REVOLUÇÃO FRANCESA RESUMO Disciplina: História Professor: Otto Terra CONTEÚDO I: REVOLUÇÃO FRANCESA O final do século XVIII, diversos setores da sociedade francesa se uniram para pôr fim ao absolutismo. A burguesia liderou o movimento, pois queria expandir seus negócios, mas os resquícios do sistema feudal atrapalhavam seus planos. As massas populares, estimuladas pelos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, também aderiram ao movimento. O movimento radicalizou-se, originando uma verdadeira revolução. No final, tudo ficou com a cara da burguesia. Estamos falando da tão celebrada Revolução Francesa. Ela inspirou movimentos de libertação em diversas partes do mundo e abriu caminho para a expansão definitiva do capitalismo. Significações e importâncias históricas da Revolução Francesa: * Pôs fim ao absolutismo monárquico na França * Aboliu os privilégios da nobreza e do clero * Significou a concretização dos ideais iluministas em nome da burguesia * Acabou com os vestígios do sistema feudal e do Antigo Regime na França. * Assinala o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea * Influenciou os processos de independência na América (sem incluir os E.U. A) * Abriu caminho para a expansão do capitalismo na França. A França Pré-Revolucionária: * Em termos sociais – A França era o país mais populoso da Europa Ocidental (com mais de 25 milhões de habitantes), a maioria da população residia no campo, sendo explorada de forma feudal, sociedade dividida em estamentos sociais (estados ou ordens rigidamente estabelecida) e bastante diversificada (o 1º e 2º Estados não pagavam impostos, somente o 3º Estado era que pagava). Primeiro Estado – formado pelo clero (Alto Clero e Baixo Clero), contava com aproximadamente 120 mil pessoas. Segundo estado – contava com aproximadamente 350 mil pessoas, formado pela nobreza que estava dividida em três grupos: Nobreza Cortesã – vivia no palácio de Versalhes, à custa de pensões e cargos públicos; Nobreza Provincial – era latifundiária e aristocrática, vivia nos campos à custa das explorações dos servos, através das obrigações servis; Nobreza de Toga – formada por ricos burgueses que em função do seu poder econômico comprovam títulos de nobreza e cargos políticos de prestígio. Terceiro Estado – com mais de 24 milhões de pessoas, era a grande maioria da nação francesa. Formava uma massa economicamente heterogênea dividida em: camponeses/servos, burguesia (grande, média e pequena) e os sans culottes (camada social urbana, composta de aprendizes de ofícios, assalariados, desempregados e artesãos). O Terceiro Estado se opunha aos privilégios do clero e da nobreza e reivindicava um regime jurídico de igualdade de todos perante a lei. * Em termos econômicos – economia predominantemente agrária dentro de uma estrutura feudal, onde 80% da população trabalhavam no campo, havia falta de alimentos ocasionada principalmente por problemas climáticos (secas e inundações), desemprego, miséria, fome, e dificuldades graves em função da crise da indústria têxtil francesa que sofria com a concorrência da indústria têxtil inglesa. Além desse quadro, havia um grande déficit público e crônico em função de envolvimento da França na Guerra dos Sete Anos (com a Inglaterra) e na luta de independência das Treze Colônias na América. Em termos políticos – o absolutismo monárquico já se apresentava como uma política decadente sem ter noção de que o desenvolvimento do capitalismo exigia uma reestruturação do Estado. Essa consciência provinha da burguesia que utilizando o fundamento filosófico das idéias iluministas difundiam os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. O Processo Revolucionário O processo revolucionário francês foi bastante longo, contraditório e complexo. Nesse sentido fica mais prático e objetivo dividi-lo em fases: I – A Revolta Aristocrática Foi ocasionada pela decisão do rei Luís XVI, diante da crise financeira do Estado, propor a cobrança de impostos também do 1º e 2º Estados. Estes, porém, não concordaram e convenceram o rei a levar a decisão, em 1787, à Assembléia dos Estados Gerais, que não se reunia desde 1614. Essa Assembléia era constituída por representantes das três ordens sociais. O sistema de votação comumente adotado era feito em grupo, por estado, cabendo um voto para cada ordem social. Assim, clero e nobreza, unidos, teriam sempre dois votos, contra apenas um do 3º. Estado. Contando com um grande número de deputados, 1 os representantes do 3º. Estado queria alterar esse sistema de votação para o voto individual. Apoiados pela monarquia, a nobreza e o alto clero não concordaram. Não havendo acordo entre as ordens, o 3º. Estado, em 1789, se rebelou e proclamou-se em Assembléia Nacional Constituinte. A convocação da Assembléia dos Estados Gerais, por parte do clero e da nobreza, significou o suicídio político do 1º. e 2º. Estados. Já que ignoraram e subestimaram perigosamente a força e a capacidade políticas do 3º. Estado. II - A Assembléia Nacional Constituinte – O rei apesar de reagir através da força militar contra essa insubordinação do 3º. Estado, não teve forças suficientes para conter a revolta que já tomava conta das camadas populares e já tinha espalhado por diversas regiões do país. Em seguida, em célebre jornada revolucionária, a população invadiu e tomou a velha prisão da Bastilha (símbolo do poder absoluto do rei. Impotente para dominar a agitação político-social, o rei Luís XVI foi obrigado a reconhecer a realidade consumada da Assembléia Nacional Constituinte e procurou tomar medidas de grande alcance popular, tais como: extinção dos direitos feudais devidos pelos camponeses ao rei, à Igreja e aos nobres. Também foi proclamada a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” (tinha como base o ideário burguês do Iluminismo). Em 1790, houve o confisco das terras da Igreja, subordinando o clero católico à autoridade do Estado francês através do documento denominado Constituição Civil do Clero, com isso membros da nobreza e do clero fugiram da França. III –A Monarquia Constitucional – No ano de 1791 foi concluída a Constituição elaborada pelos membros da Assembléia Constituinte, tornando a França uma monarquia constitucional, dominada pela alta burguesia. Essa Constituição estabelecia: igualdade jurídica de todos os indivíduos, liberdade completa de produção e de circulação dos bens e a não interferência do Estado na vida econômica, separação entre Estado e Igreja, liberdade de crença, divisão de dois poderes Executivo – rei / Legislativo – deputados, eleições diretas. IV – A República e a Convenção Nacional – Apesar de Luís XVI aceitar a monarquia constitucional, secretamente tramava contra a revolução. Porém, suas intenções foram descobertas e o rei acabou preso e as forças estrangeiras que tentaram ajudar ao rei foram desarticuladas. Com isso a monarquia constitucional foi substituída pelo regime republicano em que a antiga Assembléia Nacional foi substituída por uma Convenção Nacional, que deveria elaborar uma nova Constituição para a França. Durante esse período, o cenário político francês foi dominado pelos seguintes grupos: Girondinos (Alta burguesia, eram moderados e temiam o controle político por parte das camadas populares), Jacobinos (representavam a pequena e média burguesia, o proletariado urbano, os sans culottes. Eram radicais. Sentavam-se à esquerda da Assembléia), e por fim O Grupo da Planície (representava a burguesia financeira. Mudava suas posições políticas de acordo suas con2 veniências). Nesse ambiente, o rei Luís XVI foi levado a julgamento e acabou condenado a guilhotina por pressões dos jacobinos, liderados por Robespierre e por Saint-Just. Forças absolutistas de outros países se organizaram na tentativa de invadir a França, mas acabaram derrotados. Os jacobinos instauram o Comitê de Salvação Pública (controle do Exército e da administração do país) e o Tribunal Revolucionário (perseguição aos inimigos da revolução) e tem início a ditadura jacobina, conhecida também como a Fase do Terror. Em 1794, os Girondinos e o Grupo da Planície se unem contra o governo de Robespierre, liquidam alguns líderes populares, prendem Robespierre e o leva a guilhotina. Tem início o controle político da França por parte dos Girondinos e do Grupo da Planície que estabelecem o governo do Diretório. V – O Governo do Diretório É um regime republicano, que seria controlado por um Diretório composto por cinco membros eleitos pelo Legislativo que integravam os Girondinos e o Grupo da Planície. Uma nova Constituição foi aprovada em que procurou eliminar a influência popular nas decisões políticas e voltou-se para a realização dos objetivos socioeconômicos da burguesia, estabeleceu uma política de plena liberdade comercial. No plano externo, adotou uma política de expansão dos domínios franceses. É nesse contexto que se dá a ascensão de Napoleão Bonaparte. Pois temendo as reações populares, grupos monarquistas e grupos jacobinos que tentavam tomar o poder. Napoleão Bonaparte, com o apoio dos Girondinos, Grupo da Planície e da alta burguesia financeira dissolveu o Diretório através do “Golpe de 18 Brumário” e estabeleceu um novo governo, denominado Consulado. Com o Golpe de 18 Brumário, Napoleão Bonaparte consolidou as conquistas da burguesia francesa, encerrando o ciclo de turbulência revolucionária.