ANATOMIA DE FOLHAS E RAÍZE plana, POACEAE): A PRINCIPA

64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15
10
de Novembro de 2013
ANATOMIA DE FOLHAS E RAÍZES DE CAPIM-ANNONI
CAPIM ANNONI-2 (Eragrostis
plana, POACEAE): A PRINCIPAL INVASORA DO BIOMA PAMPA.
PAMPA
Jossana Santos¹*,
*, Adriana Favaretto¹,
Favaretto Simone M. Scheffer-Basso¹,, Cercí M. Carneiro¹
1
Universidade de Passo Fundo; *[email protected]
Introdução
O capim-annoni-2 (Eragrostis plana) é uma gramínea de
origem africana e sua entrada no Brasil remonta à década
de 50. Atualmente é a principal invasora das pastagens
naturais do sul do Brasil.
Não
ão há relatos na literatura científica sobre aspectos
anatômicos dessa invasora. Caracteres dessa natureza
são, por vezes, determinantes na adaptação das plantas
em alguns habitats ou condições climáticas adversas,
adversas
sendo fundamentais para subsidiar pesquisas aplicadas à
biologia e ao controle dessa invasora.
O objetivo deste trabalho foi analisar a anatomia de folhas
e raízes do capim-annoni-2.
devido ao espessamento e lignificação das células
cél
epidérmicas [3].
A raiz (FIGURA 1B) é poliarca com epiderme unisseriada
e exoderme lignificada. O parênquima cortical possui
grandes lacunas de ar, formando o aerênquima. A
endoderme tem espessamento em “U”. A medula
parenquimática
possui
células
com
plastídios
armazenadores de amido. A presença de aerênquima e
reservas de amido contribui para a adaptação a solos
pobres, compactados, tolerância à geada e à herbivoria.
Metodologia
Folhas e raízes foram coletadas de plantas de uma
população espontânea de capim-annoni
annoni-2 localizada no
campus da Universidade de Passo Fundo, na primavera
de 2012. Estas plantas foram separadas em parte aérea e
raiz e, então, fixadas em FAA 70 (formaldeído, ácido
o
acético glacial, etanol 70 GL; 5:5:90, v/v) por 48 horas,
com posterior armazenamento em etanol 70% [1].
[1] Foram
retiradas de cada planta a última folha totalmente
expandida e a raiz mais longa. Dessas partes foram
realizados, manualmente, cortes transversais
tran
da sua
porção mediana. O material foi corado com fucsina básica
e azul de alcian.. As lâminas foram montadas em glicerina
50% e analisadas em microscópio óptico Olympus CX31.
CX31
Resultados e Discussão
A lâmina foliar (FIGURA 1A) do capim-annoni-2
capim
possui
epiderme unisseriada, com células espessas e
lignificadas. Essa característica é uma das razões da
baixa qualidade nutricional e rejeição do
d capim-annoni-2
pelos animais [2],, o que contribui para sua persistência
nas pastagens.
As folhas são anfiestomáticas, com ocorrência de
estômatos paracíticos. A face adaxial da folha apresenta
sulcos ao longo de sua extensão onde localizam-se as
células buliformes ladeadas pelos estômatos.
estômatos Os tricomas
são tectores, unisseriados, cristalinos e em forma de
agulha. Observa-se a presença de anatomia Kranz,
Kranz que
contribui para o menor consumo da planta pelos animais.
A epiderme encontra-se
se firmemente aderida ao resto da
folha por uma estrutura em forma de viga (T ou I),
formada por porções do esclerênquima, pela bainha do
feixe vascular e pelo próprio feixe vascular.
vascular A estrutura de
viga proporciona maior resistência da planta aos danos
mecânicos, químicos e à digestão pelos ruminantes,
Figura. Secção transversal de folha (A) e raiz (B) de
Eragrostis plana. Ae: aerênquima; Cb: células buliformes;
En: endoderme; Kr: Kranz; Mp: medula
m
parenquimática;
Vi: viga em forma de I; Vt: viga em forma de T.
Conclusões
A presença de anatomia Kranz e impregnação de lignina
na folha, medula com células armazenadoras de amido e
aerênquima na raiz são caracteres que favorecem a
persistência e adaptação do capim-annoni-2.
capim
Agradecimentos
À Fapergs, pela concessão de bolsa de estudo.
À Universidade de Passo
so Fundo e ao Instituto de Ciências
Biológicas.
Referências Bibliográficas
[1] Johansen, D.A. 1940. Plant microtechnique. New York:
McGraw-Hill, 523 p.
[2] Zenni, R.D & Ziller, S.R. 2011. An overview of invasive plants
in Brasil. Revista Brasileira de Botânica 34: 431-446.
[3] Paciullo, D.S.C.
C. 2002. Características anatômicas
relacionadas ao valor nutritivo de gramíneas forrageiras. Ciência
Rural 32: 357-364.