U N I V E R S I DA D E FEDERAL DO RIO DE JANEIRO H O S P I TA L UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA E AVALIAÇÃO SEÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA N Ú M E R O 2 5 A B R I L / 1 5 Informes Epidemiológicos DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA VÍRUS Após inúmeros casos de febre acompanhada de rash cutâneo, excluídos rubéola e sarampo, pesquisadores da UFBA, em abril de 2015, encontraram um “novo” vírus que causa sintomas muito semelhantes à Dengue e a Febre Chikungunya, sendo também transmitido pela picada do mosquito Aedes sp. O Zika vírus teve origem na África sendo a primeira epidemia da febre registrada em 1947 na Uganda havendo registro de outros surtos (1964-Egito e 2007-Oceania). O primeiro caso das Américas foi registrado em 2015 no Brasil, na cidade de Camaçari– BA. As manifestações clínicas incluem: febre, dor muscular, retro-orbital e nas articulações, manchas vermelhas pelo corpo, hiperemia conjuntival, podendo apresentar ainda diarréia, edema e vômito. Até o momento, nenhum caso de óbito foi associado a infecção por vírus Zika. A tabela 1 abaixo apresenta as comparações dos sintomas clínicos de Dengue, Chikungunya e Zika vírus. Serviço de Epidemiologia e Avaliação (SEAV) Chefe de Serviço: Maria S. C. Lobo Seção de Epidemiologia e Estatística (SEE) Sala 5A28 Ramal 2734 Equipe: Alexandre Calheiros Elizabete Albuquerque Erika F. C. Marsico Luana Isaías Rosane Loureiro Há relatos de transmissão inter-humana perinatal (com complicações para o neonato), hemotransfusão, ocupacional (acidente com perfuro-cortante) e por via sexual, uma vez que o vírus foi descrito em esperma humano. O diagnóstico laboratorial ocorre pela detecção do RNA viral, sendo a viremia descrita desde o primeiro dia da infecção podendo perdurar até 11o. dia. Os testes de ELISA para detecção de anticorpos ainda não são comercializados, apesar de terem sido desenvolvidos, pois apresentaram alto índice de reação cruzada com outros flavivírus como dengue e febre amarela. Quanto ao tratamento, é apenas sintomático (analgesia e anti-histamínico). Importante ressaltar que apesar do aparecimento do Zika Vírus, a Dengue ainda é de grande preocupação, uma vez que a mesma pode evoluir ao óbito. Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a 18 de abril de 2015, a região sudeste registrou o maior número de casos de dengue grave e com sinais de alarme (275 graves; 5.011 com sinais de alarme), sendo o estado do Rio de Janeiro o segundo (18 graves; 70 com sinais de alarme) com a maior incidência, ficando atrás apenas de São Paulo. Quanto ao HUCFF/UFRJ, até a data de 06 de maio de 2015, foram notificados 10 casos de dengue, sendo sete confirmados. Fonte: SEE/SEAV/HUCFF/UFRJ. SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA E AVALIAÇÃO U N I V E R S I DA D E SEÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA FEDERAL DO RIO DE N Ú M E R O JANEIRO H O S P I TA L UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO Serviço de Epidemiologia e Avaliação (SEAV) Chefe de Serviço: Maria S. C. Lobo Seção de Epidemiologia e Estatística (SEE) Sala 5A28 Ramal 2734 Equipe: Alexandre Calheiros Elizabete Albuquerque Erika F. C. Marsico Luana Isaías Rosane Loureiro 2 5 A B R I L / 1 5 Informes Epidemiológicos As proporções dos sorotipos virais identificados foram: DENV1 (92,7%), seguido de . DENV4 (6,4%), DENV2 (0,6%) e DENV3 (0,2%) no território nacional, sendo no Rio de Janeiro os mais prevalentes o DENV1 (89,9%), seguido pelo DENV4 (9,4%). O diagnóstico da dengue pode ser realizado de forma rápida e segura com o auxilio de exames laboratoriais. A verificação da presença de antígeno NS1 é uma ferramenta que contribui significativamente para a identificação da infecção ativa, entretanto, deve ser realizada até cinco dias do início dos sintomas (figura 1). Uma ressalva ao NS1 é quanto a sua baixa sensibilidade quando na infecção do DENV4, sorotipo associado a evolução da dengue grave com sinais de choque. Apesar de apresentar alta especificidade (82 a 100%) para os demais sorotipos, sua sensibilidade é moderada (mediana 64%, intervalo de 34-72%). Em infecções secundárias esta sensibilidade pode cair a 30%. Assim, o teste NS1 negativo não exclui a possibilidade da doença, sendo importante, quando da suspeita clínica a confirmação por métodos mais acurados como a sorologia e o PCR. A identificação precoce dos casos de dengue é de vital importância para a tomada de decisões e implantação de medidas de maneira oportuna, visando principalmente evitar a ocorrência de óbitos. Quanto à febre Chikungunya, até a semana epidemiológica 15 (12/04 a 18/4) foram notificados 3.135 casos suspeitos da doença, sendo 1688 confirmados(5 por critério laboratorial e 1.683 por critérios clinico/epidemiológico) e 1.407 continuam em investigação. O Rio de Janeiro não apresenta, até o momento, nenhum caso autóctone da doença. O Zika vírus foi detectado em estados da região Norte/Nordeste ( 8 BA, 8 RN) e sudeste (01 caso em SP importado da BA), não havendo registros no estado do Rio de Janeiro. Bibliografia 1.Boletim Epidemiológico.Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde. Volume 46. N° 14 - 2015. 2.ALLONSO, D. et al. Assessing Positivity and Circulating Levels of NS1 in Samples from a 2012 Dengue Outbreak in Rio de Janeiro, Brazil. Plos One. Volume 9. N° 11 - 2014. Fonte: SEE/SEAV/HUCFF/UFRJ.