CONTAS REGIONAIS Ao contrário do ocorrido no México, em 1994, e na Coréia do Sul, em 1997, quando a desvalorização da moeda gerou queda de mais de 5% no PIB desses países, a desvalorização cambial brasileira em janeiro de 1999 não provocou queda similar no PIB nacional. Contrariando as expectativas, foi constatado ligeiro crescimento de 0,8% em relação ao PIB de 1998. A ausência da crise financeira no Brasil e seu inevitável “efeito-dominó” contribuiu para um resultado menos catastrófico na economia nacional. Além disso, o país já havia sofrido uma recessão no ano de 1998, o que pode ter inibido uma queda mais acentuada no nível da atividade econômica no ano seguinte, amenizando os efeitos negativos da desvalorização cambial nas estatísticas nacionais de 1999 (Averbug & Giambiagi, 2000). Observando o comportamento da economia ao longo de 1999, nota-se que o crescimento foi influenciado principalmente pelo “nível de atividade no último trimestre do ano, com crescimento de 1,4% em relação ao trimestre anterior”, decorrente principalmente da recuperação da indústria de transformação e do desempenho do segmento de comunicações nesse período (Sinopse Econômica do BNDES, 2000). A economia paulista em 1999, da mesma forma que a brasileira, manteve-se praticamente estagnada em relação ao ano anterior. O crescimento registrado no período foi de apenas 0,4%, fundamentalmente influenciado pelo crescimento de 1,8% no setor de serviços. Já o setor industrial apulista não acompanhou a performance da indústria nacional, registrando taxa de crescimento negativa (de –2,6%), basicamente em função do fraco desempenho da indústria de transformação. O crescimento de 7,9% do setor agropecuário no período não foi capaz de influenciar significativamente o resultado estadual, uma vez que esse setor representa apenas 4,7% do valor adicionado total do Estado. O comportamento positivo da agropecuária paulista em 1999 reflete em parte o aumento da produção de café, estimulado pelos bons preços de comercialização no mercado internacional, de algumas frutíferas (banana e uva) e de alguns grãos (arroz, feijão, milho e trigo). Em compensação, a laranja, o algodão e a cana-de-açúcar, entre as principais culturas do Estado, apresentaram desempenho pouco satisfatório no período. Na pecuária, houve o aumento do número de bovinos enviados para abate e o conseqüente crescimento da produção de carne bovina. Contribuindo para esse resultado, podem-se citar as melhorias do sistema produtivo − confinamento, inseminação artificial, cruzamentos para obtenção de novas linhagens, etc. No entanto, os principais destaques desse setor foram os crescimentos nas produções de ovos e de leite. O setor industrial, composto pela indústria extrativa, indústria de transformação, indústria da construção e serviços industriais de utilidade pública, foi responsável por 39,9% do PIB em 1999, e apresentou desempenho negativo em grande parte das atividades. A indústria de transformação encontrou dificuldades para sua expansão no primeiro semestre de 1999, quando da liberação da taxa de câmbio. O governo federal, tentando controlar a inflação através do corte das despesas, acabou por promover uma elevação das taxas de juros. Assim, mesmo com a retomada do crescimento no segundo semestre de 1999, não foi possível reverter o processo de desaceleração, o que resultou numa queda da ordem de 3,6% na indústria de transformação paulista. Dentre os gêneros da indústria de transformação que mais pesam na composição do valor adicionado, somente os produtos alimentares tiveram desempenho posítivo, crescendo 3,1%; os demais registraram queda − química, mecânica, material de transportes, minerais não metálicos e metalúrgica. Como conseqüência desse quadro, segundo dados divulgados pela Fundação IBGE sobre produção física regional, a indústria paulista encerrou 1999 com a pior marca entre os Estados pesquisados, com retração de 4,2%. O setor de serviços, responsável por aproximadamente 55,4% do valor adicionado total do Estado, teve um crescimento de 1,8% em relação a 1998. Conseqüência do desempenho positivo de todos os segmentos do setor, exceto o de Instituições Financeiras que apresentou queda de 0,3%. Chama a atenção nesse período o desempenho do setor de comunicação que, responsável por aproximadamente 5,7% do valor adicionado de serviços no Estado de São Paulo, registrou elevação de 9,9% em relação a 1998. Mesmo diante da expectativa de um cenário recessivo, as empresas de telefonia, principalmente as de celular, mantiveram a estratégia de forte investimento, cumprindo além da meta os programas de investimentos previstos para expansão, digitalização e modernização da planta tecnológica. Ocorreu então um forte crescimento no número de usuários alcançado uma penetração de 9,3% da população do País. No Estado de São Paulo, o número de usuários de celular passou de cerca de 2,7 milhões em 1998 para 4,6 milhões no final de 1999, correspondendo a um crescimento de 70% e a uma penetração acima de 13,2%, bastante superior à média brasileira. Além disso, na telefonia fixa, a chegada das operadoras “espelho” e a implantação do Código de Seleção de Prestadoras (CSP) nas chamadas de longa distância também contribuíram para o resultado positivo do segmento (Relatório da Administração de 2000 da Telecomunicações de São Paulo S.A. – Telesp, atual Telefonica).