dissertação - Sociedade Brasileira de Fruticultura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
DISSERTAÇÃO
Densidade de plantio e conservação pós colheita de cultivares de
morangueiro em sistema de produção fora do solo.
MARINA COSTA ALVES
Pelotas, 2015
1
MARINA COSTA ALVES
Densidade de plantio e conservação pós colheita de cultivares de
morangueiro em sistema de produção fora do solo.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
graduação em Agronomia, da Universidade
Federal de Pelotas, como requisito parcial à
obtenção do título de mestre em Ciências (área
de
conhecimento:
Fruticultura
Temperado.
Orientador:Prof. Dr.Luis Eduardo Corrêa Antunes
Co- Orientador: Dr. Ivan dos Santos Pereira
Pelotas, 2015
de
Clima
2
BANCA EXAMINADORA
Dra. Roberta Marins Peil
Professora da Universidade Federal de Pelotas
PhD. Márcia Vizzotto
Pesquisadora Embrapa Clima Temperado
Dr. Luciano Picolotto
Professor da Universidade Federal de Santa Catarina
3
DEDICO
Dedico à minha mãe Rosângela Costa Alves, pelo amor incondicional durante toda à
minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
Na vida não conquistamos nada sozinhos, sempre precisamos de outras
pessoas para alcançar os nossos objetivos, por isso não poderia de deixar de
agradecer e mencionar o nome de algumas que foram importantes. Agradeço:
À Deus, por não deixar eu me abalar em nenhum momento.
Aos meus pais, Sergio e Rosângela, agradeço, o apoio durante toda a minha
vida, por terem me fornecido tudo que sempre necessitei: saúde, educação e bons
exemplos. Com certeza foram meus exemplos, e sem o incentivo de vocês eu não teria
conseguido.
Ao meu orientador Luis Eduardo Antunes, que além da admiração como
profissional, tem também a minha admiração pela pessoa que é. Agradeço pelo
carinho, dedicação, conselhos e a disponibilidade em me orientar, me apoiando em
tudo que precisei na execução do meu trabalho.
Ao meu co-orientador Ivan dos Santos Pereira, pela paciência, dedicação, pelos
conhecimentos ofertados e principalmente pela boa vontade, na qual esteve disponível
em todos os momentos que necessitei,me orientando e tirando todas as minhas
duvidas.
Ao Pesquisador da Embrapa Sérgio Delmar dos Anjos pela confiança de ceder
sua propriedade para que eu pudesse realizar meu trabalho.
Aos colegas da Embrapa, Michel Aldrighi, Gerson Vignolo, Matheus Silva,
Daniela Hohn, Priscila Marchi, Luciano Picolotto pela parceria, apoio e ajuda na
execução dos meus experimentos.
Ao Dr. Rufino Fernando Cantillano, pela disponibilidade em me orientar na
montagem e execução de um dos experimentos.
5
Aos professores da Universidade Federal de Pelotas, e ao Programa de Pósgraduação em Agronomia pela oportunidade da minha formação.
Aos membros da minha banca examinadora.
A CAPES, pela concessão da minha bolsa de mestrado e CNPq, pelo
financiamento do projeto de pesquisa.
As minhas amigas Priscila Rossatto, Luisa Maurell, Aline Colman, Auxiliadora
Bittencourt que torceram por mim e principalmente pelo apoio que sempre me deram
me deixando mais forte para superar meus desafios.
Ao meu namorado Matheus Merheb, que foi muito importante na etapa final do
meu trabalho, me incentivando e tornando meus dias mais felizes. Obrigada por me
aturar nesse momento.
Enfim agradeço a todos, que de alguma forma estiveram presentes e
participaram na minha formação, compartilhando momentos alegres, outros nem tanto,
às vezes até mesmo de medo.
Todos os imprevistos e até as coisas desagradáveis que ocorreram para que eu
conseguisse alcançar meu objetivo foram válidos e servirão de aprendizado para minha
vida.
6
RESUMO
ALVES, Marina Costa. Densidade de plantio e conservação pós colheita de
cultivares de morangueiro em sistema de produção fora do solo. 2015. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Agronomia. 85 f. Universidade Federal
de Pelotas- RS.
Até alguns anos atrás o cultivo do morangueiro era realizado de forma
convencional, somente no solo. A intensificação do cultivo em uma mesma área gerava
muitos problemas ambientais e fitossanitários. Atualmente, o sistema de cultivo sem
solo é o método de produção que vem sendo sustentado pelas questões ambientais,
pois diminui muito a utilização de defensivos e insumos, também possibilita a
otimização do espaço, permite ciclos de produção mais curtos, possibilidade de uso do
espaço vertical, maior produtividade, diminui a ocorrência de doenças que são
vinculadas ao solo, e possui menor necessidade de mão-de-obra, entre outras
vantagens. É um cultivo que vem se expandindo rapidamente, e por ser um sistema de
introdução recente há poucos estudos sobre a adaptação das cultivares, principalmente
no que se diz respeito à sua adaptação na região. O objetivo do trabalho foi estudar o
crescimento vegetativo, a produtividade, a qualidade e a conservação refrigerada de
diferentes cultivares de morangueiro produzidas fora do solo. O trabalho foi dividido em
dois experimentos. No primeiro, realizado em Pelotas-RS, foi avaliado o crescimento
vegetativo e a produção de quatro cultivares de morangueiro (Aromas, Albion, Monterey
e Portola) submetidas à diferentes densidades de plantio 23,5, 18,8, 16,4 e 14,1
plantas/m² ,referentes aos espaçamentos 20x20, 25x20, 30x20, 35x20. A cultivar
‘Portola’ obteve uma maior produtividade que as demais cultivares. A densidade de
14,3 foi a que apresentou maior número de frutos por planta para todas as cultivares.
Em relação à análise de lucratividade simulada, verificou-se que as cultivares Aromas,
Albion e Monterey não proporcionaram lucro ao produtor em nenhuma das densidades
estudadas, por outro lado, a cultivar Portola mostrou-se lucrativa para o produtor em
todas as densidades estudadas. O segundo experimento, foi realizado no Laboratório
de Pós-colheita do Núcleo de Alimentos da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas,RS.
O delineamento foi inteiramente casualizado com um esquema fatorial 3 x 4, sendo três
cultivares ‘Albion, ‘Monterey’ e ‘San Andreas’ e quatro períodos de armazenamento
(0,4,8,12) dias. As variáveis estudadas foram sólidos solúveis, acidez titulável, relação
sólidos solúveis/acidez, pH, coloração e luminosidade da epiderme, perda de massa e
incidência de podridões. Avaliou-se o comportamento, a qualidade e a conservação de
frutos produzidos fora do solo. Avaliaram-se atributos físicos e químicos. As cultivares
apresentaram diferenças significativas tanto para o tempo de armazenamento
refrigerado, quanto para a comparação para as cultivares nas características físicas e
químicas. No período avaliado, as cultivares mantiveram a qualidade, não houve perdas
significativas de massa, degradação de compostos ou presença de sintomas de
doenças ou odor desagradável.
Palavras-chave: Fragaria x ananassa, sistema hidropônico, densidade de plantio,
armazenamento refrigerado, qualidade pós colheita.
7
ABSTRACT
ALVES, Marina Costa. Plant density and post-harvest conservation of strawberry
cultivars cropped in soilless system. 2015. Dissertação (Mestrado) – Programa de
Pós-Graduação em Agronomia. 85 f. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas- RS.
Until a few years ago strawberry cultivation was performed in a conventional way, only
the soil. The intensification of farming in the same area generated many environmental
and plant health problems. Currently, soilless cultivation system is the production
method which has been supported by environmental issues, as greatly reduces the use
of pesticides and inputs also enables optimization of space, allows shorter production
cycles, possibility of use of space vertical, increased productivity, reduces the
occurrence of diseases that are linked to the soil, and has less need for hand labor,
among other advantages. It is a crop that has been expanding rapidly, and it is a recent
introduction system there are few studies on adaptation of cultivars, particularly as
regards their adaptation in the region. The objective was to study the vegetative growth,
productivity, quality and the cold storage of different strawberry cultivars produced off
the ground. The work was divided into two experiments. In the first, held in Pelotas, was
rated the vegetative growth and the production of four strawberry cultivars (Aromas,
Albion, Monterey and Portola) submitted to different planting densities 23.5, 18.8, 16.4
and 14 , 1 plants / m², referring to the spacing 20x20, 25x20, 30x20, 35x20. The cultivar
'Portola' had a higher productivity than the other cultivars. The density of 14.3 showed
the highest number of fruits per plant for all cultivars. Relative to the analysis of
simulated profitability, it was found that the cultivars Aromas, Albion and Monterey did
not provide profit to the producer in any of the studied densities On the other hand, to
cultivate Portola proved to be profitable for the producer in all densities estudied. O
second experiment was conducted at the Laboratory of Postharvest of Embrapa
Temperate Climate Food Center in Pelotas, Brazil. The design was completely
randomized with a factorial 3 x 4, three cultivars' Albion 'Monterey' and 'San Andreas'
and four storage periods (0,4,8,12) days.The variables studied were soluble solids,
titratable acidity, soluble solids / acidity, pH, color and brightness of the skin, weight loss
and decay incidence.Evaluated the behavior, the quality and the conservation of fruits
cropped in soilless system.We assessed physical and chemical properties. The cultivars
showed significant differences both for cold storage, as for comparison to cultivars in the
physical and chemical characteristics. During this period, the cultivars have remained,
no significant mass loss, degradation compounds or presence of symptoms of diseases
or unpleasant odor.
Keywords: Fragaria x ananassa, soiless system, planting density, post-harvest quality.
8
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1 “Crescimento vegetativo e desempenho produtivo de cultivares de
morangueiro submetidas a diferentes densidades de plantio em cultivo fora de
solo.”
Figura 1. Número de folhas em resposta as diferentes densidades de plantio, safra
2013 ................................................................................................................................40
Figura 2. Número de inflorescências por planta em resposta a diferentes densidade de
plantio, safra 2013...........................................................................................................42
Figura 3. Produtividade (g/m2)e produção (g/planta) em resposta a diferentes densidade
de plantio, safra 2013......................................................................................................46
Figura 4. Influência das densidades de plantio sobre a distribuição mensal da produção
das diferentes cultivares de morangueiro na safra de 2013. Embrapa Clima Temperado,
Pelotas–RS......................................................................................................................48
Figura 5. Produção acumulada durante os meses produtivos na safra de 2013.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas –RS......................................................................49
CAPÍTULO 2 “Qualidade pós-colheita de cultivares de morangueiro produzidas
fora do solo durante o armazenamento refrigerado”.
Figura 1. Porcentagem de perda de massa de morangos (Fragaria x ananassa Duch.)
ao longo do armazenamento refrigerado. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,
2014.................................................................................................................................71
9
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1 “Crescimento vegetativo e desempenho produtivo de cultivares de
morangueiro submetidas a diferentes densidades de plantio em cultivo fora de
solo.”
Tabela 1. Valores médios obtidos para as variáveis de crescimento, diâmetro, massa e
número de coroas, e massa de folhas e raiz de diferentes cultivares de morangueiro na
safra 2013. Pelotas, RS, 2015.........................................................................................39
Tabela 2. Interação entre os fatores estudados para a variável número de folhas por
planta. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2014...................................................40
Tabela 3. Interação entre os fatores estudados para a variável número de
inflorescências por planta. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2015....................41
Tabela 4. Aspectos produtivos de diferentes cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) cultivadas em sistema semi-hidropônico na safra de 2013. Embrapa
Clima Temperado, Pelotas –RS......................................................................................45
Tabela 5. Análise nutricional das folhas de diferentes cultivares de morangueiro
(Fragaria x ananassa Duch.) cultivadas em sistema semi-hidropônico na safra de 2013.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas –RS......................................................................52
Tabela 6. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Aromas fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.................................................................53
Tabela 7. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Albion fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.................................................................53
Tabela 8. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Monterey fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.................................................................54
Tabela 9. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Portola fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente................................................................54
10
CAPÍTULO 2 “Qualidade pós-colheita de cultivares de morangueiro produzidas
fora do solo durante o armazenamento refrigerado”.
Tabela 1. Acidez titulável (% ac. cítrico) para cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) após diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2014......................................................................................64
Tabela 2. Teor de sólidos solúveis SS (º Brix)de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2014......................................................................................65
Tabela 3. Relação entre sólidos solúveis e acidez titulável (SS/AT) de cultivares de
morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2014.............................................................66
Tabela 4. Potencial hidrogenionico (pH) de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2013.......................................................................................67
Tabela 5 . Valores médios de firmeza (N) e matiz (ângulo Hue)de diferentes cultivares
de morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,
2013.................................................................................................................................68
Tabela 6. Luminosidade da epiderme (L) de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2014.......................................................................................69
11
Sumário
RESUMO .........................................................................................................................................................6
ABSTRACT .......................................................................................................................................................7
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................................................8
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................................................9
1
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................13
2
HIPÓTESES ............................................................................................................................................16
3
OBJETIVOS ............................................................................................................................................16
3.1.1
Objetivo Geral ..............................................................................................................................16
3.1.2
Objetivos Específicos ................................................................................................................... 16
4
REVISÃO DE LITERATURA .....................................................................................................................17
4.1 Histórico e Importância econômica do morangueiro ............................................................................17
4.2 Descrição Botânica ................................................................................................................................19
4.3 Fisiologia .................................................................................................................................................21
4.4 Ambiente Protegido ..............................................................................................................................22
4.5 Cultivo fora do solo ................................................................................................................................23
4.5.1 Substratos............................................................................................................................................25
4.5.2 Solução Nutritiva .................................................................................................................................26
4.5.3 Densidade de plantio .........................................................................................................................28
4.5.4 Cultivares .............................................................................................................................................28
4.6 Pós-colheita ............................................................................................................................................30
CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................................................33
Crescimento vegetativo e desempenho produtivo de cultivares de morangueiro submetidas a diferentes
densidades de plantio em cultivo fora de solo. ...........................................................................................33
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................34
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................................36
12
RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................................................................38
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................55
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................56
CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................................................59
Qualidade pós-colheita de frutas de cultivares de morangueiro produzidas fora do solo durante o
armazenamento refrigerado ........................................................................................................................59
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................60
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................................61
RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................................................63
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................72
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................73
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................77
6
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................78
13
1 INTRODUÇÃO
No mundo, a área cultivada com morangos é de244 mil ha, com produção de mais
de 4,5 milhões de toneladas da fruta (FAOSTAT, 2014). No Brasil, a cultura do
morangueiro vem apresentando um considerado crescimento. Na última safra (2013)
foram colhidas 110.000 toneladas, tendo à frente os estados de Minas Gerais, São
Paulo e Rio grande do Sul. As regiões Sudeste e Sul merecem destaque, pois
correspondem às áreas de maior produção no país. O Rio Grande do Sul é o estado
que mais cresce em produção e adoção de novas tecnologias, entre elas a produção
fora do solo, que vem ganhando espaço cada vez mais diante da produção
convencional no solo. O estado produziu na ultima safra 21, 3 toneladas por hectare,
em uma área em torno de 800 ha (ANTUNES et al., 2014).
A maior parte da produção é destinada ao mercado "in natura" (ANTUNES e
FILHO, 2005). No cultivo para indústria a fruta é utilizada na fabricação de geléias,
sucos e polpa para adição em outros alimentos, especialmente produtos lácteos
(PAGOT; HOFFMAN, 2003).
A maioria dos produtores que cultivam essa rosácea são produtores familiares,
proprietário de minifúndios, cujas áreas variam de 0,2 a 1 ha, e a maioria produz em
sistema convencional, no solo (GODOI, 2008). O interesse do pequeno produtor pela
cultura do morangueiro se deve ao amplo conhecimento e aceitação pelo consumidor, e
pela diversidade de opções de comercialização e processamento do morango, fazendo
com que a cultura seja promissora nas regiões onde predominam pequenas
propriedades com mão-de-obra familiar (SANHUEZA et al., 2005; GODOI,1998).
A introdução de novas cultivares com menor sensibilidade ao fotoperíodo e a
temperaturas baixas para frutificação, ou mais rústicas e com maior durabilidade póscolheita, permitiram que o cultivo se expandisse e popularizasse (FERNANDES
JUNIOR et al., 2002).
O morangueiro cultivado no solo sofre várias limitações, sendo uma das principais
delas a grande incidência de doenças presentes neste ambiente, pela utilização
repetida da mesma área por vários anos consecutivos. Para diminuir o índice de
doenças, os métodos utilizados atualmente para desinfestação do solo encontram
várias limitações ambientais (LIETEN, 1998).
14
À sensibilidade da cultura à doenças, faz com que produtores façam o uso
intenso de agroquímicos, muitas vezes ignorando critérios técnicos. Estas atitudes,
embora possam permitir obter frutas de boa aparência, podem limitar o mercado pela
presença de resíduos, além dos danos que podem causar a saúde do produtor, do
consumidor e os danos ao meio ambiente (HOFFMANN, 2006). Outra questão que se
torna limitante é a dificuldade ergonômica durante o manejo, pois com o elevado
número de colheitas rente ao solo durante um longo período produtivo, acaba
ocasionando problemas de saúde ao produtor e dificultando a disponibilidade de mãode-obra (LIETEN, 1998).
O sistema hidropônico aliado ao cultivo protegido apresenta-se como alternativa,
proporcionando várias vantagens, entre elas, destacam-se a proteção da cultura contra
ventos, granizo, chuvas, geadas, baixas temperaturas e o ataque de pragas e doenças,
e também permitem ciclos de produção mais curtos, maior possibilidade de uso do
espaço vertical, maior produtividade, e menor necessidade de mão-de-obra
(CARMELLO; FURLANI, 1994; CALVETE et al.,2008).
O cultivo do morangueiro fora do solo permite também um melhor aproveitamento
da área de cultivo, permitindo adensar mais as plantas além de oferecer melhores
condições de trabalho, facilitando o manejo do cultivo (LIETEN et al.,2004). Dessa
forma o morango é produzido em substrato artificial sem contaminação por fungos
fitopatogênicos e com fertirrigação (sistema semi-hidropônico), onde o fornecimento de
água e nutrientes pode ser melhor ajustado às necessidades da planta, reduzindo as
perdas por excesso (HOFFMANN;BERNARDI, 2006; GIMENEZ, 2008).
Outra questão importante dentro do cultivo do morangueiro são as altas perdas
que ocorrem em pós-colheita. O morango é uma fruta muito delicada e altamente
perecível, e deve ser submetida a um manejo rápido e cuidadoso em pós colheita, para
preservar sua qualidade. Devido a essa alta perecividade as perdas pós-colheita podem
alcançar níveis importantes, caso não sejam aplicadas formas adequadas de
armazenamento.
A manutenção das suas características é essencial, e, portanto conhecer suas
características físicas e químicas é importante para acompanhar o processo de
senescência após a colheita.
15
O conhecimento da fisiologia pós-colheita de um fruto é de grande importância
para que se tenha subsídio técnico que vise à ampliação do tempo de armazenamento,
sem alteração da qualidade.
Embora com todas as vantagens do sistema fora do solo, este ainda é um sistema
de cultivo recente no país, e não se tem muitos estudos referentes à adaptação das
cultivares, assim como informações sobre as características e conservação de frutos
oriundos desse sistema. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o crescimento,
produção, qualidade e conservação dos frutos produzidos no sistema de cultivo fora do
solo.
16
2 HIPÓTESES

A densidade de plantas na cultura do morangueiro é um fator importante no
sistema da produção, resultando em diferenças significativas na produtividade e
na qualidade da fruta;

As cultivares de morangueiro estudado apresentam uma adaptação diferenciada
no sistema de produção fora de solo.

As cultivares de morangueiro produzidas fora do solo apresentam períodos
diferenciados de armazenamento em pós-colheita diante das produzidas em
sistema convencional.
3 OBJETIVOS
3.1.1 Objetivo Geral

Definir quais as cultivares de morangueiro utilizado em sistema de cultivo
convencional mais se adapta ao sistema de produção sem solo.

Avaliar as cultivares produzidas fora do solo quanto as suas características
físicas e químicas e seu potencial de armazenamento.
3.1.2 Objetivos Específicos

Definir as melhores densidades de cultivo para as cultivares estudadas.

Avaliar as cultivares estudadas quanto às suas características químicas e
físicas.

Verificar o potencial de armazenamento pós colheita de frutos de morangueiro
produzidos no sistema de cultivo sem solo.
17
4
REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Histórico e Importância econômica do morangueiro
Diversas espécies frutíferas de clima temperado como a amora preta (Rubus
sp.), a framboesa (Rubus idaeus L.), o morango (Fragaria x ananassa Duch) e o mirtilo
(Vaccinium sp.) são coletivamente chamadas de frutas vermelhas ou “pequenos frutos”
(BARBIERI e VIZZOTTO, 2012; GONÇALVES, 2011). Dentro deste grupo a fruta mais
conhecida é o morango, tendo maior área cultivada e maior tradição de cultivo no Brasil
(PAGOT; HOFFMANN, 2003). O morango é uma das frutas mais apreciadas pelos
consumidores em diversas regiões do mundo, destacando-se pela sua coloração,
aroma, sabor e diversificação dentro da culinária e gastronomia (BRAHM, et al., 2005).
O início do cultivo do morangueiro no Brasil ainda não é bem conhecido
(CAMARGO; PASSOS, 1993). Sabe-se que no início utilizavam-se cultivares vindas dos
Estados Unidos e da Europa, apresentando pouca adaptação aos principais estados
brasileiros produtores na época, São Paulo e Rio Grande do Sul. Entretanto, a cultura
começou a expandir-se a partir de 1960, com o lançamento da cultivar Campinas pelo
Instituto Agronômico de Campinas (IAC)(PASSOS, 1997), cultivar esta, que
apresentava-se mais adaptada ás condições de solo e clima locais, com uma boa
produtividade e frutos de qualidade (MADAIL, 2003).
A cultura do morangueiro é amplamente apreciada em diversos países,
despertando interesse no consumidor por ser uma fruta que se destaca na coloração,
sabor e aroma, além das propriedades nutricionais e medicinais. O fruto também
apresenta elevado teor de vitamina C e ácido fólico, o que o caracteriza com potencial
antioxidante relacionado aos componentes fenólicos e pigmentos e alta quantidade de
ácido elágico, um constituinte com propriedades antimutagênicas e anticancerígenas
(MAAS et al., 1991; TESTONI; LOVATI, 1998; JOSEPH et al., 1998, 1999).
18
O morangueiro é produzido em diversas regiões e tipos de clima, desde zonas
temperada, mediterrânea, subtropical até zonas de taiga (CONTI et al., 2002).A cultura
do morangueiro é praticada por pequenos produtores rurais que utilizam a mão-de-obra
familiar, durante todo o ciclo da cultura, sendo a maior parte da produção destinada ao
mercado "in natura" (ANTUNES; FILHO, 2005).
Estima-se que a América do Sul produza 318.686 toneladas em 11.884 hectares,
sendo o Brasil, Argentina e Chile os responsáveis pela maior parte da produção. A
produção brasileira destaca-se em seis estados brasileiros: Minas Gerais (1.200 ha),
São Paulo (980 ha), Rio Grande do Sul (800 ha), Paraná (270 ha), Espírito Santo
(150ha), Distrito Federal (100 ha), e Santa Catarina (100 ha) (ANTUNES; PERES,
2014).
A produção nacional é quase toda voltada para o mercado doméstico, sendo que
cerca de 67% é destinada a comercialização in natura e 33% para o processamento
industrial de diversas formas (AMARO,2002). Os frutos menores ou com pequenas
imperfeições que não comprometam sua qualidade, são destinados a produção de
polpa ou processados em forma de geléias, caldas, sucos e polpa congelada, em
laticínios, como iogurtes, sorvetes e também na confeitaria para elaboração de bolos,
biscoitos e outros produtos (ALMEIDA et al., 1999).
O Brasil ainda não se destaca entre os grandes produtores mundiais, mas começa
a se projetar, devido às condições ambientais favoráveis para o cultivo e pela produção
em quase todos os meses do ano. A produção de morangos no Brasil tem crescido
muito nos últimos anos, estimando-se uma produção anual de 105 mil toneladas, com
área ocupada de 3.500 ha (ANTUNES et al., 2007).
No Rio grande do Sul, a cultura do morangueiro representa a principal fonte de
renda para muitos agricultores familiares, sendo uma atividade consolidada em várias
regiões do estado (LAZAROTTO; FIORAVANÇO, 2011). O Rio Grande do Sul é o 3º
maior produtor, sendo superado apenas pelos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Na região sul, o município de Pelotas é o principal produtor (MADAIL et al., 2003).
Dados da EMATER-RS (2013) mostram uma produção de 18.479 t no estado, em uma
área de 541,5 ha.
19
4.2 Descrição Botânica
O morango é uma planta pertencente à família Rosaceae e ao gênero Fragaria.
A espécie cultivada resulta da hibridização de outras duas espécies (Fragaria chiloensis
e Fragaria virginiana). Apesar da origem americana do morangueiro, o cruzamento
entre essas espécies se deu por acaso nos arredores de Brest, na França por volta do
ano de 1970, onde por muito tempo foi cultivado como ornamental nos jardins europeus
(CASTRO,2004). É uma espécie octoplóide (8x) com 56 cromossomos (SANTOS,
2003).
O morangueiro é uma planta perene, com hábito rasteiro e características de
planta herbácea. Apesar de perene, é cultivada como anual devido principalmente ao
acúmulo de doenças de um ciclo para o outro, acarretando perdas na produção
(SANHUEZA et al., 2005). É uma planta constituída por sistema radicular, coroa (caule
reduzido), folhas, estolões, flores e frutas. A reprodução pode ser feita de duas
maneiras: assexuada ou vegetativa, através dos estolões que formam as mudas
comerciais, e sexuada através das sementes que estão contidas nos aquênios. A
propagação utilizada comercialmente é a vegetativa, enquanto que as sementes são
usadas com a finalidade de melhoramento genético da espécie (DARROW, 1966;
VERDIER, 1987).
A coroa da planta é um caule curto e cilíndrico e serve como órgão de
armazenamento das reservas. Dos nós da coroa saem as folhas e nas axilas destas
estão as gemas axilares, as quais podem dar origem a novas coroas, estolões ou
inflorescências, conforme as condições climáticas e de nutrição da planta. A
temperatura mínima para o desenvolvimento e crescimento da coroa é de 10°C
(VERDIER, 1987; IPM, 1994).
O sistema radicular do morangueiro forma-se a partir do tecido da coroa, e é
fasciculado e superficial atingindo 50 a 60 cm de profundidade, concentrando 95% de
suas raízes nos primeiro 20 cm. A temperatura mínima do solo para o seu crescimento
e desenvolvimento é de 7-8°C, enquanto que a ideal é de 13-14° C (IPM,1994). As
raízes se dividem em raízes primárias e secundárias, as primárias têm origem
diretamente na coroa, na base de cada nova folha, já as secundárias têm um número
20
variável e existem dois tipos, principais e secundárias. Essa ultima originam-se a partir
das primárias e formam a massa radicular, cujas funções são de absorção de nutrientes
e o armazenamento de substâncias de reserva (BRANZANTI, 1989).
As folhas da planta são formadas por um pecíolo e três folíolos, mas existem
alguns genótipos com quatro ou cinco folíolos. A duração de uma folha na planta é, em
média de dois meses, sendo necessário remover as folhas mortas ou que já não são
funcionais para a planta (DARROW, 1966). Durante o ciclo da cultura se recomenda
retirar folhas velhas para reduzir fonte de inóculo de doenças e pragas (VERDIER,
1987; IPM, 1994).
As mesmas condições que favorecem o surgimento das folhas, ou seja,
fotoperíodos longos e altas temperaturas, também estimulam a produção de estolões
(SMEETS, 1980). Os estolões são órgãos vegetativos que se formam a partir de gemas
axilares das folhas, em condições de temperaturas elevadas e fotoperíodo maior do que
13-14 horas. Os estolões possuem nós que se diferenciam e dão origem a novas
plantas. A propagação vegetativa apresenta crescimento radial, pois cada planta
originada forma outro estolão que formará uma nova planta e assim sucessivamente. O
número de estolões formados por planta matriz varia com a cultivar, sendo maior em
cultivares de dias curtos. (DARROW, 1966; IPM, 1994). Além dos estímulos da
temperatura e do fotoperíodo, a formação dos estolões também se deve ao alto vigor
da planta (STRAND, 1994).
As inflorescências formam-se de meristemas terminais da coroa. Cada coroa
pode desenvolver várias inflorescências, e o número e tipo de flores é variável, segundo
a cultivar e as condições climáticas. As flores das cultivares comerciais são
hermafroditas e a polinização é realizada principalmente pelo vento e insetos. O tempo
entre a polinização e a maturação comercial da fruta é dependente da cultivar e das
condições climáticas, sendo em média de 40-60 dias no outono-inverno, de 25-30 dias
na primavera e de 15-20 dias no verão (DARROW, 1966; VERDIER, 1987; IPM, 1994).
O receptáculo do fruto verdadeiro, que apresenta polpa avermelhada e com
sabor e aroma acentuados, contém os frutos verdadeiros, os aquênios, que se
assemelham a minúsculas sementes de coloração escura e ficam presos ao
receptáculo (LIMA, 1999).
21
Esses frutos verdadeiros são aquênios duros e superficiais vulgarmente
conhecidos como sementes, que podem ser encontrados até 200, ou ainda em frutos
maiores até 400. Sob o ponto de vista da comercialização, o fruto é o conjunto formado
pelos frutos verdadeiros e o receptáculo carnoso (ANTUNES et al., 2006).
4.3 Fisiologia
Os principais fatores que afetam a cultura do morangueiro são a temperatura e o
fotoperíodo sendo que a temperatura exerce maior influência. Outros fatores como a
disponibilidade de água e a qualidade e intensidade da luz também exercem influência,
embora em menor grau (RONQUE, 1998). Esta sensibilidade varia de acordo com as
cultivares. A formação de estolhos e desenvolvimento de folhas, são favorecidos sob
condições de dias longos e temperatura elevada. A condição ambiental favorável para
indução floral ocorre em dias curtos e temperaturas baixas, já para a frutificação, em
dias longos e temperaturas amenas (SANHUEZA et al., 2007; ANTUNES et al., 2006).
Entretanto existem cultivares que florescem continuamente, independendo do
fotoperíodo sendo denominadas cultivares neutras (CALVETE et al., 2008).
Quando o fotoperíodo é longo demais para formar flores ou mais curto que o
necessário para a formação de estolões, as gemas axilares normalmente formam
coroas secundárias (DURNER; POLING, 1988), porém para Strand (1994), algumas
cultivares produzem coroas secundárias independente do fotoperíodo.
As cultivares de dias curtos dependem da interação entre temperatura e
fotoperíodo para entrarem na fase reprodutiva, sendo a safra compreendida entre o
final do inverno e primavera. Temperaturas elevadas e fotoperiodo longo inibem a
diferenciação floral, as cultivares de dia neutro, indiferentes ao fotoperíodo, e não são
afetadas pelo comprimento do dia e sim pelas temperaturas e as cultivares de dia longo
ou reflorescentes diferenciam gemas de flor mais livremente em dias longos (durante o
verão) que em dias curtos (RESENDE et al., 1999).
Em razão da diversidade edafoclimática existente no Brasil, o pequeno número de
cultivares disponível tem sido um dos principais obstáculos ao desenvolvimento da
cultura do morangueiro, sendo importante incentivar os programas nacionais de
22
melhoramento genético e de introdução de cultivares geradas em outros países
(OLIVEIRA et al., 2007).
A escolha da cultivar possui importância relevante no sucesso do cultivo da
espécie, que chega a ser limitante, devido principalmente, às suas exigências em
fotoperíodo, número de horas de frio e temperatura, fatores estes, que variam em
função do material genético. (DUARTE; FILHO et al., 2007).
As principais cultivares utilizadas no Brasil provêm dos Estados Unidos, de
programas de melhoramento genético de Universidades da Califória e Flórida,
podendo-se destacar: Aromas, Camarosa, Camino Real, Diamante, Oso Grande,
Ventana, Albion, San Andreas, Monterey, Portola, Dover, Sweet Charlie, e Florida
Festival. Além destes, também cabe destacar a cultivar Milsei-Tudla importada da
Espanha (OLIVEIRA et al., 2007).
As cultivares de morangueiro diferem de acordo com a sua adaptação ao meio,
fazendo com que uma cultivar que se desenvolva satisfatoriamente em uma região, não
apresente o mesmo desempenho em outra com condições ambientais diferentes
(UENO, 2004).
No Brasil a produção de morangos é dominada pelo uso de cultivares de dia curto
(STRASSBURGER et al., 2010). Como o plantio dessas cultivares ocorre de abril a
junho, geralmente com cultivares de dia curto, ocorre um déficit de morangos no
mercado no período de janeiro a maio (RESENDE et al., 2010).
Como alternativa, o uso de cultivares de dia neutro podem vir como solução para
este período, pois se obtêm uma maior produção com essas cultivares nos meses mais
quentes, aumentando até 150% nos valores em relação ao período de safra
(STRASSBURGER et al., 2010).
4.4 Ambiente Protegido
Os produtores estão sempre buscando tecnologias, que aumentem a sua
produção e melhorem a qualidade do seu produto. Dentre essas novas tecnologias,
encontra-se o cultivo em ambiente protegido, o qual cria um microclima mais favorável à
produção (CALVETE et al., 2012.)
23
Na cultura do morangueiro, a utilização do ambiente protegido traz uma série de
vantagens, protege a cultura das chuvas, geadas, temperaturas baixas, granizo, ventos
e ataque de pragas (ANTUNES et al., 2007).
O cultivo em ambiente protegido constitui um agrossistema diferenciado do que
encontramos à campo, apresentando como vantagem, a produção fora da época de
cultivo, possibilitando a produção na entressafra com preços melhores (ANDRIOLO,
2000).
Segundo Calvete et al. (2008) em trabalho realizado com Dover, Camarosa,
Chandler, e Oso Grande em ambiente protegido a maior produtividade foi de
morangueiro plantado precocemente, em abril, o que antecipou a colheita dos frutos.
Essa antecipação também foi observada por Duarte Filho et al. (2004), em Minas
Gerais, onde o cultivo protegido também favoreceu a antecipação de diversas
cultivares. Além da antecipação o ambiente propiciou melhores condições ao
desenvolvimento da planta, aumentando a frutificação, a produção, conferindo uma
maior proteção aos frutos.
4.5 Cultivo fora do solo
A intensificação do cultivo tem ocasionado problemas de contaminação do solo,
água, e maiores problemas com pragas e doenças. As doenças que atacam o sistema
radicular,são responsáveis pela elevada mortalidade das plantas nas lavouras, o que
acaba se agravando pelo cultivo sucessivo na mesma área, que acaba sendo
dificultado por se ter pequenas áreas. Esses problemas fitossanitários acabam fazendo
com que o produtor utilize cada vez mais fungicida (ANDRIOLO et al., 2002).
A importância do cultivo sem solo do morangueiro vem aumentando nos últimos
anos, em conseqüência do impedimento do uso do brometo de metila no controle das
doenças radiculares de solo (FERNANDES JUNIOR et al., 2002).
O cultivo sem solo do morangueiro é uma técnica empregada em várias regiões
do Brasil, permitindo obter elevada produção e melhor ergonometria no manejo da
cultura (MORAES; FURLANI, 1999). Entretanto, na região Sul do país, as frutas
produzidas com o uso dessa técnica são de qualidade mais baixa em relação àquelas
24
produzidas na região Sudeste do Brasil. Essa diferença tem sido atribuída, tanto ao
efeito das condições ambientais, quanto da composição e do manejo da solução
nutritiva (ANDRIOLO et al., 2009).
O cultivo do morangueiro fora de solo possibilita a eliminação do uso de produtos
para desinfecção, reduzindo o consumo de frutos contaminados e a agressão do meio
ambiente, além de proporcionar melhores condições de manejo e aproveitamento da
área (FURLANI; FERNANDES JUNIOR, 2004).
O sistema de cultivo for do solo baseia-se no ambiente em que as plantas se
desenvolvam em outros meio que não o solo, em qual a nutrição de plantas é feita por
meio de solução aquosa que contém todos os elementos essenciais ao crescimento em
quantidades e proporções definidas (COSTA; GRASSI FILHO, 1999;).
Essa técnica objetiva uma maior rentabilidade, que nos outros sistemas. Ela é
baseada em três vantagens: ótima proporção ar/água, ausência de doenças, e controle
nutricional (MAROUELLI et al.,2005). Além disso, proporciona maior homogeneidade
do sistema radicular, eliminação/diminuição das infecções de solo, redução no consumo
de água, melhor controle do desenvolvimento da planta e a racionalização do trabalho
(ergonometria) (MARTINEZ,1999).
Os cultivos hidropônicos podem ser realizados em soluções nutritivas aeradas,
sem qualquer tipo de substrato ou usando-se substratos pouco quimicamente ativos,
para dar sustentação as plantas(CARMELLO; FURLANI, 1994).
No Brasil, porém, é necessário definir alguns componentes tecnológicos para
otimizar o retorno ao produtor e à sociedade. Entretanto, já apresenta vantagens claras
frente ao sistema convencional, tais como: o produtor não precisa fazer rotação das
áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema de
túneis baixos. Dessa forma, chega a triplicar o potencial de uso da área de terra. Todo o
manejo da cultura pode ser realizado em pé, o que favorece a contratação de mão-deobra; O novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e do
substrato a cada dois anos, o que auxilia na redução da incidência e do alastramento
de podridões na cultura; se essas ocorrerem, elimina-se somente o saco infectado e
não toda a área de produção. Esse sistema protege as plantas do efeito da chuva e
25
facilita a ventilação, condições que impedem o estabelecimento de doenças
(KOVALESKI et al.,2000)
É mais viável adotar-se a produção de morangos fora do solo quando: se deseja
utilizar uma mesma área indefinidamente, pois não utiliza-se a rotação de áreas como
ocorre no solo; busca-se uma diferenciação do produto no mercado; quando o produtor
já tem certa familiaridade com a cultura em função das peculiaridades do sistema;
quando o produtor já dispõe de estrutura de hidroponia,facilitando a implantação do
sistema (HOFMANN, 2013)
4.5.1 Substratos
O substrato serve como suporte onde as plantas fixarão suas raízes; o mesmo
retém o líquido que disponibilizará os nutrientes às plantas (MELO, 2006). As
características do substrato incluem, retenção de água e nutrientes que proporcionem
um bom arejamento para sistema radicular, luz, e que seja livre de agentes patogênicos
e substâncias que são tóxicas para as plantas (JOHNSON et al., 2010)
Um substrato desejável deve possuir algumas características, como: Não possuir
concentrações elevadas de sais, ter pH entre 5,6 e 7,0, ser leve e fácil de manusear,
estar livre de invasoras doenças e elementos tóxicos, ser de acordo com a mistura que
se vai utilizar e ser reutilizável, ser de fácil desinfecção e possuir uma oxigenação
adequada(CARMELLO; FURLANI, 1994).
Existem vários tipos de compostos que podem ser utilizados para a formulação de
substratos para o cultivo semi-hidropônico. Dentre eles pode-se destacar: a casca de
arroz carbonizada; mistura com diferentes porcentagens de casca de arroz carbonizada
+ casca de pinus; mistura, em diferentes porcentagens, de casca de arroz carbonizada
+ turfa + vermiculita, entre outros (MELO, 2006). A Casca de arroz é um recurso
facilmente disponível, e têm sido estudada como substituta de substrato orgânicos e
inorgânicos (TSALKALDMI, 2006).
Entre o meio de crescimento, a turfa têm sido o mais amplamente utilizado. Muitos
estudos foram realizados para a busca de novos substitutos da turfa. Razões para a
26
busca de um substituto para a turfa incluem alta de preços, especialmente nos países
sem recursos, e por restrições ambientais (ABAD et al., 2001).
No Estado do Rio Grande do Sul, o substrato mais empregado é a casca de arroz
carbonizada, acondicionada em sacolas plásticas. Esse tipo de sistema pode ser aberto
com drenagem perdida, onde a fertirrigação é efetuada através de tubos gotejadores. A
casca de arroz carbonizada é empregada por ser de fácil disponibilidade e de baixo
custo (GIMENEZ, 2008).
A casca de arroz carbonizada tem sido mais utilizada como substrato, pois é
estável física e quimicamente sendo, assim, mais resistente à decomposição. Isso
também tem a vantagem de o substrato poder ser usado num segundo ano de
produção. Porém, apresenta alta porosidade, que pode ser equilibrada com a mistura
de outros elementos (turfa, húmus, vermiculita, etc.) (MELO, 2006).
O substrato deverá ser acondicionado em embalagens de filme tubular,
preferencialmente branco, disponível no mercado. Embalagens claras ajudam a evitar o
aquecimento da água e, consequentemente, do substrato em seu interior, evitando que
as raízes sofram algum dano devido à elevação da temperatura em dias quentes
(MELO, 2006).
4.5.2 Solução Nutritiva
A solução nutritiva é tida como um dos componentes mais importantes de todo o
sistema hidropônico, pois seu uso inadequado pode acarretar sérios prejuízos às
plantas. Não existe uma solução nutritiva que seja única e melhor que todas as demais
para o cultivo de determinada espécie e variedade. Para hortaliças de frutos é
necessário ajustar as concentrações de nutrientes quando as plantas passam da fase
vegetativa para a reprodutiva (CARMELLO; FURLANI, 1994).
A manutenção de um meio favorável ao crescimento das plantas depende da
escolha e preparo de uma solução adequada no momento do plantio e da manutenção
ou ajuste dessa solução à medida que as plantas se desenvolvem. Uma vez que no
sistema de hidroponia o meio de cultivo não tem capacidade-tampão, ocorrem
27
alterações drásticas no ambiente radicular em curto período de tempo, diferente do que
ocorre no solo (CARMELLO; FURLANI, 1994).
Diversas formulações de soluções nutritivas para o cultivo sem solo do
morangueiro foram descritas na literatura. No Brasil predominam aquelas de Moraes e
Furlani (1999) e de Furlani e Fernandes Junior (2004).
A composição da solução nutritiva varia de acordo com o crescimento da planta, e
a amplitude de variação depende da relação entre seu crescimento e o volume de
solução empregado, sendo que o crescimento das plantas não causa apenas
decréscimo nas quantidades de sais disponíveis para as raízes, mas também
alterações qualitativas na solução (COSTA, 2004).
As mudanças de absorção de água e nutrientes, proporcionadas pela variação da
condutividade do meio nutritivo, levam a alterações da fisiologia das plantas. Entre
outros fatores, essas alterações relacionam-se também a abertura dos estômatos e ao
aumento da diminuição da área foliar, estando esses fatores ligados à eficiência
fotossintética, e consequentemente, com produção de material seco pelas plantas
(COSTA et al., 2001).
Os limites de condutividade elétricas das soluções utilizados para morangueiro em
substrato tem se situado entre 1,4 e 1,8 dSm-¹, sendo estes os mais favoráveis à
produtividade e qualidade das frutas. A produtividade e o tamanho das frutas são
aumentadas com valores abaixo de 1,4 dS.m¹ para cultivo em substrato (ANDRIOLO et
al.,2008).
No cultivo sem solo do morangueiro, tem sido sugerido modular a solução nutritiva
ao longo do ano, de forma a ajustá-la ao ambiente e demanda de nutrientes da planta
em cada fase de desenvolvimento da cultura (ANDRIOLO et al.,2008).
Nos primeiros estudos, a composição da química das soluções nutritivas
simulavam a constituição da solução do solo. Atualmente a composição de uma
solução nutritiva baseia-se, na composição química das folhas, por serem os órgãos
que melhor refletem o estado nutricional da planta (PARKER; NORVELL, 1999). Para
que os nutrientes desenvolvam plenamente suas funções no metabolismo das plantas,
refletindo no adequado crescimento e desenvolvimento da cultura, é necessário que
estejam presentes em concentrações suficientes nos tecidos (BARBOSA FILHO, 1987).
28
A determinação das concentrações de nutrientes nas folhas é uma das
metodologias quantitativas mais amplamente utilizada para diagnosticar o estado
nutricional das culturas. Baseia-se na premissa de existir relação entre a disponibilidade
de nutrientes e níveis de elementos na planta (BATAGLIA; SANTOS, 2001).
4.5.3 Densidade de plantio
A densidade de plantio ideal é aquela empregada na qual o dossel vegetal
intercepte o máximo de radiação solar útil à fotossíntese e ao mesmo tempo maximize a
fração da matéria seca alocada para os frutos. A população de plantas pode afetar a
absorção de radiação solar, afetando o equilíbrio entre o crescimento da fração
vegetativa e dos frutos (SCHVAMBACH et al., 2002).
Na definição da densidade de plantio adotada deve se levar em conta a
produtividade x custo adicional, decorrentes de uma maior densidade de plantio. O
aumento da densidade de plantio geralmente reduz a produção individual das plantas,
no entanto, o incremento do número de plantas por unidade de área compensa a
redução individual da produção até uma determinada população de plantas, sendo uma
das diversas vantagens da hidroponia (GIMENEZ et al. 2008; PEREIRA, 1989).
4.5.4 Cultivares
Albion
Cultivar lançada no ano de 2006 pela Universidade da Califórnia, EUA. É uma
cultivar de dias neutros, própria para o consumo in natura. Apresenta arquitetura de
planta aberta, com menor vigor, facilitando o manejo fitossanitário e a colheita.Produção
com poucos picos e melhor sabor comparado com as outras variedades de dias
neutros. Cultivar amplamente adaptada as mais diversas condições de cultivo do país.
Aromas
Cultivar de dias neutros lançada no ano de 1997 pela Universidade da Califórnia,
EUA. Própria para consumo in natura, frutas com bom tamanho, precoce, coloração
29
vermelho-brilhante, bom sabor, vigor médio, indicada para o cultivo de verão (plantio a
partir de setembro). Cultivar indicada e bem adaptada a região da Serra Gaúcha.
Plantas com médio vigor e relativamente resistentes a oídio (Sphaeroteca macularis).
‘Aromas’e ‘Albion’ são as duas cultivares de dias neutros mais plantadas no país, sendo
utilizadas com sucesso em cultivos fora de solo.
Monterey
Cultivar lançada no ano de 2009 pela Universidade da Califórnia, EUA, própria
para consumo in natura. É uma cultivar de dias neutros (moderado), florescimento um
pouco mais intenso que ‘Albion’ com padrão de produção similar. Planta vigorosa,
necessitando um espaçamento um pouco maior do que o utilizado para ‘Albion’. As
frutas são maiores e mais firmes que ‘Albion’. Em testes de conservação apresentou o
mesmo padrão de ‘Albion’, possuindo um sabor diferenciado, adocicado e único entre
as cultivares californianas. Possui boa resistência a doenças embora seja suscetível ao
míldio. Para produção de mudas apresenta boa produção de estolões.
Portola
Lançada no ano de 2009 pela Universidade da Califórnia, EUA. Cultivar de dias
neutros, adaptada para a Costa Central e Sul da Califórnia. Própria para consumo in
natura. As frutas são similares em tamanho a ‘Albion’, com coloração vermelho
brilhante. Tem excelente sabor, sendo mais precoce que ‘Albion’. É uma planta
vigorosa, exigindo assim, menor densidade de plantio do que a ‘Albion.
San Andreas
Cultivar lançada no ano de 2009 pela Universidade da Califórnia, EUA. Cultivar
de dias neutros (moderado) adaptada para a Costa Central e sul da Califórnia, própria
para consumo in natura. Apresenta um padrão de produção semelhante ao Albion, com
frutas de alta qualidade, bom sabor, aparência excepcional, qualidade superior a‘
Albion’ no início da temporada. Planta mais vigorosa que ‘Aromas’, com semelhança a
planta de ‘Albion’, menor e mais compacta que ‘Aromas’, moderadamente resistente ao
oídio (Sphaeroteca macularis), antracnose (Colletotrichum fragariae e Colletotrichum
acutatum), murcha de verticillium (Verticillium albo-atrum) e podridão da raiz
(Phytophthora coctorum). Tolerante a ácaro rajado (Tetranychusurticae).
30
4.6 Pós-colheita
Morangos são altamente perecíveis, com uma vida pós-colheita curta. A
preservação pós-colheita de morangos frescos é muito complexa devido a uma
atividade metabólica alta, alta taxa de respiração (50-100 mL de CO2.kg-1.h-1 a20°C). A
curta vida pós-colheita limita sua comercialização e as perdas podem chegar a até 40%
durante o armazenamento. Métodos de conservação adequados podem minimizar as
perdas e prolongar a vida útil (CANER; ADAY; DEMIR, 2008).
Uma das técnicas mais eficientes para aumentar a durabilidade de frutos e
minimizar as perdas pós-colheita é o armazenamento à baixa temperatura. A
refrigeração é utilizada para diminuir a taxa respiratória, a perda de água e retardar o
amadurecimento e senescência dos frutos. O armazenamento adequado é um dos
pontos críticos para o sucesso da comercialização de frutos tropicais (CHITARRA;
CHITARRA, 2005).
Os morangos por serem frutos altamente perecíveis, estão sujeitos a danos póscolheita que podem alcançar níveis importantes, caso não sejam utilizadas técnicas
corretas de colheita e pós-colheita. Estas perdas podem ser de caráter quantitativo e/ou
qualitativo, o que implicará em prejuízos para o produtor, o comerciante e o consumidor
(CANTILIANO, 2003).
O sabor de morango é resultado de uma mistura complexa de numerosos
compostos voláteis, açúcares e ácidos orgânicos, combinados com características,
como a textura. A qualidade nutricional do morango está intimamente correlacionada
com a presença de açúcares solúveis, ácidos orgânicos, aminoácidos e alguns
metabólitos secundários. Esses compostos desempenham um papel importante na
manutenção da qualidade dos frutos e valor nutritivo; por essa razão, a análise da
composição dos frutos é de interesse para os químicos de alimentos. Ácidos fenólicos e
seus derivados são muitas vezes conjugados com açúcares e têm sido frequentemente
relatados em frutos de morango (ZHANG et al., 2011).
O mercado consumidor de morangos frescos exige, cada vez mais, pseudofrutos
com excelente padrão de qualidade, valorizando os atributos sensoriais, em especial o
sabor e a coloração vermelha, bem como a ausência de defeitos. O morango apresenta
muitas vezes uma imagem negativa perante o consumidor, pelo fato de ser produzido a
31
expensas de aplicações excessivas de defensivos e fertilizantes agrícolas, em função
da alta suscetibilidade a patógenos e exigência nutricional (BRAGA, 2012).
A aparência, textura e o valor nutritivo são importantes atributos de qualidade em
frutas, sendo a aparência que inclui as características físicas, como dimensões e
coloração, o atributo de maior destaque. Segundo Guedes et al. (2013), a cor da fruta é
de fundamental importância para a aceitação inicial pelo consumidor, seguida da
firmeza e do sabor. A firmeza, que confere a textura à fruta, é uma característica
importante, por estar associada à qualidade culinária, frescor e extensa vida de
prateleira. Outras características como a composição química e a segurança alimentar,
embora não percebidas diretamente pelo consumidor, também assumem grande
importância na aceitação do produto (MARO, 2013).
O período de armazenamento tem influência direta na qualidade da fruta que
chega ao consumidor. Na pós-colheita de frutas e hortaliças, várias técnicas de
conservação podem ser adotadas, tais como armazenamento em atmosfera modificada
pelo uso de filmes e ceras, armazenamento em atmosfera controlada, armazenamento
sob baixa temperatura, através da utilização de reguladores de crescimento e uso de
irradiação (CARVALHO, 1994). O armazenamento a frio retarda os processos
fisiológicos como a respiração e a produção de calor vital, que levam à senescência das
frutas (ANTUNES et al., 2003). A redução da intensidade respiratória reduz as perdas
de aroma, sabor, cor, textura e outros atributos de qualidade do produto armazenado
(FILGUEIRAS; CHITARRA, 1996), sendo a refrigeração uma prática eficiente para
redução das perdas pós-colheita. O conhecimento da fisiologia pós-colheita de uma
fruta é de grande importância para que se tenha subsídio técnico que vise à ampliação
do tempo de armazenamento, sem alteração de qualidade (ANTUNES et al., 2006). A
perda de qualidade pós-colheita limita a comercialização, principalmente de frutas in
natura, portanto, é de grande importância a utilização de técnicas que ampliem o tempo
de armazenamento, sem, contudo, alterar suas características físicas, organolépticas e
nutricionais (ABREU et al., 1998).
As mudanças mais notáveis ao longo do desenvolvimento do morango, em
especial do seu amadurecimento, dizem respeito à forma, tamanho, textura,
32
pigmentação, que coincidem com um aumento no teor de sólidos solúveis e emanação
de compostos de aroma (ZHANG et al., 2011).
33
CAPÍTULO 1
Crescimento vegetativo e desempenho produtivo de cultivares
de morangueiro submetidas a diferentes densidades de
plantio em cultivo fora de solo.
34
INTRODUÇÃO
No contexto da produção de frutas de clima temperado, as pequenas frutas ainda
são
pouco
expressivas,
mas
verificam-se
avanços.
As
principais
frutíferas
representantes desse grupo são o morangueiro, a framboeseira, a amoreira-preta e o
mirtileiro. Das pequenas frutas o morango é a mais consolidada e junto com as demais
pequenas frutas torna-se uma excelente alternativa, sendo importante por razões
econômicas e sociais, pois seu cultivo é geralmente realizado em pequenas
propriedades rurais para agricultura familiar. (PONCE et al., 2010; FACHINELLO et al.,
2011; PIO et al., 2012).
No mundo, a área cultivada com morangos é de 244 mil ha, com produção de
mais de 4,5 milhões de toneladas da fruta (FAOSTAT, 2014). Os estados de Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo destacam-se no país, onde quase toda sua
produção é no solo (RADIN et al., 2011). Na safra 2013,foram colhidas 110.000
toneladas, tendo à frente os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio grande do Sul.
No Rio Grande do Sul, o cultivo do morangueiro apresenta a principal fonte de
renda para várias famílias de agricultores, já sendo consolidada em diversas regiões do
estado (LAZZAROTTO; FIORAVANÇO, 2011). Atualmente é o estado que mais cresce
em produção e adoção de novas tecnologias, entre elas a produção fora do solo, que
vem ganhando cada vez mais espaço diante da produção convencional no solo. Na
ultima safra (2013), a produtividade média foi de 21,3 toneladas por hectare (ANTUNES
et al., 2014). O rendimento da cultura por hectare é dependente das condições de clima
e de solo do local, associadas ao uso de tecnologias de produção, e apresenta elevada
variação, de 12 a 45 toneladas em média, com possibilidade de obter-se até 60
toneladas por hectare (NESI et al.,2008).
Apesar da grande importância da cultura, sua expansão têm sido limitada por
diversos fatores relacionados à problemas com doenças e pragas. As limitações
fitossanitárias do cultivo no solo motivaram o desenvolvimento e uso de novas técnicas
na cultura, incluindo o cultivo sem solo em estufa e hidroponia. A produção hidropônica
35
é usada a milhares de anos onde o solo não é adequado para o crescimento das
plantas, ou em que está contaminado (JAFARNIA et al., 2010).
O sistema de cultivo sem solo possibilita combinar o cultivo em ambiente protegido
com o cultivo em substrato. Esse sistema permite um melhor aproveitamento da área
de cultivo, permitindo adensar mais as plantas elevando a produtividade, além de
oferecer melhores condições de trabalho (GIMENEZ, 2008). A utilização do ambiente
protegido destaca-se por várias vantagens, entre elas, a proteção da cultura contra
ventos, granizo, chuvas, geadas, baixas temperaturas e o ataque de pragas e doenças
(CALVETE et al., 2008).
A densidade de plantio é um fator que merece destaque, pois pode interferir no
crescimento das plantas. No cultivo fora do solo em estufa existe a necessidade de
aproveitar ao máximo a estrutura e se otimizar a área de cultivo, um método é adensar
ao máximo as plantas.
A densidade de plantio ideal é aquela empregada a qual o dossel vegetal
intercepte o máximo de radiação solar útil à fotossíntese e ao mesmo tempo maximize a
fração da matéria seca alocada para os frutos. A população de plantas pode afetar a
absorção de radiação solar, afetando o equilíbrio entre o crescimento da fração
vegetativa e dos frutos (SCHVAMBACH et al., 2002).
Na definição da densidade de plantio adotada deve, se levar em conta a
produtividade x custo adicional, decorrentes de uma maior densidade de plantio. O
aumento da densidade de plantio geralmente reduz a produção individual das plantas,
no entanto, o incremento do número de plantas por unidade de área compensa a
redução individual da produção até uma determinada população de plantas, sendo uma
das diversas vantagens da hidroponia (GIMENEZ et al. 2008; PEREIRA, 1989).
O cultivo sem solo por se tratar de um sistema de cultivo recente na produção de
morangos no Brasil, ainda necessita ser avaliado a fim de obter o máximo retorno
econômico, especialmente porque se trata de um sistema com custos de implantação
elevados.
Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar a adaptação de diferentes
cultivares de morangueiro ao sistema fora do solo, assim como, determinar a densidade
de plantio mais adequada na utilização das mesmas.
36
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no município de Pelotas, em uma propriedade rural
localizada às margens da BR 392 de propriedade do Sr. Sérgio Delmar dos Anjos, no
ano de 2013. Segundo classificação de Koppen (1931), o clima da região é subtropical
mesotérmico-úmido (Cfb), sem estação seca e invernos moderados.
Os tratamentos consistiram das cultivares de morangueiro de dias neutros,
Aromas, Albion, Monterey e Portola, cultivadas sob diferentes espaçamentos entre
plantas, 20x20, 25x20, 30x20 e 35x20 cm, que corresponde a 23,5, 18,8, 16,4 e
14,1plantas.m-2, respectivamente.
O experimento foi conduzido no período de maio de 2013 a janeiro de 2014, em
estufa do tipo arco revestida com filme de polietileno de baixa densidade (150 de
espessura)com área total de 150 m², sendo 5m de largura por 30 m de comprimento e
pé direito de 3,0m.
O plantio das mudas foi realizado na primeira quinzena de maio de 2013. As
plantas foram cultivadas em sacolas plásticas contendo casca de arroz carbonizada.
Cada sacola apresentava 2m de comprimento por 30cm de largura. As mesmas foram
perfuradas na parte inferior, permitindo a assim a drenagem do excesso de solução
nutritiva.
A irrigação foi realizada através de um conjunto moto bomba, 2 caixas de 1000L e
mangueiras de gotejamento com intervalo de 15cm entre os gotejadores. O conjunto
moto bomba foi acionado 8 vezes ao dia durante 3 minutos. A aplicação da solução
nutritiva foi realizada de acordo com Fernandes Junior (2002) e variou de acordo com o
estádio de desenvolvimento das plantas.
A solução nutritiva foi monitorada diariamente para verificar os parâmetros de
condutividade elétrica e pH, estas informações serviram de base para a formulação da
solução nutritiva e definição da necessidade ou não de fertirrigar o sistema. O aumento
ou a diminuição da condutividade elétrica na ordem de 20% definia a irrigação ou a
aplicação de solução nutritiva, respectivamente. O pH da solução nutritiva no
reservatório foi mantido entre 5,5 e 6,5.
37
Periodicamente, foram realizadas desfolhas com o objetivo de reduzir as folhas
senescentes ou mortas, reduzindo o inoculo de doenças. Foi realizado o monitoramento
de doenças e pragas, e o controle quando necessário com o uso de defensivo agrícola.
Durante o experimento, quando as condições climáticas permitiram a estufa foi mantida
com as cortinas laterais abertas, visando facilitar a ação de insetos polinizadores.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em parcelas
subdivididas com quatro repetições. A parcela correspondia aos espaçamentos e as
sub parcelas às cultivares, formando um esquema fatorial de (4 x 4), sendo quatro
cultivares e quatro densidades de plantio. O número de plantas em cada repetição foi
variável conforme o espaçamento.
As colheitas foram realizadas entre 26/09/2013 e 10/01/2014. A produtividade
(kg.m-²) foi calculada pelo somatório do peso total das colheitas em cada parcela,
levando em conta a área ocupada pela mesma. Já a produção por planta (g.planta-1) foi
obtida pelo somatório do peso total de todas as colheitas realizadas em cada planta.
Ao final do experimento (10/01/2014), para as avaliações de crescimento, foram
utilizadas duas plantas década parcela, nas quais foram avaliados o número, diâmetro
e massa de coroas, o número e a massa de folhas e a massa de raiz. O número de
coroas e folhas foi obtido por contagem e o diâmetro de coroas foi determinado com
auxilio de um paquímetro digital. Já a massa de coroa, folhas e raiz, foram
determinadas através de secagem em estufa com temperatura de 65°C graus até peso
constante.
As mesmas folhas utilizadas para a análise da massa de folhas, após a secagem,
foram enviadas ao laboratório de Nutrição Vegetal da Embrapa Clima Temperado, onde
foi realizada a determinação da composição química de macronutrientes e
micronutrientes (N, P, K, Ca, Fe, Mn, Zn, Cu).
A fim de se avaliar o retorno econômico do produtor frente aos fatores estudados,
realizou-se uma análise de lucratividade simulada onde para tanto, levou-se em conta
levantamento de custos e receitas para a produção fora de solo na região de PelotasRS.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, e variáveis com diferenças
significativas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
38
Como o espaçamento entre plantas ou a densidade de plantio pode ser considerado um
fator quantitativo, variáveis com efeito significativo para este fator também foram
submetidas à análise de regressão, sendo essa apresentada quando o comportamento
linear ou quadrático foi significativo. As análises foram realizadas com o programa
estatístico WinStat, versão 2.1 (MACHADO; CONCEIÇÃO, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para as variáveis de crescimento não houve interação entre os fatores estudados,
exceto em relação ao número de folhas por planta (Tabela 1). Para diâmetro e número
de coroas, verificou-se efeito isolado do fator densidade de plantio (Tabela 1).
O diâmetro de coroa foi maior na densidade de 16,4 plantas/m2, embora não
tenha diferido significativamente das densidades 23,5 e 18,8 plantas/m². Na densidade
de 16,4 também verificou-se um maior número de coroas, não diferindo da densidade
de 14,1 .Entre as cultivares, ‘Aromas’ apresentou maior número de coroas que ‘Albion’
e ‘Portola’, porém, não diferiu de ‘Monterey’. Em estudo realizado na Sicília por D’Anna
et.al. (2012) os autores avaliando diferentes diâmetros de coroas 6-8 mm; 8,1-11 mm e
11,1-14 mm, encontraram diferenças na precocidade e produtividade relacionado ao
diâmetro das mesmas, indicando para as cultivares testadas o diâmetro de coroa de 8,1
a 14 mm para garantir uma boa produtividade. A produção de coroas é um processo
natural e seu numero irá variar de acordo com a cultivar e ou a densidade de plantio
adotada por PARANIPE et al. (2008).
As variáveis da massa de coroa, de folha e de raiz não foram influenciadas pelas
diferentes densidades de plantio e apenas a massa de coroa diferiu entre as cultivares
avaliadas (Tabela 1). Sendo que ‘Aromas’ apresentou maior massa de coroa que as
demais cultivares estudadas.
39
Tabela 1. Valores médios obtidos para as variáveis relacionadas ao crescimento
vegetativo de diferentes cultivares de morangueiro cultivadas em substrato na safra
2013. Pelotas, RS, 2015.
Espaçamento/densidade Diâmetro de
coroa (mm)
Número
Massa de
Massa de
Massa de
de coroa
coroa (g)
folha (g)
raiz (g)
20x20 (23,5 plantas/m2)
14,69 ab
3,25 b
4,97 ns
16,13 ns
7,53 ns
25x20 (18,8 plantas/m2)
14,62 ab
3,08 b
5,85
16,28
11,92
30x20 (16,4 plantas/m2)
16,42 a
4,22 a
4,93
22,00
11,28
13,43 b
3,35 ab
5,54
17,20
9,97
Albion
14,3 ns
3,35 b
4,43 b
16,53 ns
9,77 ns
Aromas
15,3
4,31 a
8,13 a
23,25
14,19
Monterey
15,5
3,44 ab
4,49 b
16,85
8,64
Portola
14,0
2,80 b
4,25 b
14,97
8,10
C.V. (%)
17,82
29,13
42,72
51,28
86,23
2
35x20 (14,1 plantas/m )
Cultivar
*letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukeyao nível de
5% de probabilidade de erro; ns não diferem estatisticamente.
Em relação à variável número de folhas, observou-se efeito de interação entre os
fatores densidade de plantio e cultivar (Tabela 2). A cultivar Albion não diferiu entre as
densidades testadas. Para ‘Aromas’, a densidade de 16,4 plantas/m2 favoreceu um
maior número de folhas, porém sem diferir de 14,1 e 18,8 plantas/m2. No caso de
‘Monterey’, o maior número de folhas foi obtido nas densidades de 16,4 e 23,5
plantas/m2, não diferindo da densidade de 14,1plantas/m2. Para ‘Portola’, a densidade
de 16,4 plantas/m2apresentou o maior número de folhas, não diferindo de 18,8 e 23,5
plantas/m2.
Pela análise de regressão realizada para as diferentes densidades, houve ajuste
significativo apenas para a cultivares Aromas (Figura 1). ‘Aromas’ apresentou resposta
linear negativa à densidade de plantio, ou seja, observou-se uma redução do número
de folhas conforme houve o aumento da densidade, até de 23,5 plantas/m2.
Número de folhas
40
70
y (Aromas) = -2,0838x + 78,737; R² = 0,74**
y (Albion) = ns
60
y (Monterey) = ns
y (Portola) = ns
50
40
30
20
10
0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Densidade de plantas (plantas/m 2)
Aromas
Albion
Monterey
Portola
Figura 1. Número de folhas em resposta as diferentes densidades de plantio, safra
2013. ns, *, **, ***, não significativo e significativo a P < 0,05, P < 0,01 e P < 0,001, respectivamente.
Pelotas, RS, 2015.
Na comparação das cultivares em cada densidade de plantas, nota-se que para a
densidade de 23,5 plantas/m2 não houve diferenças entre cultivares para o número de
folhas (Tabela 2). Para a densidade de 18,8 plantas/m2, ‘Aromas’ apresentou maior
número de folhas que Monterey e Portola. Resultado similar ao verificado nas
densidades de 16,4 e 14,1 plantas/m2, na qual, ‘Aromas’ novamente foi superior às
demais.
Tabela 2. Interação entre os fatores estudados para a variável número de folhas por
planta. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2014.
Densidades de plantio
Albion
Aromas
Monterey
Portola
20x20 (23,5 plantas/m2)
22,25 aA
27,00 bA
35,88 aA
23,25 abA
25x20 (18,8 plantas/m2)
24,13 aAB
42,50 abA
12,50 bB
20,50 abB
30x20 (16,4 plantas/m2)
20,88 aB
49,88 aA
36,50 aAB
36,13 aAB
35x20 (14,1 plantas/m2)
28,83 aAB
43,88 abA
26,33 abAB
14,13bB
C.V. (%)
35,49
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
41
Com relação às variáveis relacionadas à produção, se constatou efeito de
interação para número de inflorescências (Tabela 3) e efeito isolado dos fatores para
produtividade, número de frutos e produção (Tabela 4).
Quanto ao número de inflorescências, a densidade de 16,4 plantas/m2
proporcionou maior número às cultivares Monterey e Portola. Verificando a comparação
entre cultivares para cada densidade, observou-se diferenças apenas na densidade de
16,4plantas/m2, na qual, ‘Portola’ apresentou maior número de inflorescências que as
demais, seguida de ‘Monterey’, ‘Aromas’ e ‘Albion’.
Tabela 3. Interação entre os fatores estudados para a variável número de
inflorescências por planta. Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2015.
Densidade de plantio
Albion
Aromas
Monterey
Portola
20x20 (23,5 plantas/m2)
5,50 aA
6,00 aA
5,50 bA
4,75 bA
25x20 (18,8 plantas/m2)
5,13 aA
5,75 aA
3,50 bA
4,33 bA
30x20 (16,4 plantas/m )
3,75 aC
7,88 aBC
12,00 aB
18,88 aA
35x20 (14,1 plantas/m2)
3,00 aA
7,00 aA
4,33 bA
4,50 bA
2
C.V. (%)
51,09
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste
de Tukeyao nível de 5% de probabilidade de erro.
A análise de regressão para a variável número de inflorescências indicou efeito
significativo apenas para a cultivar Portola que apresentou resposta quadrática às
densidades de plantio (Figura 2). A densidade que induziu a máxima formação de
inflorescências foi a de 17,82 plantas/m².
42
Número de inflorescências
20
y (Aromas) = ns
y (Albion) = ns
y (Monterey) = ns
y (Portola) = -0,2208x2 + 7,8688x - 59,267
R² = 0,38***
15
10
5
0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Densidade de plantas (plantas/m 2)
Aromas
Albion
Monterey
Portola
Figura 2. Número de inflorescências por planta em resposta a diferentes densidade de
plantio, safra 2013. ns, *, **, ***, não significativo e significativo a P < 0,05, P < 0,01 e P < 0,001,
respectivamente. Pelotas, RS, 2015.
O número de frutos por área não foi influenciado pelas diferentes densidades,
porém, o número de frutos por planta foi (Tabela 4). Sendo que plantas cultivadas sob a
menor densidade (14,1 plantas/m2) foram as que apresentaram um maior número de
frutos. Provavelmente, o maior número de frutos verificado na menor densidade, ocorre
devido ao maior espaço físico para o desenvolvimento da planta, fato que pode
favorecer a formação de frutos. Densidades de plantio muito elevadas promovem o
sombreamento mútuo das plantas causado pelo excesso de folhas por unidade de área,
reduzindo a absorção de radiação solar e o crescimento individual de cada planta.
Strassburguer et al. (2010), observou em estudos com as cultivares ‘Aromas’ e
‘Diamante’ que o alto índice de área foliar interferiu negativamente na produtividade, e
também na polinização, reduzindo assim o número de frutos por planta, acarretando
menor produção de massa seca deste órgão.
Houve ainda, diferenças significativas entre cultivares, tanto para número de
frutos por área quanto por planta. Nas duas situações a cultivar Portola apresentou
maior número de frutos que as demais, seguida de ‘Aromas’, ‘Albion’ e ‘Monterey’,
43
respectivamente. Cecatto et al. (2014) trabalhando com as cultivares
‘Portola’, e
‘Monterey’ em cultivo sem solo com substrato obteve os seguintes valores, 29 e 16
frutos por planta, valores esses próximos aos encontrados neste estudo de 22 e 16
frutos por planta. Em trabalho realizado na cidade de Passo Fundo, em 2011 foi
encontrado 23 frutos por planta para ‘Portola’ e 14 para ‘Monterey’ em cultivo utilizando
substrato (CECATTO et al., 2013). Watthier et et al. (2011) em estudo no solo obteve 38
frutos e 600,1 g.planta-1para ‘Portola’. Radin et al. (2011) trabalhando com as cultivares
Aromas, Tudla, Camarosa e Oso Grande, em sistema de cultivo fora do solo (com
substrato), obteve o uma média, de 15,6 a 20 frutos por planta no estado do Rio
Grande do Sul, em Eldorado do Sul e Caxias do Sul, respectivamente.
Em relação à produtividade e produção, observou-se efeito isolado dos fatores
densidade e cultivar (Tabela 4). A densidade de 23,5 plantas/m2 proporcionou a maior
produtividade, enquanto as densidades de 18,8 e 14,1 plantas/m2 tiveram resultados
intermediários e 16,4 plantas/m2 apresentaram a menor produtividade (Tabela 4).
Na Tabela 4, se observa que a maior produção foi verificada na densidade de
14,1 plantas/m2 (menor densidade) seguida de 16,7 e, induzindo as menores
produções, as densidades de 18,8 e 23,5 plantas/m2. Houve ainda diferenças entre
cultivares para as variáveis, produtividade e produção (Tabela 4). Para ambas as
variáveis, a cultivar ‘Portola’ foi significativamente superior às demais. Em trabalho
realizado também na cidade de Pelotas, com as mesmas cultivares cultivadas no solo,
‘Portola’ também foi observada por Carvalho et al.,(2011), sendo mais produtiva que
‘Monterey, ‘San Andreas”, e ‘Albion’, demonstrando assim uma boa adaptação da
cultivar ao sistema estudado.
A cv. Albion foi a que apresentou menor número de inflorescências (Tabela3), e
por consequência um menor número de frutos por área junto com a cv. Monterey
(Tabela 4). Pagot e Hoffman (2011) obtiveram uma menor produção na cultivar ‘Albion’
em relação às demais, com uma média de 420,58g, valor esse superior ao encontrado
neste estudo. Em trabalhos em cultivo sem solo trabalhando com a cultivar de dia curto
‘Camino Real’, Portela et al., (2012) encontrou uma produtividade média de 279,0 g
planta -1.
44
A baixa produtividade geral do experimento pode estar relacionada à falta de
adaptação das cultivares às condições de cultivo hidropônico, bem como também
fatores ambientais, como fortes ventos que ocorreram pós plantio das mudas que pode
ter influenciado de forma negativa na produtividade, por ter causado desidratação nas
mesmas. Outro fator que pode ter afetado a produtividade foi a falta de polinizadores.
Ambientes de estresse como altas temperaturas, déficit hídrico e baixa radiação solar
ou
polinização
deficientes
são
fatores
determinantes
na
abscisão
floral
e
consequentemente na redução do número de frutos (WANG; CAMP, 2000).
Fator também importante que pode interferir para o desenvolvimento e produção
das plantas é a capacidade de retenção de água. Esta pode variar de acordo com o
substrato que é utilizado, implicando variações na disponibilidade de água ás plantas,
entre as fertirrigações diárias. Essas variações podem ser ainda maiores nas sacolas,
onde a fertirrigação é feita através de um único gotejador. Marouelli et al. (2005), em
trabalhos com tomate observou uma distribuição desuniforme da solução nutritiva no
interior dos substratos utilizados dentro das sacolas. Essas restrições hídricas que
podem ocorrer afetam negativamente o crescimento inicial da planta, atrasando a
frutificação, explicando uma baixa produção.
45
Tabela 4. Aspectos produtivos de diferentes cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) cultivadas em sistema semi-hidropônico na safra de 2013. Embrapa
Clima Temperado, Pelotas –RS.
N° Frutos
N° Frutos
Produtivida Produção
Espaçamento
(fruto m-2)
(fruto pl-1)
de (gm-2)
(g pl-1)
2
ns
20x20 (23,5 plantas/m )
316,38
16,65b
3874,35a
164,86b
25x20 (18,8 plantas/m2)
257,17
12,85b
3010,99ab
160,15b
30x20 (16,4 plantas/m2)
232,29
13,93b
2961,72b
180,59ab
35x20 (14,1 plantas/m2)
270,42
18,93a
3266,44ab
231,66a
Albion
212,73bc
11,44bc
3183,34b
171,84b
Aromas
266,78b
14,63b
3068,92b
168,49b
Monterey
178,05c
9,61c
2170,77b
117,85b
Portola
418,71a
22,69a
5221,13a
279,08a
C.V. (%)
33,97
35,10
31,55
32,35
Cultivar
*letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukeyao nível de 5% de
probabilidade de erro; ns não diferem estatisticamente.
A análise de regressão (Figura 3) revela claramente o comportamento descrito
anteriormente, ou seja, quanto maior a densidade, menor a produção por planta. Os
dados encontrados na literatura indicam que o aumento da densidade de plantio
geralmente, reduz a expansão foliar, diminuindo a produção de matéria seca total da
planta e das frutas, reduzindo o número de frutas colhidas e a produtividade individual
das plantas, principalmente em cultivares de morangueiro de alto vigor e crescimento
vegetativo avantajado (STRASSBURGER et al., 2010).
46
4100
250
3900
225
Produção (g/planta)
Produtividade (g/m2)
3700
200
3500
3300
175
3100
150
2900
2700
y = 25,967x2 - 910,42x + 10932
R² = 0,99*
2500
125 y = -5,5115x + 289,04
R² = 0,61*
100
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Densidade de plantas (plantas/m2)
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Densidade de plantas (plantas/m2)
Figura 3. Produtividade (g/m2) e produção (g.planta-1) em resposta as diferentes
densidade de plantio, safra 2013. ns, *, **, ***, não significativo e significativo a P < 0,05, P < 0,01 e
P < 0,001, respectivamente. Pelotas, RS, 2015.
Todas as cultivares estudadas foram plantadas na primeira quinzena de junho de
2013. A distribuição da produção foi alterada pelas diferentes densidades para as
cultivares estudadas. Cada cultivar apresentou um comportamento característico
(Figura 4). Abaixo se descreve o distinto comportamento das cultivares ao longo dos
meses de avaliação diante das diferentes densidades de plantio empregadas
A cultivar Aromas iniciou sua produção na maior densidade de plantio 23,5
plantas/m², no mês de Setembro, não sendo essa produção significativa diante das
demais densidades de plantio. A cultivar no mês de Outubro produziu superior a 60 %
de sua produção total, não diferindo nas densidades. A mesma diminuiu sua produção
ao longo dos demais meses estudados. Esses resultados demonstram que a cultivar
tem seu pico de produção nesse mês. No mês de novembro e dezembro observou-se
uma queda na produção comparada a outubro, sendo que em novembro não se
observou diferenças entre as densidades e em dezembro a densidade de 16,4
plantas/m² produziu mais. No mês de Janeiro não se observou diferenças significativas
entre as densidades. Martins (2010) evidenciou para a maioria das cultivares avaliadas
que o pico de produção encontra-se entre outubro e novembro. Esse período de 60 dias
é importante para os produtores, pois apesar de não ser o período onde se consegue
47
maiores preços, são os meses onde se tem maior acúmulo de produção. Antunes et al.
(2010) evidenciaram comportamento semelhante nas cultivares avaliadas, constatando
que houve aumento da produção de frutos nos meses de outubro e novembro em
relação ao total de produção. Em estudo realizado por Carvalho (2013) realizado no
solo com as mesmas cultivares na safra 2011/2012, as mesmas tiveram seu pico de
produção no mês de novembro. Diante dos resultados encontrados, notamos uma
antecipação na colheita, de um mês, fator esse que é muito importante para o produtor
que consegue um preço melhor no mercado.
A cultivar Albion teve uma maior produção nos meses de outubro e novembro
reduzindo ao longo dos meses, sendo que a densidade de 14,1 plantas produziu mais
no mês de novembro que as demais densidades, e nos outros meses não se
diferenciou das maiores densidades.
Monterey teve sua produção concentrada nos meses de outubro,novembro e
dezembro, e a densidade de 14,1 plantas/m² não diferiu da densidade de 18,8
plantas/m².
Portola teve seu pico de produção em outubro, sendo a densidade de 16,4
plantas/m² a que mais produziu nesse mês, e não diferiu das maiores densidades nos
outros meses.
Diante dos resultados, para o produtor que possui mão-de-obra e quer obter um
melhor preço de mercado, a cultivar Aromas possui seu pico de produção em outubro,
onde se consegue melhores preços, e pode ser utilizada na densidade de 14,1
plantas/m² sem perder em produtividade.
Monterey teve uma produção distribuída em todos os meses estudados, sendo
interessante ao produtor que não possui mão de obra, e quer uma rentabilidade
distribuída ao longo dos meses.
As cultivares Albion e Portola, não diferiram em termos de produção nas
densidades de plantio, podendo-se utilizar a menor densidade, tendo um menor gasto
em mudas.
O conhecimento sobre o comportamento e características das cultivares é
importante para a gestão do produtor no escalonamento de sua produção.
Novembro
Dezembro
cA
bcA
bcA
cA
20
bcC
bBC
aA
bAB
40
Aromas
bA
bcA
bA
cA
aA
aA
60
cA
cA
cA
cA
Produção (%)
80
aB
aAB
48
0
20x25 (18,8 plantas/m2)
-10
Setembro
20x20 (23,5 plantas/m2)
Outubro
aA
aA
aA
aA
50
10
dA
cA
bA
cA
30
-10
Setembro
20x20 (23,5 plantas/m2)
Outubro
cA
cdA
cdA
cdA
20x35 (14,1 plantas/m2)
Monterey
Novembro
Dezembro
20x25 (18,8 plantas/m2)
70
20x30 (16,4 plantas/m2)
Janeiro
20x30 (16,4 plantas/m2)
Portola
Novembro
Dezembro
20x25 (18,8 plantas/m2)
20x30 (16,4 plantas/m2)
aAB
bAB
aA
bcB
10
Dezembro
aA
abA
aA
aA
aAB
aA
aB
aA
30
bA
cA
bA
cA
Produção (%)
70
50
Novembro
Janeiro
20x35 (14,1 plantas/m2)
cdA
bcA
bA
bcA
Outubro
abA
aA
aA
aA
Setembro
aA
abA
aA
abA
-10
bcA
abA
aA
abA
10
Janeiro
20x35 (14,1 plantas/m2)
Albion
30
20x20 (23,5 plantas/m2)
Produção (%)
20x30 (16,4 plantas/m2)
bcA
bcA
bcA
bcA
aA
aA
aA
aA
50
cA
dA
dA
dA
Produção (%)
70
Outubro
20x25 (18,8 plantas/m2)
bA
bA
bA
abA
Setembro
20x20 (23,5 plantas/m2)
Janeiro
20x35 (14,1 plantas/m2)
Figura 4.Influência da densidade de plantio sobre a distribuição mensal da produção
das diferentes cultivares de morangueiro na safra de 2013. Embrapa Clima Temperado,
Pelotas–RS.* Letras minúsculas comparam a produção percentual de cada densidade de plantio entre
os meses de estudo, enquanto que, letras maiúsculas comparam as médias das diferentes densidades
dentro de cada mês.
Quanto à produção acumulada (Figura 5), observou-se que as cultivares
‘Monterey’ e ‘Portola’ mantiveram seu percentual de produção bem distribuído durante
49
todo o período de avaliação, já ‘Aromas’ e ‘Albion’ no mês de outubro haviam produzido
o superior a 50%, de sua produção total nos meses avaliados.
O uso de cultivares que possuam um bom escalonamento da sua produção
torna-se interessante para períodos que a oferta é reduzida. O uso de cultivares de dia
neutro pode representar uma solução para este período, pois proporcionam maior
produção durante os meses mais quentes do ano. A insensibilidade das cultivares de
dia neutro aos estímulos do fotoperíodo e temperatura retardam o aparecimento de
estolões, prorrogando o ciclo reprodutivo da planta (STRASSBURGER et al., 2010).
100
aA
aA
aB
bB
Produção acumulada (%)
90
80
aA
aA
aA
aA
aB
aB
70
60
aC
bC
cD
dD
50
40
30
Aromas
bC
bC
Albion
Monterey
Portola
aD
aD
aE
aE
20
10
0
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Figura 5. Produção acumulada durante os meses produtivos na safra de 2013.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas –RS.Letras minúsculas comparam a produção acumulada
dascultivares dentro em cada mês, enquanto que, letras maiúsculas comparam as produções
acumuladas da cada cultivar entre es meses.
As deficiências nutricionais geralmente observadas em morangueiro são
relacionadas aos elementos nitrogênio, potássio, magnésio, ferro e boro. Qualquer
nutriente deficiente ou a combinação da falta de vários nutrientes pode causar redução
na produtividade e qualidade, alguns mais que outros. As deficiências de
micronutrientes (Mn, B, Zn, Cu, Fe e Mo) bem como as deficiências de macronutrientes
(N, P, K, Ca, Mg e S) podem causar reduções na produtividade sem apresentar
sintomas nas folhas ou plantas.
50
Os estudos têm demonstrado que as aplicações de N e P elevam
significativamente a produtividade, Todavia, há estudos que enfatizam ser o K o
macronutriente que mais favorece o aprimoramento na qualidade do morango,
melhorando o sabor, o aroma, a coloração e a consistência, bem como os teores de
vitamina C (FILGUEIRA, 2003).
Segundo FILGUEIRA (2003), aplicações de nitrogênio e de fósforo elevam,
significativamente, a produtividade do morangueiro, inclusive em solos considerados
férteis, já o potássio é o macronutriente que mais favorece o aprimoramento na
qualidade do morango. Plantas nutridas adequadamente com K apresentam maior
tolerância ao estresse, além de favorecer o tamanho, textura e características
organolépticas do fruto (ANTUNES et al., 2013).
Estudos de adubação em espécies frutíferas ainda são muito restritos no Brasil,
no caso do morangueiro são ainda mais carentes de estudo, constituindo-se, portanto,
numa grande demanda para a pesquisa (VIGNOLO, 2011).
A análise nutricional das folhas indicou efeito significativo do fator densidade de
plantas apenas sobre o teor de Mn (Tabela 5). O teor de Mn aumentou na maior
densidade de plantas (23,5 plantas/m2), sendo que em todas as densidades de plantio
esse nutriente se apresentou acima dos limites indicados como normais para a cultura
que é de 30-300mg.kg-1 (CQFS-RS/SC, 2004).
Em relação as cultivares, essas diferenciaram-se sobre os teores de P, K, Ca,
Mg, Mn e Cu (Tabela 5). Quanto ao Fósforo (P) as cv. Aromas e Monterey
apresentaram maior quantidade desse nutriente em seus tecidos em relação às demais,
estando todas as cultivares com quantidade do nutriente acima do normal para a cultura
que é de 0,20-0,40 g.kg-1(CQFS-RS/SC, 2004). Segundo García (1993), o fósforo
estimula o desenvolvimento radicular e a floração. A sua deficiência promove a
diminuição do número de pedúnculos florais, atrasa a maturação dos frutos, além de
apresentarem-se pequenos, ácidos, de textura pouco firme e com aroma desagradável.
O seu excesso pode causar redução na absorção de outros nutrientes, como Fe e Zn.
As taxas suficientes de P em plantas de morangueiro são em torno de 0,2 a 0,4%
(MILLS; BENTON-JONES, 1996).
51
Em relação ao potássio (K) as cultivares apresentaram diferenças significativas,
sendo as que apresentaram maior quantidade do nutriente respectivamente foram a cv.
Aromas, Albion, Monterey e Portola, estando todas dentro da faixa normal para a
cultura (CQFS-RS/SC, 2004). De acordo com Rodas (2008), avaliando deficiências
nutricionais em morangueiro, observaram que as plantas cultivadas em solução nutritiva
sob omissão de potássio não apresentam queda significativa na produção de massa
fresca da parte aérea, quando comparadas a plantas do tratamento completo. As taxas
adequadas de K em plantas de morangueiro variam entre 1,4 a 2,5% (MILLS; BENTONJONES, 1996).
Para o cálcio (Ca), a cultivar Monterey apresentou maior quantidade do nutriente,
diferindo das demais. Todas as cultivares apresentaram valores indicados normais para
a cultura, estando dentro dos limites entre 1,00- 2,50 g.kg-1(CQFS-RS/SC, 2004)
(Tabela 5). O cálcio é um nutriente consumido em quantidades muito variadas, em
diferentes culturas (RAIJ, 1991).
Para Magnésio (Mg) e Cobre (Cu) ‘Portola’ apresentou maior quantidade que as
demais, sendo que todas as cultivares apresentaram valores abaixo do normal para a
cultura que é de 0,60-1,00 g.kg-1 e 5-20 mg.kg-1 (CQFS-RS/SC, 2004) respectivamente
(Tabela 5).
Albion e Aromas diferenciaram-se das demais apresentando resultados
superiores de Manganês que as demais. Quanto a esse nutriente todas as cultivares
apresentaram valores superiores ao indicado que é de 30-300 mg.kg-1(CQFS-RS/SC,
2004). O Manganês é ativador de diversas enzimas e participa de sínteses diversas
(carboidratos, gorduras, proteínas, produtos secundários), entre outros processos, tais
como, absorção iônica, fotossíntese, respiração, controle hormonal e resistência a
doenças (MALAVOLTA, 2006). As principais funções do cobre nas plantas são a
enzimática e a estrutural. O cobre participa de vários processos vitais à planta, como
fotossíntese, respiração, regulação hormonal, fixação de nitrogênio (efeito indireto) e
metabolismo de compostos secundários. Os papéis principais do cobre no processo de
formação da colheita são o crescimento e produção, resistência a doenças, estrutura do
grão de pólen e maturação uniforme (MALAVOLTA, 2006).
52
Tabela 5. Análise nutricional das folhas de diferentes cultivares de morangueiro
(Fragaria x ananassa Duch.) cultivadas em sistema semi-hidropônico na safra de 2013.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas –RS.
Espaçamento/
Cultivar
2
20x20(23,5 plantas/m )
2
25x20(18,8 plantas/m )
2
30x20(16,4 plantas/m )
N
P
ns
1,94
1,99
2,10
2
35x20(14,1plantas/m ) 1,99
ns
Albion
1,99
Aromas
2,02
Monterey
1,98
Portola
2,04
C.V. (%)
11,13
1,08
1,07
1,20
K
ns
1,21
1,05b
1,30a
1,31a
0,90b
20,51
Ca
ns
2,84
3,01
3,04
3,02
3,03b
3,30a
2,92bc
2,67c
8,95
Mg
ns
1,36
1,42
1,42
1,31
1,40ab
1,27b
1,56a
1,29b
19,11
0,42
0,46
0,43
Fe
ns
106,06
110,81
103,37
Mn
ns
Zn
Cu
ns
526,1a 32,62 4,31
399,95b 35,77 4,22
446,62ab 32,25 4,31
ns
0,46
109,31
ns
0,43ab 113,6
0,41b 101,6
454,10ab 32,87 4,58
ns
519,16a 32,72 4,41ab
509,18a 30,5
4b
0,45ab 103,83
0,48a 111,06
11,77 25,35
397,81b 37,14 4,29ab
400,70b 33,14 4,72a
23,27
24,24 11,50
Em relação à análise de lucratividade simulada, verificou-se que as cultivares
Aromas, Albion e Monterey não proporcionaram lucro ao produtor, ao contrário,
causaram prejuízo (Tabelas 6, 7 e 8). Para ‘Aromas’, a densidade de plantio que
proporcionou menor déficit financeiro foi de 16,4 plantas/m2, enquanto que a densidade
de 23,5 plantas/m2 causou o maior déficit (Tabelas 6). Analisando o desempenho de
‘Albion’, verifica-se que o menor e o maior déficit financeiro, foram obtidos nas
densidades de 14,1 e 23,5 plantas/m2, respectivamente (Tabelas 7). Já ‘Monterey’,
também teve o menor prejuízo na densidade de 14,1 plantas/m2, mas o maior foi
verificado com 18,8 plantas/m2 (Tabelas 8).
Por outro lado, a cultivar Portola mostrou-se lucrativa para o produtor em todas
as densidades estudadas (Tabelas 9). Tendo a densidade de 23,5 plantas/m2
proporcionado o maior lucro, seguido da densidade de 14,1 plantas/m2.
53
Tabela 6. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Aromas fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.
Plantas
Densidade
por
2
(plantas/m )
hectare
Incremento
da
densidade*
Produtividade
23,5
235.000
66,67%
2.935,65
29,36
8,12%
58.633,00
18,8
188.000
33,33%
2.595,34
25,95
-4,42%
-46.793,50
16,4
164.000
16,31%
3.582,38
35,82
31,93%
-1.043,03
14,1
141.000
-
2.715,28
27,15
-
2
(g/m )
Incremento da
(ton/ha) produtividade**
Lucratividade
(R$/ha)***
-19.190,10
2
* Incremento da densidade em relação à densidade de 14,1 plantas/m . ** Incremento da produtividade em relação à produtividade
obtida na densidade de 14,1 plantas/m2. *** Simulação de análise de lucratividade realizada com base em informações de um
sistema de produção de morangos fora de solo da região de Pelotas-RS, similar ao utilizado no experimento. De posse das
informações básicas necessárias para o cálculo estimado da lucratividade, variou-se no modelo gerado para a produção fora de
solo, informações de densidade e produtividade obtidas no presente experimento.
Tabela 7. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Albion fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.
Plantas
Densidade
por
2
(plantas/m )
hectare
23,5
235.000
Incremento
da
densidade*
66,67%
3.416,11
34,16
17,65
-42.219,40
18,8
188.000
33,33%
3.134,21
31,34
7,94
-28.362,39
16,4
164.000
16,31%
2.777,82
27,77
-4,34
-28.570,00
14,1
141.000
-
2.903,72
29,04
-
-12.727,24
Produtividade
2
(g/m )
Incremento da
(ton/ha) produtividade**
Lucratividade
(R$/ha)***
* Incremento da densidade em relação à densidade de 14,31plantas/m2. ** Incremento da produtividade em relação à produtividade
obtida na densidade de 14,31 plantas/m2. *** Simulação de análise de lucratividade realizada com base em informações de um
sistema de produção de morangos fora de solo da região de Pelotas-RS, similar ao utilizado no experimento. De posse das
informações básicas necessárias para o cálculo estimado da lucratividade, variou-se no modelo gerado para a produção fora de
solo, informações de densidade e produtividade obtidas no presente experimento.
54
Tabela 8. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Monterey fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.
Densidade
2
(plantas/m )
Plantas
por
hectare
Incremento
da
densidade*
23,5
235.000
66,67%
2.655,97
26,56
9,20
-68.207,60
18,8
188.000
33,33%
1.665,14
16,65
-31,54
-78.594,85
16,4
164.000
16,31%
1.595,93
15,95
-34,39
-68.988,50
14,1
141.000
-
2.432,25
24,32
Produtividade
2
(g/m )
Incremento da
(ton/ha) produtividade**
-
Lucratividade
(R$/ha)***
-28.867,28
2
* Incremento da densidade em relação à densidade de 14,1 plantas/m . ** Incremento da produtividade em relação à produtividade
obtida na densidade de 14,1 plantas/m2. *** Simulação de análise de lucratividade realizada com base em informações de um
sistema de produção de morangos fora de solo da região de Pelotas-RS, similar ao utilizado no experimento. De posse das
informações básicas necessárias para o cálculo estimado da lucratividade, variou-se no modelo gerado para a produção fora de
solo, informações de densidade e produtividade obtidas no presente experimento.
Tabela 9. Lucratividade da produção de morangueiro cultivar Portola fora de solo
levando-se em conta a relação entre o incremento da densidade de plantio e o
incremento da produtividade correspondente.
Plantas
Densidade
por
2
(plantas/m )
hectare
Incremento
da
densidade*
23,5
235.000
66,67%
18,8
188.000
16,4
14,1
Produtividade
Incremento da
produtividade**
Lucratividade
(R$/ha)***
6.489,68 64,90
29,42
62.896,03
33,33%
4.649,28 46,49
-7,28
23.443,03
164.000
16,31%
3.890,75 38,91
-22,41
9.523,22
141.000
-
5.014,52 50,14
2
(g/m )
(ton/ha)
-
59.424,21
* Incremento da densidade em relação à densidade de 14,1 plantas/m2. ** Incremento da produtividade em relação à produtividade
obtida na densidade de 14,1 plantas/m2. *** Simulação de análise de lucratividade realizada com base em informações de um
sistema de produção de morangos fora de solo da região de Pelotas-RS, similar ao utilizado no experimento. De posse das
informações básicas necessárias para o cálculo estimado da lucratividade, variou-se no modelo gerado para a produção fora de
solo, informações de densidade e produtividade obtidas no presente experimento.
55
CONCLUSÃO
Considerando as condições de cultivo em que se realizou a pesquisa, conclui-se
que:as diferentes densidades não influenciaram a ponto de prejudicar o crescimento
nas plantas; obteve-se uma maior produtividade na maior densidade, 23,5 plantas/m², e
uma maior produção/planta na menor, densidade de 14,1 plantas/m². Entre as
cultivares, ‘Portola’ mostrou-se a mais produtiva, e também a única cultivar que gerou
lucratividade, independente da densidade empregada, entretanto, com melhores
resultados nas densidades de 23,5 e 14,1 plantas/m2, respectivamente.
56
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59
CAPÍTULO 2
Qualidade pós-colheita de frutas de cultivares de morangueiro
produzidas fora do solo durante o armazenamento refrigerado
60
INTRODUÇÃO
O morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) é uma espécie que produz frutos
que se situam dentre os mais apreciados pelo mercado consumidor (FAN, et al., 2012).
O sabor do morango é resultado de uma mistura complexa de numerosos
compostos voláteis, açúcares e ácidos orgânicos, combinando essas características,
como a textura. Sua qualidade nutricional está intimamente correlacionada com a
presença de açúcares solúveis, ácidos orgânicos, aminoácidos e alguns metabólitos
secundários. Compostos estes que desempenham papel importante na manutenção da
qualidade das frutas e valor nutritivo (ZHANG et al., 2011).
A qualidade das frutas pode ser afetada por diversos fatores, com destaque para
as condições ambientais de cultivo. A complexa interação entre temperatura e
comprimento do dia são determinantes na qualidade de pequenas frutas em regiões
produtoras (MARO et al., 2013).
A avaliação da qualidade do morango no mercado tem se restringido a
avaliações de tamanho, coloração, firmeza, acidez, doçura e aroma, embora exista
crescente interesse nos benefícios da fruta à saúde do consumidor (SHINA et al.,
2008).
Morangos têm vida útil curta, devido à elevada perecibilidade, sendo suscetíveis
a danos mecânicos, fisiológicos, deterioração e a perda de água. A conservação póscolheita de morangos frescos é muito complexa devido à sua alta atividade metabólica,
em especial, sua alta taxa de respiração (50-100 mL de CO2 por kg por hora a 20°C).
Seu curto período de vida útil tem limitado a comercialização desse produto, e as
perdas podem atingir até 40% durante o armazenamento. Entretanto, métodos de
conservação adequados podem minimizar as perdas e estender a sua vida útil
(CANER; ADAY; DEMIR, 2008).
O armazenamento refrigerado é o método mais utilizado para preservar a
qualidade das frutas “in natura”, após a colheita. De acordo com o padrão respiratório,
as frutas são divididas em climatéricas e não climatéricas. O morango (Fragaria x
ananassa Duch.) é uma fruta não climatérica de curta vida pós-colheita. Essa fruta, em
61
sua condição de tecido vivo, sofre processos fisiológicos e físicos, como respiração e
transpiração, sofrendo mudanças constantes após a colheita, na maioria das vezes de
caráter irreversível (CANTILLANO,2003). Um dos maiores problemas enfrentados pelos
produtores são as perdas, por se tratar de um produto muito perecível, havendo maior
necessidade de utilização da refrigeração, não somente para a melhoria da qualidade
como também para a redução das perdas.
As mudanças mais notáveis ao longo do desenvolvimento do morango, em
especial do seu amadurecimento, dizem respeito à forma, tamanho, textura,
pigmentação, que coincidem com um aumento no teor de sólidos solúveis e emanação
de compostos de aroma (ZHANG et al., 2011).O alto teor de água e nutrientes, mesmo
depois da colheita até a senescência, mantém vários processos biológicos em
atividade, apresentando desta forma maior predisposição a distúrbios fisiológicos,
danos mecânicos e ocorrência de podridões (KADER, 2003).
De acordo com o exposto, o trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade
físico-química e o tempo de armazenamento pós colheita de diferentes cultivares de
morangueiro produzidas no sistema de cultivo fora do solo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em dezembro de 2014, nos Laboratório de Póscolheita do Núcleo de Alimentos da Embrapa no Centro de Pesquisa Agropecuária de
Clima Temperado, EMBRAPA/CPACT, localizado na BR 392, Km 78, em Pelotas, RS,
Brasil. Neste experimento foram utilizados morangos das cultivares Albion, Monterey e
San Andreas proveniente da “Granja Bender” (João Carlos e Maurício Bender),no
município de Morro Redondo, RS. As frutas que foram utilizadas no experimento eram
oriundas do sistema de cultivo sem solo, onde eram produzidas em bolsas plásticas que
continham substrato (casca de arroz/ terra). As frutas foram colhidas aleatoriamente em
diversas posições e orientações da planta, sendo colocadas em caixas plásticas de
colheita lavadas e desinfetadas. A colheita foi realizada quando as frutas encontravamse no estádio de maturação ‘maduro’ ou seja, com toda a superfície da epiderme de
coloração vermelha. Após realizou-se o processo de seleção, sendo descartadas frutas
62
com injúrias mecânicas, atacados por fungos e/ou insetos, ou outros defeitos, de forma
a formar lotes uniformes. Posteriormente, os morangos foram colocados em bandejas
de plástico e armazenados em câmara fria.
As avaliações iniciaram-se no momento da colheita (dia zero) e 4, 8 e 12 dias de
armazenamento a 1±0,5ºC, assim como, mais um dia à temperatura de 12°C, para
simular o período de comercialização (vida de prateleira), totalizando quatro
tratamentos (0, 4+1, 8+1 e 12+1 dia).
Foram realizadas determinações físico-químicas no armazenamento e na
comercialização simulada. As determinações realizadas foram: Sólidos solúveis totais
(SST), avaliados por refratometria, com auxilio de um refratômetro de mesa Shimadzu,
expressando-se o resultado em °Brix; Acidez total titulável (AT),obtida por titulometria
de neutralização, coma diluição de 10mL de suco puro em 90mL de água destilada e
titulação com solução de NaOH 0,1N, até que o suco atingisse pH 8,1, expressando-se
o resultado em percentual (%) de ácido cítrico;Relação (SST/AT): avaliada dividindo o
teor de sólidos solúveis totais pela acidez total titulável; pH, determinado diretamente no
suco dos frutos com o uso de um medidor de pH Quimis® modelo SC09, com correção
automática de temperatura; Perdas totais de massa (PTM) calculada a partir das
diferenças de peso observadas entre o momento da instalação do experimento (dia
zero) e a avaliação de controle de qualidade após o armazenamento eperíodo de
comercialização, sendo que os resultados foram expressos em porcentagem
(%);Firmeza de polpa (FP), foi realizada por penetração com ponteira P2, onde cada
fruto foi partido de forma transversal e realizadas a medidas velocidade de pré teste de
1,0 mm/s; teste de 2,00 mm/s; pós teste 10 mm/s utilizando o instrumento TA-TXPlus1;
Coloração, determinada em dois pontos distintos da fruta, utilizando-se o colorímetro
Minolta CR-400, com a determinação no modo CIE L* a* b*. Sendo que a coordenada
L* refere-se ao nível de luminosidade, representando quão clara ou escura é a amostra,
com valores variando de 0 (totalmente preta) a 100 (totalmente branca). Já a
coordenada a* pode assumir valores de -60 a +60, em que os extremos correspondem
ao verde e ao vermelho, respectivamente. Por fim, a coordenada b*, com a intensidade
de azul ao amarelo, pode variar de -60 (totalmente azul) a +60 (totalmente amarelo). As
medidas foram obtidas em dois pontos diametralmente opostos na zona equatorial da
63
fruta e a coloração expressa pela luminosidade (L*), que determina o brilho, pela
cromaticidade (croma), que determina a intensidade da cor, e pelo ângulo hue (°h), que
determina a tonalidade, conforme a metodologia descrita por McGuire (1992).
O delineamento experimental utilizado para as análises físico-químicas foi
inteiramente casualizado com um esquema fatorial 3 x 4, sendo três cultivares e quatro
períodos de avaliação durante o armazenamento. A unidade experimental foi composta
de sete frutas com quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de
variância (ANOVA) e logo após, comparação de médias pelo teste de Tukey
(P<0,05).As análises foram realizadas com o auxílio do programa estatístico WinStat
(MACHADO& CONCEIÇÃO, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se interação significativa entre os períodos de armazenamento e as
cultivares para as variáveis acidez titulável, sólidos solúveis, relação SS/AT, pH,
luminosidade e perda de massa dos frutos (Tabelas 1, 2, 3, 4, 6 e Figura 1).Entretanto,
houve efeito isolado para o fator cultivar na variável firmeza,e o ângulo hue não foi
influenciado pelos fatores estudados (Tabela 5).
A acidez titulável (AT) é um parâmetro que está relacionado com o estádio de
maturação dos frutos, sendo menor quanto mais madura estiverem (SOUZA et al.,
2000). As cultivares ‘Albion’ e ‘Monterey’ diferiram seus valores de AT em função do
tempo de armazenamento (Tabela 1). A cultivar ‘Albion’ decresceu inicialmente (aos 4e
8 dias) e aumentou aos 12 dias de armazenamento.Já ‘Monterey, demonstrou
comportamento esperado diminuindo a AT em função do tempo de armazenamento,
iniciou com valor de 0,52%, diminuindo esse valor para 0,47% no último dia de
armazenamento. ‘San Andreas’ não apresentou diferenças na AT em função do tempo
de armazenamento. Antunes et al. (2003) verificaram para amora-preta cv. Comanche
que a acidez titulável decresceu inicialmente e a partir do nono dia de avaliação
aumentou, atingindo seu máximo aos 12 dias de armazenamento, podendo-se inferir
que o tempo de armazenamento do presente experimento pode não ter sido o suficiente
para ocorrer o declínio desta variável. Comportamentos semelhantes também são
64
descritos na literatura por Perkins-Veazie et al. (1999) com diferentes cultivares de
amora-preta, por Gonçalves et al. (2000) trabalhando com pêra ‘Nijisseiki’ e Scalon et
al. (1996) em morango cv. Sequoia, sob refrigeração e em atmosfera modificada. Por
outro lado, Holcroft e Kader (1999) trabalhando com morangos cv. Selva e Brackmann
et al. (2011), em estudo com clones de morangueiro, observaram a tendência
esperada, ou seja, menores valores de AT após armazenamento. Normalmente a AT
diminui com a maturação da fruta (FACHINELLO; NACHTIGAL,1996), devido ao
metabolismo respiratório, que continua ocorrendo após a colheita (CHITARRA;
CHITARRA, 1990).
Carvalho (2013) encontrou valores de AT de 0,86%, 0,79% e 0,95%em
morangos das cultivares ‘Albion’, ‘Monterey’ e San Andreas’, respectivamente,
cultivadas no solo. Os valores de AT encontrados no presente estudo entre 0,47% e
0,55% encontram-se abaixo dos observados por Campos, Kwiatkowski e Clemente
(2011) que foi de 1,03%.
Tabela 1. Acidez titulável (% ac. cítrico) para cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) após diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2014.
Período de
armazenamento
(dias)
0
Albion
Monterey
San Andreas
0,54aA*
0,52aA
0,54aA
4+1
0,50bA
0,50abA
0,51aA
8+1
0,50bB
0,52aAB
0,54aA
12+1
0,55aA
0,47bB
0,51aB
C.V. (%)
3,65
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
O teor de sólidos solúveis (SS) é um indicativo da quantidade de açucares que
existe em frutas, considerando que outros compostos, como os ácidos, as vitaminas,
minerais estão também presentes em menores quantidades (KLUGE et al.,
65
2002).Durante o armazenamento, há a tendência de aumento de sólidos solúveis,
decorrente da transformação das reservas acumuladas durante a formação e o
desenvolvimento desses sólidos em açúcares solúveis (JERONIMO; KANESIRO,
2000).
Neste experimento, o teor de sólidos solúveis não foi influenciado pelo tempo de
armazenamento, exceto para ‘San Andreas’, que teve uma diminuição de SS em função
do tempo de armazenamento (Tabela 2). Brackmann et al. (2001) e Cunha Junior et al.
(2012) também observaram que o tempo de armazenamento não afetou este parâmetro
de qualidade para morango cv. Oso Grande, enquanto que Pelayo et al. (2003) relatam
indícios na redução dos teores de sólidos solúveis ao longo do armazenamento para
morangos cv. Selva.Lima (2013) também observou redução no teor SS de Physalis
durante o armazenamento dos frutos. Quase todas as frutas do presente estudo
apresentaram valores que atendem a faixa de índice refratométrico entre 7 e 10°
brix,indicada para morangos.
Tabela 2. Teor de sólidos solúveis SS (º Brix) de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2014.
SÓLIDOS SOLÚVEIS
Período de
armazenamento (dias)
0
4+1
8+1
12+1
CV (%)
Albion
Monterey
San
Andreas
7,1aA*
6,9aA
7,0 aA
7,3aA
7,0aA
6,9aA
6,7aA
7,1aA
7,1aA
6,9abA
6,8abA
6,5bB
3,05
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
A relação sólidos solúveis/ acidez (SS/AT) propicia a avaliação do sabor dos
frutos, sendo mais representativa do que a medição isolada de açúcares (SS) e de
acidez (AT) (PINTO et al., 2003). A relação entre sólidos solúveis e acidez é usada
como indicador de palatabilidade de frutas. Segundo Viégas (1991), a faixa da relação
entre SS/AT pode variar entre 6 e 20, send
66
o o intervalo de 15 a 18 o preferido pelos consumidores e a indústria
normalmente inicia o processamento com valor entre 12 e 13. Nesse estudo as
cultivares apresentaram valores entre 12 e 14 (Tabela 3).
Para as cultivares Albion e San Andreas, não houve alteração da relação SS/AT
durante o período de armazenamento (Tabela 3). Por outro lado, ‘Monterey’ apresentou
um aumento desta relação com12 dias de armazenamento a frio e 1 a temperatura de
12°C. Carvalho (2011) estudando as cultivares Camino Real e Portola observou
diferença estatística significativa, diminuindo a relação SS/AT aos 4 dias, e levemente
aos 8 dias.
Já entre as cultivares, foram verificadas diferenças apenas aos 8 e 12 dias de
armazenamento (Tabela 3). Aos 8 dias, ‘Albion’ apresentou a maior relação SS/AT,
seguido de ‘Monterey’ e ‘San Andreas’, respectivamente. Entretanto, aos 12 dias,
‘Monterey’ foi significativamente superior às demais.
Tabela 3. Relação entre sólidos solúveis e acidez titulável (SS/AT) de cultivares de
morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento.
Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2014.
Período de
armazenamento (dias)
0
Albion
Monterey
San Andreas
13,05aA*
13,42bA
12,98aA
4+1
13,85aA
13,77abA
13,51aA
8+1
13,92aA
12,96bAB
12,47aB
12+1
13,24aB
14,99aA
12,70 aB
C.V. (%)
4,76
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
Com relação ao pH dos frutos, as três cultivares sofreram efeito do período de
armazenamento (Tabela 4). A cultivar Albion aos 4 dias aumentou seu pH em relação a
caracterização inicial, reduzindo significativamente aos 12 dias de armazenamento. Já
‘Monterey’ diminuiu em relação a caracterização inicial,não diferenciando entre os dias
de armazenamento.Por sua vez, ‘San Andreas’ teve comportamento similar a ‘Albion’,
ou seja, aumentou o pH aos 4 dias e diminuindo aos 8 e 12 dias de armazenamento.
67
Braga (2012) estudando o efeito de óleos essenciais no controle de Botrytis cinerea no
armazenamento e nas características físico-químicas de morangos armazenados por
um período de 8 dias, não observou variações significativas no pH dos pseudofrutos,
durante o armazenamento. Cecatto et al. (2013) em trabalho com
frutos de
morangueiro das mesmas cultivares encontrou uma média de 2,83 para o pH, valor
bem inferior ao deste estudo.Calvete et al. (2010) para cv. Camarosa quando cultivadas
em estufa usando espécies de abelhas Apis mellifera como o polinizador, encontrou
uma média de 3,5 de pH, valor semelhante ao deste estudo.Cekic e Yilmaz (2011)
avaliando as cvs. Camarosa e Maraline em cultivo sem solo inoculados com 2 fungos
micorrízicos arbusculares e 3 doses de fósforo, obtiveram um pH médio de 3,87 e 3,9
respectivamente.De acordo com Figueiredo et al. (2010) a redução do pH não é devido
a um aumento no teor de ácido cítrico, mas provavelmente a elevação dos outros
ácidos que reduzem o pH e aumentam a acidez da polpa.
Tabela 4. Potencial hidrogenionico (pH) de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa Clima
Temperado, Pelotas, RS, 2013.
Período de
armazenamento (dias)
0
4+1
8+1
12+1
CV (%)
Albion
Monterey
San Andreas
3,41bB*
3,51aA
3,46abAB
3,42bB
3,68aA
3,51bA
3,51bA
3,44bA
3,39bB
3,55aA
3,43bB
3,37bB
1,09
*Letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste
de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
No presente estudo os valores de firmeza dos frutos não sofreram alterações em
relação aos períodos de armazenamento, diferenciando-se apenas para as cultivares
(Tabela 5). As cultivares Montereye e ‘San Andreas’ apresentaram maior firmeza que
‘Albion’. Dependendo da finalidade para que vá se utilizar a fruta, essa é uma
característica importante, pois está relacionada com a durabilidade da fruta. Se a
finalidade dessa fruta for o consumo in natura, o ideal é que o mesmo tenha uma boa
firmeza, não tendo necessidade do mesmo se este for para utilização na indústria.A
queda da firmeza representa o amaciamento da fruta. Logo, a manutenção da firmeza
68
da polpa dos morangos é importante para o prolongamento de sua vida pós-colheita
(CALEGARO; PEZZI; BENDER, 2002). A natural perda da firmeza nos pseudofrutos
pode estar relacionada com a solubilização das pectinas, uma vez que o processo de
solubilização das substâncias pécticas contribui para o amaciamento dos tecidos das
frutas em decorrência da redução da força de coesão entre as células (CHITARRA;
CHITARRA, 2005).
O matiz, expresso com ângulo Hue não foi influenciado pelo período de
armazenamento ou pelas cultivares (Tabela 5). A manutenção da cor dos morangos
durante o armazenamento é um atributo de qualidade desejado, pois o escurecimento
dos frutos compromete seu aspecto visual e, portanto, sua aceitação pelo consumidor
(CALEGARO et al., 2002).
Tabela 5.Valores médios de firmeza (N) e matiz (ângulo Hue) de diferentes cultivares
de morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,
2013.
Cultivar
Albion
Monterey
San Andreas
CV (%)
Firmeza
0,55b
0,76a
0,70a
14,22
°Hue
28,54ns
30,45
30,29
13,88
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
Para a variável luminosidade (L), a qual indica a quantidade de preto (0) ou de
branco (100) existente na amostra, as cultivares ‘Monterey e ‘San Andreas’ foram
superiores a ‘Albion’, e não alteraram sua coloração em função do tempo de
armazenamento (Tabela 6). Albion além de apresentar-se mais escura, também foi a
única que aumentou a luminosidade (L) em função do tempo de armazenamento, ou
seja, houve o clareamento da amostra. Esses resultados demonstram que as cultivares
mantiveram características de frutos recém colhidos, sendo uma característica
desejável para se manter a boa aparência visual das frutas.
Pelayo et al. (2003), em estudo com morangos ‘Diamante’ e ‘Selva’ não
observaram diferenças na luminosidade e cromaticidade ao longo do armazenamento
69
refrigerado (5ºC). Carvalho (2011) trabalhando com diversas cultivares de morangueiro
não observou alteração de luminosidade em função do tempo de armazenamento,
exceto para a ‘Camarosa’, a qual baixou seu valor de luminosidade, ocorrendo o
escurecimento da amostra.
Segundo Souza et al. (2000), a refrigeração associada ao uso de filme de PVC,
possibilita o aumento na vida de prateleira dos frutos, conservando suas características
químicas e físicas. A atmosfera modificada proporcionada por filmes plásticos reduz o
crescimento fungico, e também proporciona melhor coloração após o armazenamento.
Tabela 6. Luminosidade da epiderme (L) de cultivares de morangueiro (Fragaria x
ananassa Duch.) em diferentes períodos de armazenamento. Embrapa
ClimaTemperado, Pelotas, RS, 2014.
Período de
armazenamento (dias)
0
4+1
8+1
12+1
CV (%)
Albion
Monterey
San Andreas
27,88bB
34,17abA
35,69aA
35,44aA
39,72aA
35,78aA
35,48aA
34,39aA
37,43aA
36,07aA
36,08aA
36,20aA
9,36
*letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha diferem entre si pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
As cultivares Monterey e Albion não apresentaram perda de massa significativa
após os diferentes períodos de armazenamento refrigerado e após o período á
temperatura de comercialização (Figura 1). No entanto, ‘San Andreas’ apresentou uma
maior perda de massa, cerca de 10%, durante as 24 horas em que permaneceu à
temperatura ambiente após 8 dias de armazenamento. A perda de massa está
relacionada à perda de água em forma de vapor d’água, que é uma das principais
causas de deterioração, resultando não apenas em perdas quantitativas mas também
na aparência, nas qualidades texturais e na qualidade nutricional (KADER, 2002).De
acordo com García et al. (1998), os morangos perdem o valor comercial quando a
perda de massa é superior a 6%. A redução na massa dos morangos foi inferior a 10%
ao longo do armazenamento em todas as cultivares, exceto na ‘San Andreas’ que
obteve 10% de perda de massa, demonstrando a eficiência da refrigeração a 1±0,5ºC e
70
UR 90-95%, já observada por Chitarra e Chitarra (2005). Cunha Junior et al. (2012)
verificaram perda de massa abaixo de 1,5%, enquanto que Pineli et al. (2008)
verificaram que após oito dias de armazenamento, as perdas de massa ficaram em
torno de 5% para armazenamento a 5ºC e 8% para 15ºC, com as cultivares Oso
Grande e Camino Real.
As cultivares e as condições do armazenamento no período avaliado mantiveram
a qualidade organoléptica das frutas. Segundo Malgarim et al. (2006) a qualidade é o
produto de um conjunto de características que devem ser preservadas durante o
armazenamento, sendo necessária a definição de um período seguro para esta fase.
Durante o intervalo de armazenamento avaliado neste trabalho, não foi verificada
a ocorrência de podridões ou odor alcoólico que prejudicasse a qualidade e integridade
dos morangos.
71
Monterey
12
4 dias
8 dias
12 dias
10
8
6
4
2
0
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
San Andreas
12
4 dias
10
8 dias
8
12 dias
aA
6
4
2
aA
aA
aB
bA
bA
aB
0
Figura 1. Porcentagem de perda de massa de morangos (Fragaria x ananassaDuch.)
ao longo do armazenamento refrigerado. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS,
2014.*Letras minúsculas comparam a massa média Inicial (dia zero), na Pós-câmara e na Comercialização (24
horas à 12°C) de cada período de resfriamento (4, 8 ou 12 dias), enquanto que as letras maiúsculas comparam a
massa média Inicial (dia zero), na Pós-câmara e na Comercialização (24 horas à 12°C) entre os diferentes períodos
de resfriamento (4, 8 ou 12 dias), pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.
72
CONCLUSÃO
As frutas das cultivares estudadas produzidas fora do solo demonstraram que o
armazenamento a 1±0,5ºC, assim como, mais um dia à temperatura de 12°C, com
frutos embalados em filme de PVC propicia às frutas a manutenção da qualidade, pois
não há perdas significativas de massa nem presença de sintomas de doenças ou odor
desagradável para nenhuma cultivar. Embora todas as cultivares tenham apresentado
alguma alteração significativa nos parâmetros de qualidade estudados, nenhuma
alteração chegou a prejudicar o fruto a ponto de não poder ser comercializado.
73
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre as cultivares testadas todas demonstraram ter um bom potencial para
serem utilizadas no sistema de cultivo fora do solo, sendo a que se apresentou lucrativa
nas condições do experimento foi a ‘Portola’.
Os frutos das cultivares produzidas fora do solo demonstraram uma qualidade
satisfatória nas suas características químicas e físicas, assim quando como submetidas
ao armazenamento refrigerado.
Existe a necessidade de desenvolver novos estudos, testando diferentes cultivares
no sistema de cultivo fora do solo, a fim de ver os genótipos que mais se adaptam ao
sistema, bem como o melhor manejo dentro do sistema.
Uma questão muito relevante dentro do sistema de cultivo sem solo é a solução
nutritiva, sendo necessários estudos referentes à sua composição, bem como a
manutenção da mesma.
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