Revista Ambiental V.1, n. 2, p. 86-93, Abr/Jun, 2015. Avaliação de impactos Ambientais com base no Estudo de Impacto Ambiental de um empreendimento no município de Cabedelo/ PB Samara Galvão da Silva¹ Suylane Barbalho de Lima Silva² Clayriston Souza Alves³ ¹ Faculdade Internacional da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: samara¬[email protected] ² Faculdade Internacional da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: [email protected] ³ Professor. Faculdade Internacional da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO O presente artigo tem como eixo temático avaliar os impactos ambientais causados pelo empreendimento de grande porte, localizado no município de Cabedelo – PB, cujo objetivo é identificar os principais impactos gerados pelo empreendimento, presentes no EIA e confrontá-los com os impactos diagnosticados em visita in loco. Posteriormente, propor alternativas para a prevenção, como forma de potencializar os impactos na área de pesquisa. A metodologia utilizada foi qualitativa, tendo como base de pesquisa o EIA – Estudo de Impacto Ambiental e visita in loco. De acordo com o EIA, foram previstos poucos impactos futuros, no entanto, durante a visita in loco, observou-se alguns impactos, sendo estes a saber: aumento no tráfego de veículos, presença da fauna sinantrópica, diminuição da vegetação nativa e uma alteração da intensidade dos ventos. Chegou-se a conclusão que dentre os impactos gerados, os adversos se sobressaíram aos benéficos, surgindo assim a inviabilidade do Moinho naquele local. Palavras-chave: Impacto ambiental; Fauna sinantrópica; Inviabilidade; Vegetação nativa. 1 INTRODUÇÃO O homem sempre procurou na natureza mecanismos necessários para obter o desenvolvimento da sociedade, de forma a garantir sua sobrevivência. Desta forma, a intervenção humana vem alterando as condições ambientais, ocasionando uma geração de impactos com advento de determinadas atividades. Para alcançar um equilíbrio entre o ambiental e o social, faz-se necessário trabalhar com base no desenvolvimento sustentável. Para isso são necessários estudos de impacto ambiental antes de quaisquer modificações no meio ambiente. Impacto Ambiental pode ser entendido como qualquer alteração no meio ambiente gerada por alguma ação ou atividade, causando, assim, alterações ao meio. Estas alterações precisam ser quantificadas e qualificadas para que se possam adotar medidas que recuperarem tais danos. O Impacto ambiental também pode ser compreendido com um desequilíbrio provocado por uma intervenção antrópica, sobre o meio ambiente. (Fenker, 2007). Já de acordo com a definição legal, Impacto Ambiental está presente na Resolução CONAMA no 1/86, art. 1o, como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultantes de atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sócias e econômicas; a biota; III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV - a qualidade dos recursos ambientais. Recebido em: Aceito em: 16/11/2014 08/06/2015 É importante ressaltar que há diferença entre aspecto e impacto. A relação entre eles “é uma relação de causa e efeito.” (Moura, 2008). Para melhor entendimento, impactos e aspectos podem ser definidos como: - Aspectos Ambientais são todos os elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente; - Impactos Ambientais são quaisquer modificações no meio ambiente (adversas ou benéficas) que resultem dos aspectos ambientais da organização. (MOURA, 2008) Para a caracterização destes, faz-se necessário identificar o agente da poluição presente na atividade e posteriormente relacioná-lo a um evento. Segundo Radonjic (2007), a capacidade de algumas empresas em explorar a questão ambiental como uma vantagem competitiva mudou a prevenção da poluição, que passou a ser uma oportunidade de melhorar o desempenho do processo de produção. A avaliação de impacto ambiental é uma importante etapa na tomada de decisões, devido o fato de ser uma das formas de diagnosticar os possíveis impactos, decorrentes da implantação do empreendimento onde possam ocorrer impactos ambientais. É o processo de avaliação dos impactos geradores por determinada atividade e que podem ocasionar prejuízo futuro ao meio ambiente. (Vaz, Ducatti e Pasqualetto, 2003). Como ferramenta para assegurar esse equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente, em cima de bases e políticas públicas legais, foram criadas importantes ferramenta como a construção dos www.fpb.edu.br/revista/index.php/eng_amb 86 instrumentos de Licenciamento Ambiental Brasileiro (Verdum e Medeiros, 2002) . No Brasil, a nível federal, o primeiro dispositivo legal associado à avaliação de impactos ambientais deuse por meio da aprovação Lei Federal 6.938, de 31.08.1981. Esta Lei estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e firma o SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente como órgão executor Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (Guerra, 2009) Esse instrumento se divide em várias etapas, nas quais são: Licença Prévia (LP) - Definida no Inciso I do Art. 8° da Resolução CONAMA n.º 237 de 19 de dezembro de 1997 - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação". Licença de Instalação (LI) - Definida no Inciso II do Art. 8° da Resolução CONAMA n° 237 de 19 de dezembro de 1997 - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. Licença de Operação (LO) - Definida no Inciso III do Art. 8° da Resolução CONAMA n.º 237 de 19 de dezembro de 1997 - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (GUERRA, 2009). Esse instrumento se fundamenta principalmente no sistema de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), nessa avaliação através de procedimentos técnicos e metodológicos, uma equipe multidisciplinar, fará o diagnóstico da localidade que tem o objetivo de instalar um empreendimento. A Avaliação de Impactos Ambientais é um importante instrumento que permite assegurar, que se faça uma análise dos possíveis impactos, desde o início do processo procurando assim criar formas para minimizar os impactos ambientais subsidiando assim a implantação do empreendimento. (Verdum e Medeiros, 2006). Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) deve ser compreendida como instrumento de planejamento, isto é, como uma atividade técnico-científica que tem por finalidade identificar, prever e interpretar os efeitos de uma determinada ação humana sobre o ambiente. Ao mesmo tempo, a avaliação de impacto ambiental pode ser considerada como procedimento que se insere no âmbito das políticas públicas. Nesse sentido, ela se caracteriza por um conjunto de procedimentos. (Sanchez, 1995) Os principais Estudos empregados no Processo de Licenciamento Ambiental no Brasil são o PCA (Plano de Controle Ambiental); RCA (Relatório de Controle Ambiental); EVA (Estudo de Viabilidade Ambiental); PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas); PBA (Plano Básico Ambiental); e o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). É importante ressaltar que, segundo a Resolução CONAMA nº 237/97, consoante dicção do art.11 º, em seu parágrafo único: O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos necessários o processo de licenciamento serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se as sanções administrativas, civis e penais. O artigo 225, no parágrafo 1º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, apregoa ser obrigatória a execução do EIA/RIMA em qualquer empreendimento que cause ou possa causar dano caracterizado como impacto ambiental no meio ambiente, modificando sua estrutura original. O EIA/RIMA é o Estudo de Impacto Ambiental realizado antes da implantação do empreendimento, condicionante presente na licença prévia, para obtenção da licença de instalação e posteriormente licença de operação. Este artigo toma como base o Estudo de Impacto Ambiental, fundamentando-se como instrumento de estudo a fim de extrair informações para subsidiar os resultados e discursões do referido artigo, que tem como objetivo identificar os principais impactos gerados pelo empreendimento, presentes no EIA e confrontá-los com os impactos diagnosticados em visita in loco. Posteriormente, propor alternativas para a prevenção, como forma de potencializar os impactos na área de pesquisa. Posteriormente, propor alternativas para a prevenção, como forma de potencializar os impactos na área de pesquisa. 2 METODOLOGIA 2.1 Caracterização da área de estudo A área objeto de estudo tem como área de abrangência a Cidade de Cabedelo, localizada no Estado da Paraíba, apresenta as seguintes coordenadas, latitude - 060 58’ 52’’ S e longitude 340 50’ 02’’ W, cuja área é de 20.366,60 m². Este empreendimento foi construído no Lote D2 da zona especial do Porto de Cabedelo (como mostra a fig. 1), no qual, sua atividade é a produção de grão de trigo, que possui capacidade nominal de 250 ton., /dia. O município de Cabedelo faz limite com as cidades de João Pessoa, Santa Rita e Lucena, onde possui aproximadamente 15 quilômetros de costa com praias urbanizadas e toda costa no estuário do rio Paraíba, onde parte destas praias encontra-se em áreas de mangue. Sua população é toda urbana com uma média de 51.865 habitantes. 87 O clima da região é definido como quente e úmido, com estação seca no verão e chuvosa no outono-inverno; presença de sedimentos quaternários fluviais e marinhos; região com domínio sedimentar; solos indiscriminados de mangue, areias quartzosas marinhas, areias quartzosas distróficas e vertissolos. Sua vegetação é predominante pioneira, com presença de poucas espécies de comunidades vegetais praiais e predominância de espécies ruderais. A fauna é bastante variada, com presença de invertebrados (moluscos gastrópodes, lesmas marinhas e crustáceos decápodes poliquetas, esponjas, hidróides, anêmonas, corais, dentre outros.), ictiofauna (arraias, muriongos, baiacus, camurim, bagres, sardinhas, dentre outros) e avifauna diversas. Figura - 1 Localização da área de estudo Fonte: Linhares (2014) 2.2 Levantamento de dados O levantamento de dados do presente artigo foi realizado através de pesquisas bibliográficas e visitas in loco. A pesquisa bibliográfica foi sucedida com base no EIA - Estudo de Impacto Ambiental, com consulta realizada na SUDEMA - Superintendência de Administração do Meio Ambiente no setor de EIA/RIMA. A metodologia foi obtida a partir de consultas em artigos científicos e livros, relacionado ao tema abordado. A visita de campo foi baseada no conhecimento técnico, adquirido através de estudos acadêmicos e referências bibliográficas, embasando a identificação dos impactos ambientais gerados na área de estudo. Foram extraídas informações da Matriz de Impacto “causa x efeito”, presentes no EIA, relativo aos impactos ambientais que tiveram grande magnitude, nas fases de implantação e instalação. Na matriz de Avaliação dos Impactos Ambientais adota estão presentes dados referentes ao EIA, como também, em visita in loco. Nela estão contidos os aspectos e impactos do empreendimento, nas fases de implantação, de operação e as de visita in loco. Em cada célula matricial estão presentes quatro quadrantes, determinando o caráter, a magnitude, a importância e a duração. O quadrante pode ser interpretado da seguinte forma (como mostra a fig. 2). Sendo estes a falar: o caráter pode ser benéfico, representado pelo símbolo (+); adverso, representado pelo símbolo (-); a importância pode ser moderada (2) ou significativa (3); a magnitude pode ser pequena (P), média (M) ou grande (G). A duração pode ser curta (4), média (5) ou longa (6). 88 Figura – 2 Conceituação dos atributos utilizados na matriz “causa x efeito” e definição dos parâmetros de valoração dos atributos. Símbolo Atributos Parâmetros de Avaliação CARÁTER - Expressa a BENÉFICO - Quando o efeito gerado for positivo para o fator ambiental + alteração gerada por uma considerado. ação do empreendimento ADVERSO - Quando o efeito gerado for negativo para o fator ambiental sobre um dado por ela considerado. afetado. MAGNITUDE - Expressa a PEQUENA - Quando a variação no valor dos indicadores for inexpressiva, P extensão do impacto, na inalterando o fator ambiental considerado. medida em que se atribui uma MÉDIA - Quando a variação no valor dos indicadores for expressiva, porém M valoração gradual às sem alcance para descaracterizar o fator ambiental considerado. variações que as ações GRANDE - Quando a variação no valor dos indicadores for de tal ordem poderão produzir num dado que possa levar à descaracterização do fator ambiental considerado., G componente ou fator inalterando o fator ambiental considerado. ambiental por ela afetado. IMPORTÂNCIA MODERADA - A intensidade do impacto sobre o meio ambiente e em Estabelece a significância ou relação aos outros impactos, assume dimensões recuperáveis, quando 2 o quanto cada impacto é adverso, para a queda da qualidade de vida, ou assume melhoria da importante na sua relação de qualidade de vida, quando benéfico. interferência com o meio SIGNIFICATIVA - A intensidade da interferência do impacto sobre o meio ambiente, e quando ambiente e junto aos demais impactos, acarreta como resposta, perda 3 comparado a outros quando adverso, ou ganho quando benéfico, sobre a qualidade de vida. impactos. CURTA - Existe a possibilidade da reversão das condições ambientais anteriores à ação, num breve período de tempo, ou seja, que após a C conclusão da ação, haja a neutralização do impacto por ela gerado. DURAÇÃO - É o registro de MÉDIA - É necessário decorrer um certo período de tempo para que o tempo de permanência do M impacto gerado pela ação seja minimizado ou neutralizado. impacto após concluída a LONGA - Se registra um longo período de tempo para a permanência do ação que o gerou. impacto, após a conclusão da ação que o gerou. Neste grau serão também L incluídos aqueles impactos cujo o tempo de permanência, após a conclusão da ação geradora, assume um caráter definitivo. Fonte: EIA - Estudo de Impacto Ambiental 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A matriz de correlação “causa x efeito” apresentadas no volume de anexos do EIA, foi elaborada tomando-se como base o método de Leopold et al (1971), com algumas alterações para adequar aos objetivos de estudo, neste foi citado o Caráter (benéfico, indefinido e adverso), a Magnitude (pequena, média e grande), a Importância (não significativa, adverso) a Magnitude (pequena, média e grande), a Importância (não significativa, moderada e significativa) e a Duração (curta, média e longa). A partir de informações extraídas na matriz de impacto, contidas no EIA, foi criada uma matriz que se dividiu em três fases: impactos previstos na fase de implantação e operação e por fim impactos diagnosticados em vistoria. Na matriz foram abordados os aspectos, impactos, caráter, importância, magnitude e duração. De acordo com o EIA, (como mostra a Fig. 3) na fase preliminar o meio físico recebeu 15 impactos, sendo todos benéficos, de pequena magnitude e de importância não significativa e com variação da duração de curta a longa, pelo fato de ser uma fase em que necessite de poucas coletas. 3.1 Impactos previstos no EIA Segundo informações obtidas na matriz realizada, foi observada que a matriz de impacto existente no EIA foi citado o Caráter (benéfico, indefinido e adverso), a Magnitude (pequena, média e grande), a Importância (não significativa, moderada e significativa) e a Duração (curta, média e longa). Contudo, na matriz de impacto mostrada acima, não foi abordado o Caráter indefinido e Importância não significativa, devido não ser considerado relevante para este estudo, sendo considerados aqueles de grande magnitude. De acordo com o EIA/RIMA, na fase preliminar o meio físico recebeu quinze impactos, sendo todos benéficos, de pequena magnitude e de importância não significativa e com variação na duração, pelo fato de ser uma fase em que necessite de poucas coletas. Já na fase de implantação do empreendimento foram diagnosticados dezessete impactos, sendo cinco benéficos e doze adversos. 89 Figura - 3 Matriz de causa x efeito Impactos diagnosticados em vistoria Previstos pelo EIA - Fase de Operação Previstos pelo EIA - Fase de Implantação Aspectos Paisagismo e Ambientação Construção das Edificações Pavimentação Escavações de Fundações Obras Auxiliares Impactos Caráter Importância Magnitude Duração Qualidade dos solos + 3 M 6 Morfologia - 3 G 6 Qualidade dos Solos - 3 P 6 Uso e Ocupação dos solos + 3 M 6 Luminosidade - 2 P 6 Circulação dos Ventos - 2 M 6 Qualidade dos solos - 3 M 6 Recarga e Disponibilidade - 2 P 6 Subsidência - 2 P 4 Fluxo e Exutórios - 2 P 6 Dinâmica Sedimentar - 3 P 6 Transporte e Rede Viária + 3 G 6 Setor Público + 3 G 6 Correntes - 3 P 6 Ondas e Marés - 2 P 6 Vegetação Aquática - 3 P 6 Limpeza Geral das Obras Ocupação e Renda - 3 P 5 Drenagem das Águas Pluviais Assoreamento + 3 M 6 Expectativas + 3 G 6 Transporte e Reda Viária - 2 P 5 Setor Primário + 3 G 6 Setor Secundário + 3 G 6 Setor Terciário + 3 G 6 Setor público + 3 G 6 Uso e Ocupação dos solos + 3 G 6 Expectativas + 3 G 6 Contratação de Pessoal Ocupação e Renda + 3 G 6 Aquisição de Equipamentos Expectativas + 3 G 6 Abastecimento de Água Setor Saúde + 3 G 6 Esgotamento sanitário Setor Saúde + 3 G 6 Coleta de Resíduos Sólidos Setor Saúde + 3 M 6 Alteração da Qualidade do Ar - 3 M 6 Emissão de Ruído - 3 P 5 Transmissão de Doenças - 3 P 4 Perda da Biodiversidade Interferência da Dinâmica Sedimentar - 3 G 6 - 3 M 6 Funcionamento Aumento no Tráfego Presença da Fauna Sinantrópica Diminuição de Vegetação da Mata Atlântica Alteração na intensidade e sentido dos ventos No aspecto que trata do paisagismo o impacto da qualidade dos solos foi caracterizado como benéfico de média magnitude por gerar novos nichos, em ilhas isoladas, onde foi previsto a ocorrência no desenvolvimento da vegetação antrópica, beneficiando a fauna nativa. Gengo e Henkes (2012/2013) comenta que o paisagismo permite que as águas das chuvas infiltrem no solo, evitando alagamentos, drenando e alimentando os lençóis freáticos, proporcionando um controle nos processos erosivos e estabilidade da área resultante no risco de controle do assoreamento. 90 O paisagismo citado como benéfico, é uma ação dentro da obra, onde foram inseridas vegetação, com intuito de ornamentar e conter a erosão dentro do local; Contudo ao derredor do empreendimento foi possível identificar que a área sofreu alteração na sua vegetação local, a supressão vegetal decorrente da implantação do empreendimento ocasiona vários impactos negativos, o solo ficou propício a erosão e a carreamento de resíduos para área costeira. No aspecto Construção das Edificações, onde os impactos diagnosticados foram Morfologia, Qualidade dos Solos, Uso e Ocupação do Solo, Luminosidade e Circulação dos Ventos, dos cinco impactos presentes somente um impacto foi positivo. Sendo uso e ocupação do solo; foi considerado como benéfico, de importância significativa, de média magnitude e longa duração, uma vez que para ocupar o solo, foi necessário a contratação de mão de obra em todas as fases do empreendimento, gerando assim emprego e renda para a população, e foi nesse aspecto que o impacto se tornou positivo, pois com essa ação houve uma grande expectativa na população de conseguir emprego . BOLZAN (2010) ressalta que, a construção de edificações gera grande quantidade de particulados e ruídos que pode causar desordem nas imediações e grave impacto sobre a saúde humana. Destaca também a perda da vegetação nativa no local do empreendimento. Em relação à alteração dos ventos e luminosidade, no estudo não foi relatado impactos ambientais para essas atividades, podendo gerar um aumento na temperatura e evaporação; perda na qualidade do ar e diminuição da umidade relativa. Com relação à luminosidade incidente sobre o solo, poderá causar sombreamento sobre as atuais construções, fazendo com que a luz natural não atinja diretamente os imóveis de menor altura e altere a fotossíntese de algumas espécies da flora. O impacto positivo observado na construção de edificações foi à demanda de mão de obra e o consumo de materiais de construção, o que ocasionou geração de empregos e aumento da demanda de bens e serviços, promovendo um aumento da atividade comercial local. No aspecto pavimentação os impactos diagnosticados foram dois, qualidade dos Solos e Recarga e Disponibilidade, esses impactos foram classificados como adversos, as adversidades desses impactos imputam a alteração no meio físico, causando impermeabilização e estabilização da superfície, evitando assim a absorção do solo no período chuvoso, desta forma a morfologia perderá sua qualidade na dinâmica. No aspecto Escavação de Fundações os impactos analisados foram subsidência e fluxo e exutórios, no qual geraram dois impactos adversos, no qual apenas um impacto foi previsto, que foi o risco de acidentes, ressaltando que foi considerado de pequena magnitude e importância não significativa, deste modo, podendo não ser confirmado, a locação em relação aos organismos no solo no local escolhido para as perfurações, resultando a perda permanente do ecossistema de solo, que será substituído por concreto. Na subsidência o impacto previsto foi à perda permanente de qualidade dos solos. No aspecto obras auxiliares foram identificados os seguintes impactos: dinâmica sedimentar, transporte e rede viária, setor público, correntes, ondas e marés e vegetação aquática. Os impactos de importância mais significativa e em longa duração foi o setor público e transporte e rede viária, devido o transporte de trigo, do navio até os silos, por dutos, onde sua intervenção provoca perda à dinâmica dos ecossistemas aquáticos, pela sua condição de locação no ambiente flúviomarinho, gerando adversidades à fauna e vegetação aquática no local da obra. Destacando que essas obras não são de responsabilidade da empresa, mas indispensáveis ao seu funcionamento. Já no aspecto limpeza geral das obras não foi previsto impacto ao meio biológico para essa atividade. No aspecto Drenagem das águas pluviais, o impacto foi caracterizado de forma benéfica com média magnitude, pôde-se observar que com o funcionamento eficaz do sistema de drenagem, evitará, de forma permanente, o risco de assoreamento. No aspecto Funcionamento foram diagnosticados sete impactos, onde destes impactos, seis foram benéficos, que foram: expectativa, setor primário, setor secundário, setor terciário, setor público e uso e ocupação do solo; e apenas um foi classificado de forma adversa, o transporte e rede viária. Contudo no estudo analisado, não foi encontrado nenhuma definição para os impactos acima citados. No aspecto contratação de pessoas, foram diagnosticados dois impactos benéficos, os quais foram à expectativa e a ocupação e renda, nestes impactos a população do entorno do empreendimento tem a expectativa de serem diretamente beneficiados com a geração de emprego e renda. No aspecto aquisição de equipamentos, na matriz é diagnosticado como impacto positivo, contudo no estudo nada contempla a respeito de como será este impacto. No aspecto abastecimento de água, o impacto diagnosticado foi setor saúde, onde o grau de impacto foi considerado como benéfico, no EIA aponta que esta ação não gerou impactos ambientais ao meio físico. No aspecto esgotamento sanitário, o impacto diagnosticado foi setor saúde, considerado como impacto benéfico, pois com o funcionamento do sistema sanitário evitará a contaminação dos solos, dando a área uma condição melhor que existia, desta forma, dando melhorias à qualidade das águas superficiais. No aspecto coleta de resíduo sólido, o impacto indicado foi o setor saúde, onde foi classificado como impacto benéfico. Esta classificação se deu, pois, a ação gerou a condição de proteger a praia, mantendo sua balneabilidade, pois através da coleta seletiva, passou-se a evitar seu escoamento ao mar, como ocorria antes da implantação desta ação. 3.2 Impactos diagnosticados em vistoria 91 Em vistoria técnica realizada na área de estudo, identificou-se cinco aspectos e sete impactos. Sendo estes a saber: aumento do trafego, presença da fauna sinantrópica, diminuição de vegetação da Mata Atlântica, alteração na intensidade e sentido dos ventos; onde esses aspectos geraram os seguintes impactos, consecutivamente: alteração da qualidade do ar, emissão de ruídos, transmissão de doenças, perda da biodiversidade, erosão, diminuição da faixa de areia e interferência dinâmica sedimentar. Observou-se em vistoria in loco, que o aumento do trafego de veículos (como mostra Fig. 4), ocasionou pelo menos dois impactos, alteração da qualidade do ar, considerado como impacto de média magnitude, ocasionado pela emissão de gases e dispersão de material particulado. Figura 4 – Tráfego de veículos Fonte: Acervo próprio A alteração ou redução da qualidade do ar, ocasionada pela dispersão de poeiras, material particulado, fumaça e gases, pode causar danos à saúde humana, ocasiona danos a saúde, como por exemplo, doenças respiratórias. A poluição do ar também afeta a biota. Medidas mitigadoras que poderiam ser adotadas para minimizar esses impactos são: Umidificação e Proteção do Solo; utilização de brita, cobertura dos caminhões; manutenção preventiva dos equipamentos. AYOADE (1998: 309) alerta que a poluição do ar afeta o clima das áreas urbanas de diversas formas. O próprio balanço energético das cidades sofre interferência, pois os poluentes refletem, dispersam e absorvem radiação solar. No que diz respeito ao mesmo aspecto. O segundo impacto gerado é a emissão de ruídos, considerado com grau de magnitude pequena. A movimentação de veículos de pequeno, médio e grande porte, ocasiona altos níveis de ruídos, os quais terminam caracterizando um impacto de categoria adversa, para este impacto não se encontrou medidas que possam solucionar, tendo em vista que o fluxo de veículos se torna indispensável para o transporte dos produtos gerados no empreendimento. Outro impacto diagnosticado foi presença de pombos (como mostra a Fig.5) no entorno do empreendimento, devido aos grãos que caem no solo ao serem transportados, as aves são atraídas para o local com intuito de alimentar-se desses grãos, podendo ocasionar diversos riscos à saúde humana. Figura 5 – Presença de Pombos no entorno do empreendimento. Fonte: Acervo próprio Muitos são os problemas encontrados pelo acúmulo de fezes, penas e restos de ninhos, que levam a entupimentos de sistema de drenagem de águas de chuva, comprometimento no funcionamento de equipamentos diversos e riscos de contaminações diversos em fontes de água e alimentos. Contin (2011). Para solucionar os problemas relacionados aos pombos é necessário obter o controle dos quatro “As” (alimento, água, abrigo e acesso). Durante a fase preliminar da atividade, foi necessário a retirada de espécies vegetais, predominante da mata atlântica, no local da pesquisa (como mostra a Fig. 6). A retirada da vegetação nativa pode ocasionar alguns impactos ambientais, por se tratar de uma área de APP - área de preservação permanente. Figura 6 – Alteração da cobertura vegetal no entorno da área. Fonte: Acervo próprio Para Tricart (1977), as modificações na cobertura vegetal, provocam alterações no equilíbrio do ambiente, onde essas modificações aceleram os processos de erosão, aumento da temperatura local, redução da recarga d’água de rios e aquíferos, entre outros eventos (...). Uma das medidas mitigadoras adequadas é a recomposição vegetal, através do plantio de mudas nativas da área desmatada. Foi observado também, durante a vistoria, que houve uma mudança na intensidade dos ventos, gerando uma interferência da dinâmica sedimentar. Entretanto, por se tratar de um ponto fluvial é muito comum o processo de sedimentação, na área adjacente ao estuário, ocorrer muita sedimentação, agora para se saber o grau e a intensidade da taxa de sedimentação carece de um estudo da dinâmica costeira local. 92 4 CONCLUSÕES 1. Chegou-se ao resultado que dentre os impactos gerados, benéficos e adversos, os adversos se sobressaíram aos benéficos, surgindo assim a inviabilidade do Moinho naquele local; 2. Nesta perspectiva, é necessário que sejam realizadas as medidas mitigadoras adequadas, numa forma de minimizar os impactos existentes. REFERÊNCIAS AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. BOLZAN, J. S. et al. Matriz de avaliação de impacto ambiental aplicada a triagem e transbordo de resíduos da construção civil. Disc. 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