Alçamento de possuidor/ locativo, pronomes dêicticos (locativos

Propaganda
Alçamento de possuidor/ locativo, pronomes dêicticos (locativos/ temporais) na
posição de sujeito no PB
Eloisa Pilati ([email protected]/UnB); Rozana Naves ([email protected]/UnB); Heloisa Salles
([email protected]/UnB)
O estudo parte da análise de Pilati & Naves (2013), na qual é investigada a hipótese da
cisão da categoria pronominal no PB. As autoras assumem a ideia de que o PB é uma
língua de sujeito nulo parcial (cf. Duarte 1993, 2000; Galves 2001; Modesto (2000,
2004), entre outros), que se caracteriza por apresentar estruturas inovadoras se
comparadas às de outras línguas românicas, entre as quais as construções de tópicosujeito e com sujeitos não argumentais (O carro furou o pneu; Essa casa/Aqui bate sol;
Brasília/ Aqui não chove há mais de 90 dias; Aqui faz conserto de roupas). Propomos
que essas construções se caracterizam (i) por permitirem que elementos dêiticos
(locativos, temporais ou possessivos) ocupem a posição canônica de sujeito, mesmo
quando não são argumentos do predicado; (ii) por ocorrerem com verbos na 3ª pessoa.
Ampliando essa abordagem, consideramos que a ocorrência dessas construções alinhase com as condições que determinam a manifestação (restrita) da ordem VS no BP,
entre as quais consta aquela em que é exigida uma relação (dêictica) com o momento de
fala, conforme Pilati (2006) (Morreu Pavarotti [episódio recente]/ Pavarotti morreu).
Considerando que a interpretação dêitica dessas construções não pode ser explicada
apenas por meio da mudança nos traços da categoria Pessoa (atribuindo-se a T um
caráter defectivo em PB) (cf. Avelar & Cyrino 2008) e adotando, por um lado, a
proposta tipológica de Bhat (2004) quanto ao estatuto gramatical da 3ª pessoa como
pessoa do discurso propriamente dita ou como proformas (elementos como os
demonstrativos e indefinidos) e, por outro lado, a proposta de Alexiadou &
Anagnostopoulou (1998) para a checagem de traços de T, segundo a qual EPP é
universalmente forte e a parametrização consiste na forma como os traços de T são
checados (se por movimento/concatenação de XP ou de X0), Pilati & Naves (2013)
argumentam que a morfologia verbal de 3ª pessoa no PB, apesar de checar os traços phi
de T, não é capaz de licenciar um sujeito nulo referencial, de tal forma que a morfologia
verbal de 3ª pessoa no PB deixa de manifestar os traços da 3ª pessoa do discurso para se
comportar como proforma – e esse fato caracteriza a cisão entre a 1ª e a 2ª pessoas, de
um lado, e a 3ª pessoa, de outro (cf. ainda Rabelo 2010).
Sendo assim, o licenciamento das construções analisadas deve-se ao fato de que o PB
permite que o traço D (de T) seja satisfeito ou por sintagmas não-argumentais, ou por
sintagmas que não sejam os sujeitos lógicos das construções, ou por elementos (nulos
ou manifestos) de interpretação dêitica. Propõe-se que a checagem se dá em termos da
noção de transmissão de traços de C para T (cf. Chomsky 2007, 2008; Miyagawa
2009).
ALEXIADOU, Artemis; ANAGNOSTOPOULOU, Elena (1998). Parametrizing Agr:
word or- der, verb-movement and EPP-checking. Natural Language and Linguistic
Theory, 16(3), 491-539.
AVELAR, J.; S. CYRINO. Locativos preposicionados em posição de sujeito: uma
possível contribuição das línguas Bantu à sintaxe do português brasileiro. Revista de
Estudos Linguísticos da Universidade do Porto, Vol. 3, 2008.
BHAT, D. Pronouns. Oxford: Oxford University Press, 2004.
CHOMSKY, N. On phases. In: R. Freidin; C. P. Otero; M.-L. Zubizarreta (eds.)
Foundational Issues in Linguistic Theory: Essays in Honor of Jean-Roger Vergnaud,
2008.
______. Approaching UG from below. In: U. Sauerland; H-M Gätner (eds.) Interfaces
+ Recursion = Language? Mouton de Gruyter, 2007.
DUARTE, M. E. L. A Perda do Princípio ‘Evite Pronome’ no Português do Brasil.
Tese de Doutorado. Campinas: Unicamp, 1995.
GALVES, C. Tópicos, sujeitos, pronomes e concordância no português brasileiro.
Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 34, p. 19-31, 1998.
_________. Ensaio sobre as Gramáticas do Português. Campinas: Editora da Unicamp,
2001.
KATO, M.; M. E. L. DUARTE. Indefinite subjects in Brazilian Portuguese, a Topic and
Subject-prominent language. Comunicação apresentada no VII Workshop on Formal
Linguistics, Curitiba-PR, 2008a.
_________. Mudança paramétrica e orientação para o discurso. Comunicação
apresentada no XXIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística,
Braga, 2008b.
MIYAGAWA, S. Why agree? Why move? Unifying agreement-based and discourse
configurational languages. Linguistic Inquiry Monograph 54, MIT Press, 2010.
MODESTO, M. (2004) "Sujeitos nulos em línguas de tópico proeminente". In: Revista
da ABRALIN, vol. 3, pág. 119-145.
MODESTO, M. (2007) "Null subjects in Brazilian Portuguese and Finnish: they are not
derived by movement" In: Davies, W. & Dubinsky, S. (org.). New horizons in the
analysis of Control and Raising. Dordrecht: Springer.
NEGRÃO, E. V.; E. VIOTTI. Estratégias de impessoalização no português brasileiro.
In: J. L. Fiorin; M. Petter (orgs.). África no Brasil: A Formação da Língua
Portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008, p. 179-203.
PILATI, E. Aspectos sintáticos e semânticos da ordem verbo-sujeito no português. Tese
de Doutorado. Brasília: UnB, 2006.
PILATI, E. S., NAVES, R. R. Desenvolvendo a hipótese da cisão da categoria
pronominal no português brasileiro. In: Denilda Moura; Marcelo A. Sibaldo. Estudos
e Pesquisas em Teoria da Gramática.1 ed.Maceió : EDUFAL, 2013, p. 233-253.
______. Cisão da categoria pronominal, transferência de traços de C para T e a
expressão do sujeito no português brasileiro. Comunicação apresentada no II
Congresso Internacional de Linguística Histórica, São Paulo: USP, 2012.
RABELO, P. Argumentos (EPP) Nulos no Português do Brasil em Contextos
Oracionais Finitos e Infinitivos. Tese de Doutorado, Brasília: Universidade de
Brasília, 2010.
Download