UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MICHAEL JACKSON NEVES PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA EM UTI CURITIBA 2012 MICHAEL JACKSON NEVES PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA EM UTI Trabalho de Conclusão de Curso sob forma de monografia apresentado como requisito para obtenção do certificado de conclusão da Especialização em Terapia Intensiva: Uma Visão Interdisciplinar Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Prof Dra Ana Maria Dyniewicz CURITIBA 2012 TERMO DE APROVAÇÃO Michael Jackson Neves PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA EM UTI Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Especialista no Curso de Pós-graduação em Terapia Intensiva: Uma Visão Interdisciplinar da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 23 de abril de 2013 _________________________________ Terapia Intensiva: Uma Visão Interdisciplinar Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Profª Dra Ana Maria Dyniewicz Universidade Tuiuti do Paraná /Programa de Pós-graduação Profº Universidade Tuiuti do Paraná /Programa de Pós-graduação Profº Universidade Tuiuti do Paraná /Programa de Pós-graduação RESUMO Este trabalho de revisão de literatura realizou uma investigação sobre a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) e seus principais aspectos. A PAVM é uma das principais formas de infecção adquirida no âmbito hospitalar. Ela se manifesta entre 48-72 horas após o paciente ser submetido à intubação orotraqueal e instituição de ventilação mecânica (VM) invasiva. Sua taxa de incidência é de 10% a 70% dependendo do método de diagnóstico utilizado e da população estudada. Os fatores de risco para a PAVM são classificados como modificáveis, nas quais estão as medidas de prevenção, e os não modificáveis, que são aqueles inerentes ao hospedeiro e a presença das comorbidades. São várias as complicações que apresenta esta patologia, que inclui maior tempo de permanência e de VM, aumento dos custos gerado por este paciente e aumento da taxa de mortalidade. O diagnóstico clínico é de difícil realização, devido às dificuldades que apresenta em realizar diagnóstico diferencial com as infecções de vias aéreas inferiores. Aplicação de estratégias preventivas demonstra ser um modo eficaz de controle e para limitar as consequências negativas da PAVM. Podemos citar entre as estratégias: a higiene da cavidade oral, a aspiração de secreções, a desinfecção prévia dos equipamentos utilizados, higienização das mãos, monitorização do cuff entre outros. O tratamento da PAVM é de difícil escolha devido o atraso na administração ou um tratamento inadequado, estão associados ao aumento da mortalidade e no surgimento de bactérias multirresistentes. Devido a estes fatores conclui-se que a prevenção ainda é a melhor escolha para lidar com esta patologia, fazendo-se necessário que os profissionais da área de saúde que trabalham dentro de uma unidade de terapia intensiva (UTI), adotem medidas preventivas contra a PAVM a fim de reduzir os riscos para sua ocorrência e surgimento, contribuindo assim para um melhor prognóstico do cliente. Palavras-chave: Pneumonia; Ventilação mecânica; Unidade de Terapia Intensiva; higiene oral. ABSTRACT This work of literature review conducted an investigation ventilator associated pneumonia (VAP) and its main aspects. VAP is one of the main forms of infection acquired in the hospital. It manifests between 48 - 72 hours after the patient is subjected to intubation and invasive MV institution. Its incidence rate is 10% to 70% depending on the diagnostic method used and the population studied. Risk factors for VAP are classified as modifiable, in which are preventive measures, and not modifiable, which are those inherent in the host and the presence of co-morbidities. There are several complications that presents this pathology, which includes increased residence time and VM, increased costs generated by this patient and increased mortality rate. Clinical diagnosis is difficult to achieve due to the difficulty in presenting performs differential diagnosis of infections of the lower airways. Implementation of preventive strategies proves to be an effective way to control and limit the negative consequences of VAP. We can mention among the strategies: oral hygiene, aspiration of secretions, disinfection of equipment provided ultilizados, hand hygiene, monitoring cuff among others. The treatment of VAP is difficult to choose because the delay in the administration or inadequate treatment, are associated with increased mortality and the emergence of multiresistant bacteria. Due to these factors it is concluded that prevention is still the best choice to deal with this disease, making up necesario that health professionals who work in the ICU, adopt preventive measures against VAP in order to reduce risks to their occurrence and appearance, thus contributing to a better prognosis,client. Keywords: Pneumonia; mechanical ventilation, intensive care unit; oral hygiene LISTA DE TABELAS TABELA I - Fatores de risco independentes para PAVM.............. 16 TABELA II – Recomendação para prevenção de pneumonia hospitalar ................................................................................ 21 TABELA III - Correspondência entre o grau de recomendação e a força de evidencia científica...................................................... 25 ABREVIATURAS E SIGLAS CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CDC Central of Disease Control IH Infecção Hospitalar PAVM Pneumonia associada à ventilação mecânica UTI Unidade de terapia intensiva NNISS National Nosocomial Infections Survillance System Cm H2O Centímetros Água HI Infecções hospitalares PaCO2 Pressão parcial de dióxido de carbono PAH Pneumonia adquirida no hospital PAM Pressão arterial média PaO2 Pressão parcial de oxigênio SpO2 Saturação periférica de oxigênio VM Ventilação mecânica VNI Ventilação não invasiva MRSA Methicillin-resistant Staphylococcus aureus SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 9 1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 10 1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 11 2 12 METODOLOGIA ....................................................................................... 3 PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA ...................... 13 3.1 DEFINIÇÃO ...................................................................................... 13 3.2 PREVALÊNCIA DE PNEUMONIA ................................................... 14 3.3 FATORES DE RISCO ...................................................................... 16 3.4 COMPLICAÇÕES ............................................................................ 18 3.5 DIAGNÓSTICO ………………………………………………………… 19 3.6 PREVENÇÃO .................................................................................. 20 3.7 HIGIENIZAÇÃO ORAL .................................................................... 22 3.8 ASPIRAÇÃO POR SISTEMA ABERTO E FECHADO..................... 24 3.9 CONTROLE DA PRESSÃO DO CUFF ........................................... 26 3.10 NUTRIÇÃO ENTERAL ................................................................. 27 3.11 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA .................................................. 27 3.12 PROCEDIMENTOS INVASIVOS E NÃO INVASIVOS .................. 27 3.13 TRATAMENTO .............................................................................. 28 4 CONCLUSÃO .................................................................................... 31 REFERÊNCIAS .................................................................................... 32 9 1 INTRODUÇÃO Todas as infecções originadas em âmbito hospitalar são consideradas infecções adquiridas ou transmitida após a admissão do cliente, onde ocorrem manifestações clinicas durante o período de estadia ou após a alta hospitalar, podendo estar relacionada com procedimentos hospitalares ou internação (BRASIL, 1998). Elas geram o aumento da taxa de mortalidade, tempo de internação, custos e surgimento de bactérias resistentes. O setor responsável pela prevenção dessas infecções fica sob a responsabilidade da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). O controle das infecções hospitalares (IH) apresenta como problema desafiador o surgimento de micro-organismos resistentes, de infecções ocasionadas por fungos, pacientes imunodeprimidos, e de procedimentos e dispositivos invasivos (CARNEIRO, 2008). A pneumonia adquirida no ambiente hospitalar, e a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), representa um desafio diagnostico e terapêutico. As taxas de longevidade da população, a utilização de imunossupressores e fármacos, modificaram a interação entre o agente infeccioso e o hospedeiro, favorecendo o aparecimento de novos micro-organismos e o desenvolvimento de patógenos resistentes. O uso indiscriminado de antimicrobianos, e o tratamento inadequado são fatores que contribuem para este desafio permanente. Quando ocorre a evolução desfavorável do paciente, ele é encaminhado para unidade de terapia intensiva, com indicação de intubação orotraqueal e instituições da ventilação mecânica invasiva poderão surgir indícios de infecção entre 48 a 72 horas após o inicio da ventilação mecânica, sendo considerada pneumonia nosocomial (SBPT, 2007). A pneumonia adquirida no hospital é uma infecção geralmente de origem bacteriana que atinge as vias aéreas inferiores (FERNANDES, FERNANDES, RIBEIRO-FILHO, 2000; FEIJÓ e COUTINHO, 2005). A PAVM é em geral a maior complicação que os pacientes conectados a VM enfrentam, considerando a infecção de maior índice de prevalência nas unidades de terapia intensiva (UTI) e a principal causa de óbitos por infecção intra-hospitalar, nos 10 quais os pacientes ventilados por um período maior de que 48 horas são de 20 a 25% com aumento de 1% ao dia de VM. O risco de adquirir pneumonia é 21 vezes maior em pacientes que estão em VM, comparados com os pacientes não submetidos a este procedimento. A mortalidade decorrente da PAVM varia entre 30 a 70% dependendo do estudo realizado, e também os pacientes que sobrevivem, tem um prolongamento de sua estadia entre 20 a 45 dias (IRIBARREN et al.,2009). As infecções hospitalares representam grande problema de saúde publica por elevarem as taxas de morbidade e mortalidade. A pneumonia é em geral uma das mais importantes taxa de mortalidade com 30 a 60%. Estratégias preventivas são apontadas como uma das formas de controlar e limitar as consequências das infecções hospitalares (FLECK, 2009). 1.1 JUSTIFICATIVA Conforme dados da vigilância do National Nosocomial Infection Surveillance (NNIS) do CDC, a pneumonia e considerada a segunda infecção mais comum em unidade de terapia intensiva (UTI). Nos pacientes intubados, a incidência é de 7 a 21 vezes maior do que aqueles que não necessitam de ventilador (BERALD e ANDRADE, 2008). Tem se observado que a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) apresenta um impacto variável, em termos de mortalidade, custos, aumento da permanência do paciente nas unidades hospitalares e tempo de ventilação mecânica. Conhecendo as causas que levam a esta afecção, as medidas de prevenção para as pneumonias são essenciais, devendo ser implantadas estratégias de controle centrando suas ações no treinamento de condutas para a assistência ao paciente critico. Os bons resultados dependem do envolvimento de toda a equipe, sendo de suma importância a educação continuada de todos os profissionais que trabalham com pacientes com predisposição a desenvolver PAVM. Diante destas considerações entendemos que as medidas preventivas dessas infecções deve-se a equipe de enfermagem que assiste o paciente de forma direta e que responde por vários mecanismos de prevenção. 11 Portanto, deve se preservar o bem estar físico, mental e emocional do paciente numa visão holística, buscando a excelência no atendimento, competência profissional e minimizar consequentemente a ocorrência de PAVM. Evidencia-se que a utilização por parte da equipe multiprofissional das diretrizes para a prevenção das infecções nosocomiais podem prevenir a PAVM em pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva. 1.2 OBJETIVO Analisar pesquisas que estudaram sobre a pneumonia associada à ventilação mecânica, e descrever os resultados encontrados pelos autores sobre este tema. 12 2 METODOLOGIA O método utilizado para atingir os objetivos foi uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto. Para Dyniewicz (2007), a pesquisa bibliográfica utiliza vasta literatura para estudar e analisar aspectos diversos de um tema, contribuindo para uma pesquisa futura mais estruturada. Realizou-se um levantamento bibliográfico retrospectivo, dos últimos sete anos (2005–2012), por meio do banco de dados LILACS (Literatura LatinoAmericana do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic Libray Oline), foram utilizados como descritores: pneumonia, ventilação mecânica, unidade de terapia intensiva. Foram encontradas 37 publicações sendo analisadas 30. Foram excluídos os artigos que não se apresentavam na integra, ou ano inferior ao levantamento bibliográfico. 13 3 PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA 3.1 DEFINIÇÃO A pneumonia é uma infecção no parênquima pulmonar causada uma vasta variedade de agentes infecciosos, nos quais são as bactérias, microplasmas, fungos, parasitas e vírus, sendo que a pneumonia bacteriana é a forma mais comum da doença. È uma infecção aguda dos pulmões, que pode manifestar sinais e sintomas respiratórios, sendo eles a tosse produtiva, respiração curta ou longa e dores no peito, alem de sintomas não especifico como febre, fadiga, dores musculares e falta de apetite. As bactérias são as causas mais comum e frequente da doença e também as mais fáceis de prevenir e tratar. São elas classificadas em pneumonia adquirida na comunidade ou pneumonia nosocomial (PN). (LODE et al., 2000; CARVALHO, 2004; AMARAL, 2009; OLAECHEA., 2010). Segundo a ANVISA (2005) a infecção hospitalar é um agravo da origem infecciosa que acomete o paciente em sua admissão, estadia e após a alta e que pode ser relacionada com os procedimentos hospitalares, e estas infecções são considerada fatores importante de complicação no tratamento de pacientes, pois pode causar tanto sofrimento para si como para os familiares, e contribuem para a taxa de morbidade, mortalidade, tempo de permanência hospitalar e elevados custos no tratamento pós-infecção. As infecções que acometem os pacientes são frequentes nas UTI, pois neste ambiente o paciente esta mais exposta ao vários riscos de adquirir uma infecção, levando se em conta a sua condição clinica e as rotinas de procedimentos invasivos que esta sendo submetido (GUSMAO, DOURADO e FIACCONE, 2004). O procedimento de intubação traqueal consiste na introdução de um tubo na luz da traquéia, mas consequentemente este procedimento reduz a eficácia das defesas pulmonares, sendo assim é possível afirmar que os pacientes criticamente doentes tem maior risco de desenvolver pneumonia nosocomial. (CARNEIRO e SARIDASKI, 2008). Conforme apontado pelas Diretrizes Brasileiras para Tratamento das Pneumonias Adquiridas no Hospital e Associada à Ventilação mecânica de 2007, as pneumonias são definidas em: 14 a) Pneumonia adquirida no hospital (PHA): é a que tem ocorrência após 48 horas da admissão hospitalar, geralmente tratada na unidade de internação (enfermarias\apartamentos), não tendo relação à intubação orotraqueal ou a VM, podendo no entre tanto ser encaminhada para tratamento em UTI, quando há indícios ou evolução para a forma grave. Devido a implicação etiológicas, prognosticas e terapêuticas, a PHA tem sido classificada decorrente ao tempo de internação podendo ser precoce ( se apresenta ate 96 horas de internação) ou tardia ( a qual se inicia após o período de 96 horas de internação). b) Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM): aquela que se manifesta entre o período de 48- 72 h após a intubação orotraqueal e instituição da VM invasiva. Da mesma forma a PAVM também é classificada em precoce (que se manifesta até 96 horas de intubação e inicio da VM) e tardia (a que se inicia após 96 horas da intubação e VM) (TEIXEIRA et al., 2007). A PAVM com inicio precoce apresenta melhores prognósticos e normalmente é causada por bactéria com baixa resistência a antibióticos, em contra partida a PAVM tardia tem maior probabilidade de ser originada por germes multirresistentes, levando a maior tempo de permanência no hospital, a morbidade e mortalidade (KOLLER, 2005). A pneumonia é geralmente de origem aspirativa, sendo a sua principal fonte, as secreções das vias aéreas superiores. Estas aspirações são mais comumente em microaspirações silenciosas do que em macroaspiração, pois quando acontecem trazem um quadro de insuficiência respiratória grave progressiva (LOPES e LOPES, 2009). Beraldo (2008) em seus ensinamentos diz que a presença do tubo endotraqueal é um fator de grande risco para a pneumonia, pois prejudica também a eficácia do reflexo da tosse, pois o fechamento da glote esta impossibilitado pela presença do tubo, contribuindo para formação e acumulo de secreções. 3.2 PREVALÊNCIA DE PNEUMONIA A pneumonia nosocomial ou hospitalar é geralmente causada por bactérias, sendo considerada a segunda causa mais comum de infecção hospitalar, onde a primeira causa é a infecção do trato urinário. Estudos mostram que a pneumonia 15 hospitalar aumenta o tempo de estadia dos pacientes em torno de sete a 10 dias. Acometem cerca de 250 mil pacientes todos os anos e representa um impacto em termos de custos hospitalares (AMERICAN THORACIC SOCIETY, 2008). As taxas de pneumonia são altas nas UTI, em particular nos pacientes com ventilação mecânica, sendo assim considerada a complicação mais comum em pacientes hospitalizados (MYRIANTHEFS et al., 2006). Realizado um estudo descritivo que teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico das infecções hospitalares, realizado no Hospital Universitário João de Barros Barreto, em Belém-Pará-Brasil, onde constatou que das 365 infecções ocorridas no período de janeiro a dezembro de 200, a causa de maior incidência foi a pneumonia com 19,5%. (RIBEIRO et al., 2006). Estudos realizados por Seligman (2006) no Hospital de Clinicas de Porto Alegre apresentam que pacientes internados na UTI, tem uma letalidade de 38,7% no período de até 28 dias após sua alta da UTI. Para determina a relevância de infecções adquirida em UTI, e os principais fatores para esta infecção e identificar os organismos infectantes de maior incidência e avaliar a relação entre mortalidade x infecção adquirida na UTI com base em 16 UTI do estado do Rio Grande do Sul, excluindo as unidades coronarianas e pediátricas, com uma população de 174 pacientes com faixa etária maior que 12 anos, que ocuparam um leito da UTI, padrões de resistência dos patógenos isolados e fatores de risco para infecção adquirida. Foram um total de 122 pacientes que representa (71%) estava infectado, (29%) adquiriram na UTI. A pneumonia apresenta (58,2%), infecção do trato urinário (18%) foram os tipos que mais se apresentaram com maior frequência de infecção. Os microorganismos como stafilococos aures (42%) co resistência a oxacilina, pseudômonas aeruginosa (31%). Os fatores de riscos que mais foram identificados na UTI são: acesso venoso central, cateter urinário, intubação orotraqueal por tempo prolongado e tempo de permanência na UTI (maior que 30 dias). Os autores relatam que os fatores de risco associado à morte foram idade falência orgânicos, prótese em vias aéreas com ou sem ventilação mecânica (LISBOA et al., 2007). Estudos de Boots et al. (2005), realizado em 14 UTI, na Austrália e Nova Zelândia, mostrou a pratica clinica em pacientes submetidos a ventilação mecânica, 16 que 476 episódios de pneumonia foram relatados, observando que 48% foram adquiridas na comunidade; 24% no ambiente hospitalar, e 28% foram associada a VM. 3.3 FATORES DE RISCO Os fatores de risco para o surgimento da pneumonia são diferenciados como modificáveis e não modificáveis. Os fatores modificáveis podem ser realizados por medidas simples, as quais são lavagem das mãos, protocolos que visam à redução de uso incontrolado de antimicrobianos e a informação periódica aos profissionais, quanto à prevalência e resistência da microbiota. Os riscos muitas vezes estão relacionados ao sexo, doenças pulmonares preexistentes, falência múltipla de órgãos, ou a fatores relacionados ao tratamento como a intubação e a nutrição enteral (SBPT, 2007). São vários os fatores para o desenvolvimento da pneumonia ou colonização da orofaringe, conforme descrito no quadro I. Os fatores de risco para o desenvolvimento de infecção respiratória são os fatores como a idade, desnutrição, insuficiência renal, neoplasia, tabagismo, uso de medicamentos intravenoso, uso prolongado de antimicrobianos ou cirurgias que necessitem de terapia respiratória com presença de tubos endotraqueal (TET) e ventilação mecânica. São todos esses fatores que podem causar a colonização da orofaringe e estomago, podendo contribui para o surgimento de pneumonia nosocomial, como condições que aumentem o índice de aspiração ou refluxo (uso de sondagastrica ou nasoenteral e posição supino) e também nas condições que necessitem de uso prolongado de suporte ventila tório com risco potencial a exposição de equipamentos colonizados ou as mãos dos profissionais que manipulam o paciente. TABELA I - Fatores de risco independentes para PAVM. FATORES FATOR DE RISCO Fatores Maiores • • • • • Trauma Queimadura Doença neurológica Tempo de ventilação mecânica > 10 dias Bronco-aspiração presenciada 17 • • • Colonização do trato respiratório Por bacilos Gram-negativos Ausência de antibioticoterapia Uso de PEEP> a 7,5 cmH2O Fatores menores • • • • • • • Doença Cardiovascular Doença respiratória Doença gastrointestinal Cirurgia torácica ou abdominal Administração de Bloqueadores neuromusculares Tabagismo Hipoalbumonemia na admissão (alb < 2,2 g/dL) Outros fatores • • • • • • • • Idade (> 60 anos) Sexo masculino Piora do SOFA ( avaliação de falência sequencia de órgãos Paciente proveniente da emergência Nutrição enteral por qualquer via Insuficiência renal Bacteremia Dreno de torax Fonte: SBPT (2007) Todos esses fatores associados no ambiente hospitalar, ainda existe o fato dos pacientes estarem imunologicamente comprometidos devido a sua patologia ou a medicamentos, ocorrendo a diminuição do fluxo salivar devido a procedimentos, tais como a desidratação terapêutica (com o objetivo de aumentar sobre tudo a função cardíaca e respiratória), alem da diminuição do reflexo da tosse e da capacidade de higiene oral diminuída, que fazem com que esses grupos de pacientes tenha um risco ainda maior de desenvolver outras patologias. Conforme estudos realizados evidência se a associação à colonização microbiana da orofaringe e da placa de biofilme dental à PAVM. Grande parte dos adultos em bom estado de saúde apresenta aspiração da secreção da orofaringe durante o sono, e esses números aumentam quase 70 % quando se trata de paciente com rebaixamento de nível de consciência. Quando a respiração do paciente fica ineficaz a ponto de ser necessária a intubação podem ocasionar um risco de microaspiração de patógenos até o trato respiratório inferior. O tubo orotraqueal por siso proporciona um ambiente inerte na qual as bactérias podem se aderir, colonizar e crescer, assim formando o biofilme ou placa, de onde poderá ser broncoaspiradas (AMARAL, CORTEZ e PIRES, 2009). 18 3.4 COMPLICAÇÕES A pneumonia nosocomial é uma complicação comum entre os pacientes hospitalizados, estando em associação com o grande risco de morte e maior tempo de internação, também com o aumento dos custos hospitalares, e de uso frequente de antibióticos e tempo de estadia hospitalar, alem de constituir reservatórios para bactérias multirresistentes (MYRIANTHEFS et al., 2006). A infecção hospitalar, em geral acarreta um tempo maior de permanência de um paciente, trazendo custos adicionais, gerando um grande impacto clinico e financeiro, estando diretamente associada à alta mortalidade. O desenvolvimento da PAVM é também associado a um adicional de 9.6 dias de ventilação mecânica, 6.1 dias em UTI, e 11.5 dias no hospital que gira em torno de mais de 40.000 dólares para hospital custo por paciente (KONKEWICS, HOEFEL, 1996). Segundo Jarvis (1996), estudos realizados na Infection Control and Hospital Epidemiology por descreve que, por ano, nesse país, existem 2 milhões de infecções hospitalares, Observou-se o tempo de permanência, a taxa de mortalidade e o custo das infecções hospitalares, sendo a pneumonia a infecção mais encontrada, seguidas da infecção da corrente sanguínea, infecção de sítio cirúrgico e a infecção do trato urinário. Os resultados mostraram que a pneumonia teve um aumento no tempo de internação de 7 a 30 dias, uma mortalidade de 14 a 71% e um custo adicional por paciente com a infecção nosocomial de $ 4.974,00 dólares. Um índice de 10 a 20% de pacientes que necessitam de ventilação mecânica por um período maior que 48 horas, desenvolve PAVM, com uma taxa de mortalidade que varia de 15 a 50%. PAVM parece ser um fator importante para o risco de morte (PORZECANSKI e BOWTON, 2006). Conforme um estudo realizado por Teixeira et al.,( 2004) no período de 40 meses para determina o impacto da multirresistência bacteriana na morbidade e mortalidade de paciente com PAVM, encontrou 91 pacientes submetido a ventilação mecânica com diagnostico confirmado de pneumonia. Os estudos foram classificados por micro-organismo multirresistente e por sensíveis a antibioticoterapia. A pneumonia foi causada por micro-organismo multirresistente em 75 casos o que representa (82%) e por micro-organismo sensível a antibioticoterapia 16 com (17,6%) deles. O staphylococcus aureus foi responsável por 27,5% dos 19 casos de pneumonia associada a ventilação mecânica e a Pseudomonas aeruginosa por 17,6%. A doença foi apresentada nos primeiros períodos em 33 pacientes representando (36,3%) e período tardio em 58 deles com (63,7%). O tratamento empírico foi considerado inadequado em 42 pacientes com pneumonia por bactéria multirresistente com (56%) e em 4 com pneumonia por microorganismo sensível (25%). A taxa de óbito ocorreu em 46 pacientes que apresentavam pneumonia por bactéria multirresistente (61%), e em 4 daqueles com pneumonia por microorganismo sensível (25%). Os autores puderam concluir que a multirresistencia bacteriana não apresentou impacto na morbidade, mas esteve relacionada à maior taxa de mortalidade. Foi realizado um estudo em 233 pacientes submetidos à VM, utilizou como parâmetros primários: tempo de VM, tempo de estadia na UTI, tempo de estadia hospitalar e mortalidade. Os parâmetros secundários foram: mortalidade hospitalar, perfil microbiológico, uso de antibióticos e fatores de risco para PAVM, Os resultados apontaram que a ocorrência de PAVM se apresentou positivamente ao maior tempo de permanência sob suporte ventilatório invasivo (com 15 dias a mais), e prolongou a estadia na UTI (15 dias adicionais) e no hospital (13 dias) de maneira significativa. Da mesma forma houve aumento na mortalidade na UTI, no entanto a mortalidade hospitalar não foi afetada pela incidência da infecção. Conclui-se que os resultados deste estudo mostram a PAVM como um fator de risco independente para mortalidade na UTI. A mortalidade hospitalar, não foi significativamente diferente em relação ao grupo controle. A PAVM esta diretamente relacionada ao maior tempo de permanência da VM, e da estadia prolongada na UTI. A etiologia da PAVM neste grupo esteve associada a germes com resistência a antimicrobianos. A antibioticoterapia inicial revelou-se inadequada em uma porção substancial dos casos, e o tempo da VM e o uso inicial de antibióticos foram fatores de risco para PAVM (RODRIGUES et al., 2006). 3.5 DIAGNÓSTICO A PAVM uma resposta inflamatória do hospedeiro na qual ocorre a multiplicação incontrolada de microoganismos que invadem as vias aéreas distais. 20 Os estudos histológicos mostram que a pneumonia é caracterizada pelo acumulo de neutrófilos na região dos bronquíolos e alvéolos (MARTINS et al.,2010). Uma dificuldade para realização desse tipo de diagnostico reside na falta de um critério preciso como diferencial com as infecções de vias aéreas inferiores. No entanto, outras doenças podem apresentar sintomas semelhantes tais como: atelectasia, dano alveolar difuso, edema pulmonar, toxicidade decorrente de fármacos e hemorragia alveolar (ENCORI e HUGHES, 2006). A suspeita clinica se baseia no surgimento de infiltrado pulmonar com aparecimento na radiografia de tórax que pode mostra a presença de liquido pleural, associado com a presença de alterações de exames laboratoriais, temperatura corpórea acima de 38°C ou menos que 36°C e aspiraçã o com secreção purulenta, leucocitose > 10 mil, ou leucopenia < 4 mil (ROSENTHAL, GUZMAN e CRNICH, 2006). 3.6 PREVENÇÃO Com a finalidade de diminuir a pneumonia hospitalar e também sobre a qualidade assistencial oferecida aos pacientes, o CDC desenvolveu um guia contendo recomendações e técnicas profiláticas para pneumonia nosocomial. As recomendações classificadas pelo guia segue 4 recomendações definidas abaixo de acordo com a indicação atual para cada uma delas: Categoria IA – altamente recomendada para todos os hospitais e fortemente embasada por estudos experimentais ou epidemiológicos bem conduzidos. Categoria IB – medida altamente recomendada para todos hospitais, bem efetiva segundo especialistas devido a forte evidencia sugestiva, no entanto não apresenta estudos científicos definitivos. Categoria II – medidas recomendadas para ser implantada em muitos hospitais devido a fortes evidenciam clinico-epidemiologicos, porem não pode ser aplicada em todos os hospitais. Questão não resolvida ou não recomendada, não apresenta evidencias suficientes para o seu uso diário (GUIDELINES, CDC 1997). O quadro II a seguir trás as diretrizes para prevenção de pneumonia hospitalar. 21 TABELA II – Recomendação para prevenção de pneumonia hospitalar TÓPICO Educação em saúde MEDIDA DE CONTROLE Treinamento dos Profissionais Vigilância de infecção Indicadores epidemiológicos Microbiologia Monitorizarão microbiológica Prevenção transmissão microorganismo de de Reprocessamento equipamentos de Artigos semi-críticos Ventiladores Mecânicos Circuitos Respiratórios Umidificadores Nebulização de medicação de pequeno volume Transmissão cruzada Higiene das mãos Traqueostomia Prevenção da broncoaspiração associada a nutrição Paciente com VM ou com Nutrição Enteral RECOMENDAÇÃO Em relação à epidemiologia e prevenção Medir risco do procedimento para identificar tendências, calcular taxas e divulgar dados. Não realizar culturas rotineiras em pacientes e equipamentos Limpeza previa Esterilização ou desinfecção de alto nível Não esterelizar ou desinfetar maquinaria interna Não trocar rotineiramente somente quando estiver sujo ou danificado Drenar e descartar qualquer circuito com presença de condensado nos circuitos Usar luvas para manipular condensado dos circuitos Filtro no circuito respiratório Água estéril para umidificadores Limpar, desinfetar, enxaguar com água estéril e secar Fluido estéril para nebulização Contato com membranas mucosas, secreções respiratórias Técnica asséptica Cânula submetida a esterilização ou desinfecção Elevar a cabeceira do leito entre 30 a 45 graus CATEGORIA IA IB II IA IA II IA IB IB Sem recomendação II IB IA IA II IB II 22 enteral Precaução para prevenção da aspiração Prevenção da modulação da colonização orofaringea Prevenção pneumonia operatória da pós- Prevenção da aspiração associada a intubação Colonização orofaringea Fisioterapia Preferência por intubação orotraqueal Limpeza e descontaminação da cavidade orfaringea com antiséptico e realizar higiene oral Bochecho com clorexidina 0,012% para pacientes em pré-operatório de cirurgia cardíaca Bochecho com clorexidina para todos pacientes em pósoperatório de cirurgia cardíaca ou de alto risco. Paciente em préoperatório com alto risco Espirometria em pacientes pósoperatório com alto risco IB II II Sem recomendação IB IB Fonte: Protocolo da AMB e CFM Para a prevenção o alvo principal são as fontes ambientais de contaminação as quais são a infecção cruzada que esta diretamente relacionada com a equipe de enfermagem que tem o contato direto com o paciente, medicações e fatores mecânicos como a sonda nasogastrica que leva a colonização orofaríngea e refluxo gástrico. O uso indiscriminado de antibiótico também acarreta a colonização com patógenos nosocomiais e aumento da resistência aos antibióticos (CRAVEN, 2006). A técnica de lavagem das mãos continua sendo uma das medidas de maior resultado na prevenção da infecção hospitalar (FEIJO e COUTINHO, 2005). 3.7 HIGIENIZAÇÃO ORAL A microbiota da cavidade bucal normal é composta por mais de 300 espécies de bactérias que se mantém em harmonia e equilíbrio em condições normais, mas podem também sofrer interferência de fatores relacionados ao hospedeiro tais como interação entre enzima e microorganismo, diminuição da produção salivar e níveis elevado de enzimas protease e neuromidases, a qual 23 remove das superfícies dos dentes uma substancia denominada fibronectina que esta diretamente associada a uma higiene oral precária e surgimento das gengivites, promovendo dessa maneira o surgimento de bactérias Gram-negativas (MEDEIROS, MENEZES e VALLE, 2005). A higiene bucal é uma pratica tradicional na assistência ao paciente, nos últimos anos começaram a surgir mais evidencias científicas para a prevenção das HI. As atuais diretrizes para o controle de infecção respiratória (CDC), no entanto recomenda a implantação de programas de educação continuada sobre higiene bucal para pacientes em (UTI), não as categoriza como recomendação baseadas em fortes evidencias (BERALDO e ANDRADE, 2008). Tem se realizado estudos de medidas e estratégias para prevenir a colonização oral aplicado antibiótico tópicos não absorvíveis, porem o uso continuo de profilático eleva o risco da indução e seleção de microoganismos resistentes devido a isto não se tem recomendado (FEIJÓ e COUTINHO, 2005). A clorexidina é um agente antimicrobiano com amplo espectro de atividade contra os bacilos gram-positivos nos quais esta S. Aureus que apresenta grande resistência a oxaciclina e Enterococcus SP. Resistente à vancomicina, e com baixa eficácia contra gram-negativos. A absorção ocorrida pelos tecidos permite uma ação de tempo residual de 5 horas após a aplicação (CAROLINA e DENISE, 2008). A presença local de imunoglobulinas atua como barreira de defesa ao ataque das bactérias, alem dos fatores já citado anteriormente podemos constatar que pacientes que são tabagistas, etilista uso de antibioticoterapia, permanência hospitalar, deficiência do estado nutricional e higiene bucal deficientes são agravantes que contribuem para o aumento ou diminuição da flora microbiana oral, facilitando o estabelecimento do biofilme oral que anteriormente se denominava placa (RAGHAVENDRAN, MYLOTTE e SCANNAPIECO, 2007). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007) recomenda a descontaminação da cavidade oral com clorexidina ou clorexidina associada à colistina, na prevenção de PAVM em pacientes submetidos à VM. Estudos realizados por Beraldo e Andrade (2008) concluíram que a clorexidina diminui a colonização da orofaringe, assim reduz a PAVM. 24 Uma recente pesquisa realizada em 59 UTIs europeias mostra que 60% delas utiliza-se a descontaminação oral com clorexidina como rotina (CHAN, RUEST e COOK, 2007). Embora não se tenha ainda estabelecido um protocolo mais efetivo para o controle do biofilme oral na prevenção da PAVM, é consenso entre os estudos que sua utilização é de grande valia e que a equipe responsável pelos cuidados orais são essencial para o êxito das manobras preventivas, além do beneficio direto na qualidade de vida deste paciente e sua recuperação, ainda contribui para diminuição dos custos se fosse investido no manejo do paciente com pneumonia nosocomial confirmada (SONA et al., 2009). 3.8 ASPIRAÇÃO POR SISTEMA ABERTO E FECHADO A aspiração de secreção respiratória é um procedimento muito frequente na UTI. O objetivo principal é manter as vias aéreas permeáveis, garantindo uma ventilação e oxigenação adequada e também é se considera importante na prevenção da PAVM, pois a presença do tubo endotraqueal favorece o crescimento de microoganismos que podem migrar para as vias aéreas através do tubo ocasionando agravos respiratória tais como a pneumonia (ZEITON, BARROS e DICCINIA, 2003). Na atualidade podemos verificar a existência de dois tipos de sistema de aspiração endotraqueal, sistema aberto no qual necessita a desconexão do paciente do ventilador mecânico, seguido da introdução, de forma asséptica, de um cateter de aspiração no interior do tubo. O sistema fechado de aspiração é de múltiplo uso e permite a aspiração sem desconexão, ele se apresenta coberto por uma envoltura transparente, flexível e estéril contribuindo para a prevenção de contaminação por manuseio e o mesmo fica posicionado entre o tubo traqueal e o circuito do ventilador mecânico com tempo de permanência de 24 horas reduzindo custos (ZEITON, BARROS e DICCINIA, 2003). O uso do sistema fechado resulta na menor incidência de casos de pneumonia em comparação com o sistema aberto, no entanto uma diferença significativa não se foi observada, estes resultados estão de acordo com vários outros estudos realizados (LORENTE et al.,2006). 25 Estudos realizados por Pagotto et al.,(2008) de caráter de revisão sistemática, concluirão que ao compararem sistema aberto x sistema fechado de aspiração que não houve variáveis nas comparações entre incidência de PAVM, mortalidade, tempo de permanência na UTI, tempo de VM, PacO2, PaO2, pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca e remoção das secreções no uso dos sistemas aberto e fechado. No entanto houve uma diminuição de SpO2 e dos volumes pulmonares no uso do sistema aberto e custos elevados nos estudos que refere-se a sistema fechado. No entanto, o uso do sistema fechado de aspiração pode aumenta o risco de colonização, mas em contra partida apresenta vantagem de não diminuir os volumes pulmonares consequentemente não acarreta queda de saturação em especial nos pacientes com insuficiência respiratória grave e em uso de níveis maiores de pressão expiratória final positiva (PEEP). Conforme aponta as Diretrizes brasileiras para tratamento das pneumonias adquiras no hospital e Associada à Ventilação Mecânica (2007), nas quais devem ser respeitadas algumas técnicas e recomendações básicas de aspiração das secreções de acordo com o grau de evidencia (Quadro III), o que resulta diretamente na diminuição da incidência das pneumonias adquiridas no hospital, e consequentemente, na morbimortalidade: TABELA III - Correspondência entre o grau de recomendação e a força de evidencia científica. GRAU DE RECOMENDAÇÃO A B C D TIPOS DE ESTUDOS Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência Relatos de casos estudos não controlados Opinião desprovida de avaliação critica baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Fonte: Protocolo da AMB e CFM Deve ser realizada por demanda, ou seja, quando necessário, e não em horários pré-estabelecidos. (Grau C) • Lavagem das mãos na técnica ante da aspiração dos pacientes. • Não há recomendação para o uso de luvas estéreis para realizar o procedimento. (Grau A) 26 • Quando a opção recai sobre o sistema de aspiração aberto, as sondas utilizadas devem ser estéreis. (Grau A) • O liquido utilizado para a remoção das secreções deve ser estéril. (Grau A) • Não há preferência sobre sistema fechado de multiuso ou o sistema aberto de aspiração. Apesar de o sistema fechado apresentar facilidade de manuseio para a equipe assistência, não há evidencias de que seu uso diminua a incidência de PAH, quando comparado com o sistema aberto de aspiração. (Grau B) • O frasco de colheita do aspirador deve ser trocado entre pacientes distintos. (Grau A) • O uso de cânulas endotraqueais com dispositivo de aspiração continua de secreção acumulada em região infra-glotica (Sistema de Sucção infra-glotica continua) mostrou diminuição na incidência de PAVM e, portanto, o seu uso deve ser recomendado. (Grau B) • Descontaminação orofaringeana com clorexidine ou clorexidine e colistina reduz e retarda o desenvolvimento de PAVM nos pacientes sob VM. (Grau B) 3.9 CONTROLE DA PRESSÃO DO CUFF Na prevenção PAVM um cuidado importante consiste na manutenção e verificação adequada da insuflação do balonete. Se for insuflado em excesso, o balonete pode provocar estenose, traqueo malácia e fistula traqueoesofagica. Em contra partida se estiver pouco insuflado, pode ocorrer à passagem das secreções acumuladas na cavidade oral ao trato respiratório inferior (DIAS, RODRIGUEZ e RELLO, 2005). Para oferecer um suporte ventilatório adequado para o paciente sem que ocorra escape de ar, as próteses endotraqueais e de traqueostomia possuem na sua porção final um balonete com a função de selar as vias aéreas. (JULIANO et al., 2007). Vários autores recomendam que a pressão do cuff considerada em nível adequado deve estar entre 25 a 34 cmH20 para que ocorra uma perfusão adequada na mucosa traqueal (PENÃ et al., 2006). 27 3.10 NUTRIÇÃO ENTERAL A nutrição enteral em pacientes críticos, quando comparada com a nutrição parenteral, mostra-se uma redução significativa da incidência de complicações infecciosas. Alem disso também se deve evitar distensão gástrica como meio de reduzir a aspiração, pois a sonda intestinal esta diretamente associada a menor causa de regurgitação gastresofágica, quando comparada com o uso de sonda gástrica (SBTP, 2007). Quando o paciente apresenta refluxo gástrico, este resulta por sua vez da intolerância alimentar, e da diminuição ou ausência do peristaltismo intestinal. Para fazer uma prevenção do refluxo gástrico deve-se manter a cabeceira do doente elevada, se no haver nenhuma contra indicação clinica As bibliografia que apresenta estas indicações fazem a recomendação de que a cabeceira deve se encontrar elevada no ângulo d e30° a 45° graus (CRAVEN, 2006) . 3.11 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA Conforme recomendação do CDC aconselha-se instruir os pacientes em pós-operatório, para realizarem exercícios de respiração profunda e deambulação (CDC 204). Segundo cita (TABLAN et al., 2010) com o crescimento do uso da fisioterapia respiratória nos pacientes em VM, mesmo que ainda não exista um consenso na literatura atual da fisioterapia respiratória como rotina na prevenção de PAVM. Ainda necessitamos de mais estudos sobre esta temática para comprovação cientifica. 3.12 PROCEDIMENTOS INVASIVOS E NÃO INVASIVOS O suporte respiratório com ventilação mecânica não invasiva por com pressão positiva (VMNIPP) é um método de suporte ventilatório na qual a pressão positiva é aplicada nas vias aéreas do paciente, por intermédio de mascaras sem a necessidade de realizar a intubação traqueal, sendo esta medida indicada em pacientes com insulficiencia respiratória aguda (IRA), ou com risco alto para 28 desenvolver a hipercapnia, ou na ira hipoximica de diferentes etiologias (ROCHA e CARNEIRO, 2008). Carneiro, (2008) em um estudo relatou que uma paciente com provável diagnostico de pneumonia por Pneumocystis jirovecii na qual recebeu um suporte respiratório não invasivo e com pressão positiva teve uma melhora no seu quadro de insuficiência respiratória aguda, sendo revertida e encurtando seu tempo de permanência no hospital alem de evita a intubação traqueal. A traqueostomia precoce reduz significativamente o tempo de ventilação mecânica, e o tempo de permanência na UTI e foi observado que os pacientes traqueostomizado apresenta uma menor taxa de mortalidade (DAMASCENO et al., 2006). A justificativa da realização da traqueostomia parece se encontra nas causas de indicações de ventilação mecânica entre as causas a IRA foi a mais frequente, com predominância da pneumonia, visto que os pacientes com pneumonia apresentam frequentemente maior necessidade de aspiração de vias aéreas, alem de terem que iniciar o uso de antibioticoterapia para que se possa controla o processo infeccioso, e por fim se inicia o desmame da ventilação mecânica. A realização de um procedimento mais precoce como a traqueostomia contribui para a descontinuação da ventilação mecânica destes pacientes (BARACAT, 2009). As diretrizes Brasileiras para tratamento das pneumonias Adquiridas no hospital e Associadas à Ventilação Mecânica (2007) atribuem o uso da ventilação não invasiva (VNI), sempre esta indicado principalmente em pacientes com exacerbação da DPOC, edema agudo de pulmão cardiogenico e pacientes imunosuprimidos com infiltrados pulmonares, pois pode contribuir para um desmame ventilatório mais rápido em pacientes com DPOC. Métodos que contribuem para acelerar a retirada do tubo e da sedação se utilizam protocolos específicos para o desmame e extubação e resulta na diminuição do risco de PAVM. 3.13 TRATAMENTO A principal meta da terapia antimicrobiana é eliminar de forma efetiva os patógenos que causam a infecção. A decisão de iniciar com os antimicrobianos 29 apresenta certa limitação inerente à técnica diagnostica, portanto é uma decisão que se baseia nos prováveis patógenos que cada paciente apresenta (ROMMES, 2008). No entanto o inicio imediato do tratamento é de suma importância, pois o tempo prolongado ao inicio de medidas tratáveis esta associado ao aumento da mortalidade e as implicações de organismo multirresistentes. Segundo estudos realizados por Rocha et al. (2008), demonstrou as características clinicas etiológica e resistência ao uso de antimicrobianos, em pacientes com PAVM. Os pacientes que estavam sob ventilação mecânica por um período maior que 48 horas foram agregadas nos estudos, também inclui 84 com diagnostico confirmado de PAVM, e 191 que não havia desenvolvido a pneumonia (grupo controle). O diagnostico laboratorial foi executado através da avaliação microbiológica de secreção traqueal. A media de duração da VM antes do diagnostico de PAVM foi de 23,2 ao dia. Os fatores de risco para pav foram: tempo submetido a ventilação mecânica, traqueostomia e utilização de antibióticos. A taxa de mortalidade foi em media de (32,1%), sendo inferior ao do grupo controle que apresentou (46,5%). Os patógenos encontrados foram: Pseudomonas aeruginosa (30%), Staphylococcus aures (27%), Enterobacter Klebsiella / Serratia (19%) e Acinetobacter spp. Ruiz, Guerreiro e Romero (2007), em seus estudos sobre a etiologia da PAVM, descrevem a co-morbidades, o uso indiscriminado de antibiótico e a taxa de mortalidade, e relata que o tratamento inadequado é um fator de risco para a mortalidade, e que pode ser melhorada com conhecimentos sobre a etiologia da PAVM. Foram realizados estudos em 48 pacientes com pneumonia, dos quais 19 era do sexo feminino, a faixa etária foi de 59 anos, doze era de inicio precoce de PAVM, com resistência a meticiclina. O principal microorganismo isolado foi a Staphylococcus aureus (MRSA), seguido pela etiologia polimicrobiana, nos quais está os Acinetobacter e Sp P. aeroginosa. O uso inicial com antimicrobianos teve relação com a MRSA, a mortalidade foi de 35% com associação a P. aeruginosa. Um estudo realizado no Brasil apresentou que 81% das PAVM foram causada por bactérias multirresistentes, na qual o S. aureus foi o que apareceu com maior prevalência, a bactéria P. aeruginosa é a mais frequente causadora de PAH/PAVM. Os dados demonstra a variabilidade entre os hospitais e as unidades, e os riscos de tratamento de forma inadequada ao se basear de dados de prevalência 30 de outras localidades, como base para elaboração de protocolos de tratamento impirico. O esquema de tratamento deve incluir agente anti-pseudomonas. As diretrizes ainda não estabeleceram um consenso sobre qual o correto tempo de tratamento preconizado, mas afirma que se for iniciado corretamente estima-se um prazo de 8 dias, ou prolongando para 15 dias, caso a PAVM seja por outros germes resistentes (CARVALHO, 2007). 31 4 CONCLUSÃO O trabalho nos demonstra que a PAVM é uma patologia bastante incidente e apresenta taxas elevadas de morbidade e mortalidade em pacientes submetidos à intubação orotraqueal em unidades de terapia intensiva, alem de gerar aumentos nos custos hospitalares e representar um problema de saúde publica. O devido conhecimento de sua epidemiologia, fatores de riscos e medidas de prevenção e tratamentos adequados é fundamental para evitar as complicações decorrentes desta doença. As medidas consideradas simples e de baixo custo como a higienização da cavidade oral e a técnica de lavagem das mãos são de grande eficiência para a prevenção dessa doença e assim evitar posteriores custos com tratamentos que se não forem aplicados de forma correta poderá favorecer ao surgimento de bactérias multirresistentes complicando ainda mais o quadro do paciente em VM. O conhecimento de todos os profissionais da área de saúde ou que trabalham diretamente no ambiente hospitalar principalmente nas UTIs adotem medidas de prevenção da PAVM a fim de reduzirem os riscos para sua ocorrência contribuindo para um melhor prognostico do paciente. Esperam-se novos estudos acerca das praticas de prevenção da PAVM e seu correto tratamento, pois é necessário para que possamos auxiliar nas tomadas de decisões, apoia a implantação de novas técnicas e tecnologias repercutindo na qualidade da assistência prestada ao paciente que se encontra submetido à ventilação mecânica. 32 REFERÊNCIAS AMARAL SM; CORTÊS AQ; PIRES FR. Nosocomial pneumonia: importance of the oral environment. J Bras Pneumol, n. 35, v. 11, p. 1116-1124, 2009. AMERICAN THORACIC SOCIETY. Guidelines for management of adults with hospital-acquired, ventilator-associated, and healthcare-associated pneumonia. Am J Respir Crit Care Med.,v. 171, p. 388-416 , 2005. ANVISA − Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Pediatria: prevenção e controle de infecção hospitalar/ Ministério da Saúde, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 116 p. – (Serie A. Normas e Manuais Técnicos). BARACAT, E. C.; MARTINS, H. 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