aplicação do geoprocessamento na análise da ocupação urbana da

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Anais – III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto
Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006
APLICAÇÃO DO GEOPORCESSAMENTO NA ANÁLISE DA OCUPAÇÃO
URBANA DA BACIA DO TABULEIRO DO MARTINS, MACEIÓ-ALAGOAS
SOUZA, J. C. O. DE1; CONCEIÇÃO, J. DA2
RESUMO: Este trabalho trata do uso do geoprocessamento na caracterização da ocupação urbana na
área da bacia do Tabuleiro do Martins, no município de Maceió/AL. A área possui grande importância
para o município devido à existência de vários adensamentos populacionais e também pela presença
do Distrito Industrial Governador Luiz Cavalcante; da Universidade Federal de Alagoas; do maior
complexo prisional do Estado e por também ser área de recarga dos sistemas aqüíferos locais estes,
bastante utilizados para o abastecimento humano, industrial e até mesmo para a irrigação. A região é
atualmente o principal vetor de expansão urbana de Maceió com 315.911 habitantes que em toda
grande Maceió chega a 797.759 habitantes (IBGE, 2000). Com área total de cerca de 50 km2, a região
engloba, total ou parcialmente, oito bairros e é a preferida para a habitação permanente e já se
mostram evidentes os problemas causados pela grande ocupação. Por isso, o uso do geoprocessamento
para a caracterização do uso do solo é de grande importância no que condiz o apoio à tomada de
decisões para o planejamento e intervenções do poder público na região.
PALAVRAS-CHAVES: caracterização, geoprocessamento, planejamento.
APPLICATION OF GEOPORCESSAMENTO IN THE ANALYSIS OF THE URBAN
OCCUPATION OF THE BASIN OF MARTINS' BOARD, MACEIÓ-ALAGOAS.
ABSTRACT: This work treats of the use of the geoprocessamento in the characterization of the
urban occupation in the area of the basin of Martins' Board, in the municipal district of Maceió/AL.
the area possesses great importance for the municipal district due to the existence of several
population adensamentos and also for the presence of the District Industrial Governor Luiz
Cavalcante; of the Federal University of Alagoas; of the largest compound prisional of the State and
for also to be area of recharge of the systems local aqüíferos these, quite used for the provisioning
human, industrial and even for the irrigation. The area is now the principal vector of urban expansion
of Maceió with 315.911 inhabitants that it arrives to 797.759 inhabitants in all great Maceió (IBGE,
2000). With total area about 50 km2, the area includes, total or partially, eight neighborhoods and it is
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Especialista em Geografia: Análise Ambiental, Geógrafo pelo Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFAL.
Endereço: Travessa do Arame, nº. 66 Clima Bom 02 - Maceió/AL. E-mail: [email protected]. Tel.: (082) 9309-7582/3354-7374
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Especialista em Geografia: Análise Ambiental e Geógrafa pelo Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFAL.
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the favorite for the permanent house and they are already shown evident the problems caused by the
great occupation. Therefore, the use of the geoprocessamento for the characterization of the use of the
soil is of great importance in the one that condiz the support the electric outlet of decisions for the
planning and interventions of the public power in the area.
KEYS-WORD: characterization, geoprocessamento, is planning.
INTRODUÇÃO: A área da bacia do Tabuleiro do Martins localiza-se a noroeste do município de
Maceió (figura 1). Encontra-se sob o centro dos tabuleiros costeiros, uma formação morfológica que
se estende deste o litoral sul do estado até a parte norte e alcança o município de Arapiraca, na porção
agreste do estado. O Tabuleiro do Martins forma uma grande depressão natural, morfologia comum e
típica deste tipo de feição geomorfológica (figura 2). A topografia da área é bastante plana, com baixa
declividade, grande potencial hídrico subterrâneo e boa resistência natural para fundações de obras
civis. Essas características naturais da região favoreceram o seu processo de ocupação espacial. Por
isso a região apresenta grande potencial para os diversos tipos de ocupação tais como: habitações;
indústrias;
agricultura
irrigada,
principalmente
cana-de-açúcar,
entre
outros.
O
uso
do
geoprocessamento trouxe subsídios à investigação dos efeitos da ocupação urbana na área, que vem se
intensificando a partir das décadas de 1980/90 com a construção de conjuntos habitacionais de
interesse social. Essa ocupação vem comprometendo, principalmente à recarga dos aqüíferos na área,
que responde por uma importante parcela na rede de abastecimento de água em Maceió. Com a
supressão de vegetação e a impermeabilização do solo, a água não infiltra e tende a escorrer
superficialmente, fato que causa enchentes na área e transtornos aos habitantes. Assim, a aplicação do
geoprocessamento na análise do ordenamento territorial visa oferece subsídios, principalmente ao
planejamento urbano (SILVA, 1993), de áreas complexas dentro do tecido urbano.
Figuras 1 e 2. Localização da área de estudo e mapa da área da bacia. Fonte: Ferreira Neto (2005)
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MATERIAL E MÉTODOS: Para o desenvolvimento do trabalho foi elaborada a seguinte
metodologia: montagem de uma rede de análises caracterizada como “Árvore de Decisões” (MOURA,
2003) método que tem como finalidade a compreensão das variáveis espaciais contidas na área e a
suas interelações. Foram definidos quatro objetivos e uma síntese final para a árvore de decisões, a
saber: 1) Caracterização do uso do solo urbano na área, que apresenta a maneira pela qual o solo
urbano é utilizado e como os seus componentes se relacionam; 2) Identificação das conseqüências da
ocupação urbana na área, onde foram apontados os principais impactos advindos do uso urbano na
área e o seus efeitos imediatos; 3) Construção de um mapa síntese de uso do solo da área, etapa onde
foi utilizado os softwares MODULO DE MONTAGEM VETORIAL SAGA/UFRJ em suas bases
GEOREF e CRIAR onde foram feitos respectivamente, o tratamento e a edição da imagem, esta,
obtida da carta topográfica do município de Maceió de nomenclatura SC. 25-V-C-IV-2, na escala de 1:
50.000 e o AUTO CAD DESK para o acabamento e impressão final. 4) Sugestões de propostas ao
ordenamento e planejamento urbano da área, o trabalho sugeriu algumas possíveis medidas de
políticas públicas na área como à revisão da atual proposta de macrodrenagem da área e sua adequação
a novos recursos técnicos. A macrodrenagem foi um projeto implantado no final da década de 1990 e
que visava atenuar os efeitos das constantes inundações na área nos períodos de maior precipitação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Tabuleiro do Martins é hoje uma das áreas mais procuradas
para a instalação de empreendimentos habitacionais, comerciais e indústrias, constituindo-se numa
área de crescente valorização imobiliária apesar de sua distância de alguns bairros da cidade que
concentram a sede de órgãos da administração federal, estadual e municipal e do principal centro
fornecedor de serviços da capital. Com a remoção de grande parcela da população que habitava em
locais impróprios ou de risco social e ambiental, foram construídos conjuntos habitacionais
principalmente no entorno do Campus Universitário. Dotados somente de uma infra-estrutura básica,
apresentam problemas graves de natureza estrutural e social que ainda não foram solucionados pelo
poder municipal. A implantação do Distrito Industrial na década de 1970 teve também papel
importante para impulsionar a ocupação na área. Muitas das indústrias que se estabeleceram foram
motivadas pela implantação do Pró-Álcool, e pelo momento de euforia vivido pela economia nacional
no mesmo período. Atualmente, o Distrito Industrial possui 50 empresas em funcionamento que geram
cerca de 12.000 empregos diretos e indiretos. O Distrito Industrial está localizado no centro da área
bacia, este, ponto de menor cota topográfica. Por isso, está propensa a sofrer, nos períodos de elevada
precipitação, inundações que causam grandes transtornos e prejuízos a todos que lá trabalham ou
habitam próximo. Este fenômeno é natural, pois as características físicas da área da bacia a definem
como endorreica, pois as águas se acumulam no seu interior. Não existe um exutório natural que
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caracterizaria a bacia como hidrográfica. As águas retidas nas depressões ou evaporam ou infiltram
naturalmente até alcançar o lençol freático da bacia, permitindo então a recarga dos sistemas aqüíferos
subjacentes. O intenso desenvolvimento da bacia do Tabuleiro do Martins e o conseqüente aumento da
impermeabilização superficial reduziram drasticamente a área de infiltração (figura 3).
Figura 3. Enchente na área da bacia onde está o Distrito Industrial. Fonte: O Jornal (2004).
Com o uso do geoprocessamento pode-se determinar o tipo de ocupação na área, onde os conjuntos
habitacionais são maiorias em uma área que deveria ter a sua utilização o mais restrita possível. No
mapa, foi constado que o ponto de menor cota na área da bacia é exatamente o local onde está
instalado o Distrito Industrial. Os estudos de Santos et al (2004) mostraram que a área por está no
sistema geológico da Formação Barreiras, a sua superfície é uma conseqüência do Neotectonismo, fato
evidenciando pelos grandes desníveis na área que chega aos 20 m de altura e que também favoreceu a
formação de aqüíferos confinados na área. Só esta condição já colocaria a área como estratégica para
o abastecimento da cidade, que a exemplo de outras capitais brasileiras vem enfrentando sérios
problemas na oferta de água par consumo e uso humano. Na figura 4 é mostrado o mapa-síntese de
uso do solo da área.
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LEGENDA:
ÁREA ESTUDADA
ESTRADAS
CIDADE UNIVERSITÁRIA
LAGOAS
CONJUNTOS
HABITACIONAIS
ESTABELECIMENTO PRISIONAL
DISTRITO INDUSTRIAL
GOV. LUIZ CAVALCANTE
ÁREA CULTIVADA
(Cana-de-açúcar)
REDE DE DRENAGEM
POSTOS DE
COMBUSTÍVEIS
POÇOS CADASTRADOS
Figura 4. Mapa de uso e ocupação do solo. Fonte: Ferreira Neto (2005)
CONCLUSÕES: A área da bacia do Tabuleiro do Martins, como vetor de expansão urbana junto
com o litoral norte, se apresenta como o último grande limite à ocupação humana de Maceió, pois
apesar de seu crescimento nas décadas recentes, ainda existem áreas propícias à habitação humana e a
expansão industrial e comercial. Por isso é de grande importância a adoção de políticas que visem
ordenar e acompanhar o processo de ocupação na área de modo a corrigir possíveis distorções
decorrentes desse processo. Os problemas ocorridos pela má ocupação na bacia do Tabuleiro do
Martins já comprometem a qualidade de vida da população que quase sempre é desconsiderada. Para
solucionar os problemas causados pelas enchentes seria necessária a implantação de um Plano Diretor
de Drenagem Urbana (PDDU) com medidas sérias, pois o projeto de macrodrenagem mostrou-se
incapaz diante do problema das enchentes além de comprometer a recarga dos aqüíferos da região. A
consolidação do Plano Diretor do município de Maceió, dentro das diretrizes gerais que o regem, traria
grandes benefícios para o ordenamento da ocupação urbana na bacia do Tabuleiro do Martins. Esse
Plano deverá adotar medidas que permita o ordenamento do uso do solo na área de modo a
impossibilitar a utilização inadequada dos imóveis urbanos, usos incompatíveis ou inconvenientes de
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espaços, deterioração de áreas já urbanizadas, além de evitar a poluição e a degradação ambiental. No
momento em que se discute a criação de comitês de bacias hidrográficas, seria conveniente a criação
do comitê da bacia endorreica do Tabuleiro do Martins, como forma de compatibilizar os múltiplos
interesses de uso na área. O geoprocessamento demonstrou-se um instrumental prático no apoio a
tomada de decisões administrativas como também a efetiva disponibilidade de dados ambientais
relevantes sobre a área, possibilitando sua integração com as atividades de instituições governamentais
dentro de processos de avaliação de impacto ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (IBGE). Censo 2000. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 de set. 2005.
FERREIRA NETO, José. Vicente. et al. Os recursos hídricos da área do Tabuleiro do Martins –
Maceió/AL In: ARAUJO, Lindemberg Medeiros de (Org.). Geografia: espaço, tempo e planejamento.
Maceió: EDUFAL, 2004, p. 231-255.
MOURA, Ana Clara Mourão. Geoprocessamento na gestão e planejamento urbano. Belo Horizonte:
Ed. da autora, 2003.
SANTOS, Ricardo José Queiroz et al. A geomorfologia do tabuleiro como conseqüência do
neotectonismo. In: ARAUJO, Lindemberg Medeiros de (Org.). Geografia: espaço, tempo e
planejamento. Maceió: EDUFAL, 2004, p. 255-269.
SILVA, J. Xavier da & FILHO, L. M. Carvalho. Sistemas de informação geográfica: uma proposta
metodológica. Anais da IV Conferência Lationamericana sobre Sistemas de Informação Geográfica.
São Paulo, 1993, p. 609-628.
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