mulheres usuárias de crack: série de casos de

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Trabalho 3164 - 1/2
MULHERES USUÁRIAS DE CRACK: SÉRIE DE CASOS DE GESTANTES
ATENDIDAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.
Oliveira,Rosana Rosseto de1; Bellasalma, Ana Carolina Manna2; Oliveira, Magda Lucia Félix de 3;
Ballani, Tanimária da Silva Lira 4; Aleixo, Ellen Cristina Santana 5.
Introdução: A cocaína é o produto extraído das folhas da planta Erythroxilon coca, encontrada
em países da América do Sul e da América Central. O subproduto que resulta do refino da
cocaína é o crack, pasta de coca combinada com bicarbonato de sódio. Entre as mulheres
usuárias de crack, chama atenção o uso da droga em gestantes, o que traz conseqüências para o
feto e o recém-nascido. As mulheres dependentes de crack, geralmente, não têm condições de
planejar uma gravidez sadia, pois o abuso de crack está associado a baixas condições
socioeconômicas, ao desemprego e ao elevado risco para doenças sexualmente transmissíveis,
principalmente a AIDS. . A identificação de gestantes no pré-natal é importante para um possível
diagnóstico do problema e para a intervenção eficaz em cada caso. Ressalta-se a importância do
atendimento pré-natal nos primeiros meses de gravidez, pois as orientações dadas às gestantes
sobre o uso de drogas na gestação são essenciais para o inicio de uma mudança de
comportamento. Objetivo: O presente trabalho tem o objetivo de estabelecer o perfil de gestantes
usuárias de crack atendidas no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Material e
Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com o delineamento de uma série de casos. O estudo
de série de casos é utilizado para grupos com 10 ou mais pessoas, com uma doença ou um
problema em particular, e é comum nesse tipo de estudo fazer uma análise retrospectiva da vida
do indivíduo. O estudo foi realizado em Maringá-PR, com dados do Centro de Controle de
Intoxicações do HUM. A população compreendeu 11 mulheres usuárias de crack, que foram
internadas no HUM durante a gestação, independentemente do período gestacional. Como fontes
de dados foram utilizadas as Fichas de Notificação e Atendimento do CCI/HUM e o prontuário
das pacientes. Foram selecionados os casos notificados no CCI/HUM no ano de 2008. Os dados
quantitativos da ficha OT e do prontuário foram inseridos no Programa Excel, sendo os casos
numerados de 1 a 11. Resultado: A maioria das mulheres se encontrava na faixa etária de 19 a 31
anos, destacando-se uma gestante com 17 e outra com 43 anos, o que sinaliza que o crack não é
uma droga de abuso utilizada apenas na juventude. Seis delas tinham como profissão o cuidado
do lar, quatro referiram estar desempregadas, incluindo uma moradora de rua, e apenas uma
estava empregada formalmente. Quanto à escolaridade, nove apresentavam o ensino fundamental
incompleto, uma não tinha nenhum ano estudado e outra não tinha este dado registrado em
prontuário, apontando evidências de evasão escolar e de baixas condições socioeconômicas da
série de casos estudada. Em relação ao estado civil, cinco eram solteiras, cinco tinham parceiros
1
Enfermeira, mestranda em Enfermagem. Mestrado em Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá
(UEM).
2
Psicóloga, especialista em saúde Mental. Centro de Controle de Intoxicações, Hospital Universitário
Regional de Maringá, UEM.
3
Enfermeira, doutora em Saúde Coletiva. Departamento de Enfermagem e Diretoria de Enfermagem do
Hospital Universitário Regional de Maringá, UEM.
4
Enfermeira, mestre em Enfermagem. Centro de Controle de Intoxicações, Hospital Universitário
Regional de Maringá, UEM.
5
Enfermeira, mestre em Saúde Coletiva. Setor de Gestão de Educação Permanente e Relações
Institucionais, Diretoria de Enfermagem, Hospital Universitário Regional de Maringá, UEM E- mail:
[email protected]; [email protected]; (44) 99520561.
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fixos e uma era casada. Todas faziam uso crônico de crack. Oito informaram também o
tabagismo, três o etilismo, o uso de maconha foi referido por quatro e cocaína por duas delas, o
que indica que o abuso do crack está intimamente relacionado à associação a outras drogas, sejam
elas lícitas ou ilícitas. Encontrou-se uma mulher doente de aids. O tipo de parto foi vaginal para
seis mulheres e três foram cesáreas, devido a oligodrâminio, descolamento prematuro de
placenta e trabalho de parto prematuro. Para dois casos não foi possível acompanhar o desfecho
da gestação, com uma transferência para outro hospital e uma evasão da paciente. Nove
gestantes não realizaram consultas de pré-natal, sendo que, das mulheres que as realizaram, uma
delas teve apenas uma consulta e a outra foi acompanhada pelo Ambulatório de Pré-natal de Alto
Risco do HUM. Este é um dado preocupante, considerando-se que é preconizado pelo Programa
de Humanização no Pré-natal e no Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde, desde o ano de
2000, o mínimo de seis consultas de pré-natal. Das gestações que tiveram desfecho no HUM, um
recém-nascido necessitou de UTI neonatal, outro apresentou cianose, hiporeatividade e
hipoglicemia, e os demais evoluíram sem intercorrências. O peso ao nascer variou de 1985 a
2650 gramas, sendo considerado baixo quando inferior a 2500 gramas. O peso ao nascer é
indicador da qualidade da assistência à saúde reprodutiva da mulher, pois seus fatores causais são
passíveis de controle na presença de atenção adequada à mulher em idade fértil, além de ser
considerado, isoladamente, o determinante que está mais intimamente relacionado à mortalidade
infantil. O apgar das crianças concentrou-se na faixa de 8 à 9 no primeiro minuto e 9 à 10 no 5º
minuto. Apenas um bebê apresentou apgar de 5/8, sendo que os valores de apgar são
considerados bons e indicativos de ausência de asfixia no neonato quando apresentam um score
de 8 a 10. Todos os casos tiveram acompanhamento do Serviço Social do hospital, sendo que em
seis casos foi feito contato com o conselho tutelar. É interessante observar ainda que entre estas
mulheres, dez delas já haviam sido internadas no HUM, sendo sete internações anteriores devido
a outras gestações. Conclusão: Chama atenção na presente série de casos, as condições
socioeconômicas das mulheres, corroborando dados da literatura de o crack como droga da
pobreza e da exclusão; a dificuldade do serviço de saúde em acessar este grupo populacional,
indicado pelo baixo acesso e vínculo à assistência pré-natal; as condições da gestação e do
feto/recém-nascido, indicadas por complicações pós parto, baixo peso ao nascer e utilização de
assistência de alta complexidade neonatológica; e a presença da infecção pelo HIV no grupo. Na
estratégia pública dirigida para essas gestantes é primordial a promoção do pré-natal, realizando
busca ativa das gestantes entre as mulheres em idade fértil e o acolhimento das mesmas nos
serviços de saúde.
Palavras-chave: Ciclo gravídico-puerperal; cocaína; Drogas de Uso Indevido.
Referências:
COSTA, F. et al. Diversidade e freqüência dos desenhos de estudos científicos nos Arquivos
Brasileiros de Oftalmologia 1993 a 2002. Arq. Bras. Oftalmol. São Paulo, v. 68, n. 3, p. 18- 27,
2005.
CUNHA, G. B. et al. Prevalência da exposição pré-natal à cocaína em uma amostra de recémnascidos de um hospital geral universitário. Jornal de pediatria. Rio de Janeiro, v.77, n.5, p. 369373, 2001.
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