Influenza

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Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Instituto Biomédico
Universidade Federal Fluminense
Prof Rafael B. Varella
Infecções respiratórias agudas (IRA)
• IRA: está entre os três principais problemas de saúde pública da infância,
junto com as doenças diarréicas e a desnutrição
• Responsável por 15% das mortes anuais em crianças < 5 anos
• Continente americano: 70.000 crianças < 5 anos morrem todos os anos em
consequência de IRA
• No Brasil: IRA representam 23-50% das consultas dos postos de saúde e
cerca de 2/3 dos atendimentos de emergência em hospitais
Infecções respiratórias
• Responsáveis por um impacto econômico da ordem de
bilhões de US$: faltas ao trabalho/escola, consultas
médicas, hospitalizações, vacinações, tratamentos, óbitos
• Infecções respiratórias exacerbam doenças respiratórias
crônicas como a asma brônquica
• Estima-se que uma grande epidemia possa reduzir em 2%
o PIB mundial (± US$ 800 bi.)
• Apresentam picos epidêmicos mais marcantes nos países
temperados, embora a epidemiologia seja bastante
complexa
Vírus que causam infecções respitarórias
Picornavírus:
• Rinovírus
•Echo/Parechovírus
•Coxsackievírus
•Enterovírus
Ortomixovírus:
Coronavírus:
• SARS
Adenovírus:
• Vírus Influenza
Herpesvírus*:
Parvovírus:
• Bocavírus
Paramixovírus:
• Vírus Parainfluenza
• Vírus Respiratório Sincicial
• Metapneumovírus
• Henipavírus
• CMV e HSV
Vírus Respiratório Humanos
Família
Gênero
Vírus
Tipos
Rhinovirus
Rinovírus
+ 100
Enterovírus
Coxsackie A
Coxsackie B
Echovirus (ECHO)
23
6
32
Adenoviridae
Mastadenovírus
Adenovírus
50
Coronaviridae
Coronavírus
Coronavírus
299E
OC43
SARS
Picornaviridae
Paramyxoviridae
Paramixovírus
Rubulavírus
Pneumovírus
Influenza vírus
Influenza
(Gripe)
Parvoviridae
Bocavirus
TRS, faringite
Resfriado comum
Síndrome
respiratória aguda
severa
Parainfluenza (PI)
1, 3
TRS
crupe
Parainfluenza (PI) 2, 4a, 4b bronquite
bronquiolite
Vírus respiratório Grupos pneumonia
sincicial (RSV)
AeB
Metapneumovírus Metapneumovírus
Orthomyxoviridae
Resfriado comum
Bocavírus
pneumonia
A,B,C
TRS
bronquiolite
pneumonia
resfriado
bronquiolite
pneumonia
Disease burden of the most commonly
detected respiratory viruses in
hospitalized patients calculated using the
disability adjusted life year (DALY) model
Original Research Article
Journal of Clinical Virology, Volume 52,
Issue 3, November 2011, Pages 215-221
IRA: Quadro clínico x Etiologia viral
IRA Alta
•
Rinovírus, Coronavirus: Rinite
•
Influenza A e B, RSV, Adenovírus: Rinofaringite
Otite Média
Sinusite
Faringite
IRA Baixa
•
Parainfluenza 1 e 3, RSV, Adenovírus: Laringite
Traqueobronquite
Bronquiolite
•
Influenza A e B, RSV, Adenovírus, Parainfluenza 3: Pneumonia
PATOGENIA DAS INFECCÇÕES RESPIRATÓRIAS VIRAIS
Aerossóis,
perdigotos,
contato
TRS
Replicação
no epitélio
ciliado
Disseminação
célula-célula
Replicação
nos gânglios
linfáticos
Viremia
TRI
Influenza: Histórico
• Vírus da Gripe ou Influenza: Infecções respiratórias agudas em humanos e
animais
• Grande problema de saúde pública
Mortes: 300 – 500 mil mortes/ano
Doença severa: ~3–5 milhões casos/ano
Casos de gripe: ~1 bilhão casos/ano
Histórico:
412 a.C.: Grécia - Hipócrates faz o 1º relato científico de gripe
1357 a.C: Surge o termo Influenza: origem italiana “influência dos astros”
1580 – Primeira pandemia de Influenza (Início na Europa, se espalhando
para Ásia e África)
Século XX: Três grandes pandemias
1918: Gripe espanhola
1957: Gripe Asiática
1968: Gripe de Hong Kong
commons.wikimedia.org
Gripe espanhola: 1918
“o maior holocausto médico já visto”
20 - 40 milhões de óbitos
Sazonalidade da infecção pelo vírus Influenza
Viboud et al, 2006
Classificação
Família: Orthomyxoviridae
Gêneros:
Influenza A: humanos
suínos
equinos
aves
focas
Influenza B
Influenza C
humanos
epidemias
pandemias
epidemias regionais
humanos e suínos
raramente causam doença
Subtipos dos Vírus Influenza A
Classificação em subtipos
diferenças antigênicas na HA e NA
Hemaglutinina = 16
Neuraminidase = 9
Exemplo: Vírus Influenza A H1N1, H2N2, H3N2, H7N7
Morfologia e estrutura
• 80-120nm de diâmetro
• Pleomórficos
• RNA fita simples polaridade negativa SEGMENTADO
• Matriz: proteína M1
• Envelope viral: Hemaglutinina, Neuraminidase, Proteína M2
www.microbiologybytes.com
PB2
RNAss (-)
8 segmentos: A e B
7 segmentos: C
nucleoproteína
PA
PB1
Complexo replicase
Fonte: www.nature.com
Funções das Glicoproteínas do envelope
Hemaglutinina
- Atividade hemaglutinante
- Escape imune
- Adsorção (ácido siálico)
- Fusão do envelope viral com a membrana endossomal
www.academic.brooklyn.cuny.edu/
Funções das Glicoproteínas do envelope
Neuraminidase
- Cliva ácido siálico
- Evitar a agregação viral
- Disseminação do vírus no hospedeiro
- Escape imune
www.intractions.org
Replicação:
Clivagem
de HAO
M2, HA, NA
Fonte: www.quiagen.com
Mecanismos de variabilidade
do Influenza A
Drift antigênico
 Variante antigênica de cepa
pré-existente
 Alterações
dirigidas
às
espículas HA e NA
 Manutenção da circulação do
vírus
nos
períodos
interpandêmicos
Prof. Edimilson Migowski
IPPMG/UFRJ
20
Shift antigênico
• Mecanismo de rearranjo genético que resulta na formação de novos
subtipos virais.
• Pode ocorrer entre vírus da mesma espécie ou de espécies
diferentes.
• Associado a ocorrência de epidemias e pandemias.
H3N2
Segmentos
de RNA
H1N2
www.bcm.edu
H1N1
Papel das aves na transmissão do Vírus Influenza
• Transmissão principalmente através das fezes.
• Aves selvagens: Patos, gansos, gaivotas, aves costeiras
• Aves domésticas: galinha
peru
galinha-d´angola
codorna
faisão
mais
vulneráveis à
infecção
Papel aves migratórias na disseminação do vírus Influenza A
www.lib.utexas.edu
Histórico das grandes pandemias de Influenza A
Adaptado de Basic Information about Avian Influenza (Bird Flu)
January 29, 2004
20-21th Century pandemics: comparison
of main characteristics
Pandemic
(date)
Virus type
Estimated
reproductive
number (R0)
Estimated
case fatality
ratio
Estimated
attributable
excess
mortality
worldwide
Age groups
most
affected
1918–1919
H1N1
1.54–1.83
2–3%
20–50
millions
Young
adults
1957–1958
H2N2
1.5
<0.2%
1–4 millions
Children
most
affected
1968–1969
H3N2
1.28–1.56
<0.3%
1–4 millions
Across all
age groups
<0.007%
150-570
thousand
2009-2010
H1N1
1.6
< 65 years
Especificidade de receptor dos Vírus Influenza restringem o
espectro de hospedeiro
H5N1
Influenza humano: HA
reconhece ácido siálico
ligado a galactose com
Influenza aviário: HA
reconhece ácido siálico
ligado a galactose com
ligações
ligações
-2,3
-2,6
www.hsph.harvard.edu
porco
hospedeiro intermediário
Células do epitélio respiratório com
ácido siálico ligado a galactose com
ligações -2,3 e -2,6
2009: Origem do vírus Influenza A H1N1 de
origem suína
www.science.com
Current WHO phase of pandemic alert
Current phase of alert in the WHO global influenza preparedness plan
The current WHO phase of pandemic alert for Pandemic (H1N1) 2009 is post-pandemic.
Patogenia:
Transmissão
Contato direto ou indireto
- aerossóis e secreções respiratórias (mamíferos)
- fezes (aves)
Manifestações clínicas
P.I: 1-4 dias
 Disseminação para TRI: disseminação célula-célula ou por viremia
bronquite, bronquiolite, pneumonia grave, alveolite
hipóxia e morte.
Complicações: infecções bacterianas secundárias (sinusite, otite, pneumonia)
Grupos de risco: idosos, grávidas, crianças, indivíduos imunocomprometidos,
portadores de doenças crônicas (diabetes, obesidade, problemas cárdiorespiratórios)
.
Características da A H1N1pdm2009
• Atualmente circula de forma endêmica
• No total de mortes: 18.500 (estimativas apontam 15X mais)
• Tendência de agravamento em adultos jovens (≠ flu sazonal)
• A hipercitocinemia (“cytokine storm”) seria o evento central
nas complicações da infecção (semelhante à SARS e H5N1)
O Influenza H5N1
• Origem do vírus: primeiramente identificado em
1996 em Guangdong, China
• Hipótese: gene HA do vírus
A/ganso/Guangdong/1/96 (H5N1) e gene NA
do vírus A/pato/Hong Kong/W312/97 (H6N1)
• Em 1997 poucos óbitos de gansos foram observados
• O vírus foi erradicado após o extermínio de todas as
aves domésticas de Hong Kong
• Em 2002 o vírus sofreu novas alterações matando
aves de criação e aves silvestres
•
-
Características singulares do H5N1:
doença grave em humanos (~50% de mortalidade)
Transmissão: aves
humanos
Mortalidade do hospedeiro natural do vírus:
desequilíbrio
- Altamente patogênica em furões e camundongos
(neurotrópica)
- Mutações favoráveis à transmissão em mamíferos já
foram detectadas
• Até agora:
> 200 milhões de aves já morreram (virose + sacrifício)
> 610 casos e 360 óbitos humanos confirmados
Diagnóstico Laboratorial:
Isolamento viral e identificação do vírus na amostra clínica:
Amostras: coleta na fase aguda
Humanos, suínos , aves e equinos: swabs de garganta, aspirado de
nasofaringe
Aves: swabs da traquéia ou cloaca, fezes
www.avian-influenza.com
Diagnóstico Tradicional: Isolamento viral e identificação
Inoculação na cavidade
amniótica: vírus influenza
Vírus Influenza em CC (MDCK)
humano
Inoculação na cavidade
alantóica
Não causam efeito citopático
IDENTIFICAÇÃO
Imunofluorescência, Elisa, RT-PCR,
Reação de inibição da hemaglutinação
Diagnóstico Laboratorial:
 Diagnóstico rápido: 24 hs (somente infecções humanas)
Detecção de antígenos ou genoma viral
Imunofluorescência (IF)
Ensaio Imunoenzimático (EIE)
Reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR)
PCR em tempo real
www.abcam.co.jp
www.abcam.co.jp
www.nih.go.jp
Prevenção e controle
Vigilância epidemiológica (redes de laboratório da OMS)
Vacinação
Tratamento
Incineração de aves: desde 1997,
120 milhões de frangos abatidos
para frear a gripe
www.veja.abril.com.br
Prevenção para o Influenza humano: Vacinas
NA
HA
NA
HA
Ovos
embrionados
Fonte: www.nature.com
Vacina
• Esquema de vacinação recomendado para Influenza em
2013:
• an A/California/7/2009 (H1N1)pdm09-like virus;
• an A/Victoria/361/2011 (H3N2)-like virus; and
• a B/Wisconsin/1/2010-like virus.
• It was recommended that quadrivalent vaccines containing
two influenza B viruses contain the above three viruses and
a B/Brisbane/60/2008-like virus.
• A população alvo da campanha foi estimada por grupo elegível
conforme tabelas oficiais utilizadas pelo PNI:
•
Crianças de 6 meses a <2 anos de idade.
•
Trabalhadores de saúde
•
Gestantes
•
Indígenas
•
Idosos 60 anos e +
• Alguns estudos demonstram que a vacinação pode reduzir
entre 32% a 45% do número de hospitalizações por
pneumonias, e de 39% a 75% da mortalidade global. Entre os
residentes em lares de idosos, pode reduzir o risco de
pneumonia em aproximadamente 60%, e o risco global de
hospitalização e morte, em cerca de 50% a 68%,
respectivamente. Referem ainda a redução de mais de 50%
nas doenças relacionadas à influenza.
Tratamento
Tratamento (para infecções humanas)
• Bloqueadores a proteína M2 (Amantadina e Rimantadina)
• Inibidores de Neuraminidase (Tamiflu)
• Administração de imunoglobulinas
•Outros antivirais
www.nature.com
Inibidor da
neuraminidase
quebra o ciclo
Adaptado de Nicholson KG. Managing Influenza in Primary Care Blackwell Science 1999
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