BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO.cdr

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BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO
TRIMESTRAL
MARÇO A MAIO DE 2015
| ANO I | EDIÇÃO 01
PROGRAMA DE SAÚDE PÚBLICA
USINA HIDRELÉTRICA (UHE) SINOP
CES
Cia Energética Sinop
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO TRIMESTRAL | ANO I | EDIÇÃO 01
MALÁRIA
BOLETIM
INFORMATIVO
A
companhia Energética
Sinop (CES),
concessionária da
Usina Hidrelétrica (UHE)
Sinop, apresenta a 1ª Edição
do Boletim Epidemiológico
Trimestral, elaborado no
âmbito do Programa de Saúde
Pública do Projeto Básico
Ambiental (PBA) do
Empreendimento
Este Boletim apresenta
informações relativas a
ocorrência de um conjunto de
doenças observadas na Área
de Influência Direta (AID) da
UHE Sinop, como malária,
leishmaniose, dengue,
hanseníase e HIV/Aids, e tem
por objetivo auxiliar na
identificação de mudanças
nos padrões destas doenças
ao longo do período de
implantação da Usina.
A identificação de possíveis
alterações nos padrões destas
doenças pode auxiliar as
instituições de saúde locais a
implementar medidas de
prevenção e controle.
Os dados compilados neste
boletim abrangem o período
de março a maio de 2015 e
serão atualizados
trimestralmente.
A
malária é uma doença infecciosa febril aguda, cujos
agentes etiológicos são protozoários transmitidos por
mosquitos (Diptera: Culicidae) do gênero Anopheles,
conhecidos popularmente por carapanã, muriçoca, sovela,
mosquito-prego e bicuda. Entre os cinco protozoários
causadores da malária em seres humanos, três ocorrem no
Brasil: Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae.
O principal vetor da malária é o Anopheles (Nyssorhynchus)
darlingi, cujas fêmeas apresentam comportamento antropofílico
e endofágico, isto é, tem por hábito penetrar no ambiente
domiciliar para sugar seres humanos. Assim, a transmissão
ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito, infectada pelo
Plasmodium. Os vetores são mais abundantes nos horários
crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer.
O quadro clínico típico é caracterizado por febre alta (podendo
atingir 41ºC), acompanhado de calafrios, sudorese e cefaleia,
que ocorrem em padrões clínicos, dependendo da espécie de
plasmódio infectante. Inicialmente apresenta-se o período de
infecção, que corresponde à fase sintomática inicial,
caracterizada por mal-estar, cansaço e mialgia.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que
a doença atinge 40% da população que vive nas regiões de clima
tropical, principalmente África, Ásia e Américas. Nas América
Central e do Sul, a malária ocorre em 21 países, dos quais nove
tem parte do seu território na Região Amazônica. No Brasil foram
notificados 48.768 casos de malária nos primeiros cinco meses
de 2015, sendo a maioria dos casos registrados na Amazônica
(N=46.944; 96,3%), e apenas 1.824 (3,7%) foram casos
importados de outros países. No mesmo período, foram
notificados 247 casos de malária no Estado do Mato Grosso,
sendo 200 (81%) autóctones.
Situação epidemiológica nos
municípios da AID (março a maio)
Durante o período de março a maio não foram registrados
casos de malária autóctones nos municípios ( Sinop, Sorriso,
Cláudia, Ipiranga do Norte e Itaúba) pertencentes a Área de
Influência Direta (AID) da UHE Sinop. Neste mesmo período
foram realizados 55 exames para diagnóstico da malária no
município de Sinop, sendo que cinco exames foram positivos
para a presença de plasmódios causadores da doença, porém
todos foram considerados casos importados de outros estados
ou países.
01
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO TRIMESTRAL | ANO I | EDIÇÃO 01
Resumo Epidemiológico da malária nos municípios pertencentes à Área de
Influência Direta (AID) da UHE Sinop, período de março a maio de 2015.
Município
Cláudia
Itaúba
Ipiranga do Norte
Sinop
Sorriso
Total
Exame
Positivo
Autóctone
0
2
0
55
0
55
0
0
0
5
0
5
0
0
0
0
0
0
Importado de outro
Município
UF ou país
0
0
0
0
0
0
0
5
0
0
0
5
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA
Doença infecciosa, não contagiosa, causada por
protozoários do gênero Leishmania, de transmissão
vetorial que acomete pele e mucosas. É primariamente uma infecção zoonótica que afeta outros
animais (roedores, marsupiais, edentados e
canídeos silvestres, cães domésticos, felídeos e
equídeos) que não o homem, o qual pode ser envolvido secundariamente. No Brasil, já foram identificadas sete espécies, sendo seis do subgênero Viannia
e um do subgênero Leishmania. As mais importantes
são Leishmania brasiliensis, Leishmania amazonensise Leishmania guyanensis.
Os vetores são insetos denominados flebotomíneos (Diptera: Psychodidae), conhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica, como
“mosquito palha”, “tatuquira”, “birigui”, “asa branca”,
entre outros. A transmissão ocorre pela picada de
flebotomíneos fêmeas que adquirem o parasito ao
picar reservatórios contaminados, transmitindo-o
para o homem. Não há transmissão de pessoa a
pessoa. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.
Os aspectos clínicos da doença cutânea apresentam-se classicamente por pápulas, que evoluem para
ulceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em
moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas
indolores. Também pode manifestar-se como placas
verrucosas, papulosas nodulares, localizadas ou
difusas. A forma mucosa, secundária ou não à
cutânea, caracteriza-se por infiltração, ulceração e
destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou
laringe. As lesões são popularmente conhecidas
como úlcera de bauru, nariz de tapir, botão do
Oriente, dentre outros.
Situação epidemiológica nos municípios da AID
(março a maio)
No decorrer dos meses de março a maio, os
registros de Leishmaniose Tegumentar Americana
foram identificados em quatros dos municípios
pertencentes a AID. Houve o maior registro de
notificações durante o mês de abril, com 24 casos
notificados, seguido pelo mês de maio e março, com
16 e 11 casos notificados, respectivamente. O
município de Sinop reuniu o maior número de casos
notificados durante o período de março a maio,
representando 47% (N=24) do total dos casos. Fazse importante evidenciar que o município de Ipiranga
do Norte, pertencente a AID, não apresentou registros de notificações de casos de Leishmaniose Tegumentar Americana durante o período investigado.
No período, os registros de leishmaniose tegumentar americana
foram identificados em quatro municípios da AID da UHE Sinop
02
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO TRIMESTRAL | ANO I | EDIÇÃO 01
DENGUE
Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de
curso benigno ou grave, dependendo da forma como
se apresente. A transmissão vetorial se dá através da
picada da fêmea do mosquito do gênero Aedes
aegypti, após um repasto de sangue infectado do
homem, em período de viremia tornando-a apta a
transmitir o arbovírus do gênero Flavivirus, que
podem ser classificados em quatro sorotipos:
DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4.
Quanto aos aspectos clínicos, a primeira
manifestação da dengue é a febre, geralmente alta
(39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada à
cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retro
orbitária, com presença ou não de exantema e/ou
prurido. Náuseas, vômitos e diarreia podem ser
observados por dois a seis dias. As manifestações
hemorrágicas, com epistaxe, petéquias,
gengivorragia, metrorragia, hematêmase, melena,
hematúria, bem como a plaquetopenia, podem ser
observadas em todas as apresentações clínicas da
Dengue.
Alguns casos podem evoluir para formas graves
da doença e passam a apresentar sinais de alarme da
Dengue, principalmente quando a febre cede,
precedendo manifestações hemorrágicas mais
graves. As manifestações clínicas iniciais da Dengue
hemorrágica são as mesmas descritas na forma
clássica da doença. Entre o terceiro e o sétimo dia do
seu início, quando há redução da febre, surge sinais e
sintomas como vômitos importantes, dor abdominal
intensa, desconforto respiratório e letargia, que
indicam a possibilidade do paciente evoluir para a
forma hemorrágica severa.
Situação epidemiológica nos municípios da AID
(março a maio)
A Dengue é o agravo com maior incidência de
notificações nos municípios AID. No total, foram
registrados 1.249 casos novos no período de março a
maio de 2015. Sendo esses novos casos com maior
incidência no mês de maio, com 476 notificações,
seguido por abril e março, com 413 e 360
notificações, respectivamente. Sinop tem uma
importante influência na incidência de Dengue na
região, visto que no período as notificações do
município corresponderam a 78% (N=975) dos novos
casos registrados.
A dengue é o agravo de maior incidência nos
municípios pertencentes a AID da UHE Sinop.
03
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HANSENÍASE
Doença crônica granulomatosa, conhecida
antigamente como lepra, proveniente da infecção
causada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem
a capacidade de infectar um grande número de
indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos
adoecem (baixa patogenicidade). É a única espécie
de micobactéria que infecta nervos periféricos,
especialmente células de Schwann, podendo levar a
incapacitação.
A principal via de transmissão ocorre através do
trato respiratório, onde pela eliminação de gotículas
do indivíduo infectado contendo o bacilo (fala, tosse e
espirro), podem levar outros a adquirirem a infecção,
principalmente os contactantes mais próximos.
A alteração de sensibilidade e o espessamento de
nervo(s) periférico(s) são as principais características
da Hanseníase. O diagnóstico precoce e o
tratamento adequado visam eliminar as lesões de
pele, evitar o acometimento dos nervos ou impedir o
agravamento dos já acometidos, a fim de prevenir
possíveis incapacitações.
Hanseníase. Os novos registros ocorreram de forma
similar nos meses de maio e março, com registo de 17
e 18 casos, respectivamente. O município de Sinop
somou o maior número de casos notificados, com 26
casos novos, seguido por Sorriso com 15 casos
novos no período observado. Destaca-se a não
ocorrência de casos notificados de Hanseníase no
município de Ipiranga do Norte, município
pertencente a AID.
Situação epidemiológica nos municípios da AID
(março a maio)
No período avaliado, os municípios AID
registraram a incidência de 44 casos novos de
HIV/AIDS
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma
doença causada pelo retrovírus da subfamília dos
Lentiviridae, que atinge as células linfócitos T CD4+
do sistema imunológico, responsável pela defesa do
organismo contra as doenças. O estado de portador
do vírus HIV não confere a situação de AIDS
(síndrome da imunodeficiência adquirida). A AIDS é
denominada como a última fase do HIV, onde o
paciente encontra-se em situações específicas,
como por exemplo, grave danificação do sistema
imunológico, presença de uma ou mais doenças
oportunistas ou certos tipos de câncer.
A forma de transmissão do HIV é pessoa para
pessoa, através de relações sexuais sem uso de
preservativo, compartilhamento de seringas
contaminadas, transmissão vertical (da mãe para o
filho na gestação) ou amamentação de leite materno
contaminado.
Situação epidemiológica nos municípios da
AID (março a maio)
As notificações de casos confirmados de
HIV/AIDS nos municípios AID estão centralizadas ao
município de Sinop. Durante os meses de março,
abril e maio foram registrados nove casos de
HIV/AIDS, sendo todos notificados em Sinop. No mês
de março houve a maior incidência de notificação,
com seis casos novos notificados, seguidos de dois e
um casos, nos meses de maio e abril,
respectivamente. Os demais municípios
pertencentes a AID não registram novos casos de
HIV/AIDS durante o período. Presume-se que a
justificativa para a maior notificação do município de
Sinop seja devido ao município contar com um
serviço de atenção especializada as Infecções
Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
04
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO TRIMESTRAL | ANO I | EDIÇÃO 01
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias:
guia de bolso, 8º Ed. Brasília: Ministério da Saúde,
2010.
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de
DST, Aids e Hepatities Virais. O que é HIV. Disponível
em: < http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-e-hiv>
United State. Department of Health & Human
Services. What is HIV/AIDS?.Disponível em: <
https://www.aids.gov/hiv-aids-basics/hiv-aids101/what-is-hiv-aids/index.html>
Sistema de Informação de Vigilância
Epidemiológica - Notificação de Casos
(Sivep_Malária), Ministério da Saúde.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação
– Sinan Local, Ministério da Saúde.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todas as Secretarias de Saúde
dos municípios da Área de Influência Direta da UHE
Sinop (Claudia, Itaúba, Sinop, Sorriso e Ipiranga do
Norte), bem como a Escritório Regional de Saúde
(ERS) de Sinop, pela parceria que vem sendo
desenvolvida com o Programa de Saúde Pública da
UHE Sinop.
GLOSSÁRIO
Autóctone: que se formou ou teve sua origem no
lugar em que foi encontrado. No caso de doenças
pode ser o município ou o estado, ou mesmo a região
de análise.
Zoonótica: doença de origem animal mas que pode
se manifestar em humanos quando estes se inserem
nos habitats destes animais
Viremia: presença de vírus no sangue;
Adinamia: falta de forças físicas que acompanha
certas doenças graves
Mialgia: dor muscular;
Artralgia: dor nas articulações
Exantema: erupção cutânea
Prurido: coceira
Epistaxe: hemorragia nasal
Petéquia: pequeno ponto vermelho no corpo (na pele
ou mucosas), causado por uma pequena hemorragia
de vasos sanguíneos.
Gengivorragia: hemorragia da gengiva
Metrorragia: sangramentos do útero fora do ciclo
menstrual
Hematêmase: vômito de sangue
Melena: se refere a fezes pastosas de cor escura e
cheiro fétido, sinal de hemorragia digestiva alta
Hematúria: presença de células vermelhas do
sangue na urina
Plaquetopenia: diminuição das plaquetas
(trombócitos) que participam na coagulação
Granulomatosa: em forma de granulomas,
aglomeração de células de defesa na tentativa de
conter o agente agressor
BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO
TRIMESTRAL
Equipe técnica do Programa de
Saúde Pública da UHE Sinop
Avenida das Figueiras, esquina com Rua das
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