avaliação do equilíbrio estático e dinâmico em pacientes com

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AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO
PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ESQUIZOFRENIA
EM
EVALUATION OF THE STATIC AND THE DYNAMIC BALANCE OF PATIENTS
DIAGNOSED WITH SCHIZOPHRENIA
Anny Vaz de Souza¹, Jucelia Fabíola Argenton Gehlen², Sara Barbosa Freire³, Érika
Guerrieri Barbosa4.
1- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador
Valadares – MG. E-mail: [email protected].
2- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador
Valadares – MG. E-mail: [email protected]
3- Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador
Valadares – MG. E-mail: [email protected]
4- Orientadora e Professora Especialista da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) – Governador
Valadares – MG. E-mail: [email protected]
Resumo: A esquizofrenia é uma psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de
diferentes doenças com sintomas que se assemelham e sobrepõem. Este estudo teve como objetivo
avaliar o equilíbrio em pacientes com diagnóstico clínico de esquizofrenia. A amostra foi constituída
por 19 pacientes. Para coleta de dados utilizou-se a escala de Equilíbrio de Berg. De acordo com
Shumway-CooK (1997), quatro pacientes tem um aumento de 3 % no risco de quedas, treze
pacientes têm um aumento de 42 a 60% de risco de quedas e apenas dois pacientes apresentam
risco maior que 60% de quedas. Entretanto, Thorbahn e Newton (1996), verificou-se que dos 19
(dezenove) pacientes apenas dois pacientes estão no limite do ponto de corte com 45 pontos
indicando risco de queda. Contudo de acordo com Harada et al (1995) utilizando o ponto de corte de
48 pontos, pode-se observar que sete pacientes apresentam risco de queda, sendo estes dois com
escore de 48 pontos. Assim observamos que há uma alteração de equilíbrio dinâmico dos indivíduos
analisados, o que pode levá-los a diminuição ou dificuldades funcionais, porém uma possível
limitação do estudo quanto à previsão do equilíbrio estático e dinâmico pode ser decorrente da baixa
sensibilidade da Escala de Equilíbrio de Berg e da falta de associação de uma avaliação funcional de
marcha entre outras para melhor fundamentá-la.
Palavras-chave: Esquizofrenia; antipsicóticos; equilibrio.
Abstract: Schizophrenia is a chronic idiopathic psychosis which seems to be a group of different
diseases with symptoms that are similar and overlap each other. This research had its objective to
evaluate the balance in patients with a clinical diagnostic of schizophrenia. The field research was
done with 19 patients. Each collection of data was done using Berg’s balance scale. As stated on
Shumway-Cook (1997), four patients had an increase of 3% in the risk of falling; thirteen patients had
an increase of 42 to 60% in the risk of falling and only two patients showed a risk greater than 60%.
However, Thorbahn and Newton (1996) indicated that of the 19 (nineteen) patients only two patients
are in the limit of the point of cutting with 45 points indicating the risk of falling. Harada et al (1995)
agreed that using the point of cutting of 48 points, it is able to be observed that seven patients show a
risk of falling, being that two of these with 48 points using a support. This way we observed that there
is an alteration in the dynamic balance of the analyzed individuals, that could bring them to shrinking
of difficulties in the normal functions, but a possible limitation of the research in relation to anticipating
the static and dynamical balance could be present since the low sensibility of Berg’s Balance Scale
and the lack of an association of functional evaluation of marching and others for better
fundamentalism.
Key-words: Schizophrenia; antipsychotic drugs; balance.
2
comportamento desorganizados; (4) o subtipo
1.0 Introdução
Atualmente a esquizofrenia é um dos
paranóide,
no
qual
estão
presentes
ou
alucinações
principais problemas de saúde pública, exige
predominantemente
considerável investimento do sistema de saúde e
auditivas; (5) o subtipo indiferenciado, que é uma
causa grande sofrimento para o doente e sua
categoria
família. É um transtorno de longa duração no
simples, assim chamada por seu curso e
qual o indivíduo experimenta períodos de crises
sintomas negativos permanentes da doença.
ilusões
não-específica;
(6)
esquizofrenia
e remissões que resultam em deterioração do
De acordo com Kaplan e Sadock (1993),
funcionamento do doente e da família, causa
em 1980, Crow propôs uma classificação dos
diversos danos e perdas nas habilidades de todo
pacientes com esquizofrenia em Tipo I e Tipo II.
grupo (GALERA e GIACON, 2006).
Este sistema baseia-se na presença de sintomas
Segundo Silva (2006), a esquizofrenia é
positivos (Tipo I) ou negativos (Tipo II). Os
uma psicose crônica idiopática, aparentando ser
sintomas
um
afetivo,
conjunto
de
diferentes
doenças
com
negativos
pobreza
incluem
do
embotamento
pensamento,
falta
de
sintomas que se assemelham e se sobrepõem,
motivação, anedonia, retraimento social, defeitos
sendo de origem multifatorial onde os fatores
cognitivos e déficits de atenção. Já os sintomas
genéticos
estar
positivos incluem afrouxamento de associações,
de
comportamento bizarro, discurso aumentado e
associados
e
ambientais
a
um
parecem
aumento
no
risco
desenvolver a doença.
alucinações.
Na maioria dos pacientes a esquizofrenia
Segundo
Elkis
(2000),
Bleuler
alguns
sintomas
seriam
surge em idade precoce entre, 15 a 54 anos de
considerava
idade. É uma doença de origem desconhecida,
fundamentais para o diagnóstico constituindo os
que leva a existência de controvérsias em
famosos 6 “As” : distúrbios das associações do
relação as suas causas (DURÃO, MIASSO e
pensamento,
SOUZA, 2007).
embotamento afetivo, distúrbios da atenção e
Em estudos recentes na América Latina
que,
autismo,
ambivalência,
avolição. Sintomas como delírios, alucinações,
e no Brasil estima-se que a esquizofrenia atinja
distúrbios
0,5% a 1% da população, sendo a incidência de
considerados não essenciais ao diagnóstico e,
aproximadamente quatro casos novos em cada
portanto, acessórios.
dez mil habitantes por ano (MARI e LEITÃO,
2000).
do
humor
ou
catatonia
eram
O prognóstico da esquizofrenia tem
amplos aspectos, entre eles o prejuízo no
De
acordo
com
Jorge
(2000),
a
ajustamento social, o número de hospitalizações
esquizofrenia é dividida em subtipos que são
após
definidos por seus sintomas predominantes.
(MENEZES, 2000).
avaliação
inicial
e
a
mortalidade
Esses subtipos incluem: (1) o subtipo
Cerca de 50% de todos os pacientes
hebefrênico, no qual o afeto embotado ou
com a esquizofrenia tentam o suicídio e 10% têm
inapropriado
subtipo
sucesso. O suicídio pode ser precipitado por
catatônico, no qual auto-sintomas característicos
sensações de vazio absoluto, depressão, desejo
(catatonia) são permanentes; (3) o subtipo
de escapar de uma tortura mental ou por
é
proeminente;
(2)
o
desorganizado, no qual predominam discurso e
3
alucinações auditivas que ordenam que o
pacientes com esquizofrenia e as recidivas de
paciente se mate (KAPLAN e SADOCK, 1993).
internações (BARBOSA, COSTA e SILVA, 2007).
O sexo é fator importante que predispõe
Os antipsicóticos atípicos ou de segunda
o curso e a evolução da esquizofrenia. Estudos
geração inibem receptores de dopamina e
apontam que as mulheres têm um prognóstico
serotonina, melhorando sintomas positivos e
melhor que os homens em relação ao número de
ajudando no tratamento de sintomas negativos,
reinternações psiquiátricas, evolução clínica e
não
funcionamento
significativos.
social.
O
suicídio
é
mais
provocando
Os
efeitos
efeitos
extrapiramidais
colaterais
mais
freqüente no sexo masculino e está associado
significativos desse grupo de medicamentos é o
com
aumento de peso, alterações metabólicas como
desesperança,
depressão,
falta
de
expectativas. (CHAVES, 2000).
A
abordagem
dislipidemias, síndrome metabólica e diabetes o
na
que vem aumentando o número de mortes
diversas
súbitas nos pacientes tratados, assim esses
mudanças nas últimas décadas. O trabalho de
pacientes devem ser acompanhados com mais
profissionais de saúde mental, atuando em
rigor (CASTRO e ELKIS, 2007 ).
esquizofrenia
tem
terapêutica
passado
por
equipe multiprofissional, favorece uma visão
ampla
do
comprometimento
possibilitando
realizar
acompanhamento
um
do
indivíduo,
tratamento
biopsicosocial
(SÁ
JR.
Infelizmente, não existem antipsicóticos
isentos de efeitos colaterais. A vantagem clínica
e
de um grupo de drogas muitas vezes expõe o
e
usuário à complicações, como no caso dos
SOUZA, 2007).
antipsicóticos de nova geração (atípicos), que
Os antipsicóticos representam o principal
apresentam melhor tolerabilidade de efeitos
tratamento para pacientes com esquizofrenia
parkinsonianos,
(ELKIS e LOUZA, 2007).
ejaculação, porém com maior risco de ganho de
Existem
antipsicóticas:
dois
os
tipos
de
antipsicóticos
drogas
típicos
ou
convencionais e os atípicos ou de nova geração.
Os
antipsicóticos
hiperglicemia
ou
e
problemas
redução
de
de
libido
(ABREU,BOLOGNESI e ROCHA, 2000).
O uso prolongado e/ou inadequado dos
ou
antipsicóticos típicos contribui para disfunções
convencionais são antagonistas da dopamina e
crônicas tais como: discinesia tardia, acatisia,
seu efeito resulta na diminuição dos sintomas
distonia, que podem afetar o equilíbrio estático e
positivos e produzem como efeitos colaterais
dinâmico dos pacientes em tratamento. Além
principalmente efeitos extrapiramidais, que têm
destas alterações, a ataxia, atrofia e fraqueza
como
muscular também pode influenciar diretamente
sintomas
básicos
típicos
peso,
distonias
transtornos
dos
movimentos como: tremor, rigidez, bradicinesia
(síndrome parkinsoniana), distonia e acatisia
(GALERA e GIACON, 2006).
no equilíbrio (GALERA e GIACON, 2006).
Segundo Silva e Silva (2007), uma das
tarefas mais importantes do sistema de controle
O principal representante desta classe
postural humano é a do equilíbrio do corpo sobre
de substâncias é a clorpromazina, primeiro
uma pequena base de apoio fornecida pelos pés.
fármaco a tratar efetivamente os sintomas
Desequilíbrio e queda constituem um sério
positivos da esquizofrenia, sendo ainda capaz de
problema de saúde pública associado ao déficit
reduzir o tempo médio de hospitalização de
funcional, danos à saúde mental, incapacidade
4
para realizações de atividades normais, altos
termo de consentimento livre, esclarecido de
gastos financeiros com cuidados pós-queda que
acordo com a Resolução CNS 196/96.
têm sido estudados sob a perspectiva de
diversas áreas.
Foram
excluídos
do
estudo,
os
indivíduos que possuíam fraturas recentes dos
Sabe-se que dentre as patologias dos
membros inferiores (menos de cinco anos),
transtornos mentais a esquizofrenia é uma das
membros amputados, déficit auditivo e visual,
que
de
patologias do labirinto e qualquer patologia que
comorbidades associadas. Entretanto, poucas
podem dificultar a marcha assim como aqueles
pesquisas
que não possuíam marcha.
mais
se
são
destaca
realizadas
no
em
sentido
relação
às
fundamentações das práticas corporais aplicadas
O protocolo da avaliação consistia na
pela fisioterapia, mesmo observando que esses
análise do prontuário do CERSAN de cada
pacientes
indivíduo, onde foram colhidos dados como
apresentam
várias
alterações
emocionais, motoras, espaciais e de equilíbrio.
gênero, idade, escolaridade, diagnóstico clínico,
Neste sentido, o objetivo do presente
medicação em uso e se este realizava ou não
estudo é avaliar o equilíbrio estático e dinâmico
atividades físicas periódicas. Ficando como
em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia,
critério
através da análise da execução de tarefas tais
pacientes que faziam atividades físicas com
como: alcançar, girar, transferir, permanecer em
freqüência menor que duas vezes semanais com
pé e levantar.
durabilidade inferior à 1 hora.
de
definição
de
sedentarismo
os
Para avaliação do equilíbrio foi aplicada
a “Escala de Equilíbrio de Berg” por ser um teste
2.0 Metodologia
O estudo foi realizado no Centro de
funcional, validado, aceito internacionalmente, de
Convivência Dona Elza Monteiro Guimarães,
fácil aplicação e de baixo custo (Miyamoto ST,
vinculado ao Centro de Referência em Saúde
Lombardi Junior I, Berg KO, Ramos LR, Natour
Mental (CERSAM) na cidade de Governador
J.).
Valadares - MG, após aprovação do comitê de
A Escala de Equilíbrio de Berg atende a
ética e pesquisa da UNIVALE (Universidade Vale
várias propostas, como descrição quantitativa da
do Rio Doce) nº.TCC 026/08-06 A amostra
habilidade de equilíbrio funcional, determinação
constituiu de 19 (dezenove) indivíduos, com faixa
de fatores de risco para perda de independência
etária entre 30 a 45 anos.
e para quedas, além da avaliação da efetividade
Como critério de inclusão estabeleceu-se
das intervenções na prática clínica e em
que participariam pessoas com diagnóstico
pesquisas. A escala avalia o equilíbrio estático e
clínico
tratamento
dinâmico, baseada em 14 itens comuns da vida
medicamentoso de no mínimo cinco e no
diária, tais como alcançar, girar, transferir-se,
máximo dez anos de tratamento. Idade entre 30
permanecer em pé e levantar-se. O escore
a 45 anos, pacientes que possuíam marcha que
máximo que pode ser alcançado é 56 pontos e a
fazem
de
pontuação de cada item varia de 0 a quatro
Convivência Dona Elza Monteiro Guimarães, que
pontos e devem ser subtraídos caso o tempo ou
aceitaram participar da pesquisa assinando o
à distância não sejam atingidos, ou o indivíduo
de
esquizofrenia
acompanhamento
em
no
Centro
necessite de supervisão para a execução da
5
tarefa ou ainda, se o indivíduo apóia-se num
coletados foram analisados em conjunto e
suporte externo ou recebe ajuda do examinador.
apresentados em forma de gráfico comparativo.
Esta foi aplicada por três avaliadoras
previamente
treinadas
a
realizar
os
3.0 Resultados
procedimentos de acordo com a descrição dos
No Centro de Convivência Dona Elza
autores que fizeram sua tradução e adaptação
Monteiro Guimarães são acompanhados 121
para o Brasil. Vale ressaltar que as avaliações
pacientes permanentes e destes, apenas 23
foram realizadas no mesmo ambiente com o
possuem a faixa etária entre 30 a 45 anos com
mesmo material e distâncias.
diagnóstico de esquizofrenia e 19 aceitaram
Foi
utilizado
ainda
o
modelo
para
previsão quantitativa da Escala de Equilíbrio de
Berg
e
o
risco
de
quedas
participar da pesquisa, representando um total
de 82% dos pacientes.
(10-100%),
Dos 19 (dezenove) pacientes avaliados
desenvolvido por Shumway-Cook et al. (1997).
52,63%(10)
Segundo o autor nesse modelo, a sensibilidade
47,37%(9) do gênero feminino e 100% desses
da escala foi de 55% e a especificidade, 95%. A
são sedentários.
probabilidade
de
queda
aumenta
com
eram
do
gênero
masculino,
a
Em relação ao nível de escolaridade foi
diminuição da pontuação da Escala de Equilíbrio
observado que 42,10% (oito pacientes) tem
de Berg, numa relação não linear. Na amplitude
primeiro
de 56 a 54, cada ponto a menos é associado a
incompleto 15,79% (três pacientes); primeiro
um aumento de 3 a 4% no risco de quedas. De
grau completo 5,26% (um paciente); segundo
54 a 46, a alteração de um ponto é associada ao
grau
aumento de 6 a 8%, sendo que, abaixo de 36
terceiro grau completo 10,53% (dois pacientes);
pontos, o risco de quedas é quase de 100%.
analfabeto 5,26% (um paciente).
Entretanto Thorbahn e Newton (1996)
grau
completo
No
incompleto;
21,05%
que
se
segundo
(quatro
refere
à
grau
pacientes);
medicação
analisam a Escala de Berg pelo ponto de corte
administrada 89,47% (dezessete) fazem uso de
de 45 pontos o que significa que abaixo desse
antipsicóticos típicos e apenas 10,53% (dois)
valor há predição de quedas com sensibilidade
usam antipsicóticos atípicos, ambos associados
82% e 87% de especificidade. Já Harada et al
a outras medicações.
(1995) analisa a Escala de Berg com ponto de
Analisando
os
resultados
segundo
corte de 48 pontos, com sensibilidade de 91% e
Thorbahn e Newton (1996), verificou-se que dos
especificidade de 70%. Portanto nesse estudo
19 (dezenove) pacientes apenas dois pacientes
usamos as três análises, pois nas bibliografias
estão no limite do ponto de corte com 45 pontos
encontradas, que utilizam a Escala de Berg para
indicando risco de queda. Entretanto utilizando o
analise de equilíbrio, não há um consenso em
ponto de corte de 48 pontos, pode-se observar
relação à análise.
que sete pacientes apresentam risco de queda,
Os materiais utilizados foram: cadeira,
sendo estes dois com escore de 48 pontos.
degrau, trena métrica e cronômetro, utensílios
De acordo com Shumway-CooK (1997),
pertencentes à instituição. A escala de equilíbrio
quatro pacientes tem um aumento de 3 % no
de Berg foi aplicada em uma sala fechada, bem
risco de quedas, treze pacientes têm um
ventilada, com piso regular e nivelado. Os dados
aumento de 42 a 60% de risco de quedas e
6
apenas dois pacientes apresentam risco maior
que 60% de quedas.
Na tabela abaixo, apresentamos os
resultados das perguntas segundo a Escala de
Equilíbrio de Berg, podemos observar:
OPÇÕES DE RESPOSTAS
PERGUNTAS 0
1
2
3
4
1
1
18
2
2
17
3
1
18
RESULTADO DOS TESTES
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
0
1
2
3
4
1
2
3 4
5
6 7
8 9 10 11 12 13 14
PERGUNTAS
4
1
1
17
5
3
5
11
1
18
Nas tarefas de manutenção de posturas
1
1
17
estáticas, sentada e em pé de olhos fechados
3
8
7
94,74% dos pacientes realizaram com ótimo
2
17
desempenho, juntamente com a transferência de
4
10
postura sentada para de pé. Na manutenção da
11
7
9
8
10
9
2
13
6
7
8
1
9
10
5
11
1
12
1
1
13
14
1
1
2
Gráfico 01 - Resultados das questões da escala de equilíbrio
Berg
postura de pé sem apoio por 2 minutos 89,47%
conseguiram
Berg:
1.Posição
sentada
para
posição
demonstrando
que
o
equilíbrio estático está na maioria destes pouco
deficientes. Em contra partida as questões de
alcance funcional, girar 360° sobre seu próprio
Tabela 01 – Resultados das questões da escala de equilíbrio
de
realizar
em
pé;
2.Permanecer em pé sem apoio; 3.Permanecer sentado sem
eixo, posicionar os pés alternadamente em um
degrau, como se estivesse subindo e descendo
apoio nas costas; 4.Posição em pé para posição sentada;
escadas e permanecer em pé sem apoio com um
5.Transferências; 6.Permanecer em pé sem apoio com os
pé à frente do outro, foram às questões que a
olhos fechados; 7.Permanecer em pé sem apoio com os pés
maioria dos pacientes tiveram maior dificuldade.
juntos; 8. Alcançar à frente com o braço estendido
permanecendo em pé; 9.Pegar um objeto no chão a partir de
Isso demonstra que nas tarefas que
uma posição em pé;10.Virar-se e olhar para trás por cima
testam o equilíbrio dinâmico, os pacientes
dos ombros em pé; 11.Girar 360 graus; 12.Posicionar os pés
encontraram mais dificuldades em realizá-las.
alternadamente ao degrau enquanto permanece em pé sem
apoio; 13.Permanecer em pé sem apoio com um pé a frente;
14.Permanecer em pé sobre uma perna.
4.0 Discussão
Podemos observar no gráfico 01 abaixo,
Segundo Chaves, 2000 os homens têm
que em algumas questões da Escala de Berg a
início precoce da esquizofrenia manisfestando-se
maioria
em torno dos 18-25 anos e as mulheres em torno
dos
pacientes
tiveram
um
desempenho em outras, grande dificuldade.
ótimo
dos 25-35 anos, entretanto a participação dos
gêneros masculino e feminino foi proporcional
nesse estudo.
7
A baixa escolaridade encontrada pode
justificar-se pelo início precoce da patologia,
diretamente no equilíbrio, foram delimitadas e
excluídas respectivamente.
rompendo com as atividades intelectuais do
Segundo Silva, 2006 além do efeito
paciente. Já o sedentarismo observado em todos
terapêutico
os pacientes deve ser analisado em outros
produzir o aparecimento de efeitos adversos
trabalhos com outro ponto de vista, já que o
extrapiramidais.
Estes
paciente com esquizofrenia tem particularidades
Parkinsoniana,
reações
comportamentais, o que pode vir a interferir
acatisia, discinesia. A incidência desses efeitos é
nessas variáveis.
bastante elevada, chegando até 90% em alguns
O equilíbrio refere-se à habilidade para
estudos,
os
antipsicóticos
típicos
incluem
a
diatônicas
e costuma ocorrer
podem
síndrome
agudas,
nas primeiras
manter o centro de gravidade sobre a base de
semanas de tratamento. A acatisia é o estado de
suporte, geralmente quando se está em pé. Pode
desconforto intenso dos membros inferiores,
ser considerado também como um fenômeno
acompanhado de incapacidade de ficar com as
dinâmico que envolve uma combinação de
pernas paradas. No entanto, o efeito adverso
estabilidade e mobilidade, sendo necessário para
motor mais temido dos neurolépticos é a
manter uma posição no espaço ou mover-se de
discinesia
modo controlado e coordenado. A tarefa de
movimentos
manutenção exige uma complexa integração das
principalmente da face, como: sucção dos lábios,
informações
movimentos laterais da mandíbula e movimentos
proprioceptivas,
vestibulares
e
visuais (KISNER e COLBY, 1998).
regulados
pelo
Ela
é
caracterizada
esteriotipados
por
involuntários,
coreiformes de braços, troncos e pernas. Esses
Os movimentos grosseiros dos membros
são
tardia.
espino-cerebelo,
assim
movimentos aumentam em estado de alerta e
diminuem no repouso.
designado por suas extensas conexões com a
Segundo Aragão, 2005 os déficits de
medula espinhal. Os movimentos voluntários
equilíbrio e as alterações posturais que se
distais são regulados pelo cérebro-cerebelo,
instalam no indivíduo com Parkinson exercem
assim chamado por suas conexões com o córtex
grande influência sobre quedas, pois o declínio
cerebral (LATASH, M.L. 1998; LUNDY-EKMAN,
natural da força muscular nos idosos, associado
2000; MARTIN, J.H., 1998). Contudo não há na
aos reflexos anormais do Parkinsoniano, trazem
literatura nenhuma evidência que comprove que
uma grande propensão a estes episódios. A
os
alteração postural gerada no Parkinsoniano
pacientes
com
esquizofrenia
tenham
alteração nessas estruturas.
diminui suas capacidades de responder as
Assim, partindo da hipótese que os
antipsicóticos provocam efeitos colaterais nos
perturbações
do
equilíbrio,
principalmente
quando este é submetido a situações de stress.
pacientes em tratamento e os mesmos são
Entretanto, novas pesquisas devem ser
amplamente discutidos na literatura e podem
realizadas para avaliação dessas alterações no
trazer alterações funcionais no equilíbrio dos
paciente com esquizofrenia, correlacionadas com
pacientes, não podemos nos abster dessa
o
discussão, já que a faixa etárias dos pacientes e
alterações funcionais no equilíbrio encontradas,
demais
já que não foi encontrada bibliografia específica
patologias
que
podem
interferir
equilíbrio
para
com estas análises.
melhor
discussão
das
8
a
experiências vivenciadas e novas abordagens
vantagem de causar menos efeitos colaterais
em Saúde Mental o Fisioterapeuta passa a ter
extrapiramidais,
uma
Os
Antipsicóticos
tais
atípicos
como:
têm
parkinsonismo,
distonias, acatisia e discinesia tardia e, além
função
fundamental
nas
equipes
multiprofissionais.
disso, tem maior efeito nos sintomas negativos
da esquizofrenia. Apesar das vantagens em
5.0 Conclusão
Sabe-se,
relação aos antipsicóticos típicos verificou-se que
que
para
realização
de
o uso dos antipsicóticos atípicos está associado
atividades funcionais de vida diária é primordial a
a um aumento importante de peso e alterações
manutenção do equilíbrio estático e dinâmico
metabólicas, como: as dislipidemias, síndromes
para assim, possibilitar posturas, movimentos e
metabólicas
respostas adequadas.
e
diabetes.
Essas
alterações
metabólicas aumentam significativamente o risco
Assim observamos que há uma alteração
de morte por doenças cardiovasculares que já é
de equilíbrio dinâmico dos indivíduos analisados,
a principal causa de mortalidade dos pacientes
o que pode levá-los a diminuição ou dificuldades
com esquizofrenia, fazendo-se necessário a
funcionais, entretanto há uma limitação do
análise do sedentarismo com maior rigor, em
estudo quanto à previsão do equilíbrio estático e
novas pesquisas (ARARIPE NETO,BRESSAN,
dinâmico o que pode ser decorrente da baixa
BUSATTO FILHO, 2007).
sensibilidade da Escala de Equilíbrio de Berg e
Sabendo-se dos efeitos colaterais dos
da falta de associação de uma avaliação
antipsicóticos, que podem ser um dos fatores
funcional de marcha entre outras para melhor
que propicia um maior risco de quedas, a
fundamentá-la.
fisioterapia
pode
atuar
prevenindo
Contudo,
as
torna-se
necessário
mais
complicações e seus agravos, promovendo
estudos da influência dos antipsicóticos na
saúde e recuperando a função. Melhorando a
função dos pacientes com esquizofrenia e novas
marcha, equilíbrio, postura, consciência corporal
pesquisas devem ser desenvolvidas a fim de
propriocepção, socialização do paciente através
analisar a relação do déficit de equilíbrio com a
de grupos operativos tanto no setor público como
medicação antipisicótica e a multifatorialidade
no setor privado, se articulando dentro da
das
Política Pública de Saúde Mental.
apresentadas por estes indivíduos e as possíveis
A
esquizofrenia
é
uma
doença
heterogênica que necessita dos cuidados de
alterações
motoras
e
psicosociais
perdas funcionais.
Com
as
piscossociais visam minimizar ou diminuir as
antipsicóticos podem vir a causar distúrbios
recaídas e promover o ajustamento social dos
motores, proprioceptivos, de imagem corporal,
portadores da doença sendo as principais
problemas
abordagens: a psicoterapia, terapia ocupacional,
coordenação motora como relatado por alguns
acompanhamento terapêutico, grupos de auto-
autores, mas a pesquisa é inconsistente para
ajuda, abordagens piscossociais em instituições,
afirmá-la. Assim são necessários mais estudos
orientação
nessa população para traçar seu perfil funcional,
(SHIRAKAWA,
2000).
De
de
trabalho
acordo
com
posturais,
efeitos
acima,
conclui-se
oficinas
os
citadas
uma equipe multiprofissional. As abordagens
familiar,
que
alterações
colaterais
equilíbrio,
marcha
dos
e
fundamentando as práticas da fisioterapia na
9
saúde
mental,
já
que
essa
possui
particularidades e deve ser tratada como campo
complexo para as praticas Fisioterapêutica.
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