Tratamento das fraturas de côndilo mandibular: revisão

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Mendonça JCG et al.
ARTIGO DE REVISÃO
Tratamento das fraturas de côndilo mandibular: revisão
da literatura
Treatment of mandibular condyle fractures: literature review
José Carlos Garcia de Mendonça1, Leandro de Araújo Bento2, Gileade Pereira Freitas3
RESUMO
SUMMARY
Objetivo: Revisar e discutir a literatura a respeito do
tratamento das fraturas de côndilo mandibular. Método:
Revisão da literatura com artigos indexados e livros. Resultados: Por um longo período de tempo, o tratamento conservador das fraturas condilares foi uma filosofia dominante.
Com o advento da fixação interna rígida e evolução nos
métodos diagnósticos houve a abertura de uma nova porta
no campo da cirurgia oral e maxilofacial para o manejo
dessas fraturas. Conclusão: Em virtude da complexidade
biomecânica e fisiológica da ATM, esta revisão permitiu
conferir a persistente controvérsia na literatura, quanto ao
tratamento das fraturas de côndilo mandibular.
Purpose: To review and discuss the literature regarding
the treatment of fractures of the mandibular condyle. Method: Literature review of articles and books indexed. Results: For a long period of time, the conservative treatment
of condylar fractures was a dominant philosophy. With the
advent of rigid internal fixation and changes in diagnostic
methods were opening a new door in the field of oral and
maxillofacial surgery for the management of these fractures.
Conclusion: Because of the complexity of the physiological
and biomechanical TMJ, this review led us to check the persistent controversy in the literature regarding the treatment
of fractures of the mandibular condyle.
Descritores: Mandíbula. Côndilo mandibular/lesões.
Fraturas mandibulares.
Descriptors: Mandible. Mandibular condyle/injuries.
Mandibular fractures.
1. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF);
Mestre e Doutor em Ciências da Saúde (CTBMF) pela Faculdade de
Medicina da UFMS / Professor Adjunto de CTBMF da FAODO-UFMS/
Coordenador do Programa de Residência em CTBMF do Núcleo de
Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS.
2. Cirurgiã Dentista Ex-Residente do Programa de Residência em CTBMF do
Núcleo do Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS.
3. Cirurgiã Dentista Residente do Programa de Residência em CTBMF do
Núcleo de Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS.
Correspondência: Gileade Pereira Freitas
Rua 24 de outubro, 485 – apto 32 – Bloco A – Vila Glória – Campo
Grande, MS – CEP 79004-400
E-mail: [email protected]
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Tratamento das fraturas de côndilo mandibular
torna-se, assim, superficial e adaptando-se à nova posição
condilar10.
Fraturas intracapsulares podem ocasionar danos à camada
germinativa subjacente da cartilagem articular e da camada
inferior do tecido retrodiscal, que estão diretamente envolvidos
na regeneração óssea, principalmente em lactentes9. Se as
fraturas condilares ocorrerem em pacientes antes da conclusão
de seu estágio de crescimento e se por ventura, não receberem
o devido tratamento, poderão ocorrer complicações de ordem
estético/funcionais, incluindo órbitas, maxila e mandíbula2.
Segundo Ellis & Throckmorton10, associada à fratura do
processo condilar existe uma série complexa de adaptações na
tentativa de restaurar a articulação para facilitar a mastigação e
função. Essas adaptações começam imediatamente após o traumatismo, mas diferem um pouco em termos de tempo e importância. Existem 3 principais tipos de adaptações que ocorrem:
as adaptações neuromusculares, as esqueletais e as dentais. As
primeiras adaptações que ocorrem para a manutenção da funcionalidade da ATM após o trauma são as neuromusculares. Elas
permanecerão presentes até que haja o restabelecimento da nova
articulação. Tem sido evidenciado por meio da eletromiografia
que, após o restabelecimento da nova articulação, a atividade
da musculatura da mastigação é novamente normalizada. Há 3
processos simultâneos pelo qual a nova articulação é restabelecida: pela regeneração, pelas mudanças na fossa mandibular
e pela perda de dimensão vertical posterior. A regeneração é
a responsável pela maior parte do desenvolvimento da nova
articulação, sendo que sua extensão é extremamente variável,
e parece estar diretamente ligada à idade do paciente e ao uso
de terapia funcional. Crianças e indivíduos jovens possuem a
tendência à regeneração condilar ou remodelação restitucional.
No entanto, com o avançar da idade, o processo de remodelação
tende a ser atípico e de expressividade variável. A perda da
dimensão vertical posterior é uma maneira adaptativa de aproximação da região fraturada à fossa mandibular para que “menos
remodelação” seja necessária para o restabelecimento da nova
ATM. As adaptações dentárias iniciam-se face à redução da
dimensão vertical posterior, através da intrusão molar e extrusão
incisiva para que haja uma intercuspidação dentária.
Após o trauma, os sinais e sintomas apresentados pelo
paciente auxiliarão o profissional no diagnóstico e na elaboração do plano de tratamento4.
Edema sobre a articulação, equimose e, algumas vezes,
hemorragia no conduto auditivo externo podem ocorrer. Sensibilidade à palpação da ATM ou do conduto auditivo externo
são observações mais usualmente encontradas. Geralmente, o
contato prematuro dos dentes no lado envolvido é causado pela
tração superior do ramo mandibular pelos músculos elevadores
da mandíbula. Devido a isto, na região molar cria-se uma
alavanca em classe I, o que deixa a mordida aberta na região
anterior11.
É interessante observar que a mandíbula pode sofrer desvio
para o lado afetado quando ocorre uma fratura condilar, devido
à falta de suporte estrutural daquela área, que pode ser observado mesmo em repouso. Quando surge uma fratura, o músculo
pterigóideo lateral não é capaz de avançar o ramo mandibular
do lado comprometido e ,após uma abertura de boca mínima
de aproximadamente 15 mm, o movimento do lado normal
provoca o desvio mandibular em direção ao lado afetado4.
É importante salientar que seguinte ao trauma pode haver
INTRODUÇÃO
O esqueleto, por meio de sua estrutura, permite a atividade física e proteção aos órgãos nobres do corpo. Para que
sua função fisiológica seja cumprida, são necessárias forma
anatômica adequada e rigidez. Uma fratura é resultado de
sobrecarga mecânica, onde a integridade estrutural e rigidez são
interrompidas, resultando em perda de absorção e transmissão
de forças, bem como prejuízo ao suprimento sanguíneo na
estrutura óssea envolvida1.
As fraturas condilares ocorrem em decorrência de absorção
da energia oriunda de impactos diretos sobre a região condilar
ou indiretamente de impactos sobre a região de sínfise e/
ou parassínfise mandibular, sendo chamadas de fraturas de
contra-golpe2.
Segundo Smets et al.3, as fraturas condilares são divididas
anatomicamente em intracapsulares (cabeça condilar) e extracapsulares (colo/pescoço do côndilo e as subcondilares).
As fraturas intracapsulares são as que ocorrem acima das
inserções da cápsula articular, podendo ser restritas ou não à
superfície articular do processo condilar. Já as fraturas extracapsulares são as que ocorrem fora dos limites da cápsula
articular, podendo ser classificadas como: sem deslocamento
e com deslocamento (para região medial, lateral e exterior
da cavidade glenóide). Nestes casos, geralmente é observado
desvio mandibular para o lado afetado, pois há perda de suporte
estrutural4.
As fraturas intracapsulares, segundo Zachariades et al.2,
podem ainda ser classificadas em horizontais, verticais e
compressivas, sendo a última mais comum em crianças.
Segundo Prado & Salim5, o tipo e a extensão de uma fratura
dependem de alguns fatores, como a anatomia da região,
a direção e a força do impacto. A face apresenta linhas de
resistência capazes de receber, absorver e transmitir as forças
incididas sobre ela para a base do crânio. Essas áreas caracterizam-se por uma condensação do trabeculado esponjoso,
que ocorre pela modificação da morfologia dos osteoblastos
de acordo com a direção da força. Na mandíbula, podem ser
evidenciadas 4 linhas de resistência: trajetórias coronoidal,
condilar, alveolar e basilar.
O processo de remodelação do coto distal da fratura pode
ocorrer com a formação de um novo côndilo, anatomicamente
normal, dependendo da idade do paciente6. A presença do disco,
da cápsula e da cartilagem articular parece desempenhar um
papel importante neste processo2.
Quando ocorre uma fratura condilar em uma criança com
menos de 3 anos de idade, ela tende a ser do tipo compressiva e
isto pode explicar porque a cartilagem condilar é mais frequentemente envolvida em crianças do que em adultos7. Segundo
os autores, crianças que sofrem fraturas condilares antes dos
3 anos idade possuem maior probabilidade de apresentarem
assimetria facial grave. Já entre 6 e 12 anos de idade existe uma
moderada probabilidade ao desenvolvimento de assimetrias
faciais oriundas do trauma6,8.
Evidências clínicas suportam a crença de que em crianças
com idade igual ou superior a 4 anos, há um menor perigo de
insuficiência de crescimento por dano ao centro condilar, por
haver menor tendência de compressão da cartilagem articular
durante o trauma9. Há também provas experimentais de que
a fossa articular é preenchida por tecido ósseo neoformado,
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apenas por BMM, por um período de até 14 dias, e o restante
somente por observação. Dos 120 pacientes, o autor identificou
as seguintes complicações: 2 pacientes com dor, 29 com desvio,
7 com deformidade facial e 73 com deformidade observada
apenas radiograficamente sem manifestações clínicas.
Silvennoinen et al. 18 avaliaram 92 pacientes adultos
dentados com fraturas do côndilo mandibular tratados de forma
conservadora. Neste grupo, 42 (46%) pacientes foram tratados
sem BMM e 50 (54%) com BMM. O acompanhamento médio
foi de 2 meses (intervalo de 1 a 15 meses). Reduzida altura do
ramo, resultando em má oclusão, foi observada em 12 (13%)
pacientes e desvio mandibular persistente em 4 (4,4%).
Santler et al.19 realizaram um estudo de 234 pacientes atendidos para o tratamento de 292 fraturas do processo condilar
e, posteriormente, compararam os resultados obtidos com o
tratamento cirúrgico e conservador. Desses pacientes, 161
foram tratados apenas com o BMM e 62 foram tratados cirurgicamente. Os pacientes foram avaliados por meio de radiografias
panorâmicas e frontais para mensuração associadas ao exame
clínico. Não foram encontradas diferenças significantes em
relação a mobilidade, alterações articulares, oclusão ou dor
muscular. Apenas os pacientes tratados cirurgicamente demonstraram sensibilidade dolorosa na abertura bucal máxima. Os
autores concluíram que, devido a essa desvantagem, a redução
aberta está apenas indicada em pacientes com importante
deslocamento do processo condilar fraturado.
Ellis & Throckmorton20 avaliaram o resultado do tratamento
de fraturas condilares unilaterais quanto à simetria mandibular
e facial após o tratamento cirúrgico e conservador BMM.
Foram analisados 146 pacientes, tendo sido 81 tratados de
forma conservadora e 65 com tratamento cirúrgico associado
à fixação interna rígida. O acompanhamento foi realizado por
meio de radiografias panorâmicas e de Towne, solicitadas
em 6 semanas, 6 meses, 1, 2 e 3 anos após o tratamento. Os
pacientes tratados de forma conservadora apresentaram uma
significante redução da altura facial posterior e da altura do
ramo mandibular no lado afetado e, ainda, maior inclinação dos
planos oclusal e bigonial, quando comparados aos pacientes
tratados cirurgicamente.
Ellis et al.21 avaliaram os pacientes atendidos para observar
o relacionamento oclusal após o tratamento cirúrgico e conservador (BMM) de fraturas do processo condilar da mandíbula.
Foram incluídos neste estudo 137 pacientes com fraturas
unilaterais de côndilo (77 tratados conservadoramente e 65
tratados cirurgicamente). Fotografias oclusais foram obtidas em
vários intervalos no pós-operatório, sendo examinadas por um
cirurgião bucomaxilofacial e por um ortodontista. Os autores
concluíram que os pacientes tratados conservadoramente apresentaram uma porcentagem relativamente maior de má oclusão,
quando comparada aos pacientes tratados cirurgicamente.
Ellis et al.22 acompanharam os pacientes atendidos para
avaliar as complicações do tratamento cirúrgico de fraturas
condilares usando-se a fixação interna rígida. O acesso retromandibular foi o eleito em todos os casos. Após a análise de 93
pacientes com fraturas unilaterais de côndilo, em 16 (17,2%)
casos encontrou-se paralisia facial, em 7 (7,5%), as cicatrizes
foram classificadas como hipertróficas, e em 3 (3,2%), notou-se
a presença de fístula salivar relacionada com a glândula parótida. A paralisia facial persistiu por, no máximo, seis meses de
pós-operatório, tendo os casos de fístulas salivares sido tratados
um variado grau de limitação dos movimentos mandibulares
devido a espasmo muscular, edema e hemartrose. Estes fatores
também predispõem ao desvio mandibular durante o movimento de abertura. Desta forma, o desvio mandibular pode
seguir o trauma, mesmo na ausência de fratura2.
O diagnóstico é baseado nos achados clínicos e complementado pelos exames de imagem. Os achados clínicos são obtidos
pela coleta de dados sobre a história do trauma associado ao
exame físico extra e intrabucal.
Diante da suspeita de fratura, o profissional deve utilizar
métodos complementares para fechamento do diagnóstico,
dentre eles, destaca-se os exames de imagem. O padrão-ouro
para a traumatologia é a tomografia computadorizada com
reconstrução em terceira dimensão (TC-3D), que permite de
maneira segura uma análise quantitativa e qualitativa, livre de
distorções, do tecido ósseo e da fratura do complexo craniofacial4,12.
Uma outra opção seria a utilização de exames radiográficos
que provêm uma boa visualização local com menor custo. Os
mais utilizados são a incidência de Towne, radiografia panorâmica e a incidência lateral oblíqua de mandíbula1.
Historicamente, as fraturas de côndilo mandibular têm sido
tratadas conservadoramente, utilizando a técnica de BMM e
fisioterapia para restabelecimento funcional. Com advento
dos sistemas de FIR (placas e parafusos de titânio), houve a
abertura de novas possibilidades para a indicação do tratamento
cirúrgico. Entretanto, em virtude da biomecânica da ATM, da
complexa anatomia local, da natureza da fratura, das peculiaridades de cada paciente e da diversidade de resultados com
o mesmo tipo de tratamento, poucas áreas da cirurgia oral e
maxilofacial têm gerado tanta controvérsia quanto a melhor
forma de tratamento13-15.
A conservadora pode ser realizada por meio de mobilização mandibular imediata ou bloqueio maxilomandibular
por 2 semanas, alívio sintomático, dieta líquida/ pastosa e
fisioterapia5.
Já a abordagem cirúrgica é realizada por meio de exposição
da fratura via acessos faciais (pré-auricular, submandibular
e retromandibular) associado à redução e à fixação interna
dos segmentos fraturados, utilizando-se placas e parafusos
de titânio, lag screws, fios de aço ou de Kirschner. A escolha
do local do acesso dependerá das características clínicas da
fratura, experiência e/ ou preferência profissional e associação
com fraturas em outros locais da mandíbula e/ou da face2,10,11.
Segundo Goodsell16, uma das investigações com resultados
mais favoráveis sobre o tratamento conservador das fraturas
do côndilo mandibular foi apresentada como a “palestra Lyons
Chalmer de 1947”. Um por cento dos pacientes foi tratado cirurgicamente, 11% com uma dieta leve e 88% por BMM. Dentre
os 120 pacientes portadores de fratura de côndilo mandibular,
60 foram avaliados por meio de um questionário e 60 foram
examinados. Os autores concluíram que, de todos os pacientes
que foram tratados com restrição de dieta ou BMM, apenas 7
(5,8%) apresentaram distúrbios funcionais, como ligeiro desvio
mandibular durante a abertura.
Mais tarde, MacLennan17 propôs uma revisão de 180 casos
de fraturas típicas do processo condilar. Este estudo retrospectivo recupera informações a partir de 120 pacientes (53
por meio de questionários e 67 que se submeteram ao exame
físico). Setenta e nove por cento destes pacientes foram tratados
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Tratamento das fraturas de côndilo mandibular
de fraturas condilares de pacientes que foram internados e
tratados no Hospital Geral Distrital. Os parâmetros considerados para avaliação foram: idade, gênero, etiologia,
lado afetado (uni ou bilateral), relação entre os segmentos
proximal e distal, nível da fratura, associação com outras
fraturas mandibulares e/ou 1/3 médio e tipo de tratamento
proposto. Concluíram que a mobilização precoce é a chave
no tratamento das fraturas condilares. Embora a fixação
interna proporcione estabilização e mobilização imediata,
o tratamento conservador é o de escolha para a maioria das
fraturas. Crianças e fraturas intracapsulares devem ser tratadas
de forma conservadora, com ou sem BMM. O tratamento
cirúrgico somente é recomendado em casos selecionados para
restabelecimento da oclusão, em graves deslocamentos, nos
casos de perda de altura do ramo mandibular, em pacientes
desdentados e em pacientes com comprometimento sistêmico
onde o BMM não é recomendado.
Kent et al.27 classificaram as “indicações“ para redução
aberta das fraturas de côndilo mandibular nas seguintes situações: na presença de deslocamento do côndilo para fossa
craniana média; lesão da placa timpânica concomitante à fratura
condilar; impossibilidade de obtenção de oclusão adequada com
tratamento conservador; deslocamento lateral extracapsular;
invasão de corpo estranho; falha na obtenção de contato entre
os segmentos proximal e distal devido à presença de interposição de tecidos moles entre os fragmentos; impossibilidade
de abertura bucal; paralisia facial secundária à lesão inicial;
quando a fixação intermaxilar estiver contraindicada e presença
de fratura exposta pela lesão.
A Associação Americana de Cirurgia Oral e Maxilofacial
(AAOMS)28 propôs, pela formação de uma comissão especial
de trauma, os parâmetros para a redução aberta nas seguintes
situações: evidências clínicas ou imaginológicas de fratura,
maloclusão, disfunção temporomandibular, presença de corpos
estranhos, presença de lacerações e/ou hemorragia no conduto
auditivo externo, hemotímpano, presença do fluido cerebroespinhal no conduto auditivo externo (otorreia).
Prado & Salim5 relataram que o côndilo fraturado quase
sempre é capaz de manter-se funcional ou ao menos ser induzido a uma remodelação que permita função satisfatória. Por
esta razão, as fraturas condilares apresentam limitadas indicações de reposição anatômica exata dos fragmentos deslocados
mediante intervenção cirúrgica. Os casos cirúrgicos estão
indicados quando houver fraturas condilares associadas a
fraturas em outras regiões anatômicas da mandíbula ou da
maxila, onde esteja havendo interferência na oclusão. Outras
situações em que está indicado tratamento cirúrgico são os
deslocamentos do côndilo para a fossa craniana média, impossibilidade de oclusão satisfatória com tratamento conservador,
deslocamento lateral do côndilo e presença de corpo estranho
na cavidade glenóide.
Apesar da existência de indicações e técnicas cirúrgicas
já consagradas na literatura, o que irá definir a eleição de
um ou outro método de tratamento, serão as características clínicas apresentadas pela fratura e as peculiaridades
de cada paciente, mais especificamente, com relação à
limitação dos movimentos mandibulares (abertura bucal,
lateralidade e protrusão), presença de disfunções temporomandibulares, alterações oclusais, idade, condições
médicas e/ou psicológicas13,29,30.
apropriadamente. Os autores concluíram que foram encontradas
poucas complicações permanentes no pós-operatório.
De Riu et al.23 realizaram análise dos pacientes tratados por
um período de 4 anos para comparação dos resultados entre o
tratamento conservador e cirúrgico associado à fixação interna
rígida nos casos de fraturas condilares. Foram avaliados 49
pacientes no total, sendo que 30 tinham sido tratados cirurgicamente e 19 apenas com o BMM. Não se identificaram diferenças
entre os dois grupos com relação aos movimentos protrusivos,
látero-protrusivos e de abertura bucal. Nos pacientes tratados
de forma conservadora, observou-se que, em 18,1% dos casos,
ocorreram alterações morfológicas da fossa glenóide e redução
da altura do ramo mandibular do lado afetado.
Haug & Assael24 acompanharam 20 pacientes com o intuito
de comparar o resultado dos tratamentos conservador e cirúrgico associado à FIR em casos de fraturas subcondilares. Dos
20 pacientes, 10 foram tratados de forma conservadora e 10
cirurgicamente. Após a interpretação dos resultados, os autores
concluíram que não ocorreram diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos, com relação a abertura bucal,
movimento de lateralidade, movimento de protrusão, desvio em
abertura de boca e oclusão. No entanto, o tratamento cirúrgico
associado à FIR levou o paciente a um retorno funcional mais
rapidamente, quando comparada à técnica conservadora.
Ellis & Throckmorton25 avaliaram a força mastigatória
máxima em 155 pacientes submetidos a tratamento conservador
e cirúrgico de fraturas do processo condilar. Dos 155 pacientes
com fraturas unilaterais de côndilo, 91 foram tratados pelo
método conservador e 64 pelo método cirúrgico. Com emprego
de eletromiografia do músculo masseter, a força mastigatória
máxima foi medida em 6 semanas, 6 meses, 1, 2 e 3 anos após
o tratamento, não sendo observadas diferenças significativas
entre a força mastigatória máxima nos dois grupos.
Smets et al.3 investigaram o resultado do tratamento conservador em 60 pacientes com 71 fraturas condilares, com o intuito
de estabelecer um protocolo para o tratamento das fraturas
de côndilo mandibular. Este estudo retrospectivo analisou
oclusão, simetria facial, distância interincisal máxima, sinais
de disfunção da ATM e medida da altura do ramo mandibular
por meio de radiografias panorâmicas. Em 5 (8%) pacientes,
observou-se má oclusão inaceitável e com discreta limitação
de abertura de boca. Entretanto, 15 (31%) pacientes apresentaram redução da altura do ramo mandibular superior a 8 mm.
Os autores concluíram que os pacientes com redução de 8 mm
ou mais da altura do ramo mandibular do lado afetado e/ou
considerável deslocamento do fragmento condilar, o reposicionamento cirúrgico associado à FIR deveria ser considerado.
Villarreal et al.26, em uma série de 84 pacientes portadores de fratura de côndilo mandibular, 74 foram tratados de
maneira conservadora e 10 cirurgicamente. Os pacientes foram
submetidos a um acompanhamento clínico-radiográfico no
pré-operatório e no pós-operatório, por meio de exames de
imagem (radiografia Towne, radiografia panorâmica e tomografia computadorizada). Segundo os autores, as principais
variáveis que determinaram a decisão do tratamento foram o
nível da fratura e o grau de deslocamento. O tratamento cirúrgico foi indicado somente em adultos, em fraturas deslocadas
e instáveis, na presença de má oclusão e quando se pretende
evitar o BMM.
Zachariades et al.2 analisaram os arquivos de 466 casos
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Mendonça JCG et al.
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CONCLUSÃO
Esta revisão permitiu conferir a persistente controvérsia
na literatura, quanto ao tratamento das fraturas de côndilo
mandibular. Ainda há muito a se investigar sobre essa doença
para se chegar à uniformidade de conduta. Porém, a maioria
dos autores concorda que fatores tais como o tipo de fratura, as
características clínicas e imaginológicas, a localização anatômica e as peculiaridades de cada paciente são determinantes
para a escolha da conduta terapêutica a ser adotada.
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Trabalho realizado no Hospital Universitário “Maria Aparecida Pedrossian” – UFMS, Campo Grande, MS.
Artigo recebido: 5/3/2010
Artigo aceito: 12/5/2010
Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(2): 102-6
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