1 Eficácia da carboxiterapia, galvanopuntura e peeling químico no combate a atrofia linear cutânea - Estrias Karolyne souza farias1 Dayana priscila maia meija² e-mail [email protected] Pós-graduação em dermato-funcional – Faculdade Ávila Resumo A atrofia linear cutânea, mais conhecida como estrias, acomete uma grande parte da população, são frequentemente observadas em homens e mulheres, porém esse problema dermatológico é mais comum no sexo feminino. O artigo consiste em uma revisão de literatura, referente à eficácia da carboxiterapia, galvanopuntura e peeling químico e qual o resultado mais satisfatório no combate a atrofia linear cutânea, da Pós-graduação em dermato-funcional. O objetivo é identificar qual dos três tratamentos é o mais eficaz para minimizar ou até mesmo acabar com as estrias. A metodologia utilizada neste trabalho foi uma revisão de literatura, baseada em livros e revistas específicos sobre o tema abordado e artigos selecionados em banco de dados Lilacs, Bireme, Caps, Pubmed, Scielo. Conclui-se que há um resultado satisfatório nas três técnicas abordadas, entretanto sugere-se que sejam realizados novos estudos, pela escassez de literatura referente ao assunto dentro da Fisioterapia. Palavras-chave: Estrias; Carboxiterapia; Eletrolifting e Peeling 1. Introdução A fisioterapia vem adquirindo cada vez mais espaço em todas as suas áreas de atuação, especialmente em Dermato-funcional, que é uma área relativamente nova e vem dando embasamentos e buscando evidências para que o fisioterapeuta possa utilizar vários recursos em patologias. A atrofia linear cutânea, é um problema dermatológico que caracteriza-se por atrofia na pele de comprimento e larguras variáveis, perda da elasticidade e colágeno na derme, deixando a pele no início avermelhada, e com o tempo esbranquiçada nas regiões afetadas, com aspecto de pele envelhecida. Acomete boa parte da população, tanto homens como mulheres, além das estrias serem desagradáveis aos olhos no ponto de vista estético, acarretam alterações comportamentais e emocionais, além de levar a uma baixa-estima, impedindo assim a completa harmonia entre corpo e mente. Existem varias tratamentos para a atrofia linear cutânea, mais iremos abordar somente três: a carboxiterapia, galvanopuntura e peeling químico, para identificarmos qual deles obtém o melhor resultado, se podemos acabar com as estrias, ou somente atenuar sua aparência. A carboxiterapia é um recurso que por meio de estímulos elétricos, juntamente com a introdução de gás carbônico, provoca um processo inflamatório, e consequentemente a pele responde com edema e hiperemia a fim de aumentar a replicação dos fibroblastos e produção de colágeno e elastina, e ainda aumenta a nutrição local, esse método provoca uma pequena agressão na epiderme sobre as estrias. Na galvanopuntura, ocorre quase a mesma coisa, com a diferença que não o gás carbônico. O peeling químico consiste na aplicação de ácidos que promovem a descamação da epiderme e derme, causando a regeneração do tecido, resultando numa pele renovada. Esse trabalho foi proposto com a finalidade de realizar uma revisão de literalura sobre três técnicas de tratamento para estrias, com o intuito de esclarecer e fornecer 1 Pós-graduando em dermato-funcional ² Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde 2 mais fontes de pesquisa para fisioterapeutas, haja vista a escassez de artigos que relatam o aludido assunto. 2. Materiais e Métodos A metodologia utilizada neste trabalho foi uma revisão de literatura, pesquisa baseada em artigos selecionados em banco de dados Lilacs, Bireme, Caps, Pubmed, Scielo, por meio dos unitermos: estrias, carboxiterapia, peeling, eletrolifting. Os critérios de inclusão referente aos anos de publicação foram de 1994 a 2012, além de livros e revistas específicos sobre o tema abordado. Algumas exceções para os anos supra citados, devido haver conteúdo relevante sobre o assunto abordado. Há critérios de exclusão quanto aos anos de publicação fora do período citado. A pesquisa deste trabalho foi realizado no período de março de 2010 a fevereiro de 2012. 3. Fundamentação Teórica 3.1 Sistema Tegumentar O sistema tegumentar é constituído pela pele e tela subcutânea, juntamente com os anexos cutâneos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Para Ozório (2005) apud Junqueira & Carneiro (1999), a pele é um órgão protetor e impermeável à água, que isola os componentes internos dos componentes do meio externo. Contêm em sua estrutura terminações nervosas e sensitivas e participa da regulação térmica corporal sendo indispensável para a manutenção da homeostase humana e sobrevivência. É constituída, de acordo com o autor, por uma superfície externa, a epiderme; e uma parte profunda, a derme. Logo abaixo da derme, encontra-se um tecido celular subcutâneo, a hipoderme, que une a pele aos órgãos subjacentes. O tegumento recobre toda a superfície do corpo e é constituído por uma porção epitelial, a epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme, tela subcutânea, que embora tenha a mesma origem e morfologia da derme não faz parte da pele, a qual é formada apenas por duas camadas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 3.2 Pele A pele é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, e que isola os componentes orgânicos do meio externo. Constitui-se em complexa estrutura de tecidos várias naturezas, dispostos e inter-relacionados de modo a adequar-se, de maneira harmônica, ao desempenho de suas funções (SAMPAIO E RIVITTI, 2001). A pele é formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se arranjam em três camadas distintas: a epiderme, a derme e a hiporderme. Esta ultima não é considerada por muitos autores como parte integrante da pele, embora seja estudada dentro do sistema tegumentar (KEDE; SABATOVICH, 2004). A pele ou cútis, é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, e que isola os componentes orgânicos do meio exterior. Constitui-se em complexa estrutura de tecidos de várias naturezas, dispostos e inter-relacionados de modo a adequar-se, de maneira harmônica, ao desempenho de suas funções (SAMPAIO; RIVITTI, 2001). É composta de duas camadas principais: 1) a epiderme, camada superficial composta de células epiteliais intimamente unidas e 2) a derme, camada mais profunda composta por 3 tecido conjuntivo denso irregular. Apresenta múltiplas funções, entre as quais a proteção contra agentes físicos, químicos e biológicos do ambiente, e ser relativamente impermeável, graças à camada de queratina (córnea) que recobre a epiderme (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Para O’Sullivan & Schimitz (1993), além de todas as funções já citadas da pele, ela é denominada como o maior órgão corporal, compreendendo 15% do peso total de um indivíduo. Atua na regulação e conservação dos fluídos corporais, regulação térmica, excreção do suor e eletrólitos, secreção sebácea para lubrificação, síntese de vitamina D, órgão sensorial e aspecto e individualização estética. A rica vascularização sangüínea da pele supera o necessário ao seu suprimento metabólico, fato justificado pelo papel que desempenha na regulação da temperatura, pressão arterial, cicatrização e fenômenos imunológicos. Os vasos sangüíneos da derme (arteríolas, capilares arteriais e venosos e vênulas) estão distribuídos em duas redes horizontais ligadas por vasos comunicantes; os vasos perfurantes dos músculos subjacentes dão origem ao plexo inferior, no limite com a hipoderme, deste derivam vasos que ascendem até o plexo superior e outros que suprem os anexos; o plexo superior ou subpapilar entre a derme papilar e a reticular, dá origem aos capilares das papilas dérmicas (SODRÉ; AZULAY & AZULAY, 1999). A pele é ainda dotada de unidades pilossebáceas (pêlo e glândula sebácea anexa) e de glândulas sudoríparas (écrinas e apócrinas). Denominam-se genericamente como anexos da epiderme, porque são constituídas por invaginações deste componente cutâneo. Epiderme e derme assentam sobre uma camada fibro-adiposa denominada hipoderme, constituída por septos fibrosos que prolongam a derme e por células adiposas (GUYTON, 1997). 3.3 Epiderme É constituída essencialmente por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. A porção mais profunda da epiderme é constituída de células epiteliais que se proliferam continuamente para que seja mantido o seu número. Tipicamente em todos os epitélios, não há vasos sanguíneos na epiderme, embora a derme subjacente seja bem vascularizada. (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A epiderme é formada pelas células epiteliais, ceratinócitos, onde reside uma das principais defesas do órgão contra a penetração de produtos exteriores. Integradas na epiderme encontram-se ainda os melanócitos, as células de Langherans que constituem a primeira linha de identificação imunitária das substâncias que franqueiam a epiderme e células sensoriais denominadas células de Merkel (TOMA, 2004). É a camada mais superficial, composta de epitélio estratificado e que está disposta em quatro camadas distintas: - Camada basal – é a camada mais profunda e assim denominada porque gera novas células apresenta intensa atividade mitótica. É responsável pela constante renovação da epiderme, fornecendo células para substituir aquelas que são perdidas na camada córnea. Nesse processo as células para partem da camada germinativa e vão sendo deslocada para as periferia até a camada córnea, num período de 21 a 28 dias. A superfície das células dessa estrato que se apóiam na membrana basal é irregular (GUIRRO e GUIRRO, 2002). - Camada espinhosa – a camada espinhosa tem de cinco a dez camadas de células basais à custa de um citoplasma amplo e eosinofílico, de formato poliédrico. Esta camada é assim denominada devido ao aspecto celular periférico que parece emitir espinhos considerados, antes da microscopia eletrônica, como comunicações intercelulares, mas que foram identificados como desmossomas, responsáveis pela grande coesão celular dos epitélios, resistentes a grandes trações e pressões. Os desmossomas não são estruturas fixas, demonstrado pela diferente velocidade de progressão de queratinócitos, quando marcados pela 4 tiamina triatiada (KEDE; SABATOVICH, 2004). - Camada granulosa – é a camada mais superficial da porção não-queratinizada da epiderme; suas células são alongadas e deve seu nome a presença de grânulos querato-hialinos intracelulares muito característicos. Estes grânulos são constituídos de proteínas ricas em cistina e histidina, e graças à intensa basofilia são facilmente visíveis à microscopia óptica (BANDIN, et al, 1998). - Camada lúcida – é constituída por várias camadas de células, achatadas e intimamente ligadas, das quais a maioria apresenta limites indistintos e perde todas as suas inclusões citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina. Esta é transformada em queratina assim que as células desta camada tornam-se parte da camada córnea. A camada lúcida é mais proeminente em áreas de pele espessa e pode estar ausente em outros locais. Não é observada com facilidade. Quando visível, tem o aspecto de uma linha clara, brilhante e homogênea; daí sua denominação (GUIRRO e GUIRRO, 2002). - Camada córnea- costuma haver uma transição abrupta entre as células nucleadas da camada granulosa e as células planas e anucleadas da camada córnea. Esta camada compreende de quatro a oito fileiras de células com limites citoplasmáticos indistintos e é toda eosinifílica, contrastando com a camada granulosa. É a porção mais variável em espessura, sendo bastante espessa nas regiões sujeitas a atrito como palmas e plantas (BANDIN, et al, 1998). 3.4 Derme A derme é uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre o qual se apoia a epiderme, comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situam-se as fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e ela é suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e órgãos do sentido. A derme apresenta variação considerável de espessura nas diferentes partes do corpo, sendo que sua espessura média é de aproximadamente 2 milímetros. Sua superfície externa é extremamente irregular, observando-se papilas dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A derme, de origem mesodérmica, é subdividida em dois componentes: a porção papilar e a porção reticular. O limite entre elas é dado pelo plexo vascular superficial, que se situa um pouco abaixo da base dos cones epidérmicos. A derme é formada por fibras colágenas, fibras elásticas e substância fundamental amorfa, todas produzidas pelos fibroblastos. Na derme encontram-se vasos, nervos e músculos eretores dos pêlos, alêm dos anexos cutâneos (KEDE; SABATOVICH, 2004). A derme é a camada interna e seu principal componente é uma proteína estrutural fibrilar denominada colágeno. Ela está localizada sobre o panículo, ou hipoderme, que é composto, principalmente, de lóbulos de lipócitos ou células adiposas (ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994). As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados (SAMPAIO, 2000). 3.4.1 Camada Papilar É delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo, e assim denominada porque as papilas dérmicas constituem sua parte mais importante (saliências que acompanham as reentrâncias 5 correspondentes da epiderme). Admitem alguns que a função das papilas é aumentar a zona de contato derme-epiderme, trazendo maior resistência à pele. Esta camada estende-se pouco abaixo das bases da papila, onde se une à camada reticular. Muitas papilas contêm alas capilares, outras contêm receptores sensoriais especializados que reagem a estímulos externos, como mudança de temperatura e pressão (GUIRRO e GUIRRO, 2002). A porção papilar continua-se, assim como a membrana basal, com a derme que circunda os anexos, daí ser denominada derme adverticial. Nela a maior número de fibroblastos e de capilares do que na derme reticular, e as fibras colágenas, constituídas principalmente por colágeno do tipo III, são mais finas, não se agrupando em feixes, como ocorre na derme reticular. (KEDE; SABATOVICH, 2004). 3.4.2 Camada Reticular É a mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso, e é assim denominada devido ao fato de que os feixes de fibras colágenas que compõem entrelaçam-se em um arranjo semelhante a uma rede (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Os feixes colágenos da derme reticular são formados por colágenos do tipo I, correm em vários sentidos, de forma que são cortados longitudinal, transversal e obliquamente, mas todos encontram-se em planos paralelos à superfície cutânea. Os feixes acham-se permeados por colágenos do tipo III e separados por espaços claros, pois a substância fundamental amorfa (proteoglicanos – proteínas ligadas, principalmente da pele), que os preenchia, é muito rica em água e removida durante o processamento histológico (KEDE; SABATOVICH, 2004). A camada papilar apresenta um suprimento sanguíneo bastante rico, onde um grupo de capilares se estende em alças para dentro do tecido conjuntivo (cristas), que se projeta para dentro da epiderme, fornecendo a sua nutrição e atuando na regulação térmica. Um outro grupo, que mais se assemelha a vênulas, forma uma camada plana sob as bases da papila (GUIRRO e GUIRRO, 2002). O sistema elástico, responsável pela capacidade da pele voltar à posição original quando submetida à força de estiramento permeia as fibras colágenas da derme papilar e reticular, mas só é observado em cortes corados especialmente para este fim. Na derme reticular, as fibras elásticas mostram-se grosseiras, curtas, curvas, retorcidas e paralelas à superfície (KEDE; SABATOVICH, 2004). Na camada reticular os capilares são raros, sendo numerosos apenas em relação aos anexos da epiderme que se projetam em direção à camada reticular (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Existem três tipos de lesões dérmicas importantes que apresentam diferentes alterações nas fibras elásticas e colágenas, na substância fundamental amorfa e nos fibroblastos. Lesões, estria atrófica, senilidade e cicatriz (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 3.4.3 Fibroblastos Os fibroblastos são células imaturas que produzem colágeno e outras fibras, assim como substâncias constituintes do tecido conjuntivo, como a derme da pele. Derivadas dos tecidos fetais, estas linhagens mantêm a capacidade de rápidas e repetidas divisões celulares (BLACK, 2002) É a célula mais comum do tecido, responsável pela formação das fibras e do material intercelular amorfo. Sintetiza colágeno, mucopolissacarídeo e também fibras elásticas. A 6 forma ativa da célula é denominada de fibroblasto, possui prolongamentos citoplasmáticos irregulares, e seu núcleo apresenta forma ovóide, de cor clara, com o nucléolo evidente e cromatina fina. Já a denominação utilizada para a forma inativa da célula é fibrócito, que é menor, fusiforme e com ínfimos prolongamentos. Nesta forma, o núcleo apresenta-se menor, alongado e escuro. Mediante um estímulo adequado, como ocorre nos processos de cicatrização, o fibrócito pode voltar a sintetizar fibras, reassumindo o aspecto de fibroblasto (JUNQUEIRA, 1995). Os fibroblastos retêm a capacidade de se dividirem e; assim como o tecido epitelial, o conjuntivo também é capaz de se regenerar. Na estria, esta célula está quiescente, entrentanto o estímulo elétrico de baixa intensidade mostrou-se eficiente para aumentar a sua replicação bem como das fibras e substâncias produzidas por ela mesma. No tocante à neovascularização, os efeitos da inflamação aguda e da corrente contínua se somam, promovendo um leve edema e uma hiperemia bastante pronunciada. A regeneração propicia o retorno de todas as funções inerentes à pele, inclusive a sensitiva, que normalmente se encontra diminuída, e, neste caso, especificamente, a sensibilidade dolorosa, pois à medida que ocorre a regeneração a sensibilidade tende a chegar a níveis próximos do normal. (BORGES, 2006). Os fibroblastos são particularmente ativos durante o processo de reparação. A atividade fibroblástica é influenciada por vários fatores, tais como regimes dietéticos e níveis de hormônio esteroide. Na deficiência em vitamina C existe uma dificuldade na formação do colágeno (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Os fibroblastos do tecido conjuntivo das margens tornam-se ativos, proliferam, migram sobre a superfície do coágulo em reabsorção e começam a sintetizar os componentes da matriz extracelular (MEC), que é uma rede complexa de macromoléculas secretas (colágenos, elastina, glicoproteínas e proteoglicanas), localizadas no espaço extracelular, tendo um papel central no controle dos processos celulares básicos, como proliferação, diferenciação, migração, interações celulares. Todos esses componentes estão em íntimo contato com suas células de origem e formam um leito gelatinoso tridimensional no qual as células evoluem (BAYNES, 2000). 3.4.4 Fibras colágenas As fibras colágenas são as mais freqüentes do tecido conjuntivo, sendo constituídas por uma escleroproteína denominada colágeno, que proporciona o arcabouço celular para todos os organismos pluricelulares (GUIRRO e GUIRRO, 2002). O colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano, representando 30% do total das proteínas deste. Esta proteína representa aproximadamente 70% do peso da pele seca. Foram isolados e caracterizados cinco tipos de colágeno. Os mais conhecidos são os colágenos intersticiais do tipo I, II, e III. O tipo I, principal constituinte da pele, tendão, osso e parede dos vasos, é sintetizado por fibroblastos, células do músculo liso e osteoblastos (STEVENS, 2001). Enquanto os osteoblastos sintetizam somente o colágeno do tipo I, as células do músculo liso também produzem colágeno do tipo III. O tipo II, constituinte da cartilagem hialina, é produzido pelos condrócitos (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 3.4.5 Fibras elásticas 7 São delgadas, sem estriações longitudinais, ramificando-se de forma semelhante a uma rede de malhas irregulares. De cor amarelada, têm como componente principal a elastina, uma escleroproteína muito mais resistente do que o colágeno, e a microfibrila elástica, formada por uma glicoproteína especializada. Estas fibras cedem facilmente a trações mínimas, porém retornam facilmente à sua forma original, tão logo cessem as forças deformantes. Suportam grandes trações (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 3.5 Hipoderme A hipoderme ou panículo adiposo, é a camada mais profunda da pele, de espessura variável, composta exclusivamente por tecido adiposo, isto é, células repletas de gordura formando lóbulos subdivididos por traves conjuntivo-vasculares. Relaciona-se, em sua porção superior, com a derme profunda, constituindo-se a junção dermo-hipodérmica, em geral, sede das porções secretoras das glândulas apócrinas ou écrinas e de pêlos, vasos e nervos. Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes (SAMPAIO; RIVITTI, 2001). Tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido conjuntivo que varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos diferentes indivíduos. A hipoderme conecta frouxamente a pele e a fáscia dos músculos subjacentes, o que permite aos músculos contraírem-se sem repuxar a pele. A hipoderme (hipo = abaixo de) não faz parte da pele, mas é importante porque fixa a pele à estruturas subjacentes, sendo também conhecida como tela subcutânea, tecido subcutâneo ou fáscia superficial. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme pode ter uma camada variável de tecido adiposo, sendo que nele se deposita a maior parte dos lipídios nas pessoas obesas. Como os mamíferos consomem energia de modo contínuo, mas se alimenta com intermitência, entende-se a importância de um reservatório de energia, representado pelo tecido adiposo. A distribuição da gordura não é uniforme em todas as regiões do corpo. Nos indivíduos normais, algumas regiões nunca acumulam gordura, como a pálpebra, a cicatriz umbilical a região esternal, o pênis, e as dobras articulares. Em outras regiões pelo contrario, há maior acumulo de tecido adiposo: a porção proximal dos membros, a parede abdominal, especialmente as porções laterais (GUIRRO e GUIRRO, 2002). 3.6 Atrofia Linear Cutânea - Estrias As atrofias lineares cutâneas, clinicamente, se caracterizam pela morfologia em geral linear, aspecto atrófico e superfície por vezes discretamente enrugada, com pequenas rugas transversais ao seu eixo que desaparecem à tração. Inicialmente, são eritematosas, ou mesmo violáceas. Nessa fase, podem ser discretamente elevadas devido ao edema gerado pelo processo inflamatório, o que justificaria uma esporádica queixa de prurido. Após meses, adquirem uma tonalidade branco-nacarada. (AZULAY; AZULAY, 2004) A estria é uma alteração dermatológica que pode ser vista a olho nu, apesar de estar situada na derme – camada mais profunda da pele. Ela possui um aspecto atrófico, linear e sinuoso, em parte devido ao rompimento das fibras colágenas. Geralmente são bilaterais, paralelas umas às outras e perpendiculares às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado (BITENCOURT, 2007). Quando surge, a estria apresenta uma inflamação dermal e vasos capilares dilatados marcam sua apresentação inicial, fazendo que se pareçam ligeiramente rosadas. Ficam mais escuras com o tempo, apresentando aspecto roxo-avermelhado. Posteriormente, após anos instauradas, as estrias assumem características branco-nacaradas, parecendo-se hipopigmentadas e fibróticas. Medem normalmente de 5 cm a 10 cm de comprimento, podendo chegar até 15 cm. 8 (BORGES, 2006). As estrias são causadas por uma atrofia tegumentar adquirida de aspecto linear, algo sinuosa de um ou mais milímetros de largura, perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado, portanto, uma lesão da pele. As estrias são ditas atróficas, pois são causadas pela ruptura das fibras colágenas e elásticas da pele e, muitas vezes, com perda da coloração no local (TOSCHI, 2004). As estrias caracterizam-se por afecções dermatológicas, em sua grande maioria desagradáveis do ponto de vista estético. São lesões atróficas lineares paralelas, em geral obedecendo às linhas de clivagem da pele. Inicialmente são eritematovioláceas, para mais tarde se tornarem esbranquiçadas. Surgem com maior freqüência na puberdade e, sobretudo, no sexo feminino. Podem ocorrer em pessoas com obesidade grave (Striae distensae), no período da gestacional (Striae gravidarun) e nos estados infecciosos (Striae infectiosae). Pode estar relacionada ainda a algum comprometimento hormonal caracterizado pelo aumento de glicocorticóides, podendo ser evidenciado, por exemplo, na síndrome de Cushing e nas corticoterapias intensivas (gerais ou locais). Podendo ocorrer ainda como uso tópico ou sistêmico de esteróides, em tumores suprarrenais, em atividades físicas vigorosa onde haja aumento excessivo de massa muscular, no crescimento intenso e rápido na adolescência etc (BORGES, 2006). No início, ocorre um processo inflamatório que pode ser intenso, mononuclear e predominante perivascular. A derme pode apresentar-se edematosa. Recentemente, verificouse que as alterações iniciais se estendem por até 3cm além da borda da estria, ocorrendo elastólise e degranulação de mastócitos, seguidos de afluxo de mastócitos em torno das fibras elásticas fragmentadas. Nas fases mais tardias a epiderme encontra-se atrófica e aplainada e na derme as fibras elásticas estão bastante alteradas e as colágenas dispõem-se em feixes paralelos à superfície na direção da presumida força de distensão. A patologia é semelhante à de uma cicatriz; no entanto, através da microscopia eletrônica, observa-se que os fibroblastos estão praticamente destruídos de organelas de síntese (complexo de golgi e retículo endoplasmático rugoso), enquanto nas cicatrizes estam bem desenvolvidas (KEDE; SABATOVICH, 2004). Topograficamente, os locais de maior incidência de estrias são o abdômen, o quadril, o glúteo, a região sacrolombar e as mamas. (BORGES, 2006). A atrofia linear cutânea possui várias denominações, decorrentes de diferentes idiomas prováveis etiologias e aspectos macroscópicos da pele como: Estrias atróficas, Estriae cútis distensae, Strech marks, Estrias, Vergetures, Víbices, Striae albicantes, Striae gravidarum (MIGUEL, 2004). Patologicamente, no início, há um processo inflamatório, às vezes, intenso, mononuclear e com predominância perivascular, podendo ainda haver edema na derme. As alterações iniciais podem se estender por até 3 cm além da borda da estria, ocorrendo elastólise e desgranulação de mastócitos, seguidos de afluxo de macrófagos em torno das fibras elásticas fragmentadas. A estimulação fibroblástica tem importante papel no processo regenerativo da atrofia tecidual na estria. (BORGES, 2006). 3.7 Incidência As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no feminino, principalmente a partir da adolescência. O período de surgimento das estrias pode variar (GUIRRO e GUIRRO, 2002). As estrias não escolhem classe social, cor da pele, idade, muito menos quando vão aparecer. 9 Abalam o convívio social, principalmente, de adolescentes. Não é para menos, as estrias podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas atacam preferencialmente as principais armas femininas: seios, glúteo e barriga (BORGES, 2006). A maior incidência de estrias em meninas ocorre entre doze e quatorze anos, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto estrias foram notadas em todos os grupos etários do experimento. O mesmo autor, em um segundo experimento, observou no estudo sistemático de cem crianças com ate dez anos de idade se as estrias raramente ocorrem em crianças normais durante os primeiros cinco anos de vida. Elas não foram notadas em bebês extremamente obesos e nem em crianças obesas de ate seis anos. O período de surgimento das estrias pode variar (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Para Guirro e Guirro (2002) apud Basak (1989), elas ocorrem entre as idades de 10 a 16 anos para o sexo feminino e de 14 a 2m anos para o masculino, sendo que a incidência dentro desses grupos etários indica intervalo de 21 a 72% para as meninas e de 6 a 40% para os meninos. 3.8 Abordagens Terapêuticas 3.8.1 Galvanopuntura ou Eletrolifting A galvanopuntura é uma técnica criada por fisioterapeutas brasileiros, com a finalidade de tratar tanto estrias rubras como albas. Ela associa a estimulação elétrica de uma microcorrente polarizada com o estímulo mecânico de uma agulha. É um método invasivo, porém superficial, porque as estimulações são realizadas na camada dérmica da pele. A introdução subepidérmica da agulha causa uma resposta inflamatória aguda e localizada que é exacerbada pelos efeitos da corrente (BITENCOURT, 2007). Com a estimulação elétrica, as fibras colágenas sofrem algum tipo de reorientação; e o processo de regeneração da estrias está baseado na compilação dos efeitos intrínsecos da corrente contínua, do trauma mecânico da agulha e dos processos envolvidos na inflamação aguda. Minutos após a lesão promovida pela técnica, aparecem a hiperemia e o edema. Esses sinais são motivados por substâncias locais liberadas pela lesão, responsáveis pelo aumento do calibre e da permeabilidade dos vasos. Toda a região tratada é preenchida por um exsudato inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas plasmáticas e fáscias de fibrina. O processo de epitelização inicia-se, simultaneamente, obrigando as células epidérmicas a penetrarem no interior das fendas formadas pela agulha, e estimuladas pela formação de fibrina originada pela hemorragia da microlesão. De início, praticamente não sangra, entretanto, à medida que as sessões ocorrem (normalmente a partir da 7ª. Ou 8ª. sessão), observa-se um sangramento ou rompimento de pequenos vasos, que são totalmente reabsorvidos (pequenas bolsas de sangue que se tornam violáceas, amareladas e, em seguida, a tonalidade da pele volta ao normal). Esse processo inflamatório será absorvido em um período de tempo variável, ocorrendo, em média, entre dois e sete dias. (BORGES, 2006). Após a lesão aparece um quadro de hiperemia e edema que são motivados por substâncias locais liberadas pela lesão responsáveis pela vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos (GUYTON, 1997). Galdino et al (2010) apud Agnes (2009) cita que a corrente microgalvânica é a mais utilizada no tratamento de estrias, sendo que existem dois eletrodos o positivo que é a placa grande e o negativo que é a caneta com uma fina e pequena agulha em sua extremidade. O mesmo autor ainda afirma que, o uso da corrente deverá ser associado com uma prévia esfoliação do local a ser tratado, para remover as células mortas e o extrato córneo (camada da pele queratinizada que tem como função a proteção dos tecidos da pele com agentes externos que podem causar 10 lesões e infecções) que ao fazer o uso da microgalvanopuntura tem como consequência uma resposta inflamatória aguda no decorrer da estria. Tendo em vista este período de absorção inflamatória, o eletrolifting no tratamento de estrias é realizado normalmente uma vez por semana, a fim de facilitar este processo. (BORGES, 2006). 3.8.2 Peeling Químico em dermato-funcional Vemos portanto, que a terapêutica estética vem despertando interesses há muito tempo, e o uso de ácidos também teve sua importância neste contexto. Na Fisioterapia dermato-funcional a terapêutica por ácidos vem se constituindo num importante recurso para o tratamento das diversas disfunções estéticas como, estrias, revitalização facial, rugas superficiais, acne, diminuição da oleosidade, manchas hipercrômicas superficiais, seborréia do couro cabeludo, suavização das cicatrizes e fotodermatoses. Temos também um papel importante junto ao médico no preparo da pele para a revitalização do peeling médio e profundo realizado pelo dermatologista (BORGES, 2006). O peeling químico, também conhecido como quimioesfoliação ou dermopeeling, consite na aplicação de um os mais agentes esfoliantes na pele, resultando na destruição de partes da epiderme e/ou derme, seguida de regeneração dos tecidos epidérmicos e dérmicos. Essas técnicas de aplicação produzem uma lesão programada e controlada com a coagulação vascular instantânea, resultando no rejuvenescimento da pele com redução ou desaparecimento das ceratoses e alterações actínicas, discromias pigmentares, rugas e algumas cicatrizes superficiais (KEDE; SABATOVICH, 2004). A escolha do agente ou da técnica especifica a ser usados depende do conhecimento da profundidade da lesão para que se possa escolher um agente que não produza esfoliação desnecessariamente mais profunda do que a própria alteração a ser tratada; pode ser realizado com várias substâncias, isso vai depender de dois fatores importantes: quadro clínico apresentado e o fototipo cutâneo classificação de Fitzpatrick (quadro) (BORGES, 2006). Quadro – Classificação de Fitzpatrick dos tipos de pele Tipo de pele Cor da pele Reação a exposição solar I Clara Sempre queima e nunca bronzeia II Clara Sempre queima e bronzeia pouco III Clara Queima e bronzea pouco IV Morena-clara Raramente queima, bronzeia com facilidade V Morena Queima muito raramente, bronzeia facilmente VI Negra Não queima, bronzeia facilmente Fonte: Modalidades Terapêuticas nas Distinções Estéticas (BORGES, 2006). Os peelings químicos tornaram-se tão populares na atualidade que já fazem parte da rotina de vida de muitos pacientes. Diferentes agentes de peelings químicos estão sendo combinados em novas formulações e isto tem permitido obter-se melhores resultados e com um mínimo de efeitos colaterais indesejáveis (MENE, et al, s/a). A pele se divide em três camadas: epiderme (mais superficial), derme (intermediária) e hipoderme (mais profunda) (BORGES, 2006). 11 Quadro 2 Níveis de profundidade do peeling Nível de peeling Profundidade Nível 1 Afina ou remove estrato córneo e não cria lesão abaixo do estrato granuloso Muito superficial (esfoliação) Nível 2 Superficial (epidérmico) Nível 3 Médio (dérmico papilar) Nível 4 Profundo (dérmico papilar) Cria necrose de parte ou de toda a epiderme, em qualquer parte do estrato granuloso até a camada basal Cria necrose da epiderme e de parte ou de toda a derme reticular superior Cria necrose da epiderme e da derme papilar, que se estende até a derme reticular média Fonte: Modalidades Terapêuticas nas Distinções Estéticas (BORGES, 2006). - Acido glicólico Particularmente, o ácido mais utilizado é o glicólico; classificado como ácido universal, não é tóxico sistemicamente o período de tratamento (BORGES, 2006). Extraído da cana-de-açúcar. Sua ação depende das concentrações utilizadas. Em baixas concentrações atua sobre as camadas mais inferiores do estrato córneo, diminuindo a adesão dos corneócitos e impedindo o espessamento da camada córnea (KEDE; SABATOVICH, 2004). Segundo Batistuzzo, o ácido glicólico, encontrado naturalmente na cana-de-açúcar, vem sendo usado largamente no tratamento de diversos tipos de lesões da pele humana, principalmente rugas superficiais, médias e profundas, seqüelas de acne, flacidez da pele, pele seca, estrias, manchas senis, ictiose e fases isoladas de algumas lesões de psoríase. A ação do acido glicólico como querato-regulador (inibindo a coesão dos corneocitos) promove maior flexibilidade, hidratação, aumento das fibras colágenas e elásticas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). - Acido retinóico Tem ação queratolítica e esfoliante em nível celular, estimulando a síntese de colágeno novo. Esse colágeno permanece intacto histologicamente por pelo menos quatro meses após a aplicação (BORGES, 2006). O ácido retinóico é usado no tratamento de estrias baseado no seu efeito reparador da derme. Ele restaura o colágeno inibindo a expressão da enzima colagenase que destrói as fibras colágenas e, ativando inibidores dessa enzima no próprio tecido. Entretanto, esse é um método bastante eficaz para estrias iniciais, sem comprovação em estrias albas. Reações adversas, como prurido e irritação, podem ser observadas com o uso desse ácido (BITENCOURT, 2007). É tradicionalmente usado no tratamento de acne, para acelerar o turnover da epiderme e prevenir a formação de comedões. Também pode ser usado no tratamento de hiperqueratoses, estrias e melasma (excelentes resultados) (BORGES, 2006). Segundo Martignado (2009) apud Tontora (2000), imediatamente após uma lesão tecidual, os vasos sangüíneos se dilatam na área lesada, e sua permeabilidade aumenta. A vasodilatação é um aumento no diâmetro dos vasos sangüíneos e conseqüentemente aumenta o fluxo sangüíneo permitindo que ocorra um extravasamento de líquido, proteína e células sangüíneas do sistema vascular para o tecido intersticial ou cavidades corporais, ou seja, para área lesada, 12 é responsável pelo eritema e calor associados à inflamação. 3.8.3 Carboxiterapia A carboxiterapia é utilizada como recurso viável para estrias comparado a outros tratamentos como eletrolifting, peeling químico e dermotonia que, por meio de um estimulo elétrico, químico e traumático, respectivamente, provocam um processo inflamatório na estria que responde com o aparecimento de leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos e, consequentemente, a produção de fibroblastos, elastoblastos e angioblastos (BORGES, 2006). O gás carbônico comumente utilizado na carboxiterapia no Brasil possui cerca de 99,9% de pureza, portanto, próprio para uso terapêutico, e além de seu uso nesta técnica, também é empregado em videolaparoscopia para insulflação a fim de facilitar manipulações de estruturas intra-abdominais, para controle de pH em incubadoras, para formação de atmosfera controlada em estufa, nas técnicas ginecológicas de criocauterização do colo uterino, etc (SCORSA; BORGES, 2008). A realização da carboxiterapia por meio do trauma mecânico obtido pelas punturações da agulha, somado ao microdeslocamento da pele, promovido pela infusão do gás carbônico em toda a extensão de todas as estrias. No final da sessão, verifica-se se toda a estria foi preenchida com o gás, caso contrário, deve-se fazer um retoque. O tratamento é indicado para todos os tipos de estrias, novas, velhas, brancas, vermelhas, largas ou estreitas (BORGES, 2006). Após a ação mecânica ocorrida na carboxiterapia, provocada pelo “trauma” da agulha e pela introdução do gás, há a produção de um processo inflamatório e conseqüente migração de fibroblastos para a região da agressão e sua posterior proliferação estimulando a síntese de colágeno e de outras moléculas do tecido conjuntivo, como a fibronectina, glicoproteína encontrada no sangue, associada a vários processos biológicos como adesão e diferenciação celular, reparação de tecidos, servindo como substrato para enzimas fibrinolíticas e da coagulação (SCORSA; BORGES, 2008). Após a aplicação, observa-se um eritema intenso nos locais tratados. Quanto mais tempo permanecer esse eritema na pele, melhor a resposta trófica do organismo, ou seja, melhor será a cicatrização da estria com melhor prognóstico (BORGES, 2006). O CO2 é um gás inodoro, incolor, e atóxico. É o produto endógeno natural do metabolismo das reações oxidativas celulares, produzido no organismo diariamente em grandes quantidades e eliminado pelos pulmões durante a respiração (SCORSA; BORGES, 2008). A resposta inflamatória diante uma “agressão” física é imediata e atua no sentido de destruir, diluir ou bloquear o agente agressor, mas, por sua vez, desencadeia uma série de eventos no tecido conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma, nas células circulantes, nos vasos sangüíneos e nos componentes extravasculares do tecido conjuntivo, com o objetivo de cicatrizar e reconstituir o tecido lesado (ROBBINS, et al, 1996). Os benefícios gerados pela carboxiterapia seriam atribuídos a vasodilatação arteriolar, neoangiogênese, potencialização do efeito Bohr, aumento da velocidade microcirculatória e ativação de barorreceptores cutâneos provocados pela aplicação do gás CO2 (SILVA, 2009 apud LOPEZ ; WORTHINGTON, 2006). 4. Discussão O presente trabalho visou fazer uma revisão de literatura, a fim de relatar alguns tratamentos existente para as estrias, porém, há poucos estudos falando das técnicas disponíveis, explicano 13 se o tratamento é satisfatório, se ocorre a redução da espessura, largura e comprimento das estrias, e/ou até mesmo a eliminação por completa desse problema dermatológico. Foram selecionadas três técnicas, a carboxiterapia, galvanopuntura e peeling químico, e podemos observar que os resultados são excelentes, pois há uma melhora significativa das estrias, chegando a eliminá-las por completo em muitos casos. O fator fundamental para os resultados satisfatórios é o processo inflamatório que os procedimentos causam, por ser utilizado agulha, corrente elétrica e gás carbônico, promovendo uma produção acelerada de fibroblastos, colágeno e elastina, renovando a pele, fazendo com que as estrias desapareçam. No caso do peeling químico o resultado é bom para estrias inicias, ele causa uma renovação celular, porém, não chega a eliminá-las por completo, mais para as estrias albas, o resultado não é tão eficaz. Portanto observamos que essas técnicas são bastante eficazes para tratar a atrofia linear cutânea. 5. Conclusão Verificamos que as técnicas carboxiterapia e galvanopuntura, são excelentes para combater a atrofia linear cutânea, pois através da inserção da agulha com gás carbônico, e da agulha com corrente elétrica, acontece um processo inflamatório, causando a produção de fibroblastos renovando e dando vitalidade para as áreas que continham estrias, suavizando e em muitos casos eliminando-as por completo. Já o peeling químico, consegue tratar estrias iniciais, melhorando seu aspecto, entretanto não consegue eliminá-las, e nas estrias albas não há a melhora considerável do aspecto da atrofia linear cutânea. Ainda faltam estudos comprovando a eficácia do peeling químico para estrias. Mais podemos verificar que a combinação de várias técnicas, podem ter resultados surpreendentes para acabar definitivamente com as desagradáveis estrias. 14 Referências BORGES, Fabio. Modalidades Terapêuticas nas Distinções Estéticas. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2006. GUIRRO, E; GUIRRO, R. Fisiterapia Dermato-Funcional: fundamentos, recursos e patologias. São Paulo: Manole, 2002. STEVENS, A; LOWE, J. Histologia Humana. São Paulo: Manole, 2001. KEDE, M. P. V; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2004. SILVA, V. S. R. Efeito da Carboxiterapia no Tratamento de Estrias Atróficas Brancas. Goiania, 2009. Disponível em: <http://www.cpgls.ucg.br/ArquivosUpload/1/File/CPGLS/IV%20MOSTRA/SADE/SAUDE/Efeitos%20da%20 Carboxiterapia%20no%20Tratamento%20de%20Estrias%20Atrficas%20Brancas.pdf>. Acesso em: 03 Dez 2011. TONTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 6.ed. São Paulo: Artmed, 2000. BANDIN, A. Z. D. Et al. Rejuvenescimento Facial a Laser. 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