MUNDO LIVRE S/A Guitarra e Voz: Fred Zero quatro Baixo: Fabio Malandragem Bateria: Tony Regalia Teclados e Guitarra: Bacteria Maresia Percursao: Marcelo Pianinho A história do Mundo Livre S. A. começa no início dos anos 60, em Jaboatão dos Guararapes. Foi nessa cidade vizinha ao Recife que nasceu Fred Rodrigues Montenegro, hoje mais conhecido por “Zero Quatro”. Sua biografia dos tempos pré-música é a de qualquer criança de classe média da época. Ou seja, ele jogou futebol, ganhou um monte de irmãos, e cantou o hino nacional no pátio da escola, no caso o Colégio Militar, cujas marchas ainda hoje costuma cantar em noites de embriaguez. Da infância e adolescência em Jaboatão, veio uma de suas futuras paixões: na vitrola da sala de estar, Jorge Ben já fazia o líder do Mundo Livre delirar com sua alquimia de samba, rhythm and blues, baião e o que mais viesse. Foi em Jaboatão, também (mais especificamente no bairro de Candeias), que, ainda um teenager, ele descobriu o poder dos palcos. A memória mostra nosso herói junto com os amigos numa churrascaria, assistindo ao show de uma banda terrível quando, de repente, foi convidado para tocar pela primeira vez numa guitarra de verdade. Mágica! Daí em diante, ter uma banda passou a ser uma obsessão... Seu primeiro grupo de verdade foi o "Trapaça". Estamos no início dos anos 80, época da explosão do punk brasileiro. A influência de bandas do ABC paulista como "Cólera", "Olho Seco" e "Inocentes", provocou o fim precoce do Trapaça e o surgimento de sua segunda banda, a "Serviço Sujo". Gritando toda a paranóia em letras inspiradas no 1984 de George Orwell, Fred desfilava alfinetes, coturnos, uma velha e surrada pasta 007 e camisas pretas com slogans do tipo "Abaixo a Poesia”. Desfilava, também, um novo codinome: surgia o “Rato”, um sujeito e um som muito à frente de uma Recife fascinada (uma minoria) e indiferente ou francamente hostil (o vasto rebanho). O tédio dos anos 80 deixou a raiva do punk amadurecer, se transformar num cinismo calculado, e, assim, o "Serviço Sujo" deu lugar ao “Mundo Livre S. A.”, um nome de clara inspiração Malcom Mclareana, destinado a ridicularizar a guerra fria revisitada da presidência Reagan e as engrenagens da indústria do disco. O "rato" dos primórdios do punk se transformou, então, em "Zero Quatro", disfarce inspirado nos dois últimos algarismos de sua cédula de identidade. No começo nada dava muito certo para o Mundo Livre. O equipamento não ajudava, o público não entendia, os shows em geral terminavam de maneira caótica. Recife parecia perdida no mapa da música Pop. Junto com dois dos seus cinco irmãos, o baixista Fábio Goró, e o baterista Tony Maresia, o band leader ia se convencendo cada vez mais de que tinha montado a banda certa no lugar errado. Foi só no início da década de 90 que a má sorte começou a mudar: Zero encontrou, através de amigos comuns, Chico Science, Jorge Dü Peixe e vários outros futuros Nação Zumbi. No convívio com esses camaradas ajudou a construir o movimento musical mais importante do Brasil em longos e longos anos. O Mangue fincou uma parabólica na lama e transformou o Recife numa outra cidade, a “manguetown”. A partir daí, a história se acelerou e se tornou mais pública. Zero escreveu o primeiro manifesto do movimento e, com o Mundo Livre, amadureceu a sua peculiar mistura de samba e punk-rock, resumido na equação "Jorge Ben e Johnny Rotten no mesmo groove". Em 94 saiu o disco de estréia da banda, o clássico "Samba Esquema Noise", considerado por boa parte da crítica "disco do ano" e "disco da geração 90". Depois foi a vez do "Guentando a Ôia" ( 96 ) e "Carnaval na Obra" ( 98 ), também sucessos de crítica e de público, não obstante a absurdamente precária distribuição, que vem se refletindo em vendagens não condizentes com a popularidade do grupo. Em 97, Zero co-escreveu o segundo manifesto Mangue, “Quanto Vale uma Vida?”, lançado logo depois do acidente de carro que vitimou Chico Science. A morte do companheiro malungo não arrefeceu os ânimos do Mundo Livre, que continuou se apresentando nos principais palcos brasileiros. Festivais e shows em Nova Iorque, Paris, Lisboa e na Cidade do México se encarregaram de espalhar os comunicados sonoros do subcomandante Zero Quatro e de seus liderados para o resto do planeta. "Por Pouco", o quarto disco do Mundo Livre ganhou as lojas no segundo semestre do ano 2000. O título faz referência a esse eterno gozo interrompido que parece dominar a vida brasileira. É o trabalho supostamente mais comercial do grupo, na verdade, uma aula de política, onde os ajustes “comerciais” - a voz colocada em primeiro plano, por exemplo - servem muitas vezes para deixar transparentes aspectos mais subversivos - as letras detonando guerras, muros econômicos e intervenções “humanitárias”. “Por Pouco” ganhou o prêmio de melhor disco do ano da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Abalada "Meu Esquema" foi escolhida como tema do programa "Tudo de Bom", da MTV,apresentado semanalmente de New York pela estrela Luana Piovani. A faixa também foi apontada por um batalhão de críticos - convidados pela revista Showbizz - como uma das três melhores músicas do ano 2000. Em 2001, a banda teve destaque em importantes festivais, como o Abril Pro Rock (tocando em Recife e São Paulo), Porão do Rock (Headline da primeira noite, para cerca de 30 mil pessoas, em Brasília) FreeZone (Rio) e Free Jazz Project (São Paulo, fechando o evento no Tom Brasil) e Pernambuco Mix. Em 2003, o Mundo Livre S/A fez uma pequena turnê na Europa (Chiasso,Lugano,Paris) e em Nova Iorque (Lincoln Center Festival) e finalizou o quinto CD de sua carreira, “O Outro Mundo de Manuela Rosário”. Em 2004 recebeu o “Prêmio Dynamite de Música Independente” por melhor disco de MPB. O sexto disco, "Bebadogroove", saiu em 2005, com ótima repercussão de toda a crítica, tanto que a banda recebeu convites pra vários festivais importantes, terminando por abrir dois shows da banda The Strokes (RIO e SAMPA) no Tim Festival, como principal atração nacional. Nesse mesmo ano a banda fez uma apresentação no Palácio do Planalto, quando recebeu das mãos do Presidente Lula e do ministro Gilberto Gil uma importante comenda, a Ordem do Mérito Cultural. 2006 foi um ano em que a banda teve várias músicas incluídas em coletâneas européias. A música "Meu Esquema" se tornou hit de rádio em Portugal, sendo lançada pela EMI em países como Itália, Suiça, Alemanha, Holanda, etc. No ano seguinte, essa mesma canção foi escolhida como tema da campanha de verão da Azaléia, na TV aberta, em todo o Brasil. Nos Estados Unidas, foi selecionada para abrir a coletânea SAGATIBA- THE PURE SPIRIT OF BRAZIL, que também continha sucessos de Bebel Gilberto, Seu Jorge, etc. Hoje, o Mundo Livre é uma unanimidade na música brasileira do novo milênio. A edição especial de aniversário do primeiro ano da revista Rolling Stone Brasil, lançada em outubro de 2007, publicou uma seleção dos 100 melhores discos brasileiros de todos os tempos. Junto com Chico Science e Nação Zumbi, a Mundo Livre S/A é um dos raríssimos artistas nordestinos eleitos na enquete realizada com mais de 50 especialistas. E o melhor, dois discos da banda entraram na seleção: Samba Esquema Noise (94) e Carnaval Na Obra (97). As letras de Zero Quatro, narrando com rara poesia assuntos tão diversos como a globalização, as desventuras do Timor Leste ou as musas de biquini branco, estão entre as melhores do pop nacional. E ninguém no Brasil póscolapso da modernização desvenda melhor os mistérios do samba que esses pernambucanos. Que venham, então, os próximos capítulos das aventuras do subcomandante Zero Quatro e seu mundo livre s/a ... Release extraído de www.mundolivresa.com Link para vídeo da música Azia Amazônica http://www.youtube.com/watch?v=Kte4mWVrKHI