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Anais do X Seminário de Iniciação Científica, VII Jornada de Pesquisa
17 a 19 de outubro de 2012
DIVERSIDADE DA AVIFAUNA NO PARQUE RECANTO DAS ARARAS, MORRINHOS, GO
Alisson Vinicius Pereira
Graduando em Ciências Biológicas, PVIC/UEG, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Airam Vitória Silva Sousa
Graduanda em Ciências Biológicas, PVIC/UEG, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Renata Gonçalves de Oliveira
Graduanda em Ciências Biológicas, PVIC/UEG, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Lorrany Calaça Campos
Graduanda em Ciências Biológicas, PVIC/UEG, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Lara Aparecida de Castro Barbosa
Graduanda em Ciências Biológicas, PVIC/UEG, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Nilson Kássio Pereira Lima
Graduando em Zootecnia, PRAE/UFSC, UFSC, Florianópolis (SC) – e-mail: [email protected]
Alexandre Gabriel Franchin
Pós-doutorando pelo PPECRN, UFU, Uberlândia (MG) – e-mail: [email protected]
Rafael de Freitas Juliano/Orientador (UEG)
Professor do Curso de Ciências Biológicas, UEG/UnU Morrinhos, Morrinhos (GO) – e-mail: [email protected]
Introdução
habitats naturais.
O Brasil é um dos países com uma das mais
ricas ornitofaunas do mundo, com 1.832 espécies
ocorrendo em seu território, entre residentes e
migratórias (CBRO, 2011). Apesar dessa alta
biodiversidade, o Cerrado têm perdido muitas espécies
devido à alteração e fragmentação dos ambientes
naturais (CARVALHO et al., 2009).
As aves são comumente presentes em ambientes
urbanos, geralmente buscando refúgios em áreas
verdes e/ou próximos às áreas azuis, e por isso têm
ocupado lugar de destaque nas pesquisas referentes a
este ecossistema (REYNAUD & THIOULOUSE,
2000).
Rebele (1994) afirma que é possível definir a
cidade como ecossistema típico ou percebê-la como
um mosaico de vários ecossistemas individuais,
composto por áreas verdes (parques e praças) e áreas
azuis (lagos, rios, brejos e ruas; sensu BOLUND &
HUNHAMMAR, 1999). Muitos animais e plantas que
ocorrem nesses locais estão em extinção em seus
ambientes naturais, evidenciando a sustentabilidade
potencial dessas áreas para muitas espécies
(REYNAUD & THIOULOUSE, 2000).
O córrego Pipoca, principal fonte de
abastecimento de água para a população local, foi
represado a partir de 2004, onde anteriormente havia
uma grande vereda, formando-se o lago artificial do
Parque Recanto das Araras. Neste local, grande parte
da vegetação nativa foi substituída para a criação de
uma infraestrutura que permite a concentração de
pessoas, sobretudo nos fins de tarde para recreação
(JULIANO et al., 2012)
Contudo, esses impactos ambientais e as
transformações que a área urbana de Morrinhos vem
sofrendo nos últimos anos, devido ao processo de
urbanização em curso, têm possibilitado interferências
significativas nas áreas verdes e consequentemente nos
Objetivos
Descrever a diversidade de aves que ocorrem no
Parque Recanto das Araras e sua relação com a
estrutura do habitat em Morrinhos, GO.
Metodologia
O levantamento da avifauna do Parque
Municipal Recanto das Araras foi realizado
mensalmente, entre setembro de 2011 a julho de 2012,
através do método de listas de McKinnon (10 espécies;
adaptado de BIBBY et al., 2000). A partir dessas listas,
foi calculado a abundância relativa por espécie através
do Índice de Frequência de Listas (IFL).
As amostragens ocorreram no parque, com
duração média de duas horas, variando entre 06:00h e
12:00h. O registro das espécies em atividade foi feito
mediante identificação sonora ou visual, com auxílio
de binóculos 8x40 e câmera fotográfica DSLR.
As espécies foram identificadas com auxílio de
guia de campo específico (SIGRIST, 2009) e
classificadas de acordo com a dieta predominante,
segundo Sick (1997) e Sigrist (2009). A classificação
do habitat principal e a sensibilidade a distúrbios
ambientais seguem preferencialmente Parker III et al.
(1996) (vide Tabela 1). A nomenclatura seguiu a Lista
das Aves do Brasil, proposta pelo Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos (CBRO, 2011).
Resultados e discussão
Foram registradas, na área de estudo, 116 espécies em
42 famílias e 20 ordens, no período compreendido
entre setembro de 2011 a julho de 2012. A ordem mais
representativa foi Passeriformes (pássaros verdadeiros)
com 62 espécies, seguido da ordem Psittaciformes e
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Anais do X Seminário de Iniciação Científica, VII Jornada de Pesquisa
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com sete espécies. As famílias com maior riqueza
foram Tyrannidae (papa-moscas, bem-te-vis e suiriris),
com 18 espécies; Icteridae, com oito espécies; e
Psittacidae, com sete espécies.
Através da construção das curvas médias de
acumulação obteve-se uma estimativa de riqueza de
148,73 ± 17,94 espécies para a área do Parque Recando
das Araras, através do estimador não paramétrico
Jackknife 1, sendo que a curva não atingiu a assíntota
com o esforço amostral (Figura 1). Esse resultado
revela que cerca de 77,99% das espécies esperadas na
área foram registradas. A riqueza na área variou entre
27 a 62 espécies por mês, sendo que setembro de 2011
apresentou o maior número de espécies (S = 62), e
fevereiro e abril de 2012 foram os meses com a menor
riqueza observada (S = 27 e S = 38, respectivamente)
(Figura 1).
o potencial da área urbana de Morrinhos em sustentar
uma população viável da espécie e do Parque como
importante área de socialização e alimentação desse
psitacídeo; nesse local se agrupam bandos de até 29
indivíduos em um dormitório comum e nidifica
frequentemente em vários buritis (Mauritia flexuosa).
A área também é um local importante para 20
espécies aquáticas e outras que forrageiam em locais
associados à ambientes de brejo.
Figura 1. Riqueza (em barras) e riqueza acumulada de espécies
(linha) no Parque Recanto das Araras, durante o período de
setembro/2011 a julho/12.
Agradecimentos
Considerações finais
O Parque Recanto das Araras é a área que melhor
representa a diversidade de aves urbanas em
Morrinhos, GO. Sua importância socioambiental
sinaliza para que mais estudos sejam feitos no sentido
de estabelecer sua conservação e manejo adequados.
Agradecemos ao programa PVIC/UEG.
Referências
Nesse levantamento, constatou-se que, no
Parque, predominam aves campestres (72,17%), de
hábito insetívoro (35,34%), seguido por onívoro
(32,76%), frugívoro (9,48%), carnívoro (9,48%),
granívoro (8,62%), nectarívoro (3,45%) e detritívoro
(0,86%). A maioria das aves em áreas urbanas no
Brasil é onívora, e essa proporção dominante tende
para os insetívoros especialistas quando o ambiente é
menos alterado (FRANCHIN, 2009).
A maioria das espécies (76,72%) é de baixa
sensibilidade a distúrbios ambientais. Quase um quarto
das espécies (22,41%) é de média sensibilidade e
apenas uma espécie (0,86%), o araçari-castanho (P.
castanotis), possui alta sensibilidade. Duas espécies
são endêmicas do bioma Cerrado: o chorozinho-debico-comprido (H. longirostris), essencialmente
florestal, e a gralha-do-campo (C. cristatellus),
essencialmente campestre.
As espécies mais comuns (IFL>0,25), com
exceção de Furnarius rufus, são espécies que ocorrem
em bandos no Parque (i.e. Aratinga aurea, Patagioenas
picazuro, Tachornis squamata, Brotogeris chiriri,
Gnorimopsar chopi, Ara ararauna). A ocorrência
comum da arara-canindé (A. ararauna; IFL=0,35) −
espécie frequentemente ameaçada pelo desmatamento
de palmeirais em muitas regiões do Brasil − demonstra
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PrP/UEG – Vol. X , Nº 00, Outubro de 2012, páginas 1-2
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