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AS PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM AO CLIENTE COM
FISTULA ARTERIOVENOSA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Vander Monteiro da Conceição 1
Jeferson Santos Araujo1
Lucialba Maria Silva dos Santos1
Ralrizônia Fernandes Sousa1
Silvio Éder Dias da Silva2
INTRODUÇÃO
No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programas assistenciais
destinados ao controle e tratamento de Insuficiência Renal Crônica (IRC) dobrou nos
últimos anos, levando-os ao processo de hemodiálise e a instalação da fistula arteriovenosa
(FAV).
A doença renal crônica constitui, atualmente, importante problema de saúde pública.
No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programas assistenciais destinados ao
controle e tratamento de Insuficiência Renal Crônica (IRC) dobrou nos últimos anos. A
doença tem como principais complicações o aumento da uréia no sangue (azotemia), a qual
desencadeia uma série de sinais e sintomas conhecidos como uremia ou síndrome urêmica.
As causas principais podem ser: pré-renal (em decorrência da isquemia renal); renal
(conseqüente de doenças como as glomerulopatias, hipertensão arterial, diabetes etc); pósrenal (em virtude da obstrução do fluxo urinário) 1.
No mundo, cerca de 1,2 milhões de pessoas encontram-se sob tratamento dialítico.
No Brasil, são aproximadamente 54,5 mil pessoas, destas, 48.875 em hemodiálise e 5.649
em diálise peritoneal. O número de pacientes em programa dialítico cresce no Brasil à
média de 10%, em virtude de uma incidência de mais de cem pacientes novos por milhão
de habitantes/ano 2.
O método de escolha para acesso à hemodiálise é a fístula arteriovenosa (FAV)
primária em membro superior, envolvendo a artéria radial e a veia cefálica na região do
punho. Tal técnica eleva o fluxo sangüíneo venoso para cerca de 250 a 300 ml por minuto,
1
Discentes da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará.
Professor
Assistente
da
Faculdade
de
Enfermagem
da
UFPA.
Doutorando
do
DINTER/UFPA/UFSC/CAPES. Mestre em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Membro do Grupo de Estudos de
História do Conhecimento de Enfermagem (GEHCE) e do Grupo de Pesquisa: Educação, Políticas e
Tecnologia em Enfermagem da Amazônia (EPOTENA). COREN – PA: 87238.
2
sendo essa a velocidade de fluxo ideal para se obter o clearance de uréia adequado após 4
horas de hemodiálise. A preferência por sua utilização deve-se ao maior tempo de
funcionamento dessas comunicações arteriovenosas e ao fácil tratamento de suas
complicações 3.
No esgotamento de todas as possibilidades de acessos em membros superiores, seja
através de anastomoses arteriovenosas primárias, seja através de enxertos com prótese ou
veia autóloga, uma proposta é a confecção de FAV em membros inferiores. Para tal, são
comumente utilizadas duas técnicas básicas: as que utilizam uma alça de veia safena magna
ou de material protético e as que utilizam pontes entre a artéria e a veia femoral,
empregando material sintético. As desvantagens dessas alternativas são a utilização de
material protético, o risco de acotovelamento das alças, a necessidade de duas anastomoses
vasculares e a proximidade da região inguinal, onde o risco de infecção é maior 3.
OBJETIVO
•
Identificar as principais orientações de enfermagem para que os portadores da
FAV possam realizar o melhor autocuidado.
METODOLOGIA
O estudo é do tipo relato de experiência com abordagem qualitativa exploratória
descritiva usando como aporte conceitual: insuficiência renal aguda e crônica, hemodiálise,
cliente com fístula arteriovenosa e educação em saúde aplicada por autores que discutem a
temática.
O estudo exploratório, designado por alguns autores como pesquisa quase científica
ou não científica, é, normalmente, o passo inicial no processo de pesquisa. Trata-se de uma
observação não estruturada, ou assistemática: consiste em recolher e registrar os fatos da
realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas
diretas 4.
A pesquisa descritiva serve para observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou
fenômenos (variáveis) do mundo físico e, especialmente, do mundo humano, sem a
interferência do pesquisador4.
RESULTADOS
Um determinado problema foi identificado durante a conversa com os pacientes
portadores de fistula arteriovenosas, pois quando questionados sobre quem forneceu-lhes as
orientações a cerca dos cuidados com a fistula, dois declararam ter sido o médico, porém
queixaram-se da maneira como foi repassada a informação, tendo melhor esclarecimento
realizado por outros pacientes que conheceram durante a sessão de hemodiálise; um dos
entrevistados relatou que somente foi orientado por outros pacientes não recebendo
nenhuma orientação por parte dos profissionais de saúde.
Percebe-se neste caso, a importância das orientações de enfermagem no que diz
respeito à educação em saúde, no sentido de levar aos clientes portadores de fístulas
arteriovenosas, esclarecimentos a cerca dos cuidados dispensados no controle de possíveis
infecções e quanto à movimentação do membro no qual se encontra a fístula, pois poderá
ocorrer possível rompimento e ser necessário realizar outra fistula provocando mais
transtornos ao paciente.
Em sua história, a Enfermagem parece ter sido bastante influenciada pelo
higienismo, adotando abordagens de Educação em Saúde pautadas por um referencial
autoritário e tradicional. Pode-se dizer que ainda hoje, muitas das práticas educativas
desenvolvidas por enfermeiros mantêm este enfoque educativo preventivo sem incorporar a
compreensão dos fatores determinantes dos problemas de saúde ou ainda, as necessidades e
saberes da população trabalhada. Percebe-se também que ainda que sejam reconhecidas
como parte importante das práticas de Enfermagem em Saúde Pública, são ainda poucos os
estudos que se debruçam sobre as práticas educativas 5.
Considerando a centralidade da ação educativa na prática profissional do
enfermeiro, parte-se do pressuposto que a prática educativa faz parte do cuidado em
Enfermagem. Entende-se que a compreensão do cuidado em Enfermagem pressupõe a
explicitação de um referencial teórico e filosófico e a compreensão da experiência de
cuidado no contexto sócio-político, econômico e cultural em que ocorre. Está se falando,
portanto, de um valor e de uma prática que pressupõem a potencialização da expressão do
cidadão 5.
Principais orientações:
¾
Em caso de sangramento deve-se comunicar imediatamente a equipe de
hemodiálise;
¾
Não deixar que façam curativos apertados no membro que possui uma FAV. O
curativo deve ser frouxo;
¾
Nas primeiras 72 horas é obrigatório o curativo (lavar com povedine ou similar,
toques de álcool iodado, gases secas e crepom) Também a ferida não deve ser molhada
nas primeira 24 horas.
¾
Caso a pele sobre a FAV fique muito vermelha, apareça edema ou pus comunicar a
equipe de hemodiálise;
¾
No primeiro mês após a confecção de uma FAV devem-se fazer exercícios de abrir
e fechar a mão com uma bola de borracha por cerca de 15 min três vezes ao dia.
¾
Evitar expor o braço que possui uma FAV a acidentes (mexer com vidros, espinhos,
etc.), pois, o membro que possui uma FAV tende a sangrar mais que o normal;
¾
Não se devem usar adereços (relógios, anéis, pulseiras, e similares) no braço que
possui uma FAV.
¾
Evitar o uso de roupas que apertem o antebraço, braço e ombro;
¾
Evite carregar mochilas com peso, bem como carregar peso no braço que possui
uma FAV (crianças, compras, etc.).
¾
Não dormir sobre o braço que possui uma FAV;
¾
Não permitir a introdução de agulha nas veias do braço que possui uma FAV,
(injeções, coletas de sangue, colocação de soro), exceto para o processo de
hemodiálise. Bem como evitar injeções intramuscular no membro que possui um FAV;
¾
Não permitir que afiram pressão arterial no membro que possui uma FAV
funcionante;
¾
Dor e dormência no membro que possui uma FAV devem ser comunicadas a uma
equipe de hemodiálise;
¾
Nas sessões de hemodiálises insistirem para o local de punção (onde se introduz a
agulha) seja mudado todas as vezes que você for dialisar.
¾
Deve-se lavar a pele sobre a FAV com água e sabão antes da diálise também
observar se o funcionário que faz a punção da FAV está de luvas e passou álcool ou
similar sobre a pele antes da punção. Caso contrário comunique a equipe de
hemodiálise;
¾
Diminuição ou cessação do Frêmito deve ser comunicada a equipe de hemodiálise
imediatamente.
CONCLUSÕES
A partir deste relato de experiência podemos inferir o quanto se faz necessária às
orientações de enfermagem aos clientes portadores de fistulas arteriovenosas, visto que,
estes são carentes de informações no que diz respeito ao autocuidado. Portanto, cabe a nós,
futuros profissionais de enfermagem, saber orientar de forma plausível, prevenindo
possíveis complicações na FAV e obtendo sucesso no tratamento.
REFERÊNCIAS
1. Fermi, M.R.V. Manual de diálise para enfermagem. Rio de Janeiro (RJ): Intexto;
2003.
2. Vieira, W. P.; Gomes, K.W.P.; Frota, N.B.; Andrade, J.E.C.B.; Vieira, R.M.R.A.;
Moura, F.E.A.; Vieira, F.J.F. Manifestações musculoesqueléticas em pacientes
submetidos à hemodiálise. Revista Brasileira de Reumatologia, 45, 6, 357-364;
2005.
3. Corrêa, J.A.; Pires, A.C.; Kafeijan, O; Junior, F.M.; Galego, S.J.; Yamazaki,
Y.R.Y.; Fujji, E.Y.; Fieretti, A.C. Fístula arteriovenosa safeno-femoral
superficial como acesso à hemodiálise – descrição de técnica operatória e
experiência clínica inicial. J. Vasc. Br. 2005, Vol. 4, Nº4.
4. RAMPAZZO, L. Metodologia Científica: para alunos dos cursos de graduação
e pós-graduação. Edições Loyola: 3ª edição, São Paulo – SP, 2003.
5. ACIOLI, S. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Pública.
Rev. Bras. Enferm. Jan-Fev, Brasília 2008.
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