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Filiada a
e
Programa de prevenção de cárie na FO-USP é classificado em 2º lugar no
prêmio Bright Smiles, Bright Futures no congresso da IAPD realizado
junho em Seul – Coréia.
Este premio é o mais disputado no mais importante congresso internacional de
odontopediatria em que dentistas de mais de 60 países participam.
CLÍNICA DE PREVENÇÃO EM ODONTOPEDIATRA DA FOUSP - Programa de
prevenção primária e secundária da cárie baseado no risco e retornos (PPCbRR)
Jenny Abanto, Paula Celiberti, Mariana Minatel Braga, Marcelo Bönecker – Universidade de
São Paulo
Resumo
O objetivo geral do programa é promover saúde bucal trabalhando para a diminuição da
incidência da doença cárie nas crianças da cidade de São Paulo, oferecendo a elas uma
melhor qualidade de vida. Aproximadamente 600 crianças entre 1 e 12 anos de idade estão
sendo atendidas na Clínica de Prevenção da FOUSP e avaliadas em relação ao
desenvolvimento e progressão de novas lesões de cárie, atividade das lesões, índices de
placa e sangramento e avaliação da dieta utilizando um método de avaliação de risco de
cárie e determinação de retornos preconizado pela Secretaria Municipal da Saúde de São
Paulo. O programa oferece atendimentos clínicos focados
na prevenção primária e
secundária da cárie dentária.
Resumo do Programa
Antes do método preconizado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo ser
empregado no Programa de Prevenção Primária e Secundária da Cárie Baseado no Risco e
Retornos (PPCbRR), o mesmo foi testado em um estudo comparando a sua efetividade ao
método de retornos utilizado no município de Nexö, na Dinamarca, no Programa NãoOperativo de Tratamento de Cárie (NOCTP) que tem mostrado cientificamente ser efetivo na
prevenção da cárie (Ekstrand, Christiansen, 2005). Após mostrar ser efetivo o método
passou a ser empregado em Março de 2012 no PPCbRR como método oficial na Clínica de
Prevenção em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
(FOUSP) patrocinada pela Colgate Palmolive Company (Brasil) por meio do seu Programa
Bright Smiles Bright Futures.
Os atendimentos do PPCbRR dentro da FOUSP são realizados por 46 alunos
estagiários do primeiro e segundo ano do curso de odontologia que realizam estágio pelo
período de 01 ano. A cada ano é realizada uma nova seleção de alunos para participar do
estágio. Os alunos recebem anualmente treinamento com aulas teóricas e práticas para a
utilização de vários critérios de avaliação clínica, tais como: índice de sangramento de Löe e
Silness (1967), índice de placa dentária de Greene e Vermillion simplificado (1964), índice
de cárie (dmf-t/ DMF-T) (WHO, 1997), presença de manchas brancas ou amarronzadas,
atividade de lesões de cárie cavitadas ou não cavitadas (Ekstrand et al. 2007), bem como
presença de dor, fístula ou abscesso. Os alunos também recebem aulas teóricas sobre
diversos assuntos, tais como: Cárie dentária, Defeitos de Esmalte e Diagnóstico Diferencial
com a Cárie Dentária; Abordagem Comportamental em Odontopediatria e Erosão Dentária
em Odontopediatria. Os alunos avaliam a cavidade bucal dos pacientes de acordo com os
critérios clínicos e seguindo uma seqüência de protocolo de atendimento em todas as
consultas de retorno:
1. Realização ou atualização da anamnese do paciente. Também são coletados dados
demográficos, socioeconômicos, comportamentais, familiares e hábitos de higiene bucal
do paciente. Estes dados serão posteriormente coletados nos meses de Abril e Maio de
2013 e associados aos agravos da cárie dentária para identificar fatores de risco para a
doença.
2. Avaliação do índice de sangramento gengival (Löe, Silness,1967);
3. Orientação da escovação em um macro modelo de arcada dentária articulado em resina
(Colgate®, São Paulo, Brasil): pais e crianças recebem orientação de higiene e técnica de
escovação por meio da Técnica de Fones (Guedes-Pinto, Issáo, 1988). A Técnica de
Fones é simples e não requerer muita habilidade na sua realização, podendo ser utilizada
em crianças. Basicamente são realizados movimentos circulares em todas as superfícies
vestibulares estando os dentes em oclusão (movimento “em bolinha”), posteriormente
são realizados movimentos no sentido ântero-posterior nas superfícies oclusais
(movimento “de trenzinho”), depois movimentos circulares nas superfícies linguais e
palatinas (movimento “em bolinha”), finalizando com movimentos em vaivém nas
superfícies linguais e palatinas de incisivos e na língua (movimento de “vassourinha”).
Quando há presença de primeiros molares permanentes em fase de erupção, os pais e
as crianças serão orientados a usar a técnica transversal de escovação designada para
estes dentes em erupção (Carvalho et al. 1991). A escova é posicionada no sentido
vestíbulo-lingual com as cerdas voltadas para a superfície oclusal e são realizados
pequenos movimentos rotatórios. É recomendado aos pais escovarem os dentes dos
seus filhos com essa técnica duas vezes ao dia, uma depois do café da manhã e uma
antes de dormir (Carvalho et al. 1991). O uso de dentifrício fluoretado (>1,000ppmF) é
recomendado para todas as idades, com quantidade equivalente a um grão de arroz cru
(< 4 anos de idade) ou um grão de ervilha (> 4 anos). Também é orientado o uso de fio
dental supervisionado pelos pais. Cabe salientar que todos os pacientes ganham a cada
retorno uma escova dental infantil e creme dental com flúor (Colgate®, São Paulo, Brasil)
e que a técnica de escovação é orientada a cada retorno.
4. Avaliação do índice de Greene e Vermillion simplificado (1964), prévia evidenciação dos
elementos dentários, e motivação do paciente e pais mostrando a eles as áreas de maior
acúmulo de placa.
5. Verificação se a técnica de escovação ensinada foi memorizada pedindo para o paciente
(se maior a 07 anos de idade) ou para os pais (se menor a 07 anos) que realizem a
técnica com a escova, desta vez no “escovódromo” (espaço criado para as crianças e
pais treinarem a escovação).
6. Realização da profilaxia dental profissional em todos os elementos dentários com o
auxílio de escova de Robinson e taça de borracha em baixa-rotação, com pasta
profilática ou a base de pedra pómez e água em crianças com idade inferior a 4 anos. As
superfícies proximais são adicionalmente limpas com o auxílio de fio dental.
7. Avaliação do índice ceo-d/CPO-D (WHO, 1997), de lesões não cavitadas (mancha branca
ou amarronzada) e presença de dor, fístula ou abscesso são registradas em
odontograma. Os tratamentos não operatórios do PPCbRR estão focados no selamento
oclusal de lesões de cárie em metade externa de dentina cariada. O selamento das
lesões é realizado sem remoção da dentina cariada (Bader, Shugar, 2006; Splieth et al.
2010) e prévia profilaxia dental. Os pacientes com lesões de cárie cavitadas proximal ou
em metade interna de dentina, com presença de dor, fístula ou abscesso são
encaminhados para
a
clínica de
tratamento
operatório
de
Departamento de
Odontopediatria da FOUSP. Essa clínica faz os tratamentos operatórios em paralelo,
sendo que as crianças fazem os seus retornos ao PPCbRR de acordo com o risco que
apresentam.
8. Avaliação da atividade das lesões de cárie de acordo com os critérios de Ekstrand et al.
2007. Nos casos em que o paciente apresenta atividade das lesões são realizadas
aplicações tópicas de flúor gel ou verniz e aplicação de selantes com ionômero de vidro
de alta viscosidade, dependendo da necessidade e individualidade de cada paciente.
9. As crianças recebem orientação de dieta por meio da explicação dos alimentos
cariogenicos e não cariogenicos usando uma pasta de motivação de dieta (Colgate®, São
Paulo, Brasil). A dieta é também avaliada de acordo com o preenchimento dos pais de
um diário alimentar de 03 dias do paciente, sendo um de fim de semana, colocando o
horário em que a criança ingere um alimento ou bebida, se possível em quantidades
aproximadas. É salientado especificar se há adição de açúcar nas bebidas. Nesse dia os
pais recebem orientações relacionadas à freqüência de ingestão de sacarose, lanches,
refeições e consistência dos alimentos.
Após a avaliação dos pacientes de acordo com os critérios e protocolo descritos nos
passos 2, 4, 7 e 8 do PPCbRR, o retorno para a próxima consulta dos pacientes é agendada
individualmente de acordo com o risco de cárie e determinação de intervalos de retornos
preconizado pela Secretaria Municipal da Saúde do Estado de São Paulo. Este método está
baseado nas características clínicas do paciente, tais como presença ou ausência de placa,
sangramento/gengivite, lesões de cárie e sua atividade. Os alunos classificam os pacientes
dentro de 06 grupos de risco de cárie (A, B, C, D, E o F), que possuem diferentes intervalos
de retorno (Figura 1).
Figure 1 – Avaliação do risco e determinação de retornos do PPCbRR.
Nas consultas de retorno da criança, os passos 2 a 8 do protocolo do PPCbRR são
sempre repetidos e reforçados.
Para análise dos dados que serão coletados em Abril e Maio de 2013 será avaliada a
redução ou progressão dos índices clínicos avaliados nos passos 2, 4, 7 e 8 do PPCbRR,
bem como a associação desses índices aos dados demográficos, socioeconômicos,
comportamentais, familiares e hábitos de higiene bucal do paciente coletados no passo 1.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Em:
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10. Bader JD, Shugars DA. The evidence supporting alternative management strategies for early
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11. Splieth CH, Ekstrand KR, Alkilzy M, Clarkson J, Meyer-Lueckel H, Martignon S, Paris S, Pitts NB,
Ricketts DN, van Loveren C. Sealants in dentistry: outcomes of the ORCA Saturday Afternoon
Symposium 2007. Caries Res. 2010;44(1):3-13.
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