GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO PLANEJAMENTO URBANO: MAPEAMENTO DO USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL DA FAIXA MARGINAL DE PROTEÇÃO DA BACIA DO RIO MAZOMBA - ITAGUAÍ/RJ Gabriela Branquinho Antonio¹ ¹Universidade Gama Filho – Laboratório de Geografia – [email protected] RESUMO O trabalho tem por objetivo geral aplicar o geoprocessamento como uma ferramenta que sirva de subsidio para o planejamento urbano e consequentemente ambiental. Dessa forma o trabalho se propõe a fazer a classificação do uso e cobertura vegetal e delimitação de faixa marginal na bacia do rio Mazomba, em Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, mostrando como o Geoprocessamento pode ser aplicado a estudos ambientais. Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Planejamento do Uso e Ocupação da Terra, Geoprocessamento. INTRODUÇÃO A parti de 1990, as Bacias Hidrográficas e/ou as Regiões Hidrográficas vem sendo utilizada como forma de delimitação para a atuação da Gestão e Planejamento do Território, como por exemplo a criação dos Comitês de Bacia Hidrográfica, que trabalham para monitorar e implementar medidas para melhor uso e preservação dos Recursos Hídricos. Isso vem acontecendo devido à dinâmica que as Bacias Hidrográficas possuem, no âmbito ambiental e sócio-econômico. Tucci (2005) diz que o desenvolvimento urbano se acelerou na segunda metade do século com grande concentração de população em pequeno espaço, causando diversas alterações antrópicas, devido à falta planejamento e produzem uma serie de impactos que em sua maioria são negativos, como a retirada da cobertura vegetal e das Matas Ciliares, desrespeitando a Faixa Marginal de Proteção. Atualmente uma das formas de contribuir para a gestão e planejamento é através das ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG), atrelada ao Geoprocessamento, que utiliza de técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. Com isso fornecendo uma nova forma para tratar os processos que ocorrem no espaço geográfico, estabelecendo uma clara relação interdisciplinar entre Geoprocessamento, Planejamento Urbano e Ambiental. Diante disso, atualmente a questão Ambiental vem recebendo cada vez mais destaque, nos veículos de comunicação como as redes de televisão e no meio acadêmico. Notou-se a carência de estudos ambientais e a necessidade de atualizar os dados já ultrapassados em sua maioria, para uma nova realidade, fazendo uso de das novas tecnologias, além de conseguir monitorar de forma adequada o uso e ocupação do território, como afirma Botelho (2010), o uso dos computadores e dos Sistemas Geográficos de Informação permite uma exploração mais exaustiva das informações sobre o território. Isso porque podemos observar que a forma como o território vai ser utilizado em sua grande maioria é determinado pelo Estado através das Leis, contudo é possível perceber que este mesmo Estado que gera as leis as descumpre. Braga e Carvalho (2001) destacam que, muitas vezes, as autoridades fazem a gestão desse território específico, em prol apenas do capital, maximizando os interesses privados em detrimento dos interesses socioambientais. A exemplo disso, temos as áreas que não poderiam ser ocupadas, sendo protegidas pela Lei 4.771/2012, como as Áreas de Proteção Permanente (APP’s), mas que em muitos casos encontram-se ocupadas, desrespeitando também o atual Código Florestal que estabelece as APP’s (Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012) e a Lei n° 1.130 de 12 de fevereiro de 1987, criada para atender as particularidades do sistema hídrico do Estado do Rio de Janeiro as Faixas Marginais de Proteção. METODOLOGIA Levantamento bibliográfico/cartográfico: Leitura de textos relativos a área de estudo e legislação ambiental vigente. Aquisição das Ortofotos do IBGE, do ano de 2005 (com resolução de 1m, em projeção UTM e sistema de referência SIRGAS2000 produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Compilação de dados: Visitas de campo para verificar a dinâmica espacial da bacia hidrográfica e a real situação da Faixa Marginal de Proteção. Delimitação da Faixa Marginal de Proteção respeitando-se a Portaria Serla nº 324/2003 (atualmente Inea). Gabinete: Confecção de mapas temáticos RESULTADOS A bacia do rio Mazomba abrange cerca de 96km, sendo delimitadas pelas Serras do Gado, Itaguassu, Mazomba, Pacheco e Leandro. O rio nasce a 1.080m, na Serra da Mazomba, e se desenvolve por cerca de 26km, passando a ser denominado de rio Cação à montante de seu desvio pela margem esquerda, onde tem início o canal de Arapucaia. No seu trajeto, banha as localidades de Mazomba, Mazombinha e a cidade de Itaguaí (Figura 1). A Faixa Marginal do rio Mazomba possui uma área total de 4,89km2, incorporando diferentes usos do solo, como pode ser observado na figura 2 a seguir. A área florestada representa quase 50% do total da Faixa Marginal de Proteção e localiza-se principalmente nas encostas íngremes das Serras do Mazomba e Itaguaçu, no trecho norte e noroeste da bacia. Figura 2 Figura 1 As Áreas Urbanizadas representam apenas 5,8% da Faixa Marginal e são constituídas principalmente, pelos trechos no alto-médio curso do rio principal, onde estão as localidades de Mazomba e Mazombinha, pequenas unidades originalmente rurais e no baixo curso, no centro de Itaguaí, como mostra a figura 3 e 4. Figura 3 Figura 4 O rio Mazomba passou por amplas obras no século passado e atualmente conta com uma duplicação de sua foz, figura 5. O desmatamento na bacia hidrográfica (e consequente produção de sedimentos) e a intervenção do DNOS têm contribuído para intenso fluxo de sedimentos em suspensão, que convergem diretamente para a foz, o que tem causado expressivo desenvolvimento do estuário do rio Cação e ampliação faixa de manguezal. Figura 5 Foi observado que grande parte de sua área apresenta severos conflitos entre o uso do solo e a legislação ambiental vigente. O monitoramento dessas alterações beneficiará toda a população, na medida em que funcionará como um instrumento para o planejamento racional da ocupação e do uso do solo, implicando, por conseguinte, em uma melhoria significativa na qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Botelho, R. G. M. Planejamento ambiental em microbacia hidrográfica. In: guerra, A. J. T. & silva, A. S. Erosão e conservação de solos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 340 p. Brasil. Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Institui o novo Código Florestal. Rio de Janeiro. Lei n° 1.130 de 12 de fevereiro de 1987. Define as áreas de interesse especial do Estado. Rio de Janeiro. Portaria Serla nº 324 de 28 de agosto de 2003. Define a base legal para estabelecimento da largura mínima da FMP e dá outras providências. Rio de Janeiro. Decreto n° 42.356 de 16 de março de 2010. Dispõe sobre o tratamento e a demarcação das Faixas Marginais de Proteção nos processo de Licenciamento Ambiental. SEMADS - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Bacias Hidrográficas e Rios Fluminenses: Síntese Informativa por Macrorregião Ambiental. Rio de Janeiro: SEMADS. 2001. Braga, R.; Carvalho, P.F. (Orgs.). Perspectivas de Gestão Ambiental em Cidades Médias. Rio Claro, SP: Deplan/ICGE: UNESP, 2001. TUCCI, C.E.M. (Org.) Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.4Porto Alegre: Editora da Universidade: ABRH, 1997.