AVALIAÇÕES 2010 – ESTUDO PARA AS PROVAS Nome: __________________________________ Série / Turma:_____ Data: ____/____/____ 1º BIMESTRE 1. Em 1987, o jornal francês Libération lançou a seguinte pergunta: “Pourquoi filmez-vous?” (Por que você faz filmes?). Da resposta dada por Joaquim Pedro Andrade, surgiu a música “Por que você faz cinema?”, cantada por Adriana Calcanhoto. Leia a letra desta canção. Por que você faz cinema? Para chatear os imbecis, para não ser aplaudido depois de sequências dó de peito. Para viver à beira do abismo. Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande público. Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem. Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo eu mesmo. Porque, de outro jeito a vida não vale a pena. Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito. Porque vi “Simão no Deserto”. Para insultar os arrogantes e poderosos quando ficam como “Cachorros Dentro D’água” no escuro do cinema. Para ser lesado em meus direitos autorais. Adriana Calcanhotto/Joaquim Pedro de Andrade. A fábrica do poema. Sony music: 1994. a) Na música, há 9 palavras com a função de substantivos, mas cujas formas linguísticas são idênticas às formas que apresentam quando têm a função de adjetivos (qualidades). Diga quais são. (1,0) b) Por que essas palavras são substantivos nesse contexto? (0,5) c) Escolha duas dessas palavras e construa duas orações em que elas não sejam substantivos. (0,5) Leia a letra de música a seguir para responder as questões de 2 a 5. Rebento Rebento, substantivo abstrato O ato, a criação, o seu momento Como uma estrela nova e seu barato que só Deus sabe lá no firmamento Rebento, Tudo que nasce é rebento Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra Rebento, claro, como flor na pedra Rebento, farto, como trigo ao vento Outras vezes rebento simplesmente No presente do indicativo Como a corrente de um cão furioso Ou as mãos de um lavrador ativo Às vezes mesmo perigosamente Como acidente em forno radioativo Às vezes, só porque fico nervosa, rebento Às vezes, somente porque estou viva Rebento A reação imediata A cada sensação de abatimento Rebento O coração dizendo: bata! A cada bofetão do sofrimento Rebento, esse trovão dentro da mata E a imensidão do som desse momento GIL, Gilberto. Mestres da MPB. Warner Music Brasil, 1992. 2. A palavra rebento aparece várias vezes ao longo do texto, sendo substantivo em algumas delas. No entanto, há versos em que essa palavra não aparece como substantivo. Qual é a classe gramatical de rebento quando não é substantivo? Transcreva um verso para exemplificar. (0,5) 3. Releia os versos seguintes: Tudo que nasce é rebento / Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra Há nesses versos uma figura de construção (sintaxe). Como se chama? Em que consiste? (0,5) 4. Há outros substantivos na música, tanto concretos quanto abstratos. a) Retire dois substantivos concretos e dois abstratos. (0,5) b) Como se diferenciam os substantivos concretos dos abstratos? (0,5) 5. Locuções adjetivas são estruturas, compostas por preposição mais nome, que equivalem a adjetivos. Muitas delas são cotidianamente utilizadas, como em brinco de ouro, problema de coração. Observe os exemplos abaixo, retirados da música: I. mãos de um lavrador ativo II. trovão dentro da mata Apenas um dos termos destacados é uma locução adjetiva. Indique qual é e justifique sua resposta. (0,5) 6. Leia um trecho da matéria intitulada Uma senhora delegada. Uma senhora delegada Ela comanda o distrito mais nobre da cidade. Rápida no gatilho, em apenas um ano Elisabete Sato quadruplicou o número de inquéritos esclarecidos na região dos Jardins “Mulher, 1,58 metro, mestiça e filha de tintureiro? Jamais vou conseguir passar!” Apesar de todas as inseguranças explícitas na frase, proferida há quinze anos, a paulistana Elisabete Ferreira Sato arrombou com louvor (e sem violência!) a porta de mais um clube do Bolinha. Venceu o concurso público para a carreira de delegado de polícia em 1989 e, hoje, integra o pequeno grupo de sete delegadas titulares existentes na cidade – os outros 86 distritos são chefiados por homens. Elisabete comanda o 78º DP, no coração dos Jardins. Veja São Paulo. São Paulo: Abril, n. 11, ano 37, 17 mar. 2004. a) Observe atentamente o título dessa matéria: ele apresenta duas leituras possíveis, dois sentidos. Explicite esses sentidos. (1,0) b) Após a leitura da matéria, é possível perceber com clareza qual dos sentidos foi pretendido pelo autor. Justifique essa afirmação. (0,5) 7. Para achar graça da tira a seguir, é preciso perceber que uma das palavras traz uma informação pressuposta. a) Diga que palavra é essa e qual a sua classificação gramatical, justificando-a. (0,5) b) Qual a informação pressuposta pelo cartunista para produzir o efeito de humor? (0,5) c) Que elementos da tira comprovam sua resposta à segunda questão? (0,5) 8. (Unicamp – 2010 - adaptada) Nessa tirinha da famosa Mafalda do argentino Quino, o humor é construído fundamentalmente por um produtivo jogo de referência. a) Explicite como o termo ‘estrangeiro’ é entendido pela personagem Mafalda e pelo personagem Manolito, explicitando as diferenças gramaticais existentes entre eles. (0,5) b) Identifique duas palavras que, nessa tirinha, contribuem para a construção desse jogo de referência, explicando o papel delas. (0,5) 10. (...) Tudo quieto, o primeiro cururu surgiu na margem, molhado, reluzente na semiescuridão. Engoliu um mosquito; baixou a cabeçorra; tragou um cascudinho; mergulhou de novo (...). Daí a pouco, da bruta escuridão, surgiram dois olhos luminosos, fosforescentes, como dois vaga-lumes. Um sapo-cururu grelou-os e ficou deslumbrado, com os olhos esbugalhados presos naquela boniteza luminosa. Os dois olhos fosforescentes se aproximavam mais e mais, como dois pequenos holofotes na cabeça triangular da serpente. O sapo não se movia, fascinado. (Lima, Jorge de. Calunga) a) Explique a importância dos adjetivos atribuídos aos olhos da cobra na construção dos sentidos desse texto. (0,5) b) Justifique o emprego do artigo definido o na última frase do texto. (0,5) c) Que palavras do texto são responsáveis por indicar que em cada momento do texto fala-se de um sapo diferente? Justifique. (0,5) 2º BIMESTRE 1. (UFSCar) AUTO-ESTIMA "Fiz a cirurgia com 16 anos. Não fiz pelas outras pessoas, fiz para me olhar no espelho e me sentir bem (...) Eu sinto como se o meu corpo tivesse absorvido o silicone, como se o peito fosse meu mesmo. E é: meu pai pagou e ele é meu." C. S., 17, sobre cirurgia plástica que fez nos seios, ontem na Folha. (Folha de S. Paulo) Refletindo sobre o emprego dos pronomes possessivos em português, responda: a) Como, no texto, pode ser definido o sentido de posse presente na expressão "como se o peito fosse meu mesmo"? (0,5) b) E como pode ser definido o sentido de posse na expressão "E é: meu pai pagou e ele é meu"? (0,5) 2. (Fuvest) Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. A obesidade não foge à regra. Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século 19, quando proliferaram os aglomerados urbanos e a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa que levavam. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV. Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e da hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas: infectam crianças, mulheres ou homens, não para puni-los ou vê-los sofrer, mas porque pretendem crescer e multiplicar-se como todos os seres vivos. Tanto se lhes dá se o organismo que lhes oferece condições de sobrevivência pertence à vestal ou ao pecador contumaz. (...) (Drauzio Varella, Folha de S. Paulo) a) Crie uma frase com a palavra “obesidade” que possa ser acrescentada ao final do 2º parágrafo sem quebra de coerência. (0,5) b) Fazendo as adaptações necessárias e respeitando a equivalência de sentido que a expressão “Tanto se lhes dá (...)” tem no texto, proponha uma frase, substituindo o pronome lhes pelo seu referente. (1,0) 3. (UFSCar) Considere a tirinha. (www.custodio.net) Na situação comunicativa em que se encontram, os personagens valem-se de uma variedade linguística marcada pela informalidade. Reescreva as frases a seguir, adequando-as à norma padrão, e justifique as alterações realizadas. a) — Onde ele foi? — e — Vai onde for preciso! (0,5) b) — Você conhece ele... — e — A gente tem camisa pro frio? (0,5) 4. (Unifesp - adaptada) Leia o texto. Jesus, que barriga De um lado a luz, na forma de uma sorridente e radiante Gisele Bündchen, 28 anos, que em seu único desfile na semana de moda em São Paulo exibiu a beleza simpática de costume — sempre com roupas estrategicamente soltinhas. De outro, na mesma passarela, a cara fechada e o peito aberto de Jesus Luz, 22, não namorado de todo mundo sabe quem. (Veja, 24.06.2009.) a) Tendo como referência o uso coloquial e interjetivo que as pessoas fazem da palavra Jesus e o texto apresentado, faça duas interpretações possíveis e coerentes para a frase Jesus, que barriga. (0,5) b) Tomando como parâmetro a referência ao semblante das personalidades citadas, nomeie a relação de sentido estabelecida entre eles, utilizando termos que justifiquem sua resposta. (0,5) c) Há, no texto, a ocorrência de um pronome relativo com função anafórica. Retire a oração em que ele ocorre e indique a que termo ele se refere. (1,0) 5. Uma das figuras de linguagem que existe é a hipérbole, responsável pelo exagero nas informações. Leia os dois trechos de poema dispostos abaixo: Texto I Britada em bilhões de lascas deslizando em correia transportadora entupindo 150 vagões no trem-monstro de 5 locomotivas - o trem maior do mundo, tomem nota – foge minha serra, vai deixando no meu corpo e na paisagem mísero pó de ferro, e este não passa. (Andrade, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa) Texto II Nos tempos de meu pai, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inxerorabilíssimos trabalhos! (Anjos, Augusto dos. www.secrel.com.br) a) Em qual dos dois textos ocorre emprego hiperbólico de numerais? Justifique sua resposta. (0,5) b) No texto I, o poeta utiliza pronomes que o aproximam dos elementos de que fala. Quais são esses pronomes e por que criam essa relação de proximidade? (0,5) c) Há, nos textos acima, duas ocorrências do pronome demonstrativo este, mas em cada uma delas ele estabelece uma relação distinta com o termo com que dialoga. Explique essa diferença. (0,5) 6. Leia a seguir um trecho do texto O discurso final, extraído do filme O grande ditador: No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou um grupo de homens (...)! (Charles Chaplin) Explique, nesse contexto, a diferença de sentido entre “o homem” e “um homem”. (0,5) 7. Observe o anúncio abaixo: (Extraído de <http://4.bp.blogspot.com/_1M7G8mKSxXs/SHU-uviG4FI/AAAAAAAAADI/3XLLcchmOss/s400/BUblog.jpg>) a) Qual o significado comumente atribuído à interjeição BU!? (0,5) b) Relacione a interjeição com o subtítulo da peça, Um olhar adulto sobre a criança que há em nós. È possível supor o tema de que trata essa montagem? Justifique sua resposta. (0,5) 8. Considere o trecho de notícia abaixo, que fornece informações sobre a declaração de bens obtidos por meio de herança: Herdeiro deve fazer avaliação cuidadosa Os contribuintes que têm inventário em andamento, cujas mortes ocorreram até 31 de dezembro de 97, precisam ficar atentos. Como a Instrução Normativa nº 53 (...) atinge inventários em andamento, passa a ser fundamental avaliar o valor dos bens declarados pelo espólio (conjunto de bens deixados pela pessoa que morreu). (Folha de São Paulo) No primeiro parágrafo, o emprego inadequado de um pronome possibilita uma interpretação absurda do sentido da frase. a) Identifique esse pronome e dê sua correta classificação. (0,5) b) Explique qual seria a interpretação absurda. (0,5) c) O que o redator pretendeu dizer ao redigir o primeiro parágrafo? (0,5) 3º BIMESTRE 1. (Unesp) Procura da Poesia Não faças versos sobre acontecimentos, Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. (...) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. (...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? (Carlos Drummond de Andrade) Nos fragmentos do poema, há vários verbos empregados na 2ª pessoa do modo imperativo, pressupondo o sujeito tu. a) Transcreva esses verbos. (0,5) b) Ponha os verbos transcritos, na 3ª pessoa, pressupondo o sujeito você. (0,5) 2. (FGV) Não existe liberdade sem independência financeira. Ter um currículo turbinado ou uma rede de relacionamentos em dia pode perder o valor se você não tiver também uma reserva financeira para sobreviver num momento de transição de emprego. ("Você s/a", setembro.) Reescreva o trecho - se você não tiver também uma reserva financeira para sobreviver -, substituindo a) o conectivo SE por a.1. caso; (0,25) a.2. a menos que; (0,25) b) o verbo ter pelo verbo DISPOR. (0,5) 3. Como é sabido, os jornais criam manchetes para suas notícias com a intenção de chamar a atenção dos leitores. Suponha que, no dia seguinte ao de um jogo entre Corinthians e Flamengo, dois jornais tragam as seguintes manchetes: Jornal A: Corinthians vence o Flamengo no Maracanã. Jornal B: Flamengo é vencido pelo Corinthians no Maracanã. a) Em que voz verbal está cada uma das manchetes? Explique. (0,5) b) Qual das manchetes dá mais destaque ao Flamengo e qual dá mais destaque ao Corinthians? Justifique sua resposta. (0,5) c) Levando em conta as respostas dadas nos itens anteriores, explique a importância do mecanismo das vozes verbais no uso cotidiano do idioma. (0,5) 4. (Unicamp) A leitura atenta do poema de Mário Quintana transcrito a seguir permite que se identifiquem, de maneira clara, referências a dois momentos diferentes: o presente e o passado. Pesquisa Na gostosa penumbra da Biblioteca Municipal leio velhos jornais e dos anúncios prescritos das novidades caducas dos poetas mortos há tanto tempo que aparecem de novo estreantes das ferocíssimas batalhas políticas do ano 1910 - brotam como balões meus sábados azuis. as horas bebidas aos goles (num copo azul) e as ruas de poeira e sol onde bailam sozinhos o meus sapatos de colegial. a) Transcreva palavras e expressões do poema que remetem a esses dois momentos. (0,5) b) Como se explica que, no poema, formas verbais no presente possam fazer referência tanto ao tempo presente quanto ao tempo passado? (0,5) 5. Compare as duas orações seguintes: I. O pesquisador pretende estudar as plantas medicinais que existem naquela floresta. II. O pesquisador pretende estudar as plantas medicinais que existam naquela floresta. Explique, com base nos tempos e modos verbais dos verbos em negrito, a diferença de sentido que há entre essas duas orações. (0,5) 6. Considere o texto publicitário a seguir. Mude seu banheiro da água para Harpic Descubra o frescor e a praticidade do novo Harpic Tablete. É só jogá-lo na caixa acoplada e dar descarga para ter o seu vaso limpo por até 200 descargas. Experimente e descubra: banheiro bom é o que tem Harpic. Confie no especialista. Casa Claudia. São Paulo: Abril, ano 26, n. 10. out. 2002. a) O texto da propaganda utiliza um recurso bastante recorrente em anúncios publicitários, quanto ao emprego de verbos. Diga que recurso é este e que efeito de sentido ele provoca no leitor. (0,5) b) Se essa propaganda fosse criada para uma edição em Portugal, a forma de tratamento com o leitor mudaria. Sendo assim, reescreva todos os verbos que sofreriam mudança, adequandoos ao uso lusitano. (0,5) 7. O pretérito perfeito do indicativo é geralmente usado para descrever fatos ou estados concluídos no passado e em algum momento anterior ao instante em que se fala. Considere as frases a seguir e diga se esta característica do perfeito do indicativo se aplica a elas. (1,0) “Viu, gostou, levou” (Anúncio publicitário) “Pensou persiana, lembrou Columbia” (Anúncio publicitário de persianas) “Ajoelhou, tem que rezar” (Dito popular) Leia o texto abaixo para responder as questões 8 e 9. Vamos parar de estar falando besteira? O gerúndio toma conta do besteirol telefônico Você liga para um serviço qualquer via telefone, pede uma informação, e a voz do outro lado responde: “O sr. pode aguardar um pouco, que eu vou estar anotando seu pedido?”. Você liga o rádio, e um especialista do Procon ensina ao consumidor o que fazer no caso de saques irregulares na conta corrente: “Primeiro, ele deve estar providenciando um boletim de ocorrência. Depois, deve estar procurando o Procon para as medidas cabíveis.”. Estar verificando, estar enviando, estar aguardando, estar batendo o telefone, estar desligando o rádio, porque não dá mais para aguentar tanto gerúndio. Vou verificar, o sr. deve aguardar, eu bato o telefone e desligo o rádio porque não aceito mais essa deformação que está em curso na pobre língua pátria, vítima de tantas agressões. [...] Tudo bem, ao longo dos anos a gente vem aguentando “poblema”. “pobrema”, “nóis vai”, “solvete”, “pograma”, “muié”, “cumê”, “durmi” etc. Afinal, como diria o Manuel Bandeira, essa é a “língua certa do povo”, e esse povo é inculto mesmo. Agora, ter que ficar aturando uma enxurrada de gerúndios desnecessários e enervantes, que só servem para desvirtuar a musicalidade e a eficiência de nossa língua, aí já é demais. Principalmente porque essa mania contaminou gente de um certo nível escolar: secretárias, atendentes de telemarketing, funcionários de empresas de cartões de crédito, serviços de informação em geral e até um ou outro radialista. Ou seja, gente que deveria saber e poderia falar corretamente. CAVERSAN, Luiz. Coluna Pensata. Folha Online, 14 out. 2000. (Fragmento). 8. Luiz Caversan, no texto transcrito, trata da inadequação de uma construção gramatical comumente utilizada por secretárias, atendentes de serviços telefônicos e “até um ou outro radialista”. a) Qual é a inadequação? (0,5) b) Explique, do ponto de vista gramatical, em que consiste esta inadequação. (0,5) c) Qual seria a construção gramatical correta a ser utilizada nestes casos? (0,5) 9. Quando diz “esse povo é inculto mesmo”, por falar “poblema”. “pobrema”, “nóis vai”, “solvete”, “pograma”, “muié”, “cumê”, “durmi”, Luiz Caversan faz uma afirmação preconceituosa do ponto de vista linguístico. Com base no que estudou sobre variação linguística, explique por que tal afirmação é inadequada. (0,5) 10. Josué Machado, no texto abaixo, aponta um equívoco com relação ao uso do verbo haver cometido por um redator paulista. Humor involuntário — novidade revolucionária mesmo foi a expressão publicada num jornal de São Paulo: “daqui há algum tempo”. Assim, com “há”, referindo-se ao futuro. Como a matéria não pretendia ser de humor, pode-se imaginar que o repórter, o editor e o revisor talvez tenham cabulado juntos, de mãos dadas, as aulas sobre o verbo haver. MACHADO, Josué. Manual da falta de estilo. São Paulo: Best Seller, 1994. (Fragmento). a) Em que consiste o equívoco? Justifique sua resposta com uma passagem do texto. (0,5) b) Reescreva o trecho da maneira correta, justificando sua resposta. (0,5) 4º BIMESTRE Leia atentamente o cartaz a seguir, utilizado para angariar fundos para um asilo, para responder as questões de 1 a 3. 1. Analise a expressão “velhos amigos”. a) Como se classificam, quanto à classe gramatical, as palavras dessa expressão? (0,5) b) Haveria mudança nessa classificação se a ordem fosse invertida? Por quê? (0,5) c) E o sentido, mudaria com a inversão? Justifique. (0,5) 2. Por se tratar de um texto persuasivo, há uma estratégia para atingir o leitor. A escolha do modo verbal também faz parte dessa estratégia? Justifique sua resposta. (0,5) 3. No texto, há duas ocorrências do vocábulo “a”. Pergunta-se: ele pertence à mesma classe gramatical nos dois casos? Justifique. (0,5) 4. Leia a propaganda a seguir. É possível fazer duas interpretações da expressão “Curta viagem”. a) Quais são elas? (0,5) b) Qual é o termo que possibilita essas duas interpretações? Como pode ser classificado em cada uma delas? (0,5) 5. Leia os textos a seguir. Texto 1 Aquele que se deixa prender sentimentalmente por criatura inteiramente destituída de dotes físicos, de encanto, ou graça, acha-a extraordinariamente dotada desses mesmos dotes que os outros não lhe veem. FERNANDES, Millôr. Provérbios modernizados. In.: Lições de um ignorante. 3. ed. Rio de Janeiro: Jozé Alvaro Editor, 1967. Texto 2 A pessoa mais-atraente-do-que-a-média adormecida Há muito, muito tempo, havia um rei e uma rainha, um casal igualitário em seus direitos e deveres, que dividia tudo, inclusive o desejo de ter um bebê [...]. O corpo [da rainha] foi colonizado pela semente da monarquia masculina exploradora. Nove meses mais tarde [...] uma saudável e cor-de-rosa pré-mulher foi bem-vinda ao castelo. GARNER, James F. Mais contos de fadas politicamente corretos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. (Fragmento). Os dois textos transcritos são variações, respectivamente, do provérbio “Quem ama o feio bonito lhe parece” e do início do conto de fadas “A bela adormecida”. Criados para provocar um efeito de humor, valem-se de uma mesma estratégia, mas com intenções e resultados diferentes. a) Qual a estratégia utilizada? Comprove com elementos do texto. (1,0) b) Que efeitos são obtidos em cada um dos casos? (0,5) 6. (Unicamp) Em transmissão de um jornal noturno televisivo (RedeTV, 7/10/2008), um jornalista afirmou: “Não há uma só medida que o governo possa tomar.” a) Considerando que há duas possibilidades de interpretação do enunciado acima, construa uma paráfrase para cada sentido possível de modo a explicitá-los. (0,5) b) Compare o enunciado citado com: Não há uma medida que só o governo possa tomar. O termo ‘só’ tem papel fundamental na interpretação de um e outro enunciado. Descreva como funciona o termo em cada um dos enunciados. Explique. (0,5) 7. (FUVEST) Leia os seguintes versos, extraídos de uma canção de Dorival Caymmi. Balada do rei das sereias O rei atirou Sua filha ao mar Foram as sereias... E disse às sereias: Quem as viu voltar?... - Ide-a lá buscar, Não voltaram nunca! Que se a não trouxerdes Viraram espuma Virareis espuma Das ondas do mar. Das ondas do mar! a) Aponte, na fala do rei (primeira estrofe), um efeito expressivo obtido por meio do emprego da segunda pessoa do plural. (0,5) b) Sem alterar o sentido, reescreva a fala do rei, passando os verbos para a 3a. pessoa do plural e substituindo, por outra, a conjunção que. (0,5) 8. A pintora mexicana Frida Kahlo viveu entre 1907 e 1954. Durante sua agitada vida, teve relacionamentos amorosos com diversas personalidades da época, entre as quais o pintor Diego Rivera. Leia um trecho de reportagem a respeito da artista. Até Madonna quis interpretar o papel de Frida Kahlo no cinema Madonna já se imaginou como Frida mais de uma vez. Chegou a escrever para os familiares da pintora, dizendo ser morena como ela e que gostaria de filmar sua vida com Robert de Niro. Bem, por enquanto é projeto. Madonna só precisaria deixar de lado a água oxigenada. De Niro teria de deixar crescer novamente a barriga para ser Diego Rivera. (O Estado de São Paulo) No segundo período do texto, há duas ambiguidades: uma relacionada ao pronome possessivo, outra referente ao emprego da preposição com. a) Explique os dois sentidos de cada uma dessas ambiguidades. (0,5) b) Levando em conta dados do contexto e fazendo as mínimas alterações, reescreva o segundo período, de modo a tornar claro o sentido pretendido pelo jornal. (0,5) 9. Em um manual sobre o funcionamento de um filtro de água de piscina lia-se, alem de outras explicações, o seguinte: Pré-filtrar – Essa operação é executada após a de lavar, antes de filtrar, a fim de impedir que pequenas impurezas no sistema drenante não retornem à piscina. Um descuido na redação desse texto acabou gerando certa confusão de sentido. a) Segundo o que o redator pretendeu dizer, qual a finalidade da operação pré-filtrar? Que elemento linguístico é responsável por indicar essa finalidade? (0,5) b) Para que o texto possua clareza, é necessário excluir dele um verbo ou um advérbio. Escreva-o duas vezes, excluindo, em cada versão, uma dessas palavras. (0,5) 10. Observe a tirinha abaixo: (Extraída de <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/morfologia/imagens/conjuncao.jpg>) a) Com base no sentido global da tirinha, explique o sentido do adjetivo morto. (0,5) b) No segundo balão, há a ocorrência de uma conjunção e. Explique a relação de sentido introduzida por ela e reescreva essa oração, substituindo a conjunção e por outra de sentido equivalente. (0,5) 13