50 SOCIOLOGOS FUNDAMENTAIS.pmd

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INTRODUÇÃO
“Clássico” e “moderno” são talvez os dois rótulos mais comuns aplicados
aos teóricos sociais. Os dois termos são, todavia, enganadores. Debates sobre
a modernidade e modernização tornaram mais problemática a idéia de
que “moderno” possa significar “contemporâneo”. Igualmente problemática é
a palavra “clássico”. Em música, artes e arquitetura, os estilos clássicos têm
um significado particular e podem ser comparados ao estilo “romântico” e a
outros estilos. Isso nunca se deu no caso da sociologia. Embora o termo
fosse usado para se referir ao status de algumas afirmações fundamentais,
de que as obras “clássicas” são exemplos, hoje ele é muito mais usado
simplesmente como referência cronológica: uma teoria clássica é uma teoria
anterior à teoria contemporânea.
Por essa razão este livro foi descrito não como um livro sobre a teoria social
clássica, mas como um livro que trata da teoria social fundamental. Uso o termo
fundamental para me referir aos teóricos que contribuíram para a formação de
um corpo distinto de teoria social e de pesquisa social no período em que a
sociologia e outras ciências sociais se estabeleciam como disciplinas distintas.
Esse período contém grande parte do século XIX e a primeira metade do
século XX. Isso não quer dizer que todos os teóricos sociais do período concordem
entre si, longe disso. O que caracteriza esse período é um interesse comum no
estabelecimento das estruturas disciplinares nas quais se poderia exercer o debate
teórico, e apagar as discordâncias. Os autores fundamentais definiram um
conjunto de temas comuns para o qual eles contribuíram de formas diferentes
e essa foi a base de toda a teorização subseqüente.
Teoria social não é a mesma coisa que “sociologia”. Mas a disciplina da
sociologia, tal como surgiu no período formador, foi o foco para o
desenvolvimento das formulações mais genéricas da teoria social. Mas as idéias
teóricas também se desenvolveram nas ciências sociais mais especializadas – na
geografia, na política, na psicologia – e um livro que trate dos principais
sociólogos e que pretenda representar toda a gama da teorização social é obrigado
a incluir alguns desses teóricos que não pertencem ao campo da própria
sociologia. Então, neste livro um núcleo de sociólogos se faz acompanhar de
uma seleção menor de psicanalistas, cientistas políticos, antropólogos e outros
que deram importantes contribuições para o debate fundamental em torno do
qual surgiu a sociologia. O psicólogo Sigmund Freud, o lingüista Ferdinand de
Saussure, o economista Gunnar Myrdal, os antropólogos Lewis Morgan e
Bronislaw Malinowski, por exemplo, têm garantido o direito de presença em
qualquer lista definitiva dos principais sociólogos.
50 sociólogos fundamentais
A sociologia também é mais que simples teoria social. Os sociólogos
fundamentais se engajaram na pesquisa empírica e reforma social, além da
teorização social. Jane Addams, fundadora do movimento de instituições de
promoção social, Charles Booth e Seebohm Rowntree, que pesquisaram a
pobreza, Helen Bosanquet, assistente social, W. E. B. DuBois, o ativista negro,
deram importantes contribuições ao estabelecimento da sociologia e de seus
principais temas de interesse. Uma área particular de ativismo social que deve
ser considerada no âmbito de uma tradição de pensadores sociais é o marxismo:
a partir do próprio Marx, até Gyorgy Lukács, além da obra mais acadêmica de
Theodor Adorno e Herbert Marcuse.
Qualquer seleção de cinqüenta grandes sociólogos é necessariamente
contenciosa. Cada um faz a sua seleção particular e tem seus critérios particulares
de escolha. Peça a cinqüenta pessoas uma relação dos cinqüenta sociólogos mais
importantes e você terá cinqüenta listas diferentes – bem, quase. Da corrente
principal da sociologia, certos teóricos terão lugar em praticamente todas as
listas: Max Weber e Émile Durkheim serão talvez os candidatos mais fortes.
Além desse núcleo de inclusões incontestável, todavia, a questão se torna mais
complexa. Muitos concordam com a inclusão de Georg Simmel ou de George
Herbert Mead, ao lado de teóricos mais antigos, como Auguste Comte e Herbert
Spencer – mas até onde além desse núcleo a maioria das pessoas chegaria ao
contar alguém entre os teóricos de maior importância? Quanto mais nos
afastamos do núcleo, maior é a discordância que se instala.
Minha seleção particular dos sociólogos mais importantes reflete os meus
próprios interesses: é inevitável. Mas busquei sugestões para garantir que a minha
seleção seja a mais representativa possível. Minha seleção inicial de escritores
foi enviada a um painel de colegas da Universidade de Essex e aos principais
departamentos de sociologia da Grã-Bretanha. Aos colegas se pediu que votassem
nos nomes da lista que deveriam ser incluídos e também nos que deveriam ser
excluídos. Também lhes foi pedido que identificassem outros autores que eles
considerassem merecedores de inclusão no livro. A partir dessas sugestões criouse uma lista revisada, que retornou ao painel para um exame final. Finalmente,
a lista completa foi reduzida aos cinqüenta pensadores que pareciam merecedores
de inclusão na lista definitiva.
Os verbetes incluídos neste livro foram produzidos por uma variedade de
especialistas internacionais. São diferentes no estilo e formato, mas todos adotam
uma abordagem semelhante. Detalhes biográficos básicos sobre a vida e carreira
de cada teórico definem o seu contexto histórico e social. Os autores também
tentaram delinear as principais idéias e estudos de cada pensador, mostrando as
formas em que surgiram e se desenvolveram as suas idéias. Tentei relacionar
esses pensadores apenas por nome e sobrenome, mas nos casos em que são mais
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INTRODUÇÃO
conhecidos por um nome alternativo (por exemplo, George Herbert Mead e W.
E. B. DuBois), eles foram assim relacionados. Cada verbete encerra-se com uma
lista das principais obras de cada um, e com uma lista de sugestões de leitura
complementar. As ligações com outros teóricos são indicadas pelas referências
cruzadas em Ver também.
LEITURA
C O MP L E M E N TA R
Alex Callinicos. 1999. Social Theory: A Historical Introduction. Cambridge: Polity Press.
Ian Craib. 1997. Clasical Social Theory. Oxford: Oxford University Press.
John Scott. 2006. Social Theory: Central Issues in Sociology. London: Sage.
Stephen Turner, ed. 1996. Social Theory and Sociology: The Classics and Beyond. Oxford: Brasil Blackwell.
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