EDITORIAL Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da Uni

Propaganda
EDITORIAL
O
217
Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da Universidade Católica de Goiás (UCG) lança mais um volume
da revista Habitus que, desde 2003, vem se consolidando
como um fórum de idéias e de reflexões sobre temas pertinentes aos campos da Arqueologia e da Antropologia, numa
perspectiva que sublinha a interdisciplinaridade como caminho fértil para o estabelecimento de diálogo com outros
domínios do saber.
Este diálogo se realiza com a reunião de artigos, resultantes de estudos desenvolvidos, segundo distintas abordagens teórico-metodológicas, e com a apresentação de
pesquisas e saberes que concorrem para a investigação de temas relevantes em diversas áreas do conhecimento. Esta é a
vocação da Habitus. Neste volume, ela reúne artigos escritos
por pesquisadores oriundos de diferentes comunidades acadêmicas, que têm em comum a preocupação com questões
relacionadas à Arqueologia e à Antropologia.
O volume se abre com o artigo Why Archaeology
Must Be a Science, da arqueóloga norte-americana K. Anne
Pyburn. Ela nos brinda com uma instigante discussão sobre
as dicotômicas relações entre a religião e a ciência, considerando os nativos americanos e os arqueólogos como agentes
implicados nestas relações. Seguem este artigo quatro estudos realizados por arqueólogos, antropólogos, historiadores
, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 217-219, jul./dez. 2005.
MARCIA BEZERRA*
, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 217-219, jul./dez. 2005.
e geólogos que sublinham de maneira significativa os benefícios do diálogo entre outras áreas do conhecimento com a
Arqueologia. O primeiro deles, Marcadores de Estresse Mecânico-Postural em Populações Sambaquieiras do Estado do
Rio de Janeiro, escrito pelas antropólogas biológicas Claudia
Rodrigues-Carvalho e Sheila Mendonça de Souza, trata do
impacto de hábitos mecânico-posturais observados em restos
esqueletais de populações pré-históricas do Rio de Janeiro.
O segundo, Análise Palinológica: Fundamentos e Perspectivas da Pesquisa Arqueológica, dos geólogos Matheus de Souza Lima-Ribeiro e Maira Barberi, revela a fundamental
contribuição da palinologia para os estudos da pré-história
brasileira. O terceiro, Arqueologia da Paisagem e a Potencialidade Interpretativa dos Espaços Sociais, da arqueóloga
Ana Cristina Sousa, aborda a paisagem como objeto de estudo da Arqueologia, com base em perspectivas teóricas que
incluem, entre outras, a Geografia Cultural para o entendimento da dinâmica dos espaços sociais. O quarto artigo,
O Patrimônio Histórico Edificado como um Artefato Arqueológico: uma Fonte Alternativa de Informações, do historiador Tiziano Chiarotti, ao considerar um edifício histórico
como um artefato arqueológico, pretende apontar um caminho para a compreensão do patrimônio histórico.
O segundo grupo de artigos, cujas temáticas se voltam particularmente para a Antropologia, tem início com
Da Ciência Biológica à Social: a Trajetória da Antropologia
no Século XX, de Roque Laraia, que apresenta um amplo
panorama da trajetória da Antropologia no século XX, considerando a sua constituição como ciência social. Em O Indígena e a Construção da Idéia de Brasil: Reflexões sobre
Patrimônio, Identidade e Cidadania, Jorge Najjar, educador, discute as idéias que envolvem a formação da identidade brasileira, com base na análise da ação do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e as
relações entre o patrimônio, a identidade e a cidadania.
Por fim, uma discussão sobre o Turismo Cultural,
da bióloga e gestora de turismo, Eliane Lopes Brenner, que
218
219
* Doutora em Arqueologia pela Universidade de São Paulo e Professoravisitante do Mestrado Profissional em Gestão do Patrimônio Cultural
do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da Universidade
Católica de Goiás.
, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 217-219, jul./dez. 2005.
toca em muitos pontos apresentados por alguns dos autores
do volume. O artigo Uma Contribuição Teórica para o Turismo Cultural enfatiza a relação entre o turismo cultural e a
afirmação de identidades locais e o seu papel na preservação
e na apropriação dos bens patrimoniais.
A seção de resenhas segue o espírito de diálogo da
revista. Inclui a apreciação de livros que tratam de temáticas
relevantes para a Arqueologia, a Antropologia e outras áreas
do conhecimento. O arqueólogo norte-americano, Scott J.
Allen, resenha Palmares, ontem e hoje, escrito por P.P.Funari;
o antropólogo Alfredo Minetti tece suas considerações sobre
Anthropology of the Performing Arts: Artistry, Virtuosity, and
Interpretation in a Cross-cultural Perspective, de Anya Royce,
e a arqueóloga Marizia Tonelli apresenta e comenta o livro
As cidades brasileiras e o patrimônio cultural da humanidade,
editado por Fernando Silva.
Os resumos de dissertações e teses que fecham a revista mostram um breve panorama das pesquisas desenvolvidas no
âmbito do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Patrimônio
Cultural da UCG e em várias universidades brasileiras.
Este último volume de 2005 resume a natureza
interdisciplinar da Habitus, sublinha o seu papel na constituição
de um espaço privilegiado para o diálogo entre Arqueologia,
Antropologia e diversos campos do conhecimento e vai ao encontro da vocação plural do Instituto Goiano de Pré-História e
Antropologia ao longo de seus trinta anos de existência.
Download