Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Desenho do EC Bioestatística e Ensaios Clínicos Estimativas de risco e tamanho do efeito do tratamento Edson Zangiacomi Martinez Depto. de Medicina Social Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Seja um ensaio clínico controlado aleatorizado: resposta controle resposta n indivíduos aleatorização Vamos considerar que a resposta verificada de cada paciente é um evento binário. Desenho do EC Exemplo Exemplo: desejamos medir o efeito da trombólise intravenosa sobre a mortalidade de cinco semanas no infarto agudo do miocárdio (IAM), a partir de ensaios aleatorizados multicêntricos. Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% The Lancet, 343:311-322, 1994. Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP tratamento Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% Sejam: RT = risco no grupo tratado = RC = risco no grupo controle = 1.352 14.438 1.773 14.386 = 9,4% = 12,3% The Lancet, 343:311-322, 1994. 1 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Redução absoluta de risco (RAR) Risco relativo (RR) Óbito Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% RR = RAR = RC – RT RT RC Ou seja, no grupo tratado com trombolítico, a letalidade foi 2,9% menor que no controle. RT 9,4% = = 0,76 RC 12,3% O grupo tratado com trombolítico apresentou um risco relativo de óbito de 0,76 em relação ao controle. Redução relativa de risco (RRR) Redução relativa de risco (RRR) RAR = RC – RT = 12,3% – 9,4% = 2,9% RR = Óbito Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% RRR = (1 – RR) 100% A redução relativa de risco (relative risk redution) expressa a redução percentual de eventos no grupo tratado (RT) em relação aos controles (RC). Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP RRR = (1 – RR) 100% = 1 – 9,4% 12,3% 100% = (1 – 0,76) 100% = 24% A trombólise intravenosa possibilitou uma redução na letalidade pós-IAM de 24% em relação ao grupo controle. 2 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Número necessário para tratar (NNT) Número necessário para tratar (NNT) Óbito Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% NNT = 1 RAR 1 NNT = O número necessário para tratar (number needed to treat) expressa o número de pacientes que devem ser tratados a fim de que um evento adverso adicional seja evitado. NNT = RAR 1 0,029 = 34. Odds ratio (OR) Seria necessário tratar 34 pacientes com trombolítico para se evitar a morte de um deles, ou seja, a cada 34 pacientes tratados, uma morte adicional é prevenida. Odds ratio (OR) Óbito Óbito Grupo Total Sim Não Letalidade Grupo Total Sim Não Letalidade Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Tratado 14.438 1.352 13.086 9,4% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% Controle 14.386 1.773 12.613 12,3% OR = 1.352 x 12.613 1.773 x 13.086 OR = 1.352 x 12.613 1.773 x 13.086 = 0,73 RR = 9,4% 12,3% = 0,76 Nota: quando RT e RC são pequenos, o OR e o RR são próximos. O odds ratio tem pouca utilidade em decisões clínicas. Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Nesta situação, alguns autores usam o OR como uma aproximação do RR. 3 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Reduç Redução absoluta de risco (RAR) Risco relativo (RR) Reduç Redução relativa de risco (RRR) Número necessá necessário para tratar (NNT) RAR = RC – RT RR = RT RC RRR = (1 – RR) 100% NNT = 1 RAR Flow of participants through trial Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP 4 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Flow of patients through the study Coeytaux RR et al. A Randomized, Controlled Trial of Acupuncture for Chronic Daily Headache. Headache: The Journal of Head and Face Pain 45 (9), 1113-1123. Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP 5 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Relação entre as medidas de tamanho do efeito do tratamento Risco relativo (RR) = 3,7 Risco com Tratamento Risco sem Tratamento Risco Relativo Redução Relativa de Risco Redução Absoluta de Risco Número Necessário Para Tratar RT RC RR RRR RAR NNT 0,2 0,5 0,4 0,6 0,3 3,3 0,02 0,05 0,4 0,6 0,03 33,0 0,002 0,005 0,4 0,6 0,003 333,0 Reduç Redução absoluta de risco (RAR) = 46% Número necessá necessário para tratar (NNT) = 2 (Tramèr MR, Walder B, 2005) Bibliografia Cook RJ, Sackett DL (1995). The number needed to treat: a clinically useful measure of treatment effect. British Medical Journal 310: 452-454. Bender R (2001). Calculating confidence intervals for the number needed to treat. Controlled Clinical Trials 22:102–110. Walter SD (2001). Number needed to treat (NNT): estimation of a measure of clinical benefit. Statistics in Medicine 20:3947–3962. Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Adesão ao tratamento • Em um ensaio que avalia o efeito de um tratamento: – Um ou mais participantes podem não aderir ao protocolo ou – Os investigadores podem recomendar a retirada de um ou mais pacientes por causa de aparentes efeitos adversos causados pela intervenção. • Estes pacientes devem ser eliminados da análise dos dados? 6 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Análise explanatória • São considerados apenas os pacientes que aderiram ao protocolo. • Problemas: – As razões para a não adesão podem estar associadas ao prognóstico. – Pacientes que aderem podem ser aqueles que respondem melhor ao tratamento. – Conclusão: vieses!!! Intention-to-treat principle • ITT – Cada paciente é tratado na análise como se houvesse passado pelo tratamento para o qual foi escolhido aleatoriamente. – “Assim como aleatorizado, o paciente é analisado”. – São ignoradas retiradas, não adesão, ou o que ocorrer com os pacientes acompanhados. – É mantida a integridade da aleatorização. ASA: acetylsalicylic acid Perdas de seguimento • ITT pode não minimizar os vieses introduzidos por perdas de seguimento, ou seja, pacientes cujas respostas são censuradas para o investigador. n1 = 400 pacientes n = 800 pacientes Montori VM, Guyatt GH. CMAJ 2001;165:1339-1341 n2 = 400 pacientes 120 perdas d1 = 200 respostas 80 perdas d2 = 200 respostas Copyright ©2001 Canadian Medical Association or its licensors Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP 7 Avanços metodológicos na pesquisa em Enfermagem Perdas de seguimento Análise A n1 = 400 pacientes Eventos Análise B 120 perdas Deixou de tomar o medicamento d1 = 200 respostas 200/400 = 0,5 Respondeu ao tratamento 200/(400-120) = 0,714 Óbito n = 800 pacientes n2 = 400 pacientes RR = 1 80 perdas d2 = 200 respostas 200/400 = 0,5 RR = 1,14 200/(400-80) = 0,625 Não retornou para novas consultas Apresentou eventos adversos • Qual é a análise mais adequada? Prof. Dr. Edson Zangiacomi Martinez Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Solicitado a deixar de tomar o medicamento Teria respondido ao tratamento se estivesse vivo Respondeu ao tratamento Respondeu ao tratamento Tempo 8