TUBERCULOSE CADERNO INFORMATIVO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ELABORAÇÃO Daiane Marafon Extensionista - Comunicação Social Lauriane de Carvalho Souza Extensionista - Enfermagem Poliana Anelize Weisheimer Extensionista - Enfermagem REVISÃO Profª Ms Isabele Torquato Mozer FAEN/UFMT - Enfermeira Esp. Luciele Fernanda Benin Telessaúde MT - Enfermeira Ms Maria Conceição da Encarnação Villa Telessaúde MT - Enfermeira Esp. Lucia da Costa Barros Dias Área técnica de tuberculose/COVEPI/SVS/SES/MT Ms Simone Escudero Gutierrez Área técnica de tuberculose/COVEPI/SVS/SES/MT T885 Tuberculose: caderno informativo / Telessaúde Mato Grosso; Elaboração Daiane Marafon, Lauriane de Carvalho Souza, Poliana Anelize Weisheimer. – Cuiabá, 2016. 9f. : il. color. Projeto de Extensão da Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Telessaúde MT – Núcleo de Enfermagem, Núcleo Técnico Científico Telessaúde MT. 1. Tuberculose - Prevenção. 2. Telessaúde. Título: Tuberculose: caderno informativo. II. Telessaúde Mato Grosso. CDU – 616.24-002.5 Projeto de Extensão da Faculdade de Enfermagem Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT Telessaúde MT – Núcleo de Enfermagem Núcleo Técnico Científico Telessaúde MT Março/2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO O que é Tuberculose - TB? É uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um bacilo, o Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch. A tuberculose é uma doença que atinge principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos ou ainda se desenvolver ao mesmo tempo, em vários órgãos do corpo humano. A transmissão ocorre por meio de gotículas contendo bacilos de Koch lançadas no ar quando a pessoa contaminada tosse, fala ou espirra. Esses microorganismos quando inalados por pessoas sadias podem provocar a infecção. A transmissão da tuberculose ocorre apenas enquanto a pessoa permanecer eliminando os bacilos via oral/nasal, ou seja, antes do início do tratamento medicamentoso, já que ao começar a tomar os medicamentos a transmissão tende a diminuir e geralmente, após 15 dias, a quantidade de bactérias expelidas são insignificantes. No entanto, as medidas de controle devem ser implantadas até a negativação da baciloscopia (teste diagnóstico negativo para TB). COMO É A TRANSMISSÃO? GOTÍCULAS DE TOSSE OU ESPIRRO DE PESSOA INFECTADA BACILO DE KOCH TUBERCULOSE PESSOA SADIA MENINGITE TUBERCULOSA A Tuberculose pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, pois é a forma pulmonar, especialmente a bacilífera, a responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. Entretanto, há outras formas de TB que acometem o corpo humano. A imagem localizações. ao lado mostra TB GANGLIONAR TB PERICÁRDICA TB HEPÁTICA TB RENAL TB PULMONAR TB PLEURAL TB CUTÂNEA as TB ÓSSEA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Todas as pessoas que entraram em contato com o bacilo vão adoecer? Não. Na maior parte das vezes a pessoa não fica doente, porque o sistema imunológico dela impede a infecção. Às vezes, mesmo que o organismo “barre” a infecção no momento, essas bactérias ficam em estado de latência no organismo, ou seja, “guardadas” e a pessoa pode desenvolver tuberculose mais tarde, principalmente se fizer uso de álcool e drogas, apresentar algumas doenças como infecção pelo vírus HIV, diabetes, câncer e outras doenças que enfraquecem a imunidade. A idade avançada também é um fator de risco para TB. Apenas algumas pessoas vão ter a doença logo após o contato com o bacilo. ATENTE-SE PARA OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS Tosse COM ou SEM expectoração constante por mais de 3 semanas Febre baixa no fim do dia, suor noturno Falta de apetite e emagrecimento rápido 2 Falta de ar Para confirmar o diagnóstico de TB, é necessário que o profissional de saúde capacitado avalie em conjunto os seguintes fatores: Exame Clínico: a pessoa com os sintomas de TB procura o atendimento e o profissional de saúde fará o exame clínico em busca de sinais indicativos para o diagnóstico; Radiografia de Tórax: as imagens do pulmão poderão ser sugestivas de Tuberculose, mas sozinho não é suficiente para confirmar a doença; Prova tuberculínica: também conhecida como PPD, consiste na injeção de proteínas na derme (camada da pele) onde há uma reação que causa inchaço e vermelhidão, verificando se o indivíduo teve ou não contato com o bacilo alguma vez na vida. Baciloscopia: é o que confirma o diagnóstico da tuberculose. Único que não necessita de outros exames complementares para fechar diagnóstico de Tuberculose. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Ao identificar pessoas tossindo há três semanas ou mais, você, Agente Comunitário de Saúde (ACS), deve encaminhá-las à Unidade Básica de Saúde (UBS) para avaliação pelo profissional responsável conforme protocolo local e realização de exame de baciloscopia de escarro. Para a realização da baciloscopia devem ser coletadas duas amostras de escarro de cada paciente, o que aumenta as chances de se obter um resultado positivo. - Primeira amostra é coletada na UBS no momento do atendimento. - Segunda amostra é coletada na residência da pessoa, na manhã do dia seguinte, assim que a mesma acordar, sem escovar os dentes ou se alimentar para não prejudicar o resultado do exame. Essa amostra tem uma quantidade maior de bacilos que foram acumulados nas vias aéreas durante a noite. Os profissionais da UBS, especialmente os ACS, precisam orientar a população para que todas as pessoas que tiveram contato com pacientes com Tuberculose, principalmente os moradores da mesma casa, compareçam à Unidade de Saúde para realizar exames de investigação. Para evitar a transmissão da doença é necessário que o ACS: Esteja atento aos casos suspeitos de tuberculose; Realize a busca ativa, aumentando/agilizando a detecção de casos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO A busca dos casos deve ser feita principalmente entre: Portadores de tosse com ou sem produção de catarro há pelo menos três semanas ou que apresentem sintomas compatíveis com os da tuberculose; Indivíduos que convivem ou têm contato mais frequente com as pessoas com diagnóstico de tuberculose; Populações de risco (população privada de liberdade, albergues, abrigos); Portadores de doenças crônicas (diabetes mellitus, neoplasias); Pessoas com baixas defesas, como as portadoras do HIV; Pessoas que apresentam rápido emagrecimento; Usuários de drogas e moradores em situação de rua; Trabalhadores da área de saúde. A tuberculose é uma doença grave, RESPIRE FUNDO! porém curável em praticamente 100% dos A TUBERCULOSE casos tratados corretamente. No Brasil, os TEM CURA! medicamentos usados nos esquemas de tratamento são padronizados pelo Ministério da Saúde e são prescritos conforme o peso do paciente. A maior parte das pessoas será tratada pelos esquemas padronizados e receberá acompanhamento na Unidade Básica de Saúde. Os medicamentos deverão ser administrados preferencialmente em jejum, em uma única tomada, ou, em caso de intolerância digestiva, junto com uma refeição. O uso correto dos medicamentos, todos os dias e durante seis meses, garante o sucesso do tratamento. É importante lembrar que o uso incorreto ou a interrupção do tratamento sem orientação do profissional de saúde torna a bactéria resistente, dificultando a cura. ACS A medicação é muito eficaz. Após as duas primeiras semanas de uso dos antibióticos, na maioria das vezes, o doente deixa de transmitir a tuberculose. Mas atenção, ele ainda não está curado: a medicação contra a tuberculose pode curar praticamente 100% dos casos, desde que ela seja tomada corretamente e sem interrupção por seis meses. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REAÇÕES ADVERSAS AO TRATAMENTO DA TB É importante ao acompanhar ou supervisionar um tratamento para TB, conhecer os efeitos colaterais que podem acontecer, tais como, enjoos, vômitos, indisposição, urina e fezes avermelhadas. Durante as visitas, informar as pessoas sobre a possibilidade destes efeitos e, nestes casos devem procurar a UBS para uma consulta com o profissional responsável. A VACINA BCG PREVINE AS MANIFESTAÇÕES GRAVES DA DOENÇA! A BCG vem sendo utilizada há várias décadas e tem por finalidade evitar que a infecção causada pelo bacilo de Koch evolua para doença. É indicada para as crianças de 0 a 4 anos de idade, sendo obrigatória para menores de um ano. A vacina BCG somente protege contra as formas mais graves de tuberculose que acometem a criança. Tratamento Diretamente Observado da Tuberculose – TDO O TDO da tuberculose consiste na tomada diária, de segunda a sexta-feira, da medicação sob supervisão do profissional de saúde, possibilitando interação, corresponsabilidade e aprendizado de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Nos casos em que o TDO não for realizado por profissionais de saúde, não será considerado TDO para fins operacionais e de notificação. No entanto, se para o paciente a opção de três vezes por semana for necessária, deve ser exaustivamente explicado sobre a necessidade da tomada diária da medicação, incluindo os dias em que o tratamento não será observado. Para fins operacionais, ao final do tratamento, para a decisão de que o tratamento foi supervisionado, convenciona-se que, no mínimo, 24 tomadas da medicação tenham sido diretamente observadas na fase de ataque e 48 doses na fase de manutenção. É importante que o ACS acompanhe essa tomada diária, certificando-se que o paciente ingeriu completamente o medicamento. O TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DESTINA-SE A TODOS OS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE TUBERCULOSE! ACS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SEGUNDO O PROTOCOLO DE ENFERMAGEM SOBRE TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DA TUBERCULOSE NA ATENÇÃO BÁSICA, O TDO TEM COMO OBJETIVOS: Interromper a cadeia de transmissão da doença; Possibilitar a adesão, garantindo a cura; Diminuir o surgimento de bacilos multirresistentes; Melhorar a atenção ao doente por meio do acolhimento humanizado; Reduzir a taxa de abandono; Reduzir o sofrimento humano, uma vez que se trata de doença transmissível e de alto custo social; Reduzir a mortalidade; Realizar uma educação em saúde mais efetiva, de forma individualizada voltada para orientar e corresponsabilizar o indivíduo, a família e a comunidade nas ações de saúde. ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO ACS NO TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DA TUBERCULOSE: Encaminhar ou comunicar o caso suspeito à equipe; Identificar os pacientes sintomáticos respiratórios nos domicílios e na comunidade; Orientar a coleta e o encaminhamento do escarro dos sintomáticos respiratórios; Orientar e encaminhar os comunicantes à UBS para consulta, diagnóstico e tratamento, quando necessário; Supervisionar a tomada da medicação TDO, conforme planejamento da equipe; Fazer visita domiciliar de acordo com a programação da equipe; Observar os cuidados básicos de redução da transmissão do Mycobacterium tuberculosis; Realizar, imediatamente, busca ativa de faltosos e aqueles que abandonaram o tratamento; ACS Verificar a presença de cicatriz da vacina BCG no braço direito da criança. Caso não exista e não haja comprovante no cartão de vacina, encaminhar a mesma à UBS para que sejam realizados os procedimentos adequados; Realizar ações educativas junto à comunidade; Participar, com a equipe, do planejamento de ações para o controle da tuberculose na comunidade. TUBERCULOSE TEM CURA! UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. Quais os principais meios de transmissão da tuberculose? Segunda Opinião Formativa. Disponível em: http://pesquisa.bvs.br/aps/resource/pt/sof-5143 Acesso em: 11/07/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. Quais os tratamentos para tuberculose? Segunda Opinião Formativa. Disponível em: http://pesquisa.bvs.br/aps/resource/pt/sof-5510 Acesso em: 11/07/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia prático do agente comunitário de saúde. Brasília: 2009. Disponível em http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf Acesso em 15/07/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde: Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_vigilancia_saude.pdf Acesso em: 04/07/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Tratamento diretamente observado (TDO) da tuberculose na atenção básica: protocolo de enfermagem. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tratamento_diretamente_observado_tuberculose.pdf Acesso em 22/09/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de Controle da Tuberculose, 2010. Disponível em: http://www.itarget.com.br/newclients/sppt.org.br/2010/extra/download/manual_de_recomendacoes_con trole_tb_novo.pdf Acesso em: 08/07/2016. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO