Nova Ortografia

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BIBLIOTECA VIRTUAL 2010 A...
REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Apresentação
Foram necessários dezoito anos para que o acordo ortográfico da língua portuguesa
saísse da teoria e se tornasse uma realidade. O Brasil será o primeiro dentre os
integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa a adotar as mudanças, que
já entram em vigor a partir de 2009. O período de transição, durante o qual as duas
ortografias irão coexistir, irá até 2012. A reforma vai influenciar a nossa maneira de
escrever e de se relacionar com a língua. Este Guia tem a intenção de facilitar o processo
de adaptação, apresentando informações essenciais para o entendimento das novas regras.
Cada mudança é exposta de maneira simples, com exemplos e comparações que ilustram
como deverá ser seu uso. Verbetes explicativos sobre tópicos gramaticais também ajudam
a simplificar o entendimento das novidades; você ainda encontra dicas de uso e
curiosidades complementando o texto.
O caráter versátil e elucidativo deste Guia formatado pela LZ CRIAÇÕES e LEVY
ZAMBELLINI (PESQUISAS ESCOLARES) faz com que ele seja essencial não apenas
para estudantes, mas também para todos que desejam garantir o uso correto do
português.
ÍNDICE
1º O NOVO PORTUGUÊS
2º O ACORDO
3º ALFABETO “ATUALIZADO”
1
4º MAIÚSCULAS... E MINÚSCULAS
5º TREMA
6º ACENTUAÇÃO
7º HÍFEN
8º CRASE
9º RECAPITULANDO
O NOVO PORTUGUÊS
O português está de cara nova. Não faltam polêmicas e argumentos contra e a favor
das mudanças, mas o fato inegável é que o acordo que unifica a ortografia do português
em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste,
Brasil e Portugal já é uma realidade. As novas regras são obrigatórias no Brasil desde 1º
de janeiro de 2009, com um período de adaptação para escolas, editoras, vestibulares e
concursos até 31 de dezembro de 2012.
A língua portuguesa é o sétimo idioma mais popular do planeta. São cerca de 230
milhões de pessoas falando português no mundo todo - a maioria no Brasil, que tem 185
milhões de habitantes. Em cada 1.000 palavras, os brasileiros alteram a forma de escrever
de 5 e os portugueses mudam a ortografia de 16. Mesmo sendo a língua oficial em oito
países, há apenas duas variantes de ortografia: a brasileira e a portuguesa, já que os
demais países adotam o modelo de Portugal. Com as modificações, calcula-se que 0,5%
das palavras em português brasileiro terão a escrita alterada.
Na ortografia de Portugal, a mudança será mais representativa, atingindo 1,6% do
vocabulário. Por esse motivo, o país terá um prazo maior, de seis anos, para se adaptar.
O principal motivo da mudança está no fato de que o português é o único idioma do
mundo com duas ortografias oficiais, ocorrência que atrapalha a divulgação do idioma e a
sua prática em eventos internacionais e diplomáticos. A unificação tenciona favorecer a
definição de critérios para exames e certificados de português para estrangeiros,
beneficiar o intercâmbio entre os países lusófonos e facilitar a emissão de documentos
oficiais.
Vale lembrar que apenas a grafia das palavras será unificada entre os membros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A pronúncia, as relações gramaticais e as
diferenças nos significados das palavras em cada país as mesmas.
Os dez idiomas mais falados no mundo são: 1º Chinês, 2º Híndi, 3º Inglês, 4º Espanhol, 5º
Bengali (Língua oficial de Bangladesh e segunda língua mais falada na índia), 6º Árabe, 7º
Português, 8º Russo, 9º Japonês, 10º Alemão.
O ACORDO
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Ao definir as mudanças, o acordo ortográfico buscou um consenso entre versões
brasileira e portuguesa do idioma quando possível e manteve as duas redações oficiais
quando não foi possível. Algumas das novas regras visam apenas à fixação de normas
para usos ortográficos já consagrados pelo uso. O documento é composto por 21 bases.
São elas:
Base I
Do alfabeto e dos nomes próprios e seus derivados
Base II
Do h inicial e final
Base III
Da homofonia de certos grafemas consonânticos
Base IV
Das sequências consonânticas
Base V
Das vogais átonas
Base VI
Das vogais nasais
Base VII
Dos ditongos
Base VIII
Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
Base IX
Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
Base X
Da acentuação das vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras
oxítonas e paroxítonas
Base XI
Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
Base XII
Do emprego do acento grave
Base XIII
Da supressão dos acentos em palavras derivadas
Base XIV
Do trema
Base XV
Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares
Base XVI
Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação
Base XVII
Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
Base XVIII Do apóstrofo
Base XIX
Das maiúsculas e minúsculas
Base XX
Da divisão silábica
Base XXI
Das assinaturas e firmas
O acordo ortográfico foi assinado em Lisboa, no dia 16 de dezembro de 1990, por
Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique
– Timor Leste aderiu em 2004, depois de conquistar sua independência da Indonésia. No
Brasil, a reforma da língua foi aprovada pelo Decreto Legislativo nº 54 de 18 de abril de
1995 e sancionada em cerimônia na Academia Brasileira de Letras no dia 29 de setembro
de 2008, data que marcou o centenário da morte do escritor Machado de Assis.
Neste guia, para facilitar o entendimento das regras e privilegiar o didatismo da
obra, os tópicos são abordados de acordo com a relevância para o português brasileiro,
dando enfoque aos itens que irão alterar diretamente o nosso uso da língua. Da mesma
forma, como o texto original do documento é complexo em muitos pontos, preferimos
expor as regras de maneira objetiva, deixando de lado os termos técnicos e as discussões
teóricas. (A reforma unifica a ortografia de cerca de 98% do vocabulário geral da língua
portuguesa).
ALFABETO “ATUALIZADO” (BASE I DO ACORDO)
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1 – O alfabeto da língua portuguesa passa a incorporar as letras K, Y e W e a contar ao
todo com 26 letras: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
Com a reforma, as letras K, Y e W se tornam parte oficialmente do português. Mas
vale notar que as novas regras não autorizam seu uso irrestrito – não se permite, por
exemplo, que passe a se escrever “kilo” no lugar de “quilo”. (A letra “K” é chamada de
capa em Portugal e de cá no Brasil).
2 – O uso das letras K, W e Y se aplica nos seguintes casos:
- Nomes próprios de pessoas (os chamados antropônimos) em outras línguas e seus
derivados (como William, Kafka e kafkiano ou Taylor e taylorista).
- Nomes geográficos (os chamados topônimos), como de regiões, países e cidades (como
Kuwait, kuwaitiano).
- Siglas, símbolos e unidades de medida universais (como “K” para designar potássio em
química ou o uso de “kg” para quilograma).
3 – Da mesma forma, em nomes próprios e palavras estrangeiras são aceitas combinações
que não cabem em português: O “sh” em “Shakespeare” ( o famoso escritor inglês) ou
“mt” em “Comte” (de Augusto Comte, filósofo francês).
4 – Nomes próprios de tradição bíblica que terminem em “-ch”, “-ph”, “-th” devem ser
simplificados:
Se as consoantes são pronunciadas, como em “Baruch” e “Loth”, a simplificação (no
caso, “Baruc” e “Lot”) é facultativa. Se as consoantes não são pronunciadas, como em
“Joseph”, “Bete” e “Judite”. Para efeitos legais, deve-se manter a ortografia dos nomes
próprios registrados em cartório.
5 – Sempre que possível, nomes de países e cidades em outras línguas devem ser grafados
em sua forma correspondente em português:
Nova Iorque (e não New York), Zurique (e não Zürich), Quebeque (e não Quebec). Os
termos que não possuem versão em português, como Washington, Los Angeles e Buenos
Aires, devem manter a grafia original. (Enquanto os brasileiros dizem Alô ao telefone,
nossos patrícios portugueses fazem o uso do “Está lá?” e ouvem como resposta do outro
lado da linha o “Estou cá”).
MINÚSCULAS... (BASE XIX DO ACORDO)
1 – A letra minúscula é usada para designar nomes de meses, estações do ano e dias da
semana: março, junho, inverno, primavera, quarta-feira, sábado e domingo. O mesmo
vale para as palavras “sicrano”, “beltrano” e “fulano”.
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2 – Os pontos cardeais também são escritos com letra minúscula: norte, sul, sudeste. Suas
abreviaturas, no entanto, são escritas em maiúscula: N (norte), NE (nordeste), O (oeste).
(Quando os pontos cardeais ou equivalentes são usados de forma absoluta, isso é, para
indicar toda uma região, eles são escritos com letra maiúscula. Por exemplo: Um dos
principais pontos turísticos do Brasil é o Nordeste [ou seja, a região nordeste brasileira];
É notável o crescimento econômico do Oriente [referindo-se a todo o hemisfério oriental]).
3 – O uso da letra minúscula é facultativo nos seguintes casos:
- Citações biográficas (com exceção da primeira palavra e dos termos obrigatoriamente
grafados com maiúscula, como nomes próprios). Assim, pode-se escrever tanto
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” quanto “Memórias póstumas de Brás Cubas”.
- Formas de tratamento e reverência (os chamados axiônimos) e nomes sagrados que
designam crenças religiosas (os hagiônimos): Santa Isabel ou santa Isabel e Senhor
Doutor João da Silva ou senhor doutor João da Silva.
Nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas: Português ou português;
Educação Física ou educação física; Artes Plásticas ou artes plásticas.
MAIÚSCULAS
1 – A letra maiúscula inicial é sempre usada nos seguintes casos:
- Nomes próprios, sejam eles reais (José de Alencar) ou fictícios (Branca de Neve).
- Nomes de lugares, sejam eles reais (Brasil) ou fictícios (Atlântida).
- Nomes de seres antropomorfizados (semelhantes ao homem) ou mitológicos:
Adamastor (gigante mítico referido por Luís de Camões em “Os Lusíadas”), Zeus (deus
da mitologia greco-romana).
- Nomes que designam instituições: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
- Nomes de festas e festividades: Páscoa, Natal.
- Títulos de jornais e revistas, que devem ser sempre grafados em itálico: Conhecimento
Prático Língua Portuguesa.
- Siglas, abreviaturas ou símbolos usados internacional ou nacionalmente com
maiúsculas (nesse caso, não necessariamente apenas na letra inicial): IBGE, H2O.
2 – A letra maiúscula inicial é facultativa em termos de reverência, formas de tratamento
cortês (chamados de “áulicos”) ou hierarquia. O uso também é facultativo em inícios de
versos e em termos que classificam locais públicos (rua, largo, avenida), assim como
templos e edifícios: Avenida ou avenida Paulista, Igreja ou igreja do Bonfim, palácio ou
Palácio da Cultura. (Obras especializadas podem seguir regras próprias para o emprego
de maiúscula e minúscula, baseando-se em códigos ou normalizações específicos (como
terminologias geológicas, antropológicas, botânicas etc.) estabelecidos por entidades
científicas ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente.
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- Na língua inglesa, nomes de meses e dias de semana são grafados com letra maiúscula e,
devido à difusão do idioma no Brasil – e ao fato de que em Portugal os meses eram
escritos em maiúscula antes do Acordo -, muita gente passou a adotar a prática. Por isso,
fique atento: meses e dias de semana são grafados com minúscula.
TREMA (BASE XIX DO ACORDO)
Antes do Acordo, o trema (¨) só era empregado na ortografia em vigor no Brasil, já tendo
sido eliminado de Portugal. E mesmo por aqui o sinal caíra em desuso por grande parte
da população e até alguns por periódicos. Por esse motivo, resolveu-se extingui-lo de vez.
1 – O trema, sinal colocado sobre a letra u para indicar sua pronúncia nas gue, gui, que e
qui, deixa de ser adotado nas palavras em língua portuguesa ou aportuguesadas.
ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO
agüentar
aguentar
freqüente
frequente
lingüiça
linguiça
cinqüenta
cinquenta
tranqüilo
tranquilo
seqüencia
sequencia
seqüestro
sequestro
2 – O trema permanece nas palavras estrangeiras e seus derivados, como Führer, Müller,
Hübner e hübneriano.
- Responda rápido: quantos dos seus amigos são “gajos porreiros”? E quantos são
“parvalhões”? Ficou sem entender? Pois é, essas são mais diferenças entre o português do
Brasil e de Portugal. O nosso cara em Portugal vira “gajo”. E legal por lá é dito
“porreiro”, enquanto babaca vira “parvalhão”. E ai, o que você diz sobre seus amigos?
- Cuidado com o GERUNDISMO – Assim como o trema, o gerundismo (uso
indiscriminado do gerúndio) é algo exclusivo do Brasil. Os portugueses na maioria das
vezes preferem o uso do infinitivo ao gerúndio e, por essa razão, não estão arriscados a
ouvir “vou estar fazendo” no meio de uma conversa. Para não cair nas armadilhas do
gerundismo, é bom ter em mente quando é indicado o uso desse tempo verbal. O gerúndio
deve ser usado para expressar uma ação em curso (“Estou dirigindo a caminho do
trabalho”) ou uma ação simultânea a outra (“A menina ouvia sorrindo as histórias do
avô”). Também serve para indicar uma ação realizada imediatamente antes de outra
(“Batendo a porta, ele saiu”) ou para exprimir a noção de progresso indefinida
(“Caminhando contra o vento, sem lenço sem documento”, como dizia a música “Alegria
Alegria” de Caetano Veloso). O problema do gerundismo é que ele emprega o gerúndio
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em construções em que o tempo verbal não é apropriado – o correto é quase sempre o
futuro do presente ou o infinitivo. Assim, não diga: “vou estar fazendo”, “vou estar
enviando” ou “você pode estar participando”, mas, sim, “farei”, “enviarei” e “você pode
participar”.
AS ALTERAÇÕES NA ACENTUAÇÃO (BASES VII A XIII)
O sistema de acentuação gráfica foi um dos tópicos que mais sofreu mudanças com a
reforma ortográfica – Especialmente na vertente brasileira do idioma.
As regras de acentuação pré-Acordo foram definidas pela Reforma Ortográfica de
1911 e têm como função assinalar tanto a tonacidade (ou seja, a sílaba mais forte) quanto
o timbre das vogais. Exatamente por isso existem tantas diferenças entre as regras de
acentuação de Portugal e do Brasil, e as divergências são desde sempre um dos principais
obstáculos para as tentativas de unificação da língua. Muitas das vogais que soam abertas
em Portugal e nos países africanos – e, por isso, recebem acento agudo – têm o timbre
fechado na pronúncia brasileira – levando acento circunflexo. Alguns exemplos: gênio
(Brasil) e génio (Portugal), cômodo (Brasil) e cómodo (Portugal), entre outros. Para se
respeitar as diferenças, o Acordo prevê a dupla grafia na maioria desses casos. Não por
acaso, esse é o tema para o qual se dedica o maior número de bases do Acordo.
- O USO DOS PORQUÊS
Tal qual o sistema de acentuação, os porquês têm regras diferentes no Brasil e em
Portugal. A reforma ortográfica não alterou seus modos de uso, que no Brasil, continuam
sendo os seguintes - POR QUE: É usado em frases interrogativas. E isso vale tanto para as
perguntas diretas (“Por que você não foi à escola ontem?”) quanto para as indiretas, como
“Não sei por que ele não veio”. Ou seja: não é só quando há um ponto de interrogação na
frase que se deve usar “por que”. Na dúvida, substitua-o por “por que razão/motivo”
(“Não sei por que motivo ele veio”). Também é equivalente a “pelo qual” “pela qual”,
“pelos quais” ou, ainda, “para que” em frases afirmativas: “Aquele era o apelido por que
(pelo qual) ele era conhecido”.
- PORQUE: O termo “porque” é uma conjunção causal, explicativa ou final. Seu uso tem
o significado equivalente a “pois”, “já que”, “uma vez que” quando indicar causa ou
explicação e “a fim de” quando indicar finalidade: “Não pude sair porque estava
chovendo” (“pois”, causa), “Não faça mal a ninguém porque não façam a você”. (“a fim
de que”, finalidade).
- POR QUÊ: O “por quê” é um pronome interrogativo, presente em perguntas diretas e
indiretas. É equivalente a “por qual razão” e estará sempre junto ao sinal de pontuação,
seja vírgula, ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, ou ponto de interrogação: “Sem
saber por quê, ela continuou a correr”; “Você fez isso por quê?”.
- PORQUÊ: O “porquê” é um substantivo e por isso mesmo é o único dos “porquês” que
aceita plural. Normalmente é precedido por um determinante, como um artigo, um
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pronome, um numeral, e é equivalente a “motivo” ou “causa”: “Ninguém entendia o
porquê da crise”; “Ele está sempre cheio de porquês”; “Nunca se soube o porquê da
briga”.
- A nossa paixão nacional também ganha novos termos em Portugal. Os narradores
portugueses falam “pontapé de canto” no lugar de escanteio – e os jogadores vestem as
“camisolas” dos times. O goleiro é o “guarda-redes”, que, em vez de um frango, dá
vexame quando toma um “peru”. E, claro, nada pior para um time do que perder por
causa de um “auto-golo”, que é o nome que recebe o gol contra em Portugal.
1 – As palavras paroxítonas normalmente não são acentuadas, como “homem”, “mesa”,
“velho” e “floresta”.
2 – Ainda assim, emprega-se o acento agudo nas paroxítonas cuja vogal tônica (mais forte)
é a, e, o (abertas), i, u terminadas em: L: lavável; N: éden, lúmen; X: tórax, córtex; PS:
bíceps, fórceps; R: açúcar, cadáver; Ã(s): órfã(s), ímã(s); ÃO(s): sótão(s), órgão(s); EI(s):
jóquei(s), férteis; I(s): júri(s), lápis; UM, UNS: álbuns, fórum; US: vírus, húmus
As formas do plural dessas palavras normalmente seguem as mesmas regras (como
“dóceis”), salvos algumas exceções, que passam a ser proparoxítonas (como “açucares” e
“cadáveres”).
- ATENÇÃO!
Não se acentuam os paroxítonos terminados em “-ens”. Assim: nuvens, hifens, imagens,
ordens. Também não são acentuados os prefixos paroxítonos terminados em R ou I. Por
exemplo: semi-humano, super-homem.
PARA RELEMBRAR:
Sílaba é o fonema ou grupo de fonemas emitidos numa só expiração. Por exemplo, a
palavra “elefante” tem quatro sílabas: “e-le-fan-te”.
- A sílaba mais forte na pronúncia de uma palavra é chamada de sílaba tônica. De acordo
com o número de sílabas, as palavras podem ser classificadas em: monossílabas (que
contêm apenas uma sílaba), como “ai”; dissílabas (que contêm duas sílabas), como “casa”, trissílabas (com três sílabas), como “ca-va-lo”, e polissílabas (quatro ou mais sílabas),
como “po-lí-ti-ca”.
- DITONGOS são encontros vocálicos de uma vogal e de uma semivogal (que é o nome
que recebem o “i” e o “u” juntos a uma vogal formando com ela uma sílaba).
- Outros encontros vocálicos são os tritongos (encontro de duas semivogais e uma vogal,
como em “U-ru-guai”) e os hiatos (encontro de duas vogais que formam sílabas
independentes, como “pa-ís” e “ra-i-nha”).
- Para saber se um ditongo é aberto ou não, repare na pronúncia. A vogal aberta é, de
forma simplificada, aquela que se pronuncia abrindo bem a boca. Na mesma linha, o
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ditongo aberto é aquele cuja vogal mais forte (e não a semivogal, “i” e “u”) é aberta, como
em chapéu.
- O ditongo fechado é o que tem a vogal mais forte fechada, como em “foi”.
- PAROXÍTONAS são as palavras em que o acento tônico (ou seja, a sílaba mais forte)
recai na penúltima sílaba, como “es-co-la” e “re-tor-no”.
- As palavras também podem ser classificadas como oxítonas, quando o acento tônico
recai na última sílaba, como em “ca-fé” e “fu-nil” ou proparoxítonas, quando o acento
recai na antepenúltima sílaba, como “e-xér-ci-to”, “ár-vo-re” e “qui-lô-me-tro”.
3 – Deixam de ser acentuados os ditongos abertos -ei, -oi, -eu das palavras paroxítonas.
ANTES DO ACORDO
idéia
assembléia
Coréia
paranóico
jibóia
heróico
apóio (do verbo apoiar)
alcatéia
asteróide
bóia
colméia
estréia
alcalóide
epopéia
jóia
odisséia
platéia
tramóia
boléia
onomatopéia
geléia
plebéia
paleozóico
Tróia
Galiléia
DEPOIS DO ACORDO
ideia
assembleia
Coreia
paranoico
jiboia
heroico
apoio (do verbo apoiar)
alcateia
asteroide
boia
colmeia
estreia
alcaloide
epopeia
joia
odisseia
plateia
tramoia
boleia
onomatopeia
geleia
plebeia
paleozoico
Troia
Galileia
ATENÇÃO!
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- A reforma não alterou as regras de acentuação das palavras oxítonas. Assim, os ditongos
abertos “-ei”, “-oi”, “-eu” das oxítonas continuam a ser acentuados: anéis, herói, fiéis,
papéis, céu, chapéu, ilhéu, véu, remói, troféu etc.
4 – Deixam de ser acentuadas as palavras paroxítonas com –i e –u tônicos (mais forte) que
vierem depois de ditongo.
ANTES DO ACORDO
feiúra
Sauípe
boiúno(relativo ou próprio do boi)
baiúca (taberna)
bocaiúva (tipo de árvore)
DEPOIS DO ACORDO
feiura
Sauipe
boiuno (relativo ou próprio do boi)
baiuca (taberna)
bocaiuva (tipo de árvore)
5 – Deixam de ser acentuadas as palavras paroxítonas que possuam -u tônico (mais forte)
que vier depois das letras g ou q seguidas de -e ou -i (gue/gui e que/qui).
ANTES DO ACORDO
averigúe
apazigúe
argúem
redargúi
DEPOIS DO ACORDO
averigue
apazigue
arguem
redargui
ATENÇÃO!
- Como apenas as regras das paroxítonas foram alteradas, o acento é mantido em palavras
proparoxítonas em que o “-i” e o “-u” tônicos vierem depois de ditongo, como em
“maiúscula” e “felíssimo”. O mesmo vale para palavras paroxítonas em que o “-i” e o “u” não formam ditongo com a vogal anterior, como em “cafeína”, “saúde” e “viúvo”, ou
para palavras oxítonas em que o “-i” e o “-u” depois do ditongo estão em posição final ou
seguidas de “-s”, como “tuiuiú” e “Piauí”.
6 – Alguns verbos terminados em -guar, -quar e -quir, como aguar (e derivados),
averiguar, apaziguar, enxaguar e delinqüir, passam a aceitar a dupla grafia, variando de
acordo com as pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do
subjuntivo e do imperativo.
Se forem pronunciadas com a ou i mais fortes, essas formas devem ser acentuadas.
Por exemplo:
ENXAGUAR
DELINQUIR
PRESENTE DO INDICATIVO
Eu enxáguo
Tu enxáguas
Ele enxágua
PRESENTE DO INDICATIVO
Eu delínquo
Tu delínques
Ele delínque
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Eles enxáguam
Eles delínquem
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Eu enxágue
Tu enxágues
Eles enxáguem
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Eu delínqua
Tu delínquas
Eles delínquam
Mas, se forem pronunciadas com U mais forte, essas formas deixam de ser acentuadas.
ENXAGUAR
DELINQUIR
PRESENTE DO INDICATIVO
Eu enxaguo
Tu enxaguas
Ele enxagua
Eles enxaguam
PRESENTE DO INDICATIVO
Eu delinquo
Tu delinques
Ele delinque
Eles delinquem
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Eu enxague
Tu enxagues
Eles enxaguem
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Eu delinqua
Tu delinquas
Eles delinquam
Apesar de com o Acordo as duas formas passarem a ser corretas, vale notar que, no
Brasil, a primeira pronúncia, com a e i nas sílabas tônicas, é a mais comum.
- Já que estamos falando de verbos, como anda seu uso de objetos diretos e indiretos
representados pelos pronomes O, A, OS, AS e LHE, LHES?
Para começo de conversa, objeto direto é o complemento de um verbo transitivo direto, ou
seja, o complemento que vem ligado ao verbo sem preposição. Esse complemento indica o
elemento para o qual se dirige a ação do verbo. Por exemplo: “Sempre ouço minha mãe”.
Esse tipo de objeto pode ser representado por “o”, “a”, “os”, “as” e sua variantes “lo”,
“la”, “los”, “las”, “no”, “na”, “nos”, “nas”: “Respeito minha mãe e sempre a ouço”.
Já objeto indireto é o que complementa um verbo transitivo indireto, isto é, o
complemento que liga ao verbo por meio de preposição: “Ele contou à esposa seu dia”.
“O objeto indireto pode ser representado por “lhe” e “lhes” e pelos outros pronomes
pessoais oblíquos (me, te, nos, vos): “Encontrou a esposa e contou-lhe seu dia”.
Os verbos podem ainda ser intransitivos, que são aqueles que não tem complemento,
como “Ela deitou”, ou de ligação, que servem para estabelecer a relação de duas palavras
ou expressões de caráter nominal,sem trazer ideia nova ao sujeito, como, por exemplo:
“Ela é bonita”.
- Para não passar apertos, não tente encontrar um banheiro em Portugal. Seguindo o
português de lá, você deve procurar pela “casa de banho” ou pelo “quarto de banho” .
Além disso, a nossa descarga para eles é “autoclismo”.
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7 – Levam acento circunflexo as palavras paroxítonas cuja vogal tônica (mais forte) é a, e,
o (fechadas) terminadas em:
L: cônsul, têxtil
N: plâncton, cânon
R: câncer, âmbar
X: ônix (tipo de pedra), fênix
Ao(s): benções, côvãos (cesto usado por pescadores)
EIS: têxteis, pênseis (que está suspenso, pendurado)
I(s): Mênfis (capital antiga do Egito), dândis
US: bônus, Vênus
As formas do plural dessas palavras normalmente seguem as mesmas regras, com
exceção de algumas, como “cônsules” e “âmbares”, que passam a ser proparoxítonas.
8 – Usa-se acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural dos verbos ter e vir, a fim de
se distinguirem das terceiras pessoas do singular: ele tem / eles têm; ele vem / eles vêm.
A regra é válida também para os verbos derivados de ter e vir, como “manter”,
“conter”, “deter”, “intervir”, “provir”, “convir”,: ele mantém / eles mantêm; ele contém /
eles contêm; ele intervém / eles intervêm; ele provém / eles provêm; ele convém / eles
convêm.
VOCÊ SABIA?
- Muitas pessoas fazem confusão na hora de conjugar os verbos “ver” e “vir” na forma do
futuro do subjuntivo, tempo verbal que indica um fato hipotético futuro e sempre é
iniciado pelas conjunções “se” ou “quando”.
- O futuro do subjuntivo é formado a partir de outro tempo verbal, o pretérito perfeito do
indicativo (o chamado “passado”), que indica uma ação ocorrida no passado em
determinado momento, como “eu cantei” ou “ele foi”. A terceira pessoa do plural (“eles”)
desse tempo é caracterizada pelo final “-ram”, como “eles canta-ram” e “eles fo-ram”.
- Para se formar a base para o futuro do subjuntivo, basta retirar as duas últimas letras
desse tempo verbal (“am”) e juntar as terminações “-es”, “-mos”, “-des” e “-em”, de
acordo com a pessoa da conjugação (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Assim:
PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO
Eles cantaram
Eles foram
Eles venderam
FUTURO DO SUBJUNTIVO
(Se) ele cantar
(Se) eles forem
(Se) nós vendermos
Nos casos dos verbos “ver” e “vir”, a regra é a mesma:
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- O pretérito perfeito do indicativo do verbo ver na terceira pessoa do plural é “eles
viram”. Dessa forma, a base para o futuro do subjuntivo é vir. Por isso, temos: “se eu
vir”, “quando você vir”, “quando nós virmos”, “se eles virem”.
- Já no verbo vir, o pretérito perfeito do indicativo é “eles vieram”, o que faz a base do
futuro do subjuntivo ser vier. Ou seja, o futuro do subjuntivo fica sendo “se eu vier”, “se
você vier”, “quando nós viermos”, “se eles vierem”.
9 – Não se acentuam os advérbios terminados em -mente derivados de adjetivos
acentuados: avidamente (de ávido), debilmente (de débil), facilmente (de fácil),
habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingênuo), lucidamente (de lúcido), somente (de
só), unicamente (de único), candidamente (de cândido), cortesmente (de cortês),
dinamicamente (de dinâmico), espontaneamente (de espontâneo), romanticamente (de
romântico) etc.
10 – O mesmo vale para palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por “z” e cujas
formas de base são acentuadas: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), cafezada (de
café), chapeuzinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito (de ilhéu),
orfãozinho (de órfão), avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de
lâmpada), pessegozito (de pêssego).
11 – Não se usa mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural (eles) do presente
do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, ler, ver e seus derivados, como “descrer”,
“reler” e “antever”. O mesmo vale para as formas no presente do subjuntivo e no
imperativo afirmativo do verbo dar (dêem) e suas variações.
ANTES DO ACORDO
Eles crêem
Eles lêem
Eles vêem
Eles descrêem
DEPOIS DO ACORDO
Eles creem
Eles leem
Eles veem
Eles descreem
12 – Também foi eliminado o acento circunflexo nos encontros vocálicos “-oo”
ANTES DO ACORDO
vôo
enjôo
môo
perdôo
DEPOIS DO ACORDO
voo
enjoo
moo
perdoo
13 – Não é mais usado o acento diferencial entre palavras homógrafas (que têm a mesma
grafia): pára (verbo parar) e para (preposição); péla (verbo pelar) e pela (preposição);
pólo (substantivo), pôlo (substantivo, falcão ou gavião com menos de um ano) e pólo
(preposição arcaica); pélo (verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo (preposição); pêro
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(substantivo, variedade de maça) e pero (conjunção arcaica); pêra (substantivo) e pera
(preposição).
ANTES DO ACORDO
DEPOIS DO ACORDO
Ele sempre pára o carro para falar ao Ele sempre para o carro para falar ao
celular.
celular.
A expedição chegou ao pólo norte.
A expedição chegou ao polo norte.
O time de pólo venceu o campeonato.
O time de polo venceu o campeonato.
O gato deixou pêlos pelo tapete.
O gato deixou pelos pelo tapete.
Estou com vontade de comer pêra.
Estou com vontade de comer pera.
14 – É mantido o acento diferencial das palavras pôde (terceira pessoa do singular do
pretérito perfeito do indicativo do verbo poder) e pode (terceira pessoa do singular do
presente do indicativo do verbo poder): “Ele não pôde aparecer ontem, mas pode passar
aí hoje”.
15 – Também se mantém o acento diferencial do verbo pôr e da preposição por: “Ele
pediu para a filha pôr o açúcar de volta no armário por causa das formigas”.
16 – Passa a ser facultativo o uso do acento diferencial nas palavras dêmos (primeira
pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo dar) e demos (primeira pessoa do
plural do pretérito perfeito do indicativo do verbo dar); fôrma (substantivo) e forma
(substantivo, terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo formar e
segunda pessoa do singular do imperativo), amámos e demais formas verbais da primeira
conjugação e amamos e demais formas verbais da primeira conjugação.
- Se um português te convidar para comer um “sandes com uma chávena de café no
pequeno-almoço”, não estranhe. “Sandes” é a forma dos portugueses se referirem a
sanduíche, e “chávena” quer dizer xícara. Além disso, na região de Lisboa, café muitas
vezes também é referido como “bica”. Já “pequeno-almoço” é como os portugueses se
referem ao café da manhã – a palavra é derivada do francês, petit déjeuner.
VOCÊ SABIA?
O verbo “por” e seus derivados, como “compor”, “repor”, “expor” e “supor”,
pertencem à segunda conjugação (dos verbos terminados em “-er”), seguindo as mesmas
regras de verbos como “comer”, “beber”, por sua origem se remeter à forma poer,
derivada do original em latim “pónere”.
VOCÊ ESTÁ FALANDO CERTO?
Já que o tema é acentuação, vale a pergunta: será que você pronuncia as palavras de
maneira correta? A prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras. Quando se
comete um erro de prosódia, se pronuncia a sílaba mais forte da palavra de maneira
errada. Um exemplo comum é a palavra “gratuito”, que é paroxítona, ou seja, sua sílaba
mais forte é a segunda, e, portanto, a pronúncia correta é com o som de “úi”. Mas quantas
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vezes você já ouviu alguém falar gratu-íto, com ênfase no “i”? Confira a seguir a relação
das palavras em que são comuns os erros de prosódia.
Alcoólatra – como indica o acento agudo, a ênfase aqui deve ser no segundo “o”, não no
primeiro.
Algoz – a palavra, que é sinônimo de carrasco, deve ser pronunciada com “o” fechado,
como em “arroz”.
Arquétipo – é no “qué” que deve estar a sílaba tônica dessa palavra, não no “ti”.
Boêmia – como indica o acento circunflexo, a sílaba mais forte dessa palavra está no “e” e
não no “mi”.
Cateter – palavra oxítona, ou seja, a sílaba tônica é a última (“ter”), não a segunda (te).
Ciclope – paroxítona, essa palavra tem no “clo” sua sílaba mais forte, não no “ci”.
Edito – sinônimo de “lei”, a sílaba tônica dessa palavra esta no “di”. Já “édito”, que
significa “ordem judicial”, é proparoxítona é, portanto, deve ter ênfase no “é”.
Etíope – palavra proparoxítona em que, como indica o acento agudo, a sílaba tônica está
no “tí”, não no “o”.
Extinguir – o “guir” dessa palavra desse ser pronunciado como em “perseguir”,
“conseguir” e “seguir”. O mesmos vale para “distinguir”.
Filantropo – outro caso de palavra paroxítona. Como tanto, a sílaba forte é o “tro”, não o
“lan”.
Fluido – deve ser pronunciado como “cuido” e “gratuito”, com a sílaba forte no “u”. Já o
particípio do verbo fluir, “fluído”, registra um hiato e tem a sílaba forte no “i”.
Ibero – palavra paroxítona, ou seja, a ênfase está na penúltima sílaba, “be”.
Ínterim – como indica o acento agudo, a palavra é proparoxítona e sua primeira sílaba
(“in”) é a tônica.
Nobel – a ênfase deve estar no “bel” e não no “no” e a palavra tampouco deve ser
acentuada.
Obeso – a palavra é paroxítona, mas esse é um caso clássico em que o uso em muito
superou a norma culta. Ou você conhece alguém que fala obeso com ênfase no “be” aberto
(“bé”)?
Pudico – a palavra, que significa “aquele que tem pudor”, é paroxítona; portanto, a
ênfase está na sílaba “di”.
Recorde – é paroxítona e por isso, “cor” é a sílaba mais forte.
Rubrica – como toda paroxítona, a ênfase deve estar na penúltima sílaba, “bri”.
Ruim – a ênfase aqui deve estar na última sílaba, “im”.
Ureter – palavra oxítona e, como tal, a sílaba tônica é a última, “ter”.
Cuidado para não dormir no ponto: em Portugal, os ônibus são chamados de
“autocarro”. E nosso ponto de ônibus para eles é “paragem”.
O COMPLEXO TRAÇO-DE-UNIÃO (BASES XV A XVII )
As regras de hífen sempre foram uma das mais complexas da língua portuguesa e a
causa de muita dor de cabeça – Não apenas para estudantes: O acordo procurou
simplificar o uso, mas não conseguiu resolver de todo a questão.
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Na sua função mais simples, o hífen é usado para separar as sílabas de uma palavra
(hí-fen), para ligar os pronomes átonos ao verbo (fazê-lo, ofereceram-me) e para criar
conjuntos de letras e números variados (AI-5, Palmeiras-SP etc.). A principal finalidade
do hífen, no entanto, está na formação de palavras compostas. Estabeleceu-se por simples
convenção que se ligam por hifens os elementos das palavras compostas em que se
mantém a noção de composição, porém formando em conjunto uma perfeita unidade de
sentido.
Essa unidade de sentido pode representar tanto a soma dos significados parciais,
como em matéria-prima, como resultar em sentido figurado, distanciando-se do
significado dos termos individuais, como em ferrovelho.
Ainda assim, a maior dificuldade no uso do hífen está na palavra composta formada
por um prefixo e outro elemento. No geral, são 30 os prefixos mais usados que podem se
combinar a palavras com ou sem hífen – e cada um desses elementos segue normas
próprias.
Não há grandes divergências quanto ao uso do hífen no Brasil e em Portugal; o que
existe são várias oscilações e duplas grafias, fatores que guiaram a composição das novas
regras, reformulando algumas normas de modo a torná-las mais claras e trazendo
inovações em outros campos.
VOCÊ SABIA?
O hífen também é chamado de traço-de-união, embora também seja usado para
indicar a separação de sílabas.
ATENÇÃO!
O uso do hífen está entre os três erros mais comuns da língua portuguesa, ao lado da
crase e da concordância.
CONFIRA A SEGUIR COMO USAR CORRETAMENTE ESSE
FAMIGERADO TRACINHO.
1 – O hífen é empregado em palavras compostas por justaposição que não contêm formas
de ligação e cujos elementos (que podem ser substantivos, adjetivos, numerais ou verbos)
perderam sua significação própria e formam uma nova unidade morfológica e de sentido,
mas mantêm o acento próprio. O primeiro elemento da palavra pode, ainda, estar
reduzido. Exemplos: ano-luz, arco-íris, decreto-lei, médico-cirurgião, tenente-coronel, tioavô, turma-piloto, alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norteamericano, porto-alegrense, sul-africano, afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro,
luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, contas-gotas, segunda-feira.
No entanto, o sinal deixa de ser empregado nas palavras compostas nas quais se
perdeu, em certa medida, a noção de composição, passando e ganhando um significado
próprio. Essas palavras passam a ser grafadas de maneira aglutinada.
ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO
pára-quedas
paraquedas
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pára-quedista
manda-chuva
pára-choque
roda-viva
cabra-cega
ferro-velho
bate-boca
toca-fitas
paraquedista
mandachuva
para-choque
rodaviva
cabracega
ferrovelho
bateboca
tocafitas
2 – O hífen é empregado em nomes de lugares (topônimos) iniciados por grão ou grã, por
verbos e quando houver artigos em seus elementos: Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Baía de
Todos-os-Santos.
Os outros topônimos compostos são escritos com elementos separados, sem uso do
hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco.
- Há uma exceção aceita para essa regra: Guiné-Bissau.
PARA RELEMBRAR:
As palavras compostas resultam da reunião de vocábulos pertencentes a duas ou mais
categorias gramaticais (substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, preposição etc.). As
palavras compostas por justaposição são aquelas em que cada um dos elementos mantém
a integridade fonética e o acento tônico próprio. Às vezes, os elementos cumprem essas
características e se unem na escrita, como em “passatempo”; em outros casos, eles se
ligam por hífen, como em “couve-flor”. As palavras também podem ser compostas por
aglutinação, quando os elementos se unem de tal forma que, além de perderem os fonemas
próprios, também passam a ter apenas um único acento tônico (sílaba mais forte), como
aguardente (água + ardente), girassol (gira + sol) e pernalta (perna + alta).
Um brasileiro pode se sentir em um universo paralelo ao entrar em uma loja de
roupas em Portugal. Por exemplo, não adianta ir procurar por ternos – a palavra lá é
“fatos”. Da mesma forma, paletó é “casaco”, meias são “peugas” e suéter é “camisola”.
Outra diferença: as roupas íntimas femininas que aqui chamamos de calcinhas, lá são
“cuecas”, e as fraldas de crianças são chamadas de “cuequinhas de bebê”.
3 – O hífen é usado nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam elas ligadas ou não por preposição ou qualquer outro elemento. Exemplo:
abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, bem-me-quer, batata-inglesa,
andorinha-do-mar, cobra-d’água, bem-te-vi.
4 – Emprega-se o hífen nas formações que começarem por bem ou mal e em que o
segundo elemento for iniciado por vogal ou h: bem-aventurado, bem-humorado, maleducado, mal-estar. No entanto, o advérbio “bem”, ao contrário de mal, pode não se
aglutinar com palavras começadas por consoante, visto que, em português, o “m” só é
usado antes de palavras com “p” e “b”. Eis alguns exemplos: bem-vindo, bem-criado (mas
malcriado), bem-ditoso (mas malditoso), bem-falante (mas malfalante), bem-visto (mas
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malvisto). Em muitos compostos, o “bem” aparece aglutinado com o segundo elemento,
quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeitor, benfeitoria, benquerença etc.
PARA RELEMBRAR:
Prefixos são os elementos que na formação das palavras vêm antes dos radicais (o
“esqueleto” da palavra), como “in” em invisível e “re” em reescrever. Sufixos são
colocados depois dos radicais, como “mente” em calmamente e ia em advocacia.
5 – O hífen sempre é empregado se o primeiro elemento da palavra composta for além,
aquém, recém ou sem. Assim: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras, aquém-mar,
aquém-Pirinéus, recém-casado, recém-nascido, recém-saído, sem-cerimônia, sem-número,
sem-vergonha.
6 – Não se emprega hífen nas locuções:
a) substantivas: fim de semana, cão de guarda, sala de jantar
b) adjetivas: café com leite, cor de vinho, cor de café
c) pronominais: nós mesmos, cada um, ele próprio
d) adverbiais: à vontade, de mais, depois de amanhã
e) prepositivas: a fim de, enquanto a, quanto a
f) conjuncionais: logo que, ao passo que, visto que
São aceitas exceções de casos já consagrados pelo uso, como: água-de-colônia, arca-davelha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
7 – O hífen é usado para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Alguns
exemplos: a divisa Liberdade-igualdade-Fraternidade, ponte Rio-Niterói, percurso
Lisboa-Coimbra-Porto, ligação Angola-Moçambique.
O mesmo vale para combinações históricas ou ocasionais de elementos geográficos,
como: Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro etc.
PARA RELEMBRAR:
Locuções são conjuntos de palavras que possuem valor e função determinados. Assim,
locuções substantivas funcionam como substantivos; locuções adjetivas funcionam como
adjetivos; locuções pronominais funcionam como pronomes; locuções adverbiais fazem
papel de advérbio; locuções prepositivas têm função de preposição e locuções
conjuncionais fazem papel de conjunção.
8 – Em relação a prefixos, o hífen é empregado nos seguintes casos:
a) O hífen passa a ser empregado em todas as composições em que o segundo elemento
começa por h: anti-higiênico, co-herdeiro, extra-humano, pré-história, sub-hepático,
super-homem, ultra-hiperbólico, arqui-hipérbole, geo-história, neo-helênico, panhelenismo, semi-hospitalar.
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- A exceção é “subumano”, em que a palavra “humano” se aglutina com o prefixo e perde
o “h”.
- Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm os prefixos des- e in-. Nesses
casos, o segundo elemento da palavra perde o “h” inicial: desumano, desumidificar,
inábil, inumano etc.
b) O hífen também passa a ser usado nas palavras em que o prefixo termina com a
mesma vogal com a qual se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante,
infra-axilar, supra-auricular, arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, microondas, semi-interno.
O prefixo co- em geral aglutina-se em geral com o segundo elemento da palavra, mesmo
quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar etc.
c) O hífen cabe ainda nas formações com prefixos circum- e pan- quando o segundo
elemento começa por vogal, “m” ou “n” (além de h, caso em que todos os prefixos se
encaixam): circum-escolar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, panmágico, pan-negritude.
d) Usa-se hífen nas formações com prefixos hiper-, inter- e super-, quando eles são
combinados co elementos iniciados por “r”: hiper-requintado, inter-resistente, superrevista. No entanto, os outros casos não aceitam o hífen: hipermercado, intermunicipal,
superproteção.
e) Sempre se usa hífen nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado
anterior ou cessamento), sota-, soto-, vice- e vizo- (forma de vice em português antigo):
ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei, sotapiloto, soto-mestre, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei.
f) Emprega-se hífen nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente
pós-, pré- e pró- quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que
acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento
seguinte): pós-graduação, pós-tônico (mas pospor); pré-escolar, pré-natal (mas prever),
pró-africano, pró-europeu (mas promover).
g) Com o prefixo sub-, usa-se hífen se o segundo elemento for iniciado por b ou r: subração, sub-bibliotecário.
VOCÊ SABIA?
Que chamamos de falsos prefixos os radicais de origem grega ou latina que assumem o
sentido global de uma palavra da qual antes era um elemento componente. Um exemplo é
“auto”, que, em grego, significa “por si mesmo”, “próprio”, mas na língua moderna
assumiu o sentido de “automóvel”, palavra que antes compunha. E com esse novo sentido
ele funciona como falso prefixo na formação de outras palavras, como autoestrada e
autoescola.
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9 – Não se emprega hífen nas palavras com prefixos nas seguintes situações:
a) Quando o prefixo termina em vogal (como micro, contra, anti) e o segundo elemento
começa por r ou s. Nesses casos, o r ou o s serão duplicados. Por exemplo: antirreligioso,
antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia,
biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.
b) Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente.
Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem,
agroindustrial, hidroelétrico, plurianual.
10 – No caso das palavras formadas por sufixação o hífen só é empregado nos vocábulos
terminados por sufixos de origem tupi-guarani com valor de adjetivo, como açu, guaçu e
mirim, quando o primeiro elemento for uma palavra terminada em vogal que levar acento
ou quando a pronúncia exigir: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Cearámirim.
- Certas utilidades caseiras têm nomes bem diferentes no Brasil e em Portugal. Por lá, não
adianta falar em esparadrapo ou band-aid – diga “pensos” ou “pensa rápido”. Pasta de
dentes é “dentrífico”, telefone celular é “telemóvel” e ventilador é “ventoinha”.
VOCÊ SABIA?
Se as regras do hífen são de dar nó no cérebro, nada como se relaxar um pouco travando
a língua. Trava-línguas, jogos verbais com palavras, são maneiras divertidas de se
relacionar com a língua e também ferramentas de trabalho importantes para
fonoaudiólogos, professores, atores, locutores e outros tipos de profissionais que precisam
de uma boa dicção. Confira alguns trava-línguas:
- Três pratos de trigo para três tigres tristes.
- Olha o sapo dentro do saco, o saco com o sapo dentro, o sapo batendo papo e o papo
soltando vento.
- A babá boba bebeu o leite do bebê.
- O sabiá não sabia que o sábio sabia não sabia assobiar.
- Num ninho de mafagafos, havia sete mafagafinhos; quem amafagafar mais
mafagafinhos, bom amagafanhador será.
- Cozinheiro cochichou que havia cozido chuchu chocho num tacho sujo.
- Casa suja, chão sujo.
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- O doce perguntou pro doce qual é o doce mais doce que o doce de batata-doce. O doce
respondeu pro doce que o doce mais doce que o doce de batata-doce é o doce de doce de
batata-doce.
- O desinquivincavacador das calevelarias desinquivincavacaria as cavidades que
deveriam ser desinquivincavacadas.
- O peito do pé do Pedro é preto. É preto o peito do pé de Pedro. Pedro tem o peito do pé
preto. Quem tem o pé do peito preto é Pedro!
- O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro
tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.
11 – O hífen é empregado na ênclise e na mesóclise (também chamada de tmese): amá-lo,
dá-se, deixa-o, partir-lhe, amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
12 – O hífen também é usado nas formas dos verbos querer e requerer consagradas pelo
uso, como quere-o(s) e requer-o(s). Nestes contextos, as formas legítimas pela norma culta,
qué-lo e requé-lo, são pouco usadas.
13 – Usa-se também o hífen para as formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me,
ei-lo). Nas próclises, o hífen é usado nas combinações de formas pronominais do tipo nolo, vo-las: “esperamos que no-lo comprem”. Esse uso é mais recorrente em Portugal.
14 – Não se emprega hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do
presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de etc.
15 – Se na hora de pular de uma linha para outra a palavra com hífen precisar ser
quebrada e a separação coincidir com o fim d um dos elementos, deve-se repetir o hífen na
linha seguinte. Por exemplo:
ex-alferes;
vice-almirante
PARA RELEMBRAR:
A colocação pronominal pode ocorrer de três maneiras em relação ao verbo:
- Próclise é a colocação pronominal antes do verbo. Ela é usada nas seguintes situações:
1 – Quando o verbo estiver precedido de palavras que atraem o pronome, como:
a) palavras de sentido negativo (não, nunca, ninguém, jamais): Não se esqueça de mim;
b) advérbios: Ontem os vi na rua;
c) conjunções subordinativas: Admiti que me importava;
d) Pronomes relativos: Este é o garoto de quem lhe falei;
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e) Pronomes indefinidos: Ninguém me disse nada.
2 – Em orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem te disse isso?
3 – Em orações iniciadas por palavras exclamativas ou que exprimem desejo: Que Deus te
abençoe!
- Mesóclise é a colocação pronominal no meio do verbo. Ela é usada:
1 - Com verbo no futuro do presente ou futuro do pretérito, desde que esses verbos não
estejam precedidos de palavras que exijam a próclise: realizar-se-ão, na próxima semana,
as eleições para presidente; Dar-te-ia mais informações se pudesse.
- Ênclise é a colocação pronominal depois do verbo. É a forma mais comum e é usada
quando:
1 – O verbo estiver no imperativo afirmativo: Compra-os imediatamente.
2 – O verbo estiver no infinitivo impessoal: Eu gostaria de falar-te.
3 – O verbo iniciar a oração: Levantou-se com cuidado.
4 - Houver pausa antes do verbo, como vírgula ou ponto-e-vírgula: Fui atrás dele, chameio pelas ruas.
5 – O verbo estiver no gerúndio: Negou tudo fingindo-se de inocente.
HÍFEN, O QUE MUDOU
Como você viu, as novas regras alteraram o uso do hífen em algumas situações. Confira
algumas comparações de “antes” e “depois”:
1 – Não se usa mais hífen em vocábulos cujo prefixo terminar em vogal e o segundo
elemento iniciar-se por consoante. Se essa consoante for “r” ou “s”, ela deverá ser
dobrada.
ANTES DO ACORDO
contra-regra
extra-regular
anti-semita
ultra-sonografia
contra-senha
infra-som
co-seno
contra-senso
ultra-secreto
supra-sumo
neo-republicano
DEPOIS DO ACORDO
contrarregra
extrarregular
antissemita
ultrassonografia
contrassenha
infrassom
cosseno
contrassenso
ultrassecreto
suprassumo
neorrepublicano
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2 – O hífen deixa de ser usado em formações cuja vogal final do prefixo é diferente da
vogal inicial do segundo elemento.
ANTES DO ACORDO
extra-escolar
auto-aprendizado
contra-indicado
extra-oficial
auto-estrada
DEPOIS DO ACORDO
extraescolar
autoaprendizado
contraindicado
extraoficial
autoestrada
CRASE
Ao lado dos hifens, a crase é um dos elementos que mais causam dor de cabeça na
língua portuguesa. A crase acontece quando o artigo feminino “a” se funde com a
preposição “a” e é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal (à).
- Por pedir necessariamente a fusão de um artigo feminino, a crase só ocorre em situações
específicas. São elas:
a) diante de substantivo feminino que aceita artigo: Ela voltou à cidade natal;
b) na indicação de horas: cheguei às dez horas;
c) na expressão “à moda de” e “à maneira de”, mesmo quando estiver subentendida: bife
à cavalo;
d) nas formas “àquela”, “àquele”, “àquelas”, “àquilo” (e derivados): Não deu importância
àquilo (a + quilo); Vou àquela cidade;
e) nas locuções adverbiais femininas, conjuntivas ou prepositivas constituídas de palavras
femininas: às pressas, às vezes, à risca, à noite, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda
de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de.
- No caso de nome geográfico ou de lugar, para saber se cabe a crase substitua o “a” ou
“as” por “para”. Se o certo for “para a”, use a crase: Foi à França (foi para a França). Se
não, deixem sem: Voltou a Curitiba (voltou para Curitiba, sem crase). Pode-se também
usar a forma “voltar de”. Se o “de” se transformar em “da”, há crase: Retornou à
Argentina (voltou da Argentina); Foi a Roma (voltou de Roma).
NUNCA OCORRE CRASE:
a) Antes de verbo: Ele passou a ver; Havia filas a perder de vista;
b) Antes de palavra masculina: andar a pé, pagamento a prazo, vestir-se a caráter,
entrega a domicílio;
c) Antes de pronome demonstrativo, pessoal, indefinido, de tratamento ou artigo
indefinido (ela, essa, esta, um, uma, uns, umas);
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d) Em locuções formadas por duas palavras repetidas, mesmo que feminina: face a
face, cara a cara, frente a frente, terra a terra, porta a porta.
VOCÊ SABIA?
A palavra crase vem do grego krâsis, que significa “mistura”, “mescla”. A crase não
ocorre apenas na língua portuguesa. Outros idiomas, como o grego antigo e o sânscrito,
por exemplo, fazem uso do sinal com fins fonéticos.
RECAPITULANDO AS MUDANÇAS
TEMA
Alfabeto
ANTES DA REFORMA
O alfabeto é formado por 23 letras
Trema
O trema é usado para indicar a
pronúncia do u nas sílabas gue,
gui, que, qui: tranqüilo
Acentuação São acentuados ditongos abertos
“ei”, “oi” das palavras
paroxítonas: geléia
São acentuados o “i” e o “u”
tônicos seguidos de ditongo em
palavras paroxítonas: feiúra
São acentuadas as formas verbais
crêem, lêem e vêem e seus
derivados, assim como dêem e seus
derivados
Recebe acento circunflexo o
primeiro “o” do hiato “oo”: vôo
Recebem acento diferencial as
formas homógrafas: pára e para;
péla e pela,; pólo, pôlo e polo, pélo,
pêlo e pelo; pêro e pero; pêra e
pera; pôde e pode; por e pôr
Recebe acento agudo o “u” tônico
de “gue”, “gui”, “que”, “qui”:
argúi
Hífen
Usa-se o hífen em palavras
compostas, locuções e
encadeamentos vocabulares:
guarda-chuva, manda-chuva.
24
DEPOIS DA REFORMA
O alfabeto passa a ser formado por 26
letras, com a inclusão de K, W e Y
O trema é totalmente eliminado da
língua portuguesa, sendo aceito apenas
em palavras estrangeiras, como
Müller: tranquilo
Não se acentuam ditongos abertos das
palavras paroxítonas: geleia
Não se acentua o i e o u tônicos
seguidos de ditongo em palavras
paroxítonas: feiura
Não são acentuadas as formas verbais
creem, leem e veem e seus derivados,
assim como deem e derivados
Não se registra acento circunflexo no
encontro vocálico “oo”: voo
As palavras para, pela, polo, pelo, e
pero registram apenas a grafia sem ,
acento em todos os casos homógrafos.
Mantém-se o acento em pôde e pode e
pôr e por
Não se acenta o “u” tônico de “gue”,
“gui”, “que” , “qui”: argui
Usa-se o hífen em palavras compostas,
locuções e encadeamentos
vocabulares, como guarda-chuva. No
entanto, ele é suprimido em palavras
em que se perdeu a noção de
composição: mandachuva.
Não há regra específica sobre
topônimos.
O hífen é empregado em topônimos
iniciados por grão ou grã, por verbos e
quando houver artigos em seus
elementos: Grã-Bretanha, PassaQuatro, Baía de Todos-os-Santos.
Com exceção de Guiné-Bissau, os
demais topônimos compostos são
escritos com os elementos separados,
sem uso do hífen: América do sul, Belo
Horizonte.
Não há regra que trate de hífen em O hífen é usado nas palavras
espécies botânica e zoológicas
compostas que designam espécies
botânicas e zoológicas, estejam elas
ligadas ou não por preposição ou
qualquer outro elemento: couve-flor,
bem-me-quer, bem-te-vi.
O travessão liga duas ou mais
È usado o hífen para ligar duas ou
palavras que se combinam
mais palavras que se combinam
formando encadeamentos
formando encadeamentos
vocabulares: ponte Rio – Niterói
vocabulares: ponte Rio-Niterói
GUIA DE PREFIXOS
Regra geral – Sempre se usa hífen diante de palavra iniciada por h: super-homem
*Exceção: subumano; formações com prefixos des- e in- Sempre se emprega hífen se o primeiro elemento da palavra composta for:
alémsemsoto-
aquémexvice-
recémsotavizo-
Hífen e prefixos terminados em vogal
a) Usa-se hífen para separar as palavras em que o prefixo termina com a mesma vogal
com que se inicia o segundo elemento: micro-ondas
* Exceção: o prefixo “co-“ em geral se aglutina com o segundo elemento da palavra,
mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação.
b) Não se usa hífen se o prefixo e o segundo elemento da palavra terminarem em vogais
diferentes: autoescola
c) Não se usa hífen se o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com
consoante. Se essa consoante for “r” ou “s”, ela deve ser dobrada: semicírculo, antissocial
25
Os prefixos mais comuns terminados em vogal:
aero
anti
entre
hemi
mega
nefro
pseudo
tele
ambi
arqui
extra
hidro
meso
neo
psico
ultra
ana
auto
epi
homo
meta
neuro
retro
aero
beta
foto
infra
micro
para
semi
agro
bi
gama
intra
mini
pluri
sobre
alfa
bio
geo
justa
mono
poli
soto
ante
contra
giga
macro
multi
proto
supra
Hífen e prefixos terminados em consoante
a) Usa-se hífen quando o prefixo terminar com a mesma consoante que inicia o segundo
elemento da palavra composta: inter-racial
* O prefixo sub também recebe hífen diante de palavra iniciada por r: sub-região
b) Usa-se hífen com os prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento começa por
vogal, “m” ou “n”: pan-africano
c) O hífen é usado nas formações com prefixos pós-, pré- e pró- quando o segundo
elemento tem vida à parte: pós-graduação
d) Não se usa hífen quando o prefixo termina em consoante e o segundo elemento é
iniciado por vogal: superamigo
Os Prefixos mais comuns terminados em consoante
ab
inter
ad
mal
além
ob
sub
bem
pan
super
ciber
per
trans
circum
pós
hiper
sob
NOTA:
Qualquer outra forma de divulgação por meio virtual deste
guia que não seja através da BIBLIOTECA VIRTUAL, do
SHOW DE CULTURA e SHOW DE CULTURA JÚNIOR da
LZ CRIAÇÕES, constitui-se em fraude e deve ser denunciada
através do e-mail [email protected] p/ que as
medidas cabíveis sejam tomadas.
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