Sara de Souza Oliveira Análise espacial e temporal da infestação por Aedes aegypti mensurada por ovitrampas para geração de alerta precoce de dengue no município do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2016 Sara de Souza Oliveira Análise espacial e temporal da infestação por Aedes aegypti mensurada por ovitrampas para geração de alerta precoce de dengue no município do Rio de Janeiro Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Epidemiologia em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na Fundação Oswaldo Cruz, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de concentração: Epidemiologia de Doenças Transmissíveis. Orientadora: Profª. Dra. Cláudia Torres Codeço Coorientadora: Profª. Dra. Paula Mendes Luz Rio de Janeiro 2016 Catalogação na fonte Fundação Oswaldo Cruz Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública O48a Oliveira, Sara de Souza Análise espacial e temporal da infestação por Aedes aegypti mensurada por ovitrampas para geração de alerta precoce de dengue no município do Rio de Janeiro. / Sara de Souza Oliveira. -- 2016. 136 f. ; il. color. ; tab. ; graf. ; mapas Orientadora: Cláudia Torres Codeço. Coorientadora: Paula Mendes Luz. Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2016. 1. Aedes. 2. Dengue - epidemiologia. 3. Controle de Vetores. 4. Modelos Estatísticos. 5. Vigilância Epidemiológica. 6. Oviposição. I. Título. CDD – 22.ed. – 614.571098153 Sara de Souza Oliveira Análise espacial e temporal da infestação por Aedes aegypti mensurada por ovitrampas para geração de alerta precoce de dengue no município do Rio de Janeiro Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Epidemiologia em Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na Fundação Oswaldo Cruz, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Área de concentração: Epidemiologia de Doenças Transmissíveis. Aprovada em: 26 de setembro de 2016 Banca Examinadora: Profª. Dra. Denise Valle Fundação Oswaldo Cruz/ Instituto Oswaldo Cruz Prof. Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz Fundação Oswaldo Cruz/ Programa de Computação Científica Prof. Dra. Claudia Torres Codeço (Orientador) Fundação Oswaldo Cruz/ Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Rio de Janeiro 2016 Para Sofia. AGRADECIMENTOS À Professora Dra. Claudia Torres Codeço pela orientação construtiva, didática, competente e acolhedora. A maestria com que você repassa ensinamentos continua a me deixar sem palavras. À Professora Dra. Paula Mendes Luz pelas sugestões certeiras e pelas contribuições na discussão do tema; À Dra. Carolin M. Degener pela prontidão em ajudar e pelas maravilhosas sugestões que tanto enriqueceram o trabalho; Aos pesquisadores do PROCC/FIOCRUZ, e do Projeto Alerta Dengue, em especial ao Dr. Leonardo Bastos e ao Dr. Oswaldo Cruz pelas sugestões apresentadas; Às minhas queridas Alexandra Almeida e Laís Freitas, pela amizade e contribuições; À Natalia Paiva, Ilmeire Rosembach, Layla Macedo, Ludmila Raupp, e aos demais alunos e professores da turma de Mestrado/Doutorado de 2014 da ENSP/FIOCRUZ. Vocês me apresentaram uma nova forma de enxergar as complexidades do mundo. Aos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde do Município do Rio de Janeiro pela disponibilização dos dados; Aos meus pais, por sempre incentivarem a busca de conhecimento, por fornecerem apoio e amor incondicional, e por me ajudarem de tantos modos diferentes. Aos meus irmãos e sobrinhas pela torcida e apoio. À minha sogra pelo apoio; Ao meu melhor amigo, meu marido Bruno Souza, pela compreensão, apoio e companheirismo. À minha filha Sofia por ser a força motriz que dá sentido a todos os meus esforços. É tudo por você, meu bem! A Jeová Deus, pela força vital que torna tudo possível. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o meu aperfeiçoamento profissional. “Always the beautiful answer who asks a more beautiful question.” E.E. Cummings , Complete Poems 1904-1962, p.462. RESUMO O Aedes aegypti é um artrópode amplamente disseminado no mundo e responsável pela transmissão de doenças de grande importância epidemiológica, especialmente em países de clima mais quente. No Brasil, epidemias de doenças transmitidas por este vetor, como a dengue, têm causado impacto na saúde pública e levado as autoridades a aumentar as medidas de monitoramento e controle entomológico. Este estudo objetivou caracterizar o programa de monitoramento por ovitrampas da infestação do mosquito Ae. aegypti, do município do Rio de Janeiro, entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015. O trabalho também visou analisar a associação entre os índices de infestação (índice de densidade de ovos, IDO e índice de positividade de ovitrampas, IPO) desse vetor, obtidos através dessas armadilhas, e a variação da temperatura nas Áreas Programáticas de Saúde (APSs) e Regiões Administrativas (RAs), bem como a associação entre a incidência de casos notificados de dengue e tais índices de infestação nas APSs da cidade, através de Modelos Lineares Generalizados. Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que o programa de monitoramento apresentou boas taxas de eclosão dos ovos coletados (68%), alta especificidade das armadilhas na captura da espécie Ae. aegpyti (92%) e poucas perdas de armadilhas (4%, em média). Foi encontrada associação positiva entre o aumento dos índices de infestação e a temperatura, sendo que a temperatura mínima, defasada em uma semana em relação a data da coleta dos índices, foi a que melhor explicou o aumento da média de ovos (IDO), enquanto o aumento da positividade de ovitrampas (IPO) foi melhor esclarecido pela temperatura mínima com defasagem de duas semanas. Foram encontrados ainda, resultados positivos na associação entre incidência de dengue e IDO/IPO do mês anterior, quando controlados para outras variáveis. Esses achados são condizentes com a literatura que aborda o assunto, e evidenciam a importância do monitoramento de Ae. aegypti por ovitrampas na construção de um sistema de alerta precoce para dengue e outras doenças transmitidas por esse vetor. Em trabalhos futuros, sugere-se a validação dos modelos apresentados em cima de dados de outras cidades que possuam programas de monitoramento semelhantes há mais tempo. Palavras-chave: Aedes aegypti. Dengue. Vigilância de Vetores. Modelos Estatísticos. ABSTRACT Aedes aegypti is an arthropod that occurs throughout the world and is responsible for diseases of major epidemiological importance, especially in warmer climates. In Brazil, outbreaks of diseases transmitted by this vector, such as dengue, have public health impact and have led the authorities to increase the entomological monitoring and control. This study aimed to characterize the Ae. aegypti infestation monitoring program by ovitraps, in Rio de Janeiro municipality, between February 2013 and September 2015. The study also aimed to analyze the association between the vector’s infestation rates (as measured by an egg density index, IDO, and an egg positivity index, IPO) and temperature variation in health districts and administrative subdivisions. Additionally, the association between the incidence of reported dengue cases and IDO/IPO in the health districts of the city was explored. Generalized Linear Models were used for all these analysis. The results showed good hatching rate (68%), high specificity of traps for Ae aegypti (92%) and few lost traps (an average of 4%). A positive association between increased infestation rates and temperature was detected. The minimum temperature, lagged in one week by the date of collection of indexes, was the one that best explained the increase in the average number of eggs (IDO), while the increase of the ovitraps positivity index (IPO) was better explained by the minimum temperature with a two-week lag. A positive association between dengue and IDO/IPO's of the previous month was also shown, even after controlling for other variables. These findings are consistent with the literature on the subject, and highlight the importance of monitoring Ae. aegypti infestation by ovitraps in the construction of an early warning system for dengue and other diseases transmitted by this vector. Future studies could focus on the validation of the models here presented with data from other cities that have similar monitoring programs for longer periods of time. Keywords: Aedes. Dengue Fever. Vector Control. Statistic Models. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Ciclo de vida do Aedes. ......................................................................................... 18 Figura 2 - Armadilha de postura de ovos. ............................................................................... 30 Figura 3 - Delimitação das APSs, RAs e bairros do município do Rio de Janeiro................ 34 Figura 4 - Distribuição das ovitrampas no município do Rio de Janeiro. .............................. 36 Figura 5 - Variação do número de palhetas recolhidas ao longo do período de janeiro de 2013 a setembro de 2015, por (A) APS e (B) RA .......................................................... 46 Figura 6 - Percentual de palhetas perdidas por APS ao longo das semanas de estudo ........... 48 Figura 7 - Boxplot das Taxas de eclosão de ovos recolhidos das palhetas (A) por APS e (B) por mês................................................................................................................... 49 Figura 8 - Boxplots (A) do IPO e (B) do IDO por APSs e gráfico de dispersão IPO em relação ao IDO (C)................................................................................................. 50 Figura 9 - Série temporal do (A) IPO e do (B) IDO entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 no município do Rio de Janeiro por área programática ................................ 51 Figura 10 - IDO por RA para determinados meses entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 ............................................................................................................................... 52 Figura 11 - IPO por RA para determinados meses entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 ............................................................................................................................... 53 Figura 12 - Boxplot da média semanal de temperaturas mínimas e máximas por APS no período estudado ................................................................................................. 54 Figura 13 - Distribuição dos casos de dengue por APSs entre janeiro de 2013 e outubro de 2015 ..................................................................................................................... 55 Figura 14 - Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2013 .......... 55 Figura 15 - Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2014 .......... 55 Figura 16 - Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2015 .......... 56 Figura 17 - Série temporal da temperatura e número de casos por semana no município do Rio de Janeiro, de 2010 a 2014 ........................................................................... 56 Figura 18 - Diagrama de dispersão do IDO x temperatura mínima (Temp Min) ou máxima (Temp Max) e retas de tendência. ....................................................................... 57 Figura 19 - Diagrama de dispersão do IPO x temperatura mínima (Temp Min) ou máxima (Temp Max) e retas de tendência. ....................................................................... 57 Figura 20 - IDO em cada APS de fevereiro de 2013 a setembro de 2015. ............................. 58 Figura 21 - Efeito predito da temperatura no IDO, de acordo com o modelo A10 (Tabela 4), para cada APS. ..................................................................................................... 60 Figura 22 - Gráficos dos resíduos do modelo A10: LM (ido~tmin*APS) ............................. 61 Figura 23 - Série temporal de IDO em cada RA do Rio de Janeiro, ao longo do estudo (semanas corridas de estudo)............................................................................... 62 Figura 24 - Efeito predito da temperatura no IDO, de acordo com o modelo B5.. ................ 64 Figura 25 - Mapas com a diferença entre os interceptos e coeficientes angulares por RA, em relação ao efeito geral.......................................................................................... 65 Figura 26 - Análise dos resíduos do modelo B5 ..................................................................... 66 Figura 27 - Série temporal de IPO em cada APS do Rio de Janeiro ao longo do tempo de estudo (semanas corridas de estudo)) .................................................................. 66 Figura 28 - Probabilidade de positividade de ovitrampas em função da temperatura, nas APSs do Rio de Janeiro, de acordo com o modelo C9:....................................... 68 Figura 29 - Gráfico quantil-quantil comparando a distribuição dos efeitos aleatórios do modelo C9 com a de uma distribuição normal padrão. ....................................... 69 Figura 30 - Efeitos aleatórios do modelo C9 .......................................................................... 69 Figura 31 - IPO em cada RA do município do Rio de Janeiro, de fevereiro 2013 a setembro de 2015 ................................................................................................................ 70 Figura 32 - IPO predito de acordo com o modelo D9, em função da média da temperatura semanal mínima defasada em 2 semanas, por RA .............................................. 72 Figura 33 - Desvio dos efeitos aleatórios de cada RA em relação ao modelo geral no modelo D9 ........................................................................................................................ 73 Figura 34 - Mapas com os resultados do modelo D9 As cores apontam as diferenças entre os interceptos e coeficientes angulares por RA, em relação ao efeito geral. ........... 74 Figura 35 - Distribuição dos efeitos aleatórios por quantil normal padrão no modelo D9 .... 75 Figura 36 - Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 03/2013 e casos de dengue pontuais em 04/2013 .......................................................................................................... 76 Figura 37 - Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 06/2013 e casos de dengue pontuais em 07/2013 .......................................................................................................... 77 Figura 38 - Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 09/2013 e casos de dengue pontuais em 10/2013 .......................................................................................................... 78 Figura 39 - Taxa de incidência de casos de dengue entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015, por APS, no município do RJ. ................................................................... 79 Figura 40 - Gráficos dos resíduos dos modelos E11 (A) e E12 (B) ....................................... 81 Figura 41 - Gráficos de autocorrelação dos resíduos dos modelos E11 (A) e E12 (B) .......... 81 Figura 42 - Gráficos dos resíduos dos modelos F12(A) e F15 (B)......................................... 83 Figura 43 - Gráficos de autocorrelação dos resíduos dos modelos F12 (A) e F15 (B) .......... 84 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Divisão dos bairros no município do Rio de Janeiro, por APS ............................. 35 Tabela 2 - Dados disponíveis para análise por unidade de análise espacial e temporal. ........ 37 Tabela 3 - Resumo dos parâmetros entomológicos gerados pelo monitoramento com ovitrampas no período de janeiro de 2013 a setembro de 2015 nas APSs do Município do Rio de Janeiro.................................................................................. 48 Tabela 4 - Comparação dos modelos de regressão linear (LM) e aditivo (GAM) ajustados aos dados de IDO, tendo temperaturas mínima ou máxima, e APS como variáveis explicativas. ........................................................................................................... 59 Tabela 5 - Estimativas dos parâmetros ajustados do modelo selecionado A10: LM (ido~tmin1*APS) ................................................................................................... 61 Tabela 6 - Comparação dos modelos de regressão linear de efeitos mistos (LMM) ajustados aos dados de IDO tendo temperaturas mínima e máxima semanais e RA como variáveis explicativas. AIC = critério de qualidade de ajuste. .............................. 63 Tabela 7 - Resultado do ajuste do modelo B5, LMM (ido~tmin1, efeitos aleatórios=~1+tmin1|RA), ajustados pela máxima verossimilhança restrita......... 64 Tabela 8 - Comparação dos modelos ajustados para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por APS com a temperatura.. .................................................... 67 Tabela 9 - Estimativas dos parâmetros do modelo C9 selecionado para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por APS com a temperatura: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | APS). ........................................................................................................ 68 Tabela 10 - Comparação dos modelos ajustados para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por RA com a temperatura. ....................................................... 71 Tabela 11 - Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo D9 GLMM: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | RA). .......................................................................................................... 71 Tabela 12 - Comparação dos modelos da associação dos casos de dengue notificados com o IDO por APS, pelo AIC (critério de ajuste do modelo). ....................................... 80 Tabela 13 - Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo E11 ................................... 82 Tabela 14 - Comparação dos modelos para casos de dengue em um mês x IPO mês anterior, por APS, pelo AIC. ................................................................................................ 83 Tabela 15 - Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo F15.................................... 85 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 17 2.1 O MOSQUITO AE. AEGYPTI ................................................................................. 17 2.2 AEDES ALBOPICTUS ............................................................................................. 18 2.3 PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO AE. AEGYPTI NO BRASIL . 19 2.3.1 Dengue ..................................................................................................................... 19 2.3.2 Chikungunya ........................................................................................................... 21 2.3.3 Zika .......................................................................................................................... 22 2.4 FATORES QUE MODULAM A TRANSMISSÃO ................................................. 24 2.5 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE NO BRASIL E NO RIO DE JANEIRO ........... 25 2.6 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E CONTROLE DO AE. AEGYPTI NO BRASIL ................................................................................................................... 27 2.7 OVITRAMPAS......................................................................................................... 29 3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 32 4 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 33 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 33 5 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 34 5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO: .......................................................................... 34 5.2 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................ 34 5.3 FONTE DE DADOS ................................................................................................ 36 5.3.1 Avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa .............................................................. 37 5.4 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS ............................................................................. 38 5.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO ...................................................................................... 39 5.6 ANÁLISE DESCRITIVA ......................................................................................... 39 5.7 ANÁLISE INFERENCIAL ...................................................................................... 40 5.7.1 Modelagem da associação entre IDO e temperatura........................................... 41 5.7.1.1 Modelagem por APS ................................................................................................. 41 5.7.1.2 Modelagem por RA .................................................................................................. 42 5.7.2 Modelagem da associação do IPO com a temperatura ....................................... 43 5.7.3 Modelagem da associação entre infestação de ovitrampas e a incidência de casos no mês seguinte ............................................................................................ 44 6 RESULTADOS ........................................................................................................ 46 6.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROGRAMA DE MONITORAMENTO POR OVITRAMPAS ........................................................................................................ 46 6.2 CARACTERIZAÇÃO DA OVIPOSIÇÃO .............................................................. 50 6.3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA DURANTE O ESTUDO................................. 53 6.4 CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS DE DENGUE DURANTE O ESTUDO ...... 54 6.5 MODELAGEM DA ASSOCIAÇÃO DA TEMPERATURA COM A OVIPOSIÇÃO .................................................................................................................................. 57 6.5.1 Modelagem de associação do IDO com a temperatura por APS e RA .............. 58 6.5.3 Modelagem de relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) e temperatura, por APS ............................................................................................ 66 6.5.4 Modelagem de relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) e temperatura, por RA ............................................................................................. 70 6.6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA INFESTAÇÃO E OCORRÊNCIA DE CASOS DE DENGUE NO ANO DE 2013 ........................................................................... 75 6.7 MODELAGEM DA ASSOCIAÇÃO DOS CASOS DE DENGUE NOTIFICADOS COM A OVIPOSIÇÃO ............................................................................................ 79 6.7.1 Modelagem da associação dos casos de dengue notificados com o IDO ............ 80 6.7.2 Modelagem da associação dos casos de dengue notificados com o IPO ............ 82 7 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 86 7.1 SOBRE O SISTEMA DE MONITORAMENTO. .................................................... 86 7.2 ASSOCIAÇÃO DA INFESTAÇÃO COM A TEMPERATURA ............................. 88 7.3 ÍNDICE DE INFESTAÇÃO COMO PREDITOR DE INCIDÊNCIA DE DENGUE .................................................................................................................................. 89 7.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 90 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 92 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 93 APÊNDICE A – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDO E TEMPERATURA .......................................... 102 APÊNDICE B – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IPO E TEMPERATURA .......................................... 117 APÊNDICE C – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDO E CASOS DE DENGUE ................................... 127 APÊNDICE D – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IPO E CASOS DE DENGUE ................................... 131 14 1 INTRODUÇÃO O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor de transmissão para uma série de doenças disseminadas nos países do continente americano. Foi erradicado na maior parte do continente durante a década de 1950 e início da década de 1960, mas reintroduzido no final desta mesma década. Hoje, o Ae. aegypti, é considerado uma espécie amplamente distribuída nos trópicos (BARRETO; TEIXEIRA, 2008). Entre as principais doenças carreadas pelo Ae. aegypti está adengue, tida como a mais difundida das doenças virais transmitidas por mosquitos, com uma incidência atual 30 vezes maior do que há 50 anos, constituindo-se um desafio para as agências nacionais e internacionais de saúde (OMS, 2014). A circulação do vírus dengue no continente americano remonta ao século XIX, seguida, porém, de um período de ausência de relatos de casos da doença do início até a metade do século XX. A reemergência ocorreu a partir da década de 1960, com um aumento significativo dos casos a partir da década de 1980. Epidemias expressivas ocorreram nos anos 2000, e atualmente é relatada a cocirculação simultânea dos quatro sorotipos do vírus dengue (DENV1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) no Brasil, Colômbia e México (BARRETO; TEIXEIRA, 2008; OPAS, 2015). A incidência de casos notificados da dengue no continente americano sofreu sucessíveis aumentos com o passar dos anos chegando a uma média 198 casos /100.000 habitantes acumulados até a 21ª semana epidemiológica de 2015. Os países e territórios com a maior taxa de incidência de dengue nas Américas são: Brasil (507,9 casos / 100.000 habitantes), Paraguai (444,5 casos / 100.000 habitantes), Guiana Francesa (399,6 casos / 100.000 habitantes), San Martin (269,6 casos / 100.000 habitantes) e Honduras (234,6 casos / 100.000 habitantes) (OPAS, 2015). No Brasil, a associação entre a ampla dispersão do vetor e a circulação de um ou mais sorotipos do vírus dengue (DENV), contribuíram para o surgimento de epidemias da doença. A primeira delas, ocorrida e contida entre 1981 e 1982, sucedeu em Boa Vista, Roraima, e foi causada pelos sorotipos DENV-1 e DENV-4. A partir de 1986, quando uma epidemia associada ao sorotipo DENV-1 atingiu o Rio de Janeiro e dali se disseminou para capitais do nordeste brasileiro, a dengue tem ocorrido de forma persistente no país, intercalando períodos de epidemias com períodos com baixo número de casos. Em 1990, foi identificada a cocirculação de dois sorotipos no país, o DENV-1 e o DENV-2, este último também com introdução identificada no país pelo Rio de Janeiro. Entre os anos de 1990 e 2000, várias epidemias foram registradas. Em dezembro de 2000, identificou-se a circulação do sorotipo DENV-3 no estado 15 do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de Roraima, em novembro de 2001. E em 2004, 23 dos 27 estados do país apresentaram a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus dengue (NOGUEIRA et al., 2007). A partir de 2010 o sorotipo 4 (DENV-4) ressurgiu, alcançando diversos estados e sendo responsável por grande número de casos em 2012 e 2013 (IPP, 2015; NOGUEIRA; EPPINGHAUS, 2011). Desde 1982, ano em que foi constatada a primeira evidência de uma epidemia de dengue no Brasil, houveram mais de 9 milhões de casos notificados, sendo o ano de 2015 aquele com maior número de casos da história. E há de se considerar que os números oficiais não apreciam casos assintomáticos ou que não foram notificados (BARRETO; TEIXEIRA, 2008; BRASIL, 2016). O número de casos de dengue grave também sofreu um aumento considerável na década de 2000 em comparação com a década de 1990, que coincidiu com anos de grandes epidemias da doença no país (TEIXEIRA et al., 2013). Recentemente foram detectados no Brasil, casos de outras duas doenças transmitidas por mosquitos do gênero Aedes – a chikungunya e a Zika. Ambas são doenças exantemáticas semelhantes à dengue, sendo que a chikungunya também causa nos indivíduos infectados febre alta e fortes dores nas articulações (BRASIL, 2015a). Apesar de usualmente não levar os doentes a óbito, a chikungunya, causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), pode evoluir para quadros neurológicos graves e proporcionar alto grau de morbidade aos pacientes, gerando artralgias que podem durar por meses ou anos, causando dor crônica e incapacidade (STAPLES et al., 2009). Os primeiros casos nos quais o vírus causador da Zika (ZIKV) foi identificado no Brasil ocorreram em março de 2015, sendo que a partir de então uma grande quantidade de casos suspeitos tem sido reportada às autoridades sanitárias, com relatos de complicações neurológicas e possibilidade de relação com ocorrência de microcefalia em bebês nascidos de mães que contraíram Zika durante a gestação, fato que veio a ser confirmado em novembro de 2015 (BRASIL, 2015b, 2015c). Fatores relacionados ao clima (em especial às condições de temperatura ao longo do ano propícias ao vetor), à urbanização desordenada, à coleta e tratamento inadequado de resíduos sólidos, à deficiência de saneamento básico e aos hábitos de vida da população colaboram para a contínua circulação do Ae. aegypti no Brasil (uma vez que o meio urbano, de baixa biodiversidade, é o habitat de preferência dessa espécie), facilitando a transmissão das arboviroses citadas nas regiões do país que possuem clima adequado e população urbana suficiente (BARBOSA, 2011). 16 A prevenção das doenças transmitidas por meio do Ae. aegypti baseia-se atualmente nas medidas de vigilância e controle deste vetor. No Brasil, o Programa Nacional de Controle da Dengue, instituído em 2002, objetiva reduzir a infestação pelo Ae. aegypti, a incidência da dengue e a letalidade por dengue grave, através de um conjunto de componentes que abrangem desde a vigilância epidemiológica e o combate ao vetor até a assistência ao paciente (BRASIL, 2002). Este programa usa como indicadores, tanto de índice de infestação de Ae. aegypti como de mensuração de risco de transmissão de dengue, índices baseados em pesquisas larvária, obtidos através do Levantamento Rápido de Índice Entomológico (LIRAa) (COELHO, 2008) . Paralelamente ao LIRAa, mais recentemente iniciou-se em algumas cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o uso de levantamentos baseados em dados obtidos através das armadilhas de postura de ovos (ovitrampas). Em caráter experimental, ovitrampas e armadilhas para mosquitos adultos têm sido utilizadas como ferramenta de vigilância em diversos municípios brasileiros (BRAGA et al., 2000; MIYAZAKI et al., 2009; PEPIN, et al., 2013; PEPIN et al., 2015). Os dados dessas armadilhas, entretanto, por vezes são subutilizados, a despeito de sua coleta. As vantagens e desvantagens do uso de armadilhas para o monitoramento da população de mosquitos têm sido muito debatidas na literatura. Não existe até o momento, uma definição sobre qual armadilha é melhor para fins de vigilância entomológica do vetor da dengue, e qual a melhor maneira de utilizá-la. Ovitrampas têm sido apontadas como sendo mais sensíveis e de menor custo em comparação com pesquisas larvárias e com outros tipos de armadilhas (CODEÇO et al., 2015). Este estudo tem por objetivo avaliar o uso de ovitrampas para levantamento de dados de infestação de Ae. aegypti e seu potencial de utilização junto à vigilância epidemiológica da dengue no município do Rio de Janeiro. Avaliar a viabilidade deste recurso para a geração de alertas de risco de transmissão de dengue poderá agregar ainda mais valor a esta ferramenta, contribuindo para a sua consolidação como instrumento de obtenção de dados confiáveis sobre a infestação do vetor da dengue no Brasil. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O MOSQUITO AE. AEGYPTI O Ae. aegypti (Diptera: Culicidae) (Linnaeus, 1762) é um artrópode do subgênero Stegomyia encontrado em zonas tropicais e subtropicais, usualmente em latitudes entre 35 ° N e 35 ° S e onde as temperaturas no inverno são acima que 10 ºC (LOBO, 2011). Embora pelo menos cinco espécies de Aedes possam transmitir o vírus dengue, no Brasil o Ae. aegypti é considerado o responsável pela transmissão do vírus dengue . (GRATZ, 2004). O Ae. aegypti, é um dos vetores mais eficientes para a transmissão de arbovírus para seres humanos, com preferência por ambientes internos dos domicílios. É usualmente encontrado em áreas urbanas, especialmente nos bairros mais densamente povoados e se reproduz em recipientes em áreas domésticas e peridomésticas que contenham água limpa (SIVANATHAN, 2006). Os mosquitos dessa espécie possuem hábitos diurnos, com atividade hematofágica antropofílica das fêmeas nos períodos matutino e vespertino. Após cerca de 48 a 96 horas da atividade hematofágica, a fêmea do Ae. aegypti efetua a postura dos ovos próximo a lâminas d’água em uma variedade de criadouros - locais usualmente sombreados e que possam acumular água limpa (CONSOLI; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994). O comportamento de postura de ovos (oviposição) típico das fêmeas do Ae. aegypti, é a oviposição em salto, no qual a fêmea distribui seus ovos em vários locais de reprodução (CORBET ; CHADEE, 1993). Os ovos do Ae. aegypti são bastante resistentes à dessecação, sobrevivendo vários meses em ambientes secos, até que o aparecimento de água propicie a eclosão da larva. O desenvolvimento do mosquito até a vida adulta passa por quatro estágios: fase de ovo, fase aquática (larval e pupa) e fase adulta (CONSOLI; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA et al., 2008). Os ovos do mosquito apresentam uma coloração clara no momento da postura, tornando-se mais escuros, até chegar a coloração negro-brilhante. A fecundação se dá durante a postura e o desenvolvimento do embrião se completa em 48 horas, mas na ausência de água um ovo pode permanecer viável por até 492 dias (SILVA, H.H.G.; SILVA, I.G., 1999; SANTOS, 2008). A fase aquática inicia-se quando o ovo com embriogênese completa entra em contato com a água. A duração da fase larvária depende de vários fatores como a temperatura, a disponibilidade de alimento e a densidade das larvas no criadouro. A eclosão das larvas 18 acontece de forma mais célere em temperaturas de 27 a 30ºC associadas a períodos de aumento de pluviosidade. As larvas se alimentam de material orgânico presente no fundo e nas paredes e em suspensão dentro dos reservatórios. A fase larvária varia em torno de 5 a 7 dias e a fase de pupa dura em torno de 2 a 3 dias em condições propícias (REY, 2011). A grande resistência do ovo à dessecação, associada a um curto ciclo geracional e alta fecundidade/fertilidade, favorece um rápido crescimento populacional em condições propícias para o desenvolvimento do Ae. aegypti. Na fase adulta os mosquitos da espécie apresentam coloração escura, com escamas na cor branca na parte posterior da cabeça e nos segmentos abdominais, e um padrão em forma de lira sobre o dorso (NEVES, 2002). A Figura 1 representa o ciclo de vida dos mosquitos do gênero Aedes: Figura 1: Ciclo de vida do Aedes. Fonte: Hopp MJ and Foley J. Global-scale Relationships between Climate and the Dengue Fever Vector Aedes aegypti. Climate Change. 2001; 48: 441-463 2.2 AEDES ALBOPICTUS O Aedes albopictus (Skuse 1894) é um mosquito originário de áreas de clima temperado e tropical do oriente, que invadiu o continente americano há cerca de 30 anos, tendo sido encontrado no Brasil pela primeira vez no Rio de Janeiro no ano de 1986 (FORATTINI, 1986). Embora sua distribuição territorial no Brasil acompanhe a atividade humana, sua disseminação não depende de grande concentração demográfica como o Ae. aegypti, se espalhando de forma competente em ambiente rural, semissilvestre e silvestre, onde o Ae. aegypti é ausente ou muito raro. Em muitos aspectos sua biologia se assemelha à do mosquito Ae. aegypti, sendo, como 19 ele, um mosquito de hábitos diurnos, com fêmeas hematófagas, e densidade de infestação relacionada diretamente aos índices pluviais. Entretanto, apresenta maior resistência às temperaturas mais amenas (ex.: norte da Ásia), e seus ovos são menos resistentes a dessecação. Utiliza tanto recipientes naturais como artificiais como criadouros (CONSOLI; LOURENÇODE-OLIVEIRA, 1994). O Ae. albopictus possui alta competência vetorial e tem sido motivo de preocupação entre as autoridades de saúde pública dos países recém-infestados, já que é competente para pelo menos 22 arbovírus e provavelmente é um vetor de manutenção da dengue em áreas rurais de países endêmicos no Sudeste da Ásia e em ilhas do Pacífico (GRATZ, 2004 ). No Brasil, o Ae. albopictus encontra-se disseminado em 24 dos 27 estados da federação (CARVALHO et al., 2014 ). Embora ainda não tenha sido reconhecido pelo Ministério da Saúde como vetor do DENV, a infecção de larvas do Ae. albopictus com sorotipos de DENV, recolhidas em duas regiões diferentes país (sudeste e nordeste) já foi descrita na literatura (CASTRO et al., 2004; CECILIO et al., 2009; FIGUEIREDO et al., 2010; MARTINS et al. 2012). Além disso, foi demonstrado em condições laboratoriais, que populações de Ae. albopictus coletadas no país são capazes de infectar-se e transmitir não somente o DENV como o CHIKV e o ZIKV (VEGARÚA et al., 2014; CHOUIN-CARNEIRO et al., 2016). 2.3 PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO AE. AEGYPTI NO BRASIL 2.3.1 Dengue A dengue é uma doença infecciosa, febril e aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes a vertebrados) do gênero Flavivirus, família Flaviridae chamado de vírus dengue (DENV), transmitido por artrópodes do gênero Aedes (BRASIL, 2010a). A importância da dengue para a saúde pública é amplamente conhecida, dada a sua grande magnitude epidemiológica e amplitude demográfica, que levam a grandes epidemias em regiões tropicais e subtropicais do mundo (BARBOSA; LOURENÇO, 2010). São 4 os sorotipos mais conhecidos do vírus causador da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Entretanto, recentemente um novo sorotipo foi identificado, o DENV-5 (MUSTAFA et al., 2014). A cepa e o sorotipo do vírus infectante, o estado imunológico, idade e antecedentes genéticos e humorais do hospedeiro humano e a ocorrência de infecções secundárias por outros sorotipos são fatores que influenciam diretamente na ocorrência da forma grave da doença (SIMMONS et al., 2012). 20 A incubação da doença ocorre por um período de 3 a 14 dias, durando em média 4 a 7 dias. Os sintomas exibem início súbito, podendo seguir três fases: uma fase febril, uma fase crítica durante a redução da febre seguida de uma fase de recuperação espontânea. A fase febril é tipicamente caracterizada por um febre alta (≥38.5 ° C) acompanhada de cefaleia, vômito, dor no corpo, olhos e articulações e, às vezes, manchas vermelhas pelo corpo. Com exceção da febre alta, as crianças geralmente são menos sintomáticas do que os adultos durante esta fase da doença. Podem ser observadas algumas manifestações hemorrágicas leves como petéquias ou hematomas, especialmente em locais de punção venosa, além de fígado palpável. Após 3 a 7 dias, a maior parte dos pacientes se recupera sem complicações (OMS, 2009; SIMMONS et al., 2012). Pacientes que melhoram após a diminuição da febre apresentam a forma não grave da doença. Todavia, pacientes que manifestam indícios de piora no quadro tais como dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdômen, vômitos persistentes, acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, pericárdico), sangramento de mucosas, letargia ou irritabilidade, hipotensão postural (lipotimia) ou hepatomegalia maior do que 2 cm apresentam dengue com sinais de alerta. Esses casos normalmente podem apresentar melhora se houver início rápido da terapia de reidratação intravenosa. Alguns casos, porém, deterioram-se passando a ser classificados como dengue grave (OMS, 2009). No período de defervescência, quando a temperatura cai para 37.5-38ºC ou menos e permanece abaixo deste nível, geralmente entre o 3º e 7º dia de doença, pode haver o aumento da permeabilidade capilar em associação com o aumento dos níveis de hematócrito, o que marca o início da fase crítica - a dengue grave. O período em que ocorre extravasamento de plasma clinicamente importante normalmente dura 24-48 horas. A perda de plasma geralmente é antecedida por leucopenia progressiva seguida por um rápido decréscimo do número de plaquetas. Neste ponto, pacientes nos quais não houve aumento na permeabilidade capilar irão melhorar, enquanto aqueles com aumento da permeabilidade capilar apresentam piora do quadro à medida em que perdem volume (SIMMONS et al., 2012). A fase de recuperação espontânea acontece com o retorno da permeabilidade vascular a níveis normais, o que ocorre espontaneamente depois de cerca de 48 a 72 horas, e condiz a uma rápida melhoria dos sintomas do paciente. Erupções cutâneas podem aparecer durante a fase de recuperação. Adultos podem ter profunda fadiga durante várias semanas após a recuperação (SIMMONS et al., 2012). 21 2.3.2 Chikungunya A chikungunya é uma doença febril aguda ocasionada por um arbovírus do gênero Alphavirus da família Togaviridae, o vírus chikungunya (CHIKV). O CHIKV foi identificado pela primeira vez na década de 1950 durante uma epidemia de uma doença com características semelhantes à dengue na Tanzânia. Entre 1960 e 2003 pequenos surtos da doença ocorreram em países da Ásia e da África até que em 2004 uma grande epidemia de chikungunya começou no Quênia e se espalhou durante os 4 anos seguintes por diversos países da África, sudeste da Ásia e ilhas do Oceano Índico (POWERS; LOGUE, 2007). Indivíduos infectados por esta doença apresentam como sintomas clássicos: febre alta (acima de 38,9ºC), erupção cutânea e poliartralgia. O quadro febril possui duração variando de alguns dias até 2 semanas (em média 10 dias) e natureza bifásica (embora nos surtos ocorridos entre 2005 e 2007 não tenham sido relatados episódios de febre bifásica nos pacientes) (POWERS; LOGUE, 2007; STAPLES et al., 2009). Após o aparecimento da febre, grande parte dos doentes desenvolve dores intensas e debilitantes nas articulações, geralmente simétricas e atingindo mais comumente dedos, punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos, que podem durar de semanas a meses. É comum ocorrer também artrite, com edemaciamento das articulações e parestesia da pele sobre as articulações afetadas. Outros sintomas comumente relatados incluem cefaleia, fotofobia, náuseas, vômitos, fraqueza e mialgias. Como esses são sintomas de diversas outras doenças infecciosas comuns em regiões tropicais, incluindo dengue, existe a possibilidade do número de casos de chikungunya ser maior do que o relatado (STAPLES, et al., 2009). Algumas apresentações clínicas atípicas foram relatadas em pacientes com comprovação sorológica de infecção pelo CHIKV, nos surtos de chikungunya ocorridos, incluindo um caso de miocardite seguido de insuficiência cardíaca congestiva no Sri Lanka em 1972. Houve também relatos de manifestações hemorrágicas em alguns dos surtos da doença no decorrer dos anos, mas sua documentação é bastante irregular, com alguns dos infectados com manifestações hemorrágicas apresentando anticorpos também para o vírus dengue (POWERS; LOGUE, 2007). No Brasil, os primeiros casos de transmissão autóctone de chikungunya foram identificados entre junho e setembro de 2014, nas cidades de Feira de Santana (BA) e Oiapoque (AM) respectivamente. Os genótipos do CHIKV responsáveis pela infecção nas duas cidades são diferentes, sendo o de Oiapoque o genótipo asiático e o de Feira de Santana o Centro-LesteSul-Africano (ECSA) (NUNES et al., 2015). Entre 2014 e 2015, mais de 24.300 casos de 22 chikungunya foram notificados no país (BRASIL, 2015a). As medidas de vigilância epidemiológica propostas até o momento pelo Ministério da Saúde envolvem a vigilância e controle entomológico e monitoramento dos casos incidentes de chikungunya (BRASIL, 2014a). 2.3.3 Zika O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviridae. Foi isolado pela primeira vez em 1947, em cérebros de camundongos inoculados com sangue de um macaco Rhesus que se encontrava doente. Embora em seu ciclo silvestre a Zika seja transmitida por diversas espécies de mosquitos do gênero Aedes, em 1956 foi demonstrada a transmissão do ZIKV por mosquitos Ae. aegypti para ratos e camundongos em laboratório (FREIRE, 2014; HAYES, 2009) . Da sua descoberta até meados da década de 2000, foram relatados poucos casos da doença, até quem 2007, um surto de Zika acometeu a ilha de Yap, na Micronésia e subsequentemente, em 2013 foi registrada uma epidemia na Polinésia Francesa, com estimativa de mais de 32000 casos da doença (DUFFY et al., 2009; MALLET et al., 2015). No Brasil, os primeiros casos da doença foram identificados em março de 2015, sendo que em 14 de maio de 2015 foi confirmada a circulação do ZIKV no Brasil, com casos na Bahia e no Rio Grande do Norte. (BRASIL, 2015b). Em outubro, o vírus se espalhou para pelo menos 14 estados brasileiros, e em dezembro de 2015, o Ministério da Saúde estimou que até 1,3 milhão de casos suspeitos teriam ocorrido. Ainda em outubro de 2015, a Colômbia informou a primeira transmissão autóctone de ZIKV fora do Brasil na América Latina. Até 3 de março de 2016, um total de 51.473 casos suspeitos Zika haviam sido relatados no Brasil. Até março de 2016, o vírus havia se espalhado para pelo menos 61 países e territórios em todo o mundo, segundo relatório da OPAS/OMS (2016). Humanos infectados por ZIKV desenvolvem sintomas com características semelhantes às da dengue, mas usualmente mais brandas. As manifestações clínicas envolvem o exantema macopapular no rosto, tronco e membros como característica diferencial, mas os infectados também costumam desenvolver dor de cabeça, mal-estar, febre transitória (em torno de 1 a 2 dias) e dores no corpo. Outras manifestações incluem anorexia, diarreia, constipação, dor abdominal, tonturas, prurido, conjuntivite e artralgia. Com menos frequência pode haver dor retro-orbital, edema e vômito. A doença tende a ser leve e autolimitada, com os sintomas desaparecendo após cerca de uma semana, sem aparentes complicações (HAYES, 2009). Todavia, a infecção por ZIKV tem sido associada a desordens com acometimentos neurológicos 23 em pacientes que sofreram a doença e a casos de microcefalia em bebês cujas mães foram acometidas pelo vírus durante a gestação, em especial no primeiro trimestre (OPAS/OMS, 2016). Em outubro de 2015, pesquisadores brasileiros observaram um aumento no número de bebês nascidos com microcefalia (condição caracterizada por perímetro cefálico menor do que o esperado para a idade) nas regiões onde foi constatada pela primeira vez a presença de casos de Zika. Até meados de fevereiro de 2016, mais de 4300 casos suspeitos de microcefalia haviam sido relatados no Brasil, embora o número de casos possa ser menor devido à baixa especificidade dos critérios iniciais utilizados para identificação dos casos. Após a divulgação da possibilidade de associação entre casos de microcefalia em bebês e a infecção por ZIKV nas mães desses bebês, foi realizada uma investigação retrospectiva do surto de Zika da Polinésia Francesa, na qual foi constatado um aumento do número de anomalias fetais, incluindo microcefalia, após o referido surto (CAUCHEMEZ et al., 2016; OPAS/OMS, 2016; SCHULER-FACCINI, et al., 2016; VICTORA et al., 2016). A importância desse vírus como potencial problema de saúde pública foi renegada durante muitos anos, embora estudos já indicassem seu tropismo por células neurológicas em animais, bem como a possibilidade de sua disseminação em condições favoráveis. (BELL, et al., 1971; WEAVER; REISENB, 2009). Complicações neurológicas associadas a Zika foram relatadas pela primeira vez em 2013, na Polinésia Francesa. Durante a epidemia, 74 pacientes apresentaram complicações neurológicas ou autoimunes após manifestarem sintomas consistentes com infecção por ZIKV, sendo que 42 desses casos foram classificados como Síndrome de Guillain-Barré (OPAS/OMS, 2016). Além da transmissão por mosquitos do gênero Aedes e da transmissão vertical do ZIKV nos casos de anomalias fetais, há evidências significativas para transmissão por contato sexual através do sêmen (BESNARD, et al., 2014; FOY, et al., 2011; MUSSO et al., 2015). Além das medidas de prevenção e controle já adotadas para a dengue e chikungunya no Brasil, a partir de outubro de 2015 houve a intensificação das ações de combate ao Ae. aegypti. Foi estabelecida também a destinação de recursos federais para pesquisas relacionadas ao ZIKV, para a produção e distribuição de testes diagnósticos para a doença, e para programas de diagnóstico e acompanhamento de casos de microcefalia no país (BRASIL, 2016). 24 2.4 FATORES QUE MODULAM A TRANSMISSÃO O ciclo de transmissão de uma arbovirose inicia-se quando a fêmea do mosquito susceptível ingere sangue infectado pelo vírus, de uma pessoa no período da viremia. A partir desse momento, inicia-se o processo de replicação viral dentro dos tecidos e órgãos do vetor infectado (chamado período de incubação extrínseco) até chegar à glândula salivar do mosquito, quando pode ocorrer a inoculação do vírus em um hospedeiro humano susceptível por meio de uma picada, fechando o ciclo de transmissão (GUBLER; KUNO, 1997; SALAZAR et al., 2007). A capacidade vetorial diz respeito à eficiência com a qual um vetor artrópode transmite um agente patogênico a uma população susceptível (KLEMPNER, et al., 2007). A definição básica desse conceito é dada por Garrett-Jones (1964), e menciona que capacidade vetorial é o número médio de contatos potencialmente infectivos feitos por uma população de vetores, originário de um único caso, por unidade tempo. Segundo Lourenço-de-Oliveira (2015), vetores com alta capacidade vetorial são capazes de desencadear e manter a transmissão de uma doença em um local. No contexto da dengue, a capacidade vetorial é a velocidade com que determinado sorotipo do vírus seria capaz de se disseminar entre humanos susceptíveis às custas das populações naturais de Ae. aegypti ou Ae. albopictus em uma localidade. O cálculo da capacidade vetorial considera a longevidade e sobrevivência diária das fêmeas do mosquito ao período de incubação extrínseco, a susceptibilidade do vetor ao vírus, a frequência de picadas infectantes (que contém o vírus) e a densidade populacional do vetor. (LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 2015). A sobrevivência diária das fêmeas depende de condições externas (como temperatura, umidade relativa e fontes de repasto sanguíneo, necessidade de deslocamento), e de fatores intrínsecos ao mosquito, como a capacidade sobrevivência ao período de incubação extrínseco (que depende de características genéticas e fisiológicas). A competência vetorial corresponde ao percentual de indivíduos de uma população de vetores que ingeriu o vírus, foi infectada e se tornou infectiva, após o período de incubação extrínseco. Tanto a capacidade como a competência vetorial são processos dinâmicos e, portanto, dependem de condições ambientais, da variabilidade genética das populações e das interações entre vetor e vírus (LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 2015). Uma meta-análise publicada em 2014 avaliou dados de 49 estudos sobre fatores que influenciam a variação da taxa de desenvolvimento do Ae. aegypti. Os autores dessa metaanálise sugeriram que a temperatura “é o fator determinante ecológico mais importante da taxa de desenvolvimento em Ae. aegypti” (COURET; BENEDICT, 2014) . Mohammed e Chadee 25 (2011) em um estudo para determinar os efeitos do aumento das temperaturas da água no desenvolvimento de estágios imaturos de Ae. aegypti averiguaram que este mosquito pode potencialmente se tornar um vetor eficiente com capacidade de adaptação às faixas mais altas de temperatura (que podem encurtar os períodos de incubação extrínseco para arbovírus). Tun-Lin et al. (2000), testaram a influência da temperatura na quantidade de fêmeas nascidas de Ae. aegypti e verificaram um aumento em relação aos machos na proporção de 4:3, a uma temperatura constante de 30ºC. Yang et al. (2009) averiguaram, em um experimetno laboratorial simulando as condições naturais do habitat do Ae. aegypti, que as taxas de oviposição crescem de forma linear entre 15 e 30 ºC. Watts e Burke (1987) constataram que o período de incubação extrínseco do arbovírus dentro do organismo do mosquito reduz de acordo com o aumento da temperatura. Estes achados sugerem que a temperatura é um fator abiótico que afeta diretamente o ciclo de transmissão da dengue. 2.5 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE NO BRASIL E NO RIO DE JANEIRO As epidemias de dengue apresentam comportamento cíclico, intercalando anos com altas e baixas incidências. A incidência de casos de dengue também varia de forma sazonal, aumentando nos períodos de alta pluviosidade, e de temperaturas mais elevadas. Além disso, a propagação da dengue é facilitada devido à globalização que acarreta aumento da intensidade de tráfego de pessoas (SOUZA et al., 2010). A primeira epidemia recente de dengue, após a reinvasão do país pelo Ae. aegypti na década de 70, foi 1982, em Roraima, pelos sorotipos DENV-1 e DENV-4, que logo foi contida. Todavia, foi somente com a introdução do DENV-1 no Rio de Janeiro, em 1986, que a doença tomou maiores proporções no país (SANTOS, 2008). Entre 1982 e 1998 houve disseminação de Ae. aegypti para todos os estados brasileiros, sendo que em 23 deles já havia transmissão de dengue estabelecida nesta data (NOGUEIRA et al., 2007). A partir de 1994, epidemias de dengue passaram a ocorrer de forma periódica até o presente. Em 2013, última data de registros consolidados de dengue no país, foram notificados 1.470.487 casos da doença em todo Brasil. No ano de 2013 a região sudeste apresentou o maior número de casos notificados (926.595) (BRASIL, 2014b). A primeira confirmação laboratorial do vírus dengue no Brasil ocorreu no estado do Rio de Janeiro em abril de 1986, pelo Laboratório de Flavivirus do Instituto Oswaldo Cruz. Obtevese o isolamento do vírus DENV-1 oriundo de pacientes com doença exantemática, cujas amostras foram coletadas durante uma epidemia explosiva na mesma época em Nova Iguaçu, 26 município pertencente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Do Rio de Janeiro, houve uma rápida propagação do vírus para outros estados, facilitada pela alta infestação do vetor, resultando em epidemias com características semelhantes à do Rio de Janeiro, ainda sem a presença de casos de dengue grave e com a circulação apenas de um sorotipo (DENV 1) (NOGUEIRA et al., 2007). Em 1990 houve outra epidemia, com duas ondas. Nessa epidemia identificou-se dois sorotipos (DENV-1 e DENV-2) e no período em que o DENV-2 foi predominante houve uma proporção significativamente maior de pacientes com trombocitopenia e pacientes com necessidade de hospitalização (NOGUEIRA et al., 1993). Em janeiro de 1998 ocorreu uma nova epidemia no vale do rio Paraíba no estado do Rio de Janeiro e rapidamente se espalhou para outros municípios. O sorotipo DENV-2 propagou-se do Rio de Janeiro para diferentes partes do país, com surtos manifestando formas clínicas mais graves em comparação com os surtos anteriores do sorotipo DENV-1. Em 2000 isolou-se o sorotipo DENV-3, a partir de um caso de dengue clássico e do vetor Ae. aegypti coletado no campo (DE SIMONE, NOGUEIRA et al., 2004). A introdução do sorotipo DENV-3 aumentou de forma substancial o número de casos notificados 2001 e 2002, bem como a quantidade de casos de dengue grave (NOGUEIRA et al., 2007). Em 2010 o sorotipo 4 (DENV-4) ressurgiu em Roraima, com cerca de 20 casos confirmados neste estado. A partir de então, o vírus alcançou dois estados da Região Norte, Amazonas e Pará, em janeiro; em março, o vírus foi detectado na região Nordeste, no Piauí, Pernambuco, Bahia e Ceará, e também na Região Sudeste, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Na epidemia de 2013 este sorotipo foi responsável por grande parte dos casos confirmados no Rio de Janeiro (NOGUEIRA; EPPINGHAUS, 2011; RIO DE JANEIRO, 2015). A relação dos fatores socioambientais com a proliferação do vetor e a consequente disseminação da doença no Brasil e no Rio de Janeiro têm sido objeto de discussão há bastante tempo (COSTA, 1998; MONDINI; CHIARAVALLOTI-NETO, 2008; TEIXEIRA; CRUZ, 2011). São múltiplos os fatores condicionantes para a multiplicação e disseminação do vetor nos dias atuais, tais como o aumento populacional nas áreas urbanas, as condições precárias de habitação em aglomerados subnormais de grandes cidades, e irregularidade de acesso a serviços de saneamento (TAUIL, 2002). Esses mesmos fatores condicionantes ecoam no município do Rio de Janeiro, uma cidade com características semelhantes a outros grandes centros urbanos brasileiros. 27 2.6 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E CONTROLE DO AE. AEGYPTI NO BRASIL As ações de controle do Ae. aegypti no Brasil tiveram início nas primeiras décadas do século XX, devido as epidemias de febre amarela urbana que ocorriam no país. Durante a primeira metade do século XX, sucessivas ações de controle vetorial levaram à erradicação do vetor em 1955. Após esse marco, entretanto, a descontinuidade das ações de vigilância e controle entomológico acabaram por resultar na reintrodução do Ae. aegypti no país, em 1967. Nesse ano, o programa de ações de erradicação foi iniciado sob a responsabilidade da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), e em 1990 a coordenação passou à da Fundação Nacional de Saúde, através do Programa Nacional de Controle da Febre Amarela e Dengue (BRAGA; VALLE, 2007; BRASIL, 2001) Em 1996, em virtude da grande ocorrência de dengue no país, e do surgimento de casos de dengue hemorrágica, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa), que preconizava ações integradas com diversos ministérios, contemplando nove áreas de atuação que abrangiam desde entomologia e operações de campo de combate ao vetor até ações relacionadas a saneamento, vigilância epidemiológica e sistema de informações, suporte laboratorial , treinamento de pessoal e legislação de suporte. Todavia, em 2001 foi constatado que esse plano não impediu o aumento do número de casos de dengue e nem a propagação territorial da infestação, talvez devido à descontinuidade das ações de combate ao vetor ou ao fato das ações não terem sido universalizadas para cada município (BRAGA; VALLE, 2007). A partir de julho de 2001, com a implantação do Plano de Intensificação das Ações de Controle da Dengue (PIACD), modificou-se o foco da erradicação para o controle do vetor, aumentando a atenção aos municípios com maior transmissão de dengue, escolhidos com base nos Índices de Infestação Predial e nos dados de incidência de dengue de 2000/2001(BRASIL, 2002). Em 2002 ocorreu a implantação do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), em continuidade ao PIACD, também com focos em municípios prioritários (com mais casos de dengue), visando a modificação dos modelos anteriores em uma série de aspectos como (BRASIL, 2002): A elaboração de programas permanentes, (uma vez que a erradicação do mosquito a curto prazo é tecnicamente impossível); 28 O desenvolvimento de campanhas que objetivem a informação e mobilização da população na manutenção de seu ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor; A ampliação da capacidade de predição e detecção precoce de surtos da doença por meio do fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica; A melhoria da qualidade do trabalho de campo no combate ao vetor; a integração das ações de controle da dengue na atenção básica; A utilização de instrumentos legais a fim de facilitar a eliminação de criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas e etc.; O incentivo à destinação adequada de resíduos sólidos e à utilização de recipientes seguros para armazenagem de água, por meio de ações multissetoriais; O desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, Estados e Municípios. A pesquisa larvária é o método de escolha do PNCD no monitoramento da infestação de Ae. aegypti em espaços urbanos. Existem formas diversas de se realizar o levantamento de índices larvários, de maneira a se obter amostras representativas do total de domicílios. Uma delas é o Levantamento de Índice Amostral (LIA) que é o levantamento do índice larvário “em uma amostra de imóveis do município de modo a apresentar significância estatística”, e que vem sendo usado no Brasil desde a década de 1980 (BRASIL, 2009). O método de levantamento entomológico desenvolvido e utilizado pelo PNCD desde 2003 é o Levantamento Rápido de Índice de Infestação (LIRAa), que monitora a densidade larvária através do Índice de Breteau (IB) e do Índice de Infestação Predial (IIP) e, utilizando como unidade de análise amostras representativas de aglomerados intraurbanos. O IB é a quantidade total de recipientes contendo larvas de Ae. aegypti em cada 100 residências (BRETEAU, 1954). Já o IIP corresponde ao percentual de domicílios positivos para larvas de Ae. aegypti entre os domicílios examinados (CONNOR; MONROE, 1923). Municípios de médio e grande porte devem realizar este levantamento 3 vezes ao ano. O LIRA é realizado de forma simultânea em todos os muncipios que participam do levantamento. Para tal, o município é dividido em grupos de 8100 a 12000 imóveis (estratos) e, desses, 450 imóveis sorteados são verificados. Quando os índices de infestação predial são inferiores a 1% em um determinado estrato, este é considerado como estando em condições 29 satisfatórias. Estratos com índices entre 1% a 3,9% estão em situação de alerta. E para índices superiores a 4% há risco de surto de dengue. O LIRAa não só produz esses indicadores larvários, mas também auxilia na identificação dos criadouros preferenciais do mosquito. Esse método de levantamento foi desenvolvido de forma a simplificar a disposição das informações entomológicas a fim de atender às necessidades dos gestores e profissionais que operacionalizam o programa. Embora o LIRAa produza resultados mais ágeis que os levantamentos tradicionais, têm sido levantadas questões conexas a pertinência de se relacionar índices larvários com níveis de transmissão de dengue, levando em conta que os índices de infestação são apenas uma parte componente da equação que viabiliza a transmissão. Todavia, em função da factibilidade do método, programas de combate vetorial continuam utilizando índices larvários. (BRASIL, 2009; COELHO, 2008). Desde 2003 o país tem implementado o modelo da Estratégia de Gestão Integrada para Prevenção e Controle da Dengue (EGI-Dengue) com base na resolução CD44.R9 da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), um modelo de gestão com foco na redução da morbidade, mortalidade e ônus social gerados pelas epidemias de dengue, por intermédio de ações integradas entre o setor de saúde e outros setores que sejam impactados de forma indireta pela transmissão da doença dentro dos países (BRAGA; MARTIN, 2015). Em 2009, as diretrizes desse modelo foram incluídas no Plano de Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (BRASIL, 2009). Segundo Braga e Martin (2015), uma avaliação do PNCD realizada pela OPAS revelou a necessidade da realização de ajustes no programa para melhoria das ações de prevenção e controle da dengue. 2.7 OVITRAMPAS As ovitrampas surgiram na década de 1960 nos Estados Unidos, desenvolvidas por Fay e Perry (1965), com o objetivo de monitorar populações de Ae. aegypti. É uma armadilha simples, composta de um recipiente de cor escura contendo água ou infusão de feno e um suporte para postura de ovos. A Figura 2 mostra os componentes básicos de uma ovitrampa. Algumas variações dessa mesma armadilha utilizam substâncias que aumentam a atratividade para fêmeas grávidas do mosquito (SANTOS, 2008). De acordo com Braga et al. (2000), a principal vantagem da ovitrampa é a capacidade de detectar precocemente a presença de Aedes ssp., comparada à pesquisa larvária. 30 Figura 2: Armadilha de postura de ovos. Fonte: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=21 35&sid=32&tpl=printerview Fay e Eliasson (1966) avaliaram a sensibilidade da ovitrampa para a detecção de Ae. aegypti e constataram que essa armadilha configura-se um método rápido, econômico e sensível para determinar a presença de fêmeas adultas em uma determinada área. Outros estudos apresentaram os mesmos resultados ao comparar a armadilha de postura de ovos a outras armadilhas e a outros tipos de levantamentos (CODEÇO et al., 2015; MORAIS, 2009). Dentre os aspectos que contribuem para a eficiência dessa armadilha destaca-se a possibilidade de estimar mais fidedignamente os níveis de infestação do que, por exemplo, a pesquisa larvária (SANTOS, 2008). O uso de ovitrampas como preditor em sistemas de alerta precoce para epidemias de dengue tem sido discutido por diversos pesquisadores (BOWMAN et al., 2014; CODEÇO et al., 2015; FOCKS, 2003; PESSANHA et al., 2014). Focks (2003) ressalta a importância dos dados espaçotemporais obtidos através do uso de armadilhas de postura de ovos, bem como sua maior sensibilidade em relação aos índices de pesquisa larvária, especialmente quando as populações do mosquito são baixas. Todavia esse mesmo autor ressalta que o uso de armadilhas de postura de ovos não tem sido considerado um bom preditor durante grandes epidemias, pois além da quantidade de ovos colocados variar de uma fêmea para outra (dificultando correlacionar o número de ovos por armadilha com o número de fêmeas adultas postando ovos na região), uma mesma fêmea pode colocar ovos em diversas armadilha. E há o fato de que com altas densidades populacionais de Ae. aegypti (como nos momentos de grandes epidemias, por exemplo), pode ocorrer a saturação de uma armadilha, ou a visita à mesma ovitrampa por 31 várias fêmeas em poucos dias, o que levaria à perda da correlação entre o número provável de fêmeas aladas e o número de armadilhas positivas (FOCKS, 2003). Em contrapartida, pesquisas recentes sugerem que as ovitrampas são boas fontes de dados precoces sobre a presença do vetor, com maior sensibilidade ao Ae. aegypti que armadilhas para mosquitos adultos, podendo indicar a necessidade de, por exemplo, ampliar as medidas para controle do vetor (HONÓRIO et al., 2009a; PESSANHA et al., 2014). Além disso, Codeço et al. (2015) evidenciaram que os indicadores baseados em ovitrampas conseguem acompanhar bem a dinâmica temporal de infestação, sendo altamente correlacionados com os índices baseados em armadilhas de adultos. Alguns municípios têm implementado metodologias alternativas ao LIRAa, utilizando armadilhas no acompanhamento da infestação de Ae. aegypti. Em Belo Horizonte (MG), a Secretaria Municipal de Saúde realiza quinzenalmente, desde agosto de 2002, o monitoramento das cerca de 1.700 ovitrampas espalhadas pelas nove regionais da cidade, com distância de 400 metros entre as armadilhas (BELO HORIZONTE, 2015). Em João Pessoa (PB), ovitrampas têm sido utilizadas desde 2014 para observar a infestação do vetor no município e com o objetivo de direcionar as ações de controle. Em Vitória (ES), além do monitoramento da infestação por meio de ovitrampas, são utilizadas armadilhas de captura de fêmeas adultas do mosquito Ae. aegypti. Porto Alegre (RS), Cubatão (SP), Juiz de Fora (MG) e outros municípios também têm utilizado essa armadilha como método alternativo de monitoramento de infestação do vetor da dengue. No Rio de Janeiro (RJ), ovitrampas são utilizadas pela Vigilância Ambiental em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde como método complementar ao LIRAa desde 2012. Ao todo, cerca de 3410 ovitrampas encontram-se distribuídas em todos os bairros do município. 32 3 JUSTIFICATIVA A geração de indicadores rápidos de alerta para o risco de dengue permite agilizar o processo de tomada de decisão na vigilância da doença, bem como a alocação de recursos materiais e humanos de forma otimizada. Desde 2014, o Projeto Alerta Dengue, desenvolvido como uma parceria entre academia e Prefeitura, apresenta um enfoque no monitoramento conjunto dos dados de incidência da doença, índices de infestação do Ae. aegypti, e indicadores climáticos, integrando metodologias de análise de séries temporais e espaciais a fim de gerar um sistema de alerta em tempo real para dengue. Neste contexto, o uso de armadilhas de postura de ovos apresenta-se com uma alternativa viável, de baixo custo e sensível para monitoramento da infestação do Ae. aegypti. Sendo assim, analisar o uso dos indicadores gerados por armadilhas de postura de ovos e propor modelo para a geração de alertas de risco de aumento de infestação e de transmissão de dengue com base nestes indicadores poderá agregar ainda mais valor a esta ferramenta, contribuindo para a sua consolidação como instrumento de obtenção de dados confiáveis sobre a infestação do vetor da dengue no Brasil. 33 4 OBJETIVO GERAL Analisar o uso de indicadores de infestação gerados por armadilhas de postura de ovos de Ae. aegypti para geração de alerta precoce para casos de dengue no município do Rio de Janeiro. 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Caracterizar o programa monitoramento da infestação por Ae. aegypti por ovitrampas realizado no município do Rio de Janeiro; • Analisar a associação entre os índices de infestação de Ae. aegypti mensurados por ovitrampas e a variação da temperatura no município do Rio de Janeiro; • Analisar a associação entre a incidência de casos de dengue e os índices de infestação de Ae. aegypti mensurados por ovitrampa no mês anterior. 34 5 MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO: Estudo ecológico analítico, elaborado a partir de base de dados secundária, tendo como unidade de análise o município do Rio de Janeiro, e sua subdivisão em Áreas Programáticas da Saúde (APSs) e Regiões Administrativas (RAs), objetivando investigar a possibilidade de associações entre os índices de infestações do vetor Ae. aegypti mensurada por armadilhas de postura de ovos, temperatura e a incidência da dengue, para a geração de um sistema de alerta precoce para casos da doença. 5.2 ÁREA DE ESTUDO O Rio de Janeiro é a capital do estado homônimo, e possui uma área de cerca 1200 km². Com uma população de aproximadamente 6.453.680 habitantes, é a segunda cidade com maior população do Brasil (BRASIL, 2010). Com a finalidade de otimizar administração municipal, a cidade do Rio de Janeiro é particionada em dez APSs e 33 RAs, organizadas em conjuntos de bairros geograficamente próximos uns dos outros, com diferentes níveis de necessidades de ações governamentais. A Figura 3 mostra a distribuição das APSs e RAs no município. A Tabela 1 apresenta a divisão dos bairros, segundo APS e RA. Figura 3: Delimitação das APSs, RAs e bairros do município do Rio de Janeiro. Fonte: Instituto Pereira Passos (IPP), 2012. 35 Tabela 1: Divisão dos bairros no município do Rio de Janeiro, por APS Região Administrativa Bairro APS 1 I Portuária Saúde Gamboa Santo Cristo Caju II Centro Centro Lapa III Rio Comprido Catumbi Rio Comprido Cidade Nova Estácio VII São Cristóvão São Cristóvão Mangueira Benfica Vasco da Gama XXI Paquetá Paquetá XXIII Santa Teresa Santa Teresa APS 2.1 IV Botafogo Flamengo Glória Laranjeiras Catete Cosme Velho Botafogo Humaitá Urca V Copacabana Leme Copacabana VI Lagoa Ipanema Leblon Lagoa Jardim Botânico Gávea Vidigal São Conrado XXVII Rocinha Rocinha APS 2.2 VIII Tijuca Praça da Bandeira Tijuca Alto da Boa Vista IX Vila Isabel Maracanã Vila Isabel Andaraí Grajaú APS 3.1 Zumbi XX Ilha do Govern. Cacuia Pitangueiras Praia da Bandeira Cocotá Bancários Freguesia Jardim Guanabara Jardim Carioca Tauá Moneró Portuguesa Galeão Cidade Universitária Fonte : IPP ,2010. Região Administrativa Bairro APS 3.1 XX Ilha do Ribeira Governador Manguinhos X Ramos Bonsucesso Ramos Olaria XXX Maré Maré XXIX Comp. do Complexo do Alemão Alemão XI Penha Penha Penha Circular Brás de Pina XXXI Vigário Geral Cordovil Parada de Lucas Vigário Geral Jardim América APS 3.2 XIII Méier Jacaré São Francisco Xavier Rocha Riachuelo Sampaio Engenho Novo Lins de Vasconcelos Méier Todos os Santos Cachambi Engenho de Dentro Água Santa Encantado Piedade Abolição Pilares XXVIII Jacarezinho Jacarezinho XII Inhaúma Higienópolis Maria da Graça Del Castilho Inhaúma Engenho da Rainha Tomás Coelho APS 3.3 XIV Irajá Vila Cosmos Vicente de Carvalho Vila da Penha Vista Alegre Irajá Colégio XV Madureira Campinho Quintino Bocaiúva Cavalcanti Engenheiro Leal Cascadura Madureira Vaz Lobo Turiaçu Rocha Miranda Honório Gurgel Oswaldo Cruz Bento Ribeiro Marechal Hermes Região Administrativa Bairro APS 3.3 XXII Anchieta Guadalupe Anchieta Parque Anchieta Ricardo de Albuquerque XXV Pavuna Coelho Neto Acari Barros Filho Costa Barros Pavuna Parque Colúmbia APS 4 XVI Jacarepaguá Jacarepaguá Anil Gardênia Azul Curicica Freguesia (Jacarepaguá) Pechincha Taquara Tanque Praça Seca Vila Valqueire XXXIV Cid. de Deus Cidade de Deus XXIV Barra da Tijuca Joá Itanhangá Barra da Tijuca Camorim Vargem Pequena Vargem Grande Recreio dos Bandeirantes Grumari XVII Bangu APS 5.1 Padre Miguel Bangu Senador Camará Gericinó XXXIII Realengo Deodoro Vila Militar Campo dos Afonsos Jardim Sulacap Magalhães Bastos Realengo APS 5.2 XVIII Campo Grande Santíssimo Campo Grande Senador Vasconcelos Inhoaíba Cosmos XXVI Guaratiba Guaratiba Barra de Guaratiba Pedra de Guaratiba APS 5.3 XIX Santa Cruz Paciência Santa Cruz Sepetiba 36 5.3 FONTE DE DADOS Os dados de infestação por Ae. aegypti foram disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que realiza monitoramento por meio de cerca de 3410 ovitrampas georreferenciadas em todo o município desde 2012. As ovitrampas consistem em um recipiente plástico, com 300 ml de infusão de feno e uma palheta de aglomerado de polpa de madeira apoiada na parede do recipiente, que serve como base para que a fêmea do mosquito coloque os ovos. As ovitrampas são instaladas uma vez por mês e retiradas após 7 dias no domicílio, quando são levadas para o laboratório de entomologia do município onde é contabilizado o número de ovos. Em seguida, esses ovos são alocados para eclosão e as larvas que nascem são identificadas por espécie (Ae. aegypti, Ae. albopictus ou outras) e contadas, mantendo o registro dos dados em planilhas de formato eletrônico. Nessas planilhas são encontradas as seguintes variáveis: APS; território; código da armadilha; logradouro; número do domicílio; bairro; tipo do local de instalação (urbana ou comunidade); quadra; longitude; latitude; data de instalação; data de retirada; data de entrega no laboratório; número de ovos; número de palhetas positivas; número de palhetas recolhidas; número de palhetas perdidas; número de larvas Ae. aegypti; número de larvas Ae. albopictus; número de outras larvas; total de larvas; taxa de eclosão; IPO; IDO; bairro de instalação/retirada e taxa de densidade Ae. aegypti. Todavia, parte das variáveis constantes nas planilhas não foram preenchidas, foram preenchidas de forma incompleta, ou traziam informações que não eram pertinentes ao estudo e por esses motivos não foram utilizadas. A Figura 4 representa a distribuição das ovitrampas instaladas no município do Rio de Janeiro. Figura 4: Distribuição das ovitrampas no município do Rio de Janeiro. 37 Os dados de incidência de casos de dengue utilizados são provenientes da base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizado para esse estudo pelo Projeto InfoDengue (Alerta Dengue). Os critérios de inclusão são: casos suspeitos ou confirmados de dengue, dengue com sinais de alerta ou dengue grave, no período de janeiro de 2011 a maio de 2015 no município do Rio de Janeiro. Para cada caso, as variáveis utilizadas foram: data de notificação, bairro de residência e, quando disponível, as coordenadas geográficas do local de residência. As informações de temperatura utilizadas são oriundas de 4 estações meteorológicas, localizadas em aeroportos no município: Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão Antônio Carlos Jobim (localizado na Ilha do Governador), Aeroporto do Rio de Janeiro - Santos Dumont (localizado no Centro), Aeroporto de Jacarepaguá - Roberto Marinho (localizado na Barra da Tijuca) e a Base Aérea dos Afonsos – base da Força Aérea Brasileira (localizada em Campo dos Afonsos). A Tabela 2 apresenta o resumo dos dados por unidade de análise e tempo para os quais estes se encontram disponíveis: Tabela 2: Dados disponíveis para análise por unidade de análise espacial e temporal. Tipo de Resolução espacial Período Dado Resolução Temporal Temperatura 4 aeroportos (Rio de Janeiro) jan. /2010 a jan. /2016 Diária Ovitrampa Georreferenciadas fev. /2013 a set./2015 Mensal Casos de Bairro jan. /2013 a dez./2015 Mensal Georreferenciados jan.-dez/2013 Diária dengue Casos de dengue A base cartográfica digital utilizada na elaboração dos mapas foi obtida na Prefeitura do Município do Rio de Janeiro e no IBGE. 5.3.1 Avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa Este estudo foi submetido e aprovado como subprojeto da pesquisa “Desenvolvimento de um sistema de alerta de surtos de dengue utilizando Dados Híbridos de Redes Sociais, 38 Monitoramento Entomológico, Epidemiológico e Climático”, pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (ESNP/FIOCRUZ). Certificado de apresentação para apreciação ética - CAAE: 26910214.7.0000.5240 5.4 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS Os dados originais das armadilhas foram obtidos em planilhas mensais separadas, que foram agregadas e organizadas para análise em uma planilha unificada. Após este procedimento, acrescentou-se a variável semana epidemiológica (SE) à planilha, considerando a data de retirada da armadilha como referência. Em seguida, acrescentou-se as RAs e APSs a que essas armadilhas pertenciam. E por fim, foram adiciondas as seguintes variáveis: média da temperatura mínima e máxima da SE da coleta entomológica, e as mesmas variáveis para as três SEs anteriores. A definição da estação meteorológica cujos dados de temperatura foram utilizados para cada APS e suas respectivas RAs foi feita com base na proximidade entre estação e APS. Para as APSs 1, 2.1 e 2.2 os dados de temperatura provieram da estação meteorológica do Aeroporto do Rio de Janeiro - Santos Dumont. Os dados de temperatura utilizados nas APSs 3.1, 3.2 e 3.3 foram capturados na estação meteorológica do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim. Os dados de temperatura utilizados na APS 4 foram coletados na estação meteorológica do Aeroporto de Jacarepaguá Roberto Marinho. E para as APSs 5.1, 5.2 e 5.3 os dados de temperatura foram colhidos na estação meteorológica da Base Aérea dos Afonsos –Campo dos Afonsos. Para as análises espaciais não pontuais, os dados dessa planilha base foram agregados por semana epidemiológica e Área Programática de Saúde ou Região Administrativa. Para as análises envolvendo casos de dengue, um banco de dados contendo os dados de casos notificados de dengue foi organizado por mês, somando os registros com data de início de sintomas em cada mês, e concatenado aos dados de infestação coletados no mesmo mês. Dados discrepantes ou duvidosos foram removidos a fim de não comprometer as análises, após minuciosa investigação e confirmação junto a instituição fornecedora dos dados, conforme detalhado ao longo do texto. 39 5.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO As variáveis resposta principais analisadas neste estudo são os índices de infestação mensurados por armadilhas de postura de ovos no período de janeiro de 2013 a setembro de 2015 e o número de casos notificados de dengue no mesmo período. Os indicadores entomológicos utilizados nesse estudo são o índice de densidade dos ovos (IDO) e o índice de positividade ovitrampa (IPO) (GOMES, 2002; GOMES, 1998). O IDO corresponde à razão entre o número de ovos (NO) coletados e o número de armadilhas válidas examinadas (NAE): 𝐼𝐷𝑂 = 𝑁𝑂 𝑁𝐴𝐸 O IPO corresponde à proporção de armadilhas válidas encontradas com pelo menos 1 ovo entre as armadilhas totais examinadas e traduz a distribuição espacial da infestação em uma localidade trabalhada: 𝐼𝑃𝑂 = 𝑁𝐴𝑃 × 100 𝑁𝐴𝐸 onde NAP é o número de armadilhas positivas. A variável de saúde investigada é quantidade de casos notificados de dengue por mês. Para a agregação temporal dos casos, foi usada a data de primeiros sintomas, disponível no SINAN. As variáveis ambientais consideradas para a elaboração do modelo são os extremos de temperatura semanais. 5.6 ANÁLISE DESCRITIVA Na etapa descritiva foi explorada a configuração geral do monitoramento de infestação de Ae. aegypti por ovitrampas realizado pela Prefeitura no município do Rio de Janeiro. Foram analisadas por unidade de análise espacial (RA e APS) e tempo (SE e mês) a estabilidade e distribuição do número de ovitrampas implementadas, os índices de positividade e de densidade de ovos, as taxas de eclosão dos ovos recolhidos, o percentual de ovitrampas recolhidas e perdidas. Para visualização do padrão temporal dos dados, elaborou-se também gráficos das séries temporais das variáveis climáticas, de índice de infestação por APS e RA e de dengue por APS. 40 Do mesmo modo, gráficos boxplot de variáveis estratificadas por mês foram empregados para caracterizar o padrão de sazonalidade de cada variável. Para visualização dos padrões espaciais, mapas cloropléticos foram utilizados ainda para visualizar espacialmente a distribuição dos índices de infestação e as incidências de dengue mensais nas APSs ao longo do período compreendido entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015. Executou-se o mapeamento pontual dos dados de positividade das ovitrampas georreferenciadas e dos casos georreferenciados de dengue notificados no município no período de 2013. Foram confeccionados mapas com a distribuição espacial da incidência de dengue por APS. A fim de se identificar as “áreas quentes” de infestação mensuradas pelas ovitrampas foi utilizado o Kernel como estimador de intensidade de infestação por unidade de área. O software utilizado para a confecção dos mapas foi o QGIS versão 2.12.3. 5.7 ANÁLISE INFERENCIAL A análise inferencial foi realizada em duas etapas para investigar: 1) a associação entre IDO/IPO e temperatura e; 2) entre casos notificados de dengue e IDO/IPO. Para análise da associação entre infestação e temperatura foram utilizados dois níveis de agregação dos dados: por APS e por RA. Para a segunda etapa de estudo da associação dos casos notificados de dengue e os dados de infestação, a modelagem foi feita em nível de APS. Modelos de regressão foram construídos para testar as hipóteses de existência de associação entre índice de infestação (IDO e IPO) e as temperaturas mínimas e máximas semanais de 0 a 3 semanas antes da coleta dos índices (etapa 1), e entre número de casos notificados e índices de infestação no mês anterior (etapa 2). Em ambas as análises foram utilizadas as séries temporais das variáveis estudadas entre 2013 e 2015. Pela natureza das variáveis utilizadas na análise inferencial, foi considerada a distribuição normal para caracterizar os dados de IDO, binomial para o IPO e Poisson ou Binomial Negativa para os casos de dengue. Sendo assim, os modelos de regressão utilizados encontram-se na família dos modelos lineares generalizados (GLM). O software utilizado para as análises estatísticas foi o R versão 3.1.2. 41 5.7.1 Modelagem da associação entre IDO e temperatura 5.7.1.1 Modelagem por APS Seja IDOij o índice de densidade de ovos na APS i (i=1 até 10), na semana j (j=1 até 139). O modelo ajustado para analisar a associação do IDO com as temperaturas mínimas ou máximas semanais assume que IDOij segue uma distribuição normal 𝐼𝐷𝑂𝑖𝑗 ~𝑁(𝜇𝑖𝑗 , 𝜎 2) ) cuja média depende da APS e da temperatura. 𝜇 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐴𝑃𝑆𝑖 + 𝛽2 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑑𝑒𝑓𝑖𝑗 + 𝛽3 𝐴𝑃𝑆 ∗ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑑𝑒𝑓𝑖𝑗 onde Tempdef corresponde à média da temperatura (mínima ou máxima) semanal defasada. O procedimento de modelagem iniciou-se com a avaliação da forma funcional da relação entre cada variável explicativa e o desfecho usando modelos aditivos generalizados (generalized additive models, GAM). Os GAM são uma extensão dos modelos lineares generalizados (generalized linear models, GLM), propostos Hastie e Tibshirani (HASTIE; TIBSHIRANI, 1986; 1990). Os GLM’s, propostos por Nelder e Wedderburn (1972), são extensões do modelo linear que relacionam a distribuição aleatória da variável resposta com o preditor linear através de uma função chamada função de ligação, que varia de acordo com o tipo de distribuição da variável explicativa. O GAM admite a dependência da média da variável resposta a um preditor aditivo, porém, enquanto os modelos GLM partem do pressuposto de que as variáveis têm relação linear com a variável resposta, os modelos GAM incorporam a não-linearidade na relação entre as variáveis. A análise foi realizada utilizando a biblioteca mgcv do software R (WOOD, 2006). Uma boa introdução a esses modelos no contexto de problemas ecológicos e epidemiológicos pode ser encontrada em Zuur (2009). As variáveis referentes à temperatura (temperatura máxima e mínima) foram consideradas com uma defasagem de até três semanas em relação à medida de infestação. Para avaliar a forma funcional da associação entre temperatura e infestação, foram observados os valores do grau de liberdade estimado (estimated degrees of freedom, edf) (quando edf = 1 a relação é linear), e o valor de significância dos parâmetros do modelo, assim como os gráficos de saída do GAM, que ajustam a suavização dos termos preditores na função do modelo. Quando houve evidente relação linear entre o termo preditor e a variável resposta, o GLM correspondente foi ajustado e mantido no modelo final. Para a escolha da defasagem de 42 temperatura e do modelo que melhor se ajusta à relação entre temperatura e índice de infestação por APS, foi utilizado o Critério de Informação de Akaike (AIC), que indica o melhor modelo balanceando o ajuste e o número de parâmetros a serem estimados. O AIC utiliza a função de verossimilhança (V) e penaliza o modelo pelo número de parâmetros (p), e sua fórmula é dada por: 𝐴𝐼𝐶 = −2𝑙𝑜𝑔𝑉 + 2𝑝 Se os modelos possuem o mesmo conjunto de dados, será considerado o melhor modelo aquele que possuir AIC com menor valor (AKAIKE, 1974). Ao final do ajuste foi realizada uma análise de resíduos para avaliar se os pressupostos de normalidade dos resíduos e heterocedasticidade foram respeitados. 5.7.1.2 Modelagem por RA Na modelagem anterior, a APS foi considerada como um efeito fixo. Porém, na modelagem por Região Administrativa, porque eram muitas unidades espaciais, foram utilizados modelos lineares de efeitos mistos (linear mixed-effect models, LMM) (LAIRD; WARE,1982). Estes modelos incluem um termo adicional de efeitos aleatórios e são apropriados para modelar dados oriundos de muitas unidades espaciais, como é o caso de ovitrampas por RAs. Nesses modelos os coeficientes da regressão (inclinação e intercepto) podem variar para cada RA. O modelo adaptado aos dados estudados possui um componente inerente à variação dentro do próprio agrupamento (RA) (apresentado no modelo de regressão com um intercepto e inclinação populacional) e outro referente aos diferentes agrupamentos (variação no intercepto e inclinação individual) (FOX et al., 2015; GELMAN e HILL, 2007; ZUUR et al., 2009). Assim, como antes, assume-se que IDOij segue uma distribuição normal, cuja média depende da RA e da temperatura: 𝐼𝐷𝑂𝑖𝑗 ~𝑁(𝜇𝑖𝑗 , 𝜎 2) ) 𝜇𝑖𝑗 = 𝛽0 𝑖 + 𝛽1 𝑖 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑑𝑒𝑓𝑖𝑗 mas agora, considera-se que os coeficientes do modelo podem ser variáveis aleatórias. 𝛽0 𝑖 ~𝑁(0, 𝜙) 𝛽1 𝑖 ~𝑁(0, 𝜈 ) 43 Foram comparados os ajustes de modelos onde apenas o intercepto β 0 era aleatório, e onde ambos intercepto e RA (β0 e β1) eram aleatórios para cada defasagem de temperatura (0, 1, 2 e 3 semanas). A partir do ajuste dos modelos foi selecionado o melhor através da análise de variância do modelo, do AIC e do resultado do teste de razão de verossimilhança (ZUUR et al., 2009). A análise foi realizada utilizando a biblioteca nlme do software R (PINHEIRO et al., 2016). 5.7.2 Modelagem da associação do IPO com a temperatura A associação do IPO com a média das temperaturas semanais nível de APS e RA, foi testada utilizando modelos lineares generalizados de efeitos mistos (generalized linear mixedeffects models, GLMM), que são extensões do modelo LMM descrito anteriormente, apenas permitindo que a variável resposta tenha distribuição não normal. No caso da variável resposta IPO, dada a natureza dos dados (proporções), a função de ligação escolhida foi a logit, e caracteriza o logaritmo da chance de um evento ocorrer (no caso desse estudo, a chance das ovitrampas de uma determinada unidade de agregação espacial (APS ou RA) ser encontradas com ovos e, portanto, estar “positiva”) (FOX et al., 2015; GELMAN; HILL, 2007; ZUUR et al., 2009). Seja IPOij=NAPij/NAEij a proporção de armadilhas positivas na APS i ou na RA i, na semana j, calculada como a razão entre NAP (número de armadilhas positivas) e NAE (número de armadilhas válidas). Assume-se que NAP segue uma distribuição binomial 𝑁𝐴𝑃𝑖𝑗 ~𝐵𝑖𝑛(𝑛 = 𝑁𝐴𝐸𝑖𝑗 , 𝑝𝑖𝑗 ) sendo que 𝑙𝑜𝑔𝑖𝑡(𝑝𝑖𝑗 ) = log ( 𝑝𝑖𝑗 ) = 𝛽0 𝑖 + 𝛽1 𝑖 𝐴𝑃𝑆𝑖 + 𝛽2 𝑖 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑑𝑒𝑓𝑖𝑗 1 − 𝑝𝑖𝑗 Ou 𝑙𝑜𝑔𝑖𝑡(𝑝𝑖𝑗 ) = log ( 𝑝𝑖𝑗 ) = 𝛽0 𝑖 + 𝛽1 𝑖 𝑅𝐴𝑖 + 𝛽2 𝑖 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑑𝑒𝑓𝑖𝑗 1 − 𝑝𝑖𝑗 e os coeficientes do modelo podem ser variáveis aleatórias. 𝛽0 ~𝑁(0, 𝜙) 44 𝛽1 ~𝑁(0, 𝜈 ) A biblioteca do software R utilizada para essa análise foi a lme4, que ajusta os modelos pelo método de Laplace, para aproximar a verossimilhança e estimar os parâmetros do modelo logístico misto (BATES et al., 2014). Para a escolha do melhor modelo (com intercepto ou intercepto e inclinação aleatórios) com a defasagem de temperatura que melhor se ajusta à relação entre temperatura e índice de infestação por nível de agregação, foi utilizado o AIC (AKAIKE, 1974). Ao final do ajuste foi realizada uma análise de resíduos e averiguado se os pressupostos de normalidade dos resíduos e heterocedasticidade foram respeitados. 5.7.3 Modelagem da associação entre infestação de ovitrampas e a incidência de casos no mês seguinte Para avaliar a capacidade preditiva dos índices IDO e IPO, foram ajustados modelos de regressão generalizados em que a variável resposta era o número de casos notificados no mês j, na APS i e a variável preditora era o IDO ou IPO do mês anterior e a população da APS como offset, de forma a poder interpretar a variável resposta como taxa. Incialmente foram testadas modelagens lineares e aditivas (não lineares, com suavizações) assumindo que a variável resposta (contagem de casos) seguia uma distribuição Poisson, uma vez que esta consiste em dados de contagem (número de casos notificados de dengue por mês). Todavia, dada à grande dispersão encontrada nos dados, os modelos Poisson não foram adequados para explicar as associações. Para corrigir o problema da superdispersão, primeiramente tentou-se modelos quasePoisson (nos quais a variância é dada por f × μ, onde μ é a média e f é o parâmetro de dispersão). Todavia, houve violações dos pressupostos de linearidade dos resíduos desses modelos. Assim optou-se por experimentar modelos nos quais a variável resposta segue distribuição binomial negativa, com função de ligação logarítmica. Nessa distribuição de probabilidade é possível que a variância seja maior do que a média, o que não ocorre na distribuição de probabilidade Poisson. A estratégia foi partir de um modelo nulo sem covariáveis e em seguida acrescentouse gradativamente as variáveis explicativas. Os modelos testados foram comparados também com modelos aditivos generalizados, afim de investigar associações não lineares. Se o modelo aditivo generalizado apresentasse melhor ajuste, este permaneceu como modelo final. Modelos 45 com efeitos aleatórios também foram testados, mas não houve convergência nesses modelos, impossibilitando as análises. Os ajustes dos modelos foram comparados pelo AIC. Em todos os modelos testados para essa associação, foi incluído o número de pessoasmês nas APS como offset1, a fim de abarcar a heterogeneidade da população, cujo tamanho varia de acordo com cada APS do município. Seja Denij, o número de casos de dengue registrados na APS i, no mês j. Essa variável segue uma distribuição Binomial Negativa 𝐷𝑒𝑛𝑖𝑗 ~𝐵𝑖𝑛𝑁𝑒𝑔(𝜆𝑖𝑗 , 𝜃) sendo que 𝑙𝑜𝑔(𝜆𝑖𝑗 ) = log ( 𝑃𝑜𝑝𝑖 ) + 𝛽0 + 𝛽1 𝐷𝑒𝑛𝑖,𝑗−1 + 𝛽2 𝐼𝐼𝑖,𝑗−1 + 𝛽3 𝐴𝑃𝑆𝑖 + 𝛽4 (𝑗 − 1) onde IIi,j-1=IPOi,j-1 ou IDOi,j-1 é o índice de infestação no mês anterior, medido como IPO ou IDO, e Pop corresponde à população de cada APS (não foram feitas análises por RA). A seleção do modelo com melhor ajuste foi efetuada utilizado o AIC e averiguando na análise de resíduos se os pressupostos de normalidade dos resíduos e heterocedasticidade foram respeitados. A biblioteca do software R utilizada para essa análise foi a MASS (VENABLES; RIPLEY, 2002). 1 Offset é um termo de deslocamento, adicionado a um preditor linear, que mede a quantidade de exposição que gerou a taxa de incidência observada (DOBSON, 2002). 46 6 RESULTADOS 6.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PROGRAMA DE MONITORAMENTO POR OVITRAMPAS Durante o período de fevereiro de 2013 a setembro de 2015, foram implantadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro uma média de 3409 armadilhas (3404-3017) mensalmente em todo o município. Os dados foram coletados de forma não regular, sendo que as coletas foram realizadas de forma seguida por alguns meses, intercalando-se essas sequências com um mês sem coleta. Esses meses sem coleta de dados das ovitrampas usualmente corresponderam aos meses de coleta de índices larvários com a metodologia LIRAa e a meses de coleta das armadilhas de oviposição especiais (OSES) que são ovitrampas instaladas em edifícios e espaços públicos, e que não fizeram parte do estudo por terem uma distribuição distinta das ovitrampas estudadas. Figura 5: Variação do número de palhetas recolhidas ao longo do período de janeiro de 2013 a setembro de 2015, por (A) APS e (B) RA (A) (B) 47 Alguns parâmetros foram considerados para avaliação do Programa de monitoramento: Número de armadilhas. O número de armadilhas não é homogêneo entre as APSs e RAs, embora seja relativamente constante ao longo de todo o período (Tabela 3). A APS 1 (centro) tem o menor número de palhetas (cerca de 100), e a APS 4 tem o maior número (variando entre cerca de 500 a 600 palhetas, com uma redução nos últimos meses). A razão imóvel: armadilha varia entre as APSs, sendo que a APS na qual essa razão possui menor valor é a 5.3 (1 armadilha para cada 420 imóveis). Com 1 armadilha para cada 1582 imóveis, a APS 1 apresenta a maior razão imóveis: armadilha. De forma geral, há no município uma média de 908 imóveis para cada armadilha instalada. O número médio de armadilhas para cada 10000 habitantes varia entre 3 e 9, dependendo da APS. A APS com maior número de armadilhas por 10000 habitantes é a APS 5.3 (8,57). A APS que apresenta menor proporção é a 5.1, com 2,67 armadilhas para cada 10000 habitantes. Esses resultados sugerem que a distribuição das armadilhas não segue uma relação de proporcionalidade nem com o número de imóveis nem com a população. Taxa de perda de armadilhas: Durante o processo de coleta houve algumas perdas de palhetas das armadilhas. A média de perda total foi de 4%. A Figura 6 mostra a porcentagem de palhetas perdidas por APS, ao longo das semanas de estudo. As maiores variações nas perdas ocorreram nas APS 3.1 e 2.2. Na APS 3.1 o alto percentual de perda ocorreu na semana epidemiológica 26 de 2014. Todavia nessa semana apenas 24 palhetas deveriam ser recolhidas naquela APS, sendo que 15 foram perdidas. O mesmo ocorre na APS 2.2, que na semana epidemiológica 14 de 2013, apresentou 33% de perda. Entretanto, na semana referida, apenas 6 palhetas deveriam ser coletadas, das quais 2 foram perdidas. As menores perdas ocorreram nas APS 4, 5.1 e 5.3. Tomando 5% como um percentual de perda aceitável, a única APS que possui uma média de perda maior que 5% é a 3.1, com 7 % de perda média no período total estudo. A Tabela 3 mostra um resumo dos resultados do monitoramento por ovitrampas em cada uma das APS. Ao todo, foram coletados 759.746 ovos entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015, sendo que a maior parte dos ovos foram provenientes da AP 4.0 (19,87%) onde estão localizadas 18,45% das armadilhas. Os menores percentuais de ovos provieram das APS 2.1 e 2.2, com 2,59% e 2,23% dos ovos respectivamente. Todavia enquanto a APS 2.2 contém 3,92% das armadilhas, a APS 2.1, contém 10,90% do total de armadilhas distribuídas no município. (Tabela 3) 48 Tabela 3: Resumo dos parâmetros entomológicos gerados pelo monitoramento com ovitrampas no período de janeiro de 2013 a setembro de 2015 nas APSs do Município do Rio de Janeiro. APS 1 APS 2.1 APS 2.2 APS 3.1 APS 3.2 APS 3.3 APS 4 APS 5.1 APS 5.2 APS 5.3 Nº médio de armadilhas 97 348 125 395 277 455 589 175 414 316 Nº de ovos 39584 19605 16922 106033 65338 107496 150954 94653 83741 75420 27452 12853 9715 54005 45839 58011 93769 67441 42451 47204 2352 624 1011 5769 813 1836 13527 2449 4825 5490 1 0 2 0 0 0 0 14 63,38% 56,37% 71,40% 55,67% 71,08% 73,84% 56,46% 69,87% APS Nº de larvas Ae.aegpity identificadas Nº de larvas Ae.albopicuts identificadas Outras larvas Taxa eclosão 0 75,29% 68,74% X² p-valor 0.03692 População (Censo 2010) 226963 552691 371120 735788 489716 924364 838857 655874 665198 368534 Nº médio de armadilhas por 4.27 6.30 3.37 5.37 5.66 4.93 7.02 2.67 6.22 8.57 10.000 individuos Nº de imóveis para cada 1582 936 1251 794 787 758 626 1335 590 420 armadilha* *Domicilios -Fonte: Censo 2010; Imóveis comerciais e de serviços - Fonte: Secretaria Municipal de Fazenda - SMF, Coordenação do IPTU - Cadastro Imobiliário – 2000 Figura 6: Percentual de palhetas perdidas por APS ao longo das semanas de estudo Taxa de eclosão. A taxa de eclosão depende de características da espécie, mas também do processamento da amostra. Uma taxa de eclosão baixa pode indicar problemas no transporte ou armazenamento das palhetas. A taxa de eclosão média dos ovos coletados foi de 68%, com 49 uma variação não significativa entre as APS. A mediana da taxa de eclosão nas APS varia entre na 58 e 77 %. A taxa de eclosão apresentou variação ao longo dos meses de estudo sem, no entanto, configurar algum padrão específico, como evidenciado no gráfico B da Figura 7. O maior contingente de larvas identificadas foi de Ae. aegypti (92%). Menos de 10% das larvas identificadas eram de Ae. albopictus e apenas 0,005% eram de outras espécies. A Tabela 3 apresenta um resumo dos dados entomológicos totais por APS, coletados entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015. Figura 7: Boxplot das Taxas de eclosão de ovos recolhidos das palhetas (A) por APS e (B) por mês 50 6.2 CARACTERIZAÇÃO DA OVIPOSIÇÃO Na Figura 8, nos painéis A e B, pode-se observar diferenças tanto na distribuição de densidade média de ovos como na positividade de armadilhas em cada Área Programática de Saúde. De forma geral, os padrões de IPO e IDO entre APS são semelhantes, sendo que a maior discrepância ocorre entre o IPO e o IDO da APS 3.2 que tem IPO muito alto e IDO baixo, sugerindo uma infestação concentrada ou heterogeneidade espacial. A APS de menor infestação, segundo ambos os índices, é a APS 2.1. A APS 2.2 também apresenta valores baixos de infestação embora o IDO seja um pouco mais elevado. Figura 8: Boxplots (A) do IPO e (B) do IDO por APSs e gráfico de dispersão IPO em relação ao IDO (C). (A) Índice de positividade de ovitrampa por APS (B) Índice de densidade de ovos por APS (C) O IPO parece ser mais alto nas APSs 3.2 e 5.1 em comparação com as demais APSs, com uma mediana de IPO = 60 % . Ao se observar o IDO, os valores da APS 3.2 são mais baixos que os valores das demais APSs (a exceção da APS 2.1), e a APS 5.1 apresenta uma 51 média de ovos discretamente elevada, sendo menor apenas que a média de ovos das APSs 3.1 e 1 (esta última possui a maior média de ovos). As APSs 3.2 e 4 apresentam grande variabilidade na proporção de ovitrampas positivas, mas pequena variabilidade nas médias de ovos encontradas em suas armadilhas. O painel C exibe a reta de tendência da positividade das armadilhas em relação à média de ovos do município. É possível notar uma tendência de aumento do índice de positividade, conforme ocorre o aumento da densidade de ovos, mas a variabilidade é muito alta. Em resumo, esses resultados indicam uma grande variabilidade de infestação entre APS e ao longo do tempo. Essa variabilidade é medida de forma diferente, quando se observa o IPO ou IDO. Os painéis A e B da Figura 9 apresentam respectivamente as séries temporais de IDO e IPO coletados por APS. Existe uma grande variabilidade nos dados. Observa-se uma queda nos dois índices nas semanas correspondentes ao inverno/ primavera de 2013 (entre junho e setembro de 2013) em todas as APSs, mas tal feito parece não se repetir em 2014. Nota-se uma grande diferença em ambos os índices de infestação entre APS que parece ser mais intensa do que a diferença entre meses. Figura 9: Série temporal do (A) IPO e do (B) IDO entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 no município do Rio de Janeiro por área programática (A) (B) 52 Os valores de IDO e IPO por RA são apresentados na forma de mapas (Figuras 10 e 11). É possível visualizar queda nos índices em junho e agosto, meses caracterizadamente mais frios e aumento nos índices nos meses de março, abril e setembro e dezembro, cujas temperaturas médias alcançam patamares mais elevados, em especial quando observamos a proporção de ovitrampas positivas, sugerindo sazonalidade. Figura 10: IDO por RA para determinados meses entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 53 Figura 11: IPO por RA para determinados meses entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 6.3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA DURANTE O ESTUDO A Figura 12 mostra as variações das temperaturas mínimas e máximas semanais nas APSs no período de estudo. É importante lembrar que existem apenas quatro estações meteorológicas e que valores repetidos são às vezes usados para mais de uma APS. As APSs 5.1, 5.2 e 5.3 estiveram mais sujeitas a maiores variações de temperatura semanal, com temperaturas mínimas menores e máximas maiores que as demais APS. A variabilidade dos mínimos e máximos de temperatura nas próprias APSs também foi maior nessas três APSs, de acordo com os dados das semanas de coleta dos índices de infestação para cada uma das APSs. 54 Figura 12: Boxplot da média semanal de temperaturas mínimas e máximas por APS no período estudado 6.4 CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS DE DENGUE DURANTE O ESTUDO A Figura 13 mostra a distribuição dos casos de dengue por APS no período de estudo. Houve uma epidemia de dengue em 2013 com mais de 66000 casos, seguido por um período de queda significativa do número de casos em 2014 que somou um total de 2747 casos notificados. Em 2015 houve uma nova epidemia de dengue, somando cerca de 16000 casos até o mês de setembro. As variações das taxas de incidência de dengue nas APSs por mês em cada ano podem ser observadas nos mapas das Figuras 14, 15 e 16. Em 2015, houve aumento dos casos a partir do mês de abril, e retornando a níveis mais baixos em julho. As APSs 2.1 e 4.0 apresentaram o maior número de casos notificados em 2013, enquanto a APS 5.1 registrou o maior número de notificações em 2015, com um pico de número de casos semelhante ao de 2013. Na soma total dos casos notificados, as APSs 2.1, 5.1 e 3.3 apresentaram maior número de casos. 55 Figura 13: Distribuição dos casos de dengue por APSs entre janeiro de 2013 e outubro de 2015 Figura 14: Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2013 Figura 15: Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2014 56 Figura 16: Mapas de incidência de casos dengue nas APSs por mês no ano de 2015 A Figura 17 mostra a variação temporal da temperatura nas 4 estações meteorológicas do estudo e a série temporal de casos no Rio de janeiro de 2010 a 2014, evidenciando o aumento da transmissão quando a temperatura sobe acima dos 20 oC, e o declínio da transmissão (após o pico), quando a temperatura cai para perto de 20 oC. Figura 17: Série temporal da temperatura e número de casos por semana no município do Rio de Janeiro, de 2010 a 2014 57 6.5 MODELAGEM DA ASSOCIAÇÃO DA TEMPERATURA COM A OVIPOSIÇÃO Ao observarmos as retas de tendência de ambas variáveis de infestação em relação às médias de temperatura mínimas e máximas semanais, exibidos nas Figuras 18 e 19, é possível ver uma discreta tendência de aumento dos índices de infestação, conforme ocorre o aumento da temperatura. Ao verificarmos os modelos de regressão linear correspondentes ajustados, seus coeficientes de determinação (R²) e p-valores dessas retas de tendência (Apêndice A), entretanto, evidencia-se que esses modelos possuem um ajuste pobre aos dados, necessitando talvez de um refinamento no ajuste, devido à natureza dos dados. Figura 18: Diagrama de dispersão do IDO x temperatura mínima (Temp Min) ou máxima (Temp Max) e retas de tendência. Foram utilizadas temperaturas nas defasagens de 0 a 3 semanas (T=0 , T=1, T=2, T=3) Figura 19: Diagrama de dispersão do IPO x temperatura mínima (Temp Min) ou máxima (Temp Max) e retas de tendência. Foram utilizadas temperaturas nas defasagens de 0 a 3 semanas (T=0 , T=1, T=2, T=3) 58 Por conseguinte, foram experimentadas algumas modelagens. A seguir são apresentados os resultados das análises dessas modelagens por APS e por RA. 6.5.1 Modelagem de associação do IDO com a temperatura por APS e RA A primeira análise feita teve o objetivo de investigar a relação entre IDO e temperatura nas 10 APSs. É possível observar, na Figura 20, que a média de ovos mostra variação no decorrer do tempo, internamente e entre as APSs. Figura 20: IDO em cada APS de fevereiro de 2013 a setembro de 2015. Um conjunto de modelos GAM e LM com IDO como variável resposta e temperatura mínima ou máxima como variável explicativa foi ajustado e os resultados do AIC estão na Tabela 4. Num primeiro momento, foram comparados modelos GAM com temperatura defasada de 0, 1, 2 e 3 semanas como únicas variáveis explicativas para avaliar a necessidade de incluir associações não lineares. Após a análise segundo os critérios definidos na metodologia (edf se o modelo fosse não linear, significância do modelo, AIC, e análise de resíduos), optou-se entre a forma linear (LM) ou aditiva (GAM) para cada defasagem. 59 Tabela 4: Comparação dos modelos de regressão linear (LM) e aditivo (GAM) ajustados aos dados de IDO, tendo temperaturas mínima ou máxima, e APS como variáveis explicativas. Em negrito, o modelo selecionado. Identificação do Modelo A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 A18 A19 A20 A21 A22 A23 A24 Modelo (GL AIC GAM (ido~ s(tmin)) LM (ido~ tmin1) GAM (ido~ s(tmin2)) LM (ido~ tmin3) GAM ((ido~ s(tmin)+ APS ) GAM (ido~s(tmin1)+APS) GAM (ido~s(tmin2)+APS) GAM (ido~s(tmin3)+APS) LM (ido~tmin*APS) LM (ido~tmin1*APS) LM (ido~tmin2*APS) LM (ido~tmin3*APS) GAM (ido~s(tmax)) LM (ido~tmax1) GAM (ido~s(tmax2)) LM(ido~tmax3) GAM (ido~s(tmax)+APS) GAM (ido~s(tmax1)+APS) GAM (ido~s(tmax2)+APS) GAM (ido~s(tmax3)+APS) LM (ido~tmax*APS) LM (ido~tmax1*APS) LM (ido~tmax2*APS) LM (ido~tmax3*APS) 5,1 3,2 4,9 3,0 15,2 12,0 17,9 14,3 21,0 21,0 21,0 21,0 4,4 3,0 4,6 3,0 14,8 13,2 17,9 12,0 21,0 21,0 21,0 21,0 2265,5 2261,5 2266,9 2268,2 2119,0 2103,7 2117,1 2126,4 2115,3 2094,9 2121,9 2129,4 2264,3 2258,1 2260,3 2266,2 2125,1 2109,3 2117,7 2130,3 2133,8 2101,3 2125,0 2138,8 AIC = critério de qualidade de ajuste. GL= graus de liberdade tmin, tmin1, tmin2, tmin3= média semanal das temperaturas mínimas com 0, 1, 2 e 3 semanas de defasagem em relação à data da retirada das ovitrampas. tmax, tmax1, tmax2, tmax3= média semanal das temperaturas máximas com 0, 1, 2 e 3 semanas de defasagem em relação à data da retirada das ovitrampas. s(): função suavizadora (spline). Numa comparação entre todos modelos testados para descrever a relação entre IDO e média das temperaturas semanais, o modelo contendo APS e temperatura mínima com defasagem de 1 semana, com interação entre elas, como variáveis explicativas, obteve o menor valor no AIC (modelo A10, Tabela 4), sendo escolhido, portanto, para representar essa relação. A inclusão das APSs como variável de efeito fixo, e de sua interação com a temperatura melhoraram o ajuste do modelo. Isso indica que o efeito da temperatura no IDO é diferente em cada APSs, como pode ser observado na Figura 21. Embora o comportamento de infestação das 60 APSs seja um tanto heterogêneo é possível notar uma tendência geral de aumento da média de ovos em temperaturas mais altas. Essa relação é especialmente intensa nas APSs 1 e 3.1. Na APS 5.1, embora essa relação não seja tão evidente, é importante observar que o número médio de ovos inicial é consideravelmente maior que o das outras APSs. A exceção dessa relação positiva entre IDO e temperatura fica por conta da APS 2.1, cuja média de ovos parece diminuir com o aumento da temperatura. Figura 21: Efeito predito da temperatura no IDO, de acordo com o modelo A10 (Tabela 4), para cada APS. Na análise dos resíduos do modelo selecionado foi encontrado um ponto discrepante (resultados não mostrados). Contato pessoal com o serviço provedor dos dados sugeriu que se tratava de um ponto de valor duvidoso. Por isso, esse ponto foi removido de todas as modelagens após análise dos dados pontuais e em relação às demais medidas na mesma região e semana epidemiológica. A Tabela 5 exibe os valores dos parâmetros ajustados, após a remoção do ponto extremo. A Figura 22 apresenta a análise dos resíduos do modelo selecionado. O coeficiente de determinação ajustado foi 0,50 indicando que os termos preditores presentes no modelo explicam 50% da variação da média de ovos. O Coeficiente de correlação foi de 0,70, o que indica uma correlação forte e positiva entre os regressores e o IDO. 61 Tabela 5: Estimativas dos parâmetros ajustados do modelo selecionado A10: LM (ido~tmin1*APS) Intercepto tmin1 APS2.1 APS2.2 APS3.1 APS3.2 APS3.3 APS4 APS5.1 APS5.2 APS5.3 tmin1:APS2.1 tmin1:APS2.2 tmin1:APS3.1 tmin1:APS3.2 tmin1:APS3.3 tmin1:APS4 tmin1:APS5.1 tmin1:APS5.2 tmin1:APS5.3 Coeficientes -40,751 4,083 74,253 57,157 4,949 49,847 36,024 51,834 64,197 32,523 45,802 -4,747 -3,640 -0,41 -3,452 -2,296 -3,215 -3,109 -2,209 -2,769 Erro Padrão 20,6017 0,9465 27,1168 29,9591 25,6513 25,9272 26,0216 27,8960 24,5561 24,0239 24,5433 1,2407 1,3697 1,1970 1,2027 1,2136 1,3002 1,1752 1,1456 1,1730 P-valor 0,05 0,0001 0,001 0,06 0,85 0,06 0,17 0,06 0,001 0,18 0,063 0,0001 0,008 0,73 0,004 0,06 0,01 0,009 0,05 0,02 Figura 22: Gráficos dos resíduos do modelo A10: LM (ido~tmin*APS) 62 6.5.2 Modelagem de relação da abundância média de ovos (IDO) e temperatura, por Região Administrativa A relação entre IDO e temperatura nas 33 RAs foi analisada utilizando modelos lineares de efeitos mistos. Ao analisar visualmente a média de ovos nas semanas de estudo por RA (Figura 26), é possível perceber que IDO apresenta variação temporal em cada RA e entre as RAs, mas não é evidente se há sazonalidade. Nota-se também que a RA 27 (Rocinha) apresenta vários pontos faltantes. Figura 23: Série temporal de IDO em cada RA do Rio de Janeiro, ao longo do estudo (semanas corridas de estudo) A Tabela 6 mostra os modelos mistos ajustados com IDO como variável resposta e as médias de temperatura mínima ou máxima semanais (efeitos fixos ou aleatórios) e RA (efeito aleatório) como variáveis explicativas. Foram comparados modelos com temperatura defasada de 0, 1, 2 e 3 semanas. Também foram comparados modelos nos quais a interação entre temperatura e RA são modeladas como efeitos aleatórios. A Tabela 6 apresenta os valores de AIC dos modelos testados. Aquele com menor AIC foi selecionado. 63 Tabela 6: Comparação dos modelos de regressão linear de efeitos mistos (LMM) ajustados aos dados de IDO tendo temperaturas mínima e máxima semanais e RA como variáveis explicativas. AIC = critério de qualidade de ajuste. Em negrito, o modelo escolhido. Identificação Modelo B1 Modelo GL AIC LMM nulo (ido~1, efeito aleatorio=~1|RA) 3 7266,9 B2 LMM(ido~tmin, efeito aleatório= ~1|RA) 4 7247,5 B3 LMM(ido~tmin, efeitos aleatórios= ~ 1+tmin|RA) 6 7234,8 B4 LMM (ido~tmin1, efeito aleatório=~1|RA) 4 7235,8 B5 LMM (ido~tmin1, efeitos aleatórios=~1+tmin1|RA) 6 7218,7 B6 LMM (ido~tmin2, efeito aleatório=~1|RA) 4 7251,0 B7 LMM (ido~tmin2 efeitos aleatórios=~1+tmin2|RA) 6 7247,5 B8 LMM (ido~tmin3, efeito aleatório=~1|RA) 4 7251,5 B9 LMM (ido~tmin3, efeitos aleatórios=~1+tmin3|RA) 6 7242,9 B10 LMM (ido~tmax, efeito aleatório= ~1|RA) 4 7259,4 B11 LMM (ido~tmax, efeitos aleatórios= ~ 1+tmax|RA) 6 7253,1 B12 LMM (ido~tmax1, efeito aleatório=~1|RA) 4 7245,9 B13 LMM (ido~tmax1, efeitos aleatórios=~1+tmax1|RA) 6 7226,2 B14 LMM (ido~tmax2, efeito aleatório=~1|RA) 4 7260,6 B15 LMM (ido~tmax2 efeitos aleatórios=~1+tmax2|RA) 6 7248,2 B16 LMM (ido~tmax3, efeito aleatório=~1|RA) 4 7257,0 B17 LMM (ido~tmax3, efeitos aleatórios=~1+tmax3|RA) 6 7247,5 O modelo que melhor se ajustou aos dados foi o modelo B5, aquele que possui intercepto e coeficiente angular aleatórios, com defasagem de média de temperatura mínima de 1 semana em relação à data da retirada das ovitrampas (Tabela 7). Esse modelo é equivalente ao modelo escolhido na análise a nível de APS e reforça a associação com a temperatura mínima defasada de 1 semana. Também reforça a interação entre temperatura e unidade espacial de análise, sugerindo que o efeito da temperatura não é homogêneo no espaço. A Tabela 7 mostra os resultados do ajuste do modelo. O valor 40,71 é a quantidade de variação no intercepto do IDO. O valor 2,18 é a variação no slope (inclinação) nas 33 RAs. Para facilitar a interpretação, a Figura 24 traz o gráfico do efeito da temperatura no IDO, de acordo com o modelo final selecionado. Cada linha fina indica o efeito em uma das RAs e a linha grossa indica a média de todos esses efeitos. É possível notar uma grande heterogeneidade entre as RAs, mas uma tendência geral de maior infestação com maiores temperaturas. 64 Tabela 7: Resultado do ajuste do modelo B5, LMM (ido~tmin1, aleatórios=~1+tmin1|RA), ajustados pela máxima verossimilhança restrita efeitos AIC 7218,668 Efeitos aleatórios: Formula: ~1 + tmin1 | RA Desv. Padrão Corr (Intercepto) 40,71 (Intr) tmin1 2,18 Resíduos Efeitos Fixos: -0,98 20,02 Fórmula: ido ~ tmin1 Valor Erro Padrão GL t-valor p-valor (Intercepto) -4,20 9,60 773 -0,44 0,6624 tmin1 1,81 0,49 773 3,71 0,0002 Correlação: (Intr) tmin1 -0,99 Figura 24: Efeito predito da temperatura no IDO, de acordo com o modelo B5. Cada linha fina indica o efeito predito em cada RAs e a linha grossa indica a média de todos esses efeitos. Para melhor visualização espacial, a Figura 25 traz os mapas dos interceptos e coeficientes angulares do modelo B5, ajustados para cada RA. No mapa dos interceptos, as áreas mais escuras e acima de 0 são as que os IDOs em média são mais elevados do que a média da cidade. No mapa dos coeficientes angulares (slope), as áreas de cor escura evidenciam uma relação mais intensa e positiva entre o aumento da média da temperatura e a média de ovo, em comparação com aquela observada para o geral da cidade (para todas as RAs). Observa-se uma 65 associação mais intensa entre infestação e temperatura nas RAs localizadas nas APS 3.2, 3.3 e menos intensa na Zona Sul e Centro (APS 2.1 e 1.0). Figura 25: Mapas com a diferença entre os interceptos e coeficientes angulares por RA, em relação ao efeito geral. A análise dos resíduos do modelo escolhido demonstrou relativa normalidade e heterocedasticidade, além de ausência de autocorrelação entre os resíduos (Figura 26). Optouse por remover 4 pontos de influência extremos das observações totais, pois suas médias de ovos eram muito discrepantes do restante das observações, e muito incomuns em relação aos valores usualmente observados. 66 Figura 26: Análise dos resíduos do modelo B5 ACF dos resíduos fixos 6.5.3 Modelagem de relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) e temperatura, por APS O estudo da relação entre a proporção de ovitrampas apresentando ovos e a temperatura foi realizado utilizando o IPO dos dados agregados por APS como variável dependente e as médias das temperaturas mínimas e máximas e as APSs como variáveis independentes do modelo. É possível observar, na Figura 27 a variação da proporção de ovitrampas positivas, dentro de cada APS e entre as APSs. Não é evidente uma sazonalidade ou tendência temporal. Figura 27: Série temporal de IPO em cada APS do Rio de Janeiro ao longo do tempo de estudo (semanas corridas de estudo)) 67 Conforme descrito na seção de métodos, foram ajustados modelos logísticos de efeitos mistos para investigar a relação entre as variáveis supracitadas. A Tabela 8 apresenta os valores de AIC dos modelos testados. Tabela 8: Comparação dos modelos ajustados para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por APS com a temperatura. Em negrito, o modelo selecionado. Identificação do Modelo C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 Modelos: GL AIC GLMM: ipo ~ 1 + (1 | APS) GLMM: ipo ~ tmin + (1 | APS) GLMM: ipo ~ tmin1 + (1 | APS) GLMM: ipo ~ tmin2 + (1 | APS) GLMM: ipo ~ tmin3 + (1 | APS) GLMM: ipo ~ 1 + (tmin | APS) GLMM: ipo ~ tmin + (tmin | APS) GLMM: ipo ~ tmin1 + (tmin1 | APS) GLMM: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | APS) GLMM: ipo ~ tmin3 + (tmin3 | APS) 2 3 3 3 3 4 5 5 5 5 7375,2 6874,0 6570,8 6559,5 6710,0 6835,1 6820,1 6506,3 6480,6 6623,6 C11 GLMM: ipo ~ tmax + (1 | APS) 3 7324,1 C12 GLMM: ipo ~ tmax1 + (1 | APS) 3 7272,6 C13 GLMM: ipo ~ tmax2 + (1 | APS) 3 7340,7 C14 GLMM: ipo ~ tmax3 + (1 | APS) 3 7247,1 C15 GLMM: ipo ~ 1 + (tmax | APS) 4 7238,9 C16 GLMM:: ipo ~ tmax + (tmax | APS) 5 7236,2 C17 GLMM:: ipo ~ tmax1 + (tmax1 | APS) 5 7178,3 C18 GLMM:: ipo ~ tmax2 + (tmax2 | APS) 5 7255,7 C19 GLMM:: ipo ~ tmax3 + (tmax3 | APS) 5 7077,4 Com base nos critérios pré-definidos (ver Métodos), o modelo que melhor se ajustou foi o modelo logístico com intercepto e inclinação aleatórios, com temperatura mínima com 2 semanas de defasagem (modelo C9, Tabela 8). A Tabela 9 apresenta as estimativas dos parâmetros desse modelo. O gráfico da Figura 28 apresenta os IPO’s preditos pelo modelo 9, para cada APS. O eixo x mostra as temperaturas mensuradas 2 semanas antes da coleta das armadilhas que deram origem aos índices. Como é possível notar no gráfico, o IPO cresce conforme o aumento da temperatura, sendo essa relação particularmente mais intensa nas APSs 5.1, 3.2, 3.1 e 4, e praticamente nula nas APSs 2.1 e 2.2. 68 Tabela 9: Estimativas dos parâmetros do modelo C9 selecionado para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por APS com a temperatura: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | APS). Resíduos Dimensionados: Efeitos Aleatórios: Grupos APS AIC Deviance GL .resid 6480,6 6470,6 297 Min 1Q Mediana 3Q Max -11,3723 -2,3365 -0,5665 2,0256 13,8777 Corr Nome Variancia Dev. Pad. (Intercepto) 2,130792 1,4597 tmin2 0,002007 0,0448 -0,92 Número de obs: 302, grupos: APS, 10 Efeitos fixos: (Intercepto) tmin2 Estimativa Erro Padrão z value Pr(>|z|) -2,96421 0,47193 -6,281 0,0001 0,10221 0,01488 6,869 0,0001 Correlação dos Efeitos fixos: tmin2 -0,921 Figura 28: Probabilidade de positividade de ovitrampas em função da temperatura, nas APSs do Rio de Janeiro, de acordo com o modelo C9: 69 Um dos pressupostos do modelo é que os efeitos aleatórios seguem uma distribuição normal. Isso pode ser visto no gráfico quantil-quantil que compara a distribuição dos efeitos aleatórios com uma distribuição normal. A Figura 29 mostra que esse pressuposto foi atendido. Os efeitos aleatórios de cada APS podem ser vistos na Figura 30. O painel da esquerda mostra o intercepto aleatório, evidenciando como a positividade das ovitrampas de cada APS varia em relação à média geral da cidade. Valores negativos indicam que as APSs 1. 2.1 e 2.2 apresentam positividade menor do que a média da cidade, enquanto que as 3.x e 5.1 são mais positivas que a média. O painel da direita mostra como o efeito da temperatura no IPO de cada APS desvia do efeito médio da cidade. Em vermelho, estão as APS 3.1, 3.2, 3.3 e 5.1 cujo efeito da temperatura é mais fraco do que a média. Figura 29: Gráfico quantil-quantil comparando a distribuição dos efeitos aleatórios do modelo C9 com a de uma distribuição normal padrão. Figura 30: Efeitos aleatórios do modelo C9 70 6.5.4 Modelagem de relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) e temperatura, por RA A Figura 31 apresenta a série de índices de positividade de ovitrampa de cada RA durante as semanas de estudo. É possível perceber que existe variação intra e entre as RAs no decorrer do tempo. Figura 31: IPO em cada RA do município do Rio de Janeiro, de fevereiro 2013 a setembro de 2015 A associação entre IPO e temperatura nas 33 RAs também foi analisada utilizando modelos binomiais de efeitos mistos. O modelo ajustado teve IPO como variável resposta e as médias de temperatura mínima ou máxima semanais (efeito fixo) e RA (efeito aleatório) como variáveis explicativas. Foram comparados modelos com temperatura defasada de 0, 1, 2 e 3 semanas, e modelos com efeito linear e não linear. Os mesmos dois tipos de modelos - intercepto aleatório e intercepto e slope aleatórios foram testados, sendo o melhor modelo escolhido através do AIC. A Tabela 10 apresenta os valores de AIC dos modelos testados 71 Tabela 10: Comparação dos modelos ajustados para a relação do índice de positividade de ovitrampas (IPO) por RA com a temperatura. Em negrito, o modelo selecionado. Identificação do Modelo D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 Modelos: GL AIC GLMM: ipo ~ 1 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmin + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmin1 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmin2 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmin3 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ 1 + (tmin | RA) GLMM: ipo ~ tmin + (tmin | RA) GLMM: ipo ~ tmin1 + (tmin1 | RA) GLMM: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | RA) GLMM: ipo ~ tmin3 + (tmin3 | RA) GLMM: ipo ~ tmax + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmax1 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmax2 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ tmax3 + (1 | RA) GLMM: ipo ~ 1 + (tmax | RA) GLMM:: ipo ~ tmax + (tmax | RA) GLMM:: ipo ~ tmax1 + (tmax1 | RA) GLMM:: ipo ~ tmax2 + (tmax2 | RA) GLMM:: ipo ~ tmax3 + (tmax3 | RA) 2 3 3 3 3 4 5 5 5 5 3 3 3 3 4 5 5 5 5 10556,5 10049,4 9754,9 9693,0 9869,3 9985,7 9953,0 9675,2 9586,5 9767,8 10498 10454 10519 10427 10381 10379 10344 10441 10260 Tabela 11: Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo D9 GLMM: ipo ~ tmin2 + (tmin2 | RA). Resíduos Dimensionados: AIC Deviance GL. Resid 9586,5 9576,5 911 Min 1Q Mediana 3Q Max -10,38 -1,54 -0,42 1,29 11,14 Corr Efeitos Aleatórios: Grupos APS Nome Variância Dev.Pad (Intercepto) 2,23 1,49 tmin2 0,003 0,05 -0,86 Número de obs: 916, grupos: RA, 33 Efeitos fixos: Estimativa Erro Padrão z valor Pr(>|z|) (Intercepto) 2,98 0,29 -10.222 0,0001 tmin2 0,10 0,010 9,045 0,0001 Correlação dos Efeitos fixos: tmin2 -0,89 72 O modelo que melhor se ajustou à relação entre IPO e temperaturas mínimas foi o modelo logístico com intercepto e inclinação aleatórios (modelo D9), com 2 semanas de defasagem entre a coleta e a média da temperatura mínima semanal. Esse modelo é equivalente ao escolhido na análise a nivel de APS. As estimativas dos parâmetros desse modelo são apresentadas na Tabela 11. Com base no modelo D9, elaborou-se um gráfico com o IPO predito para cada RA. No eixo x tem-se a temperatura mensurada 2 semanas antes (Figura 32). Figura 32: IPO predito de acordo com o modelo D9, em função da média da temperatura semanal mínima defasada em 2 semanas, por RA Como é possível notar no gráfico, a probabilidade de positivação de ovitrampas cresce conforme o aumento da temperatura, sendo especialmente forte essa relação nas RAs 34 (Cidade de Deus) e 15 (Madureira). Em outras RAs observa-se uma fraca associação da infestação com a temperatura. 73 Figura 33: Desvio dos efeitos aleatórios de cada RA em relação ao modelo geral no modelo D9 A Figura 33 mostra os efeitos aleatórios de cada RA de acordo com o modelo D9. O painel da esquerda mostra como o intercepto aleatório (a positividade das ovitrampas) de cada RA varia em relação à média geral da cidade. As RAs 2, 4 a 9, 23 a 27 e 29 possuem valores negativos, indicando uma positividade menor do que o esperado da cidade. Já as demais são mais positivas que a média. O painel da direita mostra o desvio do efeito da temperatura no IPO de cada RA em relação ao efeito médio da cidade. Nas RAs cujos os valores estão em vermelho, o efeito da temperatura é mais fraco do que a média da cidade como um todo. Para melhor visualização espacial, a Figura 34 apresenta os mapas dos interceptos e coeficientes angulares dos efeitos aleatórios do modelo final, ajustados para cada RA. No mapa dos interceptos, as áreas mais escuras e acima de 0 representam aquelas onde os IPOs são em média mais elevados do que a média da cidade. No mapa dos coeficientes angulares (slope), as áreas de cor escura evidenciam uma relação mais intensa e positiva entre o aumento da média da temperatura e o aumento do número de ovitrampas positivas, em comparação com aquela observada para o geral da cidade (para todas as RAs). Observa-se uma associação mais forte com a temperatura nas RAs localizadas nas APS 4 e 2.2. 74 Figura 34: Mapas com os resultados do modelo D9 As cores apontam as diferenças entre os interceptos e coeficientes angulares por RA, em relação ao efeito geral. 75 A fim de checar a normalidade dos efeitos aleatórios, a Figura 35 apresenta um gráfico quantil-quantil. A comparação entre a distribuição dos efeitos aleatórios com uma distribuição normal, e evidencia que não houve violação dos pressupostos do modelo. Figura 35: Distribuição dos efeitos aleatórios por quantil normal padrão no modelo D9 6.6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA INFESTAÇÃO E OCORRÊNCIA DE CASOS DE DENGUE NO ANO DE 2013 As Figuras 36, 37 e 38 mostram o mapa de Kernel da positividade das ovitrampas e o mapa de localização dos casos de dengue do mês seguinte à coleta ocorrida em três momentos distintos do ano de 2013: março, junho e setembro de 2013. O ano de 2013 foi marcadamente epidêmico para dengue no município do Rio de Janeiro. E embora seja bastante discutida a utilização de armadilhas de oviposição como instrumento de monitoramento de infestação em ano de epidemias, é possível observar que o aumento do número de ovitrampas positivas para ovos de Ae. aegypti em um mês corresponde ao aumento do número de casos no mês seguinte. No mês de março, a infestação atingiu valores de até 5, principalmente na região das APS 3.1, 3.2. Foi também o período de maior ocorrência de casos. Pelos mapas, não é possível estimar uma associação, por isso, em seguida, são apresentados os resultados da modelagem. 76 Figura 36: Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 03/2013 e casos de dengue pontuais em 04/2013 77 Figura 37: Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 06/2013 e casos de dengue pontuais em 07/2013 78 Figura 38: Mapa de Calor das ovitrampas positivas em 09/2013 e casos de dengue pontuais em 10/2013 79 6.7 MODELAGEM DA ASSOCIAÇÃO DOS CASOS DE DENGUE NOTIFICADOS COM A OVIPOSIÇÃO Para uso em um sistema de alerta, é importante verificar se a infestação tem uma capacidade preditiva para a incidência de dengue. O teste dessa relação a nível de APS foi realizado de forma separada para cada um dos índices de infestação (IDO e IPO). Nos modelos testados, os casos de dengue entraram como variável resposta, e os índices de infestação do mês anterior, o mês da coleta desses índices, os casos do mês anterior aos da variável resposta e as APSs entraram como variáveis independentes do modelo. A população entrou como offset, de forma que a variável resposta pode ser interpretada como taxa de incidência (ver mais detalhes na seção de métodos). A Figura 39 exibe a série temporal da taxa de incidência de casos de dengue para cada 10.000 habitantes no decorrer dos meses do estudo, por APS. É interessante notar que as maiores taxas de incidência em 2013 ocorreram na APSs 1 e 2.1, com mais de 50 casos para cada 10.000 habitantes. Todavia, essa taxa elevada de incidência dessas APSs não se repetiu em 2015. As demais APSs, apesar de terem apresentado uma taxa de incidência menor que as supracitadas em 2013, também obtiveram taxas de incidência menores em 2015, à exceção da APS 5.1, que apresentou taxas de incidência de casos semelhantes nos picos das epidemias de 2013 e 2015, com até 30 casos para cada 10.000 habitantes. O ano de 2014 foi um ano marcado por baixa incidência de casos de dengue no município do Rio de Janeiro. Figura 39: Taxa de incidência de casos de dengue entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015, por APS, no município do RJ. 80 6.7.1 Modelagem da associação dos casos de dengue notificados com o IDO A Tabela 12 mostra os modelos ajustados tendo os casos de dengue como variável resposta e IDO e APS como variáveis explicativas, bem como os valores de AIC dos modelos testados. Tabela 12: Comparação dos modelos da associação dos casos de dengue notificados com o IDO por APS, pelo AIC (critério de ajuste do modelo). Identificação do Modelo E1 Modelos: GL AIC GLM-NB: (casos~1 + offset(log(pop))) 2.0 3145.4 E2 GLM-NB: (casos~ido + offset(log(pop))) 3.0 3139.6 E3 GLM-NB: (casos~ido +APS+ offset(log(pop))) 12.0 3142.0 E4 GLM-NB: (casos~ido *APS+ offset(log(pop))) 21.0 3146.5 E5 GLM-NB: (casos~ido +mês+offset(log(pop))) 13.0 2862.6 E6 GLM-NB: (casos~ido +APS+ mês+ offset(log(pop))) 22.0 2861.8 E7 GLM-NB: (casos~ido *APS+mês+offset(log(pop))) 31.0 2874.8 E8 GAM-NB: (casos~ido+s(mes)+offset(log(pop))) 11.6 2862.9 E9 GAM-NB: (casos~ido+s(mês/ano)+offset(log(pop))) 23.7 2470.6 E10 GAM-NB: (casos~ido+s(mes) + ano +offset(log(pop))) 12.6 2865.0 E11 GLM-NB: (casos ~ log(casos1) + ido+ mes+ offset(log(pop))) 14.0 2442.5 E12 GAM-NB: (casos~ s(log(casos1) + ido+ mes + offset(log(pop))) 19.1 2387.7 casos= casos notificados de dengue; casos1= casos do mês anterior aos casos cuja associação está sendo investigada pop= população da APS (de acordo com o senso de 2010) mês= mês referente à coleta dos dados de infestação s (): função suavizadora usada nos modelos GAM Os modelos com menores valores de AIC (modelos 11 e 12, Tabela 12) foram aqueles sem a variável “APS” e com as variáveis “casos1”, “IDO” e “mês”. A variável com os casos do mês anterior foi adicionada ao modelo com a finalidade de corrigir a autocorrelação presente nos resíduos dos modelos anteriores. Ela corresponde ao número de casos no mês anterior. Os dois melhores modelos diferem na forma como os casos defasados entram no modelo, sendo linear (modelo E11) ou não linear (modelo E12). 81 Figura 40: Gráficos dos resíduos dos modelos E11 (A) e E12 (B) (A) (B) Ambos os modelos (GLM e GAM) apresentaram resíduos sem violações de pressupostos (Figura 40) contudo, permaneceu um resquício de autocorrelação nos resíduos (Figura 41) talvez pelo fato da dengue ser uma doença marcadamente sazonal, com outros fatores de contribuição para essa sazonalidade não contemplados nas variáveis aqui investigadas. Figura 41: Gráficos de autocorrelação dos resíduos dos modelos E11 (A) e E12 (B) (A) (B) O modelo GAM obteve melhor ajuste, mas optou-se por manter o modelo GLM como modelo final, já que também é um bom modelo, e apresenta uma parametrização mais simples em relação ao modelo aditivo. Os dois modelos apresentam efeito semelhante do IDO nos casos de dengue (efeito estimado do IDO no modelo E11: 0,013; efeito estimado do IDO no modelo E12: 0,012). Em ambos é evidente o efeito positivo do IDO no aumento dos casos de dengue. Todavia, eles não captam todo o efeito sazonal, já que outros fatores também influenciam o aumento da incidência. Por esta razão, acrescentou-se também a variável mês no modelo. Todas as estimativas do efeito de mês em que os dados foram coletados no modelo têm como 82 referência o mês de agosto (mes8), por usualmente ser este mês a apresentar menores índices de infestação. A Tabela 13 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo E11. Tabela 13: Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo E11 Resíduos do Deviance: Min -2,4805 Coeficientes: 1Q -0,91 Mediana -0,23 3Q 0,49 Max 2,92 Estimativa -12,02 0,55 Erro padrão 0,20 0,03 z –valor -60,87 18,49 Pr(>|z|) 0,0001 0,0001 Ido mes1 mes2 0,013 -0,0013 -0,0007 0,003 0,18 0,22 4,41 -0,006 -0,003 0,0001 0,99 0,99 mes3 mes4 mes5 2,1215 0,9235 0,2765 0,19 0,17 0,17 11,41 5,29 1,58 0,0001 0,0001 0,11 mes6 mes7 0,1239 -0,0021 0,17 0,18 0,73 -0,01 0,46 0,99 (Intercepto) log(casos1) mes9 mes11 mes12 -0,1121 0,17 -0,67 0,51 -0,6158 0,23 -2,66 0,008 0,5725 0,18 3,10 0,002 Deviance nula: 1735,38 em 238 graus de liberdade Deviance residual: 249,53 em 226 graus de liberdade AIC: 2442,5 Theta: 3,290 Erro padrão: 0,310 6.7.2 Modelagem da associação dos casos de dengue notificados com o IPO Foram ajustados modelos como os mostrados acima, tendo IPO como índice de infestação. A Tabela 14 apresenta os valores de AIC dos modelos testados. Os modelos com menores valores de AIC (modelos F12 e F15, Tabela 14) foram aqueles nos quais foi acrescentada a variável explicativa com os casos defasados, e mantida a variável APS com interação aditiva (nesta modelagem, sua presença reduz a correlação cruzada). A variável com os casos defasados foi adicionada ao modelo com a finalidade de corrigir a autocorrelação presente na variável independente, a série de casos. 83 Tabela 14: Comparação dos modelos para casos de dengue em um mês x IPO mês anterior, por APS, pelo AIC. Identificação do Modelo F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 Modelos: GL AIC GLM-NB: (casos~1 + offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo + offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo +APS+ offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo *APS+ offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo +mês+offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo +APS+ mês+ offset(log(pop))) GLM-NB: (casos~ipo *APS+mês+offset(log(pop))) GAM-NB: (casos~ipo+s(mes)+offset(log(pop))) GAM-NB: (casos~ipo+s(mês/ano)+offset(log(pop))) GAM-NB: (casos~ipo+s(mes) + ano +offset(log(pop))) GLM-NB: (casos ~ log(casos1) + ipo+ mes+ offset(log(pop))) 2.0 3.0 12.0 21.0 13.0 22.0 31.0 11.6 23.9 12.6 14.0 3145.4 3097.4 3037.5 3043.7 2858.7 2845.0 2853.5 2858.6 2485.8 2860.6 2461.8 F12 F13 F14 GLM-NB: (casos ~ log(casos1) + ipo+APS+ mes+ offset(log(pop))) GLM-NB: (casos ~ log(casos1) + ipo*APS+ mes+ offset(log(pop))) GAM-NB: (casos~ s(log(casos1)) + ipo+ mes + offset(log(pop))) 23.0 32.0 19.1 2413.6 2418.5 2406.7 F15 GAM-NB: (casos~ s(log(casos1)) + ipo+APS+ mes + offset(log(pop))) 28.0 2357.5 Os gráficos dos resíduos desses modelos são apresentados na Figura 41 Figura 42: Gráficos dos resíduos dos modelos F12(A) e F15 (B) (A) (B) Ambos os modelos (GLM e GAM) apresentaram resíduos sem violações de pressupostos (Figura 41) contudo, permaneceu um resquício de autocorrelação nos resíduos (Figura 42) talvez pelo fato da dengue ser uma doença marcadamente sazonal, com outros fatores de contribuição para essa sazonalidade não contemplados nas variáveis aqui investigadas. 84 Figura 43: Gráficos de autocorrelação dos resíduos dos modelos F12 (A) e F15 (B) (A) (B) Os dois modelos apresentam efeito positivo do IPO nos casos de dengue (efeito estimado do IPO no modelo F12: 0,011; efeito estimado do IPO no modelo F15: 0,27). Novamente, porém o IPO não é capaz de apreender todo o efeito sazonal, e por isso aqui também se acrescentou a variável mês no modelo, tendo como referência o mês de agosto para as estimativas do efeito do mês em que os dados foram coletados. O modelo F15 (GAM-NB: (casos~ s(log(casos do mês anterior)) + ipo + APS+ mes + offset(log(pop))) apresentou o melhor ajuste aos dados, bem como maior efeito do IPO e por isso foi mantido como modelo final. A Tabela 15 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo F15. 85 Tabela 15: Estimativas dos parâmetros de acordo com o modelo F15 Coeficientes paramétricos: Estimativa (Intercepto) 9,27 Error padrão 0,1362 -68,101 0,0001 Ipo mes1 mes2 mes3 mes4 mes5 mes6 mes7 0,27 0,0076 0,1980 2,1301 0,8150 0,495 -0,0969 -0,1534 0,2336 0,1760 0,2190 0,1855 0,1744 0,1725 0,1621 0,1752 1,142 0,043 0,904 11,482 4,674 0,287 -0,598 -0,875 0,25 0,97 0,37 0,0001 0,0001 0,77 0,55 0,38 mes9 -0,0881 0,1610 mes11 -0,4631 0,2230 mes12 0,2447 0,1846 Significância aproximada do termo suavizador s() -0,547 -2,077 1,325 0,58 0,04 0,19 s(log(casos1)) z valor Pr(>|z|) Edf GL ref Χ2 p-valor 5,711 6,89 452,4 0,0001 R2 (adj) = 0.43 Deviance explicada = 89% 86 7 DISCUSSÃO Este estudo caracterizou o monitoramento da infestação por Ae. aegypti realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro por meio de ovitrampas entre fevereiro de 2013 e setembro de 2015 com o intuito de subsidiar sua inclusão num sistema de alerta precoce de dengue. Para isso, foram também apresentadas modelagens estatísticas na intenção de analisar a associação entre os índices de infestação mensurados pelas ovitrampas e a temperatura ambiente com 0, 1, 2 e 3 semanas de defasagem em relação à coleta dos índices. Essa análise foi importante para qualificar os dados, uma vez que se conhece da literatura a forte associação existente entre infestação e temperatura (Honório et al, 2009a; Codeço et al 2015). Do mesmo modo, foi estudado o grau de associação do número de casos notificados de dengue em um mês e o IDO/IPO coletados no mês anterior, para avaliar a capacidade preditiva da infestação, conforme medida pelo programa. De forma resumida, os resultados obtidos evidenciam associação positiva da temperatura com os índices de infestação embora com forte heterogeneidade espacial. Foram encontrados também efeitos positivos do IDO/IPO nos casos de dengue do mês seguinte, mas apenas quando associados a outras variáveis explicativas. 7.1 SOBRE O SISTEMA DE MONITORAMENTO. No Brasil, sistemas de monitoramento entomológico utilizando armadilhas ainda são poucos, e não preconizados pelo Ministério da Saúde em municípios onde já ocorre infestação de Ae. aegypti. Assim, os sistemas em funcionamento, como o do Rio de Janeiro, são realizados em paralelo com as outras atividades de caráter obrigatório, como o LIRAa, e tendem a perder a prioridade quando as atividades acumulam. A pesquisa larvária é o método de investigação principal utilizado no PNCD, mas apresenta problemas importantes que dificultam sua execução. Por exemplo, pode haver recusa do morador em autorizar a entrada dos agentes de saúde para vistoriar o imóvel. Também existe a possibilidade de criadouros existentes não serem encontrados no imóvel ou a impossibilidade de acesso a determinados criadouros, que portanto não seriam contabilizados no Índice de Breteau (RUEDA, 2009). E além dos problemas de execução citados, pode haver a contabilização de larvas que sejam oriundas de oviposição de outros períodos, não representando de forma real a infestação vigente (MORATO et al., 2005). Atualmente no PNCD, o monitoramento por ovitrampa é preconizado como principal método de pesquisa entomológica apenas em municipios considerados não infestados (BRASIL, 2002). Todavia, a utilização das armadilhas de oviposição em conjunto com a pesquisa larvária em 87 uma mesma localidade já foi sugerida como forma de aprimorar o monitoramento no país (RUEDA, 2009). O Programa de monitoramento da infestação por ovitrampas no Rio de Janeiro realizado de 2013 a 2015 apresenta pontos positivos como: o número alto e estável de armadilhas ao longo do tempo, boa cobertura do município com uma média de 908 imóveis por armadilha, baixa taxa de perda de armadilhas e boas taxas de eclosão dos ovos coletados. Todavia, é necessário pontuar algumas questões a fim de aquilatar o monitoramento. Um ponto importante é a distribuição das ovitrampas no município. Em áreas onde o monitoramento por ovitrampas é preconizado, o Ministério da Saúde recomenda que haja 1 armadilha para cada 225 imóveis. Entretanto, não há indicações, pelo Ministério da Saúde, sobre o número mínimo de armadilhas para locais onde já ocorre infestação (BRASIL, 2001). O número de imóveis por ovitrampa no município do Rio de Janeiro varia de forma considerável de bairro para bairro, e consequentemente de APS para APS. Por exemplo, na APS 1.0, há cerca de 1582 imóveis por armadilha. Já na APS 5.3, são 420 imóveis por armadilha. A realocação das armadilhas poderia ser uma forma de tornar a razão entre o número de armadilhas e o número de imóveis mais homogêneo entre as APSs. Métodos de alocação ótima de armadilhas existem na literatura (LIMA et al., 2016), e poderiam guiar uma otimização do programa de monitoramento. Costa (2016, em preparação), calculou o número ótimo de armadilhas para o município do Rio de Janeiro, e indicou a possibilidade de uma redução de 35% no número total de ovitrampas instaladas no munícipio. As taxas de eclosão obtidas pelo Programa de Monitoramento giraram em torno dos 68% nas APSs. Embora alguns autores tenham encontrado taxas em torno dos 30% (CECILIO et al., 2009; DIBO et al., 2005), as taxas de eclosão encontradas neste trabalho são semelhantes às encontradas em outros estudos (BYTTEBIER et al., 2014; DICKERSON, 2007; TUN-LIN et al., 2000). A diferença nos resultados encontrados neste trabalho e nos resultados dos demais estudos apontados poderia ser atribuída a fatores diversos, como a forma de manipulação das armadilhas, palhetas e ovos ou a umidade relativa do ar (DICKERSON, 2007). Mais informações sobre como foram manipuladas as armadilhas poderiam ajudar na interpretação dessas diferenças. Os resultados encontrados neste estudo confirmam a alta especificidade dessas armadilhas para a espécie Ae. aegypti, conforme ratificado por outros autores. Valle e Codeço (2014), em um trabalho de avaliação de armadilhas para a vigilância entomológica de Ae. aegypti, constaram a alta especificidade da ovitrampa em capturar preferencialmente essa espécie. Entre as armadilhas avaliadas, a ovitrampa foi a armadilha significativamente mais 88 específica, com captura de ovos de Ae. aegypti, sempre superior a 90% em relação a todos os ovos capturados. Para a identificação da larva de Ae. aegypti é necessário aguardar a eclosão do ovo, e o desenvolvimento do estágio larval em laboratório, o que leva cerca de 2 dias (CLEMONS et al., 2010). Armadilhas com alta especificidade são boas porque reduzem o trabalho de processamento, abrindo a possibilidade de trabalhar apenas com contagem de ovos ao invés de fazer eclodir as larvas. Para um sistema de alerta precoce, essa característica é especialmente importante porque acelera a geração dos índices. Considerando todos os parâmetros utilizados neste estudo, a APS 5.3 parece ter melhor programas de monitoramento, com menor índice imóveis: armadilha (420:1), boas taxas de eclosão (69,87%) e poucas perdas de armadilhas (3,4%). Em contrapartida, a APS 3.1 apresentam um índice imóveis: armadilha de 794:1, mas possui uma das menores taxas de eclosão (56,36%) e o maior índice de perda de armadilhas (7,28%). As demais APS apresentam valores heterogêneos para os parâmetros, não sendo possível definir um ranking de qualidade entre elas. 7.2 ASSOCIAÇÃO DA INFESTAÇÃO COM A TEMPERATURA Na análise das associações entre temperatura e IDO/IPO realizada neste estudo, foi verificado que o aumento da temperatura favorece tanto o aumento do número de ovos quanto do número de ovitrampas positivas. Ou seja, tanto IDO quanto IPO se relacionam positivamente com a temperatura nesse estudo. Os modelos com melhores ajustes foram aqueles que utilizaram as médias das temperaturas semanais mínimas em defasagens de 1 (IDO), e 2 semanas (IPO). Esse resultado harmoniza-se com os resultados encontrados por Honório et al. (2009a) em três bairros do Rio de Janeiro para o IDO e por Codeço et al. (2015) em regiões com clima semelhante, dentro do estado do Rio de Janeiro, tanto para IDO como para IPO. É importante ressaltar que esses resultados condizem com o que é encontrado na literatura sobre a história de vida dos mosquitos do gênero Aedes. Sabe-se que a temperatura tem influência na velocidade de desenvolvimento e no comportamento deste vetor, sendo considerada o principal fator abiótico de interferência em seu ciclo de vida (COURET; BENEDICT, 2014). Além disso, Yang et al. (2009), evidenciaram o aumento das taxas de oviposição do Ae aegypti entre 15 e 30 ºC. Apesar de importante, a temperatura não é o único fator abiótico de influência no desenvolvimento e na reprodução do Ae. aegypti. A umidade relativa, a pluviosidade, bem como disponibilidade de alimentação e de sítios para reprodução também influenciam o comportamento do vetor (COURET; BENEDICT, 2014; SIMÕES et al., 2013). 89 O efeito da temperatura na infestação foi heterogêneo no espaço, evidenciado pela significância do termo de interação com APS ou RA, nos modelos melhor ajustados. Essas diferenças espaciais poderiam ser explicadas em parte pela forma de captura dos dados de temperatura, que neste estudo foram captadas em apenas 4 pontos distintos da cidade (estações meteorológicas localizadas nos aeroportos), e talvez não possuam sensibilidade suficiente para captar as nuances de temperatura das regiões estudadas. Além disso, as APSs apresentam características urbanas complexas e diversidade climática, a depender da sua proximidade com o mar e com as montanhas que permeiam a cidade (CODECO et al., 2016 (em preparação)). As APSs cujo efeito da temperatura nos índices de positividade foi mais forte foram a 3.1 e 5.1, onde estavam localizadas duas das estações meteorológicas. Por outro lado, essas mesmas duas APS possuem características urbanas semelhantes. Ao observar o IDO é fácil perceber que os efeitos preditos mais intensos são nas APSs 3.1 e 1 – as duas são próximas das estações meteorológicas. Na APS 5.1, onde se encontra uma das estações meteorológicas, o efeito no IDO não é tão pronunciado, mas a média de ovos inicial é mais elevada que as demais APSs. Em suma, tanto IDO quanto IPO se relacionam positivamente com a temperatura nesse estudo em todas as APS. Entretanto, essa relação é heterogênea e depende das características urbanas e climáticas de cada uma das APS. No Projeto Alerta Dengue, é utilizado um limiar de temperatura mínima de 22 graus para indicar que há risco de transmissão de dengue. Os modelos apresentados nesse estudo indicam uma relação positiva entre os índices de infestação e a temperatura, e embora não tenha sido definido um limiar de temperatura mínima para indicar risco de transmissão de dengue, a média semanal da temperatura mínima foi considerada tendo melhor ajuste aos dados que a média semanal da temperatura máxima, fato que corrobora não só com estudos anteriores previamente citados mas também com os resultados do próprio projeto (CODECO et al., 2016 (em preparação)). 7.3 ÍNDICE DE INFESTAÇÃO COMO PREDITOR DE INCIDÊNCIA DE DENGUE Na análise da associação dos casos de dengue com os índices de infestação do mês anterior, os resultados obtidos mostram uma correlação significativa (ainda que pequena) entre os índices de infestação, em especial o IPO, e os casos de dengue. Foram utilizadas outras variáveis explicativas nos modelos, como o número de casos do mês anterior ao da variável resposta, o mês de coleta dos índices de infestação e a APS, por que somente o IDO ou o IPO não abarcavam toda a variação do número de casos do mês seguinte. Isto evidencia que, embora 90 a infestação seja um preditor, a quantidade de casos de um mês depende de uma série de fatores que vão para além da dela, como a densidade populacional humana, o número de casos do mês anterior e a sazonalidade da doença e da infestação. Para além das variáveis consideradas neste estudo, a oferta de alimentação para o vetor e o fluxo da população humana (que pode se infectar em outros locais além dos domicílios) também têm impacto no número de casos incidentes (MONDINI; CHIARAVALLOTI-NETO, 2008). A associação entre índices de infestação e a transmissão de dengue segue sendo vastamente debatida na literatura. Embora o Ae. aegypti e o Ae. albopictus sejam reconhecidamente os principais vetores de transmissão da dengue no mundo, os estudos que relacionam índices de infestação desse vetores com casos de dengue divergem nos resultados à cerca dessa correlação, com alguns autores encontrando correlações positivas e outros encontrando ausência de correlação ou correlação duvidosa entre os índices e a transmissão de dengue. Arboleda et al. (2012), não encontraram associação ente o Índice de Breteau e os casos de dengue no município de Bello, na Colômbia. Honório et al. (2009b) utilizaram modelos GAM no intuito de relacionar os casos de dengue notificados com índices de infestação (média de ovos e densidade média de mosquitos adultos) em três bairros do Rio de Janeiro, mas não encontraram nenhuma relação clara, atribuindo este fato à possibilidade de as infecções terem ocorrido em outros locais que não os domicílios. Sanchez et al.(2006) encontram associação entre índices larvários, em especial o Índice de Breteau e os casos de dengue confirmados num estudo caso-controle no muncípio de Playa, em Cuba. No presente estudo, uma associação positiva entre o IDO/IPO e os casos de dengue também foi encontrada. Esse fato é importante pois expõe a possibilidade de trabalhar com dados obtidos em armadilhas de oviposição para estimar o risco de transmissão de dengue. 7.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO O fato desse estudo abarcar um período relativamente curto de tempo e com características distintas (um ano epidêmico, seguido de um ano sem epidemia, sucedido por um ano novamente epidêmico), faz com que a validação dos modelos se torne difícil, talvez sendo necessária uma série temporal de dados mais longa. Além disso, as unidades de análise espacial dos dados foram baseadas na disponibilidade dos dados, porém é pertinente que modelos com níveis de agregação mais refinados possam ser elaborados a fim de tentar explicar a associação entre as variáveis abordadas. Um outro ponto é a resolução temporal dos dados de infestação que são semanais, mas com intervalos mensais. Se a infestação variar muito dentro de um mês, 91 o que não é possível avaliar com os dados presentes, então a associação com a dengue torna-se mais difícil de mensurar. Os dados do monitoramento semanal realizado por Honório et al (2009a) mostram a alta variabilidade da infestação entre semanas subsequentes. Esses resultados sugerem que para uso preditivo, o ideal seria aumentar a frequência de realização dos inquéritos entomológicos. Estabelecer regularidade nas coletas, bem como modificar a resolução temporal destas, tornando-as quinzenais ou semanais ao invés de mensais, possibilitaria a utilização dos dados de forma mais consistente, melhorando as previsões e possibilitando a validação de modelos estatísticos de séries temporais baseados nos dados de infestação. A criação e alimentação de um banco de dados por meio de um sistema informacional computadorizado poderia aprimorar a coleta e o armazenamento dos dados de infestação obtidos através das armadilhas, que atualmente são registrados em planilhas eletrônicas, sujeitas a erros humanos e problemas de configuração. Plataformas para automação do monitoramento deste tipo de armadilha já existem no mercado (um exemplo é o Projeto Communitor, em Belo Horizonte e Mariana). A relação entre os índices de infestação é um outro aspecto que poderia ter sido mais explorado neste estudo. Em armadilhas com mais de um ovo, não é possível identificar o número de fêmeas que fizeram oviposição, devido ao comportamento de oviposição em salto das fêmeas do Ae. aegypti. Entretanto, estudos sugerem que é possível explorar a relação entre os índices de outras maneiras. Uma dessas compreende investigar se houve ou não saturação das armadilhas (LOURENÇO-DE-OLIVEIRA et al., 2008). Já Codeço et al. (2015) investigaram a associação entre os índices utilizando modelos não-lineares. A utilização de modelos estatísticos no intuito de explorar a associação entre IPO e IDO pode contribuir no intuito de entender a dinâmica de infestação bem como na relação entre o mosquito e a armadilha. Braga et al., (2000) sugeriram uma revisão operacional naqueles programas que utilizam apenas a pesquisa larvária, dado o potencial de monitoramento das armadilhas de oviposição. Os resultados obtidos neste estudo apoiam essa sugestão, pois mostram que estas armadilhas conseguem acompanhar a infestação em sua dinâmica temporal e em sua heterogeneidade espacial. Sendo assim, a ampliação da atenção dada ao monitoramento com ovitrampas, com aprimoramento da distribuição das armadilhas e aperfeiçoamento da coleta e armazenamento dos dados de infestação por elas captados, poderia trazer contribuições para um sistema de alerta precoce ao risco de infestação de Ae. aegypti e subsequentemente às doenças por ele transmitidas. 92 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho ponderou sobre o monitoramento da infestação de Ae. aegypti através de índices de infestação obtidos por armadilhas de oviposição e sua relação com a temperatura nas APSs e RAs do município do Rio de Janeiro entre 2013 e 2015, utilizando regressões lineares, Modelos Aditivos Generalizados e Modelos Lineares Generalizados de Efeitos Mistos. A associação entre os índices de infestação e a série de casos mensais de dengue do mês seguinte também foi explorada, utilizando-se Modelos Lineares Generalizados e Modelos Aditivos Generalizados. É possível destacar, nos resultados obtidos neste estudo, que temperatura foi estatisticamente associada com o aumento dos índices de infestação, sendo que a temperatura mínima, defasada em uma semana é a que melhor se ajusta ao aumento do IDO, enquanto o aumento do IPO é melhor explicado pelas temperaturas mínimas semanais com uma defasagem de duas semanas. Foi possível ainda encontrar resultados positivos na associação entre dengue e IDO/IPO, quando associados a outras variáveis A análise do monitoramento por meio de ovitrampas no município do Rio de Janeiro realizada nesta pesquisa permitiu evidenciar as potencialidades dos dados gerados por essas armadilhas, bem como distinguiu os pontos que podem ser aprimorados para tornar o monitoramento mais eficiente. As modelagens das associações entre os índices de infestação gerados pelas ovitrampas com os dados de temperatura e casos de dengue que foram aqui realizadas evidenciam o valor desta ferramenta como instrumento de obtenção de dados confiáveis sobre a infestação do Ae aegypti. Esses achados, consistentes com a literatura que aborda o assunto, mostram o valor das ovitrampas na construção de um sistema de monitoramento do Ae. aegypti, principal vetor de doenças de grande importância para a saúde pública no Brasil. Em trabalhos futuros, sugere-se a validação dos modelos apresentados em cima de dados de outras cidades, que possuam programas de monitoramento semelhantes há mais tempo. Explorar as melhores formas de utilizar os dados obtidos através de ferramentas como as armadilhas de oviposição, permite aumentar a compreensão do comportamento do Ae. aegypti bem como dos fatores abióticos que o condicionam, tornando possível direcionar medidas de saúde pública e auxiliar no controle e prevenção das doenças por ele transmitidas tanto no município do Rio de Janeiro como no Brasil. 93 REFERÊNCIAS AKAIKE, H. A new look at the statistical model identification. IEEE Transactionson Automatic Control, Texas, v. 19, n. 6, p. 716–723, mar 1974. ALMEIDA, A. S.; MEDRONHO, R. A.; VALENCIA, L. I. O. Spatial analysis of dengue and the socioeconomic context of the city of Rio de Janeiro (Southeastern Brazil). Revista de Saúde Pública, 43, n. 4, p. 666-673, ago 2009. ARBOLEDA, S.; JARAMILLO-O, N.; PETERSON, A. T. Spatial and temporal dynamics of Aedes aegypti larval sites in Bello, Colombia. J Vector Ecol. , v. 37, p. 37-48, jun 2012. BARBOSA, G. L.; LOURENÇO, R. W. 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New York: Springer, 2009. 102 APÊNDICE A – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDO E TEMPERATURA title: " title: "Script Analise IDO por AP" author: "Sara de Souza" date: "Thursday, May 19, 2016" --Carregando os dados e bibliotecas ```{r} setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") setwd("script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") library(ggplot2) library(grid) ovi<-read.csv2("indtemptotal.csv") ovi$data= as.Date(ovi$data, format = "%d/%m/%Y") ovi <- ovi[-155,] ``` Descricao das variaveis ipo = indice de positividade de ovos (proporcao de ovitrampas positivas) ido = indice de densidade de ovos (media de ovos por ovitrampa) tmin = media semanal das temperaturas minimas, na semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmin1 = media semanal das temperaturas minimas, na semana a anterior a semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmin2 = media semanal das temperaturas minimas duas semanas antes da semana de coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmin3 = media semanal das temperaturas minimas, tres semanas antes da semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmax = media semanal das temperaturas maximas, na semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmax1 = media semanal das temperaturas maximas, na semana a anterior a semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmax2 = media semanal das temperaturas maximas duas semanas antes da semana de coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. tmax3 = media semanal das temperaturas maximas, tres semanas antes da semana da coleta dos dados, na estacao correspondente a area de coleta. ```{r} = 2, layout.pos.col = 2)) ``` IDO por APS ```{r} str(ovi) par(mfrow=c(1,1),mar=c(2,2,2,1)) 103 ovim <- ovi[-which(is.na(ovi$ido)),] idoaps=base <- ggplot(ovim, aes( data,ido,group=APS, color=APS,)) + geom_line(size = 1)+labs(title="IDO por APS")+ scale_colour_brewer(palette="Set3") idoaps library("nlme") ``` IPO por APS ```{r} par(mfrow=c(1,1),mar=c(2,2,2,1)) str(ovi) ovim <- ovi[-which(is.na(ovi$ipo)),] ipoaps=ggplot(ovim, aes( data,ipo,group=APS, color=APS,)) + geom_line(size = 1)+ labs(title="IPO por APS")+ scale_colour_brewer(palette="Spectral") ``` Box plot relacao IDO-IPO ```{r} idoipo=ggplot(ovi, aes(APS, ido*ipo)) + geom_boxplot()+labs(title="IDO interagindo com IPO por APS") par(mfrow=c(1,1),mar=c(6,6,6,6)) ipoxido=ggplot(ovi, aes(x=ido, y=ipo, group=APS)) + geom_point(shape=1) + # Use hollow circles geom_smooth(method=lm) ipoxido summary(lm(ovi$ido~ovi$ipo)) ``` Transformando em dado agrupado ```{r} ovim <- ovi[-which(is.na(ovi$ido)),] ovim$APS <- as.factor(ovim$APS) str(ovim) gd<- groupedData(ido~week|APS,data=ovim,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IDO')) plot(gd) ``` Modelo de relacao do mosquito com temperatura por APS, usando GAM e LM ```{r} library(mgcv) mod0<-gam(ido~s(tmin),data=ovi) mod1<-gam(ido~s(tmin1),data=ovi) mod2<-gam(ido~s(tmin2),data=ovi) mod3<-gam(ido~s(tmin3),data=ovi) summary(mod0) summary(mod1) 104 summary(mod2) summary(mod3) par(mfrow=c(2,2), mar=c(2,4,2,1)) plot(mod0) abline(h=0, col=2) plot(mod1) abline(h=0, col=2) plot(mod2) abline(h=0, col=2) plot(mod3) abline(h=0, col=2) AIC(mod1, mod2, mod3, mod0) #nao linear mod0 mod3 #substituindo os demais por lineares (mod1d, mod2d e mod3) mod1d<-lm(ido~tmin1,data=ovi) mod2d<-lm(ido~tmin2,data=ovi) summary(mod1d) summary(mod2d) par(mfrow=c(2,2), mar=c(2,4,2,1)) plot(mod1d) plot(mod2d) AIC(mod1d, mod2d, mod3, mod0) #por enquanto vence o modelo mod1d mod0c<-gam(ido~s(tmin)+APS,data=ovi) mod1c<-gam(ido~s(tmin1)+APS,data=ovi) mod2c<-gam(ido~s(tmin2)+APS,data=ovi) mod3c<-gam(ido~s(tmin3)+APS,data=ovi) summary(mod0c) summary(mod1c) summary(mod2c) summary(mod3c) par(mfrow=c(2,2)) plot(mod0c) abline(h=0, col=2) plot(mod1c) abline(h=0, col=2) plot(mod2c) abline(h=0, col=2) plot(mod3c) abline(h=0, col=2) AIC(mod0c,mod1c,mod2c,mod3c) #aqui ganhou mod1c 105 mod0d=gam(ido~s(tmin,by=APS), data=ovi) mod1d=gam(ido~s(tmin1,by=APS), data=ovi) mod2d=gam(ido~s(tmin2,by=APS), data=ovi) mod3d=gam(ido~s(tmin3,by=APS), data=ovi) AIC(mod0d,mod1d,mod2d,mod3d) summary(mod0d) summary(mod1d) summary(mod2d) summary(mod3d) plot(mod0d, pages =1) plot(mod1d, pages =1) plot(mod2d, pages =1) plot(mod3d, pages =1) mod0a<-lm(ido~tmin*APS,data=ovi) mod1a<-lm(ido~tmin1*APS,data=ovi) mod2a<-lm(ido~tmin2*APS,data=ovi) mod3a<-lm(ido~tmin3*APS,data=ovi) summary(mod0a) summary(mod1a) summary(mod2a) summary(mod3a) par(mfrow=c(2,2)) plot(mod0a) plot(mod1a) plot(mod2a) plot(mod3a) AIC(mod0a,mod1a,mod2a,mod3a) #ganhou mod1a ``` Melhor modelo: lag de 1 semana Escolhendo o melhor modelo com lag de 1 semanas ```{r} mod1<-gam(ido~s(tmin1),data=ovi) mod1e=lm(ido~tmin1, data=ovi) mod1b<-lm(ido~tmin1+APS,data=ovi) mod1a<-lm(ido~tmin1*APS,data=ovi) plot(mod1a) mod1c= gam(ido~s(tmin1)+APS, data=ovi) mod1d=gam(ido~s(tmin1,by=APS), data=ovi) gam.check(mod1c) gam.check(mod1d) AIC(mod1, mod1a, mod1b, mod1c, mod1d, mod1e) # grafico do predito 106 aps = unique(ovi$APS) newdata <- expand.grid(tmin1=seq(16,26), APS=aps) newdata$predmod1 <- predict(mod1a, newdata) par(mfrow=c(1,1)) plot(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[1]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[1]],typ e="l", col= "OliveDrab",ylab="predito(IDO)", xlab="temperatura mí-nima",ylim=c(0,70)) lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[2]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[2]],co l="DeepSkyBlue") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[3]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[3]],co l="LawnGreen") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[4]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[4]],co l="Gold") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[5]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[5]],co l="MediumOrchid") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[6]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[6]],co l="LightSalmon") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[7]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[7]],co l="Sienna") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[8]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[8]],co l="Tomato") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[9]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[9]],co l="Grey") lines(newdata$tmin1[newdata$APS==aps[10]],newdata$predmod1[newdata$APS==aps[10]], col="RosyBrown") legend(x="topleft", legend=aps, lty=1, col=c("OliveDrab", "DeepSkyBlue", "LawnGreen", "Gold", "MediumOrchid","LightSalmon", "Sienna", "Tomato", "Grey", "RosyBrown"), cex=0.5) ``` Melhor modelo para as minimas: linear lag de 1 semana, com ido e temp com intera??o com a APS ```{r} mod1a<-lm(ido~tmin1*APS,data=ovi) par(mfrow=c(2,2),mar=c(2,2,2,2)) plot(mod1a) hist(resid(mod1a)) boxplot(resid(mod1a)) ovi$predicted=predict(mod1a) predict(mod1a) ``` Ido x Temp Para as maximas ```{r} modmax0<-gam(ido~s(tmax),data=ovi) modmax1<-gam(ido~s(tmax1),data=ovi) modmax2<-gam(ido~s(tmax2),data=ovi) 107 modmax3<-gam(ido~s(tmax3),data=ovi) summary(modmax0) summary(modmax1) summary(modmax2) summary(modmax3) par(mfrow=c(2,2)) plot(modmax0) abline(h=0, col=2) plot(modmax1) abline(h=0, col=2) plot(modmax2) abline(h=0, col=2) plot(modmax3) abline(h=0, col=2) #lineares = modmax1 e 3 modmax1lm=lm(ido~tmax1, data=ovi) modmax3lm=lm(ido~tmax3, data=ovi) summary(modmax1lm) summary(modmax3lm) plot(modmax1lm) plot(modmax3lm) AIC(modmax0,modmax1lm, modmax2,modmax3lm ) #O melhor: o lag 2 #Agora com aps modmax0<-gam(ido~s(tmax)+APS,data=ovi) modmax1<-gam(ido~s(tmax1)+APS,data=ovi) modmax2<-gam(ido~s(tmax2)+APS,data=ovi) modmax3<-gam(ido~s(tmax3)+APS,data=ovi) summary(modmax0) summary(modmax1) summary(modmax2) summary(modmax3) par(mfrow=c(2,2), mar=c(1,1,1,1)) plot(modmax0) abline(h=0, col=3) plot(modmax1) abline(h=0, col=3) plot(modmax2) abline(h=0, col=3) plot(modmax3) abline(h=0, col=3) AIC(modmax0,modmax1,modmax2,modmax3) #Melhor modelo = modmax1 108 #Agora os modelos com intera??o da APS modmax0<-gam(ido~s(tmax, by=APS),data=ovi) modmax1<-gam(ido~s(tmax1, by=APS),data=ovi) modmax2<-gam(ido~s(tmax2, by=APS),data=ovi) modmax3<-gam(ido~s(tmax3, by=APS),data=ovi) summary(modmax0) summary(modmax1) summary(modmax2) summary(modmax3) AIC(modmax0,modmax1,modmax2,modmax3) #Melhor modelo = modmax1 lmmodmax0<-lm(ido~tmax*APS,data=ovi) lmmodmax1<-lm(ido~tmax1*APS,data=ovi) lmmodmax2<-lm(ido~tmax2*APS,data=ovi) lmmodmax3<-lm(ido~tmax3*APS,data=ovi) summary(lmmodmax0) summary(lmmodmax1) summary(lmmodmax2) summary(lmmodmax3) plot(lmmodmax1) AIC(lmmodmax0, lmmodmax1,lmmodmax2, lmmodmax3) ``` Melhor modelo: lag 1 semana Escolhendo o melhor modelo com lag ```{r} mod<-gam(ido~s(tmax),data=ovi) modmax1<-gam(ido~s(tmax1)+APS,data=ovi) lmmodmax1<-lm(ido~tmax1*APS,data=ovi) mod1b<-gam(ido~s(tmax1, by=APS),data=ovi) summary(mod1b) AIC(mod,modmax1,lmmodmax1, mod1b) lmmodmax1<-lm(ido~tmax1*APS,data=ovim) mod1b<-gam(ido~s(tmax1, by=APS),data=ovim) plot(lmmodmax1) plot(mod1b) AIC(mod1a, mod1b, lmmodmax1) #Ao remover ponto de influencia (apos consulta a fonte e constatacao que o ponto foi digitado errado) , o melhor modelo e o linear title: "Script Analise IDO por RA" author: "Sara de Souza" date: "Friday, June 03, 2016" 109 --```{r} setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") setwd("script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") ovi<-read.csv2("indtemptotalra.csv") str(ovi) ovi$data= as.Date(ovi$data, format = "%Y-%m-%d") ovi$RANUM=as.factor(ovi$RANUM) ovi <- ovi[-461,] head(ovi) ``` ipo = indice de positividade de ovos (proporcao de ovitrampas positivas) ido = indice de densidade de ovos (media de ovos por ovitrampa) ```{r} library(ggplot2) par(mfrow=c(1,1),mar=c(2,3,2,3)) boxplot=ggplot(ovi, aes( RANUM,ido)) + geom_boxplot()+ xlab('Regioes Administrativas') + ylab('IDO') boxplot+ggtitle('IDO por Regiao Adiministrativa') boxplot=ggplot(ovi, aes( RANUM,ipo)) + geom_boxplot()+ xlab('Regioes Administrativas') + ylab('IPO') boxplot+ggtitle('IPO por Regiao Adiministrativa') ``` Modelo misto Carregando bibliotecas necessarias ```{r} library("nlme") ``` Transformando em dado agrupado ```{r} ovim <- ovi[-which(is.na(ovi$ido)),] ovim$RANUM <- as.factor(ovim$RANUM) str(ovim) gd<- groupedData(ido~week|RANUM,data=ovim,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IDO')) gd1<-groupedData(ipo~week|RANUM,data=ovim,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IPO')) par(mfrow=c(1,1), mar=c(1,1,1,1)) plot(gd) plot(gd1) head(gd) ``` Para temperaturas miminas 110 (As primeiras analises serao tambem exemplos de como fazer cada etapa, conforme ZUUR(2007)) Como ajustar modelo de regressao de intercepto aleatoriol tmin = 0 lag e IDO ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefit<-lme(ido~tmin, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefit) ``` Como ajustar modelo de slope e intercep aleatorio tmin = 0 lag ```{r} lmefitt<-lme(ido~tmin, data=gd, random=~1+tmin|RANUM) summary(lmefitt) anova(lmefit, lmefitt) AIC(lmefit, lmefitt) #modelo com intercepto e slope aleat?rio ? o melhor ``` Como plotar grafico do intercep aleatorio ```{r} par(mfrow=c(1,1), mar=c(3,3,3,3)) F0 <- fitted(lmefit, level=0) # modelo pop F1 <- fitted(lmefit, level=1) # modelo intraRA temps <- sort(ovim$tmin) I <- order(ovim$tmin) plot(temps,F0[I],type="l",xlab="tmin",ylab="IDO",lwd=3) RAs = unique(ovim$RANUM) for(i in RAs){ x1 <- ovim$tmin[ovim$RANUM == i] y1 <- F1[ovim$RANUM ==i] K <- order(x1) lines(sort(x1),y1[K],lwd=0.8,col="grey") } ``` Como plotar grafico do slope e intercep aleatorio ```{r} par(mfrow=c(1,1), mar=c(2,2,2,2)) F0 <- fitted(lmefitt, level=0) # modelo pop F1 <- fitted(lmefitt, level=1) # modelo intraRA temps <- sort(ovim$tmin) I <- order(ovim$tmin) plot(temps,F0[I],type="l",xlab="tmin",ylab="IDO",lwd=3) RAs = unique(ovim$RANUM) for(i in RAs){ 111 x1 <- ovim$tmin[ovim$RANUM == i] y1 <- F1[ovim$RANUM ==i] K <- order(x1) lines(sort(x1),y1[K],lwd=0.8,col="grey") } ``` como plotar o Mapa ```{r} library(rgeos) library(maptools) library(RColorBrewer) library(classInt) par(mai=c(0,0,0,0),mar=c(4,4,1,1)) mapa <- readShapePoly("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/SARA/limite_RA.shp",verbose=TRUE) summary(mapa) plot(mapa) ``` Como plotar o Grafico dos interceptos ```{r} interc <- random.effects(lmefit) plot(interc) names(interc) <- "intercepto" ``` Como colocar os valores de intercepto no shape ```{r} mapa$interc <- NA for (i in 1:33){ RAi <- as.character(mapa$CODRA[i]) mapa$interc[i]<-interc$intercepto[which(rownames(interc)==RAi)] } colors <- brewer.pal(5, name = "YlOrRd") brks<-classIntervals(mapa$interc, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$interc,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) #add a title title(paste ("intercepto do modelo aleatorio")) #isto é , as áreas mais escuras já saem na frente em relação ao IDO #add a legend legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) ```` Como plotar o grafico dos interceptos e slopes ```{r} 112 interc <- random.effects(lmefitt) plot(interc) names(interc) <- c("intercepto","slope") ``` Como colocar os valores de intercepto no shape ```{r} mapa$interc <- NA mapa$slope <- NA for (i in 1:33){ RAi <- as.character(mapa$CODRA[i]) mapa$interc[i]<-interc$intercepto[which(rownames(interc)==RAi)] mapa$slope[i]<-interc$slope[which(rownames(interc)==RAi)] } colors <- brewer.pal(5, name = "YlOrRd") brks<-classIntervals(mapa$interc, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$interc,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) colors <- brewer.pal(5, name = "YlOrRd") brks<-classIntervals(mapa$slope, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$slope,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) #add a title title(paste ("slope")) #add a legend legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - tmin , lag 1 semana ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitt1<-lme(ido~tmin1, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitt1) AIC(lmefit0, lmefitt1) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto e slope aleatorio- tmin , lag 1 semana (melhor modelo ap?s toda an?lise, logo, os graficos e mapas ser?o feitos com base nesse modelo) ```{r} str(gd) lmefitt12<-lme(ido~tmin1, data=gd, random=~1+tmin1|RANUM) summary(lmefitt12) summary(lmefitt123) AIC(lmefitt1, lmefitt12) anova(lmefitt1, lmefitt12) 113 ``` Grafico do modelo de regressao de intercepto e slope aleatorio- tmin , lag 1 semana ```{r} par(mfrow=c(1,1)) F0 <- fitted(lmefitt12, level=0) # modelo pop F1 <- fitted(lmefitt12, level=1) # modelo intraRA temps <- sort(ovim$tmin1) I <- order(ovim$tmin1) plot(temps,F0[I],type="l",xlab="tmin1",ylab="IDO",lwd=3) RAs = unique(ovim$RANUM) for(i in RAs){ x1 <- ovim$tmin1[ovim$RANUM == i] y1 <- F1[ovim$RANUM ==i] K <- order(x1) lines(sort(x1),y1[K],lwd=0.8,col="grey") } # Modelo com interceptos e slopes aleatórios é melhor ``` Plotando o grafico com os interceptos e slopes ```{r} interc <- random.effects(lmefitt12) plot(interc) names(interc) <- c("intercepto","slope") ``` Colocando os valores de intercepto e slope no shape ```{r} mapa$interc <- NA mapa$slope <- NA for (i in 1:33){ RAi <- as.character(mapa$CODRA[i]) mapa$interc[i]<-interc$intercepto[which(rownames(interc)==RAi)] mapa$slope[i]<-interc$slope[which(rownames(interc)==RAi)] } colors <- brewer.pal(5, name = "YlOrRd") brks<-classIntervals(mapa$interc, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$interc,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) title(paste ("Intercepto")) legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks,digits=1)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) colors <- brewer.pal(5, name = "YlOrRd") brks<-classIntervals(mapa$slope, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$slope,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) 114 title(paste ("slope")) legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks, digits=1)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - lag 2 semanas ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitt2<-lme(ido~tmin2, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitt2) AIC(lmefit0, lmefit) ``` modelo de intercepto e slope aleatorio - lag 2 semanas ```{r} lmefitt22<-lme(ido~tmin2, data=gd, random=~1+tmin2|RANUM) summary(lmefitt22) AIC(lmefitt2,lmefitt22) anova(lmefitt2,lmefitt22) ```` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - lag 3 semanas ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitt3<-lme(ido~tmin3, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitt3) AIC(lmefit0, lmefitt3) ``` modelo de intercepto e slope aleatorio - lag 3 semanas ```{r} lmefitt32<-lme(ido~tmin3, data=gd, random=~1+tmin3|RANUM) summary(lmefitt32) AIC(lmefitt3, lmefitt32) anova(lmefitt3, lmefitt32) AIC (lmefit0, lmefit, lmefitt, lmefitt1,lmefitt12,lmefitt2,lmefitt22, lmefitt3,lmefitt32 ) anova (lmefit0, lmefit, lmefitt, lmefitt1,lmefitt12,lmefitt2,lmefitt22, lmefitt3,lmefitt32 ) ``` Para temperaruras m?ximas Modelo de regressao de intercepto aleatoriol temperaturas m?ximas sem lag ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitmax<-lme(ido~tmax, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitmax) AIC(lmefit0, lmefitmax) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto e slope aleatorio temperaturas m?ximas sem lag ```{r} 115 lmefitmaxx<-lme(ido~tmax, data=gd, random=~1+tmax|RANUM) summary(lmefitmaxx) AIC(lmefitmax, lmefitmaxx) anova(lmefitmax, lmefitmaxx) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - temp max lag 1 semana ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitmaxt1<-lme(ido~tmax1, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitmaxt1) AIC(lmefit0, lmefitmaxt1) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto e slope aleatorio - temp max lag 1 semanas ```{r} lmefitmaxt12<-lme(ido~tmax1, data=gd, random=~1+tmax1|RANUM) summary(lmefitmaxt12) AIC(lmefitmaxt1, lmefitmaxt12) anova(lmefitmaxt1, lmefitmaxt12) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - temp max lag 2 semanas ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitmaxt2<-lme(ido~tmax2, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitmaxt2) AIC(lmefit0, lmefitmaxt2) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto e slope aleatorio - temp max lag 2 semanas ```{r} lmefitmaxt22<-lme(ido~tmax2, data=gd, random=~1+tmax2|RANUM) summary(lmefitmaxt22) AIC(lmefitmaxt2, lmefitmaxt22) anova(lmefitmaxt2, lmefitmaxt22) ``` Ajustando modelo de regressao de intercepto aleatorio - temp max lag 3 semanas ```{r} lmefit0 <-lme(ido~1, data=gd, random=~1|RANUM) lmefitmaxt3<-lme(ido~tmax3, data=gd, random=~1|RANUM) summary(lmefitmaxt3) AIC(lmefit0, lmefitmaxt3) ``` Ajustando modelo de regress?o inetrcepto e slope aleatorio - temp max lag 3 semanas ```{r} lmefitmaxt32<-lme(ido~tmax3, data=gd, random=~1+tmax3|RANUM) summary(lmefitmaxt32) 116 AIC(lmefitmaxt3, lmefitmaxt32) anova(lmefitmaxt3, lmefitmaxt32) AIC (lmefitmax,lmefitmaxx, lmefitmaxt1, lmefitmaxt12, lmefitmaxt2,lmefitmaxt22,lmefitmaxt3,lmefitmaxt32 ) anova (lmefitmax,lmefitmaxx, lmefitmaxt1, lmefitmaxt12, lmefitmaxt2,lmefitmaxt22,lmefitmaxt3,lmefitmaxt32 ) ``` Analise de residuo melhor modelo: tmin lag 1 week slope e intercepto aleat?rio ```{r} anova.lme(lmefitt12, lmefitt1) AIC(lmefitt12, lmefitt1) par(mfrow=c(1,1), mar=c(2,3,2,3)) plot(lmefitt12) resid=lmefitt12$residuals fit=lmefitt12$fitted plot(resid~fit ,xlab="residuos",ylab="valores ajustados" ) abline(h=0, col=2, lty=2) lines(smooth.spline(fitted(lmefitt12), residuals(lmefitt12))) names(lmefitt12) res=as.data.frame(resid) names(res) plot (res$fixed) acf(res$fixed) hist(res$fixed) which(res$fixed>100) ovim2 <- ovim[-c(318,668,706,765),] gd1<- groupedData(ido~week|RANUM,data=ovim2,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IDO')) lmefitt122<-lme(ido~tmin1, data=gd1, random=~1+tmin1|RANUM) plot(lmefitt122) resid2=lmefitt122$residuals fit2=lmefitt122$fitted plot(resid2~fit2 ,xlab="residuos",ylab="valores ajustados" ) abline(h=0, lty=2) lines(smooth.spline(fitted(lmefitt122), residuals(lmefitt122))) res2=as.data.frame(resid2) par(mfrow=c(2,2), mar=c(2,2,2,2)) plot (res2$fixed, main="Residuos fixos x valores ajustados",) acf(res2$fixed) hist(res2$fixed) qqnorm(res2$fixed) 117 APÊNDICE B – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IPO E TEMPERATURA title: "Script Analise IPO por AP e RA" author: "Sara de Souza" ``` Modelagem dos dados positividade de ovitrampa agregados para APS usando regressao logistica ```{r} library(lme4) library(nlme) setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") posit=read.csv2("indtemptotal.csv") posit <- posit[-155,] str(posit) posit$data= as.Date(posit$data, format=("%d/%m/%Y")) posit$palpos[posit$palrec==1 & is.na(posit$palpos)==TRUE] <- 0 posit$palrec[posit$palrec==NA]=0 head(posit) gdAP<-groupedData(ipo~week|APS,data=posit,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IPO')) plot(gdAP) library(lme4) ``` Modelo nulo ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoRE= glmer(ipo~1+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRE) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoRES= glmer(ipo~1+(tmin|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRES) anova(modipoRE, modipoRES) ``` Modelo tmin sem lag ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoRE0= glmer(ipo~tmin+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRE0) #com efeito aletorio (intercepto e slope) t. This could be specified as (1+x|group) inlme4 or glmmADMB). In many cases the 1 is optional- (x | group) would also work.Por isso escrevi assim. (FOX, et al, 2015) modipoRES0= glmer(ipo~tmin+(tmin|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRES0) 118 anova(modipoRE0, modipoRES0) ``` Modelo tmin com lag de 1 semana ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoRE1= glmer(ipo~tmin1+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRE1) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoRES1= glmer(ipo~tmin1+(tmin1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRES1) ``` Modelo tmin lag 2 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intecepto) modipoRE2= glmer(ipo~tmin2+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRE2) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoRES2= glmer(ipo~tmin2+(tmin2|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRES2) ``` Modelo tmin com lag de 3 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoRE3= glmer(ipo~tmin3+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRE3) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoRES3= glmer( ipo~tmin3+(tmin3|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoRES3) ``` Seleção dos modelos de efeito aleatório usando AIC ```{r} AIC(modipoRE, modipoRE0, modipoRE1, modipoRE2, modipoRE3, modipoRES, modipoRES0, modipoRES1, modipoRES2, modipoRES3) anova(modipoRE, modipoRE0, modipoRE1, modipoRE2, modipoRE3, modipoRES, modipoRES0, modipoRES1, modipoRES2, modipoRES3) 119 #Quando colocamos como efeito aleatório apenas intercepto, a defasagem de 2 semanas parece ser a que melhor se ajusta #Quando colocamos como efeito aleatório intercepto e inclinação, a defasagem de 2 semanas tb é a que melhor se ajusta,e tb é a melhor numa comparação absoluta entre os modelos ``` Plotando o melhor modelo com ggplot ```{r} library(ggplot2) library(arm) library(sjPlot) # plot qq-plot of random effects qqplot=sjp.glmer(modipoRES2, type = "re.qq") # simple plot plot=sjp.lmer(modipoRES2) # plot probability curves for each covariate # grouped by random intercepts sjp.glmer(modipoRES2, type = "ri.pc", facet.grid = FALSE) ``` Para as máximas Modelo nulo ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxRE= glmer(ipo~1+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRE) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxRES= glmer(ipo~1+(tmax|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRES) ``` Modelo tmax sem lag ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxRE0= glmer(ipo~tmax+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRE0) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxRES0= glmer(ipo~tmax+(tmax|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRES0) ``` Modelo tmax com lag de 1 semana 120 ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxRE1= glmer(ipo~tmax1+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRE1) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxRES1= glmer(ipo~tmax1+(tmax1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRES1) ``` Modelo tmax lag 2 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intecepto) modipoxRE2= glmer(ipo~tmax2+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRE2) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxRES2= glmer(ipo~tmax2+(tmax2|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRES2) ``` Modelo tmax com lag de 3 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxRE3= glmer(ipo~tmax3+(1|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRE3) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxRES3= glmer( ipo~tmax3+(tmax3|APS), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxRES3) ``` Seleção dos modelos de efeito aleatório usando AIC ```{r} AIC(modipoxRE, modipoxRE0, modipoxRE1, modipoxRE2, modipoxRE3, modipoxRES, modipoxRES0, modipoxRES1, modipoxRES2, modipoxRES3) anova(modipoxRE, modipoxRE0, modipoxRE1, modipoxRE2, modipoxRE3, modipoxRES, modipoxRES0, modipoxRES1, modipoxRES2, modipoxRES3) #Quando colocamos como efeito aleatório apenas intercepto, a defasagem de 3 semanas parece ser a que melhor se ajusta #Quando colocamos como efeito aleatório intercepto e inclinação, a defasagem de 3 semanas tb é a que melhor se ajusta,e tb é a melhor numa comparação absoluta entre os modelos de temperatura máximas (mas ainda assim perde para o das mínimas) ``` 121 Plotando o melhor modelo com ggplot ```{r} library(ggplot2) library(arm) library(sjPlot) # plot qq-plot of random effects qqplot=sjp.glmer(modipoxRES3, type = "re.qq") # simple plot plot=sjp.lmer(modipoxRES3) # plot probability curves for each covariate # grouped by random intercepts sjp.glmer(modipoxRES3, type = "ri.pc", facet.grid = FALSE) ``` Modelagem dos dados positividade de ovitrampa agregados para RA usando regressao logistica ```{r} setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") posit=read.csv2("indtemptotalra.csv") str(posit) posit$data= as.Date(posit$data, format=("%d/%m/%Y")) posit$RANUM= as.factor(posit$RANUM) posit$palpos[posit$palrec==1 & is.na(posit$palpos)==TRUE] <- 0 posit$palrec[posit$palrec==NA]=0 head(posit) gd1<-groupedData(ipo~week|RANUM,data=posit,labels=list(x='Semanas do Estudo',y='IPO')) plot(gd1) library(lme4) ``` Modelo nulo ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modiporeRA= glmer(ipo~1+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporeRA) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modiporesRA= glmer(ipo~1+(tmin|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporesRA) ``` Modelo tmin sem lag ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) 122 modiporeRA0= glmer(ipo~tmin+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporeRA0) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modiporesRA0= glmer(ipo~tmin+(tmin|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporesRA0) ``` Modelo tmin com lag de 1 semana ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modiporeRA1= glmer(ipo~tmin1+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporeRA1) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modiporesRA1= glmer(ipo~tmin1+(tmin1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporesRA1) ``` Modelo tmin lag 2 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intecepto) modiporeRA2= glmer(ipo~tmin2+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporeRA2) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modiporesRA2= glmer(ipo~tmin2+(tmin2|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporesRA2) ``` Modelo tmin com lag de 3 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modiporeRA3= glmer(ipo~tmin3+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modiporeRA3) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modiporesRA3= glmer( ipo~tmin3+(tmin3|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) 123 summary(modiporesRA3) ``` Seleção dos modelos de efeito aleatório usando AIC ```{r} AIC(modiporeRA, modiporeRA0, modiporeRA1, modiporeRA2, modiporeRA3, modiporesRA, modiporesRA0, modiporesRA1, modiporesRA2, modiporesRA3) anova(modiporeRA, modiporeRA0, modiporeRA1, modiporeRA2, modiporeRA3, modiporesRA, modiporesRA0, modiporesRA1, modiporesRA2, modiporesRA3) #Quando colocamos como efeito aleatório apenas intercepto, a defasagem de 2 semanas parece ser a que melhor se ajusta #Quando colocamos como efeito aleatório intercepto e inclinação, a defasagem de 2 semanas tb é a que melhor se ajusta,e tb é a melhor numa comparação absoluta entre os modelos ``` Plotando o melhor modelo com ggplot ```{r} library(ggplot2) library(arm) library(sjPlot) # plot qq-plot of random effects qqplot=sjp.glmer(modiporesRA2, type = "re.qq") # simple plot plot=sjp.glmer(modiporesRA2 ) # plot probability curves for each covariate # grouped by random intercepts sjp.glmer(modiporesRA2, type = "ri.pc", facet.grid = FALSE) modiporesRA2 #Agora os mapas de intercepto e slope <3 library(rgeos) library(maptools) library(RColorBrewer) library(classInt) par(mai=c(0,0,0,0),mar=c(4,4,1,1)) mapa <- readShapePoly("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/SARA/limite_RA.shp",verbose=TRUE) summary(mapa) plot(mapa) interc <- random.effects(modiporesRA2) intercs= as.data.frame(interc$RANUM) intercs names(intercs) <- c("intercepto","slope") 124 mapa$interc <- NA mapa$slope <- NA for (i in 1:33){ RAi <- as.character(mapa$CODRA[i]) mapa$interc[i]<-intercs$intercepto[which(rownames(intercs)==RAi)] mapa$slope[i]<-intercs$slope[which(rownames(intercs)==RAi)] } colors <- brewer.pal(5, name = "Blues") brks<-classIntervals(mapa$interc, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$interc,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) title(paste ("Intercepto")) legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks, digits=4)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) colors <- brewer.pal(5, name = "Blues") brks<-classIntervals(mapa$slope, n=5, style="quantile") brks<- brks$brks plot(mapa,col=colors[findInterval(mapa$slope,brks,all.inside=TRUE)], axes=F) title(paste ("Slope")) legend(x=620000, y=7486000, legend=leglabs(round(brks, digits=4)), fill=colors, bty="n",x.intersp = .9, y.intersp = .6) ``` Para as máximas Modelo nulo ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxreRA= glmer(ipo~1+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxreRA) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxresRA= glmer(ipo~1+(tmax|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxresRA) ``` Modelo tmax sem lag ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxreRA0= glmer(ipo~tmax+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxreRA0) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxresRA0= glmer(ipo~tmax+(tmax|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) 125 summary(modipoxresRA0) ``` Modelo tmax com lag de 1 semana ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxreRA1= glmer(ipo~tmax1+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxreRA1) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxresRA1= glmer(ipo~tmax1+(tmax1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxresRA1) ``` Modelo tmax lag 2 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intecepto) modipoxreRA2= glmer(ipo~tmax2+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxreRA2) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxresRA2= glmer(ipo~tmax2+(tmax2|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxresRA2) ``` Modelo tmax com lag de 3 semanas ```{r} #com efeito aletorio (intercepto) modipoxreRA3= glmer(ipo~tmax3+(1|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxreRA3) #com efeito aletorio (intercepto e slope) modipoxresRA3= glmer( ipo~tmax3+(tmax3|RANUM), weights = palrec, family=binomial, data=posit) summary(modipoxresRA3) ``` Seleção dos modelos de efeito aleatório usando AIC ```{r} AIC(modipoxreRA, modipoxreRA0, modipoxreRA1, modipoxreRA2, modipoxreRA3, modipoxresRA, modipoxresRA0, modipoxresRA1, modipoxresRA2, modipoxresRA3) 126 anova(modipoxreRA, modipoxreRA0, modipoxreRA1, modipoxreRA2, modipoxreRA3, modipoxresRA, modipoxresRA0, modipoxresRA1, modipoxresRA2, modipoxresRA3) #Quando colocamos como efeito aleatório apenas intercepto, a defasagem de 3 semanas parece ser a que melhor se ajusta #Quando colocamos como efeito aleatório intercepto e inclinação, a defasagem de 3 semanas tb é a que melhor se ajusta,e tb é a melhor numa comparação absoluta entre os modelos de temperatura máximas (mas ainda assim perde para o das mínimas) ``` Plotando o melhor modelo com ggplot ```{r} library(ggplot2) library(arm) library(sjPlot) # plot qq-plot of random effects qqplot=sjp.glmer(modipoxresRA3, type = "re.qq") # simple plot plot=sjp.lmer(modipoxresRA3) # plot probability curves for each covariate # grouped by random intercepts sjp.glmer(modipoxresRA3, type = "ri.pc", facet.grid = FALSE) ```` 127 APÊNDICE C – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IDO E CASOS DE DENGUE title: "Script Modelagem Casos IDO" author: "Sara de Souza" date: "Monday, March 21, 2016" --```{r, results='hide',echo=FALSE} library(lubridate) library(ggplot2) library(RColorBrewer) library(mgcv) library(lubridate) library(zoo) library(MASS) ```` Chamando e organizando os dados ```{r} setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") ovicasos= read.csv2(file="dadosoviagregacasos.csv",header=T) str(ovicasos) ``` Criando variaveis de data ```{r} ovicasos$datacoleta=as.yearmon(ovicasos$datacoleta, "%b/%y") ovicasos$datacaso=as.yearmon(ovicasos$datacaso, "%b/%Y") ovicasos$mes <- month(ovicasos$datacoleta) ovicasos$mes <- as.factor(ovicasos$mes) ovicasos$ano <- year(ovicasos$datacoleta) ``` Colocando mes de agosto como referencia ```{r} ovicasos$mes <- relevel(ovicasos$mes, ref="8") ``` Modelagem de poisson com offset ```{r} par(mfrow=c(2,2)) poisson1.nulo<-glm(casos~1 + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) poisson1.ido<-glm(casos~ ido + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) poisson1.idomaps<-glm(casos~ ido + APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) poisson1.idoxaps<-glm(casos~ ido * APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) AIC(poisson1.nulo, poisson1.ido, poisson1.idomaps, poisson1.idoxaps) #O melhor modelo ate agora pelo AIC e´ o com interaçao. Vamos testar se com gam é melhor: poisson1.sido<-gam(casos~ s(ido) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) poisson1.sidomaps<-gam(casos~ s(ido) + APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) poisson1.sidoxaps<-gam(casos~ s(ido, by = APS) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) 128 AIC(poisson1.nulo, poisson1.ido, poisson1.idomaps, poisson1.idoxaps, poisson1.sido, poisson1.sidomaps, poisson1.sidoxaps) summary(poisson1.sidoxaps) # O modelo gam com s(ido, by=APS) fica bem melhor em termos de AIC do que o modelo com interacao par(mfrow=c(2,2)) plot(poisson1.sidoxaps, residuals = TRUE) abline(h=0, col=2, lty=3) plot(resid(poisson1.sidoxaps)) acf(resid(poisson1.sidoxaps)) #O modelo gam(casos~ s(ido, by = APS) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) tem varios problemas: autocorrelacao dos residuos e alta, indicando que há estrutura, e evidencia de superdispersao, além disso os splines de ido por APS sao pouco informativos. ``` Modelagem com Binomial Negativa Modelo sem gam, so ido e aps ```{r} par(mfrow=c(2,2)) nb1.nulo<-glm.nb(casos~1 + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) nb1.ido<-glm.nb(casos~ ido + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) nb1.idomaps<-glm.nb(casos~ ido + APS + offset(log(pop)),link="log", data=ovicasos) nb1.idoxaps<-glm.nb(casos~ ido * APS + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ido, nb1.idomaps, nb1.idoxaps) ``` Modelo sem gam, acrescentando mes como fator. ```{r} nb1.idommes<-glm.nb(casos ~ ido+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=ovicasos) nb1.idomapsmmes<-glm.nb(casos~ ido + APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=ovicasos) nb1.idoxapsmmes<-glm.nb(casos~ ido * APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ido, nb1.idomaps, nb1.idoxaps, nb1.idommes, nb1.idomapsmmes, nb1.idoxapsmmes) #Dentre os modelos nb ate agora, os melhores pelo AIC são nb1.idomapsmmes<-glm.nb(casos~ ido + APS + mes + offset(log(pop)) e nb1.idommes<-glm.nb(casos ~ ido+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=ovicasos) a aps parece contribuir pouco ``` testando modelo alternativo com mes como spline, com ou sem ano como fator ```{r} gamnb1<-gam(casos~ido+s(as.numeric(mes))+offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) gamnb2<-gam(casos~ido+s(as.numeric(mes), by=as.factor(ano))+offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) gamnb3<-gam(casos~ido+s(as.numeric(mes)) + ano +offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ido, nb1.idomaps, nb1.idoxaps, nb1.idommes, nb1.idomapsmmes, nb1.idoxapsmmes, gamnb1, gamnb2, gamnb3) 129 #A inclusao do gam so ajuda se estratifica por ano. #No modelo nb1.idommes, os residuos nao estao ruins mas sobrou muita autocorr. nb1.idommes<-glm.nb(casos ~ ido+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=ovicasos) par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.idommes) plot(nb1.idommes) acf(resid(nb1.idommes)) #No modelo com gam, a autocorr é resolvida, mas esta mais dificil de interpretar os gams. O importante porem é que em ambos, o ido tem um efeito positivo. gamnb2<-gam(casos~ido+s(as.numeric(mes), by=as.factor(ano))+offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) par(mfrow=c(2,2)) summary(gamnb2) plot(gamnb2) acf(resid(gamnb2)) ``` Solucoes para resolver o problema da autocorrelacao: variavel casos defasado Criando uma variavel defasada de casos chamada casos1 ```{r} head(ovicasos) aps = unique(ovicasos$APS) d1 <- subset(ovicasos, APS==aps[1]) d1$casos1 <- NA d1$casos1[2:25]<-d1$casos[1:24] for (i in 2:10){ dn <- subset(ovicasos, APS==aps[i]) N = dim(dn)[1] dn$casos1 <- NA dn$casos1[2:N]<-dn$casos[1:(N-1)] d1 <- rbind(d1,dn) } head(d1) #Ajustando com essa variavel de casos defasada nb1.idommes1<-glm.nb(casos ~ log(casos1) + ido+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=d1) AIC(nb1.nulo, nb1.ido, nb1.idomaps, nb1.idoxaps, nb1.idommes, nb1.idomapsmmes, nb1.idoxapsmmes, gamnb1, gamnb2, gamnb3,nb1.idommes1) #Melhorou bastante a autocorr mas ficou um pouco de estrutura sazonal nos residuos. par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.idommes1) plot(nb1.idommes1) par(mfrow=c(1,1)) 130 acf(resid(nb1.idommes1)) #E se colocarmos a temperatura? nb1.idommes.temp1<-glm.nb(casos ~ log(casos1) + ido+ mes+Tmin+offset(log(pop)),link="log",data=d1) par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.idommes.temp1) plot(nb1.idommes.temp1) par(mfrow=c(1,1)) acf(resid(nb1.idommes.temp1)) #caiu um pouco a ACF, mas agora há muitos termos ``` Investigando nao linearidades ```{r} gamnbcasos1<-gam(casos~ s(log(casos1)) + ido+ mes + offset(log(pop)),family=nb(),data=d1) AIC(nb1.nulo, nb1.ido, nb1.idomaps, nb1.idoxaps, nb1.idommes, nb1.idomapsmmes, nb1.idoxapsmmes, gamnb1, gamnb2, gamnb3,nb1.idommes1,gamnbcasos1) par(mfrow=c(1,1)) plot(gamnbcasos1) acf(resid(gamnbcasos1)) gam.check(gamnbcasos1) summary(gamnbcasos1) 131 APÊNDICE D – SCRIPTS UTLIZADOS NAS MODELAGENS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE IPO E CASOS DE DENGUE title: "Script Modelagem Casos IPO" author: "Sara de Souza" date: "Friday, June 24, 2016" --```{r, results='hide',echo=FALSE} library(lubridate) library(ggplot2) library(RColorBrewer) library(mgcv) library(lubridate) library(zoo) library(MASS) library(foreign) library(effects) library(epiDisplay) library(gridExtra) library(visreg) library(car) library(pscl) ```` Chamando e organizando os dados ```{r} setwd("C:/Users/Sara/Dropbox/Sara/script + arquivos/arquivos clima ovitrampas") ovicasos= read.csv2(file="dadosoviagregacasos.csv",header=T) str(ovicasos) ``` Criando variaveis de data ```{r} ovicasos$datacoleta=as.yearmon(ovicasos$datacoleta, "%b/%y") ovicasos$datacaso=as.yearmon(ovicasos$datacaso, "%b/%Y") ovicasos$mes <- month(ovicasos$datacoleta) ovicasos$mes <- as.factor(ovicasos$mes) ovicasos$ano <- year(ovicasos$datacoleta) ``` Colocando o mes de agosto como referencia ```{r} ovicasos$mes <- relevel(ovicasos$mes, ref="8") ``` Modelo relacao ipo X casos mes seguinte ```{r} gamipo<-gam(casos~s(ipo)+offset(log(pop))+APS,data=ovicasos) 132 summary(gamipo) par(mfrow=c(1,1)) plot(gamipo) abline(h=0, col=2) gam.check(gamipo) acf(resid(gamipo)) #Residuos ruins e muita estrutura de autocorrelacao ```` Modelagem de poisson com offset ```{r} par(mfrow=c(2,2)) ipo.poisson1.nulo<-glm(casos~1 + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) ipo.poisson1<-glm(casos~ ipo + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) ipo.poisson1.maps<-glm(casos~ ipo + APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) ipo.poisson1.xaps<-glm(casos~ ipo * APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) AIC(ipo.poisson1.nulo, ipo.poisson1, ipo.poisson1.maps, ipo.poisson1.xaps) #Pelo AIC mais completo é o de melhor ajuste ipo.poisson1.xaps<-glm(casos~ ipo * APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) summary(ipo.poisson1.xaps) #Ocorreu overdispersion . ```` Modelagem gam poisson com offset ```{r} ipo.poisson1.s<-gam(casos~ s(ipo) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) ipo.poisson1.s.maps<-gam(casos~ s(ipo) + APS + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) ipo.poisson1.s.xaps<-gam(casos~ s(ipo, by = APS) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) AIC(ipo.poisson1.nulo, ipo.poisson1, ipo.poisson1.maps, ipo.poisson1.xaps, ipo.poisson1.s,ipo.poisson1.s.maps,ipo.poisson1.s.xaps) summary(ipo.poisson1.s.xaps) #O modelo gam com spline,(ipo, by=APS) possui AIC mais baixo do que o modelo com interacao par(mfrow=c(1,1)) plot(ipo.poisson1.s.xaps, residuals = TRUE) abline(h=0, col=2, lty=3) plot(resid(ipo.poisson1.s.xaps)) acf(resid(ipo.poisson1.s.xaps)) gam.check(ipo.poisson1.s.xaps) #Problemas do modelo gam(casos~ s(ipo, by = APS) + offset(log(pop)), family="poisson",data=ovicasos) :estrutura autocorrelacao dos residuos importante, ha 133 evidencia de superdispersao, residuos com estrutura, e os splines de ipo por APS sao pouco informativos, como na media de ovos. ``` Modelos binomial negativa para correrção da superdisperssão Modelo sem termo suavizador, com ipo e aps ```{r} par(mfrow=c(2,2)) nb1.nulo<-glm.nb(casos~1 + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) nb1.ipo<-glm.nb(casos~ ipo + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) nb1.ipomaps<-glm.nb(casos~ ipo + APS + offset(log(pop)),link="log", data=ovicasos) nb1.ipoxaps<-glm.nb(casos~ ipo * APS + offset(log(pop)), link="log", data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ipo, nb1.ipomaps, nb1.ipoxaps) ``` Agora acrescentando o mes acrescentando mes como fator. ```{r} nb1.ipommes<-glm.nb(casos ~ ipo+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=ovicasos) nb1.ipomapsmmes<-glm.nb(casos~ ipo + APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=ovicasos) nb1.ipoxapsmmes<-glm.nb(casos~ ipo * APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ipo, nb1.ipomaps, nb1.ipoxaps, nb1.ipommes, nb1.ipomapsmmes, nb1.ipoxapsmmes) #os três modelos melhoraram em termos de AIC. Chequemos os pressupostos summary(nb1.ipoxapsmmes) plot(nb1.ipomapsmmes) acf(resid(nb1.ipoxapsmmes)) summary(nb1.ipomapsmmes) plot(nb1.ipomapsmmes) acf(resid(nb1.ipomapsmmes)) #muita estrutura nos residuos e muita autocorrelacao nos residuos dos modelos com APS #vejamos só mes ,sem aps summary(nb1.ipommes) par(mfrow=c(2,2)) plot(nb1.ipommes) acf(resid(nb1.ipommes)) ```` Modelagem gam nb, com mes como suavizador ```{r} #gam par(mfrow=c(1,1)) # testando modelo alternativo com mes como spline, com ou sem ano como fator 134 gamiponb1<gam(casos~ipo+s(as.numeric(mes))+offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) gamiponb2<-gam(casos~ipo+s(as.numeric(mes), by=as.factor(ano))+offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) gamiponb3<-gam(casos~ipo+s(as.numeric(mes)) + ano +offset(log(pop)),family=nb(),data=ovicasos) AIC(nb1.nulo, nb1.ipo, nb1.ipomaps, nb1.ipoxaps, nb1.ipommes, nb1.ipomapsmmes, nb1.ipoxapsmmes, gamiponb1, gamiponb2, gamiponb3) summary(gamiponb1) summary(gamiponb2) plot(resid(gamiponb1)) plot(resid(gamiponb2)) gam.check(gamiponb1) gam.check(gamiponb2) acf(resid(gamiponb1)) #muita correla??o acf(resid(gamiponb2)) #um pouco par(mfrow=c(3,1)) plot(gamiponb2) #aqui GAM so vale a pena quando estratificado por ano, mas ainda assim não é uma boa forma de visualizar ``` A fim de solucionar o problema da autocorrelacao, foi criada uma variavel defasada de casos chamada casos1, que correponde aos casos do mes anterior, para ver a influencia desses casos nos do mes seguinte ```{r} head(ovicasos) aps = unique(ovicasos$APS) d1 <- subset(ovicasos, APS==aps[1]) d1$casos1 <- NA d1$casos1[2:25]<-d1$casos[1:24] for (i in 2:10){ dn <- subset(ovicasos, APS==aps[i]) N = dim(dn)[1] dn$casos1 <- NA dn$casos1[2:N]<-dn$casos[1:(N-1)] d1 <- rbind(d1,dn) } head(d1) ``` Modelagem com a adicao dos casos do mes anterior como parametro . (Aqui, na modelagem com IPO, resolvemos testar também com APS interagindo, pq não houve diferença significativa no resíduo dos três modelos, e alem disso o AIC foi menor nos modelos com APS, em especial no modelo onde APS aparece com efeito aditivo ) 135 ```{r} nb1.ipommes1<-glm.nb(casos ~ log(casos1) + ipo+ mes+ offset(log(pop)),link="log",data=d1) nb1.ipomapsmmes1<-glm.nb(casos~ log(casos1) +ipo + APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=d1) nb1.ipoxapsmmes1<-glm.nb(casos~log(casos1) + ipo * APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=d1) AIC(nb1.nulo, nb1.ipo, nb1.ipomaps, nb1.ipoxaps, nb1.ipommes, nb1.ipomapsmmes, nb1.ipoxapsmmes, gamiponb1, gamiponb2, gamiponb3,nb1.ipommes1,nb1.ipomapsmmes1,nb1.ipoxapsmmes1) #O melhor até agora foi o modelo com interação aditiva da APS e com a variavel de casos defasados. Melhorou bastante a autocorrecao mas há ainda um pouco de estrutura sazonal nos residuos. par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.ipomapsmmes1) plot(nb1.ipomapsmmes1) par(mfrow=c(1,1)) acf(resid(nb1.ipomapsmmes1)) par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.ipommes1) plot(nb1.ipommes1) par(mfrow=c(1,1)) acf(resid(nb1.ipommes1)) #a primeira opção segue parecendo melhor #E se adicionarmos a temperatura? nb1.ipomapsmmes.temp1<-glm.nb(casos ~ log(casos1) + ipo+APS+ mes+Tmin+offset(log(pop)),link="log",data=d1) par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.ipomapsmmes.temp1) plot(nb1.ipomapsmmes.temp1) par(mfrow=c(1,1)) acf(resid(nb1.ipomapsmmes.temp1)) #Aumentou o AIC, não vale a pena nb1.ipommes.temp1<-glm.nb(casos ~ log(casos1) + ipo+ mes+Tmin+offset(log(pop)),link="log",data=d1) par(mfrow=c(2,2)) summary(nb1.ipommes.temp1) plot(nb1.ipommes.temp1) par(mfrow=c(1,1)) acf(resid(nb1.ipommes.temp1)) #Pior em relação ao o primeiro 136 ``` Investigando nao-linearidades ```{r} ipogamnbcasos1<-gam(casos~ s(log(casos1)) + ipo+ mes + offset(log(pop)),family=nb(),data=d1) ipogamnbcasosaps1<-gam(casos~ s(log(casos1)) + ipo+APS+ mes + offset(log(pop)),family=nb(),data=d1) AIC(nb1.nulo, nb1.ipo, nb1.ipomaps, nb1.ipoxaps, nb1.ipommes, nb1.ipomapsmmes, nb1.ipoxapsmmes,gamiponb1, gamiponb2, gamiponb3,nb1.ipommes1,nb1.ipomapsmmes1,nb1.ipoxapsmmes1, ipogamnbcasos1, ipogamnbcasosaps1) #sem aps par(mfrow=c(1,1)) plot(ipogamnbcasos1) acf(resid(ipogamnbcasos1)) gam.check(ipogamnbcasos1) summary(ipogamnbcasos1) #com aps par(mfrow=c(1,1)) plot(ipogamnbcasosaps1) acf(resid(ipogamnbcasosaps1)) gam.check(ipogamnbcasosaps1) summary(ipogamnbcasosaps1) #com a APS o residuo e autocor melhoram. ``` Comparando os dois melhores modelos #nb1.ipomapsmmes1<-glm.nb(casos~ log(casos1) +ipo + APS + mes + offset(log(pop)), link="log",data=d1) #ipogamnbcasosaps1<-gam(casos~ s(log(casos1)) + ipo+APS+ mes + offset(log(pop)),family=nb(),data=d1) ```{r} AIC(nb1.ipomapsmmes1, ipogamnbcasosaps1) # Modelo Final: ipogamnbcasosaps1