Para Pais CRIAMOS OS FILHOS PARA O MUNDO

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Para Pais: O QUE VAMOS SER OU QUEM VAMOS SER?
Quem já não ouviu a frase “criamos os filhos para o mundo?” Ainda mais nos
dias de hoje quando nós pais temos que nos deparar com tantas transformações e
inovações tecnológicas, ideológicas e comportamentais.
Fico a me questionar até que ponto adianta ficarmos reclamando do presente,
saudosos do passado e da educação recebida, ou de como os jovens se comportavam.
A bem verdade é que no passado os pais também enfrentavam problemas como os
filhos e que, talvez a diferença, é que não ficavam justificando sua inabilidade diante
dos problemas e sim que eles mesmos assumiam a responsabilidade e ter que
enfrenta-los ou resolve-los.
Isso significa que o ideal é que os pais não tentem justificar o “não fazer”, mas
que busquem alternativas “modernas”, e que possam mudar na mesma dimensão que
o jovem. Fica bem claro que o que estamos querendo dizer não é que os pais devam
abrir mão de seus valores e que devam permitir que os filhos façam o que quiserem,
acreditando que estão fazendo o melhor para eles. Este foi, na verdade, o grande erro
da década de 70 e 80, onde pais extremamente reprimidos tentaram se opor a
educação que receberam e acreditaram que “permitir” e “ter liberdade” era “fazer o
que tivesse vontade”. De fato, sabemos que tudo o que se coloca em excesso pode ser
prejudicial.
Atualmente convivemos com os pais em “desamparo”. Diante dos reflexos da
modernidade encontram-se cada vez mais perdidos e buscam cada vez mais designar a
educação dos filhos as outras instâncias de apoio, como a escola, profissionais liberais,
dentre outros. A questão primordial não são as parcerias estabelecidas para o cuidado
das crianças, mas o sentimento de culpa que ai se põe. Os pais ausentes, tentam
compensar seus sentimentos de culpa fazendo, como eles mesmos afirmam “de tudo
pelo filho”, o que inclui suprir necessidades financeiras, alimentares, educacionais, mas
esquecem das necessidades emocionais. O reflexo de toda essa desorganização recai
então sobre os jovens que estão desenvolvendo cada vez mais comportamentos
ansiosos, inseguros, ou que encontram dificuldades extremas para tolerar as
frustrações que a vida lhes impõe. São incapazes de sonhar, de planejar, de formar
laços afetivos e vínculos duradouros. Pensam excessivamente no “ter” em detrimento
do “ser”.
Olhar para toda essa situação nos faz refletir sobre a necessidade de mudarmos
tais aspectos. A escola tem resgatado cada vez mais seu papel educativo, porém tem
consciência de que não pode assumir tais responsabilidades em sua totalidade.
Acredita sim que deve ser “parceira” para que possa auxiliar os pais e os alunos a
construírem dimensões diferentes sobre conceitos como responsabilidade, cidadania,
respeito mas, acima de tudo, sobre o desenvolvimento global do ser humano. Isso
significa plantar sonhos e almejar conquistas. Porém, a família ainda é a instância
primordial, o primeiro solo onde tais sonhos precisam ser cultivados, e precisa assumir
esse grande desafio diante das transformações do mundo.
É fundamental que os pais ensinem os filhos a serem empreendedores se
quiserem que eles sejam cidadãos globais, ou seja, para que possam viver no mudo de
amanhã é fundamental que tenham criatividade, autodisciplina, empreendedorismo,
capacidade de tomar iniciativas e de trabalhar em equipe. Para que isso aconteça
“precisam assumir a dimensão de serem pequenas comunidades sociais” (Maldonado,
2006 em entrevista a revista isto é), as quais encontram diariamente constantes
desafios.
O primeiro deles seria o gerenciamento do tempo e dos espaços de convivência
na família. Percebemos a disputa acirrada dos pais ou com ou pelos inúmeros canais
de TV, Internet, tablete e mídias sociais. A concepção primordial neste aspecto é que é
necessário conseguir um tempo de convívio de qualidade entre pais e filhos, o qual
deve incluir diálogo, alguma atividade em comum, além de participação e
acompanhamento de rotinas.
O outro desafio apontado pela autora seria o de pensar junto, organizar um
foco buscando sempre o equilíbrio entre deveres e prazeres. A esta dimensão damos o
nome de limites, os quais não devem ser confundidos com autoritarismo, mas sempre
reforçando que os pais devem exercer a sua autoridade, exigindo dos filhos respeito e
colaboração porque uma criança que não colabora em casa tem grandes chances de se
tornar um adolescente incapaz de circular pelo mundo, de buscar pelos ideais que
almeja.
É preciso transmitir aos filhos que desde cedo as tarefas precisam ser
partilhadas, que cada um precisa cuidar de suas próprias coisas e também do espaço
coletivo. Não deve ser função das empregadas domésticas recolhes as coisas das
crianças espalhadas pela casa.
Outro aspecto importante é que é natural que os conflitos aconteçam, ou seja,
vivemos diante de uma diversidade de ideologias, de culturas, de pontos de vista e
tendências. Neste contexto, é fundamental que o aprendizado de transformar conflitos
em soluções se estabeleça pois futuramente será para o jovem adulto uma ferramenta
indispensável para lidar com o mundo. Assim, percebemos que a família é o melhor
celeiro para desenvolver tais comportamentos, uma vez que é justamente dentro de
casa que a gente lida diariamente com as diferenças entre as pessoas. Os conflitos não
existem para serem varridos debaixo do tapete ou para fazer de conta que não
existem. Eles tem que ser projetados como terra fértil para gerar boas soluções através
da escuta do ponto de vista do outro onde pela divergência encontra-se uma área
comum.
Desta forma podemos resgatar o objetivo primeiro da família que é o
desenvolvimento dos laços de afeto e do estabelecimento da responsabilidade dos
cuidados de uns com os outros.
Kellen, M Escaraboto Fernandes, foi professora da Educação Infantil e encantou-se pelo
desenvolvimento das crianças. Querendo entender melhor como elas pensavam e aprendiam,
buscou uma graduação em Psicologia. Nos últimos anos de faculdade iniciou os trabalhos
como Psicóloga Escolar. Aprofundou-se em Educação Especial, Psicopedagogia, em Psicologia
Comportamental e sua última formação foi em Neuropsicologia. A escola a levou à clínica e,
durante 16 anos, atua nessas duas instâncias, além de trabalhar como educadora na
graduação e na pós-graduação, contribuindo especialmente para a formação de professores e
futuros psicólogos. Também assumiu o desafio de assessorar escolas e contribuir com a
formação de professores, pois acredita que nasceu mais que psicóloga; uma pessoa que ama
estar com outras pessoas e contribuir para que elas sejam mais felizes!
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