industriais sr 1.640,00 Modelador (metal/madeira I-II-III) 829,13 Técnico laboratório 1.051,60 Soldadores de manut. 599,13 Técnico processos fundição jr 945,00 Eletricista manutenção III 624,62 Técnico processos fundição jr 1.020,00 Fresador III 629,20 Técnico processos fundição jr 876,00 Mecânico de autos 629,20 Cargos técnicos 1.299,70 Oper. de subestação 629,20 Desenhista proj.ferramental sr 1.640,00 Torneiro mecânico II 651,20 Supervisores de setor 1.953,52 Aux. enfermagem trabalho 658,00 Coordenadores de vendas 3.551,50 Oper. moldação I 664,40 Chefes de seção 3.311,80 Vazador 664,40 Eng. vendas e suporte técnico 5.962,00 Analistas de laboratórios 759,98 Aux. pessoal 672,00 Eletricistas de man. (I – II -III) 829,98 Forneiros I 750,20 Soldador manutenção 706,20 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social 101 QUADRO 8 – TKF - EMPREGADOS DO SEXO FEMININO POR FUNÇÕES/ CARGOS E SALÁRIOS MÉDIOS – FEV/2003 - R$ Pessoas Cargos Média salarial 1 DESENHISTA JR 532,00 1 AUX. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 534,60 2 PROGRAMADOR DE COMPRAS 658,00 1 AUX. PESSOAL 672,00 9 AUX. ADMINISTRATIVO JR - PL – SR 679,00 1 AUX. PROCESSOS FUNDIÇÃO 683,50 1 ANALISTA LABORATÓRIO 862,40 1 ANALISTA ADM. DE VENDAS PL 883,00 1 ANALISTA NORMALIZ. TÉCNICA PL 883,00 1 ANALISTA CUSTOS PL 951,00 3 ANALISTA CONTÁBIL PL 1.030,00 1 TÉCNICO LABORATÓRIO 1.051,60 5 ANALISTA COMÉRCIO EXTERIOR JR 1.099,26 1 TÉCNICO PROCESSOS FUNDIÇÃO JR 1.102,00 1 ANALISTA DE PESSOAL PL 1.285,00 1 COMPRADOR 1.392,00 1 MÉDICA DO TRABALHO 1.938,00 1 SECRETÁRIA DA PRESIDÊNCIA 3.066,00 1 CHEFE SEÇÃO MONIT.INS.PROC. 3.514,00 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social Poucas mulheres exercem os mesmos cargos/função, dentro da TKF. Os cargos com maior número de mulheres na empresa são: auxiliar administrativo (nove mulheres), analista de comércio exterior (cinco), analistas contábeis (três) e programadores de compras (duas). As outras 15 são únicas nas suas funções. O menor salário registrado é o de Desenhista jr, equivalente a R$ 532,00, e o maior salário é de chefe de seção de monitoramento e inspeção de processo, que equivale a R$ 3.514,00. A diferença entre o maior salário e o menor salário entre as mulheres é de 6,6 vezes. Ao observar comparativamente os salários, por exemplo, de um auxiliar administrativo do sexo masculino e do feminino, conclui-se que se equivalem, não havendo grandes diferenciações. 6.1.12. Benefícios Os benefícios para os funcionários da empresa, segundo o gerente de RH, são os seguintes: 102 • Alimentação – a empresa tem um refeitório, que é cuidado por uma firma terceirizada. Parte do fornecimento da alimentação é subsidiada pela empresa, inclusive uma cesta básica para atendimento familiar; • Assistência Médica e Odontológica – não existe um plano de saúde, mas a assistência se dá por meio de uma rede credenciada e conveniada extensiva a dependentes; • Subsídio de medicamentos, tanto para o funcionário quanto para dependentes; • Financiamento de material escolar e de uniformes; • Convênios para o fornecimento de gás, por meio do clube; e • A Associação Atlética – um clube que existe nas imediações da empresa, com quadras esportivas e área de lazer para os funcionários e seus dependentes. Alguns convênios - “os de maior peso” - foram negociados com o Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí. Mas há outros convênios nos quais a empresa vislumbrou áreas de oportunidades e resolveu implementá-los, buscando atender também às necessidades dos funcionários como, por exemplo, a área de apoio à formação técnica. 6.1.13. Formação e Treinamento O primeiro treinamento que os funcionários recebem refere-se ao processo de integração. Nele são repassadas informações sobre as normas e procedimentos, benefícios, segurança e medicina do trabalho e o sistema de qualidade, específico em cada área, que exige uma preparação dos funcionários. Atualmente, pretende-se instalar um sistema eletrônico chamado SAP R3 que também gera necessidade de treinamentos, pois “ou nós treinamos e ele (funcionário) se adapta ou ele tem que sair da empresa” (representante da empresa). A exigência de escolaridade mínima, atualmente, na empresa é do ensino básico (antigo primário). 103 Verificou-se que há uma valorização da continuidade de familiares dentro da empresa. Há muitos pais e filhos que trabalham na ThyssenKrupp Fundições. O pessoal menos qualificado, com baixa escolarização, é selecionado para o setor de rebarbação. Segundo representantes da empresa: “(...) Uma das coisas mais importantes que nós fazemos, melhor que investir em máquinas, é investir no ser humano para a qualificação. Isso é uma coisa que ajuda, eleva o nível e nos ajuda! Não vamos pegar gente de SP e trazer para cá... Vamos investir no pessoal local. Isso que é a grande meta, isso eleva o nível geral do pessoal local. Não adianta trazer gente de fora...”. Os diretores da empresa, em geral, foram enfáticos sobre a necessidade de apoiar a formação dos seus funcionários. Ressaltaram, ainda, as características culturais e regionais de Barra do Piraí, o perfil dos funcionários, destacando o baixo nível de escolaridade e as deficiências do poder público no que se refere ao tema. Segundo o presidente da unidade, a empresa precisa investir muito em educação, visto que a cultura geral na região de Barra do Piraí é muito baixa. Ressaltou a importância dos cursos técnicos com especialização, em convênio com o SENAI de Itaúna (MG), onde mantém uma “escolinha” com curso específico de técnico em modelação, que forma profissionais altamente especializados. A criação desse curso foi uma iniciativa da empresa, já que no mercado não era possível encontrar pessoas com qualificação nessa área, havendo a necessidade de trazer pessoas de fora. Atualmente a empresa já tem condições e se orgulha de formar seus próprios técnicos. “(...) Antigamente nós importávamos de São Paulo e até da Alemanha vinha modelador. Mas deu um problema danado. Porque havia uma diferença muito grande salarial com benefícios e destruía todos os planejamentos que fazíamos. E também a alta estima do nosso funcionário, que percebia essa diferença. Hoje eu falo em alto e bom som... Nós não temos mais nenhum alemão aqui dentro. Porque isso é altamente discriminatório. Porque chegavam ao Brasil com todas as regalias e benefícios e tiravam toda alta estima dos nossos funcionários” (representante da empresa). A empresa mantém, integralmente, três funcionários na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) cursando Engenharia de Fundição. Mantém políticas específicas de apoio à educação: concede bolsas de estudo para segundo grau técnico, 104 para terceiro grau de acordo com a área de atuação da pessoa (“relação de interesse mútuo”, segundo representante da empresa), para cursos de extensão e de línguas. Além disso, procura estabelecer convênios com instituições de ensino privadas para o fornecimento de descontos. Para incentivar a formação de adultos, a TKF chegou a oferecer um curso de alfabetização de adultos. O curso era ministrado na própria fábrica após o horário de trabalho. “Contratamos professores e, depois do trabalho, o pessoal, tomava banho e voltava para estudar. Isso é altamente elogiável. Pois o trabalho aqui é muito duro! Não é fácil. Esse programa objetivava eliminar o analfabetismo”.(representante da empresa) Em relação a treinamentos oferecidos pela empresa, os dados da pesquisa junto aos funcionários revelaram o seguinte quadro: TABELA 35 – TKF – EMPREGADOS POR CONDIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO EM TREINAMENTOS OFERECIDOS PELA EMPRESA, SEGUNDO O ESTRATO – FEV/2003 - % Descrição % - Estrato 1 Estrato 2 Part. Mulheres (homens – operacional) Sim 93 89 Não 7 11 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social. Estrato 3 (homens adm.) 82 18 Total 88 12 Segundo os trabalhadores, 88% já participaram pelo menos de um curso de formação oferecido pela empresa. Em compensação, quando perguntados sobre a quantidade de cursos realizados no ano de 2002, as respostas mostram que em média os trabalhadores realizaram menos de um curso no ano. Os dados mostram ainda que as mulheres (estrato 1) na média participaram de mais cursos de formação que os homens. TABELA 36 – TKF – MÉDIA DE CURSOS REALIZADOS EM 2002 PELOS EMPREGADOS, POR ESTRATO NÚMERO Estrato 1 Mulheres Estrato 2 Estrato 3 (Homens - operacional) (Homens Adm.) Número Cursos 1 0,73 0,69 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. Total Média 0,73 105 6.2. PERFIL DOS TRABALHADORES 6.2.1. Sexo Como já relatado anteriormente, a TKF tem no seu quadro de funcionários, majoritariamente, homens. Dos 1381 funcionários existentes, atualmente, apenas 2,53% são mulheres. 6.2.2. Cor/ Raça Os dados sobre a cor da pele ou raça dos empregados foram obtidos a partir da pesquisa por amostragem. Os funcionários foram perguntados sobre qual era a sua cor/raça. Do total dos respondentes, 38% se consideram brancos, 25% se consideram pretos e 37% se dizem pardos. Ninguém respondeu ser amarelo/asiático ou indígena. Somadas as respostas dos que se disseram pretos e pardos, teremos um total de 62% de funcionários negros11. Observando esses dados na sua especificidade, por estratos, verificamos que no estrato 1 (mulheres), 62% se consideram brancas, 7% se consideram pretas e 31% se consideram pardas – ou seja, 38% são negras. No estrato 3 (homens que não estão diretamente ligados ao setor produtivo), 64% se disseram brancos, 15% pretos e 21% pardos – ou seja, 36% são negros. No estrato 2 (nível operacional), a distribuição dos dados foi mais variável, 33% de brancos, 27% de pretos e 40% de pardos – ou seja, 67% são negros. TABELA 37 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR COR/RAÇA E POR ESTRATOS – FEV/2003 % Cor/Raça Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3 Branca 61 33 Preta 7 27 Parda 32 40 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. 11 Total 64 15 21 São considerados negros, a soma dos que responderam ser pretos e pardos. 38 25 37 106 6.2.3. Idade TABELA 38 - TKF - EMPREGADOS POR FAIXA DE IDADE E SEXO - JAN/2003 SEXO FEMININO MASCULINO Número % Número % 16 A 24 ANOS 6 17.7 114 8.7 25 A 29 ANOS 8 23.5 206 15.8 30 A 34 ANOS 1 2.9 200 15.3 35 A 39 ANOS 6 17.7 237 18.1 40 A 49 ANOS 12 35.3 419 32.1 50 A 64 ANOS 1 2.9 130 10.0 65 OU MAIS 0 0 1 0 TOTAL 34 100 1307 100 MÉDIA DE IDADE 34.6 36.7 Fonte: ThyssenKrupp Fundições S.A. Elaboração: Observatório Social. TOTAL FAIXA DE IDADE Número 120 214 201 243 431 131 1 1341 % 9.0 16.0 15.0 18.1 32.1 9.8 0 100 36.7 A média de idade dos funcionários em geral é de 36,7 anos, sendo um pouco menor para as mulheres. A distribuição de mulheres e homens segundo a idade apresenta maior concentração nas faixas etárias entre 40 a 49 anos. No entanto, proporcionalmente, podemos observar que há um contingente significativo de jovens na empresa. 6.2.4. Nível de Escolaridade TABELA 39 – TKF – EMPREGADOS POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE – Escolaridade Homens Mulheres Primário 27 Ginásio incompleto 656 Ginásio completo 227 Colegial incompleto 137 1 Colegial completo 212 16 Superior incompleto 18 6 Superior completo 30 11 Total 1307 34 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social JAN/2003 Total 27 656 227 138 228 24 41 1341 %l 2,0 48,9 16,9 10,3 17,0 1,8 3,1 100,0 O nível de escolaridade em geral é baixo. Proporcionalmente, as mulheres têm escolaridade maior que os homens. A maior parte dos homens, com baixa escolaridade, está concentrada na área operacional, como mostram os dados obtidos com a pesquisa por amostragem. Os resultados da pesquisa por questionário demonstram que 62% dos trabalhadores do nível operacional têm, no máximo, ensino fundamental completo; 107 33% têm, no máximo, ensino médio completo e apenas 1% tem formação universitária. No estrato 3, encontram-se muitos funcionários com formação técnica, que atuam nas áreas de qualidade e segurança do trabalho. Nesse estrato, a maioria, ou seja, 61% têm até o ensino médio completo e 23% estão cursando ou já têm curso universitário. Entre os pesquisados, o grupo de mulheres (estrato 1) foi o único em que apareceu profissional com nível de pós-graduação. 6.2.5. Empregabilidade – Anos de Trabalho na Empresa QUADRO 9 – TKF - TEMPO DE TRABALHO NA EMPRESA Homens Mulheres Ano de Tempo de Número de % Ano de Tempo de Admissão Trabalho Funcionários Admissão Trabalho 1971-1973 30 anos ou 6 0,46 1976 27 anos mais 1974-1977 26 a 29 anos 31 2,37 1977 26 anos 1978-1980 23 a 25 anos 26 1,99 1986 17 anos 1981-1983 20 a 22 anos 14 1,07 1987 16 anos 1984-1987 16 a 19 anos 131 10,02 1988 15 anos 1988-1990 13 a 15 anos 71 5,43 1989 14 anos 1991-1993 10 a 12 anos 42 3,21 1992 11 anos 1994-1997 06 a 09 anos 233 17,83 1995 08 anos 1998-2000 03 a 05 anos 412 31,52 1997 06 anos 2001-2002 00 a 02 anos 333 25,48 1998 05 anos 1299 2000 03 anos 2001 02 anos 2002 01 ano Elaboração: Observatório Social Número de Funcionários % 01 2,94 01 02 02 01 05 01 01 03 02 06 01 08 34 2,94 5,88 5,88 2,94 14,70 2,94 2,94 8,82 5,88 17,64 2,94 23,53 108 GRÁFICO 2 – TKF – EMPREGADAS POR TEMPO NO EMPREGO - JAN/2003 3% 3% 6% 23% 6% 3% 3% 15% 3% 17% 9% 3% 6% 27 anos 26 anos 17 anos 16 anos 15 anos 14 anos 11 anos 8 anos 6 anos 5 anos 3 anos 2 anos 1 ano Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social GRÁFICO 3 – TKF – EMPREGADOS POR TEMPO NO EMPREGO – JAN/2003 2% 2% 1% 25% 1% 10% 5% 3% 19% 32% 30 anos ou + 26 a 29 anos 23 a 25 anos 20 a 22 anos 16 a 19 anos 13 a 15 anos 10 a 12 anos 6 a 9 anos 3 a 5 anos 1 a 2 anos Menos de 1 ano Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social Ao observar os dados referentes aos anos de trabalho dos funcionários, 109 constatou-se que o período de 1994 a 2000 foi bastante significativo em temos de crescimento da força de trabalho e, conseqüente, geração de empregos. Esse período coincide com a abertura de novos mercados. Nas entrevistas, os representantes da empresa falam com muito entusiasmo da abertura do mercado externo e justificam que, graças a isso, a empresa conseguiu conter os ciclos de sazonalidades, imposto pelo ritmo do mercado nacional, que gerava oscilação no quadro de funcionários. Embora esse tempo médio de trabalho na empresa esteja variando entre sete e nove anos de casa, o que dá uma idéia de estabilidade, 44% dos pesquisados já foram demitidos/ readmitidos pelo menos uma vez. Nos últimos anos essa tendência de oscilação no quadro tem se estagnado. Segundo a fala de um dos diretores do sindicato: “A demissão é uma prática comum, o trabalhador é demitido e depois readmitido com um salário menor. Nos últimos anos tem havido em média 10 demissões por mês, sendo que, nos últimos meses, estão suspensas quaisquer contratações”.(Diretor do sindicato, agosto 2002). Por sua vez, os representantes relatam que as pessoas que ocupam cargos de chefia estão empregadas há, pelo menos, 10 anos. 6.2.6. Salários Já foi feita anteriormente uma descrição detalhada dos salários pagos na TKF. Nesse sentido, serão destacados os dados obtidos com a aplicação da pesquisa por questionário. A estatística revelou que os salários de 69% das mulheres, ou seja, a maioria, está na faixa de R$ 601,00 a R$ 1.400,00, e que 17% delas estão recebendo na faixa entre R$ 401,00 a R$ 600,00. Ao verificar a relação de salários fornecida pela empresa, pode-se constatar que não há mulher que receba salário menor que R$ 532,00, como também não há nenhuma que receba acima de R$ 4.000,00. Vale lembrar que a amostra da pesquisa selecionou para entrevista todas as mulheres que estavam na empresa naquele período, inclusive a que ocupa cargo na diretoria. Os dados também revelaram que, em média, 110 as mulheres recebem mais do que os homens. Quanto aos entrevistados do estrato 3, verifica-se que a maioria (44%) recebe entre a faixa de R$ 601,00 a 1.000,00. Mas um contingente significativo de 31% que está recebendo na faixa de R$ 401,00 a R$ 600,00. Na amostra não apareceu ninguém que tivesse salário maior do que R$ 4.000,00. A realidade salarial muda consideravelmente quando analisados os dados obtidos no estrato 2, junto ao pessoal das áreas operacionais. Desses, 48% recebem salários entre R$401,00 e R$ 600,00. Somados os valores, tem-se que 91% recebem salários até R$ 1.000,00. GRÁFICO 4 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR FAIXA DE SALÁRIOS – FEV/2003 3% 2% Até R$400,00 17% 6% R$401,00 a R$600,00 R$601,00 a R$1000,00 R$1001,00 a R$1400,00 27% R$1401,00 a R$2000,00 R$2001,00 a R$4000,00 45% R$4001,00 ou mais Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatórios Social. GRÁFICO 5 – TKF - DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO E DE DIRETORIAS NÃO LIGADAS DIRETAMENTE À PRODUÇÃO – FEV/2003 Até R$400,00 5% 8% R$401,00 a R$600,00 8% R$601,00 a R$1000,00 5% 31% 43% R$1001,00 a R$1400,00 R$1401,00 a R$2000,00 R$2001,00 a R$4000,00 R$4001,00 ou mais Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social 111 GRÁFICO 6 – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS DO SEXO MASCULINO E DA DIRETORIA INDUSTRIAL, POR FAIXAS DE SALÁRIOS – JAN/2003 3% 6% 1% 10% Até R$400,00 R$401,00 a R$600,00 R$601,00 a R$1000,00 27% R$1001,00 a R$1400,00 R$1401,00 a R$2000,00 R$2001,00 a R$4000,00 R$4001 00 ou mais 53% Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social GRÁFICO 7 – TKF DISTRIBUIÇÃO DO SEXO FEMININO POR FAIXA SALARIAL – FEV/2003 7% 7% 17% R$401,00 a R$600,00 R$601,00 a R$1000,00 R$1001,00 a R$1400,00 R$1401,00 a R$2000,00 34% 35% DOS R$2001,00 a R$4000,00 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. EMPREGADOS 112 6.3. DIREITOS TRABALHISTAS E AMBIENTAIS: RESULTADOS DA PESQUISA 6.3.1. Liberdade Sindical Os empregados do Grupo TK no Brasil, área produtiva, são representados por seis sindicatos do segmento metalúrgico. Cada entidade atua nas bases territoriais onde estão localizadas as unidades produtivas da empresa. QUADRO 10 – GRUPO THYSSENKRUPP - UNIDADES PRODUTIVAS E REPRESENTAÇÃO SINDICAL TK – Unidade Produtivas LOCALIZAÇÃO SINDICATOS FILIAÇÃO ThyssenKrupp Metalúrgica Campo Campo Limpo- SP Metalúrgicos de SP Força Sindical Limpo Paulista Krupp Metalúrgica Santa Luzia Santa Luzia - MG Metalúrgicos de BH CUT ThyssenKrupp Fundições Barra do Piraí – RJ Metalúrgicos de Barra do Matozinhos – MG Piraí - RJ e de Matozinhos Independente - MG ThyssenKrupp Elevadores e Guaíba – RS Metalúrgicos de Porto CUT Tecnologia Alegre – RS Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. No caso da unidade produtiva da TKF, objeto deste estudo, a maior parte dos funcionários é representada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos de Barra do Piraí, que está enquadrado na categoria metalúrgica. Esse sindicato representa também os trabalhadores de outras empresas do ramo mecânico-metalúrgico na cidade de Barra do Piraí, estendendo suas bases para as cidades de Valença, Vassouras, Paulo de Frontin e Piraí, contabilizando aproximadamente de 70 empresas. Em termos numéricos, o sindicato tem em sua base um contingente de cerca de 2500 trabalhadores e conta com 785 trabalhadores sindicalizados. A direção do sindicato é composta por um total de 16 dirigentes, dos quais sete empregados da TKF. Entre estes, um é liberado (direito conquistado em novembro de 2002), dois são afastados, recebendo da empresa apenas os encargos sociais (parte desses direitos conquistados judicialmente em 1998), e quatro trabalham em tempo 113 integral, mas têm o direito de abonar três dias por mês para realizar atividades sindicais, desde que a empresa seja comunicada com antecedência. Esse é o quadro de sindicalistas que a entidade dispõe para atuar na região. A presença e a atuação do Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí e Região cumprem historicamente um papel muito importante, não somente para os trabalhadores da sua base como também para os de outras categorias. O sindicato, ao longo dos anos, vem dando apoio e incentivo à formação de outros sindicatos como, por exemplo, o das costureiras que, no período de sua fundação, chegou a ficar instalado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. O sindicato também ajudou a fomentar atividades produtivas autogestionárias desenvolvidas por desempregados da sua base. Numericamente, o sindicato já foi maior, mas nos últimos anos vem sofrendo, como vários outros sindicatos, os reflexos de crises econômicas, que têm provocado o fechamento de empresas na região e o aumento do desemprego. Ele dispõe de estrutura física e pessoal para desenvolver ações de representação política e jurídica, bem como prestar serviços aos membros da categoria (serviços odontológicos e cursos de qualificação profissional.) A empresa relaciona-se diretamente com o sindicato para realizar as homologações das rescisões de contrato de trabalho e fazer as negociações coletivas, apesar de ser associada ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas de Volta Redonda - CIRJ - Centro Industrial do RJ e à ABIFA Associação Brasileira de Fundições. Segundo os sindicalistas entrevistados, o SITMMMEBP elaborou seu estatuto livremente, sem sofrer interferências ou cerceamentos por parte do Estado ou dos empresários. Do quadro total de 1341 funcionários da TKF, atualmente existem 309 sindicalizados. Destes, apenas uma mulher. A maior parte dos membros da direção do sindicato é de empregados da ThyssenKrupp Fundição. A pesquisa amostral junto aos trabalhadores desta unidade mostrou que 28% dos entrevistados declararam ser associados ao sindicato dos metalúrgicos, 3% 114 (trabalhadores das áreas administrativas) responderam que são sócios de outros sindicatos (contabilistas, engenheiros) e 69% não são associados a nenhum sindicato. Dentre os que são associados, a metade respondeu que nunca participa de reuniões/assembléias convocadas pelo sindicato. GRÁFICO 08 – TKF – EMPREGADOS POR CONDIÇÃO DE ASSOCIAÇÃO A SINDICATOS – FEV/2003 - % 28% 3% 69% Sindicato dos Metalúrgicos Outros Sindicatos Não Associados Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Ao serem questionados sobre os motivos que os levam a não participar das atividades sindicais, a maioria respondeu que é em decorrência da falta de tempo, já que os horários de trabalho são por turnos alternados, revezando-se inclusive aos sábados e domingos. As demais justificativas, pela ordem, foram as seguintes: TABELA 40 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE MOTIVOS PARA NÃO PARTICIPAÇÃO EM ATIVIDADES SINDICAIS - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* MOTIVOS SIM Desinteresse pelo assunto 5 Falta de tempo 52 Temor de sofrer represálias da empresa 8 Discordância quanto às posições do sindicato 11 Outros motivos 29 *Admite múltiplas respostas. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social O tempo médio de sindicalização, em anos, entre os que se declararam sócios do SITMBP é de 10,45 anos. As respostas específicas por estratos não revelaram 115 grandes variações. No estrato 2 (pessoal operacional), a média de tempo foi de 10,41 anos. No estrato 3 (pessoal indireto), a média foi de 11,86. No estrato 1, a única mulher está associada ao sindicato a 3,2 anos. Por meio de recursos estatísticos12, buscou-se verificar se havia diferenças significativas para as respostas de empregados segundo o sexo e a cor. Os testes feitos no cruzamento entre a variável “associação ao Sindicato dos Metalúrgicos” e as características de sexo ou cor dos entrevistados não apresentaram diferença relevantes. Ninguém cogitou qualquer possibilidade de sofrer discriminação na empresa por motivos de ordem política, como, por exemplo, a participação sindical. A lei brasileira garante o direito dos detentores de mandato sindical a disporem de tempo necessário ao exercício de suas atividades, sem, contudo, garantir a remuneração. E a CCT restringe a liberação dos dirigentes sindicais, sem remuneração, por solicitação da entidade, ao máximo de 30 dias ao ano. Os dirigentes sindicais acompanham o processo de eleição de membros da CIPA e da comissão de negociação do Programa de Participação nos Resultados (PPR). Nesta última há um representante indicado pelo sindicato. Para o desenvolvimento de atividades de representação no local de trabalho (tempo e acesso aos locais), os sindicalistas dependem de autorizações ad-hoc. O diretor, para ter acesso e fazer contatos diretos com os trabalhadores, precisa comunicar a gerência, ainda que esteja trabalhando no local. A forma mais usual de comunicação da entidade sindical com os trabalhadores nessa empresa é por meio de materiais impressos – jornais, boletins, panfletos – distribuídos na frente da fábrica pelos sindicalistas ou fixados em quadro de aviso específico dentro da fábrica. Eventualmente, é usado, também, carro de som, que é postado em frente ao portão de entrada dos funcionários antes do início da jornada de trabalho ou no período de intervalos para o almoço. Mesmo assim, a empresa precisa ser comunicada, pois, como já descrito anteriormente, está localizada 12 Utilizamos o Teste de Pearson com correção por meio do EPA médio 116 em uma área afastada da cidade e todo o terreno à sua volta é de propriedade da mesma. Isso, de certa forma, dificulta o acesso de contato livre com os trabalhadores, podendo ser caracterizado como invasão de propriedade. O uso do carro de som ocorre, principalmente, durante as campanhas salariais anuais ou em momentos em que a entidade pretende mobilizar os trabalhadores para que compareçam às assembléias ou a outros eventos sindicais. Os resultados da pesquisa amostral quanto às principais formas de acesso às informações sindicais foram os seguintes: TABELA 41 – TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE AS FORMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE ATIVIDADE SINDICAL, SEGUNDO O SEXO E A ÁREA DE TRABALHO - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* FORMA DE INFORMAÇÃO Estrato 1 Mulheres Estrato 2 Homens Operacional Estrato 3 Homens Indiretos Jornais, boletins ou panfletos 97 84 Conversas com colegas 7 20 Conversas com sindicalistas 3 11 *Admite multiplas respostas. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social 87 18 3 Apesar de a TKF ter três diretores sindicais trabalhando diretamente na área de produção, os resultados do estrato 2 mostram que apenas 11 % conversam diretamente com os diretores sindicais. Por sua vez, 20% nesse estrato disseram obter informações referentes ao sindicato em conversas com colegas. No tocante ao tema Liberdade Sindical, a pesquisa amostral e principalmente os contatos feitos com os trabalhadores da TKF permitem afirmar que, de maneira geral, a questão da participação, seja em relação ao sindicato, seja em outras atividades, ainda, não é algo presente, incorporada entre os trabalhadores. Não existe na empresa uma Comissão de Fábrica. As práticas de trabalho são pouco participativas – característica própria dos modelos clássicos de produção. Durante o processo de coletas de dados, não raro foram os casos de trabalhadores que externaram uma opinião, mas pediram para assinalar uma outra totalmente adversa. Muitos demonstraram total desconhecimento sobre questões referentes ao sindicato 117 com a empresa – questões que, muitas vezes, os afetavam diretamente. O quadro encontrado na TKF revela o desenvolvimento de uma cultura mais geral, própria da realidade em que vivem. Uma cultura que reforça posturas paternalistas e pouco participativas, dependentes do Estado, da empresa e do sindicato. Segundo a fala de um dos diretores do sindicato: “Os trabalhadores, se convocados, só respondem mediante alguma recompensa que sirva de estímulo”. No entanto, pode-se aferir que há um desejo de mudança. Eles não sabem ao certo de que forma agir, mas o desejo existe. Alguns externaram verbalmente o interesse em conhecer melhor o sindicato e questões referentes à empresa. Apesar de todas as dificuldades inerentes à produção na fundição, os trabalhadores procuravam sempre uma afirmação positiva. Subjetivamente, era possível ler nas suas falas algo como: “esse é o meu trabalho, é o que eu fiz a vida toda, é o que eu tenho e dependo para viver, portanto eu o defendo sob qualquer circunstância”. Não foi possível analisar a atitude da empresa em relação a greves, em função de não ter havido qualquer tipo de movimento nos últimos anos. De acordo com os sindicalistas, o desconto sindical é feito diretamente em folha de pagamento. Até 1985, um dos diretores do sindicato era responsável pelo recrutamento de pessoal, o que facilitava o acesso aos trabalhadores no processo de admissão, para que pudessem optar ou não pela sindicalização. Atualmente, o sindicato depende de campanhas de sindicalização para manter o seu quadro de filiados. 6.3.2. Negociação Coletiva Como foi dito anteriormente, os empregados da TKF, majoritariamente, são representados pelo SITMBP. A entidade sindical estabelece negociações diretas com as empresas presentes em sua base territorial, o que envolve a TKF. A relação entre o sindicato e a TKF vem, segundo avaliação de ambas as 118 partes, construindo-se num processo de aprendizado mútuo e melhorou significativamente nos últimos anos. Em entrevista, os representantes do sindicato chegaram a comentar que antigamente havia uma postura de enfrentamento e maior hostilidade de ambas as partes. Segundo um dos diretores:“A empresa, era fechada, não aceitava negociação. E nós partíamos logo para o enfrentamento, não existia negociação, era choque de posições. Hoje as coisas estão mudando, estamos mais abertos. Porém acredito que muita coisa ainda precisa e pode melhorar”. (Diretor sindical). Por sua vez, a fala do presidente dessa unidade ratifica esse processo de mudança que vem sendo construído. “Antigamente tivemos muitos problemas, mas nós mudamos e o sindicato mudou. E atualmente nós temos um bom relacionamento e até diria um excelente relacionamento. Nós todos amadurecemos. (...) Nós brigávamos, guerreávamos e de tanto guerrear resolvemos fazer paz. Juntando as forças, todo mundo ganha”. Nesse sentido, percebe-se que há um campo fértil de possibilidades, de criação de estímulos para ação, tanto no que se refere à empresa como ao sindicato, atitudes que elevem as condições gerais de ações participativas que envolvam os trabalhadores. 6.3.2.1. A negociação da PLR A discussão sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) na TKF foi fruto da atividade sindical e de uma posterior determinação imposta por lei, sendo considerada pelo gerente de RH como conquista do trabalhador, em virtude de toda a negociação empresa-sindicato para a sua implantação. No Plano, todos os objetivos são estabelecidos por uma comissão por departamento, formada de empregados, sempre com um representante do sindicato. As comissões discutem e elaboram metas, definem aquelas que vão ser utilizadas para aferição e as que vão ser apresentadas para a empresa. Existem, por mês, quatro metas que são dos empregados, colocadas pelos departamentos, e duas da empresa, num total 119 de seis metas. Para cada meta são atribuídos pontos, só que as duas da empresa valem quatro pontos e as quatro dos departamentos valem um ponto e meio cada uma, totalizando dez pontos. Tudo isso vai resultar ao final do ano em um máximo de cento e vinte pontos. O total dos pontos, se conquistados, representarão uma bonificação de um Salário Mínimo. Todas as metas dos vários departamentos são discutidas em reuniões anuais com a empresa e com o sindicato. Se aprovadas, são acompanhadas mensalmente pelo próprio departamento, que informará o resultado para a empresa ao final de cada mês. O Departamento de Relações Industriais se encarrega de publicar esses resultados e divulgá-los no quadro de avisos. Depois dos seis primeiros meses, há uma discussão sobre a necessidade de haver ou não uma antecipação a partir de uma possível negociação sindical e também uma averiguação sobre como está andando o processo. Nos últimos seis meses, outras discussões surgem a partir da validação do resultado final e também para o estabelecimento de novas metas. Existem também metas individuais. Cada funcionário tem a sua meta contabilizada a partir do número de faltas. Há todo um acompanhamento da empresa nesse sentido. O funcionário pode ter um certo número de faltas sem qualquer dano. A partir desse número, ele é individualmente penalizado, porque a contribuição dele vai ficando menor. Nas entrevistas, os representantes de empresa não apresentaram qualquer indicativo sobre uma possível transferência de suas atividades produtivas para outras regiões ou país, muito menos com a finalidade de influenciar nas negociações. Uma das principais dificuldades ressaltadas pelos diretores do sindicato, no tocante à negociação com a empresa, refere-se ao fato de a TKF não fornecer informações, principalmente do seu desempenho econômico-financeiro. Sem o acesso aos resultados financeiros da empresa, todo o processo de negociação fica prejudicado, inclusive quanto à negociação da PLR. A pauta de reivindicações do Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí 120 em 2002 envolvia 37 pontos, para vigorar a partir de 1o de maio de 2002. Destacam-se: • Reajuste salarial de acordo com o índice inflacionário apurado pelo ICVDIEESE, tendo como objetivo recompor as perdas do poder aquisitivo do salário face à inflação, repondo o poder de compra. • Piso salarial de R$ 400,00. • Complementação do 13o salário. • Bonificação de horas extras, remuneradas com a sobretaxa de 100%, entre outros pontos. Na assinatura do Acordo Coletivo de 2002, foram aprovados 31 itens, dos quais destacamos: • Reajuste do Plano de Cargos e Salários em 7,5%; • Piso salarial, obedecendo a critérios definidos no Plano de Cargos e Salários da empresa para o menor salário da categoria, a saber: • Salário de Admissão R$ 304,00 • Salário de efetivação: Após 90 dias R$ 326,00 • Salário de Equiparação: Após 180 dias R$ 353,00 • Adiantamento do 13o. salário, comprometendo-se a antecipar 50%, limitado a R$ 500,00. • Horas extras, pagas com os seguintes adicionais: a) 65% para o trabalho prestado para os dias úteis; b) 100% para o trabalho prestado durante os dias compensados, domingos e feriados. Fica estabelecido que os empregados da empresa poderão marcar o ponto de entrada com até 30 minutos de antecedência da jornada de trabalho com intuito de usufruir o desjejum, sem caracterização de horários extraordinários. 6.3.2.2. Horas extras Segundo dados fornecidos pela empresa, no período de set/2001-2002 foram trabalhadas 210.539 horas, das quais as horas normais foram de 195.581 horas. Foram 121 realizadas, em média, 14.958 horas extraordinárias - 3.280 horas em dias úteis e 11.678 horas nos domingos e feriados – representando 7,6% do total de horas trabalhadas. A média total de horas trabalhadas no período relativo a out/2002 a jan/2003 foi de 195.041, das quais 10.927 foram horas extras – 1.859 em dias úteis e 9.068 em domingos e feriados. As informações dos trabalhadores, obtidas nos questionário, revelam que a realização de horas extras é uma prática “normal” na empresa. Na semana anterior às entrevistas, as mulheres tinham realizado, em média, 1:29 hora extra. O estrato 2 (homens na produção) fez em média 3:56 horas extras na semana; e o estrato 3 (homens ligados às outras diretorias) realizou em média 4:08 horas extras na semana. Segundo as respostas, as horas extras no mês de janeiro foram as seguintes: TABELA 42 – TKF - DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR FAIXA DE HORAS EXTRAS TRABALHADAS NO MÊS, SEGUNDO O ESTRATO – JAN/2003 – % Horas Estrato 1 Mulheres Estrato 2 – DRI Homens Operacional Estrato 3 Homens Administrativo 0h 63 34 Até 4h 10 6 5h a 10h 10 28 10h a 20h 0 12 20h a 40h 14 14 40h ou mais 3 6 Sem inf. 0 0 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social Total 43 5 18 23 8 0 3 36 6 26 13 13 5 1 Dos 321 trabalhadores consultados, 64% disseram ter feito horas extras no mês de janeiro, apesar do período de férias coletivas. Observando os dados referentes ao estrato 2 (diretamente ligados à produção), verifica-se que 60% dos consultados fizeram mais de 5 horas no mês de janeiro; entre esses, 14% responderam ter feito de 20 a 40 horas, e 6% responderam que fizeram mais de 40 horas extras no mês. Constatou-se, também, que nos setores da macharia e da rebarba, as horas extras ocorrem com mais freqüência. Os trabalhadores denominam as horas extras de “serões”, principalmente quando trabalham nos finais de semana, “virando nas madrugadas de sábado para domingo e ou de domingo para segunda-feira” 122 (trabalhador). Ainda no tocante às horas extras, percebe-se que é um aspecto pouco tratado entre as partes - sindicato, empresa e, os principais envolvidos, os trabalhadores. A relevância em chamar a atenção sobre esse ponto está no fato de haver um reconhecimento, de todos, de que as atividades numa fundição são excessivamente desgastantes. Nesse sentido, é evidente que a jornada normal de 8 horas de trabalho já se torna cansativa. No entanto, os trabalhadores costumam ficar além da jornada, o que aumenta a sua exposição a situações de riscos, principalmente de acidentes de trabalho. Quanto a outros itens referentes à negociação coletiva, a pesquisa amostral também revelou que 61% dos consultados consideram que o principal papel do sindicato é fazer a Negociação Salarial. As respostas estão seqüencialmente descritas na tabela a seguir. TABELA 43 - TKF- OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SINDICATO POR ESTRATO - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* Opções Total Estrato 1 Mulheres Fazer negociação salarial 61 Dar orientação política 51 Oferecer formação profissional 38 Resolver problemas com a gerência 31 Prestar serviços de assistência médica. 28 Prestar serviços de assistência jurídica 22 Outras 2 * Admite múltiplas respostas. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social. 55 62 14 28 21 31 0 Estrato 2 Homens Operacional 62 52 39 34 28 2 1 Estrato 3 Homens Indiretos 56 67 38 18 26 33 5 Como se pode observar, a opção ‘dar orientação política para as lutas dos trabalhadores’ foi mais destacada pelas mulheres e homens que não atuam diretamente na produção. Já ‘Fazer a negociação salarial’ foi mais acentuada pelo grupo diretamente ligado à produção. A pesquisa amostral revelou que 16% do total de entrevistados discordam das posições da direção do sindicato. Mas para a maioria, o sindicato é reconhecido como um ator importante, principalmente no que se refere às negociações salariais, 123 tendo a função de liderança política (no sentido amplo da palavra). 6.3.3. Trabalho Forçado Nas entrevistas com dirigentes sindicais e na observação das condições de trabalho na empresa, não foi constatada nenhuma queixa ou irregularidades relacionadas ao tema em questão. 6.3.4. Trabalho Infantil Também não foi encontrada na TKF qualquer irregularidade referente ao trabalho infantil. Por outro lado, a empresa não mantém nenhum programa específico de incentivo à erradicação do trabalho infantil, assim como não há política de restrição ou controle sobre as práticas dos fornecedores no que se refere ao tema. Os programas mantidos pela empresa e que foram bastante enfatizados nas entrevistas dizem respeito à educação. Um exemplo é o convênio de aprendiz, mantido junto ao SENAI. Atualmente, esse programa conta com nove alunos que estudam e recebem R$ 102,91 por mês. 6.3.5. Discriminação de Gênero e Raça O item que trata do perfil dos empregados já registrou que a TKF tem um número muito reduzido de mulheres. Dos 1.341 funcionários, apenas 34 são mulheres, representando 2,53% do quadro geral. Segundo áreas de divisão da empresa, 25% das mulheres ocupam cargos ligados à Diretoria Industrial e os 75% restantes ocupam cargos ligados às demais diretorias. Quanto ao número reduzido de mulheres na empresa, representantes da companhia informaram, durante entrevistas, que existe na região uma disponibilidade muito grande de força de trabalho masculina, que exerce forte demanda sobre a empresa, o que de certa forma inviabiliza a contratação com outro perfil. Também 124 disseram que já houve, em outros momentos, um contingente maior de mulheres, mas sempre voltadas para área administrativa; no entanto, essa área sofreu um enxugamento e, conseqüentemente, houve redução do número de mulheres. Os representantes avaliam que, proporcionalmente, cada vez mais mulheres ocupem posições importantes na empresa, tendo, por exemplo, engenheiras. Segundo avaliação, essas mudanças são importantes visto que, antigamente, as mulheres ocupavam postos como secretárias, funções administrativas, mas, atualmente, passam a ocupar função gerencial na área industrial. Também foi considerado pelos representantes que, em algumas áreas do acabamento na produção, macharia, por exemplo, existem serviços mais leves, sendo uma das possíveis áreas que poderia vir a absorver força de trabalho feminina: “(...) Os serviços de macharia são de certa forma leves, não demandam esforço físico muito grande, o que aí sim poderia comprometer a presença da mulher, na verdade, demanda uma habilidade com determinados equipamentos e uma continuidade, um nível de produtividade, que a mulher é capaz de obter talvez melhor do que o homem (...) Então é uma área de oportunidade que pode trazer uma integração, uma presença maior da mulher e quebrar um pouco aquele mito, aquele paradigma, de que a mulher dentro da área de produção, em uma fundição, não é muito bem-vinda. Isso é uma coisa que era impensável em função de ser um ambiente agressivo (...) É uma grande verdade que o fundidor tradicional é muito machista, muitos ainda vêem a área de fundição como algo artesanal, como se fosse uma oficina dele, mas, hoje existe um nível de tecnologia embarcado que não há razão para não se ter a presença feminina lá também”(Gerente da empresa). Como não há mulheres trabalhando nas áreas de produção, destacaremos alguns dados com as respostas das mulheres (estrato1) e dos homens (estrato3). QUADRO 11 - TKF - COMPARAÇÃO DE INDICADORES SELECIONADOS POR GÊNERO (ESTRATOS 1 E 3) – FEV/2003 Descrição Mulheres (Estrato 1) Homens (Estrato 3) Média de idade 34 anos 35 anos Grau de escolaridade Ensino superior completo Ensino médio completo Média de anos de trabalho na empresa 9,07 6,00 Associação ao Sindicato dos Metalúrgicos 3% 23% Participação cursos de treinamento 93% 82% Menor salário (em faixas salariais) R$ 401,00 a 600,00 Até R$ 400,00 Maior salário (em faixas salariais) R$ 2.001,00 a 4.000,00 R$ 2001,00 a 4.000,00 Horas extras (média semanal). 1,29 Hora 3,58 horas Fonte: Pesquisa ThyssenKruppp, 2003. Elaboração: Observatório Social No tocante a esses itens, as mulheres estão no mesmo patamar que os 125 homens, salvo que, mesmo nas áreas indiretamente ligadas à produção, há também um número muito mais elevado de homens. Quando questionadas sobre a possibilidade de realização na empresa, 48% das mulheres responderam que as oportunidades são ‘boas’, 31% disseram “regulares” e 10% responderam que são “ruins”. Já do estrato 3 (homens de outras diretorias), 38% responderam que as oportunidades são “boas”; 44% disseram “regular”; 3% disseram “ruim” e outros 3%, “muito ruim”. Segundo informações oficiais da empresa, a estrutura salarial da TKF se baseia em fatores objetivos sem considerar sexo, raça ou outros atributos individuais de seus ocupantes. Os critérios adotados para o posicionamento das pessoas na estrutura salarial são: qualificação profissional, o conhecimento adquirido na empresa, a complexidade das tarefas realizadas, a avaliação da chefia, entre outros. A contratação das pessoas é por seleção de currículos, como também por teste de seleção. Não é usado anúncio em jornais, dado o grande número de pessoas que cotidianamente se apresenta na fábrica à procura de emprego. Existe um banco de cadastro com os currículos dos possíveis interessados. Uma vez consultado esses dados, são selecionados os candidatos – feitos testes e entrevistas – e posteriormente contratados. Caso não haja nenhum currículo cadastrado, a empresa comunica aos seus funcionários a existência das vagas, e estes ajudam a divulgar. A empresa valoriza a continuidade, sendo comum a existência de pais e filhos trabalhando no mesmo local. Mesmo com indicação, os candidatos são analisados dentro do processo normal, com testes de admissão, incluindo exames médicos. Na pesquisa, quando questionados sobre os critérios de promoção usados na empresa, os trabalhadores em geral responderam segundo a ordem de apresentação: - Formação escolar e técnica - Experiência adquirida no trabalho - Dedicação à empresa - Outros critérios - sem especificar exatamente quais. Apesar de a empresa ter explicitado os seus critérios promocionais, 126 verificou-se que em geral dependem da avaliação (subjetiva) dos superiores (chefia) – o que viabiliza a ocorrência de práticas discriminatórias nas promoções dentro da empresa. As respostas das mulheres não divergiram do conjunto dos trabalhadores. A empresa não tem programas ou políticas orientadas especificamente para a não-discriminação ou a diversidade. Segundo a Convenção 111 da OIT, pode-se concluir, por meio deste dado que, uma vez que a empresa não possui nenhuma política voltada para o combate às desigualdades de cor/raça no seu interior, ela estaria (“automaticamente”, ou “inevitavelmente”) viabilizando a reprodução de práticas discriminatórias no seu funcionamento (especialmente por meio das avaliações de pessoal, voltadas para recrutamento e seleção, contratação ou efetivação, e escolhas para treinamento, promoção e demissão). No entanto, no processo de pesquisa, verificou-se que não há uma postura que impeça a discussão sobre o assunto. Os trabalhadores, quando questionados sobre a discriminação por gênero ou cor/raça, no geral responderam que não sofrem discriminação, seja em função do sexo ou em função da cor13. Verificou-se que há uma presença grande de negros na empresa. Como já exposto no perfil dos funcionários, entre as mulheres, 31% declararam-se pardas, 7% declararam-se pretas, totalizando 38% de negras. Entre os homens do estrato 3 (pessoal indireto), 15% declararam-se pretos e 37% pardos. Entre os homens do estrato 2 (diretamente ligados à produção), esses números são maiores, 27% pretos e 40% pardos. No total de entrevistados, somando-se as respostas (pardos e pretos), chega-se a 62% dos entrevistados como pertencentes à raça negra. Durante o trabalho de campo, foi possível perceber que os trabalhadores negros estão presentes em vários setores da empresa, inclusive ocupando cargos de 13 Vale ressaltar que as questões diretas feitas por questionários sobre discriminações não são suficientes para um diagnóstico mais apurado com relação a gênero e cor/raça, uma vez que se tratam de temas muito subjetivos, portanto de difícil abordagem. Soma-se o fato de que a palavra “discriminação” é comumente confundida, entre os trabalhadores e pelo senso comum, com abordagens mais diretas e pessoais, do tipo ofensas e xingamentos – o que não é o caso desta pesquisa, que trata de um enfoque da discriminação por meio de mecanismos mais indiretos e institucionais. 127 supervisão como, por exemplo, de RH. Porém onde se encontrou maior contingente de homens negros foi na área de produção, principalmente nos setores como fusão, rebarba, jateamento, áreas de trabalhos bastante pesados. Isso, em parte, explica as diferenças salariais encontradas entre homens brancos e homens negros, apresentadas no quadro abaixo. TABELA 44 – TKF – DISTRIBUIÇÃO DOS EMPREGADOS POR FAIXA SALARIAL, SEGUNDO A COR/RAÇA – FEV/2003 - % DO SEXO Total de Homens Brancos Total de Homens Negros = 182 = 110 Soma de pardos (74) e pretos (108) Menos de R$ 400,00 20 401,00 a 600,00 35 601,00 a 1.000,00 34 1.001,00 a 1.400,00 09 1401,00 a 2.000,00 07 2.001,00 a 4.000,00 05 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. MASCULINO, Faixas salariais 32 98 43 05 03 01 De um modo geral, a maioria dos homens - brancos e negros - está concentrada nas três primeiras faixas salariais e recebem até R$ 1.000,00. Apesar do número de negros ser maior, o que dificulta uma associação comparativa direta entre os dados, podemos verificar que há uma diferenciação, significativa, na distribuição de pessoas entre as faixas salariais, ou seja, à medida que os salários aumentam, decresce o número de trabalhadores negros. Esses dados se revelaram ainda mais contundentes no caso das mulheres. Entre as 18 que responderam serem brancas, os salários não são menores de R$ 601, 00 e não ultrapassam os R$ 4.000,00. Em comparação, entre as que responderam ser pardas (duas) e pretas (nove), somando-se 11 negras, os salários variam entre R$ 401,00 chegando no máximo a R$ 1.400,00. Ou seja, as mulheres negras recebem bem menos do que as brancas. Nas entrevistas procurou-se conhecer a opinião dos representantes da empresa sobre a questão da discriminação racial. Reportando-se ao passado histórico, um dos representantes considerou que a população negra no Brasil foi discriminada e são os mais pobres do país e esse é o maior contingente de pessoas que procura a empresa. Considerou também que o negro está mais na área de produção, porque é 128 esse perfil que se tem no mercado de força de trabalho da região. “Eles têm realmente a porta aberta, até porque eles se adaptam bem ao trabalho, à condição de calor, ao esforço físico, mais do que o próprio branco. Então eles formam uma população importante aqui na atividade operacional(...) Mas restrição, discriminação, isso não há, muito pelo contrário.” Apesar de esta análise demarcar aspectos importantes do processo histórico no Brasil, também reforça a visão de que os trabalhadores negros tornam-se “mais adaptáveis” aos trabalhos mais pesados, repetitivos, manuais, menos remunerados e com as piores condições de trabalho – e, conseqüentemente, não aos trabalhos com maior poder de mando e decisão, e melhores remunerações, que historicamente no Brasil foram destinados aos brancos. Foram realizados testes estatísticos, com cruzamento de respostas, para avaliação das opiniões dos trabalhadores negros (soma dos que responderam pardos e pretos) em relação aos trabalhadores brancos, no que se refere às oportunidades de realização profissional na empresa. Dos trabalhadores que se disseram brancos, 44% afirmaram que a empresa oferece “muito boas” a “boas” oportunidades de realização profissional, já 56% dos brancos disseram que as oportunidades são “regulares” a “ruins”. Na opinião dos trabalhadores negros, 37% consideram que as oportunidades variam de “muito boas” a “boas”, em compensação 63% dizem que as oportunidades variam de “regular” a “muito ruim”. 6.3.6. Saúde e Segurança no Trabalho Segundos dados oficiais da empresa, o número geral de acidentes de trabalho em 2000/2001 foi de 206 e, em 2001/2002, de 238, períodos nos quais o número de trabalhadores era de, aproximadamente, 1200. 129 GRÁFICO 09 - TKF - NÚMEROS DE ACIDENTES EM 1 MILHÃO DE HORAS TRABALHADAS 60 50 40 52 53 42 36 48 30 20 10 - 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social GRÁFICO 10 - TKF - NÚMEROS DE DIAS PERDIDOS EM 1 MILHÃO DE HORAS TRABALHADAS 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1308 1248 1136 782 98/99 99/00 00/01 697 01/02 02/03 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social Ao analisar os dados referentes ao período de 2000 a 2002, verifica-se não somente um aumento no número de acidentes, como também aumento na freqüência do tempo perdido em decorrência dos mesmos. No que se refere às horas, houve um aumento de 41,9 (período de 2000/2001) para 53 (2001/2002); no tocante aos dias perdidos, o aumento foi de 782 para 1136. A partir disso, pode-se entender que, nesse período, houve um aumento da gravidade dos acidentes. TABELA 45 - TKF - ACIDENTES - PARTES DO CORPO ATINGIDAS 130 Partes do corpo atingidas 2000/2001 2001/2002 Membros superiores 80 65 Olhos 66 69 Membros inferiores 34 71 Tronco 12 13 Cabeça 05 13 Outras 09 07 Total 206 238 Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social GRÁFICO 11 - TKF - PARTES DO CORPO ATINGIDAS EM 2000/2001 4% Membros Superiores 2% 6% Olhos 39% 17% Membros Inferiores Tronco Cabeça Outras 32% Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social GRÁFICO 12 - TKF - PARTES DO CORPO ATINGIDAS EM 2001/2002 Membros Superiores 5% 3% 5% 27% Olhos Membros Inferiores Tronco 31% Cabeça 29% Outras Fonte: ThyssenKrupp Fundições. Elaboração: Observatório Social Ao verificar os períodos mais recentes, de 2000 a 2002, percebe-se que a quantidade de casos que envolveram os membros superiores decaiu. No entanto, os 131 acidentes que atingiram os membros inferiores tiveram em 2001/2002 um aumento de mais de 100% em relação ao ano anterior, o que é alarmante. Muitas atividades da empresa oferecem sérios riscos aos trabalhadores. O processo produtivo implica em contatos com superfícies e líquidos com temperatura extremamente quente, provocando queimaduras, e com peças e máquinas que, em caso de desatenção dos operários, podem provocar cortes ou mesmo fraturas. Além disso, como a emissão de gases e poeira é constante, o número de casos de corpo estranho nos olhos é muito comum. Para dimensionar essa situação, 54% dos trabalhadores consultados na pesquisa afirmaram que já sofreram algum tipo de acidente dentro da empresa. A maioria dos acidentes que ocorreu com esses trabalhadores envolvia cortes (seja pelo contato com as máquinas, seja pela queda de peças) ou queimaduras (em muitos casos, a areia quente vazou, caindo dentro da botina dos trabalhadores). No entanto, há casos de acidentes ainda mais graves. Um dos trabalhadores que respondeu ao questionário perdeu o dedo polegar quando trabalhava no setor de rebarbação e, após o acidente, foi remanejado para a portaria. Como agora os serviços de portaria, segundo ele, estão terceirizados, só lhe restou a opção de voltar a trabalhar na rebarba, o que lhe traz um certo medo, natural devido ao trauma. Buscando alterar esse panorama, a médica do trabalho afirma procurar sempre saber se o funcionário usa o protetor auricular e de que forma, se ele usa máscara, enfim sobre como se dá a relação do trabalhador com o equipamento de proteção individual (EPI) indicado à sua função. Assim, ela se propõe a orientá-los nesse sentido: “Exame Ocupacional é antes de tudo conscientização” (Médica). Os exames requisitados pela médica do trabalho no PCMSO levam em conta, segundo informações da empresa, os riscos e necessidades de cada setor. Portanto, para cada trabalhador, são avaliadas determinadas condições, conforme seu cargo e área de trabalho. Em virtude dessa especificidade, a médica afirma não ter negociado com o sindicato esses exames. De um modo geral, os seguintes exames médicos são realizados 132 periodicamente: • Audiometria; • Raio X de tórax; • Hemograma completo; • Espirometria; • Monitoramento de órgãos (pulmões e outros). O Relatório Anual de Saúde é apresentado à CIPA. Uma cópia fica com a gerência da empresa e a outra, com a própria médica, para comprovação no caso de fiscalização. O Engenheiro de Segurança da empresa também tem acesso ao Relatório. Segundo a médica, não há qualquer tipo de oposição em relação ao acompanhamento de representantes dos trabalhadores, do sindicato, no processo de fiscalização. Porém, a médica fez questão de acentuar que as informações pessoais sobre o estado de saúde dos trabalhadores não são divulgadas dentro da empresa: “A conduta médica não permite que divulgue os dados, nem para a empresa, não se pode abrir relatórios dos funcionários. Está no Conselho Federal de Medicina e no Código de Ética Médica o segredo médico na empresa.” (Médica) Assim, as informações fornecidas para a empresa são as de caráter geral. Às mais específicas, apenas a médica e o enfermeiro do trabalho têm acesso. Quando perguntado se era garantido que os trabalhadores e seus representantes fossem consultados e incentivados a opinar sobre o tema saúde e segurança no trabalho, um dos gerentes respondeu: “no campo mais individual, o canal para isso é a própria médica, que tem acesso direto com cada funcionário. Depois, o canal coletivo é a CIPA”. A respeito da atuação da CIPA na empresa, a avaliação dos trabalhadores entrevistados está abaixo representada: 133 GRÁFICO 13 – TKF – AVALIAÇÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A ATUAÇÃO DA CIPA – FEV/2003 3% 12% 4% 46% 35% Muito boa Boa Regular Ruim Muito Ruim Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. Segundo informações da empresa, os trabalhadores, têm acesso aos resultados de todos os exames médicos: “Quando eles vão fazer os exames periódicos, eles levam o exame complementar. É analisado o exame complementar e feito um exame clínico, avaliando. Posteriormente são fornecidos os resultados”. O ambulatório funciona de 7h às 17h e das 18h às 7h. Pela manhã, o ambulatório conta com dois auxiliares de enfermagem e com uma médica clínica que atende de 8h às 12h e cuida apenas da parte assistencial. Na parte da tarde, os dois auxiliares de enfermagem permanecem (um fica até às 15h e o outro, até às 17h) e de 13h às 17h passa a atender a médica do trabalho, que se encarrega da parte ocupacional. À noite, outro auxiliar de enfermagem chega, ficando responsável por encaminhar o funcionário para um hospital em casos emergenciais. Esses auxiliares não têm autonomia para fornecer ou indicar qualquer tipo de medicamento sem a autorização de uma das duas médicas. Como não há médicos de plantão à noite, procuramos saber se é grande o número de acidentes no horário noturno: “Graças a Deus, não. O acidente mais comum é corpo estranho na vista. Às vezes, passam semanas sem ocorrer acidentes à noite” (responsável pela segurança no trabalho). Para 57% do total dos trabalhadores consultados, os serviços prestados no ambulatório médico da empresa foram considerados bons. Essa opinião é ratificada em 134 todos os estratos. Porém, no momento da pesquisa, alguns trabalhadores relataram que no que refere a medicamentos para qualquer tipo de dor ou mal-estar, a “Novalgina é a solução”. Além desse remédio, disseram que há colírios e, eventualmente, “Dorflex”. Os trabalhadores também sentem falta de um médico que trabalhe a noite já que nesse horário só têm enfermeiros. TABELA 46 TKF – OPINIÃO DOS EMPREGADOS DOS SERVIÇOS AMBULATORIAIS POR ESTRATO – FEV/2003 SOBRE A QUALIDADE Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3 Total Avaliação % % % % Muito bons 14 4 5 4 Bons 49 55 63 57 Regulares 34 31 26 30 Ruins 3 6 0 5 Muito ruins 0 2 3 2 Sem informações 0 2 3 2 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. No que se refere aos problemas de saúde adquiridos ao longo do tempo de trabalho na fundição, 54% responderam não ter desenvolvido problemas de saúde. Entre aqueles que disseram ter adquirido, destacam-se: no estrato 1 (mulheres), Depressão ou Estresse, 31% e Doenças Respiratórias, 21%. No estrato 2 (homens diretamente ligados à produção), Problema de Coluna, 15%, e Surdez, 14%. No estrato 3, Depressão ou Estresse, 15%. Esse tema é polêmico. Os representantes sindicais dizem ter informação sobre alguns casos de trabalhadores que saíram da empresa e estão com Silicose, mas por temor de não conseguirem outro emprego, preferem não reclamar. Também foi relatado que parte das doenças se manifesta quando a pessoa já está com idade avançada, aposentada, e muitas vezes não se consegue ligar a doença à condição de trabalho. 135 TABELA 47 - TKF - PROBLEMAS DE SAÚDE ADQUIRIDOS NA FÁBRICA - FEV/2003 - % DAS RESPOSTAS* Doenças Estrato 1 % Estrato 2 % Problemas de coluna 0 Surdez 0 Doenças de pele 0 Doenças respiratórias 21 Lesão p/esforços repetitivos 10 Doenças do sangue 0 Depressão ou estresse 31 Não apresentei doenças 38 * Admite múltiplas resposta. Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Observatório Social. Estrato 3 % 15 14 6 2 7 3 9 54 Total % 5 5 3 5 3 3 15 59 13 12 5 3 7 3 11 54 Sobre a necessidade de utilização de algum equipamento de proteção individual (EPI), as respostas dos trabalhadores mostram que 93% dos que foram consultados precisam usar equipamento. Mesmo o estrato 3 (homens que não trabalham diretamente ligados à produção), 72% responderam que precisam fazer uso do equipamento. Com relação ao uso correto do EPIs, conforme normas de uso, 81% dos consultados responderam que usam sempre os equipamentos, 11% disseram que usam às vezes e apenas 1% respondeu que usa raramente. 90% afirmaram ter recebido treinamento sobre o uso adequado. A pesquisa procurou saber se os trabalhadores têm à sua disposição vários tipos de EPIs para escolherem aquele que lhe é menos incômodo. 48% responderam que sim e 45% disseram que não têm opção de escolha. O restante não respondeu a questão. Recentemente a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro acionou uma equipe formada por técnicos das secretarias de Saúde, Estadual e Municipal, e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos. A empresa foi vistoriada, após essa vistoria, a Secretaria Estadual, com apoio do sindicato, preparou uma pesquisa, que foi aplicada pelos diretores do sindicato aos trabalhadores, abordando somente questões referentes à Saúde e Segurança do Trabalhador. Essa pesquisa ainda está em fase de análise de dados e, quando concluída, poderá ser usada como referência para uma atuação mais eficaz nas medidas de enfrentamento desses problemas. 136 Há uma perspectiva por parte da Secretaria Estadual e do sindicato em agir conjuntamente com a empresa, gerando dessa forma maior participação e envolvimento dos trabalhadores. 6.3.7. Meio Ambiente De acordo com a legislação ambiental brasileira vigente14, a atividade desenvolvida pela TKF é classificada como potencialmente poluidora, pelo registro 46.878 do IBAMA. Assim, por se tratar de uma indústria do ramo metalúrgico, ela se enquadra no rol de atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, o qual depende do prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA). Em junho de 2002, a ThyssenKrupp Fundições submeteu-se a uma Auditoria Ambiental referente ao ano de 2001, visando a continuar realizando legalmente a sua atividade de produção de peças em ferro fundido cinzento e nodular. A auditoria baseou-se na revisão do Plano de Ação do Relatório de Auditoria Ambiental Legal 2000. A auditoria foi realizada com base na lei no. 1.898 de 26/11/91, que dispõe sobre a realização de auditorias ambientais conforme definido na DZ –056 –R.2, “Diretriz para a Realização de Auditoria Ambiental”, e de acordo com a Deliberação CECA/CN 3.427 de 14/11/95 e Resolução SEMA 0.147 de 07/06/96. Dentre os objetivos da auditoria destaca-se a necessidade de informar a situação ambiental da empresa ou atividades de estímulo a um melhor relacionamento com os órgãos do Sistema Ambiental do Estado, com a comunidade circunvizinha e o público em geral. Um dos itens abrangidos pela auditoria foi o grau de conscientização dos trabalhadores e pessoas envolvidas em relação aos impactos ambientais gerados. De acordo com o RAA/2001, um dos itens apontados pela auditoria realizada em 2000 14 Política Nacional do Meio Ambiente, decreto 99.274/90 e Resolução 237 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 19 de dezembro de 1997. 137 como problemático foi o desconhecimento da maioria dos funcionários quanto aos potenciais impactos ambientais de suas atividades. O Plano de Ação elaborado pela empresa, em 2001, apresenta 81 itens sobre diversos problemas ambientais, tais como derramamentos, poluição do ar, contaminação do solo, identificação e disposição dos resíduos. Existe na fundição um grande problema de identificação, caracterização, quantificação e segregação de resíduos15. Na área de Serviços Gerais, muitos materiais estão dispostos sem obedecer a nenhum desses critérios, assim como uma grande quantidade de areia usada. Na Macharia, a areia perdida durante a produção de machos é colocada em caçambas de detritos e enviada para a área de “bota-fora”. Nas Unidades de Fusão, nas Moldações Pesada e Leve e nas Cabines de Pintura 1 e 2, as emissões atmosféricas não são monitoradas e nem tratadas antes de seu lançamento na atmosfera. Por diversos setores da fábrica, o vazamento e o derramamento de produtos foram evidenciados no Relatório da Auditoria. A empresa, no entanto, já está providenciando a elaboração de Planos de Contingência e de Emergência, visando solucionar o problema. Foi verificado também, durante essa vistoria, que, na Unidade de Fusão Média, o aparelho de ar condicionado da sala dos operadores estava localizado acima do forno e poderia emitir ar contaminado. Essa localização não é indicada e o projeto para resolver esse obstáculo ainda está pendente. Durante as visitas dos pesquisadores na área da Fundição Automatizada Pesada, percebeu-se cheiros muito fortes. Essa presença de odores também foi registrada no Relatório da Auditoria e foi proposta a caracterização dessas emissões, ainda não realizada. Para minimizar a ocorrência de acidentes ambientais, os diversos recipientes, 15 A empresa disse não concordar que exista esse problema, mas essa informação foi retirada do Relatório de Auditoria Ambiental Legal da mesma. 138 contendo resinas, álcool, óleo, tintas e outros produtos, deveriam ser bem fechados e identificados. Já está em implantação uma norma que determina o procedimento correto. A empresa está elaborando procedimentos, até então inexistentes, para atendimento de emergência em caso de acidentes ambientais, como vazamento e derramamento. Muitos dos problemas detectados envolvem o piso, que não é impermeabilizado. Em setores como o da Linha de Acabamento Pesado e o da Manutenção de Veículos, o chão fica impregnado de óleo. Apesar desses problemas pendentes, a grande maioria das anormalidades detectadas já foi resolvida, segundo documento fornecido pela empresa. Na opinião dos trabalhados pesquisados, a atividade desenvolvida pela TKF é nociva ao meio ambiente. Para 60% dos trabalhadores pesquisados, o maior impacto no meio ambiente é a poluição do ar, do solo, dos rios e lagos da região e na vegetação. TABELA 48 – TKF - OPINIÃO DOS EMPREGADOS SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS – FEV/2003 - % Descrição Estrato 1 % Estrato 2 % Estrato 3 % No Solo 14 21 15 No Ar 63 60 59 Nos Rios e Lagos 14 19 23 Na Vegetação 10 19 15 Não Sei 21 24 23 Não causa Impacto 14 8 8 Fonte: Pesquisa ThyssenKrupp, 2003. Elaboração: Observatório Social. Total % 20 60 20 18 24 8 Paralela à realização da auditoria, a empresa encontra-se em processo de renovação de sua licença de operação e está elaborando um Manual de Gestão de Segurança e Meio Ambiente, no qual pretende explicitar seu Programa de Gestão de Segurança e Meio Ambiente. De acordo com o RAA/02, a licença de operação LO no. 425/94 está com o prazo expirado desde 20 de dezembro de 1999, mas a empresa alega que entrou com o pedido na FEEMA (órgão ambiental estadual) de renovação ainda em 1999 (protocolo no. 202.072). Em 2001, a empresa foi intimada a enquadrar os seus 139 aspectos ambientais. 6.3.8. Responsabilidade Social A TKF não adotou um código de conduta empresarial de nenhum tipo. A única iniciativa reportada durante as entrevistas com o pessoal gerencial foi o da publicação de balanço social. A empresa não desenvolve um sistema de credenciamento de fornecedores, que envolva avaliação do desempenho trabalhista. Nas entrevistas com os representantes da empresa, foi bastante evidenciada a postura com relação ao conceito de Responsabilidade Social. Segundo a opinião expressa, a interação com a comunidade é uma via de mão dupla, considerando-se que a empresa tem uma responsabilidade social: “nossa empresa foi uma das primeiras a divulgar as atividades sociais, mas para mostrar o seguinte: a empresa tem uma responsabilidade social que extrapola o ‘Formal’ e o ‘ Legal’.” Segundo a opinião de um dos executivos, apenas dispor as normas no papel não resolve os problemas sociais: “Se você não tem uma convicção íntima de ajudar o próximo não tem lei que obrigue você a melhorar a sociedade. Dar dinheiro é fácil, mas o difícil é se envolver de fato em projetos em prol da comunidade. E nós procuramos seguir essa prática. Claro que nós não podemos tudo. Os recursos são limitados e as necessidades, ilimitadas. Tudo mundo vem pedir ajuda aqui!”. A prioridade da empresa é contribuir para instituições onde o poder público não se faz presente. Segundo os diretores, a empresa também valoriza a relação com os funcionários: “Nós valorizamos muito aquela pessoa que faz e não os que ficam teorizando e, esse reconhecimento, a gente pratica”. Compactuando com essa visão de Responsabilidade Social, bem demarcada no discurso dos dirigentes, existe um projeto que visa concretizar esses ideais e associar o nome da empresa à ajuda para a comunidade. Ao levar em conta que a maioria dos seus funcionários mora em Barra do Piraí e que entre seus dependentes 140 existem 1273 crianças e adolescentes de até 14 anos, o projeto “Construindo a Cidadania – Thyssen na Comunidade” busca desenvolver atividades ligadas à educação, ao lazer, ao esporte, ao meio ambiente, à saúde e à valorização dos vínculos familiares. Essa proposta está sendo implementada aos poucos nos bairros vizinhos à empresa: Cantão, Boa Sorte e Areal. O projeto prevê a criação de diversas oficinas nos segmentos de leitura, informática, música, cultura e também o incentivo à prática de esportes como capoeira, basquete, futebol e vôlei, além de orientações sobre higiene dental e corporal e cuidados com o meio ambiente. 6.4. CONCLUSÕES A TKF cumpre papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social não somente de Barra do Piraí (RJ) como de toda a região. Como destacado anteriormente, a TKF mantém uma estrutura organizacional tradicional com centralidade de poder. No entanto, percebe-se que nos últimos anos há um movimento de mudança na empresa. Ela está realocando o seu quadro de diretores, incorporando pessoas com mentalidade e postura mais participativas, com iniciativas que acabam refletindo no comportamento geral da empresa e dos trabalhadores. Esse tipo de postura deveria abrir possibilidades para a adoção de políticas de combate às desigualdades raciais e de valorização da diversidade. Se elas não existem, isso significa que a empresa não está cumprindo a Convenção 111 da OIT. No que se refere à atuação no mercado, verificou-se que a globalização foi benéfica, possibilitando sua inserção no mercado externo e permitindo atingir um equilíbrio na sua atividade produtiva. Antigamente, a TKF dependia quase que exclusivamente do mercado interno, havendo grande oscilação na produção. Em alguns meses a demanda era muito grande, em outros a produção era mínima. Isso gerava um ciclo de sazonalidade que a “obrigava” a demitir e readmitir periodicamente seus trabalhadores. Com o processo de globalização, abriram-se as portas para o 141 mercado externo, rompendo esse ciclo e criando um quadro mais estável de funcionários na empresa. Apesar disso, as perspectivas de expansão não são tão grandes. Para os próximos cinco anos, o único item da produção que estima ter um crescimento é o virabrequim. Ao que tudo indica a empresa não aumentará a sua capacidade produtiva e, conseqüentemente, não deverá aumentar a sua força de trabalho. Não foi possível obter mais informações sobre os fornecedores da empresa, nem ter acesso aos dados financeiros. A terceirização é algo que chamou atenção. Os trabalhadores, em geral, exercem funções perigosas, expondo-se permanentemente a riscos de acidentes. Assim, a TKF se compromete a orientá-los quanto aos riscos, com cursos de integração na área de saúde e segurança. Se o trabalhador for acidentado, a empresa presta os primeiros socorros, mas quem arca com os custos é a prestadora de serviços, embora, no Direto Civil e do Trabalho o conceito de “responsabilidade subsidiária” estenda à empresa a responsabilidade tanto pelos acidentes quantos pelas doenças do trabalho de terceirizados. No tocante à cadeia produtiva, a TKF não tem nenhuma política específica, que comprometa socialmente seus fornecedores. A empresa vem mudando e incorporando algumas tecnologias no processo de produção, mas ainda é tudo muito mecanizado. Há uma valoração por parte da direção em manter a força de trabalho, justificando que a automação aumentaria ainda mais o nível de desemprego e que a região onde está instalada sofreria um grande impacto. No entanto, os espaços da empresa precisam ser repensados referindo-se, minimamente, num projeto de ergonomia que procure levar em conta a relação espaço – homem – máquinas, já que as mudanças que ocorreram até o momento parecem não ter observado esse fator, que é fundamental. A TKF é uma empresa grande, tanto no aspecto físico como no número de trabalhadores. A força de trabalho na produção é marcantemente masculina, com a presença de muitos negros e pardos, pessoas em geral muito simples, com pouca 142 formação profissional e com baixo nível de escolaridade. Nesse sentido, os salários são preponderantemente baixos. Os cargos da empresa estão separados por categorias e os cargos operacionais se dividem em níveis I, II, III. Isso gera uma escala de salário em que, por exemplo, quem trabalha como mecânico pode estar enquadrado em: mecânico I, II e até III, com diferenças salariais pequenas, mas que se configura como diferenciações importantes, refletindo não somente nas relações entre trabalhadorempresa como também entre os próprios trabalhadores, pois se vêem como diferentes. Todo esse quadro aparentemente confunde os trabalhadores, que, pelas respostas do questionário, parecem não ter muita clareza em relação aos critérios usados pela empresa para promoções. Quanto às questões da Liberdade Sindical e da Negociação Coletiva, a empresa não coíbe diretamente as ações do sindicato. A atuação dos sindicalistas no local é permitida, desde que comunicada e autorizada com antecedência. Cumpridos os procedimentos, o sindicato pode distribuir material de divulgação e, eventualmente, usar o carro de som na porta da fábrica. A maior dificuldade apresentada pelos sindicalistas refere-se ao acesso a informações, principalmente os dados econômicofinanceiros que a empresa não fornece. Isso acaba debilitando as negociações salariais como também dos resultados da PLR. Fora esses aspectos, os sindicalistas reconhecem que atualmente existe uma maior abertura para o sindicato se fazer ouvir perante a administração da companhia. Essa relação nem sempre foi assim. Ambos assumem que antigamente havia uma postura de maior enfrentamento entre a empresa e o sindicato e que essa mudança é fruto de um processo de amadurecimento das partes. Apesar da mudança na relação entre o sindicato e a empresa, que, por hipótese, seria uma situação mais favorável para uma maior participação dos trabalhadores nas atividades sindicais, não é exatamente isso que vem ocorrendo. Os resultados da pesquisa revelaram que os trabalhadores participam pouco das atividades coletivas convocadas pelo sindicato e que a presença do sindicato é mais efetiva apenas nos momentos das negociações salariais e da PLR, que são feitas diretamente entre empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos, sendo que o sindicato está presente nas 143 comissões setoriais. Tal fato se reflete também na organização nos locais de trabalho. Verificouse somente a existência da CIPA, atendendo a legislação trabalhista. Com base nas informações obtidas sobre gênero e raça, apesar de a empresa não ter programas ou políticas orientadas especificamente para a não-discriminação, a TKF não mostrou resistência para tratar do tema. Particularmente sobre as mulheres, visto o pequeno número de funcionárias na empresa, os dados disponíveis são insuficientes para uma conclusão definitiva. A empresa cumpre os requisitos mínimos esperados para o tema do trabalho infantil, especialmente a idade mínima para o trabalho e a profissionalização dos adolescentes. Ela também patrocina ações de voluntariado dirigidas à infância da sua comunidade. O ponto mais crítico que podemos observar nesta pesquisa refere-se à Saúde e Segurança no Trabalho. As ações empreendidas pela empresa no tocante ao tema parecem ser ineficazes ou insuficientes, visto que os acidentes com perdas de horas continuam elevados. Relatos de trabalhadores sobre a gravidade de alguns acidentes confirmam essa hipótese. Nesses relatos os trabalhadores destacaram, também, a ausência de médicos no ambulatório no período noturno. Também foi verificado que a maior parte dos acidentes ocorrem, principalmente, no início e nos finais da jornada de trabalho. A CIPA é reconhecida pelos trabalhadores, porém eles consideram a sua atuação regular. Apesar de a empresa realizar atividades de prevenções, alguns trabalhadores, no decorrer do processo de coleta de dados, destacaram que poderia haver uma ação mais efetiva da CIPA, com intuito de prevenção e conscientização. Alguns acidentes de trabalho ocorridos na empresa, assim como problemas de saúde dos trabalhadores são em parte decorrentes dos impactos ambientais provocados pela sua atividade produtiva, classificada como potencialmente poluidora, segundo o IBAMA. A auditoria ambiental realizada na TKF referente ao ano de 2001 identificou 144 uma série de problemas relacionados aos processos e produtos utilizados na empresa, com impactos ao ambiente interno e externo à fábrica. A empresa reconhece a existência desses problemas, porém busca minimizá-los, argumentando que eles são característicos da atividade produtiva de uma fundição. 145 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa constatou que, apesar de se tratarem de unidades produtivas de um mesmo grupo industrial, as duas empresas estudadas são bastante diferentes entre si. Do ponto de vista organizacional, a TKEB pertence ao segmento de elevadores, que não mantém relações com TKF, vinculada ao segmento automotivo. No Brasil não há uma holding local e a administração de cada empresa se responsabiliza pelos lucros e prejuízos e avaliam os resultados com as respectivas coordenações regionais. Outro sinal dessa independência é o fato de a TKF fornecer peças para outras indústrias de elevadores, mas não para a TKEB. Portanto, nas conclusões deste Relatório de Observação serão destacadas as diferenças existentes entre essas duas unidades produtivas, principalmente quanto ao tipo de atividade que desenvolvem, ao perfil dos empregados, às relações empresa x sindicato, à posição da mulher e dos negros na organização e às condições ambientais internas e externas. No tocante à atividade econômica, ambas as empresas estão inseridas no setor metal-mecânico, mas a produção e o modo de produzir são totalmente diversos. Uma (TKEB) executa montagem mecânica e eletro-eletrônica, e a outra (TKF) produz peças fundidas, refletindo-se em processos, produtos, mercados e perfis de trabalhadores diferenciados. Sobre este último aspecto, a TKF é mais intensiva em força de trabalho, enquanto a TKEB é mais intensiva em tecnologia. A TKF se projeta com um percentual muito mais elevado de homens e menor escolaridade; não há mulheres diretamente envolvidas na produção e as poucas que trabalham na empresa têm maior nível de escolaridade e recebem salários mais elevados que os empregados do sexo masculino. A região de localização dessa unidade produtiva explica, parcialmente, o número elevado de trabalhadores pardos e de pretos, os quais se concentram nas áreas produtivas. A TKEB, por sua vez, onde o perfil geral mostra trabalhadores mais 146 escolarizados, também apresenta esmagadora maioria masculina no seu quadro e uma presença feminina associada a salários menores, apesar da formação escolar mais avançada que a dos colegas homens. Já as diferenças no relacionamento entre empresas e sindicatos podem ser interpretadas como reflexo da configuração de ambas as partes. A TKEB, por ser uma empresa que também presta serviços em todo o território nacional, relaciona-se com múltiplas entidades sindicais, ao contrário da TKF, que tem como principal interlocutor sindical o Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí. Esse sindicato tem em sua base poucas empresas, enquanto a unidade industrial da TKEB pertence a uma base sindical metalúrgica das maiores do país, com centenas de outras empresas, várias com mesmo ou maior porte e importância. Isso afeta diretamente a estrutura, a forma de conduta e os resultados das negociações coletivas – na TKF, mais direta e na TKEB, indireta. Isso também de certa forma vai influenciar a presença sindical no local de trabalho. Contudo, há elementos de semelhança, como a própria relação entre gerência e sindicalistas nos locais de trabalho, que estabeleceram um tipo de relacionamento de alguma forma aberto e de diálogo. Nesse campo, parece que na TKEB a organização e representação dos empregados têm maiores desafios a superar, havendo baixa representação na área Matriz e pouquíssima, senão nula, organização e articulação entre trabalhadores das diversas unidades de negócios. A presença sindical no local de trabalho também é fortuita, dependendo de condições que não estão asseguradas permanentemente (eleição para a diretoria da entidade, autorizações da gerência para o contato sindical). Em nenhuma das duas empresas existem comissões de fábrica ou outras organizações representativas dos trabalhadores. Outro tema que coloca desafios, particularmente na TKEB, inclusive para o aprofundamento da investigação, é o da discriminação de gênero e raça. Se a prática da empresa busca não discriminar de nenhum modo, os resultados mostraram que parte das mulheres se sente insatisfeita e considera-se discriminada, o que parece revelar 147 uma situação desconhecida de todos. Há também uma sub-representação de negros no quadro de pessoal da TKEB, em comparação com o perfil racial da população da região. Diante disso, a falta de políticas ativas dirigidas às mulheres e negros, em ambas as empresas, ficou evidente e se coloca como uma questão para reflexão e debate. No que se refere aos temas Saúde e Segurança no Trabalho e Meio Ambiente, a TKEB parece ter equacionado seus problemas. Já para a TKF, a pesquisa mostrou que esses são os temas mais críticos. O número elevado de acidentes com perda de tempo e os problemas de saúde são, em parte, explicados pelos impactos ambientais provocados pela sua atividade produtiva, classificada como potencialmente poluidora (segundo o IBAMA). As ações empreendidas pela empresa para enfrentar os problemas parecem insuficientes, como mostram relatos de trabalhadores e os resultados estatísticos. Cabe salientar que a atuação na cadeia produtiva, se não inexistente até o momento pelas duas empresas, é ainda muito embrionária. À parte o gerenciamento do trabalho das empresas terceirizadas, em que a própria legislação força os contratantes a assumirem responsabilidades, só aos poucos os fornecedores e outros parceiros comerciais passam a entrar no foco das atenções de uma das duas companhias (TKEB). 148 APÊNDICES APÊNDICE 1 - ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO À EMPRESA APÊNDICE 2 - ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO AOS SINDICATOS E DEMAIS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES APÊNDICE 3.1 - PESQUISA DE OPINIÃO - THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A.- PROPOSTA DE PLANO AMOSTRAL APÊNDICE 3.2 - PESQUISA DE OPINIÃO - THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA.- PROPOSTA DE PLANO AMOSTRAL APÊNDICE 4 - QUESTIONÁRIO PESQUISA DE OPINIÃO Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 149 APÊNDICE 1 PESQUISA DE EMPRESAS ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO À EMPRESA OBSERVATÓRIO SOCIAL Av. Luiz Boiteux Piazza, 4810 – Ponta das Canas – Ilha de Santa Catarina Florianópolis (SC) – CEP 88.056-000 Fone (48) 26-4093 – Fax (48) 261-4060 – E-mail: [email protected] JANEIRO DE 2003 150 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa PESQUISA DE EMPRESAS ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO À EMPRESA Este roteiro de questões é indicativo e dinâmico, devendo ser usado pelo pesquisador como uma referência para preparar o Plano de Entrevistas com os dirigentes da empresa. Cada conversa revelará prioridades a serem desenvolvidas. As perguntas relacionam-se diretamente com o conjunto de informações que já devem ter sido solicitadas para a empresa. A checagem, pelo pesquisador/coordenador da pesquisa, do que já foi fornecido pela empresa pode eliminar algumas das questões aqui relacionadas ou reorientar as perguntas para o entendimento e/ou análise dos dados. O roteiro está estruturado por blocos temáticos e considera, para cada um deles, um grupo possível de cargos / funções cujos ocupantes podem vir a serem entrevistados. A partir do Plano de Pesquisa definido em conjunto com a empresa, quando se decidirá quem serão os entrevistados, o roteiro deverá ser estruturado, distribuindo-se as questões em função dos cargos que ocupam e das informações que cada um deve possuir. Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa DADOS SOBRE CADA ENTREVISTADO Empresa: Unidade: Cidade e UF: Data (dd/mm/aa): Nome do entrevistado: Cargo na empresa: Idade: Sexo: Cor: Raça: Telefone: Fax: E-mail: Nome do entrevistador: 151 152 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 1o.Bloco Estrutura de gestão, produção e emprego Investimentos, mercados e vendas. Entrevistados: Diretorias/ Gerências de Recursos Humanos, Relações Industriais, área financeira, entre outros A - ESTRUTURA DE GESTÃO, PRODUÇÃO E EMPREGO 1. Qual a relação entre a gerência local e a gerência corporativa? Quais decisões são tomadas no nível local e quais em nível corporativo? 2. Nos últimos anos as empresas sofreram vários impactos em decorrência da globalização, sendo obrigadas a se reestruturarem. No caso dessa empresa quais foram os principais impactos em relação à gestão, produção e pessoal? 3. Quais foram as principais mudanças ocorridas nos últimos 5 anos em termos: 3.1. Tecnológicos? 3.2. Gestão? 3.3. Organizacionais? 3.4. Recursos Humanos? 4. Quais as repercussões dessas mudanças na organização, nas relações e condições de trabalho? 5. Houve mudanças nas exigências dos cargos ou funções em relação à competência, responsabilidade e na execução dos trabalhos? Quais? Quais os impactos sobre os terceirizados? 6. Com relação aos critérios de contratação, de treinamento e de promoção dos trabalhadores: Houve impacto diferenciado para grupos específicos considerando sexo e cor/raça? 7. Com relação ao número de trabalhadores (funcionários e terceirizados) 7.1. Houve alguma mudança significativa? 7.2. Qual a evolução nos últimos 5 anos? 7.3. A que se deve essa mudança? 8. A empresa discutiu e/ou negociou essas mudanças com os sindicatos antes, durante ou depois de sua implantação? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 153 B - INVESTIMENTOS 9. Quais os planos de expansão da empresa para os próximos anos? 10. Quais foram os investimentos recentes (valores e usos dos recursos nos últimos 5 anos). 11. A empresa participa de algum programa de fomento ou recebeu algum subsídio governamental? C - MERCADO E VENDAS 12. Qual é a avaliação da empresa em relação ao seu posicionamento no mercado? 13. Quais são os principais mercados aonde vêm atuando? 14. Qual o desempenho da empresa em termos de vendas? O volume de vendas teve alterações bruscas nos últimos anos? 15. Há períodos de sazonalidade nas vendas? O que acontece com o pessoal da produção nesse período? 154 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 2o.Bloco Remuneração e Benefícios. Entrevistados: Gerência de Recursos Humanos e Relações Industriais; encarregados/chefias/supervisores. D - REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS 16. Em relação à remuneração paga pela empresa: 16.1. Qual a política de remuneração dos trabalhadores da empresa ? 16.2. Há um plano de cargos e salários nacional e/ou por unidade? 16.3. Têm ocorrido mudanças recentes? 16.4. Há alguma mudança em curso deste plano? 17. A política de pessoal é discutida ou negociada com o sindicato? 18. A empresa tem Programa de Participação nos Lucros ou Resultados implantado? Caso positivo: 18.1. Como funciona o Programa? 18.2. Qual a composição da Comissão de Negociação e de que forma é feita a sua escolha? 18.3. Qual a participação do sindicato de trabalhadores nessa negociação? 18.4. Caso o sindicato esteja ausente, quais os motivos? 19. Quais os principais benefícios que a empresa concede aos seus trabalhadores? Há benefícios específicos para as trabalhadoras? São definidos por acordo ou convenção coletiva? 20. Qual a duração da jornada de trabalho e os horários de trabalho (por ocupação/função)? 21. Há turno de revezamento? Caso positivo: 21.1. Quantas turmas trabalham diariamente na unidade? 21.2. Há trabalho noturno, nos dias úteis e nos finais de semana? 22. Em relação às hora extras: 22.1. Existe alguma orientação sobre horas extraordinárias de trabalho? 22.2. Há algum limite? 22.3.Há acordo de compensação ou algum arranjo do tipo banco de horas? Neste caso, como foi definido? 23. Em relação ao trabalho das mulheres: 23.1. Há setores e/ou áreas de maior ou menor contratação de mulheres? 23.2. Caso positivo, quais os motivos? Quais as vantagens/desvantagens? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 155 23.3. Que ajustes deveriam ser feitos para possibilitar a presença eqüitativa entre homens e mulheres? 24. Quais são os procedimentos, metodologias e critérios de avaliação para selecionar e promover os trabalhadores? 25. Em relação à política de formação profissional: 25.1. Qual a política da empresa para treinamento e qualificação dos trabalhadores? 25.2. Existem dados discriminando a carga de treinamento em relação aos atributos individuais, cargos e setores? Qual a avaliação? 25.3. Há programas específicos de treinamento e qualificação para mulheres ou para portadores de deficiências? Cobrem quais setores e/ou área das unidades? 26. Em relação ao clima organizacional: 26.1. A empresa faz pesquisa sobre o clima organizacional? 26.2. Como afere a satisfação? 26.3. Está disponível aos sindicatos? Está disponível para os trabalhadores? (solicitar os documentos de divulgação interna). 156 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 3o.Bloco Liberdade Sindical e Negociação coletiva Entrevistados: Gerência de Recursos Humanos e Relações Industriais; encarregados/chefias/supervisores E - LIBERDADE SINDICAL E NEGOCIAÇÃO COLETIVA 27. Se há comissão de fábrica ou de representantes dos trabalhadores da empresa na unidade: como é a relação da empresa com essa comissão? A empresa apóia seu funcionamento? De que maneira? 28. Há outro tipo de organização no local de trabalho? (delegado sindical, Comissão de PLR, Comissão de Banco de Horas, etc...). Como é a relação com a empresa? 29. Há Comissão de Conciliação Prévia criada no âmbito de empresa? Caso negativo, por quê? Caso positivo, como avaliam seu trabalho? 30. A empresa dá acesso aos locais de trabalho para sindicalistas, inclusive aqueles que não são funcionários da unidade? 31. A empresa permite a distribuição de informativos do sindicato nos locais de trabalho? Há mural para fixação de material sindical nas dependências da empresa? 32. A empresa autoriza a realização de reuniões dos trabalhadores, quando convocadas pelo sindicato e/ou pela comissão de fábrica, em algum local da unidade? De que maneira? Quais os motivos? 33. Em relação à negociação coletiva: 33.1. Qual a prática de negociação direta entre empresa e sindicatos? 33.2. A negociação ocorreu ou ocorre com freqüência? 33.3. Envolve quais assuntos? 33.4. Há cláusulas específicas sobre a proteção do trabalho das mulheres? 34. Há uma política de envolvimento dos trabalhadores em decisões estratégicas ou operacionais da empresa através de processos participativos? Quais suas características? 35. A empresa é filiada a quais entidades sindicais patronais? Há representantes da empresa que ocupam cargos nessas entidades? Quais? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 157 o 4 .Bloco Discriminação, trabalho infantil; Atuação social e comunitária. Entrevistados: Gerência de Recursos Humanos e Relações Industriais; encarregados/chefias/supervisores F - DISCRIMINAÇÃO 36. A empresa tem um diagnóstico sobre a distribuição e a divisão sexual e racial do trabalho em suas unidades, por funções, cargos e salários? Existem metas para alterar este diagnóstico? Quais? 37. A empresa desenvolve atividades ou programas que visam promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, brancos e negros, para a contratação, para a ocupação dos cargos, a qualificação e a ascensão profissional? Quais são as suas características e resultados? Quais destes programas mantêm referências com as iniciativas da empresa matriz? 38. A empresa possui algum programa especifico de combate às atitudes discriminatórias de gênero e/ou de raça voltados às praticas de assedio sexual, de assedio moral entre seus funcionários e sua gerência ? Quais os procedimentos de monitoramento e de controle? (comissão de Ética, código de conduta, programa de portas abertas à chefia, etc.) 39. Estas metas e programas são discutidos ou negociados com o sindicato? 40. A empresa possui algum programa de combate à discriminação de gênero ou raça voltados para seus fornecedores e terceirizados? Quais os procedimentos de monitoramento e de controle? 41. Quais são os serviços sociais que a empresa presta aos trabalhadores? (creche, sala de amamentação, restaurante, pronto-socorro, banheiros, vestuários femininos e masculinos etc.) G - TRABALHO INFANTIL 42. A empresa emprega adolescentes (16 a 18 anos) como estagiários ou em aprendizagem profissional? Qual é a tarefa desempenhada, a jornada de trabalho e a remuneração? 43. A empresa participa ou possui algum programa de combate ao trabalho infantil em relação aos seus fornecedores ou terceirizados? 158 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 44. A empresa desenvolve alguma ação social voltada para a infância? Quais suas características? H - ATUAÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA 45. A empresa desenvolve algum programa de natureza assistencial dirigido às comunidades onde opera? Quais as características desse programa? Quais instituições ou organizações participam? (obter contato para entrevistas) 46. A empresa é signatária de algum documento de conduta empresarial ou tem algum código interno ou dirigido ao público externo1? (obter cópia) . Este código é discutido e ou negociado com o sindicato? É de conhecimento dos trabalhadores? O código é assinado pelos trabalhadores? 1 Declaração Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e a Política Social, Diretrizes da OCDE para as Empresas Multinacionais, Acordos Ambientais ou Acordos Globais, Global Compact, Norma SA 8000, entre outros. Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 159 5o.Bloco Saúde e segurança no Trabalho Meio ambiente Entrevistados: Diretor/Gerentes de Saúde e Segurança no Trabalho, Recursos Humanos /Relações Industriais; Inspetor de Segurança; Representantes da CIPA; Médico do Trabalho. I - SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 47. A empresa possui ordens de serviço ou procedimentos de trabalho escritos e atualizados, contendo orientações sobre segurança e saúde no trabalho? (de acordo com a legislação nacional trabalhista, portaria 3214/78, alínea “b” do subitem 1.7 da NR-12). 48. A empresa possui profissionais de segurança e saúde no trabalho (técnico de segurança, médico ou engenheiro de segurança no trabalho), contratados por exigência legal ou voluntariamente, em caráter de assessoria ou consultoria, em tempo parcial ou integral? (NR-4). 49. Em relação a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): 49.1. De que maneira ela é constituída e funciona? 49.2. Quantos membros? 49.3. Como é feita a eleição? 49.4. A participação dos trabalhadores na escolha do designado para a CIPA, é estabelecida através de negociação com o sindicato, como prevê o subitem 5.6.4 da NR-5? 49.5. A empresa comunica com antecedência o início do processo eleitoral da CIPA ao sindicato? (legislação nacional trabalhista, subitem 5.38.1 da NR-5)? 50. A empresa não se opõe que representante dos trabalhadores acompanhe a fiscalização de segurança e saúde no trabalho? (legislação nacional trabalhista, subitem 1.7 da NR-1) 51. A empresa possui um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)? (obrigatório para as empresas com qualquer número de empregados - NR-7). 52. A empresa negociou com o sindicato a alteração de prazos, periodicidade e especificidade dos exames previstos na NR-7 (PCMSO), com prevêem os subitens 7.1.2; 7.4.2.1 e 7.4.2.3? 2 As NR são Normas Reguladoras definidas pelo Ministério do Trabalho que tratam de questões relacionadas à segurança e saúde no trabalho. 160 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 53. O Relatório anual do PCMSO é apresentado e discutido na CIPA a cada nova gestão, sendo sua cópia anexada ao Livro de Atas? (NR-7). 54. A empresa possui um programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)? (obrigatório para as empresas com qualquer número de empregados – NR-9). Este relatório é apresentado e discutido na CIPA? Uma cópia é anexada ao livro de Atas de Reuniões da CIPA? (NR-9). 55. A empresa não se opõe que o sindicato acompanhe a fiscalização do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social? E do SUS – Sistema Único de Saúde? 56. A empresa possui um Laudo das Condições Ambientais de Trabalho, elaborado por engenheiro ou médico do trabalho, para fins de aposentadoria especial? (legislação nacional previdenciária). 57. A empresa garante que os trabalhadores e seus representantes sejam consultados e incentivados a participar ativamente em todos os elementos do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho? (diretrizes da OIT sobre Sistema de Gestão em SST). 58. A empresa designou uma pessoa competente ou recorreu a um serviço especializado, exterior ou comum a várias empresas, para cuidar da prevenção e da limitação da contaminação do ar, ruído e as vibrações no local de trabalho? (convenção 148 da OIT). 59. A empresa adota algum outro código de conduta internacional para as questões de Segurança e Saúde no Trabalho? 60. A empresa informa os trabalhadores sobre (legislação nacional trabalhista, subitem 1.7 da NR-1): os riscos profissionais, os meios de prevenção de tais riscos, os resultados dos exames médicos, os resultados das avaliações ambientais no local de trabalho? 61. Os resultados das avaliações ambientais de agentes físicos (ruído, calor, radiação, etc), químicos e biológicos estão à disposição dos representantes dos trabalhadores? (legislação nacional trabalhista, subitem 9.3.8.3 da NR-9). 62. A empresa entrega para a CIPA e envia para o sindicato a cópia da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)? (deve ser emitida para acidentes com ou sem afastamento de acordo com a legislação nacional previdenciária). 63. A empresa cumpre o que determina a Convenção 170 da OIT sobre produtos químicos ou algum mecanismo de auto-regulação aplicável ao seu ramo de atividade ou país de origem? (rotulagem em português, as fichas sobre Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa 161 produtos químicos à disposição dos trabalhadores, registro atualizados de todos os produtos químicos perigosos, etc). J - MEIO AMBIENTE 64. Quais os principais impactos ambientais gerados pelas atividades da empresa? Qual(is) o(s) setor(es) da empresa que mais impactam o meio ambiente? 65. A empresa possui alguma política de proteção ambiental? Quais são as diretrizes dessa política e em que ações elas se traduzem? Quais os fatores que levaram a empresa a adotá-la? 66. As unidades da empresa têm alguma certificação ambiental? Qual a norma de certificação? Qual a política da empresa em relação à certificação? 67. Já houve alguma queixa ou reclamação da comunidade em relação aos impactos ambientais da empresa? Como são tratados? 68. Os trabalhadores da empresa moram na comunidade próxima à empresa? 69. Há participação de entidades comunitárias na gestão ambiental da empresa? Como se dá essa participação? 70. Há participação de trabalhadores e seus representantes na política ambiental da empresa? Como? 71. Os trabalhadores são informados sobre os impactos ambientais da empresa? 72. A empresa já foi multada por questões ambientais? Quando? Porque? 73. A empresa já teve que negociar um Termo de Ajustamento de Conduta com um órgão ambiental? Observatório Social Roteiro de Entrevista com Representantes da Empresa Empresa Janeiro de 2003 162 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores APÊNDICE 2 PESQUISA DE EMPRESAS ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO AOS SINDICATOS E DEMAIS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES OBSERVATÓRIO SOCIAL Av. Luiz Boiteux Piazza, 4810 – Ponta das Canas – Ilha de Santa Catarina Florianópolis (SC) – CEP 88.056-000 Fone (48) 26-4093 – Fax (48) 261-4060 – E-mail: [email protected] JANEIRO DE 2003 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 163 PESQUISA DE EMPRESAS ROTEIRO DE PESQUISA JUNTO AOS DIRIGENTES SINDICAIS E DEMAIS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES Este roteiro de questões é indicativo e dinâmico, devendo ser usado pelo pesquisador como uma referência para preparar o Plano de Entrevistas com os dirigentes sindicais e demais representantes dos trabalhadores (membros de comissões/conselhos, representantes, delegados sindicais, entre outros). Cada conversa revelará prioridades a serem desenvolvidas. As perguntas relacionam-se diretamente com o conjunto de informações que já devem ter sido solicitadas para a empresa e o sindicato. A checagem, pelo pesquisador/coordenador da pesquisa, dos dados que já foram fornecidos pode eliminar algumas das questões aqui relacionadas ou reorientar as perguntas para o entendimento e/ou análise dos dados. O roteiro está estruturado por temas e considera, para cada um deles, um grupo possível de dirigentes ou representantes que podem vir a serem entrevistados (ver o próximo item). A partir do Plano de Pesquisa definido em conjunto com o sindicato, as comissões e a própria empresa, quando se decidirá quem serão os entrevistados, o roteiro deverá ser estruturado para cada pessoa a ser pesquisada, distribuindo-se as questões em função dos cargos que ocupam e das informações que cada um deve possuir. 164 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores O USO DO ROTEIRO COM OS DIFERENTES DIRIGENTES ENTREVISTADOS Este roteiro está estruturado considerando um “dirigente sindical que é funcionário da empresa pesquisada”. Assim, o roteiro apresenta um conjunto de questões que abordam todos os temas pesquisados. Já o Plano de Entrevistas de Dirigentes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores (PEDSRT) deverá especificar as questões considerando o conhecimento que cada pessoa poderá aportar. Poderemos ter, entre outras, as seguintes possibilidades de pessoas a serem entrevistadas: • Dirigente Sindical funcionário da empresa (liberado ou não): O Plano de Entrevista poderá abordar grande parte das questões abaixo, mas com concentração maior nos itens (A, B, C, D) e nas questões que tratam da relação com o Sindicato nos itens (E, F e G). • Dirigente Sindical que não é funcionário mas que mantém relação com a empresa: priorizar os itens (A e B) e as questões que tratam da relação entre a empresa e o sindicato nos demais itens. • Dirigente de Comissão de Fábrica ou de Empresa: o Plano de Entrevista deverá tratar de todos os itens do roteiro (A a G), priorizando a entrevista em função das áreas de atuação da Comissão e do conhecimento do dirigente entrevistado. • Delegado sindical: orientação semelhante ao do Dirigente de Comissão de Fábrica. • Membro da CIPA: priorizar os itens E e F. • Membro de Comissão de PLR ou Banco de Horas: priorizar os temas que tratam, a forma de negociação, o acesso à informação antes e depois da negociação e o modo de acompanhamento do acordo (quando houver); • Membro de Comissão de Conciliação Prévia: abordar os conflitos que a Comissão trata, a forma de trabalho e os resultados. • Outro tipo de representante (membro de Conselho de Administração, Previdência, participantes de outras Comissões ou Grupos de Trabalho eleitos pelos trabalhadores): priorizar o tratamento das questões de que tratam o grupo ou comissão/conselho, com destaque para o acesso à informação e a relação com as demais organizações dos trabalhadores, em especial o sindicato. Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores DADOS SOBRE CADA ENTREVISTADO Empresa: Unidade: Cidade / UF: Data: Sindicato: Denominação do Sindicato: Endereço completo: Telefone e Fax: E-mail: Web-site: Filiações a: Federação(ões): Confederação(ões): Central sindical: Comissão: Tipo de Comissão ou outro: Nome do entrevistados: Cargo: Telefone: Email: Cargo na empresa: Idade: Sexo: Cor: Raça: Nome do entrevistados 165 166 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores A - LIBERDADE SINDICAL (As questões 1 a 4 devem ser sustentadas por informações de fontes documentais devidamente acompanhadas das referências, solicitadas na relação de documentos ao Sindicato) Total da base sindical Empregados na Empresa (unidade) Número de trabalhadores Trabalhadores sindicalizados 1. Qual é o número total de trabalhadores na base do sindicato? 2. Esses trabalhadores tiveram desconto no imposto sindical (contribuição sindical obrigatória) neste ano? 3. Qual é o número total de trabalhadores associados ao sindicato? (De preferência o número de trabalhadores que contribuem com mensalidades sindicais). 4. Qual é o número de empregados da empresa na base do sindicato? (De preferência colete o número de trabalhadores que tiveram desconto do imposto sindical neste ano). 5. Qual é o número de trabalhadores sindicalizados nesta empresa? (Referência: número de empregados da empresa que contribuíram com as mensalidades em favor do sindicato). 6. Quantos dirigentes sindicais são funcionários da empresa? Quantos liberados para o trabalho sindical e quantos não são liberados? A liberação é com ônus para a empresa? 7. A empresa discrimina trabalhadores por serem sindicalizados? 7.1. Se a resposta for positiva, explique como ela ocorre. 8. O sindicato tem alguma queixa, reclamação ou ação contra atitude anti-sindical da empresa? 8.1. Se a resposta for positiva, descreva. 9. Os gerentes, chefes ou outros representantes da empresa exercem algum tipo de pressão para que os trabalhadores não façam contribuições financeiras ao sindicato? 9.1. Se a resposta for positiva, explique como ela ocorre. 10. A empresa desconta a mensalidade dos trabalhadores sindicalizados para o sindicato diretamente na folha de pagamento? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 167 10.1. Se a resposta for positiva, isso está previsto em acordo ou convenção coletiva? 10.2. Se a resposta for negativa, qual o argumento usado pela empresa? (se houver demanda do sindicato para que isso ocorra) 11. Existem casos de demissão de membros da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidente? 11.1. Se a resposta for positiva, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 12. Existem casos de dirigentes demitidos, inclusive de pessoas protegidas pela imunidade sindical prevista na CLT ou por outro tipo de proteção? 12.1. Se a resposta for positiva, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 13. Existe algum caso de demissão dentro do período de estabilidade sindical com indenização pela empresa (“compra” de mandato sindical)? 13.1. Se a resposta for positiva, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 14. Houve algum caso de punição a dirigente da entidade em virtude de sua atividade sindical? 14.1. Se a resposta for positiva, descreva o(s) tipo(s) de punição (suspensão, advertência, transferência, outras) e as ações sindicais realizadas. 15. Os dirigentes sindicais têm acesso livre aos locais de trabalho? Como ocorre? Com ou sem autorização prévia? 16. Quem pode ter acesso aos locais de trabalho? 17. O sindicato tem liberdade para distribuir seus informativos aos trabalhadores da unidade da empresa? Há mural para fixar informações? 17.1. Em caso afirmativo, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 18. Existe Comissão de Fábrica ou Comissão de Representantes Trabalhadores nesta unidade da empresa? 18.1. Caso afirmativo, como descreva como funciona? 18.2. Como é eleita? 18.3. Qual o seu papel? dos 19. Há algum outro tipo de organização por local de trabalho (delegado sindical, Comissão de PLR, Comissão de Banco de Horas, CIPA, etc...)? 19.1. Caso afirmativo, detalhe conforme item anterior. 20. A empresa permite que os trabalhadores, quando convocados pelo sindicato ou pelas organizações no local de trabalho, reúnam-se no interior das suas instalações? 168 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 20.1. Se a resposta for não, descreva as condições existentes para a realização de atividades sindicais. 21. O sindicato tem alguma queixa ou ação judicial contra a empresa em relação à liberdade sindical? Caso positivo, descreva e busque documentação relativa ao(s) caso(s). 22. Existem denúncias de interferência da empresa ou do sindicato patronal nas eleições sindicais? 22.1. Se a resposta for afirmativa, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 23. Qual o número de greves ou paralisações na empresa nos últimos três anos? 24. Se houve greves, qual foi a atitude da empresa diante dos movimentos? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 169 B - NEGOCIAÇÃO COLETIVA 25. Quando é a data base da categoria? (Data). 26. Qual é o piso salarial vigente na categoria? (Valor no mês da entrevista) 27. Qual o piso salarial na empresa? (valor no mês da entrevista) 28. Há plano de cargos e salários? 28.1. Se a resposta for afirmativa, é resultado de algum tipo de negociação com o sindicato? 29. Que instrumento jurídico regulamenta as relações de trabalho na empresa atualmente? 29.1. Acordo Coletivo 29.2. Convenção Coletiva 29.3. Sentença Normativa da Justiça do Trabalho 29.4. Nenhum 30. Quais são os benefícios assegurados aos empregados da empresa? 30.1. Caso o pesquisador tenha acesso ao Acordo Coletivo de Trabalho ou a Convenção Coletiva do Trabalho (ou sentença normativa da justiça do trabalho): 30.1.1. Quais os benefícios que são praticados pela empresa além dos definidos nos instrumentos acima? 31. Alguma vez o sindicato encaminhou à empresa pauta de reivindicação específica de interesse dos trabalhadores desta empresa? 31.1. Quais os principais itens e como a pauta foi tratada pela empresa? 32. As reuniões de negociação com a empresa ou com o sindicato patronal se mostram produtivas? O tratamento entre as partes é de respeito mútuo? Há esforço da representação empresarial em atingir resultados aceitáveis por ambas as partes? 33. Houve negociação de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) na empresa? Caso afirmativo, como os trabalhadores foram representados e qual a avaliação do processo de negociação? 34. Com que freqüência as solicitações de informações necessárias aos processos de negociação pelo sindicato são atendidas pela empresa? 35. O sindicato tem alguma queixa ou ação contra a empresa por descumprimento de cláusulas da Convenção Coletiva, Dissídio ou do Acordo? 35.1. Se a resposta for afirmativa, descreva o fato e as ações sindicais realizadas 170 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 36. A empresa utiliza-se de mão-de-obra terceirizada? Quantos e em quais atividades? 37. Os trabalhadores terceirizados são sindicalizados? Qual(is) sindicato(s) os representa(m)? 38. Há Comissão de Conciliação Prévia criada no âmbito da empresa? Caso positivo, como é sua atuação e os resultados do seu trabalho? 39. O sindicato tem alguma ação de representação dos trabalhadores terceirizados na Empresa? 39.1. Caso positivo, descreva essa representação e indique se há acordo de trabalho específico para eles. Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 171 C - DISCRIMINAÇÃO NO TRABALHO 40. Existe alguma queixa, reclamação ou ação judicial contra a Empresa por discriminação em função do sexo, cor ou raça, ou outro atributo pessoal? 40.1. Se a resposta for positiva, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 41. Na sua opinião, a proporção de pessoas da raça negra e de mulheres ocupando cargos de chefia na empresa corresponde ao perfil do conjunto dos empregados? 42. A empresa desenvolve atividades ou programas que promovam a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, brancos e negros, para ocupação dos cargos, para a qualificação e ascensão profissional? Em caso afirmativo, responda: 42.1. Como foram apresentados aos trabalhadores? 42.2. Foi apresentado ao sindicato? 42.3. Que resultados tiveram esses programas? 43. O sindicato promoveu algum movimento visando a atender reivindicação específica das mulheres que trabalham na empresa? 44. O sindicato já incluiu na pauta de reivindicações alguma cláusula relativa à discriminação no trabalho? 44.1. Se a resposta for positiva, descreva o fato e as ações sindicais realizadas. 45. Você considera que as mulheres gestantes que trabalham na empresa têm condições de trabalho adequadas à sua condição especial? 46. Há departamento ou comissão de mulheres no sindicato? 46.1. Caso positivo, relate a história de sua formação e de suas ações junto às trabalhadoras da empresa. 47. Sobre a ocupação dos cargos na direção do sindicato, aponte: Diretores Branco(a)s Preto(a)s Pardo(a)s Homens Mulheres Total Amarelo(a)s 172 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores D - TRABALHO INFANTIL 48. A empresa, diretamente ou através de terceiras, emprega adolescentes com idade inferior a 16 anos? 48.1. Caso positivo, em quais atividades? 49. A empresa, diretamente ou através de terceiras, emprega adolescentes com menos de 18 anos de idade para trabalhar em atividades consideradas perigosas ou penosas? 50. Você sabe se a empresa exige dos seus fornecedores que não empreguem crianças na produção? 50.1. Se afirmativo, através de quais instrumentos? 51. Você conhece algum programa que a empresa desenvolva para apoiar crianças e adolescentes? Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 173 E - SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 52. O sindicato tem acesso às informações sobre os acidentes de trabalho e os problemas de saúde que ocorrem com os trabalhadores da empresa? 53. O percentual dos membros da CIPA que é eleito pelos trabalhadores, na empresa, corresponde aos 50% previstos na NR5? 54. Que tipo de relação o sindicato mantém com os membros eleitos da CIPA? 55. A empresa se dispõe a discutir com o sindicato problemas e reivindicações relacionadas à saúde e segurança no local de trabalho? 56. Há cláusula de acordo com a empresa versando sobre Saúde e Segurança no Trabalho? Descreva seu conteúdo. 57. A empresa se dispõe a discutir com o sindicato problemas e reivindicações relacionadas à saúde e segurança no local de trabalho de trabalhadores terceirizados? 58. A empresa se dispõe a discutir com o sindicato problemas e reivindicações relacionadas à saúde e segurança no local de trabalho de trabalhadores na cadeia produtiva? 59. A empresa tem PPA (Plano de Prevenção de Acidentes) e PCMSO (Programa de Controle de Medicina e Saúde Ocupacional)? Esses planos foram negociados com o sindicato? Há participação do sindicato e das CIPAs? 60. A empresa possui ordens de serviço ou procedimentos de trabalho escritos e atualizados, contendo orientações sobre segurança e saúde no trabalho? (de acordo com a legislação nacional trabalhista,portaria 3214/78, alínea “b” do subitem 1.7 da NR-1). 61. A empresa possui profissionais de segurança e saúde no trabalho (técnico de segurança, médico ou engenheiro de segurança no trabalho), contratados por exigência legal ou voluntariamente, em caráter de assessoria ou consultoria, em tempo parcial ou integral? (NR-4). 62. A empresa não se opõe que representante dos trabalhadores acompanhe a fiscalização de SST? (legislação nacional trabalhista, subitem 1.7 da NR-1). 63. A empresa comunica com antecedência o início do processo eleitoral da CIPA ao sindicato? (legislação nacional trabalhista, subitem 5.38.1 da NR-5). 64. A empresa negociou com o sindicato a alteração de prazos, periodicidade e especificidade dos exames previstos na NR-7 (PCMSO), com prevêem os subitens 7.1.2; 7.4.2.1 e 7.4.2.3? 174 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 65. O Relatório anual do PCMSO é apresentado e discutido na CIPA a cada nova gestão, sendo sua cópia anexada ao Livro de Atas? (NR-7). 66. A empresa possui um programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)? (obrigatório para as empresas com qualquer número de empregados – NR-9). Ele é apresentado e discutido na CIPA? Uma cópia é anexada ao livro de Atas de Reuniões da CIPA? (NR-9). 67. A empresa não se opõe que o sindicato acompanhe a fiscalização do INSS – Instituto Nacional de Previdência Social? E do SUS – Sistema Único de Saúde? 68. A empresa possui um Laudo das Condições Ambientais de Trabalho, elaborado por engenheiro ou médico do trabalho, para fins de aposentadoria especial? (legislação nacional previdenciária). 69. A empresa garante que os trabalhadores e seus representantes sejam consultados e incentivados a participar ativamente em todos os elementos do sistema de gestão da SST? (diretrizes da OIT sobre Sistema de Gestão em SST). 70. A empresa informa os trabalhadores sobre (legislação nacional trabalhista, subitem 1.7 da NR-1): os riscos profissionais, os meios de prevenção de tais riscos, os resultados dos exames médicos, os resultados das avaliações ambientais no local de trabalho? 71. Os resultados das avaliações ambientais de agentes físicos (ruído, calor, radiação, etc), químicos e biológicos estão à disposição dos representantes dos trabalhadores? (legislação nacional trabalhista, subitem 9.3.8.3 da NR-9). 72. A empresa entrega para a CIPA e envia para o sindicato, a cópia da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)? (deve ser emitida para acidentes com ou sem afastamento de acordo com a legislação nacional previdenciária). Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores 175 F - MEIO AMBIENTE EXTERNO À EMPRESA 73. Caso haja um sistema de gestão ambiental na empresa, o sindicato foi chamado para 73.1. Discutí-lo? 73.2. Descreva e comente sobre a participação da comunidade nele. 74. A empresa mantém programa voltado para a preservação do meio-ambiente na comunidade? 74.1. Caso positivo, envolve a participação de entidades comunitárias, sindicato, etc.? 75. O sindicato tem notícia de algum problema ambiental que possa ter sido causado pela empresa? 75.1. No caso de resposta afirmativa, descreva. 76. O sindicato já firmou com a empresa algum acordo sobre meio ambiente externo ou cláusula sobre este assunto em acordos coletivos? 77. O sindicato sabe se a empresa tem PPRA (Plano de Prevenção de Riscos Ambientais)? 78. Quais os principais impactos ambientais gerados pelas atividades da empresa? Qual(is) o(s) setor(es) da empresa que mais impactam o meio ambiente? 79. Já houve alguma queixa ou reclamação da comunidade em relação aos impactos ambientais da empresa? Como são tratados? 80. Os trabalhadores da empresa moram na comunidade próxima à empresa? 81. Há participação de entidades comunitárias na gestão ambiental da empresa? Como se dá essa participação? 82. Os trabalhadores são informados sobre os impactos ambientais da empresa? 176 Observatório Social – Pesquisa de Empresas Roteiro de Entrevista com Representantes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores G - PRÁTICAS COMUNITÁRIAS 83. Quais as iniciativas da empresa em relação à comunidade local e como a entidade às avalia? 84. Assinale a existência de: Tipo de instrumento Informado ao Discutido com Sem Não sabe sindicato o sindicato discussão / não tem apresentação Código de Conduta, Código de Ética Código de Princípios 85. A empresa é: 85.1. Signatária do Global Compact: F Sim, F Não F Não sabe 85.2. Associada ao Instituto Ethos: F Sim, F Não F Não sabe 85.3. Empresa Amiga da Criança (Abrinq) F Sim, Não F Não F sabe 86. O sindicato participa de algum comitê consultivo criado pela empresa para tratar de assuntos relacionados à atuação ambiental e/ou comunitária? 86.1. Caso positivo, qual a finalidade do comitê? Observatório Social Roteiro de Entrevista com Dirigentes Sindicais e demais Representantes dos Trabalhadores Sindicatos Janeiro de 2003 / 177 APÊNDICE 3.1 PESQUISA DE OPINIÃO - THYSSENKRUPP UNIDADE GUAÍBA PROPOSTA DE PLANO AMOSTRAL Marcelo Pitta, 12/02/2003 1. Objetivo Este relatório tem por objetivo propor um plano amostral para aplicação de questionários na empresa. O plano amostral foi concebido de forma a permitir que alguns objetivos sejam alcançados: −verificar se existem diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito às condições de trabalho e empregabilidade; −verificar se existe discriminação, nas suas diversas formas, dentro da empresa; e −verificar as condições em que é realizado o trabalho dentro da empresa. Em todas as pesquisas por amostragem é necessária a existência de um cadastro que propicie a seleção de informantes. No caso da empresa em questão algumas informações foram fornecidas juntamente com a listagem de funcionários. Estas informações foram tabuladas e são apresentadas a seguir. TABELA 1 - Distribuição dos empregados segundo o sexo Sexo N % Masculino 75 13,0 Feminino 502 87,0 Total 577 100 TABELA 2 - Distribuição dos empregados segundo a escolaridade, por sexo Escolaridade N % Homens Mulheres Analfabeto 1 0,17 1 0 Primário incompleto 4 0,69 4 0 178 Primário completo 5 0,87 5 0 Ginasial incompleto 30 5,20 28 2 Ginasial completo 76 13,17 73 3 Colegial incompleto 45 7,80 41 4 Colegial completo 243 42,11 212 31 Superior incompleto 90 15,60 68 22 Superior completo 83 14,38 70 13 Total 577 100,00 502 75 Diretoria N % AJUR 5 0,87 CONTROLADORIA 5 0,87 CPD 14 2,43 DCOG 14 2,43 DECA 10 1,73 DECE 23 3,99 DEMK 3 0,52 DIAM 32 5,55 DIEI 23 3,99 DIEP 28 4,85 DIEX 5 0,87 DIFI 6 1,04 DIGQ 18 3,12 DIMA 263 45,58 DIME 51 8,84 TABELA 3 - Distribuição dos empregados segundo as diretorias 179 DIPD 23 3,99 DIRH 14 2,43 DIVN 6 1,04 DSUP 14 2,43 Sem inf. 20 3,47 Total 577 100,00 Obs.: os funcionários que não foram alocados a nenhuma diretoria ou estão alocados na CONTROLADORIA, encontram-se em funções de gerência, supervisão ou diretoria e não participarão do processo de pesquisa através de questionários. TABELA 4 - Idade e tempo de serviço dos empregados, segundo o sexo (média) Sexo Idade Tempo Masculino 35,3 9,1 Feminino 34,4 9,5 Média geral 35,2 9,1 180 TABELA 5 - Distribuição dos salários dos empregados, segundo o sexo Faixa salarial Homens(%) Mulheres (%) Menos de R$401,00 0,20 0,00 De R$401,00 a R$600,00 1,00 1,33 De R$601,00 a R$1000,00 51,79 49,33 De R$1001,00 a R$1400,00 14,74 28,00 De R$1401,00 a R$2000,00 7,97 10,67 De R$2001,00 a R$4000,00 13,94 4,00 Mais de R$4000,00 10,36 6,67 502 75 Total TABELA 6 - Distribuição dos empregados, segundo a subordinação da diretoria a que pertencem Subordinação N % Homens Mulheres Matriz 128 22,18 101 27 Industrial 424 73,48 376 48 Sem inf.* 25 4,53 25 0 Total 577 100 502 75 *CONTROLADORIA e não alocados. Observando as tabelas anteriores nota-se que: −as mulheres correspondem a 13% dos funcionários que trabalham na empresa; −a proporção de mulheres com salários superiores a R$2000,00 é inferior a metade da proporção de homens na mesma faixa salarial; −não existem mulheres em cargos de diretoria, gerência ou supervisão; e −as mulheres têm nível de escolaridade maior que o observado entre os homens. 181 Estas informações são utilizadas para melhor conceber o plano amostral. Para que o primeiro objetivo da pesquisa seja contemplado (verificar diferenças de opinião entre homens e mulheres) optou-se pela separação do universo de empregados em dois conjuntos diferenciados: um estrato com os homens e outro com as mulheres. O simples olhar destas informações não fornece indicativos que permitam determinar com exatidão outros recortes que contribuam para a contemplação dos outros dois objetivos. É de se esperar que existam diferenças entre as diretorias ligadas diretamente a produção industrial (indicadas como subordinadas a indústria) e as diretorias ligadas a outras áreas econômicas (vendas, assessoria jurídica, marketing, etc...) subordinadas a matriz. Por este motivo optou-se pela subdivisão dos dois estratos iniciais segundo a área de subordinação. 2. Tamanho da Amostra O tamanho da amostra, sob a hipótese da realização de uma amostra aleatória simples, é dado pela fórmula: n= N Zα2 (1 − P) 2 Z (1 − P ) + ( N −1) Pd 2 2 α 2 Onde: n = tamanho da amostra Zα2 2 = valor da curva normal para que o nível de confiança na precisão desejada seja de (1-alfa) P = proporção que se deseja estimar 182 N = total de unidades na população (total de empregados na empresa, por exemplo) d = precisão relativa desejada para a estimativa de P A amostra aleatória simples sem reposição é o método mais simples entre os vários existentes na bibliografia estatística. Este procedimento proporciona estimativas satisfatórias com pouca complexidade nos cálculos. Um problema é colocado para o cálculo do tamanho da amostra: qual o valor de P? Existem basicamente três formas de se escolher um valor para P: −utilizar um valor aproximado, obtido em pesquisas similares; −utlizar um valor obtido em pesquisa piloto; e −utilizar o valor da proporção de uma característica que esteja correlacionada com a característica que desejamos medir. O primeiro caso deve ser descartado, pois não tem-se conhecimento de que nenhuma pesquisa, com os objetivos colocados anteriormente, tenha sido realizada nesta empresa. A terceira alternativa implica na suposição de correlações nem sempre verificadas na prática (correlação entre escolaridade e opinião sobre discriminação, por exemplo). A segunda opção é utilizada, quando o custo de sua aplicação não é alto, na maioria das vezes. Uma pesquisa piloto foi feita na empresa para verificar a adequação do questionário, e com base nestas informações será calculado o tamanho da amostra. No caso da pesquisa em questão, uma pesquisa piloto evelou que quatro em 27 funcionários investigados declarou já ter sentido algum tipo de discriminação, e com base neste dado será calculado o tamanho da amostra. Esta amostra será dividida nos quatro estratos através de alocação proporcional ao tamanho do estrato (número de empregados em cada estrato). TABELA 7 - Tamanho da amostra para nível de confiança de 95% (z-alfa/2=1,96) 183 Proporção de homens que já se sentiram discriminados (amostra piloto) = 0,15 (4 em 27) N=552 d 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 n 442 276 170 111 76 Obs.: precisão relativa de 0,1 implica em variação da proporção 0,1 entre 0,09 e 0,11 (10% da proporção a mais ou a menos). 3. Desenho amostral final A população de empregados da empresa foi subdividida segundo estratos, anteriormente a seleção e a determinação do tamanho da amostra, com vistas a permitir uma visão melhor dos aspectos que são de interesse na pesquisa. O desenho amostral final (precisão relativa igual a 0,3) é apresentado a seguir. Estrato Estrato 1 Estrato 2 Descrição Mulheres Matriz Mulheres Indústria Homens Matriz Homens indústria 8 n Total da amostra Estrato 3 15 23 Estrato 4 31 116 147 170 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRUZAMENTOS Alguns cruzamentos serão feitos com base nos dados coletados na amostra. Estes cruzamentos pretendem identificar se existem diferenças significativas entre subconjuntos da população no que diz respeito a SEXO, RAÇA, ESCOLARIDADE, FAIXA SALÁRIAL, etc.. Dado o tamanho da amostra, alguns Testes Qui-quadrado poderão ter o poder de medida comprometido parcialmente, uma vez que algumas das células da tabela freqüência serão inferiores a 5. 184 APÊNDICE 3.2 PESQUISA DE OPINIÃO - THYSSENKRUPP FUNDIÇÕES LTDA. PROPOSTA DE PLANO AMOSTRAL Marcelo Pitta, 30/01/2003 1. Objetivo Este relatório tem por objetivo propor um plano amostral para aplicação de questionários na empresa. O plano amostral foi concebido de forma a permitir que alguns objetivos sejam alcançados: −verificar se existem diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito às condições de trabalho e empregabilidade; −verificar se existe discriminação, nas suas diversas formas, dentro da empresa; e −verificar as condições em que é realizado o trabalho dentro da empresa. Em todas as pesquisas por amostragem é necessária a existência de um cadastro que propicie a seleção de informantes. No caso da empresa em questão algumas informações foram fornecidas juntamente com a listagem de funcionários. Estas informações foram tabuladas e são apresentadas a seguir. TABELA 1 - Distribuição dos empregados segundo o sexo Sexo N % Masculino 1307 97,46 Feminino 34 2,54 1341 100 Total TABELA 2 - Distribuição dos empregados segundo a escolaridade, por sexo Escolaridade N % Homens Mulheres Primário 27 2,01 27 0 Ginasial incompleto 656 48,92 656 0 185 Ginasial completo 227 16,93 227 0 Colegial incompleto 138 10,29 137 1 Colegial completo 228 17,00 212 16 Superior incompleto 24 1,79 18 6 Superior completo 40 2,98 29 11 Sem inf. 1 0,07 1 0 1341 100,00 1307 34 Diretoria N % Administrativa Financeira 68 5,07 Comercial e vendas 24 1,79 Industrial 1106 82,48 Garantia da qualidade 143 10,66 Total 1341 100,00 Total TABELA 3 - Distribuição dos empregados segundo as diretorias TABELA 5 - Salários, idade e tempo de serviço dos empregados, segundo o sexo Sexo Salário Idade Tempo Masculino 670,19 35,6 8 Feminino 1072,62 36,2 7 Média geral 680,39 36,2 7 Observando as tabelas anteriores nota-se que: −são poucas as mulheres que trabalham na empresa; −as mulheres ganham, em média, mais que os homens; e −as mulheres têm nível de escolaridade maior que o observado entre os homens. 186 Estas informações são utilizadas para melhor conceber o plano amostral. Para que o primeiro objetivo da pesquisa seja contemplado (verificar diferenças de opinião entre homens e mulheres) optou-se pela separação do universo de empregados em dois conjuntos diferenciados: um estrato com os homens e outro com as mulheres. Como o número de mulheres na empresa é pequeno, todo o conjunto delas participará da amostra com probabilidade 1 (estrato certo). O simples olhar destas informações não fornece indicativos que permitam determinar com exatidão outros recortes que contribuam para a contemplação dos outros dois objetivos. O pesquisador que visitou a empresa verificou que as condições de trabalho são precárias no "chão de fábrica". Através desta informação optou-se em subdividir o estrato dos homens em dois outros estratos: diretoria industrial (majoritariamente composta de funções ligadas diretamente a produção) e demais diretorias (com funções majoritariamente administrativas e de escritório). 2. Tamanho da Amostra O tamanho da amostra, sob a hipótese da realização de uma amostra aleatória simples, é dado pela fórmula: n= N Zα2 (1 − P) 2 Z (1 − P ) + ( N −1) Pd 2 2 α 2 Onde: n = tamanho da amostra Zα2 2 = valor da curva normal para que o nível de confiança na precisão desejada seja de (1-alfa) P = proporção que se deseja estimar 187 N = total de unidades na população (total de empregados na empresa, por exemplo) d = precisão relativa desejada para a estimativa de P A amostra aleatória simples sem reposição é o método mais simples entre os vários existentes na bibliografia estatística. Este procedimento proporciona estimativas satisfatórias com pouca complexidade nos cálculos. Um problema é colocado para o cálculo do tamanho da amostra: qual o valor de P? Existem basicamente três formas de se escolher um valor para P: −utilizar um valor aproximado, obtido em pesquisas similares; −utlizar um valor obtido em pesquisa piloto; e −utilizar o valor da proporção de uma característica que esteja correlacionada com a característica que desejamos medir. O primeiro caso deve ser descartado, pois não tem-se conhecimento de que nenhuma pesquisa, com os objetivos colocados anteriormente, tenha sido realizada nesta empresa. A terceira alternativa implica na suposição de correlações nem sempre verificadas na prática (correlação entre escolaridade e opinião sobre discriminação, por exemplo). A Segunda opção é utilizada, quando o custo de sua aplicação não é alto, na maioria das vezes. Uma pesquisa piloto foi feita na empresa para verificar a adequação do questionário, e com base nestas informações será calculado o tamanho da amostra. No caso da pesquisa em questão, será calculado o tamanho da amostra a ser escolhida entre o conjunto de homnes e esta amostra será dividida nos dois estratos (diretoria industrial e demais diretorias) através de alocação proporcional ao tamanho do estrato (número de empregados em cada estrato). TABELA 6 - Tamanho da amostra de homens para nível de confiança de 95% (z-alfa/2=1,96) 188 Proporção de homens que já se sentiram discriminados (amostra piloto) = 0,1 (2 em 20) d 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 n 949 521 297 186 125 Obs.: precisão relativa de 0,1 implica em variação da proporção 0,1 entre 0,09 e 0,11 (10% da proporção a mais ou a menos). 3. Desenho amostral final A população de empregados da empresa foi subdividida segundo estratos, anteriormente a seleção e a determinação do tamanho da amostra, com vistas a permitir uma visão melhor dos aspectos que são de interesse na pesquisa. O desenho amostral final (precisão relativa igual a 0,3) é apresentado a seguir. Estrato Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3 Descrição Mulheres Homens - Diretoria industrial Homens - Demais diretorias n 34 250 (297x0.8416) 47 (297-250) Total da amostra 34 250 47 331 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRUZAMENTOS Alguns cruzamentos serão feitos com base nos dados coletados na amostra. Estes cruzamentos pretendem identificar se existem diferenças significativas entre subconjuntos da população no que diz respeito a SEXO, RAÇA, ESCOLARIDADE, FAIXA SALÁRIAL, etc.. 189 Supondo que a proporção de pessoas que já se sentiram discriminadas observada na amostra piloto seja aproximadamente: 0,3 para pretos, 0,03 para brancos e 0,08 para pardos.Suponha também que a proporção de pessoas em cada raça seja a mesma na amostra piloto e na amostra efetiva. O cruzamento das perguntas RAÇA x DISCRINAÇÃO forneceria uma tabela com as seguintes freqüências: TABELA EXEMPLO DE CRUZAMENTO Cor / Discriminado Branca Preta Parda Total Sim 4 17 12 33 Não 126 40 132 298 Total 130 57 144 331 Neste exemplo as diferenças quanto discriminação segundo a cor do informantes são claramente significativas. Infelizmente o poder de um Teste Qui-quadrado teria seu poder de medida comprometido parcialmente, uma vez que uma das células da tabela tem freqüência inferior a 5. Normalmente utiliza-se um tamanho de amostra que permita estimar satisfatoriamente as proporções mais importantes em uma pesquisa. Os cruzamentos pretendidos são realizados e quando as tabelas possuírem muitas células com freqüências absolutas inferiores a 5 opta-se pelo colapsamento de linhas e/ou colunas, diminuindo o número de categorias das variáveis que se pretende alnalisar (quando é possível fazer esta junção). Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 190 APÊNDICE 4 OBSERVATÓRIO SOCIAL PESQUISA THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A. QUESTIONÁRIO No. Unidade: Unidade Industrial Guaíba Data: __ / __ / 03 Nome do entrevistador: __________________________________________ Nome do entrevistado: ___________________________________________ a) F Masculino 1. Sexo: 2. Qual a sua data de nascimento? b) F Feminino / / 3. A sua cor ou raça é: a) F Branca b) F Preta c) F Parda d) F Asiática (amarela) e) F Indígena 4. Em qual divisão da empresa você trabalha atualmente? _____________ 5. Qual o seu cargo na empresa? ____________________________________________________________ 6. Há quanto tempo você trabalha nesta empresa? anos e meses 7. Quantas vezes você foi demitido/a e readmitido/a nesta empresa? vezes 8. Qual o mês e ano da sua última admissão nesta empresa? Mês do ano de Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 191 9. O seu salário mensal é de: a) F menos de R$ 400,00 b) F de R$ 401,00 a R$ 600,00 c) F de R$ 601,00 a R$ 1.000,00 d) F de R$ 1.001,00 a R$ R$ 1.400,00 e) F de R$ 1.401,00 a R$ 2.000.00 f) F de R$ 2.001,00 a R$ 4.000,00 f) F mais de R$ 4.000,00 10. Qual o seu turno de trabalho? a) F Manhã (6h30 as 14h30) b) F Tarde (14h30 as 22h30 c) F Noite (22h as 6h20) d) F Normal (7h35 as 17h23) 11. Quantas horas extras você trabalhou na semana passada? horas extras 12. Quantas horas extras, remuneradas ou não, você trabalhou no mês de janeiro? a) F 0 hora b) F 4 horas ou menos c) F entre 5 a 10 horas d) F De 10 a 20 horas e) F De 20 a 40 horas f) F Mais de 40 horas Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 192 13. Qual é o seu nível de escolaridade? (Considere o curso mais elevado que você freqüentou ou está freqüentando, no qual tenha concluído pelo menos uma série) a) F Alfabetização de adultos b) F antigo primário c) F antigo ginásio d) F antigo clássico, científico, etc e) F ensino fundamental ou 1o grau f) F ensino médio ou 2o grau g) F superior – graduação h) F mestrado ou doutorado e) F nenhum 14. Você concluiu este curso? a) F Sim b) F Não 14.1. Você concluiu algum curso técnico? a) F Sim. Qual? ________________________________________________ b) F Não 15. Você é associado ao Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e a) F Sim b) F Não Guaíba? 16. Caso afirmativo, há quanto tempo você é associado ao sindicato? Anos 17. Você e associado a outro sindicato? a) F Sim b) F Não 18. Em caso afirmativo, a qual sindicato você é associado? ______________________________________________________________ Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 19. Na sua opinião, qual o principal papel do Sindicato? (Assinale no máximo 3 alternativas) a) F Dar orientação política para a luta dos trabalhadores b) F Prestar serviços de assistência médica, odontológica c) F Prestar serviços de assistência jurídica d) F Oferecer cursos de formação profissional e) F Fazer a negociação salarial f) F Resolver problemas com a gerência da empresa g) F Outra. Qual:__________________________________________ 20. Quando você é informado de assembléias ou reuniões do sindicato, você participa: a) F Sempre (PASSE PARA A QUESTÃO 22) b) F Às vezes c) F Raramente d) F Nunca 21. Qual ou quais motivos o(a) levam a não participar de assembléias ou reuniões do sindicato? (Você pode indicar mais de uma alternativa) a) F Desinteresse pelos assuntos tratados b) F Falta de tempo c) F Temor de sofrer represálias de chefes/gerentes da empresa d) F Discordância com as posições da direção do sindicato e) F Outros motivos 22. De que forma você é informado(a) das atividades e assuntos do sindicato? (Você pode indicar mais de uma alternativa) a) F Participando de assembléias ou reuniões do sindicato b) F Lendo boletins, panfletos ou jornais do sindicato c) F Conversando com diretores do sindicato d) F Conversando com colegas de trabalho e) F Conversando com chefes ou gerentes f) F Pelos meios de comunicação (TV, jornal, rádio) g) F Não sou informado(a) 193 194 Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 23. Você considera que na empresa as oportunidades de realização profissional são: a) F Muito boas b) F Boas c) F Regulares d) F Ruins e) F Muito Ruins 24. Você já participou de atividade de treinamento promovida pela empresa (inclusive em segurança no trabalho)? a) F Sim b) F Não (PASSE PARA A QUESTÃO 26) EM CASO POSITIVO, RESPONDA 25. Quantos cursos ou treinamentos você fez em 2002? Cursos 26. Na sua opinião, qual ou quais destes critérios a chefia ou gerência consideram para promover os empregados a cargos mais elevados? (assinale até 3 alternativas) a) F Formação escolar e técnica b) F Experiência adquirida no trabalho c) F Dedicação à empresa d) F Não participar de atividades do sindicato e) F Ser homem f) F Ser mulher g) F Ser negro, preto ou pardo h) F Ser branco i) F Outros. Quais? ______________________________________________ 27. Você já se sentiu prejudicado/a ou discriminado/a na empresa por algum dos seguintes motivos? a) F Sexo b) F Cor ou raça c) F Participação sindical d) F Participação política e) F Doença f) F Outro motivo. Qual: ____________________________________ g) F Nunca se sentiu discriminado/a Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 28. Como você caracteriza as condições do seu local de trabalho em relação aos Seguintes pontos: 28.1. Temperatura (calor ou frio) a) F Muito boa b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim 28.2. Iluminação a) F Muito boa 28.3. Barulho a) F Muito boa 28.4. Qualidade do ar (Gases, vapores, poeiras, fumaça, odores) a) F Muito boa b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim 28.5. Ordem/organização do espaço de trabalho a) F Muito boa b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim 28.6. Limpeza a) F Muito boa 28.7. Conforto (dos móveis, bancadas, cadeiras etc.) a) F Muito boa b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim 29. Depois de ter começado a trabalhar na empresa, você já apresentou algum desses problemas de saúde? a) F Problemas de coluna b) F Surdez c) F Doenças de pele d) F Doenças respiratórias e) F Lesão por esforços repetitivos f) F Doenças do sangue g) F Depressão ou estresse h) F Outro. Qual? _______________________________________ i) F Não apresentei nenhum problema de saúde 195 196 Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 30. Alguma vez você deixou de revelar que estava doente ou passando mal enquanto trabalhava, por medo de ser prejudicado/a na empresa? a) F Sim b) F Não 31. Você sabe os resultados de exames de laboratório ou exames médicos solicitados pela empresa? a) F Sim (PASSE PARA A QUESTÃO 32) b) F Não c) F Nunca fiz exames EM CASO NEGATIVO, RESPONDA 32. Qual o motivo de não saber os resultados dos seus exames? a) F Desinteresse pessoal b) F Dificuldade para obtê-los com a empresa 33. Como você avalia os serviços prestados pelo ambulatório médico da empresa? a) F Muito bons b) F Bons c) F Regulares d) F Ruins e) F Muito Ruins 34. Você recebeu algum treinamento da empresa sobre saúde e segurança no trabalho? a) F Sim b) F Não (PASSE PARA A QUESTÃO 35) EM CASO POSITIVO, RESPONDA 35. As informações transmitidas neste treinamento foram: a) F Claras e de fácil compreensão b) F Difíceis de entender 36. Como você avalia a atuação da CIPA na empresa? a) F Muito boa b) F Boa c) F Regular d) F Ruim e) F Muito Ruim 37. Sobre os riscos de doenças e de acidentes de trabalho, você se considera: a) F Muito bem informado/a b) F Bem informado/a c) F Razoavelmente informado/a d) F Pouco informado/a e) F Nada informado/a Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 197 38. No seu trabalho é necessária a utilização de algum equipamento de proteção individual (EPI)? a) F Sim b) F Não (PASSE PARA A QUESTÃO 44) EM CASO POSITIVO, RESPONDA 39. Você utiliza o EPI tal como o indicado pelas normas de segurança: a) F Sempre (PASSE PARA A QUESTÃO 40) b) F Às vezes c) F Raramente ou nunca CASO VOCÊ USE O EPI AS VEZES OU RARAMENTE, RESPONDA: 40. Por quê você não utiliza sempre o EPI tal como indicado pelas normas de Segurança? a) F Há falta de EPIs b) F O uso é incômodo c) F O EPI é inútil c) F Outro motivo. Qual: _________________________________ ______________________________________________________ 41. Você recebeu treinamento sobre o uso adequado do EPI recomendado? a) F Sim b) F Não 42. Você teve à disposição vários tipos de EPI para escolher aquele que causa menos incômodo? a) F Sim b) F Não 43. Os EPIs são mantidos em perfeito estado de conservação e limpeza? a) F Sim b) F Não 44. Você pode trocar o EPI sempre que esse apresentar algum defeito, estiver vencido ou se mostrar ineficiente? a) F Sim b) F Não 198 Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 45. Você já sofreu algum acidente de trabalho nesta empresa? a) F Sim b) F Não (PASSE PARA A QUESTÃO 48) EM CASO POSITIVO, RESPONDA 46. Quantos acidentes você já sofreu nesta empresa? Acidentes 46.1. O último acidente ocorreu em qual ano? 47. Quais tipos de acidentes você sofreu nesta empresa? a) F Quedas no mesmo nível ou de níveis diferentes b) F Impactos (batida, prensagem) c) F Choques elétricos d) F Corte ou amputação traumática (com impacto) e) F Exposição aguda ou crônica (freqüente) a produtos químicos f) F Contato com superfície em temperaturas extremas (frio ou quente) g) F Exposição a chamas ou arco voltaico h) F Exposição a radiações ionizantes (raio-X; alfa; beta e gama) i) F Exposição excessiva a vibrações, raios ultravioleta, ultra-som ou outras radiações não-ionizantes j) F Exposição a ruído de impacto ou exposição crônica (freqüente) a ruído k) F Outros acidentes 48. Quais as conseqüências desse(s) acidentes(s) que você sofreu nesta empresa? a) F Fraturas b) F Torções c) F Esmagamentos d) F Cortes e) F Queimaduras térmicas ou química f) F Amputação de membros ou parte do corpo g) F Intoxicação ou contaminação por produto químico h) F Perda auditiva Induzida pelo ruído i) F Alteração do sangue ou dos hormônios j) F Conjuntivite ou lesão ocular k) F Outras conseqüências Observatório Social – Pesquisa ThyssenKrupp Elevadores – Unidade Industrial 199 49. Na sua opinião, a atividade da empresa causa algum impacto negativo no: a) F Solo b) F Ar c) F Rios ou lagos d) F Vegetação e) F Não sei f) F Não causa impactos negativos Isto encerra nossa entrevista. Muito obrigado pela sua colaboração!