UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO MBA EM GERÊNCIA FINANCEIRA RONALD JOSÉ GOMES A INFLUÊNCIA DO GRAU DE INVESTIMENTO NA ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTOS. CRICIÚMA, MAIO DE 2009 RONALD JOSÉ GOMES A INFLUÊNCIA DO GRAU DE INVESTIMENO NAS DECISÕES DE INVESTIMENTO DAS PESSOAS. Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC para obtenção do título de Especialista em Gerência Financeira. Orientador: Prof. Alexandre M. Gava CRICIÚMA, MAIO de 2009 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 – Classificação de rating das agências.............................................. 14 Figura 02 – Queda da produção industrial no mundo........................................ 25 Figura 03 – Comparação de solvência entre bancos brasileiros e mundiais.. 29 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Índices de inflação em 1994.............................................................. 06 Tabela 02 - Índices de inflação anuais a partir de 1990 ..................................... 06 Tabela 03 – Previsões para 2009 ......................................................................... 28 Tabela 04 – Elevação das taxas de juros praticadas pelo BNDES em função da crise financeira mundial................................................................ 33 Tabela 05 – Projeções para 2009 e 2010 ............................................................. 40 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 06 1.1 Justificativa ........................................................................................................ 06 2 INVESTIMENTOS .................................................................................................. 09 2.1 Sistema Financeiro Nacional ........................................................................... 09 2.2 Renda Fixa ......................................................................................................... 10 2.3 Renda Variável .................................................................................................. 11 2.4 Fundos de Investimentos ................................................................................. 12 2.5 Imóveis ............................................................................................................... 12 3 O GRAU DE INVESTIMENTO ............................................................................... 14 3.1 Impacto do Grau de Investimento nas Empresas .......................................... 15 3.2 Conseqüências do Grau de Investimento no Mercado Financeiro .............. 16 3.3 Grau de Investimento e os Investimentos Individuais .................................. 18 4 A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL ........................................................................ 20 4.1 Reflexos da Crise no Mundo ............................................................................ 23 4.2 O Brasil e a Crise .............................................................................................. 28 5 PERSPECTIVAS PARA 2009 ............................................................................... 38 5.1 Perspectivas Mundiais ..................................................................................... 38 5.2 Perspectivas para o Brasil ............................................................................... 40 5.3 A Retomada do Crescimento ........................................................................... 41 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 RESUMO Risco e retorno são variáveis que todo investidor leva em conta na hora de tomar decisões sobre investimentos. A partir da obtenção do grau de investimento, conferido pelas agências de rating Stanard & Poors e Fitch, o item segurança passou a fazer parte do arcabouço oferecido pelo Brasil para os investidores nacionais e internacionais. Tal segurança deriva dos bons fundamentos apresentados pela economia brasileira como estabilização da moeda, pequeno nível de intervenção governamental, autonomia do Banco Central brasileiro e condução da política econômica com responsabilidade, permitindo assim, que os investidores não se exponham a riscos conjunturais ao alocar seus recursos no mercado financeiro brasileiro. Porém, tal grau, como poderá ser visto neste trabalho, não evitou que a crise financeira mundial iniciada em setembro de 2008 afetasse o Brasil de maneira significativa, ainda que os fundamentos econômicos brasileiros alçassem o país a uma condição diferenciada perante o restante do mundo, sugerindo que, além e sofrer menos que outros países, será um dos primeiros a sair dela. Este trabalho tem como escopo o grau de investimento, a crise e o mercado financeiro brasileiro, buscando orientar o investidor, principalmente o individual como usar seus recursos perante estas três variáveis. Palavras-Chave: Investimentos. Grau de Investimento. Crise Financeira Mundial. 6 1 INTRODUÇÃO 1.1 Justificativa. A partir de 1994 com o fim da ciranda financeira, através do Plano Real, o Brasil pôde, finalmente, resolver o problema inflacionário e alçando-o a níveis aceitáveis. Assim ficaram os principais índices de inflação daquele ano em diante: Tabela 1 – Índices de inflação em 1994 Período IGP-M(%) IPCA(%) INPC (%) Jan-1994 39,07 41,31 41,32 Fev-1994 40,78 40,27 40,57 Mar-1994 45,71 42,75 43,08 Abr-1994 40,91 42,68 42,86 Mai-1994 42,58 44,03 42,73 Jun-1994 45,21 47,43 48,24 Jul-1994 40,00 6,84 7,75 Ago-1994 7,56 1,86 1,85 Set-1994 1,75 1,53 1,40 Out-1994 1,82 2,62 2,82 Nov-1994 2,85 2,81 2,96 Dez-1994 0,84 1,71 1,70 INCC(%) 32,99 45,93 39,14 55,7 45,6 45,6 44,74 10,26 0,14 0,38 1,32 2,36 IPC-FIPE(%) 42,67 41,98 43,47 45,57 43,77 49,1 32,45 2,6 1,46 2,65 3,11 1,11 Fonte: Ipeadata Tabela 2 – Índices de inflação anuais a partir de 1990 IPCA(%) INPC (%) INCC(%) Período IGP-M(%) 1990 1.699,87 1.620,97 1585,18 1.095,42 1991 458,38 472,70 475,10 486,30 1992 1.174,67 1.119,10 1.149,06 1.194,59 1993 2.567,34 2.477,15 2.489,11 2.763,41 1994 1.246,62 916,46 929,32 1.029,77 1995 15,24 22,41 21,98 31,48 1996 9,19 9,56 9,12 9,56 1997 7,74 5,22 4,34 6,81 1998 1,79 1,66 2,49 2,76 1999 20,1 8,94 8,43 9,2 2000 9,95 5,97 5,27 7,66 2001 10,37 7,67 9,44 8,85 2002 25,3 12,53 14,74 12,87 2003 8,69 9,3 10,38 14,42 2004 12,42 7,6 6,13 11,04 2005 1,2 5,69 5,05 6,83 2006 3,85 3,14 2,81 5,04 2007 15,24 22,41 21,98 6,15 2008 9,19 9,56 9,12 11,86 Fonte: Ipeadata IPC-FIPE(%) 1.639,0759 458,6060 1.129,4466 2.490,9908 941,2507 23,1663 10,0348 4,8257 -1,7953 8,63 4,3841 7,1335 9,9005 8,1793 6,5644 4,5254 2,5478 4,3821 6,1632 7 A partir de então, com a economia estabilizada, as pessoas puderam planejar seus investimentos e objetivar ganhos reais, uma vez que o risco de seus rendimentos deteriorarem no curto prazo passou a ser mínimo. Os mercados financeiro e de capitais, por sua vez, experimentaram uma evolução sem precedentes, abrindo um leque diversificado de opções para as pessoas poderem investir suas economias. Desde então se tem observado um interesse crescente por novas alternativas de investimentos até então desconhecidas do público em geral, que, grosso modo, apenas conhecia a Caderneta de Poupança como produto de investimento no mercado financeiro. A partir de 2002, o mercado financeiro através dos bancos passa a oferecer investimentos mais atrativos como CDB, fundos de investimentos atrelados a títulos do governo, fundos cambiais e também fundos atrelados à renda variável (bolsa de valores). Mesmo assim o Brasil sempre foi considerado pelos grandes investidores internacionais, como, por exemplo, os fundos de pensão, um país de alto risco para investimento, limitando o fluxo de capitais estrangeiro, cerceando o crescimento econômico. Apesar disso, a economia nacional, a partir de 2003 passa a mostrar solidez, não estando mais tão à mercê das turbulências do mercado internacional1. Isso fez com que o investidor doméstico procurasse no mercado financeiro e de capitais opções mais rentáveis de investimento de sua poupança, passando a ter uma participação mais efetiva no cenário econômico nacional. Com a obtenção do Grau de Investimento, também conhecido como Investment Grade, conferido pelas agências classificadoras de risco internacionais (Standart and Poor´s e Fitch), grandes investidores internacionais, que nunca antes cogitavam a possibilidade de investir no Brasil, passam a considerar esta possibilidade em suas estratégias de investimento, abrindo a possibilidade de investir nas empresas brasileiras, fomentando o desenvolvimento e o crescimento da economia. Neste contexto o investidor brasileiro tem a possibilidade de aproveitar este momento de crescimento econômico e buscar estratégias de investimento alinhadas com este patamar de qualidade. Este trabalho pretende verificar de que forma esta mudança pode beneficiar os investidores nacionais, observando as tendências a curto, médio e longo prazos, no sentido em mostrar os impactos nos 1 LAHÓS, André. Brasil recebe grau de investimento www.portalexame.abril.com.br, acesso em 17 mai. 2008. da S&P. Disponível em 8 mercados financeiros e de capitais, e as principais ajustes nas suas estratégias de investimento. Por fim este trabalho considera principalmente o escopo da crise mundial iniciada nos Estados unidos em setembro de 2008, também chamada de “Crise do Subprime” ou “Crise das hipotecas americanas” e seus desdobramentos na economia mundial e brasileira, verificando seus efeitos no grau de investimento concedido ao Brasil. 9 2 INVESTIMENTOS As pessoas investem seu dinheiro com dois objetivos básicos: aumento e proteção do seu patrimônio financeiro ou para a aquisição de bens de maior valor. Segundo Silva Neto (2003, p. 15), “Poupamos por diversos motivos: para criar uma proteção natural contra períodos difíceis ... para adquirir um bem ou até uma viagem, ou ainda para ter recursos para desfrutar a aposentadoria.”. Necessariamente, as pessoas investem no intuito de aumentar o valor do dinheiro acumulado. Para Cerbasi (2008, p. 30) “É preciso ter em mente que investir é multiplicar e não somar. Investir pressupõe o acúmulo de lucros que você obtém para que, com um patrimônio cada vez maior, você lucre mais.”, que evidencia uma diferença crucial entre poupar e investir. Segundo essa premissa, acumular dinheiro é poupar e investir é aumentar o patrimônio usando a dinâmica financeira. Ainda segundo Cerbasi (2008, p. 31 e 32), “Investir, em essência, é estar com seu dinheiro onde está o dinheiro dos que estão ganhando. Comprar barato e vender caro, sempre. Não é o mesmo que simplesmente aplicar o dinheiro”. O investimento, portanto, será tratado neste trabalho como sendo o acúmulo de dinheiro ou, quando se tratar de períodos de crise, como por exemplo, a crise do mercado financeiro internacional ocorrida a partir de Setembro de 2008 com a crise hipotecária americana2, determinando o escopo dos objetivos de investimento deste trabalho. 2.1 O Sistema Financeiro Nacional A estrutura do sistema financeiro brasileiro compõe-se de várias instituições que interagem entre si visando fomentar e regulamentar os investimentos feitos por instituições e pessoas físicas, disponibilizando vários instrumentos para esses investimentos, podendo ser considerado um consistente e seguro. 2 COMO... Folha de São Paulo, São Paulo, 30 set. 2008. caderno Dinheiro, p. B1. 10 O Sistema Financeiro Nacional, considerando-se o elevado número de empresas e pessoas que o formam, incluindo-se os agentes autônomos, os corretores e outros profissionais liberais, funciona de uma forma coordenada, uma vez que toda documentação envolvida (seja a de ordem financeira, a de pessoal ou administrativa) no dia a dia, obedecem a um critério padronizado e único. Não há possibilidade de uso indevido ou não uniforme por parte do sistema (AZEVEDO, 1995, p.12). Além de bem regulamentar atividade de circulação de recursos de poupadores para tomadores, o mercado financeiro brasileiro possui uma estrutura madura e eficiente disponível para investimento, inclusive para pessoa física. Segundo Silva Neto (2003, p.42), O mercado financeiro existe apenas em função dos poupadores e deve sempre buscar defender seus interesses. Além disso, outra função dele é possibilitar que os recursos de quem poupa cheguem até as mãos daqueles que desejam investir, de forma rápida, eficiente e a baixos custos. Para isso, o Sistema financeiro nacional disponibiliza vários instrumentos de investimentos, sendo os mais importantes os seguintes: 2.2 Renda Fixa Instrumentos de renda fixa são investimentos em títulos de dívida do governo ou empresas, incluindo os bancos. Chama-se renda fixa por possuir rendimento pré-estabelecido ou que tem um escopo de variação pequeno, facilitando sua previsibilidade. Segundo Luquet (2000, p. 35), “[Renda Fixa] É um tipo de investimento em títulos emitidos pelo governo ou por uma empresa, com direito a recebimento de juros”. São, portanto, títulos de dívida que servem para que estas empresas captem recursos junto aos investidores. As aplicações em renda fixa podem ser organizadas de acordo com seus emissores. Existem basicamente três grupos de emissores de títulos de renda fixa: Governo (LTNs, NTNs, etc.), bancos (CDBs, RDBs, letras hipotecárias, letras cambiais) e empresas (debêntures, commercial papers) (MIRANDA, 2007. p. 1). São títulos facilmente acessíveis para investidores institucionais e individuais, que tem nos bancos e nas corretoras de valores seus principais meios de acesso. 11 2.3 Renda Variável Renda variável, como o próprio nome diz, são investimentos cuja rentabilidade é indeterminada, podendo inclusive ser negativa. Para Cerbasi (2008, p. 166), “O nome renda variável vem justamente da incerteza em relação aos ganhos futuros, decorrentes da incerteza – ou risco – em relação ao futuro desse tipo de investimento”. A variação deste tipo de investimento advém do fato de estar atrelado ao fluxo de caixa de alguma empresa, motivo pelo qual apresenta uma variação nos resultados. O mercado de renda variável é representado principalmente pelo mercado de ações e seus derivados. Quando se compra uma ação, principal produto do mercado de renda variável, está comprando um fluxo de caixa incerto, que pode ser os dividendos, que são os lucros distribuídos pelas empresas, e/ou o ganho de capital, no caso de valorização da ação. Os mercados organizados, como as bolsas de valores, são o elo entre os investidores e os emissores de papéis de renda variável. (LUQUET, 2000. p. 35). O mercado de renda variável apresenta um risco maior, portanto, que o mercado de renda fixa, pelo alto grau de incerteza dos seus retornos, e por isso mesmo, também traz em si a oportunidade de maiores ganhos. Assim esclarece Silva Neto (2003, p. 30) “os investimentos em renda variável apresentam maior risco e, portanto, maiores retornos. Eles são muito vulneráveis às condições políticoeconômicas do país e do mundo, além de estarem diretamente relacionadas às condições da empresa”. O risco deste tipo de investimento está, portanto, nas condições de mercado e seus fatores influenciadores, como políticas governamentais, crises econômicas e oscilações de mercados, sendo um dos principais fatores de oscilação da renda variável o nível de investimento externo no mercado acionário do país. Os estrangeiros são a categoria de maior peso na bolsa, ao responder por cerca de 35% do total de operações realizadas no pregão. A segunda categoria que mais negocia são os investidores institucionais (como os fundos de pensão), que respondem por 27,9% do total e a terceira é a pessoa física, com 25,6%. (FUGA DE CAPITAL..., 2008, p. B7). A renda variável e, portanto, um investimento que possui na oscilação, em função dos motivos já expostos, seu risco de perda e sua oportunidade de maiores ganhos em relação á renda fixa. 12 2.4 Fundos de investimentos Os fundos de investimento são opções de investimento onde os investidores confiam a terceiros, normalmente profissionais do mercado, seus recursos para investir. Um fundo pode ter vários investidores, onde cada um possui cotas deste fundo proporcional ao montante investido. Para Cerbasi (2008, p. 207), os fundos “funcionam como uma espécie de condomínio, em que os proprietários – chamados de cotistas – que adquirem cotas deste condomínio confiam ao gestor as decisões sobre o que comprar, quando comprar e quando vender”. Os fundos possuem CNPJ e regulamento próprio que especifica qual tipo de aplicação – títulos de renda fixo e/ou variável – será seu foco, especificando o percentual de renda fixa e variável quando for os dois casos. No Brasil, a regulamentação de fundos de investimento é bem desenvolvida e interessante. O fundo é quase como se fosse uma empresa independente, em que seus donos são os cotistas. Esta empresa possui CNPJ específico e, como qualquer outra, faz sua contabilidade, paga impostos e possui um estatuto. (SILVA NETO, 2003, p. 102) Os fundos são considerados uma opção bastante popular e segura, por abarcarem todos os tipos de investidores (individuais, institucionais e grandes fundos de pensão), pois possui uma variada gama de tipos e propósitos. Para Luquet (2000, p. 92), “São populares porque permitem que investidores com poucos recursos tenham acesso a uma carteira diversificada de ações, CDBs ou qualquer outro ativo”. Os fundos, normalmente disponibilizados ao público pelas instituições financeiras, como bancos e corretoras, são muito utilizados para quem não tem tempo disponível para acompanhar o mercado financeiro. 2.5 Imóveis Os imóveis são um instrumento de investimento bastante utilizado no Brasil, cuja rentabilidade se dá através da locação (aluguel) e da própria valorização deste. Cerbasi (2008, p. 239), assim esclarece as possíveis rentabilidade dos imóveis: “Há quem compre bens imóveis como casa, terrenos e edifícios contando com sua valorização ao longo do tempo, e há quem compre um apartamento ou sala comercial com o objetivo de obter um renda mensal de aluguel”. Os imóveis podem 13 ser considerados da classe de renda variável, principalmente em função dos riscos e da incerteza da valorização e possibilidade de locação. Os imóveis sãos bons investimentos quando temos grande crescimento na cidade ou região em que investimos. Entretanto, existem vários custos ligados a um imóvel que devem ser considerados, incluindo a possibilidade do inquilino sair do imóvel e termos de pagar todos os custos. (SILVA NETO, 2003, p. 58). Os riscos a que se refere o autor são o condomínio, manutenção e impostos, evidenciando os riscos inerentes a este tipo de investimento, sem contar casos de desvalorização imobiliária fazendo cair os preços dos imóveis. 14 3 O GRAU DE INVESTIMENTO Quando um país recebe o certificado de grau de investimento, significa que foi considerado um local seguro para investir, devido a vários fatores econômicos. Gouveia (2008, p 1) assim elucida: As agências de risco como Fitch, Standard & Poors e a Moodys, por exemplo, (que funcionam como uma referência no mercado de investimentos) colocam uma classificação para cada país, como se fosse uma nota de grau de investimento. Essas notas são faixas atribuídas aos países que de acordo com relações de dívida, PIB, fatores econômicos e macroeconômicos. (EXPOMONEY, 2008, p 1) As agências classificadoras do risco de cada país atribuem uma classificação baseada em escalas, ainda que não seja padrão, mas seguem uma mesma linha classificatória. A tabela abaixo demonstra a escala de notas e os níveis classificatórios adotados pelas agências citadas. Figura 01 – Classificação de rating das Aências Fonte: Gazeta Mercantil 1,2 e 3 de maio de 2008. No final de maio de 2008, foi anunciado a elevação da classificação do Brasil, tendo seu conceito elevado na classificação da agência Standard & Poor’s, assim esclarecido por Monteiro (2008): “O Brasil tem agora o selo de investimento não-especulativo dado por uma grande agência de classificação de risco 15 internacional” . Esta elevação da nota, de BB+ para BBB-, proporcionou ao Brasil a saída do nível de Grau Especulativo para o nível de Grau de Investimento. Ao subir a nota de crédito externo de longo prazo do Brasil de “BB+” para “BBB-“, o primeiro degrau do investimento não-espculativo, a Standard & Poor’s dá o seu aval de que o país tem vontade política e condições econômicas de honrar seus compromissos financeiros com os credores internacionais (LUCHESI, 2008, p C2) O Grau de Investimento tende a beneficiar a economia do país como um todo, ainda que de uma forma não uniforme, mas vários são os efeitos benéficos desta classificação, afetando a economia nacional em termos estruturais e lançando o país num contexto econômico mais favorável. Maior fluxo de investimentos externo direto e de portfólio ao país. Queda no custo de captação de recursos no mercado internacional para empresas, bancos e governo brasileiros. Valorização da moeda, o que ajuda a controlar a inflação e propicia uma política monetária menos apertada e de crescimento. Esses são os principais impactos iniciais da obtenção do Grau de Investimento sobre a economia de países emergentes. (LUCHESI, 2008, p. C2) Assim o país alça um patamar mais qualificado em relação aos investidores internacionais passando a ser considerado como um local seguro para investimentos e cujo risco passa a ser considerado baixo para estes investidores, o que beneficia toda conjuntura do país, beneficiando empresas, governo e investidores, sejam institucionais ou individuais. 3.1 O impacto do Grau de Investimento nas empresas Especificamente para as empresas, a obtenção do Grau de Investimento pelo Brasil, também é uma boa notícia, pois tendem a se beneficiar em vários sentidos, desde a produção, competição local e internacional e até em sua estrutura de financiamento. Com a obtenção do Grau de Investimento, deverá haver um aumento progressivo nos investimentos estrangeiros, tanto no mercado financeiro como no sistema produtivo (fábricas, máquinas, estrutura). Eles deverão contribuir para um aumento na capacidade de produção do país, hoje em seu limite, e para permitir que a demanda continue a aumentar sem causar pressões inflacionárias. Ao mesmo tempo, o custo de captação de verbas de grandes empresas brasileiras no exterior deverá cair, o que aumenta sua capacidade de competir globalmente. (FUCS, 2008, p. 72) 16 Esta melhora no quadro econômico e financeiro da percepção internacional do Brasil tende a elevar a qualidade dos negócios assim corroborada por Ragazzi et al. (2008, p. C1): “A expectativa de executivos e investidores é uma melhora geral no ambiente de negócios, com redução no preço dos financiamentos, aceleração no ritmo de fusões, aquisições e ofertas públicas”. Evidentemente que as empresas, embora todas sejam beneficiadas de algum modo, não sentirão este benefício todas da mesma forma, ou seja, as vantagens não se darão equitativamente para todas as empresas. Algumas sentirão os efeitos do grau de investimento de uma forma mais imediata, outras aproveitarão no médio e longo prazo, e, ainda assim haverá dependência da conjuntura econômica brasileira para se avaliar os impactos desta classificação. Alguns setores como a construção civil, financeiro (bancos) e consumo tendem a se beneficiar no curto prazo, outras sentirão o benefício de forma imediata, pois segundo Ragazzi et al. (2008, p. C1), “as maiores empresas do setor imobiliário estão entre as principais beneficiadas porque poderão contar com financiamento de longo prazo. Estes recursos também estarão disponíveis para os bancos, impulsionando as operações de crédito”. As empresas que têm seu foco na exportação poderão vir a ter problemas oriundos do grau de investimento, pois a tendência a entrar mais capital externo no país pode trazer uma maior apreciação do real. Junior (apud Ragazzi et al), assim esclarece: “Com a entrada de mais dinheiro no país após o Grau de Investimento, o real pode se valorizar ainda mais diante do dólar prejudicando as receitas em moeda estrangeira destas companhias”. Portanto, fica claro que o impacto do Grau de Investimento tem acontecido de forma diferente nos diversos setores da economia brasileira. 3.2 Conseqüências do Grau de Investimento no Mercado Financeiro. Um dos impactos mais importantes do grau de investimento em todo mercado financeiro é que grandes investidores internacionais passarão a incluir o mercado brasileiro em suas opções de investimento. Os investidores, principalmente os institucionais (fundos de pensão e grandes gestores de fundos de aplicação) utilizam esta classificação como parâmetro balizador em suas decisões de investimentos. Para Lahóz (2008), “A nova avaliação é importante por seu impacto 17 potencial nos investimentos estrangeiros no Brasil. A classificação de risco é uma ferramenta usada pelos investidores na hora de decidir onde irão aplicar o dinheiro”. O mercado de renda fixa deverá ser beneficiado principalmente através do investimento estrangeiro dos grandes fundos internacionais, aumentando a atratividade deste tipo de investimento. A área de renda fixa também deve ser favorecida com a chegada de mais recursos, já que, diante da redução dos juros básicos da economia americana, fundos de hedge e de pensão devem olhar para os papéis do País com mais atenção. (suplemento especial gazeta mercantil p E1) Outro mercado que será favorecido com o Grau de Investimento é o mercado de crédito, pois com o aumento da entrada do capital externo, pelo simples fato de haver mais recursos disponíveis, acaba por baratear o custo deste capital. O acesso ao mercado de capitais externo também deverá melhorar de imediato para as empresas...mas as que desejarem pegar empréstimo em moeda local aproveitarão o novo ambiente, pois os bancos repassarão aos contratos as taxas mais baixas obtidas nas captações fora do país. (RAGAZZI, 2008, p. C1) O mercado de crédito, entretanto, deverá sentir este impacto não imediatamente, mas a médio prazo, pois segundo Teixeira apud Ragazzi et. Al. (2008), “Os custos de financiamento e captação das empresas domésticas tendem a diminuir no médio prazo”. Um outro desdobramento no mercado de crédito refere-se aos bancos internacionais, que exigirão menos dos bancos brasileiros, sobrando mais para o investimento no Brasil. Os bancos centrais de países ricos tendem a exigir dos bancos nos seus países mais provisões para com empréstimos inadimplentes no crédito aos países que não são grau de investimento. Com provisões menores nos empréstimos ao Brasil os bancos podem se sentir estimulados a elevar os limites para o país e suas empresas. (LUCHESI, 2008, p c2). O mercado de renda variável já está se beneficiando no curto prazo. Assim que foi anunciada a nova classificação do Brasil, os mercados reagiram positivamente ao anúncio. Segundo Ragazzi (2008, p C5), “O Grau de Investimento obtido pelo Brasil, em tese, beneficia todas as empresas do país, que terão custo de capital reduzido e maior visibilidade aos olhos do investidor global.”. Isso quer dizer 18 que o fluxo de capital estrangeiro tem aumentado e boa parte deste fluxo entra via bolsa de valores irrigando o mercado de renda variável brasileiro. Para Balthazar e Bautzer (2008, p. c5) “A promoção do Brasil à cobiçada categoria dos países considerados seguros para os investidores vai colocar o país no radar de muitos administradores que ainda viam o Brasil como um lugar exótico para apostar seu dinheiro.”. Em especial a Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa vem recebendo, desde então significativo aumento de capitalização, tendendo uma valorização significativa já no curto prazo. Esta expectativa de crescimento é assim corroborada por Cotias (2008, p. D1): “Com as portas abertas para fundos, fundações e bancos mundo afora, o Ibovespa tem condições de capitalizar uma valorização entre 20% e 30% no prazo de 12 a 18 meses com recursos de longo prazo”. Por fim, um mercado que já vem de alguns anos mostrando perdas e deverá seguir este trajeto é o mercado cambial, principalmente o dólar, devido à grande probabilidade de aumento do fluxo de capital estrangeiro no país, assim afirmada por Fucs (2008, p. 71): “A perspectiva de queda dos juros mais pra frente também se acentuou, apesar da expectativa de novas altas no curto prazo. E nada sugere que haverá uma recuperação da cotação do dólar.”, sugerindo cautela com este tipo de ativo. 3.3 O Grau de Investimento e os investimentos individuais Neste cenário de bonança para a economia nacional, o investidor individual (pessoas físicas e clubes de investimento) podem se beneficiar deste novo momento do mercado, recompondo suas carteiras de investimentos, já que o mercado financeiro como um todo se beneficia principalmente a longo prazo, pois segundo Fucs (2008, p 71), “O efeito do Grau de Investimento no país deverá ser maior no longo que no curto prazo. A tendência de alta da bolsa brasileira que já era prevista antes da nota da Standard & Poor’s, foi reforçada.”. Contudo, este reposicionamento de suas carteiras deve ser feito com cautela, levando em consideração aspectos como tolerância a risco, objetivos e conseqüentes prazos de investimento e conhecimento do mercado. O mais importante, segundo os especialistas, é manter uma estratégia de investimentos adequada aos seus objetivos, à sua idade ao seu grau de tolerância a riscos, independente do sobe-e-desce do mercado no curto prazo. Os mais jovens podem arriscar mais porque, mesmo que percam muito, estarão em atividade e poderão se recuperar. (FUCS, 2008, p. 70), 19 Entretanto, com a economia brasileira já numa crescente a algum tempo, o Grau de Investimento vem confirmar a direção correta que tem tomado. E estes bons ventos devem ser aproveitados pelo investidor individual para melhorar seu patrimônio, principalmente as economias destinadas à aposentadoria. Apesar dos problemas estruturais brasileiros, as finanças públicas preocupantes e a alta carga tributária, a economia tem crescido e proporcionado bons retornos ao investidor principalmente na renda variável de longo prazo. Embora tenha levado 14 anos para chegar ao Grau de Investimento desde o fim da hiperinflação, com o Plano Real, o Brasil de hoje é outro país. No passado, muita gente ganhou dinheiro acreditando em cenários ruins para o Brasil – especulando com o dólar ou apostando na alta da inflação. É um bom sinal que, nos últimos anos, e possivelmente nos próximos também, tanta gente tenha se dado bem apostando no sucesso do país. (FUCS, 2008, p. 70) Importante salientar, contudo, que o Grau de Investimento não quer dizer que os investimentos, principalmente em renda variável não significa que os bons ventos são definitivos e o Brasil está imune às crises internacionais, pois segundo Fucs (2008, p 68), “Não dá pra achar que o Grau de investimento deixa o Brasil imune à crise internacional. Se houver uma forte desaceleração econômica ou uma recessão nos Estados Unidos a gente vai sofrer mesmo com o Grau de Investimento.”. Portanto, não se pode considerar que o novo patamar de investimento conferido ao Brasil seja uma panacéia, uma garantia de retorno livre de risco. O que altera são as probabilidades de ganho e os cuidados anterior ao Grau de Investimento devem ser mantidos, ainda que por prudência. 20 4 A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL Em setembro de 2008 iniciou nos Estados Unidos da América crise de grandes proporções com a inadimplência no pagamento de hipotecas do setor imobiliário e conhecida como “Crise do Subprime” por se tratar de hipotecas de alto risco, de clientes com histórico de pagamento duvidoso, juntamente com os instrumentos derivativos colocados no mercado financeiro e garantidos pelos pagamentos dos mutuários das hipotecas. A crise começou com a explosão da “bolha” de preços no mercado imobiliário [americano], inflada exatamente pelo excesso de crédito. Quando os preços despencaram, os bancos viram o valor de suas garantias reais (residências) se contrair. Os bancos também haviam “empacotado” essas dívidas (garantidas pelos pagamentos mensais dos mutuários) em títulos ao redor do mundo. Quando os preços das casas caíram e a crise se agravou, mutuários deixaram de pagar os débitos ou perderam seus empregos, fazendo desmoronar toda a cadeia (ESTABILIZAR..., 2009, p. B4). Estes títulos criados pelos bancos, garantidos pelas hipotecas do sistema financeiro americano, também conhecido por derivativos, tiveram papel fundamental na crise. Para Martins (2008, p. 49), “Entre 2002 e 2008, o valor dos derivativos em circulação no mercado global saltou de US$ 106 trilhões para US$ 531 trilhões. Claramente, os derivativos desregulados [subprime] são a peça central desta crise”. Os cidadãos americanos também utilizavam o crédito fácil para o consumo geral e em larga escala, fato que ajudou a agravar a crise. Ainda segundo Martins (2008, p. 48), O crédito barato financiou o consumo desenfreado das famílias americanas (cuja dívida agregada equivale hoje a 140% do PIB do país) e está por trás dos empréstimos irresponsáveis e investimentos temerários que produziram nos bancos americanos um rombo – admitido – de US$ 560 bilhões. No epicentro da crise estavam os principais bancos americanos, pois são os principais agentes de crédito hipotecário e também do mercado financeiro. Estes bancos estavam alavancados através dos derivativos das hipotecas. Com o não pagamento das hipotecas, os bancos não tinham como honrar os credores dos instrumentos derivativos gerando uma crise de confiança e liquidez. 21 É uma profunda crise de confiança decorrente de uma cadeia de empréstimos originalmente imobiliários baseados em devedores insolventes que, ao levar os agentes econômicos a preferirem a liquidez e assim liquidar seus créditos, está levando bancos e outras empresas financeiras à situação de quebra mesmo que elas próprias estejam solventes (BRESSER-PEREIRA, 2008, p. B6). O problema de falta de liquidez se tornou tão crônico que acabou por decretar a insolvência de grandes corporações financeiras americanas, como Lehman Brothers, Merry Lynch e outras grandes instituições e afetando o mundo inteiro. Para Martins (2008, p. 48), “Há uma crise sem precedentes que começou nas economias com a concordata do banco de Investimentos Lehman Brothers, em 15 de setembro e se propagou também às economias emergentes”. As outras grandes instituições financeiras afetadas foram o banco Bear Stearns, as financiadoras de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac e os bancos Washington Mutual e Wachovia. O [banco] Bear Sterns e o [banco] Merill Linch foram vendidos. As financiadoras de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac foram socorridas pelo governo. O [banco] Lehman Brothers pediu concordata . O Washington Mutual teve a maior falência de um banco americano. O [banco] Wachovia quebrou e foi vendido por US$ 2,2 bilhões ao [banco] Citigroup, mas dias depois o [banco] Wells Fargo anunciou que pagaria US$ 15 bilhões. A disputa está na justiça (ENTENDA..., 2008, p. B6). O quadro de insolvência se deu principalmente pela liberalização e desregulamentação do sistema financeiro americano, onde a presença regulamentadora e fiscalizadora do estado era praticamente inexistente. Martins (2008, p. 48) explica que “Forjou-se ali, no combate à crise [de 1929] um modelo de economia global dominante até meados dos anos 1980, quando ocorreu outra grande transformação, de liberalização e desregulamentação dos mercados”. Esta desregulamentação e conseqüente falta de fiscalização e controle, nasceu da crença que o próprio mercado se auto-regula através de mecanismos próprios. O paradigma hoje dominante afirma que os mercados financeiros tendem ao equilíbrio. Este pressuposto é falso e induz ao erro... A crença que os mercados tendem ao equilíbrio é diretamente responsável pelo tumulto atual. Encorajou as entidades regulatórias a abandonar sua responsabilidade e a depender de mecanismos de mercado para corrigir os excessos do próprio mercado. (SOROS, 2008, p. 55) 22 Mas o mercado financeiro não foi o único a ser atingido. A falta de crédito se alastrou por toda a economia afetando, além dos bancos e mutuários do crédito hipotecário, toda a economia americana e do mundo. O ‘efeito dominó’ no rompimento do clico de financiamento atingiu outros países e o mercado acionário, em que muitas famílias guardam seu dinheiro. Com os bancos em crise, os consumidores e as empresas têm agora menos crédito para comprar e investir....A diminuição do crédito levou famílias e empresas a gastar menos e fará com que o conjunto das economias s retraia em 2% neste ano, segundo projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) .(ESTABILIZAR..., 2008, p. B4). O problema de liquidez acabou por determinar a escassez de crédito interno e externo dos EUA, fazendo com que o volume de empréstimos fosse reduzido, diminuindo tanto o consumo, quanto o crédito para financiamento de empresas, para capital de giro e investimentos. Segundo a revista Veja, de outubro de 2008, “Sem dinheiro ou com seu custo alto, as empresas tendem a desacelerar suas atividades, cancelar investimentos e adiar compras” (O INVERNO..., 2008, p. 126). O crédito para pessoas físicas também escasseou, causando retração no consumo por parte dos americanos. O nível de consumo entre os norte-americanos caiu pelo sexto mês consecutivo em dezembro [2008]. A queda do último mês do ano passado foi de 1% reforçando as expectativas de contração do PIB (Produto interno Bruto) do País em 2009. [...] O consumo dos EUA respondem por 70% do crescimento anual da economia. Com o resultado de dezembro, o nível de gastos das famílias ao longo de 2008 (alta de 3,6%) atingiu o nível mais fraco desde 1961. Dezembro registrou a sexta queda seguida no consumo, refletindo a escassez do crédito que vinha alimentando a economia dos EUA até meados do ano passado [2008], quando a crise eclodiu com mais força a partir de setembro. (CANZIAN, 2009, p. B9). Um quadro geral da crise pode ser entendido da seguinte maneira3: 1. Cenário econômico estimulava o refinanciamento: Com os imóveis valorizados, os mutuários refinanciavam suas hipotecas. Os bancos davam uma diferença em dinheiro utilizada para consumir. 2. Os bancos por sua vez captavam mais dinheiro: Para captar dinheiro, os bancos vendiam aos investidores títulos lastreados nas hipotecas. Os investidores emitiram seus próprios títulos lastreados nestes títulos (dos bancos) e se espalharam por todo o sistema bancário. 3 ENTENDA... Folha de São Paulo. São Paulo, 07 out. 2008. Caderno dinheiro, p. B6. 23 3. Mudança no cenário econômico: Para combater a inflação, os juros subiram enquanto os preços dos imóveis caíram. A inadimplência disparou e, assim, os títulos que eram garantidos por estas hipotecas perderam valor. 4. Bancos tem perdas e começa a crise de confiança: Além dos prejuízos com a inadimplência, os bancos tiveram fortes perdas com os títulos. Os bancos com maiores problemas se viram à beira da falência e precisaram ajuda do governo americano. A crise se espalha pelo mercado. 4.1 Reflexos da crise no mundo A crise financeira não atingiu apenas os Estados Unidos. Com a economia americana abalada, todo o mundo passa a sofrer seus efeitos. Os primeiros sinais que a crise seria mundial surgiram na Europa. Dois indicadores divulgados nesta terça-feira (14) [14/10/2008] na Europa chamaram a atenção, ao sugerir uma economia potencialmente abalada.O índice que mede a confiança dos investidores na Alemanha, medido pelo ZEW Center for European Economic Research, despencou em outubro para -63 ante os -41,1 registrados no mês de setembro. As expectativas de mercado estavam em torno de -51,1 para o período.Já no Reino Unido, a inflação registrou seu maior avanço em setembro em mais de onze anos, apontou o relatório do National Statistics divulgado nesta segunda-feira. No mês os preços avançaram 5,2% quando comparados com o mesmo período do ano anterior. Analistas esperavam uma alta de 5% (INDICADORES..., 2008) A falta de liquidez impactou o comércio entre as nações desenvolvidas e emergentes, ajudando a espalhar a crise em todos os recônditos do mundo. O Fundo Monetário Internacional prevê um recuo no volume do comércio mundial de 2,8% em 2009, impactando principalmente as economias mais dependentes das exportações, como a chinesa4. Nos Estados Unidos o consumo sofre seguidas quedas, onde o setor mais penalizado com a falta de crédito foi o segmento de automóveis. Com o aperto no mercado e crédito e a recessão, iniciada em dezembro de 2007, muitos consumidores optaram por não comprar um veículo novo ou simplesmente não conseguem financiamento para aquisição. O resultado disso é que, segundo a GM [General Motors], as vendas de todo o mercado americano foram ultrapassadas pelas do chinês pela primeira vez em um mês. E, caso continuarem nesse ritmo, as vendas nos EUA podem ter o pior resultado em 39 anos. (VENDA..., 2009, p. B8). 24 Com a ausência de capital para crédito nos países desenvolvidos, o fluxo de capital para os países emergentes foi severamente afetado, atingindo todos em maior ou menor escala, posto que o custo do capital aumentou consideravelmente. O principal canal de transmissão dos problemas do mundo desenvolvido para os emergentes é a “seca” no financiamento. Farto nos últimos cinco anos, ele não apenas diminuir, mas já há uma saída líquida de recursos das economias em desenvolvimento provocada pelos grandes bancos. (FALTA..., 2009, p. B5). Tal problema fez com que muitos emergentes recorressem ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar o colapso. Entre novembro de 2008 até janeiro de 2009 oito emergentes foram obrigados a recorrer ao FMI e juntos tomaram emprestados US$ 47,8 bilhões5. Por conseqüência, as importações em todo o mundo também recuaram. Um dos grandes países exportadores, a China, sofreu forte impacto em suas exportações. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “Segunda maior exportadora mundial, a economia chinesa em janeiro vendeu ao exterior 17,5% menos que no mesmo mês do ano passado, a maior queda desde, pelo menos, 1998” (EXPORTAÇÕES..., 2009, p. B 9). A Rússia também mostra sinais de enfraquecimento da economia, evidenciando que também foi atingida pela crise financeira. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “Desde o estouro da crise, a moeda russa, o rublo, foi fortemente desvalorizado, atingindo seu menor nível em onze anos, fazendo o governo torrar 34% de suas reservas financeiras. Também a produção industrial recuou 10,3%, a maior baixa desde 2003” (RUSSIA..., 2009, p. B8). A produção industrial também recua em nível mundial, em detrimento da queda do consumo, que por sua vez se deu pela ausência de crédito. O gráfico abaixo ilustra a queda citada: 4 5 FMI... Folha de São Paulo. São Paulo, 29 jan. 2009, caderno Dinheiro, p. B8. FALTA... Folha de São Paulo. São Paulo, 8 fev. 2009, caderno Dinheiro, p. B5. 25 Figura 02 – Queda da Produção Industrial no mundo. Fonte: Folha de São Paulo. 08 fev. 2009. Outro problema deflagrado nos países atingidos pela crise, em decorrência da queda da economia, foi o desemprego. No mundo todo, índices alarmantes de desemprego se manifestaram. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “Com a crise econômica global ... cerca de 20 milhões de migrantes chineses perderam seus empregos nos últimos meses e a expectativa é que este número seja acrescido de 6 milhões de pessoas.” (MAIS..., 2009, p. B9). Nos estados unidos o desemprego também ocorreu em larga escala. Somente em janeiro de 2009 foram cortados 598 mil postos de trabalho, o maior corte de vagas mensal desde 19746. Em toda as partes do mundo eclodiram protestos contra o desemprego, aumentando a tensão social: Na Letônia, culminando com a queda do ministro da agricultura, no Chile onde uma onda de demissões atinge o país, na Grécia, nas Filipinas e também na Alemanha e Reino Unido, com manifestações contra a contratação de estrangeiros7. Segundo Canzian, (2009, p. B3), “A OIT (Organização Internacional do Trabalho), prevê 51 milhões de novos desempregados neste ano [2009] se o quadro se deteriorar”. Os países ricos e também os emergentes, face à crise, deflagram planos de auxílio econômico para empresas e setores com problemas. Os Estados Unidos, 6 7 VAGO... Folha de São Paulo. São Paulo, 11 fev. 2009, caderno Dinheiro, p. B1. DESEMPREGO... Folha de São Paulo. São Paulo, 04 fev. 2009, caderno Dinheiro, p B8. 26 origem e epicentro da crise, além do pacote previsto de US$ 780 bilhões, darão uma cartada fundamental quando anunciarem outro plano de socorro bancário. Cerca de US$ 335 bilhões já foram transferidos, mas o sistema continua frágil8. Por fim o governo americano, através do seu presidente Barack Obama, deflagrou um plano de compra de ativos desvalorizados no intuito de conferir mais liquidez e confiança ao mercado financeiro. O Departamento do Tesouro dos EUA detalhou ontem [23/03/2009] um ambicioso plano para retirar até US$ 1 trilhão de ativos “tóxicos” do sistema bancário americano. O objetivo é limpar as carteiras de crédito dos bancos para tentar restaurar o mercado de crédito, epicentro da crise global. Cerca de 95% do custo e do risco do programa serão assumidos pelo governo federal, e, no caso de perdas, pagos pelos contribuintes. (CANZIAN, 2009, p. B1). Na América Latina, a queda do crescimento global, nos preços das commodities e o desaquecimento interno abriram espaço para que o Banco Central dos países sejam mais agressivos no corte dos juros. Brasil, México e Colômbia agiram neste sentido9. Na Europa, embora a crise afeta a região de maneira desigual, oito países anunciaram pacotes fiscais totalizando US$ 254 bilhões. Os mais atingidos são os países que não tinham padrões econômicos como o alemão e o francês até a introdução do Euro em 1999. Com a moeda, Espanha, Portugal e Irlanda, entre outros, endividaram-se pra crescer10. Na Ásia, a China lançou um pacote fiscal de US$ 586 bilhões, ou 7% do seu PIB. A Índia também já sofre forte contração. A indústria cresce hoje ao ritmo anual de 2,4% ante 8,5% há um ano. O país sofre com a diminuição tanto das exportações quanto do fluxo de capital estrangeiro. O pacote neste país foi de US$ 4,1 bilhões11. No Japão, cujo sistema financeiro foi o menos atingido, dentre os países avançados, os efeitos da crise também são sentidos. Milhares de fornecedores de componentes a grandes exportadoras são afetados e o mercado interno também não mostra força para compensar as vendas externas. Neste contexto foi aprovado um pacote fiscal de 8 PAISES... Folha de São Paulo. São Paulo, 08 fev. 2009, caderno Dinheiro, p. B4. Ibidem. 10 Ibidem. 11 Ibidem. 9 27 US$ 112 bilhões12. Foram injetados na economia mundial o total de US$ 1,9 trilhão13. Por fim, alguns países decretam a recessão. O primeiro a decretar foram os Estados Unidos. Segundo Pereira (2008, p. 1), Após diversos meses de debate, a força da crise tornou praticamente consenso a entrada da maior economia do mundo em um quadro recessivo. A NBER (National Bureau of Economic Research) acaba de oficializar a entrada da economia norte-americana em recessão, que segundo o órgão, começou já em dezembro de 2007 [...] Adotou-se tratar recessão como um período de dois trimestres seguidos de retração para determinada economia. De acordo com dados do PIB (Produto Interno Bruto) norteamericano, o terceiro trimestre apontou recuo de 0,5% na atividade do país. Com o aprofundamento da crise em fevereiro de 2009, a recessão chegou à União Européia, arrastando todos os grandes países do bloco para a retração econômica. “A União Européia (composta por 27 países) entrou oficialmente em recessão após dois trimestres consecutivos de retração, e Holanda e Portugal também fazem parte agora do grupo em recessão, que conta, entre outros, com Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha”. Tal recessão se deve principalmente à queda da economia, onde o PIB dos principais países europeus apresentou quedas seguidas, configurando o quadro de recessão. O PIB (Produto Interno Bruto) na Zona do Euro apresentou contração de 1,6% no último trimestre do ano passado, registrando a pior performance desde 1996. Cabe ressaltar que esta é a versão revisada do nível de produto, que estimou antes recuo de 1,5%. Quanto às variáveis do PIB, o consumo revelou variação negativa de 0,3% no decorrer do último trimestre, enquanto os investimentos caíram 4%. As exportações recuaram 6,7%, em consonância com as importações, cuja baixa foi de 4,7%. (ZONA...,2009, p.1). Diante desta recessão, as expectativas para a economia não são as melhores. Para Rossi (2009, p. B6), “A Organização Mundial do Comércio (OMC), calculou em 9% a retração que o comércio global sofrerá este ano [2009], como conseqüência da crise, que seria o maior recuo desde a segunda guerra (1939-45)”, sendo que para o restante do mundo as projeções para 2009 também são sombrias, principalmente os países desenvolvidos, conforme a tabela abaixo: 12 13 Ibidem. Ibidem. 28 Tabela 03 – Previsões para 2009 Países PIB (Anual) América Latina 0,6% Argentina 1,6% Brasil 0,8% Chile 1,6% EUA -3,1% Zona do Euro -3,1% Mercados Emergentes 2,5% Inflação (Anual) 7,1% 6,7% 4,0% 4,9% -1,0% 0,5% 3,5% Taxa de Juro (a.a.) 8,76% 13,50% 9,25% 1,50% 0,13% 1,00% 3,11% Fonte: Bank of America Merryl Lynch Na China, onde a recessão ainda não se instalou, mas mostra indicadores também preocupantes, sinalizando o agravamento da situação da economia daquele país. As exportações que avançaram por mais de sete anos, recuaram em novembro e dezembro do ano passado e o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre cresceu 6,8%, expansão superior à dos países desenvolvidos e de boa parte dos países em desenvolvimento, mas a menor registrada desde 200214. 4.2 O Brasil e a Crise O Brasil, como não poderia deixar de ser, também foi afetado pela crise, ainda que num contexto não tão grave quanto os EUA e a União Européia, devido à conjuntura de sua economia. Segundo Clemente e Ramos (2008, p. 36) A comparação entre a crise nos Estados Unidos e no Brasil ajuda a entender semelhanças e diferenças importantes. A semelhança é que, nos dois países, surgiram dificuldades no sistema financeiro. A diferença é que, nos Estados Unidos, operações bilionárias com papéis podres, sem base no capital real dos bancos, contaminaram o conjunto da economia e criaram uma situação de insolvência para diversas instituições – que podem acabar nacionalizadas pelo governo para não ir à lona. No Brasil o diagnóstico é outro. O Brasil, diferentemente dos países desenvolvidos, possui condições mais favoráveis para enfrentar a crise mundial. Seu contexto econômico mostra uma situação mais tranqüila em relação tanto às grandes economias como a seus pares emergentes. Um destes fatores, muito importante, foi ausência no país de bolhas de crédito e imobiliária. Atestam este fato Gandalini, Sverberi e Borsato (2008, p.85), “Não houve aqui o mesmo processo de formação de bolhas de crédito que 14 MAIS de 20 milhões de chineses perdem o emprego. Folha de São Paulo. São Paulo, 03 fev. 2009, p B9. 29 volatilizou a economia de países como a Islândia, a Irlanda, a Hungria a Inglaterra e, sobretudo, os Estados Unidos. O Brasil nem chegou perto de experimentar um boom imobiliário”. Outro aspecto crucial que ajudou a blindar relativamente o Brasil foi a situação de solvência dos bancos, cujos totais de empréstimos, frente ao capital próprio encontram-se dentro do nível recomendado. A figura abaixo demonstra este fato: Figura 03 – Comparação de solvência entre bancos brasileiros e mundiais. Fonte: Revista Veja Esta situação de solvência financeira foi uma das principais pilastras que conferiram ao Brasil esta situação diferenciada perante a crise. Porém este nível saudável de empréstimos já vem de problemas enfrentados anteriormente. As instituições financeiras brasileiras (ao menos as maiores delas) possuem ativos saudáveis e são cautelosas. Essa prudência, fundamental na proteção do país contra a crise, resulta de trauma históricos e da ação exemplar do Banco Central (BC). Sobretudo na elaboração e na execução e na execução do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), implantado entre 1995 e 2000. O Proer é hoje tido como um dos mais bem-sucedidos planos da história. Esse programa de saneamento foi a face mais visível de um processo que mudou a regulação bancária brasileira. Desde então, o BC manteve a seriedade na fiscalização e na supervisão do sistema financeiro. (GUANDALINI, SVERBERI E BORSATO, 2009, p.84). As reservas em moeda estrangeira, principalmente em dólar, foram outro grande fator de estabilidade perante a crise, permanecendo no patamar de 200 30 bilhões de dólares. O fato de o país ter acumulado este colchão foi, certamente, um dos principais fatores de estabilidade. Graças à essas reservas, o setor público brasileiro liquidou o antigo drama a dívida externa, historicamente o grande calcanhar-de-aquiles em momentos de turbulência financeira15. Assim também afirma Shetty apud Rossi (2008, p. 1), O Banco Central acertou ao prover a liquidez em dólar no mercado, quando a liquidez em dólar se tornava restrita. Então acho que isso mostra a flexibilidade do Banco Central do Brasil tem para enfrentar essa turbulência internacional. Esta é a primeira vez que o Brasil tem por volta de US$ 200 bi em reservas e eu acho que essa é a hora em que altos níveis de reservas internacionais realmente importam. Nesse sentido, para enfrentar essa turbulência, acreditamos que o Brasil está em melhor posição e o efeito colateral será bem menor dessa vez do que geralmente era para o Brasil. Outra característica muito importante da conjuntura econômica brasileira é a rígida fiscalização e o regime de metas que regem a política econômica desde a estabilização da moeda em 1994, acabando por determinar a previsibilidade nas metas econômicas nacionais e metas para inflação e superávit. Hoje o Brasil funciona seguindo as regras de um arcabouço que, mesmo imperfeito, é previsível. O país acaba de completar dez anos sob o mesmo regime de câmbio flutuante e metas de inflação. Esses instrumentos, aliados às metas de superávits primários, asseguram a previsibilidade da gestão econômica, requisito essencial à atração de investimentos produtivos – o fator que determina o potencial de crescimento de um país. (GUANDALINI, SVERBERI e BORSATO, 2009, p. 87). Conjuntamente à adoção destes instrumentos, a própria política brasileira também assimilou contornos de previsibilidade, respeitando estes marcos regulatórios na condução da política financeira, o que passou a dotar o Brasil de confiabilidade e segurança perante seus parceiros comerciais de todo o mundo. Assim atesta Langoni apud Guandalini, Sverberi e Borsato (2009, p. 86), “Há uma percepção, não apenas interna, como do ponto de vista de investidores internacionais, que a democracia brasileira está consolidada. Independente de quem for eleito presidente, não haverá mudanças traumáticas na política econômica”. Ainda no viés das condições positivas do Brasil no enfrentamento da crise, outro ponto favorável é o seu mercado interno, cuja pobreza vem declinando, 15 GUANDALINI, Giuliano; SVERBERI, Benedito; BORSATO, Cíntia. O Brasil e a crise mundial. Revista Veja. São Paulo, ano 42, no 9, p. 83-90, mar. 2009 31 formando os novos consumidores emergentes do país. Para Guandalini et al. (2009, p. 86), “Ao lado da China e da Índia, o Brasil é um dos poucos países com parcelas significativas de sua população ainda não incorporadas ao mercado de consumo. Trata-se de um fator essencial na atração de investimentos”. E o mercado interno tem se mostrado um aliado, resistindo aos impactos iniciais da crise, em função do bom momento da economia nacional, assim atestado por Cabral e Borsato (2008, p. 116): “A economia interna tem resistido, de fato, com robustez. Em grande parte devido aos escudos protetores que lhe permitem hoje navegar com mais segurança e capacidade em momentos de tormenta externa, como agora”. Por fim, o Brasil é considerado o maior exportador de alimentos do mundo, produtos estes que dificilmente as pessoas vão deixar de consumir, mesmo em tempo de crise. Ainda que se verifique uma redução nas cotações das mercadorias exportadas pelo país, a venda de comida (soja e carne, principalmente) trará neste ano pelo menos 50 bilhões de dólares em divisas para o país. O Brasil tem a maior fronteira agrícola do mundo – isso sem avançar um centímetro na floresta amazônica. São 355 milhões de hectares aráveis dos quais apenas 20% são utilizados para plantações. [...] O entusiasmo do governo se justifica pela necessidade de reposição de estoques em um mundo que terá consumo crescente de produtos agrícolas”. (GUANDALINI, SVERBERI e BORSATO, 2009, p. 87). Um contraponto importante a todas estas características positivas do Brasil perante à crise é a baixa oferta de crédito de longo prazo, principalmente para as pequenas e médias empresas. Tal situação tem se configurado como um entrave ao crescimento econômico brasileiro, mesmo antes da crise. Percebe-se que um dos motivos do baixo crescimento econômico brasileiro é a escassez do crédito, porém, após crises entre 2000 e 2003, iniciou-se a recuperação da concessão de crédito, principalmente do crédito para pessoas físicas. Mesmo com esta recente trajetória de crescimento da relação crédito/PIB, ainda está abaixo do observado em países desenvolvidos ou em países emergentes. (NETO, 2007, p. xii) O principal banco de fomento brasileiro, o BNDES, tem feito esforços para suprir esta deficiência através de outras linhas de crédito, fato assim corroborado por Lourenço (2008, p. 2), A escassez de oferta de linhas privadas de financiamento de bens destinados à ampliação do ativo fixo,conduz as empresas a modalidades empréstimos de curto prazo, o que pode prejudicar os fluxos de caixa em circunstâncias de mercado menos favoráveis, sobretudo das pequenas e 32 médias empresas ... A impulsão da atuação do BNDES no financiamento de longo prazo revela-se crucial, principalmente porque o crédito privado permanece excessivamente concentrado nas operações direcionadas ao consumo privado e ao giro das empresas. Contudo, ainda que o Brasil possua essas blindagens contra a crise, o país tem sido afetado pela mesma. Assim como anteciparam Cabral e Borsato (2008, p. 120), “O mundo econômico e financeiro atual é de tal forma interconectado que seria insano imaginar que o Brasil pudesse ser uma ilha imune à epidemia mundial de aversão ao risco”. Desta forma, o Brasil, assim como o resto do mundo sofreu também os desdobramentos da crise financeira. Um dos primeiros indicadores da crise no mundo, as bolsas de valores, também foi o primeiro sintoma que a crise chegara ao Brasil. Para Kahil (2008, p. 1), Depois da falência de onze bancos norte-americanos, queda dos preços das commodities, ajuda a Fannie Mae e Freddie Mac, temores em relação à solvência do Lehman Brothers, o resultado é que o Ibovespa deixou de ser um termômetro da economia brasileira. Virou mais um a sofrer os efeitos da crise. A fotografia de 30 de junho deste ano [2008] era a seguinte (variação no ano): Brasil - Ibovespa: +1,77% Mercados Emergentes* - MSCI: -9,69% EUA - S&P500: -12,83% EUA - Nasdaq: -13,43% EUA - Dow Jones: -14,43% Em 9 de setembro: EUA - S&P500: -16,6% EUA - Nasdaq: -16,6% EUA - Dow Jones: -15,3% Brasil - Ibovespa: - 24,1% Mercados Emergentes* - MSCI: -29,5%. A partir de meados de setembro de 2008 a economia formal começou a sentir o impacto da crise com a escassez de crédito. Prazos foram encurtados e juros aumentaram em decorrência do aumento do risco, tanto para consumo direto como para as empresas, tornando o crédito mais seletivo. Segundo Nunes (2008, p. 1), “Com a crise financeira, o crédito aos consumidores ficou mais restrito. As duas principais medidas tomadas para limitar a oferta foram o encurtamento dos prazos e a exigência de uma entrada para a aquisição de um bem a prazo”. O encarecimento do crédito ao consumidor é assim corroborado por Alves (2008, p. 1): 33 A crise internacional já vem causando efeitos no custo do crédito no Brasil. De acordo com dados preliminares de setembro, divulgados pela Anefac (Associação de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa média de juros cobrada no consumidor, no sétimo mês do ano, registrou avanço de 0,06 ponto percentual frente a agosto, passando de 7,39% ao mês para 7,45% ao mês entre um período e outro.Na pessoa jurídica a taxa média de juros passou de 4,27% ao mês (65,16% ao ano) em agosto para 4,33% ao mês (66,31% ao ano) em setembro. Importante salientar que esta alteração na concessão de crédito afetou também o principal banco de fomento brasileiro, o BNDES, encarecendo linhas de créditos que beneficiam muitas empresas brasileiras. Segundo Rocha (2009, p. B12) “O aumento do custo do dinheiro por causa da crise atingiu também o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). ... Mesmo com o aumento, são juros mais baixos que a média do mercado”. Assim ficaram as principais linhas de créditos disponibilizadas pelo BNDES: Tabela 04 – Elevação das taxas de juros praticadas pelo BNDS em função da crise financeira mundial Taxa de juros anuais LINHA DE FINANCIAMENTO Anterior Atual Capital de Giro casado com investimentos 8,75% 11,25% Financiamento ao investimento e a bens de capital 8,75% 11,25% Finame 7,15% 7,97% Finame para caminhões e ônibus (para 80% do valor do veiculo) 7,15% 7,90% Finame para caminhões e ônibus (para 100% do valor do veículo) 7,15% 8,60% Finame para caminhões e ônibus (para pequena empresa) 7,15% 7,90% Fonte: ROCHA, Juliana, Escassez de crédito..., Folha de São Paulo, São Paulo, 11 fev. 2009 p. B12 Junto com a falta de crédito para alavancar as empresas, a produção industrial começa a cair, afetando a atividade comercial brasileira, evidenciando também a chegada da crise às indústrias brasileiras. Segundo IBGE:... (2009, p. 1), “A produção industrial brasileira apresentou [...] recuo de 12,4% em dezembro, na série com ajuste sazonal - a maior queda já registrada na série histórica, iniciada em 1991. Em novembro, a indústria havia encolhido 5,2%”. Em particular a indústria do estado de São Paulo mostrou seu pior desempenho desde 2002. 34 Com a chegada da crise financeira global ao país, o setor industrial registrou retração no quarto trimestre de 2008. A indústria paulista apresentou no período o seu pior desempenho acumulado da série histórica do INA (Indicador do Nível de Atividade da Indústria) iniciado em 2002, segundo a FIESP (Federação das Indústrias do estado de São Paulo). A atividade caiu 10,2% nos três últimos meses de 2008 (SALLES e ARAÚJO, 2009, p. B3). Tais quedas, tanto em nível nacional quanto em nível estadual (São Paulo), se deve principalmente à falta de demanda à indústria associada à elevada carga tributária. Para Medina (2009, p. B3), “Entre os principais problemas apontados pelas grandes empresas, a falta de demanda apareceu em segundo lugar (abaixo da alta carga tributária, sempre em primeiro)”. Com a queda da atividade industrial e a demanda, as empresas começaram a demitir. O nível de demissões é assim explicado por Sofia (2009, p. B3): “O mercado de trabalho formal brasileiro já perdeu 797,5 mil vagas desde novembro [2008]. Em janeiro [2009] as demissões superaram as contratações com carteira assinada e o saldo de vagas ficou negativo em 101.147 postos”. Levando-se em consideração as seis principais regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre), o nível de desemprego seguiu as estatísticas. A taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país subiu para 8,5% em fevereiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em janeiro, a taxa havia sido de 8,2%. No mês passado houve um acréscimo de 51 mil pessoas no contingente de desocupados, que chega a 1,9 milhão. (LAGE, 2009, p. B8). Decorrente também do problema do desemprego, a inadimplência começou a se mostrar elevada, atingindo níveis intensos. Os empréstimos para compra de automóveis foram um dos mais atingidos. Segundo Rocha e Cruz (2009, p. B1), “... em dezembro [2008], 4,3% dos empréstimos estavam com parcelas em atraso por ao menos 90 dias, o nível mais desde 2000”. Também foram atingidos pela inadimplência, as operações de créditos com recursos livres, aquelas cujas taxas de juros não são controladas pelo governo. O nível de inadimplência dos empréstimos para pessoas físicas atingiu o nível mais alto desde setembro de 2002, segundo dados do Banco Central. Em dezembro, os atrasos de mais de 90 dias chegaram a 8,1% dos empréstimos deste segmento ante 7,8% em novembro. Em 2007 eram 7%.(CRESCE..., 2009, p. B1) 35 Tal nível de inadimplência atingiu a confiança de consumidores e empresários. Pouco a vontade, consumidores passaram a comprar menos e empresários e preocupar-se com o futuro próximo. O ciclo de queda do ICC (Índice de Confiança do Consumidor), medido pela Fecomércio-SP, continua em abril [2009]. Os consumidores estão 2,6% menos confiantes na economia neste mês que em março. Em relação a abril do ano passado [2008], o índice está 16% abaixo do patamar registrado no mês. O ICC é um indicador que reflete uma média entre as expectativas dos consumidores para as economias atual e futura. (BARROS, 2009, p. B2). Os empresários também demonstraram abalo na sua confiança na economia nacional. O Ifecap, Índice Fecap de Expectativas de Negócios, medido pela Fecap (Faculdade Escola de Comércio Álvares Penteado) registrou, no mês de março de 2008 101,41 pontos, o que denota uma queda de 5,3% em relação aos 130,15 pontos relativos ao mês anterior. Segundo a análise da entidade, a deterioração das condições do mercado de trabalho (expectativas de queda de emprego e salários), bem como o aumento nos níveis de inadimplência, ajudam a explicar o pessimismo dos empresários.16 Face ao cenário de crise que atingiu o Brasil, o governo decide intervir. Primeiramente em relação à desvalorização do Real, que até o final de outubro de 2008 havia sofrido desvalorização de 48% em relação a agosto do mesmo ano17. De 19 de setembro a 23 de outubro de 2008, o BC (Banco Central) injetou no mercado US$ 24,7 bilhões, através de contratos de “swap” cambial, de leilão de compra de moeda e empréstimos para bancos repassarem a investidores18. Ao final de janeiro de 2008 já eram US$ 27,7 bilhões despejados na economia. O agravamento da crise financeira internacional custou US$ 27,7 bilhões às reservas em moedas estrangeiras no Brasil. O número se refere ao volume de dólares que o Banco Central injetou no mercado de câmbio desde setembro do ano passado [2008], quando as turbulências no mercado externo se intensificaram e o real passou a sofrer forte desvalorização. Dos dólares despejados no mercado até o final do mês passado [jan/2008], US$ 14,3 bilhões foram colocados em circulação de forma definitiva enquanto o US$ 13,4 bilhões restantes foram emprestados aos bancos que devolverão os recursos ao BC ao longo do ano. (BC INJETOU..., 2009, p. B7). 16 MAGALHÃES, Luana Cristina de Lima, Confiança dos empresários do comércio registra maior queda em cinco anos. Portal Infomoney. Disponível em www.infomoney.com.br. Acesso em 13 abr. 2009. 17 DOLAR…, Folha de São Paulo. São Paulo, 24 out 2008, p. B1. 18 Ibidem 36 Outras formas de intervenção governamental foram o aumento do crédito fiscal às empresas exportadoras, que foram as primeiras empresas a sentir o impacto da crise. O governo faz os cálculos para restituir até 80% dos créditos acumulados por grandes empresas exportadoras com o pagamento do PIS e da Cofins, contribuições que financiam a seguridade social, sobre os produtos comprados no mercado nacional e usados em bens vendidos ao exterior. O objetivos é aumentar o capital de giro das empresas e reduzir o impacto negativo nas exportações sobre essas empresas. (PERES, 2009, p. B6) Ainda no âmbito do estimula a empresas, o governo anunciou, através do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no dia 30/03/2009, a isenção de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) para setores considerados como prioritários para a região de abrangência da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), com o objetivo de baratear produtos nacionais19. O ramo da construção civil, outro setor bastante afetado pela crise, uma vez que depende do crédito a mutuários do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). Segundo Ribeiro (2009, p. 1) “O Governo anunciou nesta quarta-feira (25) os detalhes do pacote habitacional visendo R$ 16 bilhões serão destinados à redução do déficit habitacional”. Na tentativa de fomentar a economia e movimentar o comércio o governo também reduziu alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de veículos com até 2.000 cilindradas, a partir de dezembro de 200820 e material de construção civil de 30 itens, anunciado dia 30 de março de 2009 e válido por três meses21. Completando o arcabouço de medidas, ainda houve o aumento do valor do salário mínimo em fevereiro de 2009, fortalecendo o mercado interno. Reajustado neste mês [fev/2008], em 6,4% em termos reais, o novo salário mínimo de R$ 465 injetará diretamente na economia R$ 21 bilhões pelos cálculos do Ministério do Trabalho e será um importante instrumento de política anticíclica nestes tempos de crise, segundo especialistas. Permitirá, dizem, manter algum dinamismo em setores que dependem de expansão de renda, como o de alimentos. (SOARES, 2009, p. B1) 19 NUNES, Flávia Furlan. Governo desonera empresas para baratear produtos nacionais. Portal Infomoney. Disponível em www.infomoney.com.br. Acesso em 30 mar. 2009. 20 VILAS BOAS, Roberta de Matos. Agora é oficial: governo prorroga por mais 3 meses IPI reduzido para carros. Portal Infomoney. Disponível em www.infomoney.com.br. Acessado em 30 mar. 2009. 21 NUNES, Flávia Furlan. Governo reduz IPI de material de construção por três meses. Portal Infomoney. Disponível em www.infomoney.com.br. Acesso em 30 mar. 2009. 37 Tais medidas não garantiram o sucesso contra a crise, mas face à rápida ação dos órgãos governamentais, principalmente o Banco Central tais medidas foram bem recebidas e elogiadas pelas principais entidades econômicas mundiais, entre eles o FMI (Fundo Monetário Internacional). Confirmando esta premissa, assim se manifestou o Diretor do Departamento do hemisfério Ocidental do FMI apud Kahil (2009, p. 1), “Os [países] emergentes estão reagindo por meio do ajuste necessário nos instrumentos de liquidez para reduzir qualquer ameaça, e é neste contexto que eu vejo as medidas tomadas pelo Banco Central do Brasil”. Embora tais medidas tenham sido elogiáveis, em alguns pontos o Brasil se torna vulnerável perante a crise: são questões estruturais e culturais. As despesas do Governo Federal saltaram de R$ 413 bilhões, em 2003, para R$ 570 bilhões, em 2007. A arrecadação que era de R$ 365 bilhões disparou para R$ 513 bilhões, no ano passado. A dívida interna cresceu 40% no atual governo e atingiu a incrível cifra de R$ 1,4 trilhão. Mesmo deficitário, o Governo Federal contratou mais de 200 mil pessoas, nos últimos cinco anos. A nossa carga tributária é a maior do planeta, o Governo gasta mais do que arrecada, gasta mal, e o pior: essa situação não é diferente nos Estados e Municípios. [...] A verdadeira crise do Brasil se aninha em suas fragilidades internas sistêmicas, como a sua carga tributária escorchante; o descaso com a classe média; a falta de investimentos em obras de infra-estrutura econômica e social; o combate frouxo à corrupção, à impunidade, à violência, ao analfabetismo; e a incompetência gerencial do poder público”. (FERREIRA, 2009, p. 1). Este é o contexto no qual o Brasil enfrenta a crise. Ainda que existam pontos a serem equacionados e corrigidos, o país ainda se encontra num patamar diferenciado em relação aos países emergentes e às economias desenvolvidas, muito embora o futuro da economia mundial ainda seja incerto. 38 5. PERSPECTIVAS PARA 2009 A economia do Brasil e do Mundo mostram perspectivas para 2009 como um ano de desaceleração econômica, principalmente face à maioria dos países desenvolvidos já estar em retração econômica, caracterizando recessão conforme visto no item 4.1 deste trabalho. Segundo o jornal Folha de São Paulo, (2009, p. B6), “O FMI prevê eu a economia mundial crescerá 0,5% neste ano, o menor avanço em ao menos 58 anos, segundo uma autoridade financeira do G20 (grupo de 19 grandes economias mais união européia)”. Ainda que se tenha certeza da desaceleração econômica, as perspectivas para 2009 são incertas, ainda que haja certa convergência nas previsões. 5.1 Perspectivas Mundiais Nos Estados Unidos, foco inicial da crise, apesar de toda ajuda governamental, os analistas do Banco Central americano (Fed) projetam ainda indicadores negativos para este ano, 2009. Em janeiro [2009], o Fed trabalhava com um cenário em que o PIB americano se retrairia entre 0,5% e 1,3% neste ano e teria um avanço de 2,5% a 3,3% em 2010. Para o desemprego, a taxa ficaria entre 8,5% e 8,8% em 2009 e entre 8 e 8,3% no ano que vem – no mês passado [março/2009], ela estava em 8,5% (a maior em 25 anos). Grande parte dos analistas trabalha hoje com estimativas piores que estas. (BC DOS EUA..., 2009, p. B10). As previsões para a China, um dos gigantes da economia mundial, também apresenta perspectivas de queda, preocupando analistas. Para analistas do Fórum econômico mundial, a China deverá apresentar um crescimento econômico entre 7% e 8% em 2009, a menos que o ambiente externo se deteriore muito mais que o previsto. Porém tal perspectiva não é corroborada pelo FMI que prevê um crescimento em torno e 5% para o país, o menor em 20 anos.22 Outra região que agrega incertezas é a União Européia, que segundo o Banco Central Europeu, também deverá apresentar números declinantes em 2009. Segundo CAMILLO (2008, p. 1), “Conforme previsões do banco, o PIB (Produto Interno Bruto) anual da 22 ROSSI, Clóvis. Davos olha para a China, agora com medo. Folha de São Paulo. São Paulo, 26 jan. 2009, caderno Dinheiro, p. B7. 39 região deve crescer a uma taxa entre 0,8% e 1,2% para 2008. Para 2009, as projeções têm intervalo de -1,0% e 0%”. Ainda no cenário para 2009 da economia européia o banco central prevê que a taxa de inflação medida pelo HICP (Harmonised Index of Consumer Prices) ficará na faixa entre 1,1% a 1,7% devido à queda do preço das commodities e o enfraquecimento da economia global23. Somase a isso a queda da economia do Reino Unido no primeiro trimestre e as estimativas do FMI. Em sua mais aguda contração em 30 anos a economia do Reino Unido encolheu 1,9% no primeiro trimestre [2009] em relação ao período anterior, afetada pelos efeitos da crise global no setor bancário, no varejo e na indústria do país. [...] De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia do Reino Unido será uma das mais afetadas pela crise, por conta de sua dependência dos setores imobiliário e financeiro. O Fundo estima que o PIB britânico vai encolher 4,1% neste ano [2009], contra 2,8% na projeção anterior. (PIB BRITANICO..., 2009, p B6). Assim como em todo mundo, na América Latina e Caribe as previsões são de recuo do PIB e aumento do desemprego. Guimarães (2009, p. B5) assim explica: A economia da América Latina e do Caribe cairá 0,3% em 2009, na primeira recessão após seis anos de crescimento. A previsão é da Cepal (Comissão para a América Latina e o Caribe, braço da ONU). Para o órgão, a taxa de desemprego regional alcançará 9% no ano ante 7,5% em 2008, elevando a informalidade e a pobreza. Os países asiáticos, embora não tenham por sua vez, apresentam uma maior resistência à crise, incluindo a China, entre outros fatores, por apresentarem respostas governamentais mais rápidas à crise. Segundo o portal Infomoney (2009, p. 1), “China, Índia e Indonésia têm mostrado uma demanda doméstica mais resistente àdesaceleração, levando a taxas de crescimento no PIB (Produto Interno Bruto) superiores a 7%. Esses países serão os primeiros a superar a crise”. Face às incertezas sobre a economia mundial, as opiniões, portanto, convergem no sentido de que 2009 será uma ano bastante difícil. 23 CAMILLO, Giulia S., BCE prevê continuidade das turbulências em 2009, com contração do PIB em até 1%. Portal Infomoney. Disponível em www.infomoney.com.br. Acesso em 28 jan. 2009. 40 5.2 Perspectivas para o Brasil No Brasil, o cenário projetado para 2009 é de desaceleração. Para Fava (2009 apud MAGALHÃES, 2009), isso porque atividade econômica de uma nação é impactada, entre outros fatores, pela situação de emprego e renda de sua população, para o qual, no primeiro caso, por exemplo, as perspectivas da consultoria não são muito animadoras. Em comparação ao ano passado, quando a taxa de desemprego se encerrou em 7,6%, este ano, o índice deve fechar em 10,5%, um aumento de três pontos percentuais. Quanto à renda, em 2009, a renda das famílias deve terminar 0,1% maior do que no ano anterior, quando, por sua vez, houve alta de 5,4% sobre 2007. Quanto ao PIB, as perspectivas dão conta de retração para 2009. O relatório Focus, que é emitido pelo Banco Central do Brasil em 24 de abril e 2009, traz as seguintes previsões: Tabela 05 – Projeções para 2009 e 2010 Mediana Taxa de juros anuais 2009 2010 IPCA (%) 4,30 4,30 IGP-DI (%) 2,05 4,50 IGP-M(%) 1,99 4,50 Taxa de Câmbio - fim de período (R$/US$) 2,25 2,27 Meta Taxa Selic – fim de período (% a.a.) 9,25 9,50 PIB (% de crescimento) -0,39 3,50 Produção Industrial (% de crescimento) -4,00 4,00 -19,50 -23,55 Balança Comercial (US$ bilhões) 16,00 15,00 Invest. Estrangeiro Direto (US$ bilhões) 22,00 25,00 Conta Corrente (US$ bilhões) Fonte: Relatório Focus de 24 de abril de 2009 - Banco Central do Brasil Ainda que o relatório emitido pelo Banco Central do Brasil traga indicadores evidenciando a desaceleração da economia em 2009, mostra também que os índices e inflação manterão seus patamares. Junto a isso as projeções de aumento do crédito ao consumidor já se vêem consolidar ainda esse ano, conforme explica Magalhães (2008, p. 1): “As expectativas de ampliação do crédito para este ano estão em 14,2% para 2009, sendo que é esperada expansão de 13,9% na 41 oferta de dinheiro para pessoa física e 15,8% para jurídica”. Tais indicadores mostram um cenário incerto também em nível nacional para o ano de 2009. 5.3 Retomada do crescimento A grande expectativa mundial é sobre quando a economia irá retomar seu crescimento e se voltará a níveis pré-crise, quando crescia vertiginosamente. Opiniões ao redor do globo convergem para uma possível retomada, ainda que lenta e bastante gradual a partir de 2010. Obama apud Murta (2009, p. B8) declarou que “ninguém deve esperar recuperação [da economia] forte em 2009”. Contudo, alguns sinais de melhora já aparecem do próprio setor bancário americano, berço e setor mais prejudicado com a crise. O [banco americano] JPMorgan Chase se tornou o terceiro banco a anunciar lucros no primeiro trimestre após o Goldman Sachs e o Wells Fargo. Os anúncios estimularam a alta nas ações financeiras iniciadas já há cinco semanas quando Citigroup e Bank of America sugeriram que o pior pode ter passado (DASH, 2009, p. B6). Nesta mesma linha o banco americano Morgan Stanley antecipa uma leve retomada a partir de 2010. “Já para 2010 o banco norte-americano prevê uma expansão de 2,6% na economia global. [...] Contudo as dez maiores economias desenvolvidas do mundo deverão contabilizar uma expansão de 1,1% em 2010.” (PIOR..., 2009, p. 1). Em contrapartida, outras opiniões não esperam uma recuperação rápida, entendendo que o momento demanda cautela. segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) apud Camillo (2009, p. 1), “é provável que esta crise financeira seja prolongada e afete todos os países, mesmo que em graus diferentes. Enquanto isso, sua recuperação será fraca e lenta”. Para a América Latina, o FMI prevê recuperação antes dos países ricos. “Pelas previsões do FMI, enquanto o crescimento das economias avançadas poderá ficar perto do zero em 2010, a América Latina poderá crescer 1,6% (2,2% no caso do Brasil).” (CANZIAN, 2009, p B6). O Brasil segue em linha com o restante do mundo, com a economia dando sinais de uma lenta recuperação em função de dados recentes sobre produção industrial, nível de emprego e crédito para o consumo. 42 A lenta recuperação da produção que ocorre a partir de fevereiro de 2009 é explicada parcialmente pelos fatores assinalados acima [parte da demanda preservando seu patamar, como é o caso do consumo de bens correntes, do gasto público latu sensu e mesmo de parte dos investimentos privados] e pelo ajuste do nível de estoques. Mas responde também a uma pequena mas não insignificante recuperação do crédito, cuja ampliação concentrouse nos bancos públicos”. (CARNEIRO, 2009, p. B4) Devido aos bons fundamentos da economia brasileira, a tendência é que o Brasil, que sentiu os efeitos da crise em menor proporção que os países desenvolvidos, deve, portanto, apresentar um processo de recuperação mais acelerado. É o que se constata ao se comparar os índices de confiança da indústria do Brasil com os dos Estados Unidos e da Europa. O termômetro usado para a comparação no Brasil foi do índice de confiança da indústria calculado pela Fundação Getúlio Vargas. Em abril [2009], o indicador registrou uma alta de 8,7% em relação a março, a quarta consecutiva, o que mostra uma consolidação da recuperação. (BARROS, 2009, p. B2). Na comparação com o resto do mundo, a opinião de analistas aponta para que o Brasil seja realmente um dos primeiros países a sair da crise. Para Camillo (2009, p. 1), “... boa parte dos economistas acredita que o Brasil estará entre os primeiros a se recuperarem, pelas suas características internas e pelo modo tênue como os problemas externos o afetaram”. Ainda dentro do contexto de comparação, a equipe de analistas financeiros do banco alemão Deutsche Bank sugere um melhor posicionamento do Brasil e da América Latina, mas com ressalvas, e corroborando a idéia de retomada a partir de 2010: Dessa vez, esperamos que a região (América Latina) consiga lidar melhor com a crise do que em relação aos episódios passados, expôs o time de especialistas. "Isso refletirá os avanços que muitos países tiveram nos seus fundamentos macroeconômicos nas décadas passadas". Entre os pontos observados, o acúmulo de reservas estrangeiras obteve atenção especial, por possibilitar melhor administração nas necessidades de financiamento e abrir espaço para acordos multilaterais. [...] A melhora mais consistente só é esperada para 2010 e os riscos de uma nova tendência de queda continuam bastantes expressivos, segundo os especialistas. A ação dos bancos centrais deverá ser bastante observada nos próximos meses e as medidas de estímulos estarão ligadas à política monetária. (DEUTSCH BANK..., 2009, p, 1) Ainda que as projeções para o Brasil sejam positivas e confiram um posicionamento destacado em relação principalmente aos países desenvolvidos, o cenário ainda é de grande incerteza, embora os indicadores apresentem leve melhora. 43 6. CONCLUSÃO Conforme visto neste trabalho, com o Grau de investimento o Brasil alcançou um patamar diferenciado como um lugar para alocar investimentos. Tal classificação se deu devido aos fundamentos sólidos do país, fundamentos estes que permitiram que os investimentos, sejam individuais ou institucionais, contassem com uma boa margem de segurança quanto a políticas monetárias, planos econômicos e intervenções governamentais dos mais variados tipos. Em termos práticos é pouco provável que o Brasil não honre sua dívida pública, a bolsa brasileira (Bovespa) é confiável e o sistema bancário possuir razoável solidez, e o governo ainda dispondo de reserva consideráveis para caso de maiores turbulências. Contudo, nenhuma classificação, categorização ou selo de qualidade, por mais recomendável que seja, confere imunidade a qualquer país, empresa ou tipo de investimento. O grau de investimento, por se tratar de uma classificação de risco, buscando orientar investidores para o nível de risco que estão correndo ao investir seus recursos, não confere garantias em caso de forças maiores, principalmente exteriores que afetem a economia nacional. Foi o que aconteceu com a crise financeira internacional iniciada em setembro de 2008, também conhecida como crise do subprime. Esta crise, por se tratar de uma crise de liquidez, afetando profundamente o crédito para empresas e para o consumo, acabou por decretar a recessão de algumas das principais economias do globo, como os Estados Unidos e a Europa. Os mesmos motivos que elevaram o Brasil ao Grau de Investimento, deixando de ser considerado Grau Especulativo, são basicamente os mesmos motivos que fizeram com que o país estivesse melhor posicionado perante a crise em detrimento dos países desenvolvidos e alguns emergentes, como o México e a Rússia. Ainda que os efeitos da crise tenham sido consideráveis no Brasil e, apesar de já apresentar algum sinal de melhora, não há indícios que a crise esteja em vias de extinção, tampouco há certezas de que o pior já passou. O que há é uma opinião convergente de que, devido aos seus sólidos fundamentos elencados neste trabalho, o Brasil deverá ser um dos primeiros a sair da crise e um dos menos afetados por ela. É natural que assim fosse porque os motivos que levaram o Brasil 44 ao grau e investimento, ou seja, os fatores econômicos como relação de dívida, reservas, PIB, autonomia do banco central, aliado a outros como baixa alavancagem dos bancos brasileiros, sistema financeiro com razoável fiscalização, são os fatores que atenuaram os efeitos da crise no Brasil. O grau de investimento, portanto, ajudou, está ajudando e ajudará o Brasil no enfrentamento da crise. Assim que a crise foi deflagrada, o investidor passou a temer por seus investimentos. Os investidores de renda variável, principalmente as bolsas de valores viram o valor do seu patrimônio investido recuar pelas cercanias de 50%, causando muitas vezes o pânico e em algumas vezes fazendo a Bovespa decretar o circuit break, o sistema de paralisação do pregão por 10 minutos. Por outro lado, os investidores de renda fixa passaram também a temer pela solvência dos bancos e da própria economia, ainda que estes riscos sejam bem menores que na renda fixa que, de fato, conferiu perdas para quem tinha dinheiro aplicado em setembro de 2008. À luz o fato de que o futuro é incerto, a despeito de algum sinal de melhora da economia brasileira e mundial, e que todo cuidado é pouco, o investidor deve ter muita cautela com seus próximos movimentos, tomar uma postura mais conservadora e acompanhar de perto o mercador financeiro como um todo, ainda mais a renda variável, pois toda crise acena, também, com boas oportunidades. Por isso mesmo o investidor deve municiar de muita informação e bom senso ao definir suas estratégias de investimento, uma vez que, dado o nível de incerteza das economias brasileiras e mundial e o fato de haver uma convergência da opinião de analistas de instituições renomadas de que a recuperação da economia mundial terá seu início em 2010. Um outro aspecto, finalmente, deve ser considerado: o Brasil desfruta na atualidade não só de uma posição privilegiada perante a crise em relação aos países desenvolvidos e aos emergentes, mas se encontra diante de uma grande oportunidade de se tornar um grande agente da economia mundial, consolidando seu desenvolvimento, por possuir fundamentos melhores que seus pares internacionais. Para isso é preciso que reformas estruturais se realizem e que haja investimentos maciços em infra-estrutura para poder alicerçar suas pilastras do desenvolvimento. 45 REFERÊNCIAS ALVES, Patrícia. 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