RESILIÊNCIA: a capacidade de adaptação e/ou - joinpp

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UFMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
III JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍCAS PÚBLICAS
QUESTÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO NO SÉCULO XXI
1
RESILIÊNCIA:
a capacidade de adaptação e/ou transformação nas desigualdades sociais.
Heliana Baia Evelin Soria1
Lucinaldo da Silva Blandtt2
Jorgeane Correa Ribeiro3
RESUMO
O presente artigo trata da epistemologia da resiliência, resumidamente a
relação entre as disciplinas e profundamente nas ciências sociais e humanas.
Tratando da resiliência como uma capacidade de adaptação e/ou
transformação das desigualdades sociais, exemplificando os estudos da
resiliência no individuo, a resiliência salutogênese com recursos gerais de
resistências e senso de coerência, a resiliência sistêmica social-ecologia, a
resiliência comunitária e a resiliência e a pedagogia da presença, como
exemplos iniciais dessa discussão acadêmica.
Palavras Chaves: resiliência, epistemologia, desigualdades sociais.
ABSTRACT
The present article deals with the epistemologia of the resilience,
resumidamente the relation between them you discipline and deeply in social
sciences and human beings. Treating to the resilience as a capacity of
adaptation and/or transformation of the social inaqualities, exemplificando the
studies of the resilience in individuo, the resilience salutogênese with general
resources of resistências and sense of coherence, the sistêmica resilience
social-ecology, the communitarian resilience and the resilience and the
pedagogia of the presence, as initial examples of this academic quarrel
Keywords: resilience, epistemologia, social inaqualities.
1 INTRODUÇÃO
A discussão acadêmica acerca de resiliência é uma reflexão e analises,
constituindo pesquisa cientifica, com novas interpretações acerca da natureza das idéias (do
material, dos sistemas de vida, das formas de vida, do individuo humano e das unidades
sociais), e dos desafios para revisar idéias. Para Grotberg (apud MELILLO; OJEDA, 2005),
de forma resumida e generalizada, o enfoque da resiliência é a capacidade (física, biológica,
política, social e psicológica), para enfrentar, vencer e ser fortalecida ou transformada por
experiências de adversidade.
1
Professora do Centro Socioeconômico da Universidade Federal do Pará. Doutora em Serviço Social pela PUC
– São Paulo
2
Consultor Social - Estudante de Doutorado em Ciência Sócio-ambiental do NAEA/UFPA sanduíche com a
Universidade Livre de Berlin (instituto Sócio-ecológico Tropical). Mestre em Agriculturas Amazônicas.
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Assistente Social -Estudante de Especialização em Saúde Publica, UEPA.
Graduação em Serviço Social.
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A resiliência não é um conceito novo para as ciências, tem uma abordagem
teórica-prática a um conceito, com interpretação em diversas disciplinas, e vem atuando na
Física e nas Engenharias, na Matemática, na Medicina, na Psicologia, na Sociologia, na
Geografia, na Biologia, entre outras. No enfoque cientifico pode ser disciplinaria, como na
Física, na Psicologia e na Medicina etc., mais também interdisciplinária, onde se prorrogue e
se assimile de categorias conceituais de diversas ciências, como entre a Psicologia e a
Sociologia; a Física e a Química; a Sociologia e a Biologia; a Sociologia, a Geografia e a
Medicina etc.
Para a epistemologia cientifica, a resiliência surge nas ciências exatas e se
distribuem nas demais ciências: ciências da vida, ciências naturais e ciências sociais e
humanas. Especificamente, a noção de resiliência surge e é utilizada há muito tempo pela
Física das ciências exatas, sendo um de seus precursores o cientista inglês Thomas Young,
que em 1807, considerando tensão e compressão, introduz pela primeira vez a noção de
módulo de elasticidade. Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de
barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que
essa força produzia. Esse cientista foi também o pioneiro na análise dos estresses causados
pelo impacto, tendo elaborado um método para o cálculo dessas forças, conhecido como
Escala de Resiliência, que se torna um caminho de transição dessa categoria conceitual das
ciências exatas para as demais áreas de ciências.
A discussão proposta neste artigo é a resiliência enquanto categoria conceitual
nas Ciências Sociais e Humanas, que especificamente está ligada ao desenvolvimento e ao
crescimento humano e social, incluindo diferenças etárias, culturais, de gênero e sociais,
identificando e/ou contribuindo para diferenças estratégicas. Antecipadamente, é importante
relacionar o conceito de resiliencia como um processo com fatores e resultados resilientes
proximais a contexto, prevenção e promoção de cada realidade: unidade social e/ou
individuo.
A estruturação do conceito de resiliência nas ciências sociais e humanas foi
introduzida pelos estudos primordiais de E. E Werner, ocorrida na ilha do Kauai (Havaí,
Estados Unidos), inicialmente como um estudo de epistemologia social acompanhando trinta
e dois anos a vida de uma unidade social, entorno de quinhentas pessoas, especificamente
relacionada à pobreza extrema. O estudo acompanhou a história social dos indivíduos que
diante do contexto apresentavam capacidades de adaptação individual e transformação
social, foram consideradas, inicialmente de “invulneráveis”, ou seja, resposta de um
temperamento especial de condições genéticas e cognição diferenciada positivamente.
Entretanto Werner indicou que o desenvolvido obteve um apoio proximal em todo o
processo, caracterizando a capacidade resiliente individual, que se multiplicava e/ou
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socializava-se na unidade social, como um principio interativo do desenvolvimento com um
vinculo positivo ou adaptação social.
Diante disso, o Resílio - Grupo de Estudos e Pesquisa da Resiliência na
Amazônia da Universidade Federal do Pará, tem como objetivo neste artigo: apresentar o
aprofundando da categoria conceitual de resiliência nas ciências sociais e humanas,
relacionado-a com o contexto sócio-histórico e individual de desigualdades sociais,
buscando interpretar a capacidade de resiliência para a adaptação ou transformação de
exclusão, empobrecimento, vulnerabilidade, riscos, stress, violência, dependência e
delinqüência entre outros contextos para a abordagem da resiliência em pessoas e
estruturas sociais (organizações sociais, comunidades urbanas, comunidades rurais etc.).
2 A RESILIENCIA E AS DESIGUALDADES SOCIAIS
O exercício acadêmico a seguir é um partimento das ciências social e humana e
suas relações com a categoria conceitual resiliencia para interpretar e influenciar em
modelos contemporâneos sociais: suas igualdades (direito) e desigualdade (não direito).
a) A Resiliência do Individuo.
Em ciências sociais e humanas, inicialmente na Psicologia, o indivíduo pode ser
considerado um agente (a criança, o adolescente, o adulto e o idoso), cuja existência inserese numa estrutura (a realidade viva do agente, de dimensões física, mental, social e
religiosa, entre outras). Para o agente, a percepção da estrutura é real – em outras palavras,
se queremos entender a percepção que o agente tem da realidade e das ações realizadas
dentro dela, precisamos entender como o agente percebe a realidade. Isso significa que as
teorias combinadas sobre o desenvolvimento e comportamento dos agentes são de
fundamental importância. Basicamente, a questão que se coloca diz respeito à interação e à
relação dinâmica entre o agente e a estrutura – ou seja, o estudo dos modos pelos qual o
agente interage com a estrutura e como a estrutura responde às atividades do agente.
Esses mecanismos formam o núcleo de um estudo quando estamos tentando definir fatores
que levam ao gerenciamento da vida e à resiliência. Um desenvolvimento bem-sucedido é
uma questão de encontrar maneiras favoráveis de administrar a vida dentro do ambiente, de
modo que o indivíduo alcance suas metas de vida.
De acordo com Rutter (1985), o potencial de risco de diferentes experiências de
vida varia em seu impacto sobre o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Existem
indivíduos que, apesar de adversidades extremas em seu ambiente, ainda assim
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conseguem desenvolver-se normalmente – não é a apenas uma questão de qualidade e
quantidade de eventos de vida, mas sim uma questão de fatores relacionados com o próprio
indivíduo. Isso levou ao conceito de crianças invulneráveis (introduzido pelos estudos de E.
E Werner na ilha de Kauai, Havaí, Estados Unidos), isto é, crianças que eram
constitucionalmente tão fortes que conseguiam agüentar praticamente qualquer pressão
externa. Entretanto, mostrou-se, mais tarde, que a resistência é relativa e depende tanto do
ambiente quanto da constituição e que, além disso, a resistência não é uma qualidade
estável – ela varia com o tempo e as circunstâncias. Também há fatores que podem mitigar
o impacto do evento de vida, o que de novo leva a uma busca pelos assim chamados
fatores de proteção, ou seja, fatores que modificam ou alteram a resposta de uma pessoa a
um perigo ambiental. Assim, a resiliência constitui uma capacidade do individuo de se
adaptar diante de possíveis desigualdades sociais, do modelo de igualdade social da
sociedade globalizada.
Em síntese, existem diferentes definições do conceito de resiliência do sujeito na
Psicologia Positiva, especificamente enfatizando características do individuo resiliente
poderíamos identificar: habilidade, adaptabilidade, baixa suscetibilidade, enfretamento
efetivo, capacidade, resistência à destruição, condutas vitais positivas, temperamento
especial e habilidades cognitivas; todas desenvolvidas durante situações vitais adversas,
stress, etc., que lhes permitem atravessa-las e supera-las se estas estão inseridas, na
concepção da sociedade globalizada, como uma desigualdade social.
b) Resiliência Salutogênese: recursos gerais de resistências e senso de
coerência.
Ainda nas ciências sociais e humanas a relatividade dos conceitos de risco e
resiliência são discutidas de um modo diferente no trabalho de Antonovsky (1978),
introduzindo a discussão com a salutogênese uma abordagem inicial à questão de
importantes eventos de saúde na vida. Na saúde pública, o contemporâneo movimento pela
promoção da saúde é considerado uma tentativa de se explicar as diferentes abordagens à
resiliência como uma ferramenta para a análise dessas idéias na Sociologia.
O modelo de resiliência salutogênese abrange a interdisciplinaridade entre a
Sociologia e a Psicologia, fundamenta-se em dois conceitos: recursos gerais de resistência
(GRRs – general resistance resources) e senso de coerência (SOC – sense of coherence).
Os recursos gerais de resistência são de caráter externo e interno. Para Antonovsky (1978),
as pessoas têm à sua disposição recursos de caráter interno e externo, o que lhes facilita
administrar a vida. Os GRRs são de todo tipo, desde mecanismos materiais até mecanismos
não-materiais psicológicos. Entretanto, apenas a existência de GRRs não basta, e a chave é
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a capacidade que cada um tem de usar seus GRRs. Os GRRs mais importantes relacionamse à vida interior, existencial, ao suporte social e às atividades diárias. Isso quer dizer que é
importante a capacidade de formar uma visão (ideológica, religiosa ou política) do que é a
vida, ter pessoas em sua vida que você vê como apoio (a função do suporte social), Ter
uma estabilidade mental e estar envolvido em atividades diárias gratificantes (trabalho,
esporte, estudo, etc.).
A capacidade que uma pessoa tem de usar seus GRRs baseia-se no seu senso
de coerência (SOC – Senso de Coerência, entendido por Antonovsky (1978), como um
sentimento global, abrangente, de que, o que quer que aconteça na vida, será algo que se
pode entender, será algo que se pode administrar e será algo que, como tudo o mais, tem
um sentido e um significado). O SOC correlaciona-se positivamente com resultados em
saúde, qualidade de vida e com a maioria dos parâmetros psicológicos de bem-estar.
Atualmente, há várias centenas de artigos que fazem referência ao SOC em estudos de
indivíduos, grupos e populações que demonstram a importância do conceito. No entanto,
são raros os estudos longitudinais que explicam como o SOC desenvolve-se na infância e
na adolescência. O SOC também tem sido usado como um conceito combinado em
pesquisas sobre resultados favoráveis em saúde (como nas pesquisas sobre resiliência no
Brasil, especialmente na FIOCRUZ - Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro).
No contexto de desigualdades sociais da globalização a resiliência salutogênese
atua na analise de GRRs para SOC na saúde publica e/ou especificamente na saúde
populacional, em especial sobre as capacidades sociais e resultados de estruturas sociais
que indicam e levam as sociedades para dificuldades nos mecanismos generalizados da
saúde individual (violência urbana, tragédias no transito, alcoolismo, entre outros)
multiplicando-se para as dificuldades nos mecanismos e tratamentos da saúde social
(epidemias, catástrofes naturais, entre outros).
c) A Resiliência Sistêmica Social-Ecologia
O conceito de resiliência na Sociologia, de acordo com Bengt (2004), tem a
abordagem da teoria sistêmica e é interpretado como um processo em construção que,
ainda, necessitará de esforços acadêmicos para se atingir uma definição teórica mais
complexa, é também definido como uma abordagem interdisciplinar entre a Sociologia e a
Biologia, denominada de Resiliência Sistêmica Social-Ecologia - SES. Definiremos então,
resiliência social-ecologia sistêmica, como uma capacidade que um sistema social tem para
poder absorver processos de auto-desenvolvimento, tendo condições não só de resistir à
adversidade, mas de utilizá-la em seu processo de desenvolvimento social inter-relacionado
ao ecossistema.
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Destina-se a sistemas social-ecologia, particularmente indivíduos e comunidades
rurais pobres com elevado grau de dependência dos recursos naturais, em circunstâncias
especialmente difíceis ou não, que estejam dispostos a promover entre seus destinatários a
capacidade de lidar com a adversidade sem deixar-se afetar negativamente por ela e de
utilizá-la para crescer, capitalizando as forças negativas de forma positiva e construtiva.
O critério de resiliência social-ecologia serve para avaliar a repercussão nas
decisões de manejo de ecossistema na estabilidade institucional a nível comunitário e das
sociedades. Baseado em Glaser et al (2005), a resiliência social-ecologia é compreendida
como a capacidade dos sistemas sociais para a auto-organização adaptando-se e
desenvolvendo-se diante dos choques ou com a integração a mudanças no seu cotidiano
mantendo as funções do sistema da sociedade e do meio ambiente. A resiliência socialecologia tem limites definidos por variáveis encontrados nos sistemas sociais como à
identidade cultural e a diversidade, a equidade de distribuição de renda, a paz de ordem
institucional, e os conflitos sociais internos e externos.
A
resiliência
social-ecologia
é,
entretanto,
altamente
dependente
das
características econômicas, sociais e culturais da sociedade em questão. Isto implica que o
conhecimento que os usuários do sistema possuem de sistemas de valores, da cultura e das
estruturas econômicas é crucial para a definição e capacitação da resiliência social-ecologia
e, em conseqüência, também para o planejamento de formas de organização do manejo
participativo no meio ambiente.
Dessa forma, um enfretamento possível para a pobreza em comunidades pode
ser a resiliência social-ecologia, que diante de quadros de exclusão\marginalização, pode
utilizar elementos potencializadores da participação, e então, desencadear um processo
capaz de atingir a sustentabilidade. A resiliência social-ecologia, enquanto proposta
efetivadora da sustentabilidade é capaz de introduzir mecanismos de difusão, através da
prática da transdisciplinaridade entre os atores envolvidos em processos democráticos.
d) Resiliência Comunitária.
Ainda, é importante destacar o enfoque da resiliência sem uma abordagem da
teoria sistêmica, para comunidades ou unidades sociais, denominada de resiliência
comunitária. Nesse enfoque, a resiliência comunitária, está baseada na epistemologia
cientifica inicial (os estudos realizados na ilha Kauai, Havaí, Estados Unidos), modificando o
objeto de estudo (do individuo para o coletivo) e a postura do estudioso para os critérios de
observação e avaliação do fenômeno.
A resiliência comunitária, para Ojeda (apud MILILLO; OJEDA, 2005), tem uma
concepção epistemológica da Sociologia, donde se compreende, em resumo e
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objetivamente, como a capacidade da superação ou enfretamento de desafios coletivos
mobilizando solidariedades sociais e empreender processos de renovação que modernizem
a estrutura social física e o drama social (desgraças naturais, violência local, pobreza entre
outros).
São identificados pilares para a resiliência comunitária: a) auto-estima coletiva, o
sentimento de orgulho pelo local de vivencia, essa satisfação implicar em reconhecer que
cada um faz parte desta sociedade; b) identidade cultural é um processo interativo que se
obtém durante o desenvolvimento e implicam na incorporação de costumes, valores,
expressões idiomáticas, danças, canções etc.; c) humor social é a capacidade de expressar
em palavras, gestos ou atitudes corporais os elementos cômicos, obtendo um efeito
tranqüilizador e prazeroso; d) honestidade coletiva ou estatal, esse aspecto remete ao
manejo decente e transparente das ações coletivas da administração, com a existência da
consciência de honestidade.
Ao
contrario
dos
pilares
da
resiliência,
são
identificados
condições
características que reduzem a resiliência comunitária ou inibem a capacidade solidária de
reação diante da adversidade social. Segundo Ojeda (apud MILILLO; OJEDA, 2005),
podemos destacar: a) malinchismo, oposição da identidade cultural e auto-estima social; b)
fatalismo, atitude passivo diante do efeito natural ou intervenção política; c) autoritarismo,
inibição de capacidade de lideranças alternativas e espontâneas; d) corrupção, interesse
externo e interno influenciado o prevalecendo da ordem social.
De forma explicativa, a resiliência comunitária combina pilares e anti-pilares,
para resultar em vetor social de transformação, o que permitiria fazer estimativas da
resiliência na comunidade, elaborando prognóstico para criar intervenções e fortalecimentos
da resiliência.
e) A Resiliência e a Pedagogia da Presença
Existem características próprias da profissão dos educadores que devem ser
levadas em conta, uma vez que lidam com a formação de seres humanos e trabalham com
os aspectos cognitivos e afetivos, o que exige uma diversificação de atitudes para atender
às diferentes demandas escolares e sociais.
Entender a articulação de meios que favorecem a compreensão de que a
relação com os alunos exige um aprofundamento de conhecimentos dos aspectos formais e
informais presentes no dia-a-dia dentro do ambiente escolar, levando para o debate em
torno da educação enfocando a resiliência para o alcance da liberdade e autonomia na sua
formação de cidadão. Todavia, existe uma grande carência de estudos sobre as
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necessidades dos educadores, que também necessitam de atenção, para que possam
desenvolver, com êxito, a sua prática pedagógica.
Estudos recentes estão incluindo a resiliência no centro dos debates, pois
embora seja um termo pouco conhecido no contexto escolar, sua prática está sendo
amplamente difundida na psicologia, com resultados positivos. Diante disso, a resiliência no
enfoque pedagógico se aproxima da metodologia da pedagogia da presença que consiste
na inter-relação no processo proximal do contexto, do tempo e da pessoa nas escolas,
dessa forma, identificando a resiliência.
4 CONCLUSÃO
As desigualdades sociais no contexto da exclusão e da pobreza que se
estendem nos indivíduos e sociedades desvaforecidos na globalização econômica com
estrutura capitalista de ordem política favorecem a equidade social e também a
vulnerabilidade social. Além do que, para esses últimos sujeitos a catástrofe natural
fortalecem as desigualdades sociais. Esse princípio da realidade deve utilizar a capacidade
da resiliência nas ciências sociais e humanas para desprender a instrumentalização de
programas sociais, alem de intervenções na resiliência individual, familiar e comunitária para
constitui uma possibilidade certa de luta contra as desigualdades sociais.
Porquanto, a resiliência pode ser uma capacidade de enfretamento das
desigualdades sociais, o que o Resílio - Grupo de Estudos e Pesquisa da Resiliência na
Amazônia, favorece é o intercambio cientifico de varias compreensões para entender os
caminhos da epistemologia e, a partir daqui, os caminhos de programas individuais e sociais
para favorecer o fortalecimento da capacidade da resiliência multidisciplinar.
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