A inovação que proporcionou a expansão econômica da empresa Viação Garcia Paulo Cruz Correia1 Vanderlei Perucelo2 Walter Tadahiro Shima3 Marcelo de Jesus da Mata4 Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar a importância do dinamismo das inovações tecnológicas no interior da firma londrinense de transportes coletivos Viação Garcia, a partir da codificação de suas rotinas e formas estratégicas de atuação pautadas na busca da inovação, analisando a concepção da empresa trilhar caminhos que lhe mantenha na fronteira tecnológica ou próxima dela. Embora atuando isoladamente a empresa Viação Garcia apresenta uma constituição histórica direcionado a melhoria da competitividade por força das inovações promovidas em seu interior, partindo da alta diretoria até o mais simples funcionário da manutenção. Utilizando-se destes diferenciais como farol de competição e ampliação de sua capacidade de conquista de novos mercados e empreendimentos. Assim, as inovações que se processam no interior da empresa Viação Garcia vem lhes permitindo cumulatividade e apropriabilidade tecnológicas respaldadas pelas ações cooperativas internas, que geram sinergia entre seus diversos departamentos, o que, lhes confere novos saltos competitivos para novos empreendimentos. Palavras-chave: Inovação; competitividade e ganhos mercadológicos. Abstract: The objective of this paper is to present the importance of the dynamism of the technological innovations inside the firm londrinense of public transportations Viação Garcia, starting from the code of its routines and strategic forms of performance based on the search of the innovation, analyzing the conception of the company to run ways that it maintains itself in its border technological or near it. Although acting the Viação Garcia company separately presents a historical constitution addressed the improvement of the competitiveness by force of the innovations promoted in its interior, leaving from the high management to the simplest employee of the maintenance. Being used of these differentiates as competition light and enlargement of its capacity of conquest of new markets and enterprises. Like this, the innovations that are processed inside the Viação Garcia company is allowing them cumulativity and apropriate technological based on the internal cooperative actions, that it generates synergy among their several departments, which, it checks them new competitive jumps for new enterprises. Key-Words: Innovation; competitiveness and market budgets. Área III - Economia Industrial, da Tecnologia e dos Serviços 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Endereço eletrônico: [email protected] Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (FECEA). 3 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Endereço eletrônico: [email protected] 4 Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (FECEA). Endereço eletrônico: [email protected] 2 1 - Introdução O processo frenético de competição imprimi às atuais empresas um estado de constante mudança. A velocidade com que as inovações e novas técnicas de gestão e diferenciação de produtos são criadas e implementadas faz com que aquelas que não acompanham este ritmo tornem-se empresas defasadas e obsoletas. Isso força o abandono da cômoda postura reativa e obriga a adoção de uma postura pró-ativa que permita às empresas adquirirem e desenvolverem novas competências. As empresas perceberam que para construir uma vantagem competitiva duradoura é necessário também buscar constante agregação de valor ao novo ou diferenciado produto. Assim, não se pode mais buscar estratégias que, apenas, garantam a sobrevivência imediata da empresa. No médio e longo prazo, o alvo deve ser o crescimento de sua carteira de consumidores e a conquista de novas fatias de mercado. Isto representa um desafio que, para ser vencido, exige maiores esforços de aprendizado internos e externos à empresa, pois o nível dos consumidores tende a estar cada vez mais exigentes, quanto ao consumo de produtos e da prestação de serviço das empresas a partir da procura de preços decrescentes. A empresa Viação Garcia, pode ser encaixada num exemplo de empresa regional que soube utilizar-se dos aspectos inovativos, para melhoria de sua performance competitiva como um todo ao longo de sua trajetória. Esta empresa construiu sua trajetória competitiva produzindo serviços de qualidade superior e com custos reduzidos além de seus competidores. Vem apresentando crescentes ganhos de mercado de longo prazo e utilizando-se desse aprendizado como ferramenta competitiva, além de, com habilidade motivar e compensar seus empregados para prover retornos positivos à empresa. O objetivo deste trabalho é o de apresentar os avanços estruturais e competitivos da empresa Viação Garcia e, sua contribuição ao desenvolvimento da região em que está inserida, mediante o foco das inovações tecnológicas promovidas na empresa ao longo de sua história como fatores de ganhos de 2 competição. Este texto possui quatro partes além desta introdução: na próxima seção, destacam-se a importância das contribuições da teoria evolucionista e inovacionista de Schumpeter e dos Neo-schumpeterianos, para a melhoria competitiva das empresas; na seção seguinte trata-se a configuração da empresa Viação Garcia e suas primeiras iniciativas de modernização; na terceira seção, analisa-se a recente evolução do quadro de funcionários da empresa a partir do ano 2000, sua estrutura organizacional e os aspectos inovacionistas presentes na empresa por meio da renovação de frota; na quarta seção, apresentam-se as conquistas de reconhecimento por meio da qualidade dos serviços prestados pela empresa. E, por fim, apresentam-se as considerações finais. 2 – A importância da inovação e dos regimes tecnológicos para os empreendimentos A noção de regime tecnológico surge da tentativa de relacionar as características da tecnologia com a dinâmica que cada setor apresenta juntamente com o ambiente tecnológico que as empresas operam. As interações entre tecnologia e dinâmica industrial podem basear-se no conceito de regime tecnológico na medida em que esse conceito agrupa questões referentes às condições de oportunidade, condições de apropriabilidade, graus de cumulatividade do conhecimento tecnológico e à natureza e meio de transmissão do conhecimento básico, como elementos capazes de caracterizar determinados padrões da atividade inovativa setoriais. Para DEZA (1995), os padrões da atividade inovativa setorial podem ser aplicados como resultado de diferentes regimes tecnológicos que são subentendidos ou incluídos pela natureza da tecnologia e do conhecimento. São relacionados dois tipos de atividades inovativas distintas: A primeira é caracterizada pela destruição criadora com fácil entrada tecnológica e um grande papel atribuído ao empreendedor e às novas firmas na atividade inovativa; a segunda é caracterizada pela acumulação criadora com a predominância da grande empresa impondo elevadas barreiras à entrada de novos empreendedores e de pequenas firmas. 3 Contudo, espera-se que a noção de regime tecnológico providencie um esforço de representação de algumas propriedades econômicas da tecnologia e das características dos processos de aprendizagem que estão envolvidos na atividade inovativa. O primeiro elemento englobado pelo conceito de regime tecnológico é a condição de oportunidade. Essa propriedade da tecnologia reflete a facilidade em inovar dado uma determinada quantidade de recursos investidos em pesquisa e no aprendizado da empresa. É constituído por quatro dimensões identificadas como: Grau – em geral associa-se altas condições de oportunidade e condições de inovar à altos recursos empregados em pesquisa; Variedade – associa-se maiores condições de oportunidade, principalmente em estágios préparadigmáticos de tecnologias, com grande variedade de diferentes soluções tecnológicas; destaca-se que as fontes de oportunidades tecnológicas podem diferir considerando diferentes tipos de tecnologias e indústrias. As relações com universidades, avanços em P&D, equipamentos e instrumentação, além de fontes externas de conhecimento em termos de fornecedores e consumidores, desempenham um papel importante; e Penetração/Pervasividade – em geral associa-se a altas condições de oportunidade à capacidade de penetração ou disseminações de determinada tecnologia em produtos e mercados diversos. O segundo elemento é a condição de apropriabilidade da tecnologia, que resume as possibilidades de proteger as inovações das imitações e de extrair lucros da atividade inovativa. Apresenta duas dimensões, a saber: Grau – que permite classificar os setores industriais de modo a associar altas possibilidades de apropriação com a existência bem sucedida de proteger a inovação da imitação; e Forma - que permite a verificação de diferentes maneiras de tentar proteger a inovação, seja via patente, segredo industrial e controle de ativos complementares, entre outros. O terceiro elemento é a condição de cumulatividade, que reflete o fato de que as empresas que mais inovam e se capacitam para inovar no presente são aquelas mais propensas a continuar inovando no futuro, aqui o histórico da empresa pode ser importante. Apresenta três dimensões, a saber: Processo de 4 aprendizado e retornos dinâmicos crescentes – associados à natureza cognitiva dos processos de aprendizado e pesquisa; Fonte organizacional - gerada a partir da construção de uma capacidade gradual de estabelecer padrões específicos de rotinas de comportamento e tomada de decisão; e, o fato de que Sucesso chama Sucesso – associado ao fato de que o sucesso materializado em lucro, dado a introdução de uma inovação, traz consigo a possibilidade de reinvestimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) que aumenta as chances de introdução de outra inovação que venha a se tornar bem sucedida. Por fim, o último elemento englobado pelo conceito de regime tecnológico é o conhecimento básico. Este se refere às propriedades do conhecimento sobre as quais as atividades inovativas das firmas estão balizadas. Duas características principais podem ser identificadas: a primeira quanto à natureza do conhecimento que permite a constatação de que em um setor do conhecimento básico pode ser mais genérico ou específico, mais tácito ou codificável, mais complexo ou mais simples e, mais independente ou mais sistêmico. A segunda quanto ao meio de transmissão do conhecimento que pode envolver maior ou menor formalidade no processo de transmissão do conhecimento. 2.1 - Os conceitos de “Rotinas” e “Seleção” na abordagem NeoSchumpeteriana O enfoque neo-schumpeteriano enfatiza a incapacidade dos agentes econômicos em realizar um cálculo maximizador na tomada de decisões, quer dizer, a impossibilidade de maximizar uma função-objetivo de forma estocástica ou determinística, seja pela insuficiência de volume e qualidade de informações necessárias, ou seja, pela incerteza que se faz presente no processo de tomada de decisão em relação a um ambiente complexo e imprevisível. Essa racionalidade restrita ou limitada direciona os agentes econômicos a buscarem adequar seu conjunto de ativos e capacitações a seus objetivos ou metas, a partir de sua interpretação particular dos sinais emitidos pelo ambiente onde atuam e das expectativas formadas em relação à evolução futura desse ambiente. 5 Com relação à firma, essa racionalidade limitada afeta o processo de tomada de decisão fazendo com que seu comportamento seja melhor representado pela noção de estratégia e rotina. A noção de rotina pode ser definida como um padrão de solução repetitivo para problemas semelhantes, ou seja, é a adoção pela firma de um padrão de comportamento cauteloso, uma vez que os resultados das decisões tomadas sob incerteza não são previsíveis e nem podem ser corrigidos facilmente sem comprometimentos elevados em custos. BRITTO (1999 e 2002), argumenta que a noção de rotinas postula que as firmas dispõe de um conjunto de práticas organizacionais consolidadas que definem o que fazer e como fazer, funcionando como o DNA da firma, a partir do qual são selecionadas as informações requeridas pela competição. Em geral as rotinas apresentam um comportamento tácito e específico constituindo a principal forma de armazenamento do conhecimento operacional específico da firma. A noção de rotina embute um conceito que se refere ao caráter cumulativo do processo de aprendizado. Este aprendizado pode dar-se por meio de acumulação tácita de conhecimento na realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, por meios de mecanismos informais de acumulação de conhecimento tecnológico como os processos de learning-by-doing, learning– by-using e o learning-by-interaction e, finalmente por meio de externalidades envolvendo a difusão da informação. Já a noção de seleção na abordagem neo-schumpeteriana faz forte analogia ao conceito de seleção natural das espécies em que o ambiente é o mecanismo que seleciona e premia os melhores adaptados e, ao mesmo tempo em que extingue os menos adaptados. Na economia esse conceito está associado à maneira como o mercado avalia, sanciona ou rejeita as estratégias das firmas formuladas a partir de suas rotinas e pela evolução das trajetórias tecnológicas. O que impulsiona essa luta competitiva é a perspectiva de obtenção de um diferencial de lucratividade a partir da incorporação de inovações. Portanto a noção de seleção relaciona-se à existência de um ambiente que engloba os diversos fatores que influenciam nos resultados obtidos pela firma. 6 Ao nível de mercado, alguns elementos interagem entre si para ditar o ritmo pelo qual inovações são incorporadas e se difundem entre os diferentes agentes produtivos. Por exemplo, o nível de lucratividade que as empresas consideram imperativos em certas atividades; a maneira pelas quais as preferências dos consumidores e as regras de regulação influenciam aquilo que é lucrativo; as características do processo de investimento envolvido e o ritmo do processo de imitação. Os mecanismos de seleção podem também estar relacionados com a maneira como o ambiente competitivo afeta o processo de difusão de inovações. Nesse aspecto as características das diferentes tecnologias envolvidas, potencialmente geradoras de assimetrias e desequilíbrios; adversidade tecnoeconômica existente entre as firmas, expressam suas diferentes rotinas e nas características do processo de aprendizado vivenciado pelas mesmas; adversidade inter-setorial associadas às maneiras como a evolução de trajetórias e paradigmas impactam nas estruturas industriais. São elementos que se interagem entre si na modulação desse processo. 2.1.1 - Determinantes da inovação ao nível da firma De acordo com o pensamento neoclássico, a firma inova porque este é um meio racional para maximizar lucros, pressupondo-se perfeita informação sobre os custos e benefícios da inovação e sobre a conduta de outras firmas. No contexto, a ferramenta conceitual básica utilizada nos modelos é a função de produção que descreve as possibilidades técnicas existentes num estado tecnológico tomado como dado. Um avanço teórico com relação ao modelo neoclássico é a interpretação da mudança técnica proposta por Hicks, referindo-se à visualização da firma como unidade que orienta seu comportamento tecnológico exclusivamente por mudanças nos preços relativos, segundo estritas regras de maximização ao longo de um caminho de equilíbrio. Uma alternativa a esse pensamento para incorporar os fenômenos intra-firma, relacionadas aos processos de aprendizagem é 7 proposto por FREEMAN (1997), observando que a empresa constitui-se de uma organização social geradora de novos conhecimentos tecnológicos, capaz de melhorar cada vez mais o que faz, este é o conceito de leaning by doing. A inovação não se esgota na concepção de um projeto, devendo ser vista como em processo que vai sendo aperfeiçoado progressivamente, com a ajuda de instrumentos técnicos diversos como os protótipos, plantas piloto, etc. O aprendizado manifesta-se nas capacidades dos indivíduos e das firmas para resolver problemas técnicos ou na capacidade para melhorar os projetos originais de novos produtos ou processos, a partir da experiência prática da produção. Os níveis e tipos de aprendizagem são sintomas da capacidade que tem cada agente econômico para procurar novas oportunidades tecnológicas. Assim, para DOSI, (1988) “o que uma firma pode realizar no futuro é estritamente limitado pelo que ela foi capaz de fazer no passado”. O learning by using é outra forma de aprendizado e se manifesta através do aprimoramento de características que só vão ser reveladas na medida em que o produto é utilizado, ou seja, quando podem aparecer defeitos de construção ou de concepção que devem ser resolvidos mediante mudanças continuas. Na concepção schumpeteriana, as inovações são essencialmente um fenômeno de desequilíbrio, constituindo-se no principal motor das flutuações cíclicas da economia. A conduta evolucionista, inovativa tenderia a se desenvolver a partir de inovações incrementais, uma vez abandonado o conceito de equilíbrio e expectativas de maximização. Um ponto central nessa abordagem é que as inovações são consideradas fenômenos ex-post, ou seja: seu êxito ou fracasso dependeria do mercado, e, portanto, sua dinâmica seria imprevisível. BRITTO (2002), sintetiza que na visão schumpeteriana e dos neo-schumpeterianos, a idéia de desequilíbrio, acompanhada por conceitos – informação imperfeita, incompleta previsibilidade do futuro – que abrem caminho à aparição de condutas diferenciadas entre firmas, admitindo o êxito de umas e o fracasso de outras, como reflexo, torna-se possível entender o crescimento diferencial entre firmas e as mudanças endógenas. 8 Na abordagem neo-schumpeteriana, as técnicas disponíveis não são um dado conhecido, mas algo a ser procurado, o que implica em tempo de procura e gastos com pesquisa e desenvolvimento. O conceito de busca ou procura, assume papel relevante para NELSON e WINTER (1982), quando elaboraram modelos para representar o processo de busca interativa. Por existir grande variabilidade nas motivações para inovar, considera-se que o processo de busca não apresenta um caráter determinista e sim estocásticos marcados pela falta de condições objetivas que permitam a maximização de lucros, por causa das incertezas com relação aos resultados do processo inovativo. A busca, segundo Nelson e Winter, deve guiar-se segundo procedimentos de rotina. Segundo esses autores, as rotinas são maneiras de fazer as coisas que constituem a memória ou o código genético das firmas. Para DOSI (1988), as heurísticas de como fazer as coisas e de como aperfeiçoá-las, tendem a ser freqüentemente incorporadas nas rotinas, que, por meio da prática, repetição e aperfeiçoamentos incrementais, tornam certas firmas eficientes no sentido de explorar determinadas oportunidades tecnológicas, mercadológicas e traduzi-las em produtos comerciais específicos. Assim, as rotinas são vistas como processos e, portanto, estão em permanente mutação e tensão. Mudanças nas rotinas ou novas combinações de rotinas já existentes são consideradas inovações. Os membros da empresa trabalhadores, técnicos, gerentes, etc., - devem a incorporar novos conhecimentos ou reordenar e recombinar “inputs” heterogêneos quando as rotinas vigentes estão em processo de mudança. Nesse sentido, a inovação tecnológica não se limita aos equipamentos ou processos, incluindo a geração de novos conhecimentos, habilidades e modos de fazer as coisas de forma específica, de acordo com o ambiente técnico, econômico e organizacional de cada empresa. 2.1.2 - As rotinas empregadas no passado tendem a condicionar as rotinas no futuro A firma, segundo DOSI (1982 e 1988), aprende a partir de diversos tipos e fontes de conhecimentos: universais, específicos, públicos e privados. Por sua 9 vez, as fontes de conhecimentos podem ser formais ou informais. A principal fonte de aprendizado formal é a atividade de P&D. Outras fontes de aprendizado in house adquirem um caráter informal, como o learning by doing e o learning by using. O conhecimento nesse caso está disseminado nas unidades produtivas sob uma forma predominantemente tácita, nas pessoas – trabalhadores em gerais, técnicos, etc. - ou em diferentes departamentos da empresa, particularmente naqueles que exercem funções diretamente operacionais. Este tipo de aprendizado não pode ser formalizado, dado seu caráter idiossincrático, e, portanto, não pode ser difundido como conhecimento público livremente apropriável. O aprendizado tende a ser cada vez mais cumulativo, ou seja, é progressivo segundo os graus de complexidade, com o conhecimento acumulado definindo novos patamares a partir dos quais se dará o aprendizado futuro. Além disso, por ser um fenômeno in house, o aprendizado apresenta-se específico a cada empresa. Uma vez que os mecanismos de aprendizado são diferenciados e específicos, deduz-se que, não existe uma suposta de homogeneidade no comportamento das firmas e sim de comportamentos heterogêneos, que se expressam em capacidades inovativas também específicas. Para DOSI (1988) e FREEMAN (1997), distinguem-se diversos tipos de assimetrias entre as firmas, além da forma como elas aprendem: i) As assimetrias tecnológicas definem-se de acordo com a distância de cada firma em relação à sua fronteira tecnológica setorial. Estas se traduzem em graus de eficiência diferenciados com respeito aos custos de produção e lucratividade, embora possam ser consideradas outras variáveis para estabelecer diferenciações entre as firmas em termos de eficiência; ii) A variedade tecnológica refere-se àquelas diferenças tecnológicas que não correspondem a uma hierarquia. As diferenças entre firmas originam-se da forma como estas combinam equipamentos e insumos na produção de linhas de produtos singulares. Assim, o conceito de variedade tecnológica alude às 10 especificidades do processo de acumulação de conhecimento, ou às “maneiras de fazer” típica de cada firma; e, por fim. iii) A diversidade comportamental, ou seja, as firmas constituem e desenvolvem estratégias diferenciadas no plano de tomadas de decisões, incluindo aspectos tecnológicos – política de P&D - e aspectos econômicos como política de preços, investimentos, etc. É possível ainda pensar-se numa diversidade organizacional, associada à maneira como se organiza a estrutura interna da firma, resultando numa diferenciação entre flexibilidade ou rigidez ao nível dessa estrutura. 3 - A Configuração da Empresa Viação Garcia Londrina fica no terceiro planalto do Paraná, rota tropeira que vinha do Rio Grande do Sul a Sorocaba/SP, passando pelo segundo planalto, os chamados Campos Gerais de Ponta Grossa. Quando os britânicos da Companhia de Terras intentam iniciar aqui a maior colonização empresarial do mundo, já no fim do ciclo do tropeirismo, e novas cidades não mais surgiriam nos pontos de pouso das tropas (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). Agora, as cidades surgiriam ao redor da parada de ponto de ônibus, as vezes no meio duma clareira deserta, onde os colonos pioneiros dormiriam ao relento antes de ir derrubar seus lotes para erguer ranchos e plantações. O tropeirismo continuaria até a década de 50, quando a indústria automobilística nacional e as novas rodovias colaboraram para seu fim. Na esteira desses acontecimentos nascia a Viação Garcia em uma cidade aberta por caravana de mulas, mas povoada por gente que chegaria de ônibus (PELLEGRINI, 1994). Em meio às dificuldades da época do Brasil Sul, as balsas eram os instrumentos de travessias dos rios, que funcionaram até que se completou a transição entre o tempo dos animais e a era das rodas. Quando as estradas não tinham tanto movimento que compensasse ou cobrisse os custos da construção de pontes, e também porque as tropas de animais passavam a nado em trechos de água rasa, as balsas faziam as travessias dos rios para os poucos veículos existentes. 11 Em 1924, o Norte do Paraná era quase todo floresta quando o engenheiro florestal Lord Lovat, escocês, visitou uma fazenda de ingleses na margem do Rio Paranapanema, divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná. Lovat já tinha dirigido colonizações no Sudão, para plantações de algodão, e impressionou-se com a fertilidade da terra vermelha, muito diferente da terra arenosa do outro lado do rio (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). Vales férteis, rios e riachos abundantes, zona inter-tropical excelentes para plantas de clima tropical e temperado. A região apresentava-se ideal para uma grande colonização, que suprisse de algodão as indústrias inglesas. A Casa Rothschild, credora de débitos do governo brasileiro, aceitou financiar o empreendimento. O Governo do Paraná venderia a Companhia de Terras Norte do Paraná mais de um milhão e 200 mil hectares de excelentes terras, a preços simbólicos, com a condição de que a Companhia construísse estradas e ferrovias, colonizando parte do que era chamado de o Sertão do Tibagi. O plano britânico previa a divisão das diversas glebas em lotes de 30 hectares em média, todos com água nos fundos e estradas na frente, com prazo de oito anos para pagar e dois anos de carência. A ferrovia uniria as cidades, onde Londrina era prevista para no máximo 30 mil habitantes com a maioria no campo. Porém, o plano britânico seria atropelado pelos sonhos dos colonos (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). O plano era construir a ferrovia para receber os colonos e escoar as colheitas de algodão. Sonhando com terras próprias, os colonos não esperavam a ferrovia, que só chegaria a Londrina em 1935. Cruzando de balsa os rios Paranapanema e Tibagi, eles começaram a chegar em 1930. As primeiras famílias de colonos dormiam no estábulo da Companhia, no meio de uma clareira, ou já na própria terra no meio da mata. Eram gente decidida a ter vida nova numa nova terra, onde pudessem trabalhar e comercializar em liberdade sem preconceitos e opressão. Os agenciadores rapidamente começaram a trazer em carros da Companhia as primeiras turmas de colonos. Depois, criou-se um serviço gratuito de transporte que logo depois a Companhia decidiu não tocar. A estrada era 12 precária onde se seguia a trilha aberta na mata pelo movimento das mulas dos agrimensores e batedores da Companhia. Ia-se pelos espigões e pelas partes mais secas dos vales, era só uma fita de estrada na mata serrada, tomada por atoleiros que demoravam dias pra secar. Ônibus atolavam até o eixo. Na Cerra Morena, em Cornélio Procópio, os caminhões, não suportavam ir até o fim da subida e voltavam de ré. Ainda, nos dias secos a estrada era tão trepidante que os ônibus viviam enguiçando. EM 1932, A Companhia entregou a gerencia do transporte ao mecânico alemão Mathias Heim. Em 1934, como continuavam a chegar colonos todos os dias, a Companhia decidiu passar para Heim os direitos de concessão, este procurou um sócio, que dirigisse ônibus e que estivesse decidido a investir. Eram tantas as oportunidades na Londrina nascente, que ninguém ficava mais do que uma semana como motorista. Entre os motoristas havia um caminhoneiro espanhol, Celso Garcia Cid, que desde a infância sonhava em construir uma empresa de transportes (http://www.viacaogarcia.com/historiafrota.asp; Jornal Plataforma, set. 2006). Em 15 de janeiro de 1934 com o capital de 100 contos de réis, fundaram a Companhia Rodoviária Heim e Garcia. A primeira linha, para atender a Companhia de Terras, ia de Jataizinho a Londrina, num percurso de 45 KM. A segunda linha, já aberta pela Viação Garcia, ia de Londrina a Arapongas, passando por Cambe e Rolândia, 45 KM – uma cidade a cada 15 KM, conforme previa o plano de colonização britânico. Celso Garcia Cid vinha de uma antiga aldeia da Galicia na Espanha, e tinha muita esperança na nova terra. Imigrou-se aos 19 anos e, trabalhando de garçom em Santos tinha ouvido falar daquela colonização com gente do mundo todo. Celso trabalhou na construção da ferrovia em Cornélio Procópio, e, como pedreiro em Cambará, até comprar um caminhão Ford, com o qual iniciava a vida em transportes, trazendo muitas das primeiras mudanças para Londrina. Como seu capital era o caminhão, passou a investir trabalho na pequena empresa de ônibus Heim e Garcia ((http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). 13 Os colonos chegavam a Jataizinho de trem, onde a ferrovia esperava a construção da ponte para cruzar o Rio Tíbagi. Ansiosos, queriam ir logo ver as terras, a Companhia, querendo causar uma boa primeira impressão nos colonos, queria garantias de que os ônibus funcionariam todos os dias. Assim, o contrato de concessão previa multas por hora de atraso e a rescisão em caso de paralisação. Além disso, inicialmente, os colonos recém chegados, não pagavam passagem, apresentavam vales fornecidos pela Companhia, que depois eram recebidos de volta como parte do pagamento da concessão. Assim, a nova empresa, que se tornaria a mais antiga da cidade, foi paga mais em vales do que em papel-moeda. A pequena empresa Heim e Garcia seria essencial para a colonização, nos primeiros anos, antes da ferrovia chegar a Londrina, em 1935. Nesses anos imigrantes cruzaram a balsa para uma vida nova em uma nova civilização, os colonos que, quando o trem chegou, já formatavam seus sonhos e assim seria durante toda a colonização do Norte Novo, Norte Novíssimo, Noroeste e Oeste do Paraná, graças aos ônibus (PELLEGRINI, 1994; Jornal Plataforma, set. 2006; http://www.viacaogarcia.com/historiafrota.asp). 3.1 - A Empresa Garcia & Garcia Para Celso Garcia teria sido coisa do destino quando precisou de sócio e apareceu justamente outro espanhol, também por coincidência Garcia. Algum tempo depois Mathias Heim manifestou a vontade de deixar a sociedade e, em 1937, Celso Garcia colocou anuncio, no jornal O Estado de São Paulo, procurando um sócio para comprar a parte de Heim e ainda expandir a empresa. No inventário chegou a arrolar: 1 interruptor, 1 tambor vazio, ½ lata de óleo grosso, porcas e parafusos diversos. O preço final da metade da empresa era de 110 contos de réis. José Garcia Villar também viera da Espanha, e depois de duas décadas de trabalho, começando como trabalhador rural acumulara justamente 110 contos de réis, que pretendia aplicar com muito cuidado. Tinha sido colono em fazendas 14 de café, até chegar a cerealista, tendo vendido tudo para também procurar vida nova em terra nova. Mas continuava a ler jornais de São Paulo, e lá viu o anúncio de Celso Garcia. Mas não foi de imediato procurar o futuro sócio, começou a visitar as linhas da empresa e anotava numa caderneta o numero de passageiros, o consumo de combustível, a quantidade de passagens e de vales recebidos da Companhia. Os motoristas desconfiaram do homem da caderneta e avisaram Celso. Antes que Celso pudesse investigar José Garcia Villar, ele se apresentou, disse que tinha feito as contas e queria a sociedade (Jornal Plataforma, set. e out. 2006; http://www.viacaogarcia.com/historiafrota.asp; http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1; PELLEGRINI, 1994). Assim, em 1ª de fevereiro de 1938 teve início a Empresa Rodoviária Garcia e Garcia, com o capital dividido igualmente entre os sócios. Os dois pioneiros e seus descendentes tocariam harmoniosamente a empresa até agora, desde o começo buscando integrar trabalho e talentos. Celso Garcia Cid tinha fama de ser o acelerador, o homem que constantemente buscava expansões, por meio de novas linhas, novos ônibus e novas formas de operação de serviços, enquanto José era o freio e a embreagem, o controlador de despesas, achava prioritário andar com os pés no chão e manter as revisões da frota sempre em dia. Em 1955, a Garcia e Garcia, mudou novamente de nome, tornando-se Viação Garcia Limitada. O primeiro livro de registro de pessoal, da Viação Garcia, é uma peça histórica de grande atualidade. Ali estão presentes página por página, em fotos de meio século, homens que uniram suas vidas a da empresa, com longa permanência no emprego, oferecendo dedicação e zelo. A festa de Natal nos anos 50 era uma celebração de congraçamento e alegria os funcionários que começava com a chegada do Papai Noel, montado na capota da catita. Desde a década de 50, a Empresa manteve, sem qualquer incentivo fiscal, o primeiro restaurante coletivo de Londrina, atendendo funcionários, motoristas e cobradores durante 20 horas por dia. Em 1971, começou a assistência médica e odontológica própria, precursores de uma série de serviços a funcionários e familiares, para melhores condições de vida e de trabalho. Sempre se buscou imprimir uma cultura de 15 resultados e cumplicidade na empresa, sempre vencendo eventuais reformas legislativas que na prática, tende a estimular a rotatividade de pessoal, ou desestimular investimento em treinamento, e que por vezes pode desvalorizar profissionais e prejudicar a Empresa (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1; Jornal Plataforma, out., 2006). 3.2 – As primeiras iniciativas de modernização: 1974 - 1994 Em 1974, assume a direção a segunda geração de fundadores, da Viação Garcia LTDA representados por José Garcia Molina e Fernando Campinha Garcia Cid. Fernando, que ocupa a direção geral, compara as três fases da empresa com uma viagem ao longo do tempo: Na primeira fase, o passageiro entrava no ônibus desconfortável, de molejo duro, por estradas precárias, mas contente, porque sabia que era o melhor que a empresa podia oferecer, e ali havia a expectativa de toda uma nova vida pela frente. Tempo de trabalho com otimismo e entusiasmo, a empresa ia se firmando com desafios vencidos a cada dia e a cada viagem. Na segunda fase, a empresa continuou crescendo e melhorando. É como se o ônibus desse uma parada, e o passageiro embarcasse em outro ônibus, amplo e confortável, sabendo que aqui rodam ônibus tão bons como no primeiro mundo. Nessa época, firmamos na prática o compromisso de renovar sempre a frota e oferecer aos passageiros os melhores ônibus que pode haver. Na terceira fase é como se, depois de uma segunda parada, o passageiro embarcasse num terceiro ônibus ainda mais amplo e confortável, e cercado de serviços, com maior atenção e comodidade, a partir do momento em que pede sua reserva via telefone, ou comprando passagem num dos terminais eletrônicos de toda agência Garcia (PELLEGRINI, 1994; http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). Continuamos na terceira fase, aprimorando o treinamento do pessoal, a segurança e a manutenção, criando novos serviços como atendimento via e-mail e investindo, prioritariamente, no passageiro. A Viação Garcia é concessionária pública por mérito histórico, com responsabilidade e zelo constante pela qualidade 16 e aperfeiçoamentos constantes. Para a direção geral a história da empresa pode ser resumida em três palavras: servir sempre e melhor. Esperamos que os passageiros sintam que não estão sozinho, que uma parte de sua terra e de sua história segue com eles, conforme nosso lema, seu lar nos caminhos do Brasil (PELLEGRINI, 1994). A administração se modernizou como os ônibus, descentralizando e agilizando o processo decisório com autonomia para gerentes e encarregados de setor. O espírito de iniciativa é sempre estimulado, e a meta é que se torne um dos geradores de uma cultura própria da empresa, com responsabilidade. O treinamento intensivo consolidou o espírito de ordem, gerando uma disciplina assumida que os veteranos se orgulham destacando que: “quem quer enganar trabalho, aqui não acha ambiente”. Onde a empresa está presente vêem-se sinais de iniciativa e criação. A maioria dos móveis e detalhes são feitos na própria empresa. Para o diretor Fernando “o espírito de iniciativa e qualidade é o maior patrimônio”, que permite a empresa a operar com custos baixos, produzindo aqui quase tudo de que precisamos. Assim, a empresa reúne condições de enfrentar a sazonalidade própria da atividade, e também as crises de bolha da economia brasileira ao longo de toda a existência da empresa, onde se corre o risco de se expandir e em períodos seguintes encolher (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). Para o diretor José Mascaro Garcia Molina, “na primeira geração, a Viação Garcia foi uma pequena empresa pensando grande. Na segunda geração, passou a ser uma grande empresa pensando também nos detalhes. Pode-se comparar a historia da Garcia com os ônibus. No começo, jardineira abrindo caminho no peito, chamando os passageiros para ajudar empurrar os atoleiros. Depois, no asfalto, os passageiros já viajavam mais tranqüilos. Agora, busca-se o conforto equânime de um ônibus-leito onde os passageiros podem dormir confiantes”. Quando compra a sua passagem, o passageiro não paga só pela garantia de sair na hora marcada para chegar ao destino com segurança. Esta pagando por motoristas que ficam de plantão, prontos para cobrir qualquer falta. Esta 17 pagando por uma estrutura de 2224 funcionários, para fazer rodar os mais 500 ônibus, nos dias de maior pique, com pontualidade, segurança, higiene e conforto. Na média entre dias de pique e de pouco movimento, é como se além do motorista, outros quatro funcionários estivessem em cada ônibus. A empresa tem que manter uma circularidade entre seus diversos departamentos, como um motor que deve trabalhar sem atritos, para que os ônibus estejam todos na hora certa onde devem estar, e como devem estar. São quase um milhão de passageiros por mês com mais de130 mil KM rodados (PELEGRINI, 1994; SILVA, 2004). 4 – A Evolução Recente do quadro de funcionários da empresa entre 2000 e 2007 Desde o começo, da empresa Viação Garcia LTDA os lucros da atividade do transportes sempre foram reinvestidos, com isso, a cada ano que se passa, a empresa tem a necessidade de contratar cada vez mais funcionários, principalmente em finais de ano, momento em que cresce a demanda por acentos. O quadro 01 abaixo apresenta a evolução do quadro de funcionários nos últimos oito anos, a expansão gradativa se deveu em larga medida a fusão das empresas Viação Garcia com a Viação Ouro Branco S/A e a Empresa Princesa do Ivaí, em 2006 quando o quadro de funcionários da empresa cresceu significativamente. Quadro 1 – Evolução do quadro de funcionários da empresa Viação Garcia LTDA 2000-2007: Ano Quantidade de Evolução % funcionários 2000 1970 2001 2030 3,05% 2002 2146 5,71% 2003 2177 1,44% 2004 2223 2,11% 2005 2351 5,76% 2006 2500 6,34% 2007 2556 2,24% Fonte: Dados da pesquisa de campo Além da fusão das diversas empresas, a expansão gradativa do quadro de funcionários, como apresenta o gráfico abaixo se deveu a abertura de novos 18 horários como: Londrina a São Paulo, Londrina a Curitiba, Londrina a Loanda e a intensificação dos horários dos veículos circulares para atender a demanda da nova Região Metropolitana de Maringá, onde os ônibus circulares fazem trajetos curtos da até 58 KM. Passando por várias pequenas cidades da região. O mínimo salário pago pela empresa à seus funcionários, está de acordo com a determinação de salário regional e a média salarial fica em torno de R$ 732,00. Gráfico 1 - Expansão gradativa dos funcionários da empresa Viação Garcia LTDA – 2000-2007: Quantidade de funcionários 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 ANO Fonte: Dados da pesquisa de campo O número de funcionários tem crescido junto com os novos empreendimentos da empresa por meio dos novos serviços oferecidos como o H24. Desde o início da empresa os ônibus da Viação Garcia fizeram o transporte de cargas e encomendas, essencial para a expansão das novas cidades paranaenses. A presteza e a qualidade dos serviços fizeram com que a procura crescesse, justificando a criação de uma estrutura própria. Assim, em 1990 foi criado o H-24, sistema de transportes de cargas e encomendas, com o compromisso de entregar as encomendas em 24 horas, em todas as linhas atuadas pela empresa. O H-24 funciona como um relógio, conquistando a confiança de um público crescente. Atualmente, a empresa conta com uma frota de mais de 110 19 caminhões grandes e utilitários, para coleta e rápidas entregas. O sucesso do H 24 tem sido confirmado por um índice de satisfação de 86% de seus usuários, a maioria microempresários da região que se utilizam dos serviços para transporte de mercadorias diversas. Gráfico 2 - Expansão porcentual dos funcionários da empresa Viação Garcia LTDA – 2000-2007 Evolução Porcentual 7,00% 6,34% 6,00% 5,76% 5,71% Porcentual 5,00% 4,00% 3,05% 3,00% 2,24% 2,11% 2,00% 1,44% 1,00% 0,00% 00 20 a 01 20 01 20 a 02 20 02 20 a 03 20 03 20 a 04 20 04 20 a 05 20 05 20 a 06 20 06 20 a 07 20 Ano Fonte: Dados da pesquisa de campo O “garcia express” é um novo serviço criado em 2006, que cobre as cidades onde a Viação Garcia tem ligação direta e transporta encomendas de rodoviárias para rodoviárias com horas marcadas para a entrega da encomenda nos guichês rodoviários. Esse serviço está presente nos estados do PR, SP, RJ, MS e MG (Jornal Plataforma, jun, 2007; http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1). Por meio de uma iniciativa inédita, em 1977, a Viação Garcia criou o CENTREI (Centro de Treinamento), com o objetivo de reduzir erros e buscar uma padronização de seus serviços. Uma iniciativa que visava a melhoraria do transporte rodoviário nas regiões em que a empresa atua. O CENTREI, treina motoristas e funcionários dos diversos setores da empresa e de algumas outras empresas parceiras, com cursos intensivos específicos. Os resultados colhidos tem sido satisfatórios com significativas reduções no nível de erros antes detectados. A cada etapa de treinamento efetuado melhora o nível de satisfação dos passageiros. 20 A empresa também tem obtido ganhos satisfatórios no nível de redução de custos com a manutenção dos veículos e os funcionários tem tido a oportunidade de aprenderem mais sobre sua atividade, resultando em ganhos para todos. Nos cursos de 60 horas, o motorista aprende sobre mecânica preventiva, ou sobre relações humanas ou ainda, sobre os primeiros socorros para o caso de um acidente com vitimas. Diversas ocorrências como até partos já foram atendidos por motoristas no interior dos ônibus, o sucesso se deveu ao aprendizado obtido por meio do CENTREI (CHRISTOPHER, 1999; Jornal Plataforma, jun, 2007). 4.1 - Capacidade e Eficiência Técnica da Empresa Os dados da pesquisa apontam para uma significativa importância dos funcionários que possuem o segundo grau completo. Uma constatação importante é a de que os cargos de média e alta gerência são na maioria ocupados por profissionais de nível médio e alguns da alta gerência possuem superior completo. Este modelo aponta para uma formação interna de lideranças da empresa, onde os funcionários que se destacam podem ocupar melhores cargos, sendo importante a experiência, aprendizado e conhecimento tácito dos funcionários, o treinamento dentro da empresa e o conhecimento de sua cultura, de tal forma que a empresa tende a não sair em busca de profissionais externos a não ser para alguns departamentos ou tarefas específicas. Quadro 2 – Nível de escolaridade dos funcionários da empresa Viação Garcia LTDA – 2007 Nível Número de Funcionários Percentual (%) Analfabeto 5 0,1929 Alfabetizado 1 0,0389 Até a 4ª série incompleta 94 3,6279 4ª série completa 248 9,5715 Da 5ª a 8ª série 580 22,3851 Fundamental completo 396 15,2837 Ensino médio incompleto 249 9,6102 Ensino médio completo 857 33,0760 Superior incompleto 99 3,8209 Superior completo 62 2,3929 Total 2591 100 Fonte: Dados da pesquisa de campo 21 Gráfico 3 - Nível de escolaridade dos funcionários da empresa Viação Garcia LTDA – 2007 Número de Funcionários 1000 800 600 400 200 0 Analfabeto -200 Alfabetizado Até a 4ª série incompleta 4ª série completa Da 5ª a 8ª série Fundamental Ensino médio Ensino médio Superior completo incompleto completo incompleto Superior completo Fonte: Dados da pesquisa de campo 4.2 – A Estrutura organizacional da empresa Quanto à estrutura organizacional da empresa Viação Garcia, recentes alterações em níveis de gerência tem extinguido alguns cargos e criados ou fundidos outros. Assim o nível hierárquico está em definição. O organograma apresentado abaixo mostra uma posição organizacional com recentes mudanças, embora algumas ainda estejam sendo estudadas pela empresa. A gerência geral ocupa uma posição chave ao lado das demais gerências e setores como: a Gerência de Relações de Trabalho, Gerência Econômica e Financeira e a Gerência Operacional. A figura 09 abaixo apresenta a estrutura organizacional da empresa Viação Garcia. 4.3 – A Inovação Presente na Empresa Por Meio da Renovação da Frota A empresa Viação Garcia desde de seu início tem procurando manter constante renovação de sua frota. O primeiro veículo da frota da Viação Garcia foi um caminhão Ford 1933, transformado em jardineira para acomodar os passageiros. Começou a rodar por ocasião colonização do Norte do Paraná, transportando os pioneiros e desbravadores da região que, por inúmeras vezes pagavam suas passagens até mesmo com galinhas. A primeira linha da Viação Garcia, utilizando-se do caminhão Ford 1933 percorria 25 km, indo de Londrina a 22 Jataizinho e levava o dia todo para percorrer o trajeto. As dificuldades da carência de estradas, obrigavam os moradores a construírem as estradas com foices, picaretas e enxadões, para não atolar a “Catita”, como era chamado o primeiro ônibus adaptado do Ford 1933, amarravam-se correntes nos pneus. A figura 01 abaixo apresenta o ônibus número um carinhosamente chamado de catita. Figura 9 – Estrutura organizacional da empresa Viação Garcia – 2007 Gerencia Geral Secretaria de Planejamento Secretaria Assessoria Jurídica Assessoria Geral APOIO DE TRÁFEGO DEPARTAME NTO DE AUDITORIA GERENCIA DE TRAFEGO E FINANCEIRA GERENCIA OPERACIONAL ASSESSORIA GERENCIAL CONTABILI DADE GERAL DEPARTAMEN TO FINANCEIRO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO REMUNERAÇÃO E DESENVOLVIME NTO UNIDADE DE TRÁFEGO ADMINISTRAÇ ÃO DE PESSOAL UNIDADE DE PASSAGEIROS UNIDADE DE CARGAS UNIDADE DE MANUTENÇÃO CONTROLE OPERACIONAL DE TRÁFEGO( DEPARTAMEN TO DE SUPRIMENTO DEPARTAMEN TO DE TRAFEGO DEPARTAMEN TO DE CARROCERIAS DEPARTAMEN TO DE OFICINAS Fonte: Dados da pesquisa de campo. 23 Figura 1 – O primeiro ônibus da Viação Garcia LTDA Fonte: Pesquisa de campo Oferecendo maior proteção e com capacidade de transportar 33 passageiros, o modelo GMC 1942, era fechado e acortinado. Para superar as adversidades e conseqüências da Segunda Guerra Mundial, com o racionamento de combustível, os mecânicos da empresa adaptaram ao motor para rodar, um tanque extra, chamado de gasogênio. O novo carro, que ficou conhecido como “Pavão”, percorria longas distâncias como de 207 quilômetros, indo de Londrina a Paranavaí, no período de 16 horas. A figura abaixo apresenta o ônibus número 02 da empresa Viação Garcia LTDA com maior capacidade de carga. Figura 2 – O modelo GMC de 1942 com adaptações e maior capacidade de carga Fonte: Pesquisa de campo 24 Em 1950, com o despertar da indústria automobilística, inovações de design começam a ser introduzidas em carros e ônibus. O GMC-ODC 210, de 1951, é o primeiro modelo dessa leva, que apresenta fortes modificações de design para a época e inaugura uma tendência de frente reta. Este modelo além de maior capacidade de cargas para baganes tinha capacidade para 35 passageiros. A figura 03 abaixo apresenta o ônibus número 03 da empresa Viação Garcia LTDA de maior capacidade de carga e novas inovações. Figura 3 – O modelo GMC-ODC 210, de 1951 com inovações e maior capacidade de carga Fonte: Pesquisa de campo Para ampliar sua atuação no mercado de transportes de passageiros e percorrer distâncias mais longas, a Viação Garcia decidiu utilizar know-how italiano e promoveu uma renovação de frota adquirindo modelos FNM/Alfa Romeo, de 1964, que transportava 37 passageiros. O apelido “Fenemê”, herdado da sigla FNM (Fábrica Nacional de Motores), foi empregado nas rotas mais longas, como Londrina à Curitiba e Londrina à São Paulo. A figura 04 abaixo apresenta o ônibus número 04 da empresa Viação Garcia LTDA de maior capacidade de carga. 25 Figura 4 – O modelo FNM/Alfa Romeo, de 1964 com maior capacidade de carga Fonte: Pesquisa de campo O desenvolvimento de uma tecnologia específica para o setor de transporte coletivo de passageiros está representado no modelo Scania B-111, este representa um marco significativo e foi responsável por um grande salto de qualidade na prestação de serviço de transporte. A unidade do modelo presente nesta figura 05 é considerada uma relíquia pela empresa, por ter efetuado o transporte do papa João Paulo II durante sua visita ao Brasil em 1980 e está em recuperação de suas características originais. A figura 05 abaixo apresenta o ônibus número 05 de tecnologia brasileiro, de maior capacidade de carga e considerado um marco da indústria nacional. Figura 5 – O modelo Scania B-111, de maior capacidade de carga para 42 passageiros Fonte: Pesquisa de campo 26 Mais uma vez inovando a partir de know-how próprio a Viação Garcia desenvolve o terceiro eixo neste modelo Scania, de 1986. O benefício das modificações traz, melhor frenagem com ampliação das condições de estabilidade com maiores condições de segurança aos passageiros. A capacidade de carga de bagagens era maior comportando 46 lugares com potência de 305 cavalos. A figura abaixo apresenta o ônibus número 06 de tecnologia brasileira e de maior capacidade de carga em relação aos demais de até então. Figura 6 – O modelo Scania de 1986, com capacidade para 46 passageiros Fonte: Pesquisa de campo O ônibus Irizar desenvolvido na Espanha e trazido ao Brasil pela Viação Garcia, inaugurou a linha Top Bus, com o conceito de oferecer maior conforto e comodidade aos passageiros. Com diversos itens inéditos de segurança, o modelo Irizar Century de 1998 possui, além de moderno design, poltronas leito-turismo com chassis Volvo e oferece maior espaço entre poltronas com 38 assentos. A figura abaixo apresenta o ônibus número 07, de design espanhol e de maior capacidade de carga de bagagens. 27 Figura 7 – O modelo Irizar Century 1998, com design inovador Fonte: Pesquisa de campo O novo modelo Mercedes Benz é o que representa o de mais moderno e inovador para este início de século, além dos instrumentos de segurança incorporados do Top Bus, ele tem como importante instrumento de conforto: poltronas com ângulo de reclinação de 180º; dispõe de uma ampla visão panorâmica com dois pisos e oferece uma capacidade de carga com 64 lugares. Outros dispositivos inovadores são: duas geladeiras, cafeteira elétrica, ponto para carregador de celular e cinto de segurança em todas as poltronas. Este modelo possui sistema de calefação inteligente, o ar refrigerado é ecologicamente correto e atualmente é o que existe de mais moderno em tecnologia de transporte de passageiros. A figura abaixo, apresenta o ônibus número 08, o mais moderno atualmente e de maior capacidade de carga. Figura 8 – O modelo Mercedes Benz, com novo design e o mais moderno atualmente Fonte: Pesquisa de campo 28 5 – Conquistas de Reconhecimento por Meio da Qualidade dos Serviços Prestados A empresa Viação Garcia, desde sua criação tem procurado apresentar qualidade na prestação de seus serviços, tendo como meta a ser perseguida. E é a busca da qualidade com inovação que a tem colocado entre as melhores empresas do país em seu setor. Em diversas pesquisas, realizadas por órgãos independentes em nível nacional, destacam a Viação Garcia como a empresa de transporte de passageiros intermunicipal e interestadual mais lembrada e elogiada quando comparada a outras companhias. A empresa tem conquistado diversos prêmios com o melhor Índice de satisfação do cidadão-usuário como: Top of Mind e Top de Marcas. O prêmio “índice de satisfação do cidadão-usuário” foi concedido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão ligado ao Ministério dos Transportes, esta pesquisa destacou a empresa Viação Garcia em primeiro lugar na categoria grandes empresas no biênio 2003-2004. A Viação Garcia foi classificada pelos passageiros com índice de satisfação acima do esperado. Apenas mais cinco transportadoras, mas com menor pontuação, foram classificadas acima do esperado. A pesquisa desenvolvida pela ANTT, ouviu 74.025 passageiros e especialistas da área em diversos estados brasileiros. O prêmio Top Nikkey, apresenta as empresas mais lembradas pelos consumidores nipo brasileiros, residentes no município de Londrina (PR). A pesquisa coordenada pela CRCOM (Comunicação Empresarial), jornal Paraná Shimbum e Inbrape Pesquisas, com base na metodologia top of mind. Nas edições do prêmio de 2005 e 2006 a Viação Garcia foi apontada pela comunidade Nikkey de Londrina como a empresa de transporte de passageiros mais lembrada. Em 2005 a Viação Garcia obteve 80% da preferência dos entrevistados. E, em 2006 a empresa alcançou o índice de 72,8% com 8,1% à frente do segundo colocado. O prêmio Top de marcas realizado em Londrina há 10 anos pela CRCOM (Comunicação Empresarial) e Inbrape Pesquisas que verifica o nível de recall de produtos e serviços na cidade de Londrina. Desde seu início em 1995, a Garcia 29 Tur vem conquistando o primeiro lugar nesse segmento, figurando como a agência de turismo londrinense mais lembrada. Em 2005 na décima edição da pesquisa, a Garcia Tur também foi a mais lembrada na categoria Agência de Turismo. Em 2004, quando foi introduzida a categoria Empresa de Ônibus Rodoviário, a Viação Garcia obteve o primeiro lugar, com o índice de 87,2%. E, em 2005 com índice de 80,2%. O prêmio Top of Mind concedido pela revista paranaense de economia AMANHÃ, em parceria com o Instituto Bonilha atestam a confiabilidade da empresa Viação Garcia. Num levantamento visando identificar marcas de produtos e serviços mais lembrados pelos consumidores paranaenses, a empresa de transporte Viação Garcia é a empresa foi a mais citada pelos passageiros. Para esta pesquisa foram utilizados os parâmetros metodológicos estabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e pela ABIPEME (Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado). Nesta modalidade o quarto ano seguido que a empresa Viação Garcia aparece com líder do Top of Mind paranaense. Em 2005, a empresa Viação Garcia ainda obteve o prêmio ‘comunicação visual e pintura de frota’, este um prêmio concedido pela pintura visual dos ônibus. O concurso foi organizado pela Editora OTM e Revista Melhores e Maiores de Transporte e Logística. Na ocasião foi eleita a pintura do ônibus Leito-Cama como a mais bonita do Brasil. O destaque ficou por conta da ousadia do projeto e o aproveitamento da área externa do veículo para divulgar o serviço ‘leito-cama’. No Paraná a destacada atuação da empresa Viação Garcia também é marcante na contribuição de ICMS ao Estado. De acordo com a recente pesquisa efetuada pela Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio), a empresa ocupa lugar de destaque entre as 100 maiores contribuintes do Estado. Atualmente as 100 maiores contribuintes de ICMS do Paraná contribuem com 73,58% da arrecadação de ICMS do Estado. A empresa Viação Garcia tem mantido sua interação com a comunidade londrinense de diversas formas, a mais significativa está no patrocínio ao time de Handebol Unifil/ Londrina/Sercomtel desde a sua formação em 1998, pelo Instituto 30 Filadélfia de Londrina. O time que já acumula diversas conquistas é treinado pelo técnico Giancarlos Ramirez. A empresa está disponibilizando o transporte para as viagens do time a diversos estados brasileiros, para sua participação no campeonato da Liga Petrobrás de Handebol. O time é o atual campeão brasileiro da Liga Nacional e já venceu outros campeonatos como a Copa do Brasil de handebol, Jogos Abertos do Paraná, e o vice-campeonato da I Copa SulAmericana de Seleções em 2004. O ano mais importante para a empresa e o time foi o de 2005, em que a equipe conquistou os dois títulos máximos do Handebol Nacional sendo: o bi-campeonato da Copa do Brasil e a Liga Petrobrás. A equipe UniFil/Londrina/Sercomtel é a primeira equipe a conquistar um título de nível nacional para o município de Londrina (http://www.viacaogarcia.com/historiafrota.asp; Jornal Plataforma, jun. 2007; e, PESQUISA DE CAMPO). 6 - Conclusão A empresa Viação Garcia nasceu junto com a colonização da Região Norte do Paraná, onde os primeiros materiais para a construção da cidade de Londrina vieram no lombo de mulas e burros. No alvorecer da década de trinta do último século os picadões no meio da mata eram cortados a enxadões, pás e picaretas, a fim de se permitir a passagem dos primeiros veículos motorizados da Companhia de Terras Norte do Paraná e trazendo os primeiros colonos japoneses. Foi nesse ambiente que a empresa Viação Garcia nasceu como resposta à demanda por transporte que se vislumbrava com a colonização da região. A preocupação da empresa após consolidado nesse mercado orientou-se no sentido da especialização e valorização do conhecimento tácito de seus funcionários, onde, a baixa rotatividade favoreciam ao aprendizado, constituindose no que a direção chama de ‘família garcia’, uma forma de unir a todos em torno de um objetivo, ou seja, o sucesso da empresa. Assim, os funcionários veteranos ensinavam aos mais jovens parte do conhecimento construído ao longo de muitos 31 anos onde os filhos substituíam os pais e aprendizes casavam, tinham filhos que também se tornavam aprendizes. Mais tarde com a construção do centro de treinamento próprio, tornou-se possível uma padronização dos serviços, o que possibilitou a empresa criar diversos serviços com atendimento de qualidade à população. Com uma atuação, sempre pautada na inovação de seus serviços e dos equipamentos que opera, a empresa Viação Garcia expandiu-se pelas Regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste e acumula diversos prêmios por suas conquistas competitivas. Este conjunto de conquistas está respaldado por meio de um foco que desde seu início esteve diretamente voltado à inovação no interior da empresa e de suas operações o que cada vez mais vem lhe garantindo expansão de seu aprendizado com novos insights de inovação com conquistas mercadológicas cada vez maiores. Atualmente, a empresa tem consciência de que manter o mesmo nível de expansão pode ser mais difícil do que já foi feito até o momento em virtude de que a concorrência está cada vez mais frenética no setor de transportes, o que demanda uma expansão dos níveis gerais de renda dos usuários e de um conjunto de melhorias na infra-estrutura de malha viária do País. Porém, a empresa para continuar seu leque de expansão para as demais regiões do País e manter o nível de mercado e satisfação já conquistado, precisa continuar investindo na modernização de sua frota, na melhoria dos equipamentos de operação e na qualificação técnica de seus funcionários. 7 - Referências bibliográficas BRITTO, J. N. P. (1999). Características Estruturais e modus-operandi das redes de firmas em condições de diversidades tecnológicas RJ: IE/UFRJ, (349 P. Tese de Doutorado em Ciências Econômicas). BRITTO, J.N.P. Cooperação inter-industrial e redes de empresas. In: KUPFER, D.; HESENCLEVER. L.; (org.) Economia industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil, RJ, Campus, 2002. 32 CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços das empresas de transportes coletivos. São Paulo, Pioneira, 1999. DEZA, X. V. (1995) Economía de la Innovación y del cambio tecnológico. México: Siglo Veintiuno. Editores SA, 1995. Cap. 07 p.104-125. DOSI, G. (1982). “Technological Paradigms and Technological Trajectories: a suggested interpretation of the determinants and directions of technical change”. Research policy, vol. 11 n. 3, p.147-162. DOSI, G. (1988). Sources, Procedures and Microeconomics Effects of Innovation. Jornal of Economic Literature, XXVI, set. p. 1121-1171. FREEMAN, C. Innovation systems: City-state, national, continental and subnational, mimeo. Paper presented at the Montevideo conference, University of Sussex, SPRU, 1997. http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n1. 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Texto de Discussão do Curso de Pós-Graduação em engenharia de produção UFSC, 2004. 33 Anexo 1 - Questionário de pesquisa para uma empresa do setor de transporte coletivo – 07/07: 1 – Condição Mercadológica 1.1 – Quais As regiões de atuação da empresa? 1.1 - Quais os tipos de produtos que a empresa comercializa? 1.2 - A empresa tem conseguido conquistar novos mercados nos últimos anos? 2 - Inovação para a melhoria competitiva da empresa: 2.1 - A empresa tem lançado produtos novos no mercado nos últimos 3 anos ou, melhorado produtos antigos? 2.1 - A empresa tem renovado regularmente sua frota e seus equipamentos de operação? 2.3 - A empresa desenvolve treinamento para seus funcionários: dentro da própria empresa, ou fora (Exemplo: em escolas técnicas, universidades, cursos especiais e outros)? 2.4 – De quantos funcionários a empresa dispunha atualmente? 2.5 – Indique percentualmente (%), Qual o nível de escolaridade dos funcionários da empresa? (Exemplo: primeiro grau, segundo grau, superior, completo, incompleto, pós-graduação). 3 - Cooperação para a melhoria competitiva da empresa: 3.1 - A empresa mantém algum tipo de relação de cooperação para sua melhoria competitiva com alguma instituição, como associação da classe, ou Universidade, ou Sindicato da Categoria, ou SENAI, ou Associação Comercial, ou qualquer OUTRA entidade? 3.2 - A empresa já conseguiu resolver algum problema de produção, ou de design de algum produto, trabalhando em parceria com alguma outra empresa, ou com alguma entidade? 3.3 - Na história da empresa, ela já teve alguma ajuda de incentivo, de alguma esfera de governo, como financiamento para novos investimentos, redução de tributação, ou a doação de um terreno para expansão das instalações, por exemplo? 4 - Perspectivas Futuras: 4.1 - Na sua visão, quais as duas maiores dificuldades que a empresa enfrenta para crescer? 4.2 - Existem projetos futuros de novos investimentos em planejamento, ou em andamento? 34