ISSN 0004-2749 versão impressa Arquivos Brasileiros PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA JANEIRO/FEVEREIRO 2011 d e 74 01 Microbial keratitis in southeast Brazil Floppy eyelid syndrome Posterior scleral tuberculoma Corneal biomechanics in healthy thin corneas Cross-linking and corneal rings INDEXADA NAS BASES DE DADOS MEDLINE | EMBASE | ISI | SciELO Capa Oftal 74.1.indd 1 12/04/2011 16:40:01 Fevereiro’11 UM RELACIONAMENTO CONSTRUÍDO OLHO NO OLHO. COM O CUIDADO QUE VOCÊ E SEUS PACIENTES MERECEM. 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(114 gotas)2 Contraindicações: Este produto é contraindicado para pessoas que apresentam hipersensibilidade (alergia) a bimatoprosta ou a outros componentes da fórmula. Interações medicamentosas: Não são previstas interações entre LUMIGAN® RC e outros medicamentos. Referências Bibliográficas: 1. EGS Guidelines, III Edition, 2008. 2. LUMIGAN® RC 0,01% - Bula do produto. Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda. - 02/2011. 3. Katz LJ, et al. Twelve-Month, Randomized, Controlled Trial of Bimatoprost 0.01%, 0.0125%, and 0.03% in Patients with Glaucoma or Ocular Hypertension. American Journal of Ophthalmology 2009; 149(4):661-671. LUMIGAN® RC (bimatoprosta 0,01%) USO ADULTO. Indicações: LUMIGAN® RC é indicado para o tratamento e prevenção do aumento da pressão dentro dos olhos em pacientes com glaucoma de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado em pacientes submetidos previamente a iridotomia e hipertensão ocular. Advertências/Precauções: tem sido relatadas alterações de pigmentos dos tecidos com a utilização de solução oftálmica de bimatoprosta. Os relatos mais freqüentes têm sido os escurecimentos da íris, das pálpebras e cílios. Houve relatos de ceratite bacteriana associada com o uso de recipientes de doses múltiplas de produtos oftálmicos de uso tópico. Gravidez e Lactação: não foram realizados estudos controlados em gestantes. LUMIGAN® RC apenas deve ser utilizado em gestantes se os potenciais benefícios para a mãe justificarem os potenciais riscos para o feto. Posologia e modo de usar: você deve aplicar o número de gotas da dose recomendada pelo seu médico em um ou ambos os olhos. A dose usual é de 1 gota aplicada no(s) olho(s) afetado(s), uma vez ao dia, (de preferência à noite), com intervalo de aproximadamente 24 horas entre as doses. A dose não deve exceder a uma dose única diária, pois foi demonstrado que administração mais freqüente pode diminuir o efeito do medicamento sobre a pressão intra-ocular elevada. Reações adversas oculares relatadas mais comumente com LUMIGAN® RC por ordem de freqüência foram: Reação muito comum (> 10%): hiperemia conjuntival. A hiperemia conjuntival ocorre geralmente nos primeiros dias de tratamento, sendo transitória. Reação comum (>1% e < 10%): coceira nos olhos, dor ocular, irritação ocular, crescimento e escurecimento dos cílios, escurecimento da pele ao redor dos olhos ente outros. Reg. ANVISA/MS - 1.0147.0155 - Farm. Resp.: Dra. Flávia Regina Pegorer CRF-SP nº 18.150 VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Para maiores informações, consultar a bula completa do produto. Fabricado por ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA: Av. Guarulhos, 3272 - CEP 07030-000 – Guarulhos/SP - CNPJ nº 43.426.626/0009-24 - Indústria Brasileira - ® Marca Registrada. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. www.allergan.com.br BR/0032/2011 - 14/MAR/2011 anuncio-lumiganRC-21x28-BR.indd 1 3/21/11 10:39 AM Lubrificantes Oculares Uma gota de alívio no seu dia-a-dia. NOVO! A linha de lubrificantes Adaptis traz alívio para a irritação ocular do dia-a-dia, causada pelo uso excessivo de monitores, poluentes e outros agentes. Existe um Adaptis ideal para cada caso: 0,5% e 1,0% – carboximetilcelulose de sódio 5,0 e 10,0 mg – hialuronato sódico 4 mg – ácido poliacrílico 2 mg Adaptis 0,5%: Reg. ANVISA N° 80192010033 Adaptis 1%: Reg. ANVISA N° 80192010033 Adaptis Fresh: Reg. ANVISA N° 80192010032 Adaptis Gel: Reg. ANVISA N° 80192010034 ADA_0008_anúncio 01.indd 1 [email protected] www.adaptltda.com.br 11/6/2010 16:45:40 www.cbo2011.com.br REALIZAÇÃO GERENCIAMENTO AnúSystane 21x28 cm.pdf 24.03.11 15:43:42 5150 - Anuncio pagina simples zylet_2:Layout 2 3/21/11 10:21 AM Page 1 RESGATE confiável INDICAÇÕES:Zylet é indicado para condições oculares inflamatórias sensíveis a esteróides para as quais um corticosteróide é indicado e quando exista infecção ocular bacteriana superficial ou risco de infecção ocular bacteriana.Os esteróides oculares são indicados em condições inflamatórias da conjuntiva bulbar e palpebral, córnea e segmento anterior do globo ocular como conjuntivite alérgica,acne rosácea,ceratite puntata superficial, ceratite por herpes zoster, irite,ciclite e quando o risco inerente do uso de esteróides em determinadas conjuntivites infecciosas é aceito para se obter a diminuição do edema e da inflamação.Também é indicado em uveíte anterior crônica e ferimentos da córnea por queimaduras térmicas,por radiação ou químicas,ou penetração de corpos estranhos.O uso de um medicamento combinado com um componente antibiótico é indicado quando o risco deinfecçãoocularsuperficialéaltoouquandoháumaexpectativaqueumpotencialnúmerodebactériasperigosasestarápresentenoolho.Oantibióticopresentenesteproduto(tobramicina)éativocontraosseguintespatógenosbacterianoscomuns:estafilococos,incluindoS.aureuseS.epidermidis (coagulase positiva e coagulase negativa), incluindo cepas penicilina-resistentes; estreptococos, incluindo algumas espécies do Grupo A-beta-hemolítico, algumas espécies não hemolíticas e alguns Streptococus pneumoniae; Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Klebisella pneumoniae, Enterobacteraerogenes,Proteusmirabilis,Morganella morganii, amaioria dascepasdeProteusvulgaris,HaemophilusinfluenzaeeH.aegyptius,Moraxella lacunata,AcinetobactercalcoacetiusealgumasespéciesdeNeisseria.CUIDADOSEADVERTÊNCIAS:Conservaroprodutoemtemperaturaambiente. Nãocongelar. Consumir em28diasapósaberto.Nãodeixarogotejadortocarqualquersuperfície,pois istopodecontaminarasuspensão.Nãousarlentesdecontatogelatinosas.Ousoprolongadodecorticosteróidespoderesultaremglaucomacomdanoaonervoóptico,problemasnaacuidadevisual enoscamposdevisão,formaçãodecataratasubcapsularposterior, podesuprimir arespostaimunológicaeassim aumentaroriscodeinfecçõesocularessecundárias.Osesteróidesdevemserusadoscomcautela napresençadeglaucoma.Sensibilidadeàaplicaçãotópicadeaminoglicosídeospode ocorreremalgunspacientes.Seocorreremreaçõesdesensibilidade,descontinuarouso.Nasdoençascomafilamentodaescleraoudacórneapodemocorrerperfuraçõescomousodeesteróidestópicos.Emcondiçõespurulentasagudasdoolho,osesteróidespodemmascararoquadroouagravar ainfecçãopré-existente.Ousodeesteróidesocularespodeprolongarocursoeexacerbaraseveridadedediversasinfecçõesvirais doolho(incluindoherpessimples).Autilizaçãodecorticosteróidesnotratamentodepacientescomhistória deherpessimplesrequermuitacautela.Ousodeesteróides apóscirurgia dacataratapoderetardaracicatrizaçãoeaumentaraincidência deformaçãodepústulas.REAÇÕESADVERSAS:Incluemceratitepuntatasuperficial, aumentodapressãointra-ocular, queimaçãoeardência apósinstilação,distúrbiosdavisão,erupção,prurido,distúrbiosdelacrimejamento, fotofobia,depósitos corneanos,desconforto ocular, distúrbios na pálpebra e outros distúrbios inespecíficos do olho.O evento adverso não ocular relatado foi dor de cabeça.POSOLOGIA:Aplique uma ou duas gotas de Zylet no saco conjuntival do(s) olho(s) afetado(s) a cada 4 a 6 horas.Durante as primeiras 24 a 48 horas,a dosagem deve ser aumentada para cada 1 ou 2 horas.A freqüência deve ser gradualmente diminuída quando houver garantia de melhora dos sintomas clínicos.Reg.MS - 1.1961.0016 - VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. CONTRA-INDICAÇÕES: Na maioria das doenças virais da córnea e conjuntiva incluindo ceratite epitelial por herpes simples (ceratite dendrítica),vacínia e varicela,infecções micobacterianas e doenças fúngicas das estruturas oculares e também em indivíduos com hipersensibilidade conhecida ou suspeita a algum dos ingredientes da fórmula ou a outros corticosteróides.INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são conhecidas no uso indicado (tópico ocular). Material destinado exclusivamente à classe médica Agosto/2010 Indicado para os casos de inflamação da superfície ocular associados à profilaxia ou tratamento da infecção bacteriana. an.Lacrifilm 21X28_mau.pdf C M Y CM MY CY CMY K 6/19/09 6:44:10 PM PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) Publicação ininterrupta desde 1938 ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) CODEN - AQBOAP Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 74, n. 1, p. 1-78, jan./fev. 2011 C ONSELHO A DMINISTRATIVO EDITOR -C HEFE Paulo Augusto de Arruda Mello Harley E. A. Bicas Roberto Lorens Marback Rubens Belfort Jr. Wallace Chamon Wallace Chamon E DITORES A SSOCIADOS E DITORES A NTERIORES Waldemar Belfort Mattos Rubens Belfort Mattos Rubens Belfort Jr. Harley E. A. Bicas Augusto Paranhos Jr. Carlos Ramos de Souza Dias Eduardo Melani Rocha Eduardo Sone Soriano Galton Carvalho Vasconcelos Haroldo Vieira de Moraes Jr. José Álvaro Pereira Gomes Mário Luiz Ribeiro Monteiro Michel Eid Farah Norma Allemann Paulo Schor Rodrigo Pessoa Cavalcanti Lira Sérgio Felberg Suzana Matayoshi C ONSELHO E DITORIAL N ACIONAL Áisa Haidar Lani (Campo Grande-MS) Ana Luísa Höfling-Lima (São Paulo-SP) André Augusto Homsi Jorge (Ribeirão Preto-SP) André Messias (Ribeirão Preto-SP) Antonio Augusto Velasco e Cruz (Ribeirão Preto-SP) Arnaldo Furman Bordon (São Paulo-SP) Ayrton Roberto B. Ramos (Florianópolis-SC) Breno Barth (Natal-RN) Carlos Roberto Neufeld (São Paulo-SP) Carlos Teixeira Brandt (Recife-PE) Cristina Muccioli (São Paulo-SP) Denise de Freitas (São Paulo-SP) Eduardo Cunha de Souza (São Paulo-SP) Eduardo Ferrari Marback (Salvador-BA) Enyr Saran Arcieri (Uberlândia-MG) Érika Hoyama (Londrina-PR) Fábio Ejzenbaum (São Paulo-SP) Fábio Henrique C. Casanova (São Paulo-SP) Fausto Uno (São Paulo-SP) Flávio Jaime da Rocha (Uberlândia-MG) Ivan Maynart Tavares (São Paulo-SP) Jair Giampani Jr. (Cuiabá-MT) Jayter Silva de Paula (Ribeirão Preto-SP) João Borges Fortes Filho (Porto Alegre-RS) João Carlos de Miranda Gonçalves (São Paulo-SP) João J. Nassaralla Jr. (Goiânia-GO) João Luiz Lobo Ferreira (Florianópolis-SC) José Américo Bonatti (São Paulo-SP) José Augusto Alves Ottaiano (Marília-SP) José Beniz Neto (Goiânia-GO) José Paulo Cabral Vasconcellos (Campinas-SP) Keila Miriam Monteiro de Carvalho (Campinas-SP) Luís Paves (São Paulo-SP) Luiz V. Rizzo (São Paulo-SP) Marcelo Francisco Gaal Vadas (São Paulo-SP) Marcelo Jordão Lopes da Silva (Ribeirão Preto-SP) Marcelo Vieira Netto (São Paulo-SP) Maria Cristina Nishiwaki Dantas (São Paulo-SP) Maria de Lourdes V. Rodrigues (Ribeirão Preto-SP) Maria Rosa Bet de Moraes e Silva (Botucatu-SP) Marinho Jorge Scarpi (São Paulo-SP) Marlon Moraes Ibrahim (Franca-SP) Martha Maria Motono Chojniak (São Paulo-SP) Maurício Maia (Assis-SP) Mauro Campos (São Paulo-SP) Mauro Goldchmit (São Paulo-SP) Mauro Waiswol (São Paulo-SP) Midori Hentona Osaki (São Paulo-SP) Milton Ruiz Alves (São Paulo-SP) Mônica Fialho Cronemberger (São Paulo-SP) Moysés Eduardo Zajdenweber (Rio de Janeiro-RJ) Newton Kara-José Júnior (São Paulo-SP) Norma Helen Medina (São Paulo-SP) Paulo E. Correa Dantas (São Paulo-SP) Paulo Ricardo de Oliveira (Goiânia-GO) Procópio Miguel dos Santos (Brasília-DF) Renato Curi (Rio de Janeiro-RJ) Roberto L. Marback (Salvador-BA) Roberto Pedrosa Galvão Fº (Recife-PE) Roberto Pinto Coelho (Ribeirão Preto-SP) Rosane da Cruz Ferreira (Porto Alegre-RS) Rubens Belfort Jr. (São Paulo-SP) Sérgio Kwitko (Porto Alegre-RS) Sidney Júlio de Faria e Souza (Ribeirão Preto-SP) Silvana Artioli Schellini (Botucatu-SP) Suel Abujamra (São Paulo-SP) Tomás Fernando S. Mendonça (São Paulo-SP) Vera Lúcia D. Monte Mascaro (São Paulo-SP) Walter Yukihiko Takahashi (São Paulo-SP) I NTERNACIONAL Alan B. Scott (E.U.A.) Andrew Lee (E.U.A.) Baruch D. Kuppermann (E.U.A.) Bradley Straatsma (E.U.A.) Careen Lowder (E.U.A.) Cristian Luco (Chile) Emílio Dodds (Argentina) Fernando M. M. Falcão-Reis (Portugal) Fernando Prieto Díaz (Argentina) James Augsburger (E.U.A.) José Carlos Cunha Vaz (Portugal) José C. Pastor Jimeno (Espanha) Marcelo Teixeira Nicolela (Canadá) Maria Amélia Ferreira (Portugal) Maria Estela Arroyo-Illanes (México) Miguel N. Burnier Jr. (Canadá) Pilar Gomez de Liaño (Espanha) Richard L. Abbott (E.U.A.) Zélia Maria da Silva Corrêa (E.U.A.) ABO – ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA • PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA (CBO) Redação: R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia - São Paulo - SP - CEP 04546-004 Fone: (55 11) 3266-4000 - Fax: (55 11) 3171-0953 - E-mail: [email protected] - Home-page: www.scielo.br/abo A SSINATURAS - B RASIL : Membros do CBO: Distribuição gratuita. Não Membros: Assinatura anual: R$ 500,00 Fascículos avulsos: R$ 80,00 Foreign: Annual subscription: US$ 200.00 Single issue: US$ 40.00 Publicação: Divulgação: Tiragem: Expediente.pmd Ipsis Gráfica e Editora S.A. Conselho Brasileiro de Oftalmologia 7.000 exemplares 1 Editor: Wallace Chamon Gerente Comercial: Mauro Nishi Secretaria Executiva: Claudete N. Moral Claudia Moral Revisão Final: Paulo Mitsuru Imamura Editoria Técnica: Edna Terezinha Rother Maria Elisa Rangel Braga Capa: Ipsis Imagem da capa: Fotografia retirada em lâmpada de fenda, em perfil, de segmento anterior de paciente com luxação cristaliniana para a câmara anterior. Autor da Fotografia: Laércio da Silva Gonçalves (fotógrafo do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP). 18/4/2011, 11:48 PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) • ABO Arquivos Brasileiros de Oftalmologia www.abonet.com.br www.freemedicaljournals.com www.scielo.org • Copernicus www.copernicusmarketing.com www.periodicos.capes.gov.br • LILACS Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde • ISI Web of Knowledge (SM) • MEDLINE D IRETORIA DO CBO - 2009-2011 Paulo Augusto de Arruda Mello (Presidente) Marco Antônio Rey de Faria (Vice-Presidente) Fabíola Mansur de Carvalho (1º Secretário) Nilo Holzchuh (Secretário Geral) Mauro Nishi (Tesoureiro) S OCIEDADES F ILIADAS AO C ONSELHO B RASILEIRO DE O FTALMOLOGIA P RESIDENTES E SEUS RESPECTIVOS Centro Brasileiro de Estrabismo Galton Carvalho Vasconcelos Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia Mário Ursulino M. Carvalho Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intra-Oculares Leonardo Akaishi Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular Suzana Matayoshi Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa Newton Leitão de Andrade Sociedade Brasileira de Ecografia em Oftalmologia Norma Allemann Sociedade Brasileira de Glaucoma João Antônio Prata Junior Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia em Oftalmologia Maria Regina Catai Chalita Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria Tania Mara Cunha Schaefer Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica Célia Regina Nakanami Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia Renato Luiz Gonzaga Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo Mario Martins dos Santos Motta Sociedade Brasileira de Trauma Ocular Nilva Simeren Bueno Moraes Sociedade Brasileira de Uveítes Moyses Eduardo Zajdenweber Sociedade Brasileira de Visão Subnormal Alexandre Costa Lima Azevedo Apoio: Expediente.pmd 2 18/4/2011, 11:48 www.scirus.com PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA PUBLICAÇÃO OFICIAL DO CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA ISSN 0004-2749 (Versão impressa) ISSN 1678-2925 (Versão eletrônica) Periodicidade: bimestral Arq Bras Oftalmol. São Paulo, v. 74, n. 1, p. 1-78, jan./fev. 2011 SUMÁRIO | CONTENTS E DITORIAL | EDITORIAL 5 Keratoprosthesis in the fight against corneal blindness in developing countries Ceratoprótese na luta contra cegueira corneana em países em desenvolvimento Lauro Oliveira, Fabiano Cade, Claes Dohlman A RTIGOS O RIGINAIS 7 | ORIGINAL A RTICLES Epidemiology and medical prediction of microbial keratitis in southeast Brazil Epidemiologia e previsibilidade no diagnóstico clínico de ceratite microbiana no sudeste do Brasil Marlon Moraes Ibrahim, Rafael Vanini, Fuad Moraes Ibrahim, Wellington de Paula Martins, Rodrigo Teixeira de Campos Carvalho, Rosane Silvestre de Castro, Eduardo Melani Rocha 13 Corneal biomechanical evaluation in healthy thin corneas compared with matched keratoconus cases Análise da biomecânica corneana em córneas finas saudáveis comparadas com pacientes com ceratocone pareados por espessura corneana, sexo e idade Bruno Machado Fontes, Renato Ambrósio Jr, Guillermo Coca Velarde, Walton Nosé 17 Características dos doadores de córneas do Banco de Olhos de Cascavel: impacto do exame anti-HBc para hepatite B Characteristics of corneal donors in the Cascavel Eye Bank: impact of the anti-HBc test for hepatitis B Cesar Nobuo Shiratori, Flávio Eduardo Hirai, Elcio Hideo Sato 24 Variações no posicionamento dos eixos visuais em pacientes submetidos a cirurgias de estrabismo Variations of postoperative ocular alignment in patients submitted to strabismus surgery Graciela Scalco Brum, Rosália Maria Simões Antunes-Foschini, Christine Mae Morello Abbud, Harley Edison Amaral Bicas 28 Principais patógenos e susceptibilidade in vitro antimicrobiana em ceratites bacterianas: Revisão de cinco anos, 2005 a 2009 Main pathogens and in vitro antimicrobial susceptibility in bacterial keratitis: 5-year study, 2005-2009 Guilherme Andrade do Nascimento Rocha, Reinaldo Ferreira da Silva, Mayana Freitas Lopes, Nicolas Cesário Pereira, Luciene Barbosa de Sousa 33 Comportamento visual e perfil socioeconômico e demográfico de recém-nascidos prematuros da Maternidade do Hospital das Clínicas de Pernambuco - UFPE Visual behavior and socioeconomic and demographic profile of the premature newborns from Federal University of Pernambuco Maternity (UFPE) Nathalia Christina Monteiro de Souza, Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima, Heloisa Gagheggi Ravanini Gardon Gagliardo, Raquel Costa Albuquerque, Tatiana Celentano Cardoso, Flávia Regina Ribeiro Cavalcanti, Rodrigo Evaldo de Azevedo Coêlho 37 Axonal electrovisiogram as an electrophysiological test to evaluate optic nerve and inner retina electrical potentials: findings in normal subjects Eletrovisuograma axonal como teste eletrofisiológico na avaliação dos potenciais de ação do nervo óptico e da retina interna: achados em indivíduos normais Wener Passarinho Cella, Adalmir Morterá Dantas, Alexandre Vasconcelos Lima, Marcos Pereira de Ávila Sumario.pmd 3 18/4/2011, 11:49 44 Tratamento dos sulcos palpebromalar e nasojugal com ácido hialurônico Treatment of tear trough deformity with hyaluronic acid gel filler Giovanni André Pires Viana, Midori Hentona Osaki, Angelino Júlio Cariello, Renato Wendell Damasceno 48 Ação do bevacizumabe subconjuntival na neovascularização e re-epitelização corneana 25 dias após queimadura química Effect of subconjunctival bevacizumab on corneal neovascularization and reepithelization 25 days after chemical burn Glauco Henrique Reggiani Mello,Fabíola Grigoletto Lupion,Fernanda Moreira Oliveira,Lucas Roskamp Bude, Daniel Wasileweski, Teresa Cristina Cavalcanti, Hamilton Moreira R ELATOS 53 DE C ASOS | C ASE R EPORTS Posterior scleral tuberculoma: case report Tuberculoma escleral posterior: relato de caso Antonio Augusto Velasco e Cruz, Fernando Chahud, Rodrigo Feldman, Patricia Mitiko Santello Akaishi 55 Ichthyosis follicularis, alopecia and photophobia syndrome (IFAP): report of the first case with ocular and cutaneous manifestations in Brazil with a favorable response to treatment Síndrome de ictiose folicular, alopécia e fotofobia (IFAP): relato do primeiro caso com acometimento ocular e cutâneo do Brasil e da resposta favorável ao tratamento Luisa Moreira Höpker, Christie Graf Ribeiro, Luciane Moreira Oliveira, Ana Tereza Ramos Moreira 58 Fístula liquórica traumática com luxação de globo ocular: relato de caso Management of globe luxation followed by traumatic liquoric fistula: case report Filipe José Pereira, Ronaldo Brandão de Proença Bettega, Antonio Augusto Velasco e Cruz 61 Bilateral nonarteritic anterior ischemic neuropathy following acute angle-closure glaucoma in a patient with iridoschisis: case report Neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica bilateral após crise de fechamento angular num paciente com iridosquise: relato de caso André Torricelli, Alexandre Soares Castro Reis, Julio Zaki Abucham, Ricardo Suzuki, Roberto Freire Santiago Malta, Mário Luiz R. Monteiro A TUALIZAÇÃO C ONTINUADA 64 | CURRENT U PDATE Floppy eyelid syndrome: review Síndrome da frouxidão palpebral: revisão da literatura Cristina Miyamoto, Lilian Cristina Espírito Santo, Luiz Roisman, Pilar de Andrade Memoria Moreno, Angelino Julio Cariello, Midori Hentosa Osaki 67 Cross-linking e segmento de anel corneano intraestromal Cross-linking and intrastromal corneal ring segment Adimara da Candelaria Renesto, Marta Sartori, Mauro Campos 75 Sumario.pmd I NSTRUÇÕES 4 PARA OS A UTORES | I NSTRUCTIONS TO A UTHORS 18/4/2011, 11:49 E DITORIAL | EDITORIAL Keratoprosthesis in the fight against corneal blindness in developing countries Ceratoprótese na luta contra cegueira corneana em países em desenvolvimento LAURO OLIVEIRA1, FABIANO CADE2, CLAES DOHLMAN3 W 1 2 3 Department of Ophthalmology, São Paulo Federal University - UNIFESP São Paulo, Brazil. Department of Ophthalmology, São Paulo Federal University - UNIFESP São Paulo, Brazil. Masscahusetts Eye and Ear Infirmary, Harvard Medical School, Boston, MA, USA. hy should we attempt to develop keratoprostheses (KPros) for corneal blindness when standard corneal transplantation is so well established and relatively safe? It is true that penetrating keratoplasty, or variations thereof such as endothelial keratoplasty or deep anterior lamellar keratoplasty, are often effective measures in the surgical management of corneal opacification from various causes. However, there are at least two reasons why we need a viable alternative beyond such standard measures. One is due to widespread shortage of donor material and health resources in general, and the other - more important - is the failure rate of keratoplasty in severe cases. Thus we need a back up procedure that can succeed when keratoplasty has failed - and particularly so in the Developing World with its high incidence of corneal disease. According to recent studies, the World Health Organization (WHO) estimates that the global number of people who are considered blind is 39 million(1). Diseases affecting the cornea constitute a major cause of blindness worldwide, second only to cataract in overall importance(2). In low-income Developing Countries, there is a disproportional prevalence of corneal disease as a major cause of blindness. Its epidemiology varies from country to country, depending on many factors, such as the lack of resources for prevention and availability of eye care services(3). For rehabilitation only about a hundred thousand standard corneal transplants are performed worldwide per year at present(4), which is not enough for the demand. The insufficient supply of corneal donor tissue for keratoplasty as well as insufficient eye bank organizations, contribute to explain the high global burden of visual disability due to untreated corneal diseases. The other important issue refers to long term outcome with standard keratoplasty which is more limited than often believed. It varies markedly with underlying disease, geography, availability of donor tissue, health budget, and other factors, and it is still poorly documented. Most of the outcome studies published is not population-based and they usually deal with cases of good prognosis in the Developed World. There are situations where the prognosis for successful keratoplasty is very poor, such as in multiple graft failures, severely vascularized corneas, stem cell deficiencies, autoimmune diseases, severe chemical burns, etc(5). Historically, Keratoprosthesis designs have been beset by technical challenges and by a significant incidence of post-operative complications. The heterogeneity of the data on the different devices, a lack of prospective evaluations, and small numbers of procedures have raised concerns about safety, KPro survival rates, and associated complications. The Boston Type I Keratoprosthesis has become the most common procedure for cases where standard keratoplasty has failed (6). Multicenter and medium term outcome studies have been encouraging (7). This Keratoprosthesis is now used at a rate of about 1,200 per year, worldwide. The Type I consists of two polymethyl methacrylate plates sandwiching a corneal autograft or allograft, which is then implanted like a standard graft, single stage. A soft contact lens is permanently used after surgery to prevent corneal dehydration and to minimize the risk of melting of the carrier cornea (8). Life-long prophylaxis with lowdose topical antibiotics (e.g. one drop daily) is necessary. Long-term complications associated with the device include glaucoma, retroprosthetic membrane formation, sterile vitritis, retinal detachment and, now rarely, endophthalmitis(9). A Type II device with an extended nub that protrudes a closed lid is occasionally used in end-stage dry eyes(6). Boston Keratoprosthesis implantation has been proven to be a highly cost-effective medical intervention in the US(10). This procedure, even as a first option in selected patients, can decrease health treatment costs. In contrast, penetrating keratoplasty e.g. in Africa has a limited role and often poor results in infectious and inflammatory diseases, which are the main causes of corneal blindness in Developing Countries(11). This relatively limited ability of standard keratoplasty in restoring sight to blind patients will undoubtedly tilt the choices more and more in favor of KPro. Research on keratoprostheses is currently vigorous and is directed to problems such as inflammatory response in autoimmune diseases and chemical burns, infections, new drug-eluting contact lenses, optics, glaucoma, shunts, etc(12-16). Undoubtedly there will be rapid technological expansion in this field but will the underlying economics in the Developing World keep up with the pace? The total cost is not so much due to the cost of the device but rather physician time, patient travel, antibiotics, contact lenses and education. Still, with the rapidly expanding economies of the Developing Nations, there is great likelihood that the Keratoprosthesis option will be more and more utilized. Keratoprostheses will undoubtedly become more affordable but they will also - most importantly - be safer. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 5-6 Editorial.pmd 5 18/4/2011, 11:49 5 KERATOPROSTHESIS I N T H E F I G H T A G A I N S T C O R N E A L B L I N D N E S S IN D E V E L O P I N G C O U N T R I E S REFERENCES 1. World Health Organization. WHO release the new global estimates on visual impairment. Geneva: WHO; 2010. [cited 2011 March 23]. Available from: http://www.who.int/blindness/en 2. Whitcher JP, Srinivasan M, Upadhyay MP. Corneal blindness: a global perspective. Bull World Health Organ. 2001;79(3):214-21. 3. Smith GT, Taylor HR. Epidemiology of corneal blindness in developing countries. Refract Corneal Surg. 1991;7(6):436-9. Comment in: Refract Corneal Surg. 1991;7(6):417-8. 4. Steve Cole. Eye Bank Association of America. Washington: DC; 2009. [personal communication]. 5. Maguire MG, Stark WJ, Gottsch JD, Stulting RD, Sugar A, Fink NE, et al. Risk factors for corneal graft failure and rejection in the collaborative corneal transplantation studies. Collaborative Corneal Transplantation Studies Research Group. Ophthalmology. 1994; 101(9):1536-47. 6. Dohlman CH, Harrisi-Dagher M, Khan BF, Sippel K, Aquavella JV, Graney JM. Introduction to the use of the Boston keratoprosthesis. Expert Rev Ophthalmol 2006;1(1):41-8. 7. Zerbe BL, Belin MW, Ciolino JB; Boston Type 1 Keratoprosthesis Study Group. Results from the multicenter Boston Type 1 Keratoprosthesis Study. Ophthalmology. 2006;113(10): 1779e1-7. 6 Editorial.pmd 8. Dohlman C, Dudenhoefer E, Khan BF, Morneault S. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 5-6 6 18/4/2011, 11:49 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Epidemiology and medical prediction of microbial keratitis in southeast Brazil Epidemiologia e previsibilidade no diagnóstico clínico de ceratite microbiana no sudeste do Brasil MARLON MORAES IBRAHIM1, RAFAEL VANINI2, FUAD MORAES IBRAHIM1, WELLINGTON DE PAULA MARTINS3, RODRIGO TEIXEIRA DE CAMPOS CARVALHO1, ROSANE SILVESTRE DE CASTRO2, EDUARDO MELANI ROCHA1 ABSTRACT RESUMO Purpose: The goals of the study were the following: 1) to show the epidemiology of microbial keratitis (MK) in the southeast Brazil, 2) to compare the epidemiological differences between fungal (FK) and bacterial keratitis (BK), and 3) to evaluate the frequency which ophthalmologists accurately differentiate bacterial keratitis from fungal keratitis based on clinical diagnosis. Methods: A retrospective chart analysis of all clinically diagnosed microbial keratitis patients presenting between October, 2003 and September, 2006 was performed. Demographic features, ocular and laboratory findings, and information regarding the risk factors and clinical evolution were recorded. Results: Among 118 consecutive patients with a clinical diagnosis of microbial keratitis, the positive culture rate was 61%. The predominant bacterial and fungal pathogens isolated were S. epidermidis and Fusarium spp. Prior corneal injury was more frequent among fungal keratitis than bacterial keratitis cases (p<0.0001). Coexisting systemic diseases, ocular diseases, and previous ocular surgery were more frequent among BK cases (p=0.001; p=0.001; p=0.004; respectively). The following clinical findings were more frequent in bacterial keratitis: hypopion, corneal peripheral superficial vascularisation, and ulceration area >20 mm 2 (p<0.05). The diagnosis was predicted correctly in 81.6% of bacterial keratitis cases and in 48.1% of fungal keratitis cases. Conclusion: Medical judgment of microbial keratitis agent is possible based on clinical and epidemiological data, but it is more difficult for fungal infection. Thus, such data cannot be the only basis for the diagnosis of suspected microbial keratitis, but oriented clinical suspicion based on these data may be beneficial for guiding antimicrobial treatment and earlier therapy. Objetivo: Os objetivos deste estudo foram os seguintes: 1) mostrar epidemiologia da ceratite microbiana (CM) no sudeste do Brasil, 2) para comparar as diferenças epidemiológicas entre ceratites fúngicas (CF) e bacterianas (CB) e 3) avaliar a frequência com que os oftalmologistas distinguem com precisão ceratite fúngica de ceratite bacteriana baseado no diagnóstico clínico. Métodos: Uma análise retrospectiva de todas as ceratites microbianas diagnosticadas clinicamente apresentando entre outubro de 2003 e setembro de 2006 foi realizada. As características demográficas, relativas ocular e de laboratório, e informações aos fatores de risco e evolução clínica foram registrados. Resultados: Dentre 118 pacientes consecutivos com diagnóstico clínico de ceratite microbiana, a taxa de cultura positiva foi de 61%. Os patógenos predominantes de bactérias e fungos isolados foram S. epidermidis e Fusarium spp. O trauma de córnea foi mais frequente entre os casos de ceratite fúngica do que ceratite bacteriana (p<0,0001). A coexistência de doenças sistêmicas, doenças oculares e cirurgia ocular prévia foram mais frequentes entre os casos de ceratite bacteriana (p=0,001, p=0,001, p=0,004, respectivamente). Os seguintes achados clínicos foram mais frequentes em ceratite bacteriana: hipópio, vascularização periférica da córnea superficial e área de ulceração >20 mm2 (p<0,05). O diagnóstico foi corretamente estimado em 81,6% dos casos de CB e em 48,1% dos casos de CF. Conclusão: A presunção clínica do agente da ceratite microbiana é possível baseada em dados clínicos e epidemiológicos, mas é mais difícil para infecção fúngica. Assim, esses dados não podem ser a única base para o diagnóstico de suspeita de ceratite microbiana, mas a suspeita clínica orientada com base nesses dados pode ser benéfica para orientar o tratamento antimicrobiano e terapia precoce. Keywords: Eye infections, bacterial/epidemiology; Eye infections, bacterial/microbiology; Eye infections, bacterial/therapy; Eye infections, fungal/epidemiology; Eye infections, fungal microbiology; Eye infections, fungal/therapy; Risk factors Descritores: Infecções oculares bacterianas/epidemiologia; Infecções oculares bacterianas/microbiologia; Infecções oculares bacterianas/terapia; Infecções oculares fúngicas/epidemiologia; Infecções oculares fúngicas/microbiologia; Infecções oculares fúngicas/terapia; Fatores de risco INTRODUCTION ide geographical variation exists in the epidemiology of microbial keratitis (MK) based on economic and climate factors(1). Fungal keratitis (FK) accounts for about 50% of all cases of culture-proven MK in some developing countries(1-3). The protracted course of the condition and the diversity of clinical presentation may contribute to unfavourable outcomes(4-5). Although diagnosis and treatment of FK and bacterial keratitis (BK) are based on isolation of the etiological agent, our hypothesis is that a detailed clinical examination may help the ophthalmologist to reach a rapid, presumptive and highly predictive diagnosis as well as to select empirical antimicrobial treatment to a favourable outcome. To improve the chances, epidemiological information is useful for a better initial medical decision on treatment. The objectives of the present investigation were the following: 1) to present a descriptive statistics of consecutive cases of MK (i.e., FK and BK) in the southeast of Brazil, 2) to compare epidemiological and ocular findings between them, and 3) to evaluate the fre- W Work carried out at the Department of Ophthalmology, São Paulo University - USP - Ribeirão Preto São Paulo, Brazil. 1 2 3 Physicians, Department of Ophthalmology, Ribeirão Preto Medical School, São Paulo University USP - Ribeirão Preto (SP), Brazil. Physicians, Department of Ophthalmology, Medical School, State University of Campinas UNICAMP - Campinas (SP), Brazil. Physician, Department of Gynecology and Obstetrics, Ribeirão Preto, School of Medicine, São Paulo University - USP - Ribeirão Preto (SP), Brazil. Correspondence address: Eduardo M. Rocha. Department of Ophthalmology, Faculty of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo. Av. Bandeirantes, 3.900 - Ribeirão Preto (SP) CEP 14049-900 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 08.06.2010 Última versão recebida em 25.11.2010 Aprovação em 26.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Sérgio Kwitko sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 7-12 74(1)05.pmd 7 18/4/2011, 11:49 7 EPIDEMIOLOGY AND MEDICAL PREDICTION OF MICROBIAL KERATITIS IN SOUTHEAST quency of correct prediction of FK and BK by ophthalmologists on patients, first visit to a referral center in this region. METHODS This retrospective study included all patients with clinically diagnosed MK treated at the Ophthalmology Clinic of the University Hospital, over a 3-year period from October, 2003 to September, 2006. Trained fellows supervised by a specialist evaluated the patients. The institution research ethics committee approved the study. Records from 190 consecutive patients with diagnosis of keratitis were identified and reviewed by two investigators. The inclusion criterion was the presence of corneal ulceration, defined as a loss of the corneal epithelium with underlying stromal infiltration. Obvious non-infectious or viral corneal diseases, including superficial injury of the cornea, corneal perforation, and corneal scars, including dendritic epithelial defect, recurrent epithelial defect without stromal infiltration, healing ulcers, autoimmune marginal keratitis, interstitial keratitis, and neurotrophic keratitis were excluded from the epidemiological analysis. Demographic features, predisposing factors, history of trauma, associated ocular or systemic diseases were considered. Patients included in the study sought the hospital spontaneously or were referred by general practitioners or ophthalmologists. The presence and duration of symptoms and potential risk factors were compared with the clinical diagnosis. Biomicroscopic findings were recorded and summarized by size, type, location, depth of ocular inflammation, and corneal ulceration. The reticule of the slit-lamp was used to measure the diameter of the inflammatory infiltrate, and the area was calculated from these dimensions. Inflammatory infiltrate was considered to be present when >1 mm than the ulcer margin. The presence of corneal vessels was registered. After instillation of anaesthetic eye drops (0.5% proxymetacaine hydrochloride, Anestalcon® - Alcon Labs, Brazil), corneal scrapings were collected aseptically, from the base and margin of the ulcers using a metal blade under direct vision through a slit-lamp. The samples were collected in the first visit, independently of antimicrobial topical drugs being used. Smears were prepared for direct microscopy on Gram stained and 10% KOH wet mounts. The material was also inoculated onto the surface of solid media (chocolate agar and Sabouraud’s dextrose agar), as well as into liquid media (thioglycollate). Samples were incubated for 72 hours in the case of bacterial cultures and for four weeks, with daily observation, for fungal cultures. Results were considered negative when no growth was observed and positive when growth was present on at least two plates. Correct prediction of FK or BK was defined as case conclusion with initial therapy. Whenever the microbiologic results were different from medical judgement, or changing antibiotic by antifungal or vice-versa after 48 hours of initial treatment at referral centre, it was considered incorrect prediction. Visual acuity (VA) improvement was defined as achievement of two or more lines of VA (Snellen Chart) compared to day 0. To determine whether agricultural activities were related to keratitis, we defined the period between May and November as the harvest season and the period between December and April as the non-harvest season. This period correspond to the driest months in the southeast Brazil and the period of coffee and sugar cane harvest, main cultures in this region, in accordance with government official data from Instituto Nacional de Metereologia (INMET) (www.inmet.gov.br) and Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (www.embrapa.br). The diagnosis at the first visit were recorded and compared to the final analysis at the resolution of the case. It was used to evaluate the rate of correct prediction (i.e. FK or BK) comparing to clinical evolution and/or laboratory exams. 8 74(1)05.pmd BRAZIL Fungal etiology was presumed when hyphal pattern, serrated margins, raised slough, dry textured slough, satellite lesions, and color (other than yellow) was observed in the corneal tissue during the slit lamp examination, as previously described(6). In the opposite way, bacterial etiology was defined by clinical features (i.e.; flat, dry slough, margins well defined), hypopyon, keratic precipitates, flare or cells in the anterior chamber (AC), and deep lesions) added to case resolution with the adopted diagnosis. All included patients were followed for at least 30 days after the ulcers had healed and medication was discontinued. Patients were treated with fortified antibiotics (gentamicin and cephalexin) or an antifungal agent (5% natamycin) according to the first etiological impression of the corneal specialist until the results of cultures or smears became available. Next, the treatment for BK was guided by an antibiogram; patients who presented with FK or who had negative growth and did not respond to antibiotic treatment were treated with 5% natamycin. In this way, no patient was simultaneously treated with an antibiotic and an antifungal agent. When the medical judgment indicated fungal and it did not respond to natamycin, topical amphotericin was associated. A penetrant keratoplasty (PK) or conjunctival flaps were indicated when there was a risk of or confirmed perforation and evisceration with absence of cornea support and loss of intraocular content. Descriptive statistics were applied, and clinical or epidemiological data were correlated with the laboratory diagnosis of bacterial and fungal agents using the Fisher exact test and the Chi-square test. Continuous variables were compared using Student’s t-test or a nonparametric test (Mann-Whitney test). Statistical data were evaluated using Prism software, version 4 (Graph Pad, Inc., USA). Statistical significance was set at p<0.05. RESULTS MICROBIOLOGICAL PROFILE Among 190 patients with subsequent diagnosis of keratitis, 118 had a medical judgment of MK, which was found to be of BK in 66 (55.4%) cases, FK in 52 (43.7%) cases. Acanthamoeba keratittis (n=1), herpetic keratitis (n=31) as well as post-traumatic, neurotrophic, or autoimmune lesions (n=40) were excluded. No bilateral cases were registered. The average follow-up period was 48.75 days (±12.90). The total number of positive cultures was 73 of the 118 MK cases (62.2%). Bacteria were recovered in culture from 56 corneal scrapings of 66 (85.0%) patients with presumed BK and fungi were recovered from 17 scrapings of 52 (33.0%) presumed FK. In 3 (2.5%) of the 118 cases infective, bacteria and fungi were both isolated. The predominant bacterial species isolated was Staphylococcus epidermidis (13 of 56; 23.21%), followed by Staphylococcus aureus (10 of 56; 18%). The predominant fungal species isolated was Fusarium spp. (11 of 17; 65%), followed by Aspergillus (4 of 17; 24%) (Table 1). PRE-REFERRAL CONDITIONS Fifty-four of 118 MK patients (45%) were using topical antibiotics, including 24 (36%) of the 66 with BK and 30 (58%) of the 52 with FK. Thirty-nine of them (72%) were on quinolones regimen. Delays in obtaining any treatment occurred more often in cases of BK than FK, 14.4 ± 25 versus 6.6 ± 7.1 days (p=0.083). Moreover, appropriate treatment tended to be more delayed for FK as compared to BK, 3.8 ± 4.62 versus 1.7 ± 1.9 days (p=0.45), although not statistically significant in both comparisons. Thirteen (11%) patients were using antifungal agents, 10 (77%) were taking amphotericin, 4 (31%) were taking natamycin, 4 (31%) Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):7-12 8 18/4/2011, 11:49 I BRAHIM MM, V ANINI R, Table 1. Bacterial and fungal pathogens isolated from eyes with microbial keratitis in a referral centre in southeast Brazil between 2003 and 2006 Total % Bacteria 56 100.00 Total gram-positive cocci S. epidermidis S. aureus S. pneumoniae Streptococcus sp Staphylococcus ssp Micrococcus S. dysgalactie Total gram-positive bacilli Bacillus Total gram-negative cocci and coccobacilli Neisseria gonorrhoeae Total gram-negative bacilli Serratia sp Pseudomonas aeruginosa Pantoea agglomerans Morganella morgani Klebsiella sp 38 13 10 08 03 02 01 01 04 04 02 02 12 04 04 02 01 01 067.86 Fungi 17 100.00 Fusarium Aspergillus Penicillium 11 04 02 064.70 023.53 011.77 007.14 003.57 021.43 were using both topical and systemic antifungals (ketoconazole), and 1 (8%) was using both topical amphotericin and natamycin. These patients included 1 (2%) of the 66 patients presumed to have BK, 10 (19%) of the 52 patients presumed to have a fungal infection, and 2 (7%) of the 31 presumed to have herpetic keratitis. Referred patients with FK were more likely to be on antibiotics (p=0.002, Fisher’s exact test) followed by antifungal agents (p=0.003, Fisher’s exact test) (Table 2). Use of antibiotics before the medical prediction and smear collection for MK etiology occurred in 14 (37%) of 38 bacterial culturepositive eyes and in 10 (36%) of 28 bacterial culture-negative eyes. Previous use of antifungal drugs was present in 2 (12%) of 17 fungal culture-positive eyes and in 8 (23%) of 35 fungal culture-negative eyes. There was no statistically significant correlation between previous use of antibiotics and culture positivity (p<0.05). DEMOGRAPHICS AND RISK COMPARISON BETWEEN BACTERIAL AND FUNGAL KERATITIS A comparison of 118 patients diagnosed with MK revealed that frequency of males was higher among MK patients, but even higher among FK patients compared to BK (p=0.0035; OR: 3.92; 95% CI: 1.53 - 10.03). In addition, these patients were younger (the mean age of BK patients was 50.59 ± 20.99 years and the mean age of FK patients was 41.18 ± 17.49 years, p=0.016, Student t-test) (Table 3). The proportion of patients from rural areas or who performed outdoor work was higher among FK cases compared to BK cases (Table 4). The monthly/seasonal distribution of all 118 cases of MK analysed over a 3-year period revealed a higher incidence of cases between May and November, the harvest season, with a greater number of FK cases. This tendency was also observed for BK. No statistical significance was observed for the two conditions and therefore, no correlation could be calculated (Table 4). A history of recent injury to the cornea predisposing it to MK was identified in 38 of 107 patients (36%), whereas this information was not obtained in the other 12 cases. Injury was significantly more frequent for FK than BK and when the trauma involved a vegetative matter; injury was highly correlated with FK. On the other hand, features such as the presence of ocular or systemic disease as well as previous ocular surgery were more frequently correlated with BK (Table 4). The clinical conditions associated with MK were the following for BK: diabetes mellitus in 7 patients, hypertension in 6, previous stroke in 4, autoimmune diseases in 2, immunosuppressive therapy in 2, Down syndrome in 1; and the following for FK: diabetes mellitus in 1, hypertension in 1, immunosuppressive therapy in 1 and skin diseases in 1 (Table 4). CLINICAL COMPARISON BETWEEN BACTERIAL AND FUNGAL KERATITIS The following assays were performed to evaluate whether ocular findings in MK would be more frequent in FK or BK. Hypopyon, superficial vessels, and stromal ulcerations >20 mm2 were significantly more frequent in BK (p<0.05, Fisher’s exact test). However, stromal infiltrate was more frequent in FK (p<0.05, Fisher’s exact test). Other findings, such as chemosis and secretion were similar for both groups (Table 2). Surgical intervention (e.g; PK, conjunctival flap or evisceration) was required in 28/118 (23.7%) of MK, 15/66 (26.8%) of BK and 13/52 (25%) of FK. VA improvement was observed in 50/118 (42.8%) of cases; 21/66 (31.8%) of BK, 29/52 (55.8%) of FK, and 5/28 (17.9%) of surgical cases of both groups. All the three cases of simultaneous bacterial and fungal positive growth in culture smears had a medical judgment of FK and improved with antifungal treatment, without need of antibiotics, and were counted as FK in statistical analysis. CLINICAL PREDICTION OF BACTERIAL AND FUNGAL KERATITIS In 79 (66%) of 119 cases, the clinical diagnosis was predicted correctly at admission to the hospital. Of these, 53 (81.6%) were bacterial infections, 25 (48.1%) were fungal infections and 1 (100%) was an acanthamoeba infection. Among herpetic cases, 25 (81%) of 31 cases were predicted correctly. The probability of correct prediction was lower for FK than for BK (p=0.0004, Fisher’s exact test; OR: 4.40; 95% CI: 1.95 - 9.95). DISCUSSION A higher incidence of MK compared to total occurrence of keratitis was reported in Bangladesh (82%)(7), whereas similar incidences were reported in India(1) (68.4%), and lower rate was reported in Taiwan (40%)(8). The positive culture rate of 61% found here was similar to that reported in other studies (53-73%)(9). Lack of positivity is being attributed to various factors, although, prior treatment with topical antibiotics was not confirmed here(10-12). The proportion of FK and BK or other causes of keratitis in the present study was similar to that observed in other studies conducted on the Indian subcontinent and Brazil(1,5,13-14). One possible explanation is that higher rates of successful community treatment of BK since the introduction of commercial topical quinolones in the late 1990s(15). Based on this hypothesis, only resistant cases and FK, whose treatment is less accessible, are sent to referral centres. In this regard, initiatives to find handle treatments for FK are worthwhile (16). FK etiological distribution here agrees with previous South American studies and may be attributed to climate and environment(13-14,17). Fusarium spp have also been found to be the principal fungal pathogens in Florida, Nigeria, Tanzania, and Singapore. Aspergillus species predominate in Northern India, Nepal, and Bangladesh(18-19). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 7-12 74(1)05.pmd 9 ET AL. 18/4/2011, 11:50 9 EPIDEMIOLOGY AND MEDICAL PREDICTION OF MICROBIAL KERATITIS IN SOUTHEAST BRAZIL Table 2. Previous medications and principal signs and symptoms of patients with microbial keratitis between 2003 and 2006 in a referral center in southeast Brazil Previous medication Antibiotics Antifungal Symptoms Red eye Pain Photophobia Poor vision Signs Chemosis Secretion Hypopyon Superficial vessels Raised slough Stromal infiltrate Stromal ulceration >20 mm2 Stromal ulceration >one-third depth Bacterial keratitis n (%) Fungal keratitis n (%) Fisher’s exact test p value 24 (36.36) 02 (03.03) 30 (57.70) 10 (19.23) 0.026* 0.005* 55 56 42 43 (89.22) (90.32) (67.74) (71.67) 42 43 39 43 (87.00) (87.55) (86.67) (93.49) 1.00 0.76 0.039* 0.0053* 21 17 15 17 21 44 35 28 (36.84) (30.36) (36.59) (34.00) (45.65) (66.67) (53.85) (58.33) 18 11 07 06 15 44 12 16 (36.73) (22.92) (16.67) (13.64) (42.86) (84.61) (26.09) (44.44) 1.00 0.51 0.049* 0.030* 0.82 0.033* 0.0038* 0.83 Table 3. Demographic characteristics of 118 patients with microbial keratitis between 2003 and 2006 in a referral center in southeast Brazil Demographic characteristics Total number of cases Age (years) <21 21-30 31-40 41-50 >51 Gender Male Female Residence Rural Urban Occupation Indoor work Retired Housewife Student Office worker Tailor Outdoor work Agricultural Construction Cleaning Total number of cases (%) Bacterial (%) Fungal (%) 118 (100.00) 66 (55.93) 52 (44.07) 14 10 12 33 47 (12.06) (08.62) (10.34) (28.45) (40.52) 74(1)05.pmd (13.15) (01.64) (14.48) (18.03) (55.54) (13.33) (20.00) (11.11) (26.67) (28.89) 41 (62.12) 25 (37.88) 45 (86.53) 07 (13.47) 68 (73.12) 25 (26.88) 10 (17.86) 46 (82.14) 22 (59.46) 15 (40.54) 44 (46.31) 20 13 07 03 01 51 (53.69) 33 12 06 33 (63.46) 17 09 04 02 01 19 (36.54) 09 09 01 11 (25.58) 03 04 03 01 00 32 (74.42) 24 03 05 The most common predisposing factor for MK in southeast Brazil is trauma, especially corneal injury due to vegetation; observation clearly connected with following risk factors. Men in the middle decades of life are the main labor force for manual work, and are more involved in outdoor activities in Brazil, as also shown by other reports(23). Farm work and other outdoor activities were usually the most common occupations recorded for patients with FK in the present study. It agrees with a higher incidence of FK among male patients younger than 50 years. In contrast, BK was more frequent among male patients older than 50 years. Similar results have been reported by Bharathi et al.(5). A recent retrospective study focusing on aging urban population in Brazil revealed that Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):7-12 10 06 09 05 12 13 86 (72.88) 32 (27.12) Staphylococcus epidermidis was the predominant bacterial species isolated in the present study. In India1 and Nepal(18), Streptococcus pneumoniae was the predominant bacterial pathogen. Pseudomonas spp. were the most common bacterial species in studies conducted in Bangladesh(7), Hong Kong(20) and Paraguay(17). A predominance of Staphylococcus spp. has been reported in South Florida(21). Again, differences that may be attributed to climate and environment. FK and BK were reported here more frequently during the winter and spring, (harvest season between May and November), which was observed in previous studies(22). This trend is likely to be a direct consequence of increased agricultural activity and/or higher proliferation of the mentioned pathogenic agents in the period. 10 08 01 07 11 34 18/4/2011, 11:50 I BRAHIM MM, V ANINI R, ET AL. Table 4. Correlation between environmental and patient features for fungal keratitis, as compared to bacterial keratitis in a referral centre in southeast Brazil, between 2003 and 2006 BK FK OR CI 95% p value Environmental features Rural area Outdoor work Harvest season 10/56 (18%) 11/44 (35%) 48/66 (73%) 15/37 (41%) 32/51 (63%) 41/52 (79%) 03.14 05.05 01.40 1.21 - 08.09 2.08 - 12.28 0.59 - 03.30 000.01800 00.0004 00 0.520000 Patient features Coexistence of ocular disease Previous ocular surgery Systemic illness Corneal trauma Vegetal corneal injury 25/60 20/63 22/63 10/60 02/10 06/48 04/50 04/49 28/47 22/28 00.20 00.19 00.17 07.37 14.67 0.07 0.06 0.05 3.01 2.44 (42%) (32%) (35%) (17%) (20%) (12%) (08%) (08%) (60%) (79%) - 00.54 00.61 00.55 18.03 88.17 00.0011 00.0045 00.0013 <0.0001 00.0019 BK= bacterial keratitis; FK= fugal keratitis; OR= odds ratio; CI= confidence interval male gender as a risk factor is attenuated, and ocular surgery has become a major risk factor(24). Those interdependent aspects must be considered in clinical prediction of the etiologic agent. The ocular and systemic predisposing factors recorded here revealed less influence than those reported in other studies(25), but were similar to a recent report, except for the higher frequency of Pseudomonas spp in Bangkok(26). The use of contact lenses, a major risk factor for MK in many studies(27-28). was not a risk factor in the population studied here, since very few patients using the public health system wear contact lenses in Brazil. One other major issue addressed is the adequacy of initial medical therapy for MK based on clinical findings. This is justified by the large number of negative results of laboratory smears and the critical relevance of initial therapy for MK progression(29). It is well known that empirical treatment for BK is used in most mild to moderate cases. Therefore, the frequent update and report in regional agents prevalence and risk factors by reference centers are more important for medical judgment to distinguish BK from FK for earlier and appropriate treatment than published guidelines written by experts(28,30). As observed before, fungal isolation from keratitis takes a longer time and negative results are higher than those obtained from BK, with rates that varies from 40 to 70%(11,31). One potential bias in the present study was the assumption that a cure for MK without proper medication is rare. Therefore, cases successfully resolved, even though culture-negative, were included in the FK group or BK group. It is also possible that an eye with keratitis, unresponsive to the initial therapy tried, and then introduced to a different one, resolved because of the development of corneal neovascularization or other innate immune mechanisms. Recent works intended to diagnosis MK based on clinical features were able to achieve predictive values for FK from 45 to 83%. This range is probably due to methodological differences and/or regional dominance of more characteristic agents(6,32). The major findings considered were aspect of ulcers (i.e.; serrated margins, endothelial ring, dry, raised, necrotic, or fluffy surface and long history of symptoms. In the present series, previous trauma, symptoms such as photophobia and poor vision at presentation as well as signs such as typical stromal infiltrate (defined as >1 mm larger than the ulcer margin) were more frequent in FK. Moreover, patients with FK were more likely to have had previous treatment. On the other hand, signs that predicted BK were pre-existing ocular disease or surgery, hypopyon, peripheral superficial corneal vessels, and stromal ulceration >20 mm2. In conclusion, this study shows that it is likely that the climate, environment and patient inhabits determinates characteristics of MK. It also revealed that in southeast of Brazil MK is predominantly a professional disease. In addition, our study agrees that clinical featu- res of MK vary considerably and that no feature can be absolutely pathognomonic for an etiological agent. Although clinical examination cannot be the only basis for decision and corneal scraping for analysis is recommended, several times mandatory, ophthalmologists must be updated in MK epidemiology to manage a MK based on clinical findings. AKNOWLEDGMENT Financial Support: CNPq, Brazil. REFERENCES 1. Srinivasan M, Gonzales CA, George C, Cevallos V, Mascarenhas JM, Asokan B, et al. Epidemiology and aetiological diagnosis of corneal ulceration in Madurai, south India. Br J Ophthalmol. 1997;81(11):965-71. 2. Hagan M, Wright E, Newman M, Dolin P, Johnson G. Causes of suppurative keratitis in Ghana. 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VI CONGRESSO BRASILEIRO DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO EM OFTALMOLOGIA I CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIRURGIA PLÁSTICA OCULAR 01 a 04 de junho de 2011 Porto de Galinhas - PE • Informações: Site: www.catarata-refrativa.com.br/2011 12 74(1)05.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):7-12 12 18/4/2011, 11:50 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Corneal biomechanical evaluation in healthy thin corneas compared with matched keratoconus cases Análise da biomecânica corneana em córneas finas saudáveis comparadas com pacientes com ceratocone pareados por espessura corneana, sexo e idade BRUNO MACHADO FONTES1, RENATO AMBRÓSIO JR2, GUILLERMO COCA VELARDE3, WALTON NOSÉ4 ABSTRACT RESUMO Purpose: To evaluate and compare corneal hysteresis (CH) and corneal resistance factor (CRF) in healthy eyes with a central corneal thickness (CCT) ≤ 505 μm with CH and CRF in gender-, age-, and CCT-matched keratoconus cases, and to estimate the sensitivity and specificity of these parameters for discriminating between the two groups. Methods: Prospective, comparative case series. In total 46 eyes from 30 healthy patients with CCT ≤ 505 μm, and 42 eyes from 30 CCT-, gender- and age-matched keratoconus cases were enrolled. Biomechanical metrics (CH and CRF) were measured using the Ocular Response Analyzer (ORA) and then compared. A receiver operating characteristic (ROC) curve was used to identify cut-off points to maximize the sensitivity and specificity for discriminating between the groups. Results: The CCT was 485.96 ± 17.61 μm (range, 438 - 505) in healthy thin corneas and 483.64 ± 16.19 μm (range, 452 - 505) in keratoconus; p=0.5225. CH was 8.63 ± 1.23 mmHg (range, 5.95 - 12.2) and 8.07 ± 1.17 mmHg (range, 4.9 - 9.85), respectively; p=0.0312. CRF was 8.43 ± 1.29 mmHg (range, 5.45 - 11.10) and 7.22 ± 1.34 mmHg (range, 4.7 9.45), respectively; p<0.001. ROC curve analysis showed a poor overall predictive accuracy of CH (cut-off, 8.95 mmHg; sensitivity, 63%; specificity, 23.8%; test accuracy, 44.30%) and CRF (cut-off, 7.4 mmHg; sensitivity, 28.3%; specificity, 40.5%; test accuracy, 34.12%) for detecting keratoconus in the eyes studied. Conclusion: CH and CRF were statistically lower in keratoconus than in healthy thin corneas. However, CH and CRF offered very low sensitivity and specificity for discriminating the groups. Objetivo: Avaliar e comparar a histerese corneana (CH) e o fator de resistência corneano (CRF) em olhos saudáveis com espessura corneana central (CCT) ≤ 505 μm com os resultados de CH e CRF em pacientes com ceratocone pareados por sexo, idade e CCT, além de estimar a sensibilidade e especificidade destes parâmetros na diferenciação dos grupos. Métodos: Estudo prospectivo, do tipo série de casos comparativa. No total, 46 olhos de 30 pacientes saudáveis com CCT ≤ 505 μm, e 42 olhos de 30 pacientes com ceratocone pareados por sexo, idade e CCT foram incluídos. Os parâmetros biomecânicos (CH e CRF) foram obtidos através do equipamento Ocular Response Analyzer (ORA) e depois comparados. Curvas ROC (Receiver operating characteristic) foram utilizadas para identificar o melhor valor de corte que apresentasse a maior sensibilidade e especificidade na discriminação entre ceratocone e córneas finas saudáveis para cada dado estudado. Resultados: A CCT encontrada foi 485,96 ± 17,61 μm (de 438 a 505) no grupo de córneas finas saudáveis e 483.64 ± 16,19 μm (de 452 a 505) no grupo ceratocone; p=0,5225. CH 8,63 ± 1,23 mmHg (de 5,95 a 12,2) e 8,07 ± 1,17 mmHg (de 4,9 a 9,85), respectivamente; p=0,0312. CRF 8,43 ± 1,29 mmHg (de 5,45 a 11,10) e 7,22 ± 1,34 mmHg (de 4,7 a 9,45), respectivamente; p<0,001. Análise das curvas ROC mostrou baixa acurácia na diferenciação das córneas finas saudáveis daquelas com ceratocone tanto para CH (ponto de corte, 8,95 mmHg; sensibilidade, 63%; especificidade, 23,8%; acurácia, 44,30%) quanto para CRF (ponto de corte, 7,4 mmHg; sensibilidade, 28,3%; especificidade, 40,5%; acurácia, 34,12%). Conclusão: Dados fornecidos pelo ORA (CH e CRF) mostraram-se estatisticamente mais baixos em pacientes com ceratocone quando comparados com córneas finas de indivíduos saudáveis. No entanto, os dois parâmetros biomecânicos estudados apresentaram sensibilidade e especificidade muito baixas na diferenciação dos grupos. Keywords: Cornea/physiology; Keratoconus; Corneal diseases; Biomechanics/physiology; Diagnostic techniques, ophthalmological Descritores: Córnea/fisiologia; Ceratocone; Doenças da córnea; Biomecânica/fisiologia; Técnicas de diagnóstico oftalmológico Work carried out at the Department of Ophthalmology, São Paulo Federal University - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil, and Renato Ambrósio Eye Institute - Rio de Janeiro (RJ), Brazil. 1 2 3 4 Physician, Department of Ophthalmology, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Physician, Brazilian Society of Ophthalmology Administration - SBAO - Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Biostatistician, Statistics Department, Fluminense Federal University - UFF - Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Physician, Santos Metropolitan University - UNIMES - Santos (SP), Brazil; Department of Ophthalmology, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Correspondence address: Bruno M. Fontes. Av. das Acácias, 150 - Bl. 2 - Apto. 1.001 - Rio de Janeiro (RJ) - CEP 22776-000 - E-mail: [email protected] No financial support was available for this project. Renato Ambrósio, MD is Oculus and Reichert consultant. Recebido para publicação em 25.05.2010 Aprovação em 14.01.2011 INTRODUCTION Corneal refractive surgery performed by either lamellar (LASIK) or surface (PRK, LASEK) techniques has shown safety, predictability and stability when performed in patients with healthy thin corneas(1-2). However, proper patient selection is challenging in such cases, as preoperative thin corneas and thinner residual stromal bed after excimer laser ablation are widely described as risk factors for the development of postoperative ectasia (3-4). Healthy patients can present with thin corneas (≤505 μm), and keratoconic eyes can have a “normal” (≤520 μm) central corneal thickness (CCT)(5-8). For decision making in these cases, the surgeon should rely on analysis of corneal topography and tomography data (such as corneal volume, elevation maps and pachymetric distribution)(9-10). The development of a test for reliable corneal stiffness assessment and response to excimer laser ablative surgery estimation is an essential step in the evolution of refractive surgery (11-13). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 13-6 74(1)16.pmd 13 29/3/2011, 08:43 13 CORNEAL B I O M E C H A N I C A L E V A L U A T I O N IN H E A L T H Y T H I N C O R N E A S C O M P A R E D W I T H M A T C H E D K E R A T O C O N U S C A S E S Central corneal thickness (CCT) is a biometric entity(14-15), and its biological variability in healthy eyes is believed to result from different amounts of collagen fibrils and interfibrillary substance in the corneal stroma(7,16). It is a measure of tissue mass and perhaps an estimator of corneal rigidity(7). However, CCT varies among ethnic groups and also demonstrates strong heritability in nuclear families(17-18). The in vivo measurement of corneal resistance to deformation was enabled by the development of the ocular response analyzer (ORA) by Luce(19). The ORA (Reichert Ophthalmic Instruments, New York, USA) determines corneal biomechanical metrics (CH and CRF) using an applied force - displacement relationship. Our group has studied corneal biomechanical metrics in different scenarios. In a population of healthy subjects(5), we have found that corneal biomechanical metrics and CCT are strongly associated, while showing an inverse relationship with older age, and higher values in females. In a small sample of patients with unilateral / asymmetrical keratoconus(20), CH and CRF values were not statistically different between the studied groups, although a trend for lower values was found for keratoconus and fellow eyes versus the control group. When comparing 77 eyes from 43 patients with keratoconus and 86 eyes from 43 healthy controls (unpublished data), a statistical difference in CH and CRF was found between groups, but, when considered individually, the measures demonstrated low sensitivity, specificity, and test accuracy for keratoconus and healthy cornea differentiation. Similar findings were found by our group regarding CH and CRF in patients with mild keratoconus(21) and also in cases of keratoconus with CCT ≥ 520 μm(8). In the present study, we investigated corneal biomechanical metrics in healthy eyes with CCT ≤ 505 μm and compared them with gender-, age-, and CCT-matched keratoconus cases. METHODS We used a prospective, comparative case series design. The research followed the tenets of the Declaration of Helsinki and was approved by the ethics committee of the Federal University of São Paulo, Brazil (protocol 0123/06). Subjects were informed of the purpose of the study, and all gave informed consent before inclusion. Each subject underwent a comprehensive ophthalmologic examination, including a review of their medical history, best-corrected visual acuity, slit lamp biomicroscopy, fundoscopic examination, Placido disc topography (Humphrey ATLAS, Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA, USA) Pentacam tomographic evaluation (Oculus, Wetzlar, Germany) and ORA measurements (Reichert Ophthalmic Instruments, New York, USA). Diagnosis of keratoconus was made by clinical (corneal stromal thinning, Vogt’s striae, Fleischer ring, scissoring of the red reflex or oil droplet sign identified by retinoscopy) and topographic evaluation (increased area of corneal power surrounded by concentric areas of decreasing power, inferior-superior power asymmetry, and skewing of the steepest radial axis above and below the horizontal meridian(22-24). Healthy eyes with CCT ≤ 505 μm were matched with keratoconus cases according to CCT (± 15 μm), age (± 6 years) and gender. For analysis, we used CCT instead of the thinnest point (given by the Pentacam) because the air-jet delivered by the ORA is directed at the corneal center. Additionally, a CCT match of ± 15 μm was chosen based on the work by Khachikian et al.(15), which showed that the average pachymetric difference between fellow healthy eyes was 8.8 ± 7.2 μm at the corneal apex and 8.9 ± 8.3 μm at the pupil center. Our patients were divided in two groups for data comparison: the healthy thin cornea group and the keratoconus group. Exclusion criteria were age less than 18 years, any previous corneal or ocular surgery, eye disease other than keratoconus (in particular, endothelial dysfunction or dystrophy), chronic or continuous use of topical medications, corneal scars or opacities, and refusal to provide informed consent. Contact lenses had to be removed at least 72 hours before the examination. Patients underwent testing with the ORA, corneal topography, and Pentacam during the same visit by a trained ophthalmic technician. All measurements were made between 8 am and 6 pm. Two consecutive ORA measurements were made (only good-quality readings, as defined by the manufacturer, were recorded), and the results were averaged. CCT was determined using the Pentacam rotating Scheimpflug camera. Previously, we published a detailed description of the Pentacam system(5), as have other investigators(25-26). Briefly, a rotating camera is set to take 25 - slit images of the anterior eye segment in approximately 2 seconds with 500 true elevation points incorporated in each slit image. CCT is measured in each of the single images of a scan, giving accurate, repeatable, and reproducible measurements. Details of the ORA have been described extensively(5,8,19,21). Briefly, a precisely metered air pulse is delivered to the eye, causing the cornea to move inwards, past applanation, and into slight concavity. Milliseconds after the initial applanation, the air pump generating the air pulse is shut off and the pressure applied to the eye decreases in an inverse-time, symmetrical fashion. As the pressure decreases, the cornea passes through a second applanated state, while returning from concavity to its normal convex curvature. The energy adsorbed during the rapid corneal deformation delays the occurrence of the inward and outward applanation signal peaks, resulting in a difference between the applanation pressures. The difference between these inward and outward motion applanation pressures is the corneal hysteresis (CH) and is an indication of viscous damping in the cornea, reflecting the capacity of corneal tissue to absorb and dissipate energy. The corneal resistance factor (CRF) is a measure of the cumulative effects of both the viscous and elastic resistance encountered by the air jet while deforming the corneal surface; it is an indicator of the overall resistance of the cornea. The CRF was derived empirically to maximize the correlation with the central corneal thickness (D. Luce. Methodology for Cornea Compensated IOP and Corneal Resistance Factor for the Reichert Ocular Table 1. Summary data from the study groups Gender Age (years) range CCT (μm) range CH (mmHg) range CRF (mmHg) range Healthy thin corneas Keratoconus p value* 16 F / 14 M 040.33 ± 17.38 16 F / 14 M 040.30 ± 11.73 p=1 p=0.5103 (20 - 77) (22 - 76) 485.96 ± 17.61 483.64 ± 16.19 (438 - 505) (452 - 505) 008.63 ± 01.23 008.07 ± 01.17 (5.95 - 12.2) (4.9 - 9.85) 008.43 ± 01.29 007.22 ± 01.34 (5.45 - 11.10) (4.7 - 9.45) *Welch modified two-sample t-test M= male; F= female; CCT= central corneal thickness; CH= corneal hysteresis; CRF= corneal resistance factor 14 74(1)16.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):13-6 14 29/3/2011, 08:43 p=0.5225 p=0.0312 p<0.0010 F ONTES BM, A MBRÓSIO J R R, Response Analyzer. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006;47:E-Abstract 2266), and it can be considered to be weighted by the elastic resistance because of its stronger correlation with the central corneal thickness than with CH. Although CH and CRF are related, they can differ significantly in some instances, and each provides distinct information about the cornea. Figure 1. Box-plot distribution of corneal hysteresis (CH) and corneal resistance factor (CRF) in healthy thin corneas (HTC) and keratoconus (KCN). Table 2. Data from the receiver operating characteristic (ROC) curves (plots of the sensitivity vs. 1 - specificity) for CH and CRF in the population studied. Due to the substantial overlap between the groups, the ROC curve analyses showed poor overall predictive accuracy of CH and CRF for differentiating healthy thin corneas from keratoconus in the eyes studied Cut-off point mmHg CH CRF 8.95 7.40 Sensitivity (%) Specificity (%) 63.0 28.3 23.8 40.5 Test accuracy (%) 44.30 34.12 CH= corneal hysteresis ; CRF= corneal resistance factor ET AL. Statistical analysis were performed using BioEstat 5.0 software (Federal University of Belém, PA, Brazil). The receiver operating characteristic (ROC) curve was used to identify the best CH and CRF cut-off points to maximize the sensitivity and specificity for discriminating mild keratoconus from normal corneas. The ROC curve was obtained by plotting sensitivity against 1 - specificity, calculated for each value observed. Ideally, an area of 100% indicates that the test perfectly discriminates between groups. Logistic regression was used to support the cut-off point identified in the ROC curve analysis. Differences between data were evaluated using the Welch modified two-sample t-test. Data are expressed as the mean ± standard deviation. RESULTS In total, 46 eyes from 30 healthy patients with CCT ≤ 505 μm, and 42 eyes from 30 CCT-, gender- and age-matched keratoconus cases were enrolled. The central corneal thickness (CCT) was 485.96 ± 17.61 μm (range, 438 - 505) in healthy thin corneas and 483.64 ± 16.19 μm (range, 452 - 505) μm in keratoconus Group; p=0.5225. Corneal hysteresis (CH) was 8.63 ± 1.23 mmHg (range, 5.95 - 12.2) in healthy thin corneas and 8.07 ± 1.17 mmHg (range, 4.9 - 9.85) in keratoconus group; p=0.0312. Corneal resistance factor (CRF) was 8.43 ± 1.29 mmHg (range, 5.45 - 11.10) in healthy thin corneas and 7.22 ± 1.34 mmHg (range, 4.7 - 9.45) in keratoconus group; p<0.001. The results are summarized in table 1. A box-plot of the distribution of CH and CRF in healthy thin corneas (HTC) and keratoconus (KCN) is shown in figure 1. ROC curve analysis showed poor overall predictive accuracy of both corneal hysteresis and corneal resistance factor for discriminating healthy eyes with CCT ≤ 505 μm and those with keratoconus. For CH, the optimal cut-off point was 8.95 mmHg, with 63% sensitivity and 23.8% specificity (test accuracy, 44.30%). The best cut-off point for CRF was 7.4 mmHg, with 28.3% sensitivity and 40.5% specificity (test accuracy, 34.12%). Data from the ROC curves are presented in table 2. DISCUSSION Corneal biomechanical metrics are known to have a strong correlation with central corneal thickness and to be affected by aging(5,27). Additionally, our first study in healthy patients found statistically significantly higher values in females(5). Thus, we consider it important that these variables be matched when comparing CH and CRF Table 3. Values of “normality” from some published studies (data expressed as mean ± standard deviation) Paper Eyes studied CCT (μm) CH (mmHg) 260 545.05 ± 35.41 10.17 ± 1.82 10.14 ± 1.80 Range 454 - 640 Range 3.23 - 14.58 Range 5.45 - 15.10 Fontes et al(13) Che et al(79) Medeiros et al(80) 43 153 549.87 ± 29.53 11.52 ± 1.28 11.68 ± 1.40 Range 493 - 617 Range 9.25 - 14.30 Range 8.55 - 14.70 538 ± 35 Not provided Range 414 - 627 Kamiya et al(56) Shah et al(81) Franco et al(64) Luce D, Taylor D (ORA brochure, 2005) 86 110 63 339 CRF (mmHg) 9.47 ± 1.75 Range 4.68 - 14.15 540 ± 31 10.20 ± 1.3 Range 476 - 598 Range 6.7 - 13.3 Not provided 546.5 ± 33 11.4 ± 1.9 10.0 ± 1.6 Range 467 - 640 Range 6.4 - 16.7 Range 6.6 - 14.9 534 ± 33.1 10.8 ± 1.53 10.6 ± 1.71 Range 448.3 - 610.7 Range 8.3 - 15.5 Range 6.9 - 14.9 Not provided 12.36 ± 1.90 12.34 ± 2.08 Range 7.73 - 18.01 Range 6.49 - 18.09 CCT= central corneal thickness; CH= corneal hysteresis; CRF= corneal resistance factor Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 13-6 74(1)16.pmd 15 29/3/2011, 08:43 15 CORNEAL B I O M E C H A N I C A L E V A L U A T I O N IN H E A L T H Y T H I N C O R N E A S C O M P A R E D W I T H M A T C H E D K E R A T O C O N U S C A S E S in different groups. When publishing about ORA corneal biomechanical metrics, authors should separate patients into groups in terms of factors known to influence them. A number of “normal” values for CH and CRF in healthy corneas found in previously published studies are shown in table 3. Keratoconic eyes have a low tensile strength, thinning, and protrusion(12,21-22,24). Our findings show that the lower resistance to deformation in keratoconus group is not due only to thinning, because the groups were matched by thickness. Additionally, higher corneal resistance after collagen cross-linking is often accompanied by thinning(28-29). Therefore, corneal rigidity and resistance to deformation are likely affected by unknown factors in addition to corneal thickness(12). Thus, reduced central corneal thickness is only part of the answer. The corneal stromal collagen fibrils of keratoconus patients are probably more fragile, more readily deformable by the air-jet, and perhaps thinner than those of normal subjects. We found substantial overlap in the values of CH and CRF between the groups (Figure 1). Data recently published by Qazi et al.(30) indicate that waveform parameters provided by the ORA signal may contain additional important information that, could be more sensitive than CH or CRF in discriminating abnormal corneas. Additional studies are needed to determine whether signal analysis is useful in biomechanical studies of the cornea. In conclusion, CH and CRF were statistically lower in keratoconus eyes than in matched thin healthy corneas. However, because of the large overlap between the groups, CH and CRF both had low sensitivity and specificity for discriminating between the two groups. Further research on new technologies for corneal stiffness measurement and biomechanical variability is warranted. 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McMahon TT, Szczotka-Flynn L, Barr JT, Anderson RJ, Slaughter ME, Lass JH, Iyengar SK; CLEK Study Group. A new method for grading the severity of keratoconus: the Keratoconus Severity Score (KSS). Cornea. 2006;25(7):794-800. 23. Rabinowitz YS. Keratoconus. Surv Ophthalmol. 1998;42(4):297-319. 24. Reeves SW, Ellwein LB, Kim T, Constantine R, Lee PP. Keratoconus in the Medicare population. Cornea. 2009;28(1):40-2. 25. Piñero DP, Alió JL, Alesón A, Escaf M, Miranda M. Pentacam posterior and anterior corneal aberrations in normal and keratoconic eyes. Clin Exp Optom. 2009;92(3):297-303. 26. Kawamorita T, Uozato H, Kamiya K, Bax L, Tsutsui K, Aizawa D, Shimizu K. Repeatability, reproducibility, and agreement characteristics of rotating Scheimpflug photography and scanning-slit corneal topography for corneal power measurement. J Cataract Refract Surg. 2009;35(1):127-33. 27. Kamiya K, Hagishima M, Fujimura F, Shimizu K. Factors affecting corneal hysteresis in normal eyes. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):13-6 16 29/3/2011, 08:43 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Características dos doadores de córneas do Banco de Olhos de Cascavel: impacto do exame anti-HBc para hepatite B Characteristics of corneal donors in the Cascavel Eye Bank: impact of the anti-HBc test for hepatitis B CESAR NOBUO SHIRATORI1, FLÁVIO EDUARDO HIRAI2, ELCIO HIDEO SATO2 RESUMO ABSTRACT Objetivos: Traçar o perfil dos doadores de tecidos oculares humanos na região de atuação do Banco de Olhos de Cascavel - Paraná (PR) e verificar o impacto da positividade da sorologia positiva para hepatite B (anti-HBc) no descartes dos tecidos oculares. Métodos: Estudo do tipo transversal de dados do Banco de Olhos de Cascavel do período de março de 2006 a abril de 2007. Informações como idade, sexo, causa de óbito, tempo entre óbito e enucleação e resultados sorológicos de doadores foram coletadas. Dados foram agrupados para caracterização da população de estudo e distribuídos segundo positividade da sorologia para hepatite B (anti-HBc). Resultados: A média de idade dos doadores foi de 54,2 ± 20,6 anos e a maioria era do sexo masculino (64,7%). Tempo médio entre óbito e enucleação foi de 3,8 ± 2,4 horas, a principal causa de óbito foram doenças cardiovasculares (34,5%). Positividade para os marcadores anti-HBc e HBsAg foi de 47,4% e 1,5%, respectivamente, sendo os exames sorológicos para hepatite B a maior causa de descarte dos tecidos oculares doados. Doadores com sorologia positiva para anti-HBc apresentaram maior média de idade comparados com doadores com sorologia negativa (p<0,001). Somente 0,8% das doações apresentaram sorologia positiva para hepatite C. Não houve doações com sorologia para HIV positiva no período do estudo. Conclusões: Implementação do Banco de Olhos de Cascavel aumentou significativamente a disponibilização de córneas para transplante no Estado do Paraná. A principal contraindicação para disponibilização de tecidos oculares foi a positividade na sorologia para anti-HBc. Estudos de biosegurança devem ser realizados a fim de investigar o potencial de transmissão da hepatite B de doadores positivos para esse marcador. A inclusão desses doadores como doações efetivas acarretaria maior disponibilização de tecidos para transplantes. Purpose: To describe the characteristics of human ocular tissue donors from the Cascavel Eye Bank in the State of Paraná (PR) and investigate the impact of hepatitis B serologic test positivity on discarded ocular tissues. Methods: Cross-sectional study of data collected between March 2006 and April 2007 at the Cascavel Eye Bank. Information such as age, gender, cause of death, time between death and enucleation, and serologic tests results was collected. Data were used to characterize the study population and stratified according to hepatitis B (anti-HBc) status. Results: Mean age of donors was 54.2 ± 20.6 years and a greater proportion of men (64,7%) was observed. Mean time between death and enucleation was 3.8 ± 2.4 hours, cardiovascular diseases were the main cause of death (34.5%). Positivity of anti-HBc and HBsAg tests was 47.4% and 1.5%, respectively. Hepatitis B was the main reason for discarding corneas. Donors whose serologic tests were positive for anti-HBc had higher mean age compared to those with negative tests (p<0.001). Only 0.8% of all donations tested positive for hepatitis C and donors with positive HIV test were not seen in our study. Conclusions: Activities of the Cascavel Eye Bank significantly increased the availability of corneas for transplant in the State of Paraná. The main contraindication for availability of ocular tissues was positivity of serologic tests for anti-HBc. Biosafety studies should be performed in order to investigate the potential transmission of hepatitis B virus for donors with positive tests for anti-HBc. The inclusion of these donors would increase the number of corneas available for transplant. Descritores: Banco de olhos; Doenças da córnea; Transplante de córnea; Doadores de tecidos; Obtenção de tecidos e órgãos; Preservação de órgãos; Preservação de tecidos; Hepatite B/virologia; Antígenos de superfície da hepatite B; Controle de qualidade INTRODUÇÃO primeiro transplante de córnea penetrante foi realizado com sucesso em 1905. Entretanto, cirurgias eram raras devido à baixa disponibilidade de tecidos humanos e dificuldades de técnica cirúrgica. Foi nesse período que surgiu a idéia da criação de um sistema de coleta, processamento e distribuição de tecidos oculares aos médicos que realizavam transplante. Em 15 de O Trabalho realizado no Banco de Olhos de Cascavel, Cascavel (PR), Brasil. 1 2 Médico, Banco de Olhos de Cascavel, Cascavel (PR), Brasil. Médico, Departamento de Oftalmologia, Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Cesar Nobuo Shiratori. Rua Minas Gerais, 1.986 - Cascavel (PR) CEP 85812-035 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 05.02.2010 Última versão recebida em 23.11.2010 Aprovação em 25.11.2010 Keywords: Eye banks; Corneal diseases; Corneal transplantation; Tissue donors; Tissue and organ procurement; Organ preservation; Tissue preservation; Hepatitis B/virologia; Hepatitis B surface antigens; Quality control dezembro de 1944 no “Manhattan Eye, Ear and Throat Hospital” foi criado o primeiro banco de olhos dos EUA, pela iniciativa do jovem oftalmologista R. Townley Paton(1-2). Atualmente, a deficiência de doadores de órgãos é obstáculo universal e o fator mais importante na provisão de tecidos para transplante. First relatou que a deficiência de doadores de órgãos não é primariamente o resultado da falta de doadores, mas consequência da dificuldade de identificá-los, obter o consentimento da família e captar o órgão ou tecido em tempo hábil(3). Em muitos estados do Brasil, a falta de tecidos oculares e de Banco de Olhos capacitados para fornecer córneas em número e qualidade adequados para transplante ainda é uma realidade(4). Por esse motivo, a atuação dos Bancos de Olhos é de fundamental importância, seja na busca ativa de doadores, entrevista dos familiares, captação dos tecidos doados em tempo hábil e sua distribuição com padrão de qualidade(5). O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil dos doadores de tecidos oculares humanos na região de atuação do Banco de Olhos de Cascavel - Paraná (PR), pioneiro na captação e processamento de Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 17-20 74(1)02.pmd 17 31/3/2011, 13:49 17 CARACTERÍSTICAS D O S D O A D O R E S DE C Ó R N E A S DO BANCO DE OLHOS DE tecidos oculares nesta região, assim como verificar o impacto das sorologias para hepatite B (anti-HBc) sobre o total de doações e a disponibilização de tecidos oculares para transplante. MÉTODOS O presente estudo, do tipo transversal, foi realizado no Banco de Olhos de Cascavel. Dados foram coletados dos relatórios de doação de córneas. Informações como idade, sexo, causa de óbito e resultados sorológicos dos doadores foram obtidas no período de março de 2006 a abril de 2007. A causa de óbito foi definida como principal causa de morte pelo atestado de óbito. Tempo entre óbito e enucleação foi calculado em horas. No momento da captação foi realizada a coleta de amostra de sangue para a realização de exames sorológicos obrigatórios. As amostras de sangue do doador foram enviadas a um laboratório terceirizado que enviava os resultados por via eletrônica. No Banco de Olhos de Cascavel são realizados rotineiramente os testes sorológicos HBsAg, anti-HBc, anti-HCV, anti-HIV1 e anti-HIV2(5). Dados foram agrupados e descritos como médias ± desvio padrão ou proporções. Dados também foram distribuídos conforme a positividade da sorologia para hepatite B (Anti-HBc) onde os grupos foram comparados. Para análise estatística foram utilizados os testes t de Student para variáveis contínuas e o teste exato de Fisher para variáveis categóricas. Valores de p menores que 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo sob o protocolo CEP 0814/09. RESULTADOS Neste período de 13 meses (março de 2006 a abril de 2007), foram contabilizadas 481 doações. A idade média dos doadores foi de 54,2 ± 20,6 anos (de 3 a 97 anos) e a grande maioria era do sexo masculino (64,7%). O tempo médio entre o óbito e a enucleação foi de 3,8 ± 2,4 horas. A principal causa de óbito foram doenças cardiovasculares (34,5%), seguida pelas causas externas (30,6%), neoplasias (27,2%) e outras causas (7,7%) (Tabela 1). O principal local de captação dos tecidos oculares foi a Capela Mortuária Municipal - Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Cascavel (ACESC) (67,8%), seguido pelo Instituto Médico-Legal (IML) (22,9%), serviço de tanatopraxia (TANATO) (7,9%) e outros (1,4%) (Tabela 1). Quanto às sorologias, 47,4% dos doadores tiveram positividade para uma das sorologias para hepatite B (anticorpo anti-HBc), 1,5% apresentaram sorologia positiva para antígeno HBsAg e menos de 1% apresentaram sorologia para hepatite C. Menos da metade dos doadores apresentaram sorologia negativa (48,2%) (Tabela 2). Não houve doações com sorologias positivas para HIV I e II. Ao compararmos doadores que tiveram sorologia negativa com os de sorologia positiva para um marcador de hepatite B (anticorpo Anti-HBc), observamos uma maior média de idade entre doadores com sorologia positiva (p<0,001). Houve também uma maior proporção de sorologias positivas em doadores provenientes da ACESC (p=0,04). Não houve diferença estatisticamente significante entre outros fatores como sexo e causa de óbito (Tabela 1). DISCUSSÃO O Banco de Olhos de Cascavel (BOC) iniciou suas atividades em março de 2006, com a finalidade de suprir a deficiência de tecidos oculares para transplante na região oeste do Paraná. Atende a cidade de Cascavel, que conta atualmente com uma população de aproximadamente 285 mil habitantes, e a região sudoeste deste estado. Para isso, conta com equipe própria para a realização de entrevista das famílias de potenciais doadores e outra equipe para a realização 18 74(1)02.pmd CASCAVEL: I M P A C T O DO E X A M E A N T I -HB C P A R A HE P A T I T E de captação dos tecidos atuando junto aos hospitais da cidade, ACESC, Instituto Médico-Legal (IML) e serviço de tanatopraxia. Antes da implementação do serviço do BOC, eram realizados em média 494 transplantes ao ano no estado do Paraná. Após o advento do BOC houve um aumento de 36% no número de transplantes de córneas realizados no estado(6). Em relação à idade média dos doadores, ela apresentou-se semelhante a outros estudos nacionais e internacionais(7-8). De acordo com as normas médicas de nosso Banco de Olhos, adotamos o limite inferior de idade como sendo 3 anos, sendo que em alguns Bancos de Olhos, chega-se a adotar a idade de 10 anos(8). Não adotamos limite superior de idade para a doação, uma vez que não há comprovação de que a idade avançada do doador esteja relacionada com a sobrevivência do enxerto(8). Transplantes de córneas realizados utilizando córneas doadoras com idade menores que 66 anos, não evidenciaram diferença na incidência de falência do enxerto quando comparadas com córneas de igual qualidade provenientes de doadores maiores que 66 anos de idade(9). O tempo médio entre a ocorrência do óbito e a captação do tecido ocular foi de 3,8 horas, semelhante ao estudo realizado no Banco de Olhos do Hospital São Paulo(7). Este tempo considera-se adequado, pois a grande maioria dos óbitos são comunicados ao BOC quando o doador já se encontra na ACESC ou IML. O maior tempo decorrido entre o óbito e a captação do tecido ocular aumenta a chance de alteração do epitélio e do endotélio corneano, sendo este um fator que pode comprometer a avaliação do tecido doado, chegando até a contraindicar o tecido para uso em transplantes ópticos(10-11). Apesar deste fato, existem estudos que não mostram diferenças estatisticamente significantes entre a falência primária do botão corneano transplantado e o tempo de enucleação e preservação(8,11). As principais causas de óbitos foram em primeiro lugar as doenças cardiovasculares, seguidas pelas causas externas e neoplasias. Observou-se distribuição semelhante em outros estudos(7), com grande prevalência das causas externas refletindo a violência que se apresenta hoje em nossa sociedade. Em relação ao local de captação dos tecidos oculares, 67% das captações foram realizadas na ACESC, particularidade esta que facilita o trabalho de entrevista das famílias e a concretização da doação, uma vez que praticamente todos os óbitos ocorridos na cidade de Cascavel passam pela ACESC, que é um serviço funerário municipalizado centralizado. O índice de contraindicações para disponibilização de tecidos doados chegou a 51,8% das doações, índice este superior a outros serviços nacionais(12). Em um estudo em Minas Gerais, de um total de 1668 córneas doadas, 24% foram captadas mas não utilizadas. Em 46% destas, a não utilização deveu-se à sorologia positiva do doador aos testes para HIV e hepatites B e C(12). Em Cascavel, a principal contraindicação para a disponibilização dos tecidos para transplantes ocorreu por positividade para uma das sorologias da hepatite B (anti-HBc). Os marcadores virais de hepatite B mais utilizados na prática clínica para a triagem de doadores são: HBsAg, anti-HBs, anti-HBc, HBeAg e anti-HBe, sendo que a Resolução RDC 67 de 30 de setembro de 2008, determina que sejam realizadas as sorologias para HBsAg e anti-HBc(5). Os testes sorológicos para anticorpo anti-HBc são de dois tipos: anti-HBc IgG e IgM. De rotina, são realizados os testes de detecção do anticorpo anti-HBc total. Os principais métodos de triagem utilizados na sua determinação são: hemaglutinação, radioimunoensaio, enzimaimunoensaio, quimioluminescência e mais recentemente as técnicas de biologia molecular. Estas técnicas podem aumentar a sensibilidade e a especificidade da detecção do vírus da hepatite B em amostras clínicas(13). Existe um único estudo com evidências de transmissão de hepatite B por transplante de córnea, mas, nessa época não era realizado rotineiramente o teste de HBsAg(14). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 17-20 18 B 31/3/2011, 13:49 S HIRATORI CN, H IRAI FE, ET AL. Tabela 1. Características de doadores conforme sorologia para hepatite B (anti-HBc) no Banco de Olhos de Cascavel - PR População total Idade, anos Sexo, masculino Causa de óbito Doença cardiovascular Causas externas Neoplasias Outros Origem ACESC IML Tanato Outros Sorologia para hepatite B (anti-HBc)* (n=481) Negativa (n=232) Positiva (n=228) Valor de p** 54,2 ± 20,6 64,7 50,2 ± 22,7 68,1 57,9 ± 17,6 59,6 <0,001 0,06 0,28 34,5 30,6 27,2 07,7 29,7 36,6 25,8 07,9 37,3 26,3 25,9 10,5 67,8 22,9 07,9 01,4 60,8 27,6 09,5 02,1 73,2 19,3 06,7 00,8 0,04 *= foram excluídos 21 indivíduos que apresentaram sorologia inconclusiva ou positiva para HCV ou HBsAg **= valor de p comparando sorologias negativa e positiva Tabela 2. Perfil sorológicos dos doadores do Banco de Olhos de Cascavel - PR Sorologia Negativa Hepatite B (anti-HBc) Hepatite B (HBsAg) Hepatite C Inconclusivo HIV Total Frequência Porcentagem (%) 232 228 007 004 010 000 481 48,2 47,4 01,5 00,8 02,1 000 100 O “Eye Bank Association of America” preconiza apenas a realização de HBsAg como método de triagem para a hepatite B, não incluindo em sua rotina o anti-HBc(15). Especialistas questionam a adoção da sorologia anti-HBc para a triagem de córneas, devido à sua alta sensibilidade, mas baixa especificidade(16). Estudo realizado em Banco de Sangue da região de Cascavel evidenciou, entre doadores de sangue, que a positividade de sorologias anti-HBc é significativamente maior do que em outras regiões do estado do Paraná(13). Na região de Cascavel, a positividade variou de 33,8 a 33,1% nos anos de 1995 e 1996, respectivamente, enquanto que em outras regiões do Paraná esta positividade variou de 3,8 a 12,6%. Estudos americanos mostram prevalência de 1,3 a 4,6% de positividade entre doadores de sangue(17). Nas doações de córneas, estudos internacionais relatam presença de sorologias positivas para hepatite B variando de 0,92 a 3,0% das doações(8,16). Estudando-se a presença de DNA do vírus (HBV-DNA) nas amostras de doadores de sangue do Banco de Sangue de Cascavel, chegou-se a um resultado demonstrando a inexistência de DNA do vírus da hepatite B nos soros de doadores de sangue com sorologias anti-HBc positivo e HBsAg negativo. Este teste é o mais sensível e específico para determinar o potencial de infectividade do vírus da hepatite B(18). Nas doações de córneas, estudos internacionais relatam presença de sorologias positivas para hepatite B variando de 0,92 a 3,0% das doações(8,16). Estudo recente, realizado no Banco de Olhos do Hospital São Paulo, mostrou uma positividade para hepatite B de 10,4% das doações no período de 2006 e 2007(19). Em nosso serviço, quando se leva em consideração a presença concomitante de sorologias positivas para anti-HBc e HBsAg, este índice de positividade cai de 47,4% para 1,5%, dentro da média de outros serviços internacionais(8,20). A existência de exames sorológicos positivos somente para antiHBc acontecem em algumas situações como: testes falso positivo, hepatite aguda com recuperação total e hepatite crônica onde o HBsAg não se tornou positivo. Em teoria, estes casos não seriam portadores de vírus da hepatite B, portanto não apresentariam risco de transmissão do vírus ao receptor(21). A realização da sorologia para anti-HBs poderia ser útil na diferenciação de pacientes com hepatite B crônica daqueles que tiveram o desenvolvimento de imunidade contra o vírus. CONCLUSÃO Levando em consideração que o descarte de córneas devido a esta situação específica quase chega a metade das doações e levando em consideração que existem estudos que há baixo potencial de infectividade nestes casos, devemos levar em consideração um melhor estudo sobre esta situação, inclusive sobre a transmissão do vírus da hepatite B através das córneas. A inclusão desses doadores como doações efetivas acarretaria maior disponibilização de tecidos para transplantes. A criação do BOC resultou em importante aumento na disponibilização de tecidos para transplantes de córneas no estado do Paraná, com consequente diminuição no tempo de espera na fila de transplantes. REFERÊNCIAS 1. The Eye Bank for Sight Restoration. History. [home page on the Internet]. New York: 2005 [cited 2009 May 25]. Available from: http://www.eyedonation.org/history.html 2. Chu W. The past twenty-five years in eye banking. Cornea. 2000;19(5):754-65. 3. First MR. Transplantation in the nineties. 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XIV Simpósio da Sociedade Brasileira de Glaucoma 26 a 28 de maio de 2011 Minas Centro Belo Horizonte - MG Informações: JDE Comunicação e Eventos Tels.: (11) 5082-3030 / 5084-5284 Site: www.jdeeventos.com.br 20 74(1)02.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 17-20 20 B 31/3/2011, 13:49 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Incidence of epithelial lesions of the conjunctiva in a review of 12,102 specimens in Canada (Quebec) Incidência de lesões epiteliais da conjuntiva em revisão de 12.102 casos no Canadá (Quebec) LUIZ FILIPE DE ALBUQUERQUE ALVES1,2,3, BRUNO FRANCO FERNANDES2, JULIA VALDEMARIN BURNIER2, PABLO ZOROQUIAIN2, DEMIAN TEMPONI ESKENAZI2, MIGUEL NOEL BURNIER JR2 ABSTRACT RESUMO Purpose: The purpose of this study was to assess the relative frequency of epithelial lesions of the conjunctiva in Canada. Methods: A retrospective study of 12,102 consecutive cases received during 16 years (1993-2009) at the Henry C. Witelson Ocular Pathology Laboratory in Montreal, Canada, was performed. Demographic data was retrieved from histopathological request forms and specimens were categorized and analyzed by mean percentage. The relative frequency of epithelial lesions of the conjunctiva from a single center in Canada, representing the province of Quebec was reviewed. Results: Of the 12,102 specimens reviewed, 273 were conjunctival lesions (2.25%), including 86 epithelial tumors (0.71%) of the conjunctiva that comprised the studied sample. The average age of these patients was 59.9 ± 17.6 years, and gender distribution was 66 (69%) males and 30 (31%) females. Fifteen lesions (17.4%) were classified as squamous cell papillomas (mean age, 57.3 ± 16.7 years). Within the ocular surface squamous neoplasia (OSSN) spectrum, there were 10 (11.6%) actinic keratosis (63.8 ± 17.6 years), 27 (31.3%) cases of conjunctival intraepithelial neoplasia (CIN) with variable degrees of atypia (mild to moderate) (63.9 ± 15.3 years), 15 (17.4%) carcinomas in situ (66.7 ± 18.0 years), and 17 (19.7%) squamous cell carcinomas (SCC) (56.2 ± 19.4 years). Two other rare cases of malignant tumors included one basal cell carcinoma and one mucoepidermoid carcinoma. Conclusions: The distribution of our sample is similar to the one reported by the American Forces Institute of Pathology (AFIP) in 1994. When we compare our sample to others coming from countries with high levels of sunlight exposure, we found a lower incidence of ocular surface squamous neoplasia, including squamous cell carcinomas in Canada. Objetivo: O estudo realizado teve como objetivo fornecer a relativa frequência de cada lesão epitelial de conjuntiva no Canadá. Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo de todos os casos recebidos durante 16 anos (1993-2009) no Henry C. Witelson Ocular Pathology Laboratory, em Montreal. Dados epidemiológicos foram obtidos por meio de requerimento e laudos histopatológicos, sendo classificados e analisados pelo porcentual na amostra. A relativa frequência de lesões epiteliais da conjuntiva foram obtidas em um único centro de análises no Canadá. Resultados: Entre 12.102 espécimes revisadas, 273 foram lesões conjuntivais (2,25%), sendo 86 tumores epiteliais (0,71%) entre a amostra estudada. A idade média das lesões neoplásicas da conjuntiva foi de 59,9 ± 17,6 anos, e a distribuição por sexo foi de 66 (69%) homens e 30 (31%) mulheres. Quinze lesões (17,4%) foram classificadas como papilomas de células escamosas (idade média 57,3 ± 16,7 anos). No grupo das neoplasias escamosas da superfície ocular (NESO) foram encontrados 10 (11,6%) casos de queratose actínica, (63,8 ± 17,6 anos), 27 (31,3%) casos de neoplasia intraepitelial (NIC), com moderada atipia (63,9 ± 15,3 anos), 15 (17,4%) carcinomas in situ (66,7 ± 18,0 anos), e 17 (19,7%) carcinomas de células escamosas (CCE) (56,2 ± 19,4 anos). Dois outros casos menos frequentes de tumores malignos foram incluídos; um carcinoma de célula basal e outro carcinoma mucoepidermoide. Conclusão: A distribuição de nossa amostra é semelhante a encontrada no Armed Forces Institute of Pathology (AFIP) em 1994, porém quando comparamos nossa amostra com estudos realizados em países com altos níveis de exposição solar observamos menor incidência de neoplasias escamosas da superfície ocular, incluindo-se carcinomas de células escamosas. Keywords: Conjunctiva/pathology; Conjunctival neoplasms/epidemiology; Eye neoplasms/pathology; Corneal diseases/pathology; Carcinoma in situ; Carcinoma, squamous cell; Canadá/epidemiology Descritores: Conjuntiva/patologia; Neoplasias da túnica conjuntiva/epidemiologia; Neoplasias oculares/patologia; Doenças da córnea/patologia; Carcinoma in situ; Carcinoma de células escamosas; Canadá/epidemiologia INTRODUCTION onmelanocytic lesions represent 47% of all excised conjunctival tumors(1). Epithelial lesions of the conjunctiva comprise a large variety of conditions, from benign tumors such as papilloma, to malignant lesions such as squamous cell carcinoma (SCC)(2). Ocular surface squamous neoplasia (OSSN) is a recent term that categorizes precancerous and malignant lesions, including conjunctival intraepithelial neoplasia (CIN) and SCC(3-4). Epithelial lesions are the second most common group of conjunctival specimens. Distribution is affected by geography, sunlight exposure and other factors such as human immunodeficiency virus (HIV) and human papilloma virus (HPV) prevalence. OSSN is found in all demographics, with a higher incidence in males(4). According to the Institute of Ophthalmology in England(5), the Brazilian Registry(6) and the American Forces Institute of Pathology (AFIP) Registry(6), epithelial tumors account for one third to half of conjunctival neoplasms(1,7). The purpose of the present study was to assess the relative frequency of each epithelial lesion of the conjunctiva in Canada and to analyze possible correlations of etiology agents in the samples. N Work carried out at the Henry C. Witelson Ocular Pathology Laboratory in Montreal, Canada. 1 2 3 Department of Ophthalmology, Brazilian Air Force Central Hospital Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Department of Ophthalmology and Pathology, The McGill University Health, Center & Henry C. Witelson Ocular Pathology Laboratory. Montreal, Canada. Department of Ophthalmology. Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Correspondence address: Luiz Filipe de Albuquerque Alves. 3775 University Street, room 216, Montreal, Quebec - Canada - H3A-2B4 - Email: [email protected] Recebido para publicação em 03.03.2010 Última versão recebida em 06.11.2010 Aprovação em 25.11.2010 METHODS A retrospective study was performed using 12,102 consecutive cases received during 16 years (1993-2009) at the Henry C. Witelson Ocular Pathology Laboratory, Montreal, Canada. Demographic data, age at diagnosis and gender were retrieved from histopathological request forms. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 21-3 74(1)03.pmd 21 29/3/2011, 10:27 21 INCIDENCE O F E P I T H E L I A L L E S I O N S O F T H E C O N J U N C T I V A IN A R E V I E W O F Specimens were categorized and analyzed by mean percentage. Data accumulation was acquired in accordance with country and provincial laws and the tenets of the Declaration of Helsinki. RESULTS Of the 12,102 specimens, 273 were conjunctival lesions (2.25%), including 86 epithelial tumors (0.71%) of the conjunctiva. The average age was 59.9 ± 17.6 years, and gender distribution was 66 (69%) males and 30 (31%) females (Table 1). Fifteen lesions (17.4%) were classified as squamous cell papillomas (mean age, 57.3 ± 16.7 years). Within the OSSN spectrum, there were 10 (11.6%) actinic keratosis (63.8 ± 17.6 years), 27 (31.3%) cases of CIN with variable degrees of atypia (moderate dysplasia) (63.9 ± 15.3 years), 15 (17.4%) carcinoma in situ (66.7 ± 18.0 years), and 17 (19,7%) SCC (56.2 ± 19.4 years). Two other cases of malignant tumors included one basal cell carcinoma and one mucoepidermoid carcinoma (Table 2). DISCUSSION Ocular surface squamous neoplasia comprises dysplasia, carcinoma in situ and squamous cell carcinoma involving the conjunctiva as well as the cornea(8). Most commonly OSSN arises in the limbal region, occurring particularly in elderly males, it is found in demographics, but is more common in countries that have a higher level of sunlight exposure. The main etiological factors that are associated with epithelial lesions of conjunctiva include sunlight exposure, HPV subtypes 6,11,16 and 18 and HIV(4). Many other risk factors for the development of OSSN have been suggested, such as chronic inflammatory diseases. OSSN has also been associated with benign mucous membrane pemphigoid (9), chronic blepharoconjunctivitis(10), vitamin A deficiency and, in one case, atopic eczema(11). OSSN has been associated with pinguecula and pterygium(12) due to the fact these conditions are important differential diagnoses in establishing OSSN. Studies have reported OSSN in patients with leukemia(13), lympho- Table 1. Specimens in Canada, Quebec (1993-2009) Total sample Tumors of conjunctiva Epithelial tumors Cases (%) Avg. Age STD Male (%) Female (%) 12,102 (100) 273 (2.25) 59.9 ±17.6 66 (69) 31 (31) 86 (0.71) Table 2. Epithelial tumors of the conjunctiva Cases (%) Avg. Age STD Benign Papillomas 15 (17.4) 57.3 ±16.7 Intraepithelial neoplasia Actinic keratosis Dysplasia Carcinoma in situ 10 (11.6) 27 (31.3) 15 (17.4) 63.8 63.9 66.7 ±17.6 ±15.3 ±18.0 Malignant SCC Other types 17 (19.7) 02 56.2 ±19.4 Total 86 Frequency distribution of 86 specimens of tumors in McGill University Health Center 22 74(1)03.pmd 12,102 S P E C I M E N S IN C A N A D A (Q U E B E C ) ma(14), and following liver transplantation(15). Others factors, such as cigarette smoking, petroleum products, European ancestry (16), chronic use of contact lens(17) and cyclosporine A have been proposed for the development of OSSN. In addition, children with xeroderma pigmentosum are more likely to develop SCC due to the high degree of sensibility to sunlight(18-19). The overall incidence of OSSN ranges from 0.02 to 3.5 per 100,000 per year worldwide. In the United States (National Institute of Health study), Australia (20), and Uganda(21), the incidence of OSSN are 0.03, 1.9 and 0.13 cases per 100,000 persons, respectively. OSSN of the ocular surface was found to be the most common in Zimbabwe(22). As the cases analyzed here come from a single ocular pathology lab in Montreal, Quebec, it cannot be used to represent incidence in Canada In most studies, a higher prevalence of OSSN has been found in males(23-24) which can be explained by the greater exposure of males to sunlight while working outdoors. in contrast, a study performed in Zimbabwe(22), concluded that 70% of the patients with OSSN were female. This can be explained, however, that Zimbabwean women spend more time in cultivation and are more exposed to the sunlight than men. In addition, several studies have shown a predominance of OSSN in Caucasians due to the greater predisposition of fair skinned people to UV-related skin damage(25). However, darker skinned populations that live in tropical regions are more exposed to sunlight and have a higher incidence of OSSN. For that reason, Caucasian populations living at latitudes less than 30° to the equator have a particularly higher risk for developing OSSN (3,26). In fact, Newton et al.(27) found that the incidence of SCC of the eye increases 49% with each 10-degree decline in latitude. The results of several studies have shown the average age of OSSN is 56 years of age(3). Some author(26) noted the age of onset of populations living at latitudes less than 30° to the equator was younger than at latitude 45°(53 years vs. 64 years). The youngest case reported was a 4-year-old Caucasion female who developed an inferior palpebral conjunctival lesion one year after strabismus surgery(28). The second younger group of cases are in children with xeroderma pigmentosum(29). According to previous studies the average age of patients with carcinoma in situ is 5-9 years less than patients of invasive squamous cell carcinoma(30). These studies suggest that precancerous CIN may progress to invasive SCC. The most common benign tumor in our center was squamous papilloma (17.4%). Patients with benign lesions comprised the youngest average group. Surprisingly, however, patients with malignant lesions (19.7%) were on average younger than those with premalignant (80.2%) lesions. In fact, the group representing the oldest average age was found to be patients presenting with carcinoma in situ (Table 2). The youngest case found was a 12-yearold who developed SCC with orbital invasion, however the number of SCCs in our sample was not sufficient to significantly prove the tendency to develop SCC at a lower average age in Canada (Table 3). In this particular study, the three youngest cases included the 12 year old previously mentioned as well as two cases of 34year-old patients with SCC, and these cases may present outliers to the normal distribution of age-related incidence. However, due to the small sample size, these cases decreased the average age of incidence in this particular group. It can be speculated that the fact that Canada presents lower level of sunlight exposure, others etiologic factors could be more relevant in our sample, making sunlight exposure leading to the progression of carcinoma in situ (CIS) to SCC less relevant. For this reason, according to our data, the lower mean age of SCC could indicate a different mechanism of developing malignant tumors such as involvement of HPV, HIV, chronic inflammations or others etiologic factors. Overall, our data are in agreement with results of previous studies of North American populations including the AFIP in 1994(6), Lee et al., in 1992(20) and Locke (31) (Table 3) and all literature reviewed. Conversely, when we compare our sample to studies performed in Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):21-3 22 29/3/2011, 10:27 A LVES LFA, F ERNANDES BF, ET AL. Table 3. Epidemiology of epithelial lesions of conjunctiva Canada, 1993-2009 USA AFIP, 1984-1989(6) *Australia (3) USA, Erie et al., 1986(32) Africa, Clear et al., 1979 (33) Total Benign (%) 086 509 288 120 216 15 (17.4) 97 (19.0) - CIN (%) 037 225 155 098 145 (43.0) (44.2) (53.8) (81.6) (67.1) CIS (%) 15 (17.40) 26 (05.10) 71 (24.60) 21 (09.72) SCC (%) 019 161 062 022 050 (22.0) (31.6) (21.5) (18.3) (23.1) Age mean OSSN 60 60 62 - CIN= conjunctival intraepithelial neoplasia, CIS= carcinoma in situ, SCC= squamous cell carcinoma, OSSN= ocular surface squamous neoplasia *= Australia apud(3) countries with higher levels of sunlight exposure, we found a lower percentage of OSSN, including SCC in Canada. In summary, to the best of our knowledge, the present work represents the largest series report of OSSN tumors in Canada. In addition, we review some of the important etiological factors involved in the development of epithelial lesions of the conjunctiva. By comparing our data to other reports in various countries, we found a lower relative proportion of OSSN cases within all conjunctival lesions, which can be plausibly explained by differences in sunlight exposure. Documenting the distribution of various epithelial lesions and their relative proportion, as has been done here, is essential for early diagnosis, preventative care, and for better understanding the natural history of these diseases. REFERENCES 1. Shields CL, Demirci H, Karatza E, Shields JA. Clinical survey of 1643 melanocytic and nonmelanocytic conjunctival tumors. Ophthalmology. 2004;111(9):1747-54. 2. Ogun GO, Ogun OA, Bekibele CO, Akang EE. Intraepithelial and invasive squamous neoplasms of the conjunctiva in Ibadan, Nigeria: a clinicopathological study of 46 cases. Int Ophthalmol. 2009;29(5):401-9. 3. Lee GA, Hirst LW. Ocular surface squamous neoplasia. Surv Ophthalmol. 1995; 39(6):429-50. 4. Pe’er J. Ocular surface squamous neoplasia. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 21-3 74(1)03.pmd 23 29/3/2011, 10:27 23 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Variações no posicionamento dos eixos visuais em pacientes submetidos a cirurgias de estrabismo Variations of postoperative ocular alignment in patients submitted to strabismus surgery GRACIELA SCALCO BRUM1, ROSÁLIA MARIA SIMÕES ANTUNES-FOSCHINI1,2, CHRISTINE MAE MORELLO ABBUD1,2, HARLEY EDISON AMARAL BICAS3 RESUMO ABSTRACT Objetivos: Determinar as variações no ângulo de posicionamento ocular pós-operatório em pacientes submetidos a cirurgias para correção de estrabismo e identificar possíveis fatores de risco associados a tal ocorrência. Métodos: Foi realizado estudo retrospectivo de 819 pacientes portadores de estrabismo submetidos à cirurgia para correção do desvio ocular entre janeiro de 1995 e dezembro de 2005 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os pacientes foram divididos em quatro grupos quanto ao tipo de desvio pré-operatório (esotropia alternante, esotropia monocular, exotropia alternante e exotropia monocular) e as variações no posicionamento ocular foram quantificadas em cada grupo. Resultados: A prevalência de variações no posicionamento ocular (pós-operatório) maiores que 10Δ entre o total de pacientes estudado foi de 33,5% (274 pacientes). Entre estes, foi verificada maior frequência de desvios no sentido exotrópico (178 pacientes ou 65,0%) do que no sentido esotrópico (96 pacientes ou 35,0%), diferença esta que foi estatisticamente significativa (teste do qui-quadrado; p<0,001). Conclusões: Instabilidade no posicionamento ocular pode ocorrer ao longo do tempo em pacientes submetidos a cirurgias de estrabismo. Tal ocorrência reforça a necessidade do desenvolvimento de alternativas terapêuticas a fim de proporcionar maior estabilidade ao sistema oculomotor no pós-operatório de cirurgias de estrabismo. Purpose: To determine the drift variations of the postoperative alignment in patients who underwent strabismus surgery and to identify possible risk factors associated with such occurrence. Patients and methods: We reviewed the variations in postoperative alignment drift of 819 patients who underwent rectus muscle surgery from January, 1995 to December, 2005 at the Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. The patients were divided into four groups according to the type of deviation (alternating esotropia, monocular esotropia, alternating exotropia and monocular exotropia). Changes in eye positioning were quantified in each group. Results: The prevalence of variations in the postoperative angle (considering variations more than 10 Δ) among the total of studied patients was 33.5% (274 patients). In those patients, a higher frequency was found in the exotropic direction (178 patients or 65.0%) than in the esotropic direction (96 patients or 35,0%), and this difference was statistically significant (chi-square test; p<0.001). Conclusions: Eye positioning instability can occur over time in patients who underwent strabismus surgery. This incident reinforces the need for the development of alternative therapies in order to provide greater stability to the oculomotor system in the follow-up of strabismus surgery. Descritores: Estrabismo/cirurgia; Esotropia/cirurgia; Exotropia/cirurgia; Músculos oculomotores/cirurgia; Estrabismo; Transtornos da motilidade ocular; Período pósoperatório INTRODUÇÃO A correção cirúrgica é a principal forma de tratamento para os pacientes portadores de desvios oculares. As técnicas cirúrgicas empregadas atuam nos músculos oculares externos (MOEs) a fim de restaurar a posição normal dos olhos. Na maioria das vezes, visa modificações nos MOEs, debilitando-os, fortalecendo-os ou alterando a orientação do seu plano de ação. Algumas vezes, é necessário atuar sobre as fáscias ou a conjuntiva, para eliminar restrições mecânicas à movimentação ocular (1). Trabalho realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (SP), Brasil. 1 2 3 Médica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil. Médica, Setor de Estrabismo, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil. Médico, Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Graciela S. Brum. Rua Vitor Meireles, 211/701- Porto Alegre (RS) - CEP 90430-160 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 25.05.2009 Última versão recebida em 03.11.2010 Aprovação em 08.12.2010 24 74(1)04.pmd Keywords: Strabismus/surgery; Esotropia/surgery; Exotropia/surgery; Oculomotor muscles/surgery; Strabismus; Ocular motility disorders; Postoperative period É de conhecimento dos oftalmologistas que, no seguimento pósoperatório de cirurgias de estrabismo, alguns pacientes perdem a estabilidade do alinhamento ocular com o passar do tempo a despeito de um resultado cirúrgico satisfatório no pós-operatório inicial. Alguns estudos apontam que a taxa de reoperações em pacientes submetidos à cirurgia para correção de esotropia (ET), por exemplo, pode chegar a quase 30%(2-5) com incidências ainda mais altas em estudos com seguimento mais longo(6-11). No caso das exotropias, estudos demonstram taxas de insucesso no alinhamento ocular entre 27% e 86%(12-17). O estudo das variações no ângulo de posicionamento dos eixos visuais em pacientes que foram submetidos a cirurgias de estrabismo é de suma importância no entendimento de possíveis fatores de risco relacionados a tal ocorrência e poderá auxiliar no desenvolvimento de abordagens terapêuticas que visem prevenir tal ocorrência. Assim, o presente estudo busca entender melhor possíveis fatores associados (tipo de desvio, idade do paciente, magnitude do desvio) à instabilidade no posicionamento ocular no pós-operatório de alguns pacientes submetidos a cirurgias de estrabismo. MÉTODOS Foram avaliados todos os prontuários de pacientes portadores de estrabismo submetidos a cirurgias para correção do desvio Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):24-7 24 18/4/2011, 11:50 B RUM GS, A NTUNES -F OSCHINI RMS, ocular entre janeiro de 1995 e dezembro de 2005 do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Deste total, foram incluídos no presente estudo 819 pacientes. Os pacientes foram submetidos a exame oftalmológico que se constituiu de medida da acuidade visual ou padrão de fixação, refratometria sob cicloplegia, biomicroscopia, fundoscopia e avaliação da motilidade ocular extrínseca. Foram medidas as variações no posicionamento ocular pósoperatório da primeira semana, 3 semanas, 3 meses, 6 meses, 9 meses, 12 meses e anualmente até o máximo de 120 meses de seguimento. No presente estudo foi considerada a variação entre a medida da primeira semana de pós-operatório e a última medida descrita no prontuário. O ângulo de desvio foi medido por meio do teste de cobertura (cover test) quando cumpridas as exigências para a realização do mesmo, tais como: boa fixação em cada um dos olhos e fixação central (macular) em ambos os olhos, além de cooperação do paciente. Nas situações em que o teste de cobertura não se aplicava, foi utilizado o teste de Krimsky. Os critérios de inclusão dos pacientes foram: 1. Pacientes submetidos a cirurgias para a correção de desvios horizontais em que pelo menos um músculo reto horizontal tenha sido operado. 2. Ausência de cirurgia prévia em músculos oculares externos (MOEs). 3. Tempo de seguimento mínimo de 6 meses. Os critérios de exclusão foram: 1. Pacientes submetidos a cirurgias prévias em MOEs. 2. Estrabismos do tipo síndrome de Duane e aqueles decorrentes de trauma, infecção e orbitopatia de Graves. 3. Pacientes com tempo de seguimento no pós-operatório inferior a seis meses. Os planejamentos cirúrgicos foram decididos pela equipe (chefe e preceptores) do setor de Motilidade Ocular do Departamento de Oftalmologia da FMRP-USP durante reuniões clínicas com exame do paciente e considerando-se outros prévios (realizados por médicos assistentes ou residentes). Nessas reuniões de planejamento, sempre com pelo menos três membros mais experientes, foram estabelecidas propostas cirúrgicas (em função, principalmente, da magnitude do ângulo, componente acomodativo e disfunções musculares associadas), mas com expressa delegação a alternativas de suas mudanças, se necessárias, com base em exames feitos durante o ato cirúrgico. As cirurgias foram realizadas por um médico assistente, estagiário ou residente (de terceiro ano). A fim de facilitar a análise dos dados coletados, os pacientes foram divididos em grupos, conforme a variável a ser estudada. Assim, abaixo, são apresentados os grupos criados para cada variável em questão. VARIÁVEL: TIPO DE DESVIO NO PRÉ-OPERATÓRIO Grupo ETa: pacientes portadores de esotropia alternante. ET AL. Grupo ETm: pacientes portadores de esotropia monocular. Grupo XTa: pacientes portadores de exotropia alternante. Grupo XTm: pacientes portadores de exotropia monocular. VARIÁVEL: IDADE DO PACIENTE Grupo 1: pacientes com até 3 anos de idade (idade ≤ 3 anos). Grupo 2: pacientes entre 3 e 8 anos de idade (3 anos < idade < 8 anos). Grupo 3: pacientes de 8 a 14 anos de idade (8 anos ≤ idade < 14 anos). Grupo 4: pacientes com 14 anos ou mais de idade (idade ≥ 14 anos). VARIÁVEL: VARIAÇÃO (PÓS-OPERATÓRIA) NO POSICIONAMENTO DOS EIXOS VISUAIS , MEDIDO EM DIOPTRIAS PRISMÁTICAS Grupo GN: variação >| -30Δ| Grupo MN: variação entre -21 e -30Δ Grupo PN: variação entre -11 e -20Δ Grupo N: variação de 0 a -10Δ ou variação de 0 a +10Δ Grupo PP: variação de +11 a +20Δ Grupo MP: variação de +21 a +30Δ Grupo GP: variação > +30Δ Foram considerados desvios clinicamente relevantes todos aqueles maiores do que 10 dioptrias prismáticas (grupos GN, MN, PN, PP, MP, GP), sendo assim reunidos como grupo não N (não-normal). Por convenção, as variações no sentido exotrópico (GN, MN e PN) receberam o sinal (-) e as variações no sentido esotrópico (GP, MP e PP) receberam o sinal (+). O grupo N (normal), por sua vez, inclui todos os pacientes com variações no posicionamento ocular sem relevância clínica. As análises estatísticas foram realizadas empregando-se o teste qui-quadrado ou o teste exato de Fisher (pacote estatístico SPSS), com nível de significância de 0,01 (erro alfa = 1%). Quando necessária, foi empregada a correção de Yates. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 819 pacientes portadores de estrabismo submetidos a tratamento cirúrgico. Dentre estes pacientes, 50,4% apresentavam ET alternante (grupo ETa, n=413), 12,1% apresentavam XT alternante (grupo XTa, n=99), 22,1% apresentavam ET monocular (grupo ETm, n=181) e 15,4% apresentavam XT monocular (grupo XTm, n=126). Pertenciam ao sexo feminino 416 (50,8%) pacientes e ao sexo masculino 403 (49,2%) pacientes. Em relação à faixa etária dos pacientes na época da cirurgia, 44 (5,3%) pacientes pertenciam ao grupo 1, 262 (31,9%) ao grupo 2, 226 (27,5%) ao grupo 3 e 287 (35,3%) ao grupo 4 (ver definição dos grupos em “Pacientes e métodos”). Em relação à magnitude do desvio inicial, 212 (25,9%) pacientes apresentavam desvios oculares maiores do que 50Δ (grupo G), 427 (52,1%) pacientes eram portadores de desvios entre 31 e 50Δ (grupo M) e 180 (22,0%) pacientes apresentavam desvios menores que ou iguais a 30Δ (grupo P). Tabela 1. Distribuição dos pacientes segundo as variações no posicionamento ocular verificadas no pós-operatório, para cada tipo de desvio pré-operatório Tipo de desvio pré-operatório ETa ETm XTa XTm Total Variações no pós-operatório ≤ 10Δ 256 122 077 090 545 (62,0%) (67,4%) (77,8%) (71,4%) (66,5%) Variações no pós-operatório > 10Δ 157 059 022 036 274 (38,0%) (32,6%) (22,2%) (28,6%) (33,5%) Total 413 181 99 126 819 (100,0%) (100,0%) (100,0%) (100,0%) (100,0%) Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 24-7 74(1)04.pmd 25 18/4/2011, 11:50 25 VARIAÇÕES N O P O S I C I O N A M E N T O D O S E I X O S V I S U A I S EM P A C I E N T E S S U B M E T I D O S A C I R U R G I A S DE E S T R A B I S M O VARIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DO POSICIONAMENTO OCULAR A distribuição dos pacientes em relação à variação no posicionamento ocular no pós-operatório é apresentada no gráfico 1. Este gráfico refere-se ao total de pacientes acompanhados (n=819). Podemos observar que 545 (66,5%) pacientes encontram-se na faixa de variação que consideramos normal (grupo N), ou seja, variaram 10Δ ou menos ao longo do seguimento pós-operatório (intervalo de -10Δ a +10Δ). Ainda no gráfico 1, verificamos que, excluindo-se o grupo N, os demais pacientes apresentaram variações no posicionamento ocular clinicamente relevantes, totalizando 274 pacientes (33,5%). Dentre estes 33,5%, a distribuição (frequências relativas) nos diferentes intervalos de variação, é apresentada no referido gráfico. Valores negativos correspondem a variações no sentido exotrópico, enquanto valores positivos referem-se a variações no sentido esotrópico. Analisando-se estas frequências relativas, verificamos maior frequência de desvios no sentido exotrópico (178 pacientes (21,7%) do que no sentido esotrópico (96 pacientes (11,7%), diferença esta que foi estatisticamente significativa (teste qui-quadrado; p<0,001). As variações no posicionamento ocular no pós-operatório são apresentadas em intervalos expressos em dioptrias prismáticas (Δ). Valores negativos correspondem a variações no sentido exotrópico, enquanto valores positivos referem-se a variações no sentido esotrópico. Frequência relativa porcentual DISCUSSÃO Pode-se observar que cerca de dois terços dos casos (66,5%) encontram-se na faixa de variação que consideramos normal (grupo N), ou seja, variaram 10Δ ou menos ao longo do seguimento pós-operatório. Em contrapartida, 33,5% dos pacientes apresentaram variações no posicionamento ocular clinicamente relevantes (variaram mais de 10Δ), o que está de acordo com outros estudos da literatura(11,17). Considerando os 819 pacientes, verificou-se maior frequência de variações (pós-operatórias) do posicionamento ocular no sentido exotrópico, tanto para as esotropias quanto para as exotropias (gráfico 1), o que está de acordo com outros estudos citados anteriormente(11,17). Analisando-se cada tipo de desvio pré-operatório separadamente, verificou-se que desvios dos tipos esotropia alternante (ETa) e exotropia monocular (XTm) também apresentaram o mesmo padrão de predomínio de variações no sentido exotrópico. Já os desvios pré-operatórios dos tipos esotropia monocular (ETm) e exotropia alternante (XTa), não apresentaram diferença estatisticamente significativa quanto ao sentido das variações pós-operatórias. REFERÊNCIAS Variação no posicionamento ocular no pós-operatório Gráfico 1. Distribuição dos pacientes em relação à variação no posicionamento ocular verificada no pós-operatório (n=819). 26 74(1)04.pmd Em estudo publicado recentemente, não foram observadas variações significativas no posicionamento ocular em pacientes submetidos a cirurgias para correção de esotropia (16), ao contrário do nosso estudo e de diversos outros previamente publicados. Nos pacientes operados para correção de exotropia, estes autores encontraram variações pós-operatórias no sentido exotrópico, o que está de acordo com os outros estudos citados. É interessante observar que no trabalho de Pukrushpan e Isenberg comparou-se recuos bilaterais com cirurgias de recuo/ressecção e foi encontrada maior frequência de variações no alinhamento ocular no pós-operatório em pacientes submetidos a recuos bilaterais. Esse achado sugere que o posicionamento ocular é mais “estável” em pacientes submetidos à cirurgias de recuo/ressecção. Por que os estrabismos variam ao longo do tempo? A questão já foi levantada há muito tempo e por muitos autores(18). No entanto, ela permanece atual e relevante para quem trata de pacientes portadores de desvios oculares com indicação de tratamento cirúrgico. Inúmeros são os fatores que possivelmente influenciam nos resultados pós-operatórios insatisfatórios de cirurgias de estrabismo. Dentre eles, podemos citar a falta de capacidade fusional e de estereopsia de pacientes com estrabismo de aparecimento precoce. A grande maioria desses pacientes não desenvolve visão binocular normal, mesmo apresentando resultados pós-operatórios bastante satisfatórios(19). Novos conhecimentos no estudo das polias da musculatura extraocular podem explicar as variações observadas no pós-operatório de alguns pacientes operados de estrabismo. Alguns autores mostram que os músculos de pacientes portadores de estrabismo parecem ter características fisiológicas diferentes(20-21), justificando alguns resultados pós-operatórios inesperados. Estudos recentes com células satélites musculares demonstram que há diferenças na frequência dessas células em músculos considerados hiperfuncionantes. Se por um lado há um aumento no número de células satélites em músculos oblíquos hiperfuncionantes(22), o mesmo não ocorre em músculos retos mediais também considerados hiperfuncionantes de pacientes portadores de esotropia de aparecimento precoce(23). A hiperelevação do olho em adução observada em pacientes com hiperfunção de oblíquos inferiores e em pacientes com craniossinostose mostra alterações distintas na anatomia das miofibras desses músculos, evidenciando que etiologias diferentes de estrabismo podem levar a respostas diferentes da musculatura extraocular após cirurgias para correção de estrabismo (24-25). Estudos recentes dos músculos extraoculares de coelhos demonstram que tanto para cirurgia de recuo(26) como para cirurgias de ressecção(27) ocorrem alterações estruturais adaptativas distintas, tanto nos músculos operados quanto nos agonistas e antagonistas diretos. Esses achados mostram que a musculatura extraocular está em constante remodelamento, em função da tensão, inervação recebida(28) e outros fatores, como a própria cirurgia para correção de estrabismo. Em função das inúmeras variáveis que podem interferir nos resultados pós-operatórios de pacientes submetidos a cirurgias de correção de estrabismo, novos estudos são necessários no sentido de melhor controlar desvios pós-operatórios a curto e longo prazo, como por exemplo o uso de forças magnéticas(1) ou o uso de fatores de crescimento(29). 1. Bicas HEA. Métodos alternativos na correção de transtornos oculomotores. Arq Bras Oftalmol. 2003;66(4):453-60. 2. Bradbury JA, Doran RML. Secondary exotropia: a retrospective analysis of matched cases. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1993;30(3):163-6. Comment in: J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 1994;31(4):212-3. 3. Foschini RM, Bicas HE. Cirurgias de músculos retos horizontais: análise de planejamentos e resultados. 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Invest Ophthalmol Vis Sci. 2006;47:2461-2467. 36º Congresso da Associação Paranaense de Oftalmologia 16 a 18 de junho de 2011 Estação Convention Center Curitiba - PR Informações: Tels.: (41) 3232-4031 / 3039-8001 E-mail: [email protected] Site: www.congressoapo.com.br Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 24-7 74(1)04.pmd 27 18/4/2011, 11:50 27 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Principais patógenos e susceptibilidade in vitro antimicrobiana em ceratites bacterianas: Revisão de cinco anos, 2005 a 2009 Main pathogens and in vitro antimicrobial susceptibility in bacterial keratitis: 5-year study, 2005-2009 GUILHERME ANDRADE DO NASCIMENTO ROCHA1, REINALDO FERREIRA DA SILVA1, MAYANA FREITAS LOPES1, NICOLAS CESÁRIO PEREIRA1, LUCIENE BARBOSA DE SOUSA1 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Determinar os principais patógenos envolvidos na etiologia das ceratites bacterianas no Hospital Oftalmológico de Sorocaba/SP e a susceptibilidade in vitro dos principais antimicrobianos utilizados no tratamento desta afecção ocular. Métodos: Estudo retrospectivo de todos os prontuários submetidos a exame microbiológico por suspeita de ceratite infecciosa, atendidos no Hospital Oftalmológico de Sorocaba/SP, entre 2005 e 2009. Para testar a susceptibilidade dos antimicrobianos, foram realizados antibiogramas através do método padrão de difusão em discos e a interpretação da sensibilidade foi realizada seguindo-se a padronização do National Committee on Clinical Laboratory Standards (NCCLS, Villanova, PA, USA). Resultados: De 963 coletas, 278 (28,86%) foram positivas para algum patógeno. Dentre as coletas positivas para bactérias, os principais patógenos identificados foram: Staphylococcus aureus (30.56%), Staphylococcus epidermidis (30,56%), Streptococcus sp (9,43%) e Pseudomonas sp (9,43%). No total, 191 (72,08%) dos patógenos identificados eram Gram-positivos e 74 (27,92%) eram Gram-negativos. O exame laboratorial evidenciou altos índices de sensibilidade para a maioria dos antimicrobianos (acima de 85%), com exceção da cefalotina (53,13%). Os maiores índices de resistência foram observados com a cefalotina (33,47%) e a ciprofloxacina (11,36%). Conclusões: Bactérias Gram-positivas foram as principais isoladas nos exames microbiológicos neste estudo, com número expressivo de estafilococos, apesar de um crescente número de bactérias Gram-negativas como principais patógenos isolados, principalmente representado por Pseudomonas, relacionado ao uso disseminado de lentes de contato. O exame laboratorial evidenciou altos índices de sensibilidade para a maioria dos antimicrobianos (acima de 85%), com exceção da cefalotina (53,13%). Os maiores índices de resistência foram observados com a cefalotina (33,47%) e a ciprofloxacina (11,36%). Diante desta variabilidade importante tanto de principais patógenos envolvidos na etiologia da ceratite bacteriana como de susceptibilidade antimicrobiana, torna-se muito importante saber qual o perfil das infecções com as quais estamos lidando, para que tal afecção seja conduzida da maneira correta, seguindo-se a individualidade de cada localidade. Purpose: To determine the most common pathogens involved in the etiology of bacterial keratitis at the Sorocaba Ophthalmological Hospital and the in vitro susceptibility of main antimicrobial used in the treatment of this pathology. Methods: Retrospective study of all patients suspected of infectious keratitis that underwent microbiological exam at the Sorocaba Ophthalmological Hospital, between 2005 and 2009. To test susceptibility of antimicrobial drugs, antibiograms were made through the standard method of discs diffusion and interpretation following the National Committee on Clinical Laboratory Standards (NCCLS, Villanova, PA, USA). Results: 963 samples were obtained in this period and 278 (28.86%) were positive for some pathogen. Among the positive for bacteria, the most common were Staphylococcus aureus (30.56%), Staphylococcus epidermidis (30.56%), Streptococcus sp (9.43%) and Pseudomonas sp (9.43%). Dividing in Gram’s method, 191 (72.08%) were Gram-positive and 74 (27.92%) were Gram-negative. Analyzing in vitro antimicrobial effectiveness, the majority presented good susceptibility rates, beyond 85%, except cephalotin which presented 53.13%. At the same analysis, higher resistance rates with cephalotin (33.47%) and ciprofloxacin (11.36%) were noted. Conclusion: Gram-positive bacteria were the most common pathogen isolated at microbiologic exams, especially staphylococci. despite the increasing number of isolated Gram-negative bacteria, meanly represented by Pseudomonas, related with the widespread use of contact lenses. Laboratorial exam revealed high sensibility values for most of antibiotics (more than 85%), except for cephalotin (53.13%). Higher resistance values were observed with cephalotin (33.47%) and ciprofloxacin (11.36%). With all these important variability of antibiotic susceptibility and pathogens involved in bacterial keratitis etiology, it is very important to know the specific characteristics of each infection for a better patient casre. Descritores: Infecções oculares bacterianas/microbiologia; Testes de sensibilidade microbiana; Ceratite/microbiologia; Resistência microbiana a drogas Keywords: Eye infections, bacterial/microbiology; Microbial sensitivity tests; Keratitis/microbiology; Drug resistance, microbial INTRODUÇÃO C Trabalho realizado no Setor de Doenças Externas e Córnea e Cirurgia Refrativa no Hospital Oftalmológico de Sorocaba - Sorocaba (SP), Brasil. 1 Médicos, Setor de Doenças Externas e Córnea e Cirurgia Refrativa, Hospital Oftalmológico de Sorocaba - Sorocaba (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Guilherme A. N. Rocha. Rua Nabeck Shiroma, 210 - Jardim Emília - Sorocaba (SP) - CEP 18031-060 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 01.06.2010 Última versão recebida em 06.10.2010 Aprovação em 25.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Roberto Freda sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. 28 74(1)07.pmd eratite bacteriana é uma condição comum e prevenível de morbidade visual. Alguns casos apresentam aparecimento rápido e inflamação estromal progressiva. A gravidade da infecção depende da condição corneana prévia e da patogenicidade do micro-organismo envolvido. Se não tratada, normalmente leva à destruição tecidual progressiva com perfuração corneana ou extensão para tecidos adjacentes. Uma grande variedade de patógenos pode estar envolvida em ceratites. A prevalência de um organismo depende da localização geográfica, fatores climáticos e de fatores de risco para a infecção(1-4). Até recentemente, a maioria dos casos estava relacionada a traumas oculares e/ou doenças ou cirurgias da superfície ocular. Entretanto, o uso indiscriminado de lentes de contato aumentou consideravelmente a incidência de ceratite nestas pessoas, passando a ser o Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 28-32 28 31/3/2011, 13:51 R OCHA GAN, SILVA RF, principal fator de risco, na maioria dos estudos atuais (1-2,5-11). Devido esta ampla variedade de agentes causadores, muitos com espectro de sensibilidade a antimicrobianos restritos, o oftalmologista deve considerar o uso de testes diagnósticos microbiológicos em casos selecionados(12-14). Atualmente, não há um agente antimicrobiano efetivo contra todos os patógenos causadores de ceratites. O uso de terapia empírica de amplo espectro é recomendado até que o micro-organismo envolvido seja identificado(1,3-5,7,15). Apesar disto, a modificação da terapia inicial deve basear-se na resposta clínica e não no resultado de sensibilidade antimicrobiana. A partir da ausência de melhora clínica, a utilização de um regime alternativo deve ser considerada, orientada pelo resultado do exame(1,3,7,15). Este trabalho tem como objetivo determinar os principais patógenos envolvidos na etiologia das ceratites bacterianas e a susceptibilidade in vitro dos principais antimicrobianos utilizados no tratamento desta afecção ocular. MÉTODOS Estudo retrospectivo de todos os prontuários submetidos a exame microbiológico por quadro suspeito de ceratite infecciosa, atendidos no Hospital Oftalmológico de Sorocaba/SP, no período de 2005 e 2009. Os exames microbiológicos foram realizados conforme os seguintes critérios: (1) lesões ≥ 3 mm; (2) próxima ao eixo visual; (3) perfuração ou iminência de perfuração; (4) comprometimento escleral; (5) utilização prévia de antimicrobianos sem resposta clínica; (6) história prévia de doenças oculares. Os raspados foram feitos com auxílio de espátula de Kimura flambada na chama de lamparina e esfriada em solução estéril, à lâmpada de fenda com auxílio de blefarostato e após instilação de cloridrato de proximetacaína 0,5%. O material colhido foi destinado para: (1) cultura, semeado nas placas de ágar-sangue e ágar-chocolate; (2) bacterioscopia citológica, coradas por Gram e Giemsa; (3) meio de tioglicolato, para anaeróbios e (4) cultura para fungos em placa de ágar-Sabouraud. Durante a coleta, o material necrótico era desprezado e as amostras colhidas das bordas e da região profunda da lesão. Para testar a susceptibilidade dos antimicrobianos, foram realizados antibiogramas através do método padrão de difusão em discos e a interpretação da sensibilidade foi realizada seguindo-se a padronização do National Committee on Clinical Laboratory Standards (NCCLS, Villanova, PA, USA). Como o exame é realizado em laboratório terceirizado, diversos antibióticos foram testados. Assim, para análise estatística, somente antibióticos com aplicação em oftalmologia foram considerados. RESULTADOS Foram realizadas 963 coletas no período entre 2005 e 2009, seguindo o critério estabelecido. Destas, 278 coletas (28,86%) foram positivas para algum patógeno, sendo 265 (95,33%) bacterianas e 13 (4,67%) fúngicas. Os resultados estão resumidos na tabela 1. Dentre as coletas positivas para bactérias, os principais patógenos identificados foram: Staphylococcus aureus (30,56%), Staphylococcus epidermidis (30,56%), Streptococcus sp (9,43%) e Pseudomonas sp (9,43%). No total, 191 (72,08%) dos patógenos identificados eram Gram-positivos e 74 (27,92%) eram Gram-negativos. Todas as bactérias encontradas estão descritas na tabela 2. Através da análise dos antibiogramas, foi estudada a susceptibilidade bacteriana. Separamos conforme o método de Gram e, individualmente, avaliamos as quatro bactérias mais prevalentes nas amostras. Os resultados estão descritos nas tabelas 3 e 4. DISCUSSÃO O fato de a ceratite infecciosa ser um quadro oftalmológico comum faz com que seu correto diagnóstico e tratamento sejam de extrema importância, diante das complicações e sequelas passíveis de ocorrer. A identificação do patógeno através de exames microbiológicos constitui um passo importante, mas não indispensável. Trabalhos que estudaram a importância da realização de culturas demonstraram que a grande maioria das úlceras com patógenos adquiridos na comunidade, respondem bem à monoterapia com antibióticos de amplo espectro. Assim, sugerem que as culturas devem ser realizadas apenas em casos selecionados(12-14). Em nosso trabalho, alguns critérios foram obedecidos para realização dos exames, como mostrado anteriormente. Entretanto, nem sempre é possível identificar o agente causador, e isto não deve retardar o tratamento. Em nossa estatística, obtivemos 28.86% de positividade, valor abaixo dos valores médios encontrados na literatura(1,3-6,8,10-11,15-17), havendo resultados de até 85% - 86% de positividade(1,16). Diante disto é importante questionarmos nossos índices, no intuito de melhorar a positividade, para uma melhor abordagem diagnóstica e terapêutica. Devemos lembrar que alguns fatores são capazes de alterar o resultado dos exames, como utilização prévia de antibióticos(1,5,7); uso inadvertido pelo paciente ou uso durante a coleta de colírio anestésico com preservativos, que tem ação bactericida, diminuindo o número de patógenos(5,18); amostra de material pequena; transporte e armazenagem inadequados; cultivo em meios inadequados. As principais bactérias isoladas foram Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus sp e Pseudomonas sp, sendo os dois primeiros os mais encontrados (30,56% cada). Os patógenos Gram-positivos somaram 73,23% e os Gram-negativos, 26,77%, com Pseudomonas sp sendo o principal Gram-negativo isolado, com 9,43%. Na maioria das séries, o principal patógeno isolado também foi Staphylococcus sp (1,3-5,10,16,19-20), mas em outros houve predomínio de Pseudomonas sp(6,9,11,17,21-22). Este aumento tem provável relação com a maior participação do uso de lentes de contato como fator de risco, pois Pseudomonas sp é o principal micro-organismo isolado nestes casos(1,5-9,11,22). Quando analisamos Tabela 1. Distribuição das coletas microbiológicas por período Ano Coletas 2005 2006 2007 2008 2009 Total 087 143 186 210 337 963 Positivas (%) 044 050 047 070 067 278 Bacterianas (50,57) (34,96) (25,26) (33,33) (19,88) (28,86) Fúngicas 044 048 047 059 067 265 02 11 13 Tabela 2. Principais patógenos isolados Bactéria isolada Staphylococcus aureus Staphylococcus epidermidis Streptococcus sp Pseudomonas aeruginosa Klebsiella sp Escherichia coli Proteus sp Enterobacter sp Bacillus sp Enterococcus sp Acinetobacter sp Serratia sp Micrococcus sp Citrobacter sp Total N % 081 081 025 025 015 013 007 005 003 004 003 001 001 001 265 0030,56 0030,56 009,43 009,43 005,66 004,90 002,64 001,88 001,13 001,50 001,13 000,37 000,37 000,37 100,00 Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 28-32 74(1)07.pmd 29 ET AL. 31/3/2011, 13:51 29 PRINCIPAIS P A T Ó G E N O S E S U S C E P T I B I L I D A D E IN V I T R O A N T I M I C R O B I A N A E M C E R A T I T E S B A C T E R I A N A S : estudos brasileiros, os resultados são similares aos nossos, com predomínio de Staphylococcus sp(10,19-20), o que mostra uma real influência geográfica na etiologia das ceratites. Os testes de susceptibilidade in vitro devem ser analisados cuidadosamente(12-14). É importante lembrar que o comportamento de uma bactéria in vitro não corresponde necessariamente a seu comportamento in vivo, daí a importância da resposta clínica no seguimento terapêutico. Analisando a atuação dos antimicrobianos, a maioria apresenta bons índices de sensibilidade, acima de 85%, exceto pela cefalotina, que apresenta índice de sensibilidade de 53,13%. Na mesma análise, observam-se maiores índices de resistência para cefalotina (33,47%) e ciprofloxacina (11,36%). Dividindo os patógenos conforme o método de Gram, o resultado não foi diferente: • Gram-positivos: a maioria dos antimicrobianos mantém bons índices de sensibilidade, superiores a 88%, com exceção da cefalotina, que apresenta 66,08%. Avaliando-se os índices de resistência, a cefalotina permanece com os maiores índices, 19,88%, seguida pela ciprofloxacina, com 8,64%. R EVISÃO DE CINCO A N O S , 2005 A 2009 • Gram-negativos: a maioria continua com bons índices de sensibilidade, acima de 80%, exceto pela cefalotina e cloranfenicol, com 20,28% e 56,36%, respectivamente. Entretanto, os índices de resistência são maiores para todos os antibióticos estudados, sendo a cefalotina, cloranfenicol e ciprofloxacina, respectivamente com 68,11%, 20% e 18,03%, os maiores índices. No estudo individual de cada bactéria, alguns pontos merecem atenção: • Staphylococcus aureus apresentou boa sensibilidade a todos antibióticos estudados, com resistência pouco maior à ciprofloxacina (10,14%) e tobramicina (10,12%); • Staphylococcus epidermidis apresentou maior sensibilidade que Staphylococcus aureus, porém apresentou baixa sensibilidade (49,31%) e maior resistência (34,24%) à cefalotina, teoricamente um bom agente contra Gram-positivos; • Streptococcus sp também demonstrou boa sensibilidade à maioria dos agentes testados, exceto, novamente, pela cefalotina, com 52,17% de sensibilidade e 34,78% de resistência; • Pseudomonas sp apresentou baixos índices de sensibilidade e altos índices de resistência perante a maioria dos anti- Tabela 3. Susceptibilidade dos patógenos aos antimicrobianos Gram-positivos Gram-negativos Total Antibiótico N S R %S %R N S R %S %R N S R %S %R Cefalotina Gentamicina Amicacina Vancomicina Neomicina Ciprofloxacina Cloranfenicol Tobramicina Gatifloxacina 171 189 190 148 165 162 147 180 059 113 177 169 148 146 146 142 166 059 34 06 08 005 14 02 12 - 066,08 093,65 088,94 100,00 088,48 090,12 096,59 092,22 100,00 19,88 03,17 04,21 003,03 08,64 01,36 06,66 - 69 67 68 03 54 61 55 67 17 14 58 57 03 47 50 31 55 15 47 08 05 003 11 11 09 02 020,28 086,56 083,82 100,00 087,03 081,96 056,36 082,08 083,33 68,11 11,94 07,35 05,55 18,03 20,00 18,00 13,43 239 256 258 151 219 220 202 248 076 127 235 226 151 193 193 173 221 074 80 14 13 8 25 13 21 02 053,13 091,79 087,59 100,00 088,12 087,72 085,64 089,11 097,36 33,47 05,46 05,03 03,65 11,36 06,43 08,46 02,63 N= número de culturas em que o antibiótico foi testado; S= sensível; R= resistente;%S= porcentual de sensibilidade= S/N; %R= porcentual de resistência= R/N Tabela 4. Susceptibilidade antimicrobiana detalhada dos principais patógenos isolados Staphylococcus aureus (81) Cefalotina Gentamicina Amicacina Vancomicina Neomicina Ciprofloxacina Cloranfenicol Tobramicina Gatifloxacina Staphylococcus epidermidis (81) N S R %S %R N S R %S %R 67 80 75 70 63 69 59 79 24 59 75 60 70 52 62 56 70 24 1 3 5 2 7 1 8 - 088,05 093,75 080,00 100,00 082,53 089,85 094,91 088,60 100,00 01,49 03,75 06,67 003,17 10,14 01,69 10,12 - 73 79 79 71 71 71 58 71 21 36 75 76 71 69 64 57 69 21 25 3 1 7 - 049,31 094,93 096,20 100,00 097,18 090,14 098,27 097,18 100,00 34,24 03,79 01,26 0009,85 000- N S R %S %R N S R %S %R 23 22 24 07 23 17 23 23 09 12 20 21 07 17 15 22 20 09 8 1 2 3 1 2 - 052,17 090,90 087,50 100,00 073,91 088,23 095,65 086,95 100,00 34,78 04,54 08,33 013,04 004,34 08,69 0- 25 23 25 22 20 20 25 07 02 17 21 15 14 03 19 05 22 05 04 03 06 10 06 02 08,00 73,91 84,00 68,19 70,00 15,00 76,00 71,42 88,00 21,73 16,00 13,64 30,00 50,00 24,00 28,57 Streptococcus sp (25) Cefalotina Gentamicina Amicacina Vancomicina Neomicina Ciprofloxacina Cloranfenicol Tobramicina Gatifloxacina Pseudomonas sp (25) ( )= quantidade de culturas positivas para cada patógeno; N= número de culturas em que o antibiótico foi testado; S= sensível; R= resistente; %S= porcentual de sensibilidade= S/N; %R= porcentual de resistência= R/N 30 74(1)07.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 28-32 30 31/3/2011, 13:51 R OCHA GAN, SILVA RF, bióticos testados. Apenas 8% das cepas isoladas foram sensíveis à cefalotina, enquanto 88% foram resistentes. Amicacina foi o antimicrobiano com melhor perfil de sensibilidade (84%), apesar de 16% de resistência. Quando comparamos nossos resultados com outros estudos, percebemos a ampla variabilidade de patógenos e susceptibilidade aos antimicrobianos: • Schaefer et al.(1) encontrou resultados semelhantes de amostras resistentes à cefalosporinas e fluorquinolonas, com 37% e 1-15%, respectivamente. Já as amostras resistentes ao cloranfenicol e aminoglicosídeos apresentaram resultados maiores, com 18% e 13-22%, respectivamente. • Butler et al.(4) obteve taxa de sensibilidade à cefalotina bem diferente da nossa, não sendo de 100% apenas para Staphylococcus coagulase-negativo, com 78,3%. Outra diferença foi a ausência de resistência à ciprofloxacina e gentamicina por Pseudomonas. Já para ciprofloxacina, houve algumas amostras de Staphylococcus resistentes, mas a maioria foi sensível, com resultados bem próximos aos nossos. • Yeh et al.(15) obteve 24% de resistência à cefalosporina nas amostras testadas de S. aureus e <5% nos antibióticos testados para Gram-negativos. Estes resultados foram opostos aos nossos, pois obtivemos apenas 1.49% de resistência à cefalotina nas amostras de S. aureus e todos antibióticos testados obtiveram >5% de resistência aos Gram-negativos. • Tan et al.(9) encontrou todos Gram-positivos sensíveis às cefalosporinas e apenas um Gram-negativo resistente à gentamicina. Obteve também todos os casos de Pseudomonas e 33,33% dos Gram-positivos resistentes ao cloranfenicol. Em nossa série, obtivemos também bons resultados com gentamicina para os Gram-negativos, mas não com as cefalosporinas para os Gram-positivos. No caso do cloranfenicol, a resistência das amostras de Pseudomonas foi a segunda maior (50%), mas a resistência dos Gram-positivos foi muito pequena (1,36%). Cada estudo utilizou um tipo de tratamento, mas a maioria concorda com a necessidade de um tratamento inicial de amplo espectro, com uma medicação específica para patógenos Gram-positivos e outra para Gram-negativos. O esquema considerado “padrãoouro” no tratamento das ceratites bacterianas é a combinação de gentamicina e uma cefalosporina(23). Entretanto, é demonstrado que a concentração de gentamicina diminui rapidamente e que apresenta baixa penetração ocular(1). Associado a isso, há a toxicidade epitelial com uso dos antibióticos fortificados. Desta forma, as fluorquinolonas começaram a ser estudadas, no intuito de comprovar a eficácia e segurança de uma monoterapia. O uso das fluorquinolonas no tratamento das ceratites bacterianas aumentou bastante nos últimos anos, principalmente após alguns estudos demonstrarem que o uso de ciprofloxacina ou ofloxacina 0.3% em monoterapia apresentou resultados semelhantes ou melhores em eficácia quando comparados à associação cefalosporina e aminoglicosídeo(21,24-25). Entretanto, o principal argumento que impede o uso de monoterapia de fluorquinolona como primeira 1ª escolha no tratamento de ceratites bacterianas é o registro por vários estudos do aparecimento de amostras resistentes, principalmente contra Streptococcus sp(1,26-27), S. aureus(27), Staphylococcus coagulasenegativo(1,26,28) e Pseudomonas sp(29). Uma provável alternativa para monoterapia seria a utilização de quinolonas de 3ª e 4ª geração, que apresentam perfil maior de cobertura para bactérias Gram-positivas. Em nosso estudo, a gatifloxacina apresentou 97,36% de sensibilidade às amostras, apenas com duas amostras resistentes, ambas de Pseudomonas sp. Em nosso serviço, utilizamos como protocolo para todo caso onde é realizada coleta de exame microbiológico, a associação de cefalotina e ofloxacina como primeira linha de tratamento. Esta es- colha é baseada no fato das cefalosporinas terem um bom perfil de atuação contra bactérias Gram-positivas, e fazer parte do “padrãoouro” de tratamento(23) e as fluorquinolonas apresentarem eficácia comprovada, similar à associação de fortificados(21,24-25), apesar de apresentar resistência principalmente com bactérias Gram-positivas, fato teoricamente coberto pelas cefalosporinas. Tal esquema só é alterado diante de ausência de melhora clínica, utilizando-se o resultado do antibiograma para escolha do novo esquema terapêutico. CONCLUSÃO Ceratite bacteriana continua sendo uma condição com tratamento desafiador e de ameaça visual importante. O rápido isolamento e início de terapia antimicrobiana constituem passos importantes no manejo de tal patologia. Bactérias Gram-positivas foram as principais isoladas em exames microbiológicos neste estudo, com número expressivo de estafilococos, apesar de um crescente número de bactérias Gram-negativas como principais patógenos isolados, principalmente representado por Pseudomonas, relacionado ao uso disseminado de lentes de contato. Quando realizamos um estudo como este, em que realizamos uma comparação com outros estudos de diversas partes do mundo e que fica evidente uma variabilidade importante tanto de principais patógenos envolvidos na etiologia da ceratite bacteriana como de susceptibilidade antimicrobiana, torna-se muito importante saber qual o perfil das infecções com as quais estamos lidando, para que tal patologia seja conduzida da maneira correta, seguindo-se a individualidade de cada localidade. Avaliando-se nossos resultados in vitro, chama a atenção de que os dois antibióticos utilizados como primeira escolha no tratamento em nosso serviço, cefalosporina + fluorquinolona, apresentam as maiores taxas de resistência, tanto quando se leva em consideração os patógenos em geral, ou quando são divididos em Gram-positivos ou Gram-negativos. Diante disto, torna-se importante a realização de um estudo para avaliação dos resultados desta terapia in vivo, para então questionar a necessidade de mudança em nossa primeira linha de tratamento, com intuito de melhorar os resultados e diminuir a morbidade visual. REFERÊNCIAS 1. Schaefer F, Bruttin O, Zografos L, Guex-Crosier Y. Bacterial keratitis: a prospective clinical and microbiological study. Br J Ophthalmol. 2001;85(7):842-7. 2. Green M, Apel A, Stapleton F. A longitudinal study of trends in keratitis in Australia. Cornea. 2008;27(1):33-9. 3. Bennett HG, Hay J, Kirkness CM, Seal DV, Devonshire P. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 28-32 74(1)07.pmd 31 ET AL. 31/3/2011, 13:51 31 PRINCIPAIS P A T Ó G E N O S E S U S C E P T I B I L I D A D E IN V I T R O A N T I M I C R O B I A N A E M C E R A T I T E S B A C T E R I A N A S : 13. McLeod SD, Kolahdouz-Isfahani A, Rostamian K, Flowers CW, Lee PP, McDonnell PJ. The role of smears, cultures, and antibiotic sensitivity testing in the management of suspected infectious keratitis. Ophthalmology. 1996;103(1):23-8. Comment in: Ophthalmology. 1996; 103(8):1165-6. 14. Rodman RC, Spisak S, Sugar A, Meyer RF, Soong HK, Musch DC. The utility of culturing corneal ulcers in a tertiary referral center versus a general ophthalmology clinic. Ophthalmology. 1997;104(11):1897-901. 15. Yeh DL, Stinnett SS, Afshari NA. Analysis of bacterial cultures in infectious keratitis, 1997 to 2004. Am J Ophthalmol. 2006;142(6):1066-8. 16. Rajpal K, Hall R, Long H, Wells A. Five-year experience of corneal scrapes at Wellington Eye Department, New Zealand. 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R EVISÃO DE CINCO A N O S , 08 a 11 de junho de 2011 Centro de Artes e Convenções da UFOP Ouro Preto - MG Informações: Tels.: (31) 3291-9899 Email: [email protected] Site: www.congressocbesbop.com.br 74(1)07.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 28-32 32 A 2009 21. Fong CF, Hu FR, Tseng CH, Wang IJ, Chen WL, Hou YC. Antibiotic susceptibility of bacterial isolates from bacterial keratitis cases in a university hospital in Taiwan. Am J Ophthalmol. 2007;144(5):682-9. 22. Sirikul T, Prabriputaloong T, Smathivat A, Chuck RS, Vongthongsri A. Predisposing factors and etiologic diagnosis of ulcerative keratitis. Cornea. 2008;27(3):283-7. 23. Chaudhuri PR, Godfrey B. Treatment of bacterial corneal ulcers with concentrated antibiotic eye drops. Trans Ophthalmol Soc U K. 1982;102(Pt 1):11-4. 24. Hyndiuk RA, Eiferman RA, Caldwell DR, Rosenwasser GO, Santos CI, Katz HR, et al. Comparison of ciprofloxacin ophthalmic solution 0.3% to fortified tobramycin-cefazolin in treating bacterial corneal ulcers. 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V Congresso Brasileiro de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica 32 2005 31/3/2011, 13:51 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Comportamento visual e perfil socioeconômico e demográfico de recém-nascidos prematuros da Maternidade do Hospital das Clínicas de Pernambuco - UFPE Visual behavior and socioeconomic and demographic profile of the premature newborns from Federal University of Pernambuco Maternity (UFPE) NATHALIA CHRISTINA MONTEIRO DE SOUZA1, ANA CLÁUDIA VASCONCELOS MARTINS DE SOUZA LIMA2, HELOISA GAGHEGGI RAVANINI GARDON GAGLIARDO3, RAQUEL COSTA ALBUQUERQUE2, TATIANA CELENTANO CARDOSO2, FLÁVIA REGINA RIBEIRO CAVALCANTI2, RODRIGO EVALDO DE AZEVEDO COÊLHO4 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Caracterizar o comportamento visual e perfil socioeconômico e demográfico de recém-nascidos prematuros no primeiro mês de idade cronológica. Métodos: Estudo descritivo de corte transversal, aninhado a um estudo longitudinal intitulado: “Comparação do comportamento visual no primeiro trimestre de vida de lactentes nascidos pré-termo em duas maternidades da cidade do Recife/PE”. A amostra foi composta por 52 recém-nascidos prematuros recrutados de junho de 2007 a junho de 2008, na Maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Foram coletados dados biológicos, socioeconômicos e demográficos dos recém-nascidos e famílias, por meio de consulta aos prontuários e entrevista com as genitoras. Para caracterizar o comportamento visual dos recémnascidos utilizou-se o Método de Avaliação do Comportamento Visual de Lactentes. Resultados: Observou-se que a maioria dos recém-nascidos era do sexo masculino, com idade gestacional entre 33 semanas e 36 semanas e 6 dias, apresentaram comportamento visuomotor adequado para a faixa etária pesquisada e que a maioria das famílias apresentava boas condições socioeconômicas e demográficas. Ainda foi possível detectar em 19% da amostra sinais oculares, os quais foram encaminhados para um Serviço de Oftalmologia. Conclusões: Os resultados apontam o método como um instrumento importante na triagem visual, possibilitando a detecção oportuna de alterações visuais em lactentes prematuros desde o 1º mês de vida. O olhar clínico da avaliação terapêutica ocupacional de lactentes deve voltar-se para a observação do comportamento considerando não apenas os riscos biológicos, mas também a influência que os fatores ambientais e sociais exercem sobre o desempenho funcional da criança. Objective: To characterize the behavior of premature newborns in the first year of chronological age. Methods: This is a cross-sectional descriptive study, bound to a longitudinal study titled: “Comparison of visual behavior on the first quarter of year of life of premature nursling born at two maternities of Recife/PE.” The sample was composed by 52 premature newborns selected from June, 2007 to June, 2008 from the Maternity of the Federal University of Pernambuco (UFPE). Biological, socioeconomic and demographic data was collected through medical records and interviews with progeny. Newborns were evaluated by the Assessment Guide of Visual Ability in Infants. Results: Most of the newborns were male at a gestational period between 33 weeks and 36 weeks and 6 days, showed a good visual behavior development for the age researched, and most of the families showed good socioeconomical and demographic profile. Besides, it was possible to detect ocular signs in 19% of sample, that were referred to an Ophthalmology Service. Conclusion: This study results point out the method like an important key in the early detection and visual screening for premature nursling since the first month of life and it led us to believe that clinical view for occupational therapy intervention must be focused not only on biological risks but also at the influence environment in newborn performance. Descritores: Prematuro; Triagem neonatal; Visão ocular; Fatores socioeconômicos; Fatores biológicos Keywords: Infant, premature; Neonatasl screening; Vision, ocular; Socioeconomic factors; Biological factors INTRODUÇÃO m famílias de nível socioeconômico baixo há maior prevalência de nascimentos prematuros, e a condição de prematuridade torna estas crianças mais vulneráveis aos efeitos do ambiente desfavorável do que as nascidas a termo(1). A estimulação provinda do ambiente é a variável de maior impacto sobre o desenvolvimento infantil, existindo uma gama de associações entre a qualidade do ambiente, os fatores de risco biológicos e psicossociais(2). Crianças pré-termo, devido às privações sensoriais advindas do extenso período de internação apresentam maior incidência de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) (3-5). Segundo a American Academy of Ophthalmology (AAO)(6), a prematuridade é o maior fator de risco para o prejuízo visual grave e cegueira na infância, e frequentemente vem acompanhado por sequelas cerebrais, motoras e mentais. Em estudos(7-9) realizados na população de recém-nascidos (RN) do Recife, foi encontrada a catarata congênita como o principal comprometimento do cristalino, estrabismo como o principal transtorno dos músculos oculares e retinopatia da prematuridade como o transtorno da retina mais prevalente, em especial nos recém-nas- E Estudo desenvolvido na Maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife (PE), Brasil. 1 2 3 4 Terapeuta Ocupacional, Serviço de Reabilitação Profissional, Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS - Natal (RN), Brasil. Terapeuta Ocupacional, Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Recife (PE), Brasil. Terapeuta Ocupacional, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - Campinas (SP), Brasil. Médico, Instituto de Olhos Potiguar; Hospital da Visão - Natal (RN), Brasil. Endereço para correspondência: Nathalia Christina Monteiro de Souza. Rua José Felix Damasceno, 287 - Jaboatão dos Guararapes (PE) - CEP 54400-340 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 16.08.2008 Última versão recebida em 05.11.2010 Aprovação em 16.12.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Pedro Carricondo sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 33-6 74(1)09.pmd 33 18/4/2011, 11:51 33 COMPORTAMENTO VISUAL E M A T E R N I D A D E DO H O S P I T A L PERFIL DAS SOCIOECONÔMICO CLÍNICAS DE E DEMOGRÁFICO DE cidos prematuros (RNPT), sendo que pelo menos 60% destes comprometimentos visuais infantis são preveníveis ou tratáveis(10-11). Portanto, a identificação precoce de patologias visuais seguido de tratamento oportuno permitem aos lactentes uma maior integração com o seu meio, e consequentemente, um melhor DNPM(12). Segundo Gagliardo(13), os olhos são biologicamente determinados para a visão normal, mas é preciso experiências visuais durante a maturação do sistema visual, que possibilite a completa manifestação do potencial genético. Durante o “período de maturação”, “a visão aperfeiçoa-se ou deteriora-se de acordo com a qualidade do estímulo visual, e por isso, é importante que nesta fase a retina receba informações claras e precisas”(14), pois a privação de estímulos visuais neste período pode levar a alterações anatômicas e funcionais irreversíveis(15). A American Academy of Ophthalmology (AAO) e a American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus (AAPOS) recomendam que todas as crianças entre 6 e 12 meses passem por uma triagem visual, no entanto, aquelas que apresentarem risco de desenvolver problemas oftalmológicos, como as nascidas prematuramente, e as que tiverem história familiar de patologias oculares devem ser avaliadas ainda na maternidade(16-17). Assim, faz-se necessário que a triagem visual seja realizada no primeiro trimestre de vida do prematuro para detectar possíveis alterações visuomotoras, e desta forma, encaminhá-los ao oftalmologista e para intervenção precoce com equipe multidisciplinar, na qual se insere o terapeuta ocupacional(13,18). O diagnóstico precoce permite aos terapeutas ocupacionais iniciar programas de estimulação visual, visando o desenvolvimento visual, desenvolvimento global e orientação à família, contribuindo para a eficiência visual e evitando deficiências secundárias como comprometimentos socioafetivos, cognitivos e motores(18). Este estudo tem por objetivo caracterizar o comportamento visuomotor e o perfil socioeconômico e demográfico de RNPT, no primeiro mês de vida. MÉTODOS Tratou-se de um estudo descritivo, de corte seccional no 1º mês de vida, aninhado a um estudo longitudinal no 1º, 2º e 3º meses de vida do projeto de pesquisa, intitulado: “Comparação do comportamento visual no primeiro trimestre de vida de lactentes nascidos pré-termo em duas maternidades da cidade do Recife/PE”. A população do estudo foi selecionada entre RN prematuros nascidos na maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) no período de junho de 2007 a junho de 2008, que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: pré-termo com idade gestacional compreendida entre 28 semanas completas e 36 semanas e 6 dias, pois o nascimento abaixo de 28 semanas aumenta o risco de apresentar retinopatia da prematuridade, podendo assim, o RNPT não responder adequadamente as provas da avaliação; de alta hospitalar ou internado, estar em condições clínicas favoráveis para realização da avaliação; e autorização dos responsáveis para sua participação no estudo. Foram excluídos os lactentes que apresentaram lesão neurológica, Apgar menor que 4 no 5º minuto, já que indica asfixia grave(19); malformação e/ou síndrome genética diagnosticada, infecção congênita confirmada e aqueles que não compareceram à avaliação pré-agendada para o primeiro mês de vida. Dentre os 111 lactentes convidados, 52 (47%) compareceram para a avaliação no primeiro mês de vida e foram excluídos 59 (53%) por apresentarem intercorrências como: internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) durante o período de avaliação, intercorrências neurológicas de qualquer natureza, óbito, falta a 1ª avaliação e/ou cujos responsáveis desistiram voluntariamente em participar do estudo. Constituindo a amostra de 52 (47%) RNPT com um mês de idade cronológica. 34 74(1)09.pmd RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DA P E R N A M B U C O - UFPE Os dados referentes às variáveis biológicas da criança (idade gestacional, peso ao nascer, sexo e Apgar), foram colhidos diretamente no prontuário dos lactentes. Já as variáveis maternas (idade, capacidade de leitura, escolaridade), as socioeconômicas e demográficas (renda familiar per capita, número de cômodos da residência, tipo de piso da residência, coabitação dos pais, trabalho paterno e bens de consumo) foram respondidas pelo responsável da criança, por meio de questionário contendo perguntas fechadas, coletados pela equipe de recrutamento. O comportamento visuomotor dos RN foi avaliado por meio do Método de Avaliação da Conduta Visual de Lactentes(13). O método é composto de 10 provas que qualificam as funções oculomotoras e apendiculares, como: fixação visual; contato de olho com o examinador; sorriso como resposta ao contato social; seguimento visual horizontal; seguimento visual vertical; exploração visual do ambiente; exploração visual da mão; aumento da movimentação de membros superiores ao visualizar o objeto; estender o braço na direção do objeto visualizado; sinais e sintomas oculares. As avaliações foram realizadas no setor de Puericultura do HCUFPE por terapeutas ocupacionais, devidamente treinadas, utilizando como material um aro vermelho suspenso e o rosto do pesquisador que se referem ao instrumental do Método de Avaliação da Conduta Visual do Lactente(13). Cada prova pode ser realizada em até três tentativas, tendo duração máxima de 10 a 20 minutos toda a avaliação. Cada lactente foi avaliado na presença de seu responsável, em sala apropriada, nas terças e sextas-feiras, considerando o primeiro mês de vida, o período compreendido entre 23 dias a 37 dias após o nascimento. Foram realizadas adaptações com autorização da autora do Método, quanto à postura do RNPT durante a avaliação. Se o lactente apresentasse peso inferior a 2.200 g era posicionado em decúbito dorsal em cunha com suporte para os pés, quando seu peso era superior a 2.200 g o lactente era posicionado em decúbito dorsal sobre travesseiro anatômico. Estas adaptações foram realizadas para favorecer a estabilidade postural e para reduzir a chance de regurgitação do lactente, já que a inibição da atividade reflexa no RNPT depende da maturação do sistema nervoso central e a regurgitação é comum nos lactentes até o primeiro ano de vida, sendo maior quanto mais baixo peso for o recém-nascido(20-21). Os dados coletados foram digitados no software Epi-Info 2004, todos os instrumentos utilizados foram pré-codificados e checados, e posteriormente foi procedida à entrada dos dados no programa. A análise foi realizada por meio de frequência simples. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HC - UFPE, sob o nº 136, em dezembro de 2006. RESULTADOS No período de junho de 2007 a junho de 2008 foram recrutados 111 RN prematuros. Destes 53 foram excluídos, uma parte por não terem comparecido à primeira avaliação pré-agendada e 6 por responderem a algum outro critério de exclusão. A amostra constituída foi de 52 (47%) RNPT com um mês de idade cronológica. A análise identificou que 70% dos RN eram do sexo masculino, 87% prematuros moderado (> 33 semanas), com índice de Apgar maior que 7 no 5º minuto (92%) e peso ao nascer superior a 1.499 g (90%). Com relação às famílias a maioria das mães (96%) era adulto jovem, todas frequentaram a escola e sabiam ler e 55% delas tinham 8 anos ou mais de estudo. Também possuíam bens de consumo diversificados como: fogão a gás, televisão, geladeira, rádio, aparelho de som, DVD e telefone celular. Ainda em relação às variáveis socioeconômicas, (52%) das famílias possuía renda mensal maior que um salário mínimo (R$380,00). A maioria das residências tinha de 4 a 6 moradores incluindo o RN (48%), tendo como chefe de família o pai (63%). As mães estavam desempregadas (62%) e tinham em casa até 3 crianças menores de 5 anos incluindo o RN do estudo (100%). A maioria das famílias vivia Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):33-6 34 18/4/2011, 11:51 S OUZA NCM, L IMA ACVMS, em boas condições demográficas residindo em casa de alvenaria (96%), com piso de cimento/granito (71%), teto de telha de barro/ amianto (75%), possuindo mais de 4 cômodos (79%), com canalização sanitária (96%), água encanada dentro do quintal (77%), coleta direta de lixo (94%) e com energia elétrica (100%). Com relação ao desempenho visuomotor dos RN, estes apresentaram resposta positiva para as provas de coordenação oculomotora. Os sinais oculares como desvio, secreção e edema estiveram presentes em 19% das crianças (Tabela 1). DISCUSSÃO Neste estudo foi possível verificar que a maioria das famílias apresentou boas condições socioeconômicas e demográficas, possuindo vários bens de consumo, estando acima da linha de pobreza, demonstrando as referidas condições como um fator de proteção para o desempenho funcional dos recém-nascidos. Na literatura, variáveis associadas à pobreza como a renda e o consumo de bens, quando deficitários pode prejudicar a harmonia dos pais e o bemestar do ambiente, podendo interferir na qualidade da relação familiar, desfavorecendo o desenvolvimento infantil(1,22). As mães entrevistadas tinham mais de 8 anos de estudo, bom nível de leitura e se concentravam na faixa etária de adultos jovens, mostrando que apresentavam um regular nível de compreensão e acesso a informações, facilitando uma interação adequada com o bebê. Martins et al.(2) relatam que mães com maior escolaridade teriam mais acesso a informações sobre o desenvolvimento infantil, e desta maneira facilitariam a estimulação e o desempenho de novas habilidades em seus filhos(1). Todas as famílias tinham até 3 crianças menores de 5 anos incluindo o RN do estudo. Este número reduzido de irmãos seria um fator protetor já que a literatura considera que famílias numerosas, com mais de quatro irmãos seriam menos estimuladoras e podendo levar a dificuldades no DNPM(1,22). Em todas as famílias do estudo, os pais viviam juntos podendo este ser considerado um fator de proteção, visto que a literatura aponta o suporte paterno como influenciador do afeto da mãe para com o filho, favorecendo a eficácia do cuidado materno(22). A maioria das habitações tinha 4 ou mais cômodos, fato este, facilitador do desenvolvimento infantil já que apresentam condições mais adequadas de iluminação, ventilação, espaço, temperatura e umidade, favorecendo a qualidade de vida(23). A maioria dos RN era prematuro moderado, tinha peso ao nascer superior a 1.499 g, sendo considerada uma população de risco biológicos devido à prematuridade(22). Com relação às funções oculomotoras de fixação visual, contato de olho com o examinador, seguimento visual horizontal e exploração visual do ambiente, os RNPT apresentaram respostas positivas para estes comportamentos desde o 1º mês de vida, assim como os RN a termo(13,24-25). A menor frequência de respostas positivas para o comportamento de sorriso, está em concordância com a literatura, que descreve maior frequência desta função a partir do 2º mês de vida(16,24-25). Para Ribas(26), o sorriso do bebê é uma atividade que está vinculada ao comportamento recíproco da mãe, ou seja, é necessário investigar mais profundamente se o comportamento de sorriso social destes lactentes teria relação apenas com a imaturidade neurológica, ou se existiria alguma influência do tempo de internação em UTIN, proporcionando pouca interação mãe-bebê. A menor proporção de respostas positivas na função de seguimento visual vertical demonstra uma baixa coordenação oculomotora, o que corrobora com a literatura, tendo em vista que ao nascimento este comportamento está só iniciando, devido ao pequeno número de conexões sinápticas no córtex visual ao 1º mês de vida(13,24-25). Quanto aos comportamentos de exploração visual da mão, aumento da movimentação de membros superiores ao visualizar o objeto e estender o braço na direção do objeto visualizado foram funções não observadas nos RNPT nesta faixa etária. Tais achados estão de acordo Tabela 1. Comportamento visual dos recém-nascidos prematuros no 1º mês de idade cronológica, na Maternidade do Hospital das Clínicas (HC/UFPE) Recife/PE. 2008 Frequência N=20 Variável n % Fixação visual Sim Não 50 02 96 04 Contato de olho com o examinador Sim Não 37 15 71 29 Sorriso como resposta ao contato social Sim Não 02 50 4 96 Sinergia oculocefalógira. Seguimento visual horizontal Sim Não 35 17 67 33 Sinergia oculocefalógira. Seguimento visual vertical Sim Não 11 41 21 79 Exploração visual do ambiente Sim Não 40 12 77 23 Exploração visual da mão Sim Não 00 52 000 100 Aumento da movimentação de membros superiores Sim Não 00 52 000 100 Estender o braço na direção do objeto visualizado Sim Não 00 52 000 100 Sinais oculares Sim Não 10 42 19 81 com a literatura que descreve o início destas funções por volta do 2º e 3º meses de vida(13,24-25). As crianças com os sinais oculares detectados de ptose palpebral e secreção ocular foram encaminhadas ao serviço de Oftalmologia. No entanto, o lactente com desvio ocular foi reavaliado nos meses subsequentes sem encaminhamento já que o sinal apresentado é comum e pode ser fisiológico nos primeiros meses de vida(25). Com esta amostra foi possível identificar que o comportamento visuomotor dos RNPT no 1º mês de vida, apresentou-se semelhante ao desempenho do RN a termo, o que corrobora com a literatura pesquisada, mostrando que este comportamento recebe influências da maturação neuronal, e de fatores socioeconômicos e demográficos do ambiente em que vivem(24-25). No entanto, seria interessante o acompanhamento destes RN para comparar o desenvolvimento visual dos mesmos, o que é fundamental para o planejamento de ações efetivas de prevenção e de reabilitação visual. CONCLUSÕES O Método de Avaliação do Comportamento Visual de Lactentes configurou-se como um instrumento adequado na avaliação da função visuomotora do RNPT, pois permitiu verificar como os RNPT usam a visão dentro do seu universo sensório-motor, por meio da observação clínica, característica básica do método. Demonstrou que o desempenho visuomotor dos RNPT na faixa etária pesquisada é semelhante ao de lactentes a termo. Apontando Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 33-6 74(1)09.pmd 35 ET AL. 18/4/2011, 11:51 35 COMPORTAMENTO VISUAL E M A T E R N I D A D E DO H O S P I T A L PERFIL DAS SOCIOECONÔMICO CLÍNICAS DE E DEMOGRÁFICO DE para a necessidade da avaliação visual no 1º trimestre de vida, permitindo a detecção precoce de alterações das funções visuais básicas, possibilitando o encaminhamento para diagnóstico e intervenção precoce em programa de estimulação visual, facilitando o desenvolvimento global da criança e o seu desempenho ocupacional de acordo com a realidade ambiental em que vive. Observou-se que, o comportamento visual é uma habilidade que recebe influências multifatoriais, levando-nos a acreditar que o olhar clínico da intervenção terapêutica ocupacional deve estar voltado não apenas aos riscos biológicos da criança, mas para a influência que os fatores psicossociais exercem sobre o desempenho ocupacional da mesma. Muito embora seja recomendada pela American Academy of Ophthalmology (AAO) e pela American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus (AAPOS) a avaliação fundoscópica de prematuros com o oftalmoscópio binocular indireto não foi o objetivo deste trabalho. Porém, é muito importante e fazem-se necessários novos estudos, correlacionando os achados oftalmoscópicos com o comportamento visuomotor de RNPT. AGRADECIMENTOS Projeto financiado pelo Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/2006-2007. REFERÊNCIAS 1. Mancini MC, Megale L, Brandão MB, Melo APP, Sampaio RF. Efeito moderador do risco social na relação entre risco biológico e desempenho funcional infantil. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2004;4(1):25-34. 2. Martins MFD, Costa JSD, Saforcada ET, Cunha MDC. Qualidade do ambiente e fatores associados: um estudo em crianças de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública = Rep Public Health. 2004;20(3):710-8. 3. Rugolo LMSS. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):33-6 36 18/4/2011, 11:51 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Axonal electrovisiogram as an electrophysiological test to evaluate optic nerve and inner retina electrical potentials: findings in normal subjects Eletrovisuograma axonal como teste eletrofisiológico na avaliação dos potenciais de ação do nervo óptico e da retina interna: achados em indivíduos normais WENER PASSARINHO CELLA1, ADALMIR MORTERÁ DANTAS2, ALEXANDRE VASCONCELOS LIMA3, MARCOS PEREIRA DE ÁVILA4 ABSTRACT RESUMO Purposes: To standardize and validate the technique of axonal electrovisiogram (AxEvg), defining its normative values and parameters and characterizing its findings in normal individuals. Methods: We enrolled 140 normal individuals (280 eyes) divided into seven groups according to age, each one with 10 males and 10 females. The technique was based on monocular visual stimulation by a 0 dB intensity bright flash on Ganzfeld bowl at a presentation rate of 1.4 Hz. Golden cup electrodes were used and electrical waves were acquired after artifact rejection. For each amplitude and implicit time peak we calculated the mean, median, pattern deviation, minimum and maximum values and 95% confidence interval. Results: Monocular visual stimulation with bright flash under mesopic conditions was the standard technical procedure established. The normal AxEvg waveform consists of an initial positive wave (named P1, with mean amplitude of 2.0 mV and mean implicit time peak of 23.1 ms) followed by a negative wave (named N1, with mean amplitude of -3.9 mV and mean implicit time peak of 41.4 ms). No significant differences were observed between males and females or between right and left eyes, but there was an increased P1 and N1 implicit time peaks according to age. Implicit time characteristics suggest that P1 wave represents an optic nerve electrical potential and N1 wave represents an inner retinal layers potential. Conclusions: AxEvg can be considered a pre-chiasmatic visual evoked potential capable to reliably record the electrical activity of optic nerve and inner retina. The findings suggest that AxEvg may be useful as an electrophysiological test in the diagnosis of neuroretinal diseases. Objetivos: Padronizar e validar a técnica de realização do eletrovisuograma axonal (EVA), definir seus valores normativos e caracterizar os achados em indivíduos normais. Métodos: Estudo descritivo com 140 indivíduos (280 olhos) normais. Os participantes foram divididos em sete grupos de acordo com a idade, cada qual com 10 indivíduos do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Definiu-se como técnica de exame a estimulação monocular por flash luminoso com intensidade de 0 dB na cúpula de Ganzfeld a uma frequência de 1,4 Hz. Foram utilizados eletrodos com cúpula de ouro e foram analisados os traçados elétricos obtidos após rejeição de artefatos. Para cada amplitude e tempo de culminação foram calculados a média, a mediana, o desvio-padrão, os valores mínimo e máximo e o intervalo de confiança de 95% representando uma faixa de normalidade para os valores. Resultados: A técnica de exame padronizada foi a estimulação visual monocular por flash em condições mesópicas. O traçado normal do eletrovisuograma axonal consistiu numa onda positiva inicial (P1, com amplitude média de 2,0 mV e tempo de culminação médio de 23,1 ms) seguida de uma onda negativa (N1, com amplitude média de -3,9 mV e tempo de culminação médio de 41,4 ms). Não foram observadas diferenças significativas entre os sexos e entre os olhos direito e esquerdo, mas os tempos de culminação de P1 e de N1 aumentaram proporcionalmente com a idade. Conclusões: O eletrovisuograma axonal é um exame de potencial visual evocado pré-quiasmático, capaz de registrar de forma confiável e reprodutível a atividade elétrica do nervo óptico e da retina interna, podendo ser utilizado na propedêutica eletrofisiológica na investigação de lesões neurorretinianas. Keywords: Electrophysiology; Electroretinography; Evoked potentials, visual; Optic nerve/physiology; Photic stimulation; Electrodiagnosis, Retina Descritores: Eletrofisiologia; Eletrorretinografia; Potenciais evocados visuais; Nervo óptico/fisiologia; Estimulação luminosa; Eletrodiagnóstico; Retina INTRODUCTION he neurological electrical activity set off by a light stimulus is known as visual evoked potential (VEP) and is obtained by skin electrodes placed over the occipital cortex after repeated retinal stimulation(1). The VEP reflects the optic pathways functionality from the retina until the occipital visual cortex, and the measurable electric wavelets generated by bright flashing lights can be grouped into early components (waves 1, 2 and 3) and late components (waves 4 to 7)(2). The early VEP components are not as constant as the late ones and have a controversial origin, indicating that they might represent the electrical potential of the optic nerve(3), lateral geniculate body(4), or even visual striate cortex(5). There is also evidence that some potentials as early as 30 milliseconds (ms), known as subcorticals, may have a post-chiasmatic origin, bearing no relation to the ones originated from the retina(6). Electrophysiological evaluation can also be made with the electroretinogram (ERG)(7) but sometimes, the topographical definition of certain lesions can be inconclusive, especially in cases that involve the optic nerve(7). The possibility to record the electrical potential of the optic nerve was conceived by Sabadel et al., in 1983, using the axonal electrovisiogram (AxEvg) technique(8). According to these authors, the AxEvg reveals different amplitudes and latencies when compared to those found in the retina and detected in the ERG. In addition, although the AxEvg wavelets represent visual evoked potentials with similar latencies to the early VEP components(9), the ones obtained in AxEvg have a pre-chiasmatic origin(8,10). T Work carried out at the Medical School, Brasília University - UnB - Brasília (DF), Brazil. 1 2 3 4 Physician, Brasília University - UnB - Brasília (DF), Brazil. Physician, Federal University of Rio de Janeiro - UFRJ - Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Biostatistician, Department of Health, Brasília University - UnB - Brasília (DF), Brazil. Physician, Federal University of Góias - UFG - Goiás (GO), Brazil. Correspondence address: Wener Passarinho Cella. Centro Brasileiro da Visão. Av. L2 Sul, 613/ 14 - Lote 91 - Brasília (DF) - CEP 70200-730 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 26.08.2010 Última versão revisada recebida em 21.11.2010 Aprovação em 17.12.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência da Dra. Rosane da Cruz Ferreira sobre a divulgação de seu nome como revisora, agradecemos sua participação neste processo. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 74(1)10.pmd 37 2/4/2011, 14:51 37 AXONAL E L E C T R O V I S I O G R A M A S AN E L E C T R O P H Y S I O L O G I C A L T E S T T O E V A L U A T E O P T I C N E R V E AND INNER RETINA ELECTRICAL POTENTIALS: FINDINGS IN NORMAL SUBJECTS Besides the original studies dated from 1983(8,10), no additional reports on AxEvg have been published since then. Thus, no technical standardization or normative values are known and no clinical use has been established so far. For clinical purposes, adequate knowledge about AxEvg electrical origins and wavelets characteristics is needed in order to interpret results accurately. The goal of the present study is to validate the AxEvg as an electrophysiological test by standardizing the technique and establishing the normative values, which will lead to the definition of its clinical indications in the near future. METHODS PARTICIPANTS Normal individuals were selected from an ophthalmology tertiary center at Hospital de Base do Distrito Federal and from a private practice at Centro Brasileiro da Visão between March, 2007 and March, 2009. All participants had a comprehensive ophthalmic examination, including refraction and measurement of best-corrected visual acuity with Snellen charts, biomicroscopy, intraocular pressure measurement and funduscopy under pupil dilation. Patients were enrolled with the approval of the Ethics Committee in Research at University of Brasília (CEP-FM 009/2007), and all research procedures were performed in accordance with the tenets of the Declaration of Helsinki. Informed consent was obtained from all studied subjects before their enrollment. We enrolled 140 normal individuals (280 eyes), disregarding ethnicity and from both genders, with the aim to establish normative values for AxEvg. An individual was considered normal when best-corrected visual acuity with the Snellen chart was 20/20 (or 1,0), presenting refraction between +3,00 spherical and -3,00 spherical and/or a maximum of -1,50 cilinder. We excluded individuals with any ophthalmic condition that could reduce media transparency (such as corneal leucomas, cataracts, vitreous opacities and anterior or posterior uveitis), retinal dystrophies or degenerations and neuro-ophthalmic disorders (such as glaucoma and optic neuropathies). We also excluded those with systemic chronic diseases that could cause retinal or brain ischemia (such as systemic arterial hypertension and diabetes mellitus) or that could present visual impairment due to medications (including those with autoimmune disorders). Participants were divided into seven groups, each of them composed by 10 males and 10 females, according to age: 1-10 years-old, 11-20 years-old, 21-30 years-old, 31-40 years-old, 41-50 years-old, 51-60 years-old, and older than 60 years-old. and the ground electrode at the forehead position (Figure 2). After electrode positioning and occlusion of the contralateral eye, the subject was placed in front of the Ganzfeld bowl with the head over a chin rest and oriented to focus on a central fixation light emitting diode (LED). For registration of electrical potentials we used parameters similar to those preconized by International Society for Clinical Electrophysiology of Vision (ISCEV) ISCEVled for flash VEP(11), since there is no previous standardization for AxEvg. Thus, the flash light was set to 2.5 cd.s/m2, corresponding to 0 dB at the Ganzfeld bowl, and the presentation rate was set to 1.4 Hz. Skin electrodes impedances were below 5 KΩ and, in order to additionally reduce noise from muscle artifacts, eye movements or other noises un- Figure 1. LKC UTAS-3000 electrophysiology equipment with Ganzfeld bowl. In detail: 4-channel pre-amplifier (top, lower right corner) and golden cup electrodes (bottom, lower right corner). MATERIALS An UTAS E-3000™ (LKC Technologies Inc, USA) electrophysiology equipment with Ganzfeld illumination and photic stimulator was used. Golden cup electrodes were connected to a pre-amplifier system (Figure 1). Electrode positioning on the skin was made with adhesive tape and electrolyte conductive paste (Ten20™, D.O. Weaver & Co., Colorado, USA) after local cleaning and degreasing with abrasive gel (Nuprep™, D.O. Weaver & Co., Colorado, USA). TECHNIQUE AND PARAMETERS AxEvg was performed under mesopic conditions, undilated pupils and monocular visual stimulation with occlusion of the nontested eye. Electrode positioning followed the guidelines of the original paper(8), with the active electrode (negative dipole) located 2 cm temporally to the outer canthus of the tested eye, the reference electrode (positive dipole) at the ipsilateral earlobe (as an ear clip) 38 74(1)10.pmd Figure 2. Electrodes positioning. Active electrode (red) is placed 2 cm temporally to the outer canthus; ear clip reference electrode is placed on the ipsilateral earlobe; ground electrode is placed in the forehead. Contralateral eye is occluded during the test (monocular visual stimulation). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 38 2/4/2011, 14:51 C ELLA WP, D ANTAS AM, related to the stimulus, high-pass (low cut) filter was set to 1 Hz and low-pass (high cut) filter to 30 Hz. Artifact automatic rejection was set up to 50 μV and the sweep duration (analysis time) was 250 ms. The analogue signal was digitized at a rate of 2000 Hz and the input sign was amplified by 10.000 times with an input impedance of the pre-amplifier higher than 10 MΩ. For waveform analysis, 100 sweeps were averaged to reduce electroencephalographic noise. Wavelets were analyzed according to the amplitude in microvolts (μV) and to the implicit time peak in milliseconds (ms). The amplitude corresponds to the maximum (positive or negative) value in microvolt at the wavelet peak. The implicit time peak corresponds to the time from the light stimulus onset up to the wave amplitude(11-12). STATISTICAL ANALYSIS Wavelet amplitudes and implicit time peaks were individually evaluated according to age and gender using analysis of variance (ANOVA). Mean, median, pattern deviation, minimum and maximum values, and 95% confidence interval were calculated for each amplitude and implicit time peak. Correlation between age and these variables was calculated using Pearson’s correlation coefficient. Tukey test was utilized when ANOVA revealed statistically significant differences between age and variables. Statistical significance was defined as p<0.05 and statistical analysis was made with SPSS software version 13.0. ET AL. RESULTS All tested eyes revealed on AxEvg reproducible and artifact free wavelets characterized by an initial positive wave, named P1, followed by a negative wave, named N1. The P1 amplitude was calculated from baseline to its positive peak and the N1 amplitude was calculated from baseline to its negative peak. Summation of P1 amplitude plus N1 amplitude revealed the P1N1 component. Implicit time peaks were calculated from light stimulus onset (at 0 ms) to the wavelet peak (positive in case of P1 and negative in case of N1). The difference between N1 and P1 implicit time peaks was defined as the P1N1 duration in milliseconds (Figure 3). The normal values for amplitude and implicit time peak for P1 and N1 waves and for amplitude and duration of the P1N1 component, including all studied subjects (280 eyes) are shown in table 1. Descriptive data according to the studied eye, including 140 right eyes and 140 left eyes, is shown in table 2. Table 3 shows mean, pattern deviation, median, minimum and maximum values and 95% confidence interval for P1, N1 and P1N1 amplitudes in both right and left eyes according to age. Table 4 shows mean, pattern deviation, median, minimum and maximum values and 95% confidence interval for P1 and N1 implicit time peaks, and for P1N1 duration in both right and left eyes according to age. In the comparative analysis regarding gender, the mean P1N1 amplitude in the left eye was the only statistically significant dif- Figure 3. Nomal AxEvg wavelet, characterized by an initial positive wave (P1) followed by a negative wave (N1). P1 and N1 amplitudes were calculated from baseline to wavelet peaks and addition of P1 plus N1 amplitudes reveals the P1N1 component. Implicit time peaks were calculated from light stimulus onset to the maximum P1 and N1 amplitudes. Difference between N1 and P1 implicit time peaks reveals the P1N1 duration. Table 1. Normal values for 280 eyes of 140 normal individuals of any age and both genders. μV). Implicit time and duration values are Amplitude values are expressed in microvolts (μ expressed in milliseconds (ms) Wave Mean (±pd) P1 amplitude N1 amplitude P1N1 amplitude P1 implicit time N1 implicit time P1N1 duration 2.0 -3.9 5.8 23.1 41.5 18.3 (±0.4) (±0.4) (±0.6) (±1.1) (±1.4) (±0.7) Median Minimum Maximum 95% CI 1.8 -3.9 5.8 23.2 41.4 18.2 -1.9 -13.6 1.2 17.5 36.5 12.0 10.5 -0.3 18.9 29.0 52.0 25.5 1.9;2.0 -4.0;-3.9 5.7;5.9 22.9;23.2 41.4;41.7 18.2;18.4 pd= pattern deviation; CI= confidence interval Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 74(1)10.pmd 39 2/4/2011, 14:51 39 AXONAL E L E C T R O V I S I O G R A M A S AN E L E C T R O P H Y S I O L O G I C A L T E S T T O E V A L U A T E O P T I C N E R V E AND INNER RETINA ELECTRICAL POTENTIALS: FINDINGS IN NORMAL SUBJECTS Table 2. Normal values, according to the eye, of 140 normal individuals (140 right eyes and 140 μV). left eyes) of any age and both genders. Amplitude values are expressed in microvolts (μ Implicit time and duration values are expressed in milliseconds (ms) Eye Wave Median Minimum Maximum 95% CI Right P1 amplitude N1 amplitude P1N1 amplitude P1 implicit time N1 implicit time P1N1 duration Mean (±pd) 1.9 -3.9 5.9 23.0 41.6 18.5 (±1.2) (±1.8) (±2.4) (±1.8) (±2.4) (±2.1) 1.8 -3.8 5.6 23.0 41.5 18.5 -1.3 -9.6 1.7 17.5 37.0 14.0 6.9 -0.3 13.1 28.5 52.0 25.0 1.7;2.1 -4.2;-3.6 5.5;6.3 22.7;23.3 41.2;42.0 18.1;18.8 Left P1 amplitude N1 amplitude P1N1 amplitude P1 implicit time N1 implicit time P1N1 duration 2.0 -3.9 5.7 23.1 41.5 18.2 (±1.5) (±2.1) (±3.6) (±2.6) (±2.6) (±2.2) 1.8 -3.5 5.4 23.0 41.0 18.0 -1.9 -13.6 1.2 20.0 36.5 12.0 10.5 -0.7 18.9 29.0 52.0 25.5 1.8;2.3 -4.3;-3.5 5.1;6.3 22.6;23.5 41.0;41.9 17.8;18.6 pd= pattern deviation; CI= confidence interval Table 3. Descriptive data for P1, N1 and P1N1 amplitudes according to age, including both genders, in 280 normal eyes. Each μV) age group is composed by 20 right eyes and 20 left eyes. Amplitude values are expressed in microvolts (μ Eye Wave Age group Right P1 amplitude 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 1.5 1.4 1.7 2.6 1.7 2.5 2.1 N1 amplitude 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 P1N1 amplitude Left Mean (±pd) Median Minimum (±1.2) (±0.7) (±1.3) (±1.2) (±1.2) (±1.1) (±1.4) 1.2 1.5 1.2 2.7 1.3 2.4 1.9 -0.5 0.2 -0.5 -1.3 0.1 0.8 0.7 4.0 3.2 5.9 4.6 4.8 5.3 6.9 0.9;2.0 1.0;1.7 1.1;2.2 2.1;3.2 1.1;2.3 1.9;3.0 1.5;2.7 -4.7 -3.2 -4.1 -3.8 -3.5 -4.2 -4.0 (±1.7) (±1.0) (±1.7) (±1.7) (±1.8) (±2.3) (±1.9) -4.4 -3.4 -3.8 -3.9 -3.4 -3.9 -3.4 -9.2 -4.7 -7.4 -9.0 -7.5 -9.6 -8.2 -1.8 -1.5 -1.7 -1.4 -0.3 -0.8 -1.5 -5.5;-3.9 -3.7;-2.7 -4.8;-3.3 -4.6;-3.1 -4.3;-2.7 -5.3;-3.2 -4.9;-3.2 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 6.4 4.6 5.8 6.5 5.2 6.7 6.2 (±2.3) (±1.3) (±2.2) (±2.1) (±2.5) (±3.1) (±2.6) 6.4 4.4 5.5 6.5 5.2 5.7 5.3 2.3 2.5 2.5 1.9 1.7 2.9 3.0 12.0 6.8 9.9 11.7 9.9 13.1 12.6 5.4;7.4 4.0;5.2 4.8;6.8 5.5;7.5 4.1;6.4 5.4;8.1 5.0;7.3 P1 amplitude 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 1.7 1.8 1.7 2.3 1.9 2.4 2.3 (±1.5) (±0.8) (±1.4) (±1.2) (±1.2) (±1.6) (±2.3) 1.5 1.9 1.7 2.1 1.7 2.3 2.0 -0.8 0.2 -0.7 -0.4 -0.1 0.4 -1.9 4.1 3.5 5.6 4.7 4.6 5.6 10.5 1.1;2.4 1.4;2.1 1.1;2.3 1.7;2.8 1.3;2.5 1.7;3.1 1.3;3.3 N1 amplitude 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 -4.5 -3.4 -3.7 -3.5 -3.7 -4.3 -4.2 (±1.9) (±1.7) (±1.7) (±2.2) (±1.9) (±3.0) (±2.4) -3.9 -2.9 -3.6 -3.3 -3.5 -2.9 -3.5 -8.8 -7.3 -7.3 -10.9 -7.4 -13.6 -8.4 -1.4 -0.7 -1.5 -0.8 -1.0 -1.9 -0.8 -5.3;-3.6 -4.2;-2.6 -4.5;-3.0 -4.5;-2.5 -4.5;-2.8 -5.7;-3.0 -5.3;-3.1 P1N1 amplitude 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 6.2 5.2 5.5 5.8 5.6 4.9 6.8 (±2.8) (±2.0) (±2.5) (±2.9) (±2.7) (±6.4) (±3.9) 6.5 5.1 4.7 5.3 5.7 4.7 5.5 1.2 1.2 2.2 1.8 1.6 2.5 2.3 12.9 10.0 11.0 15.5 9.4 18.3 18.9 4.9;7.5 4.3;6.1 4.4;6.6 4.5;7.1 4.4;6.8 2.1;7.8 5.0;8.5 pd= pattern deviation, CI= confidence interval 40 74(1)10.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 40 2/4/2011, 14:51 Maximum 95% CI C ELLA WP, D ANTAS AM, ference observed (p=0.03), revealing lower amplitudes in females younger than 60 years-old (Figure 4). Comparative analysis regarding age revealed increasing values with aging for P1 amplitude in the right eye (p=0.01, Pearson’s coefficient= 0.199), for P1 implicit time peak in both eyes (p=0.00 for both eyes, Pearson’s coefficient= 0.466 for the right eye and 0.392 for the left eye), for N1 implicit time peak in both eyes (p=0.00 for both eyes, Pearson’s coefficient= 0.563 for the right eye and 0.517 for the left eye), and for P1N1 duration in both eyes (p=0.003 and Pearson’s coefficient= 0.246 for the right eye and p=0.004 and Pearson’s coefficient= 0.237 for the left eye). DISCUSSION VEP elicited by bright flash lights (called flash VEP) represents a strong and resistant visual cortex response that is impaired only in cases of severe optic pathways lesions and can be used to investi- ET AL. gate unexplained visual loss(13-15). VEP waveforms can vary among normal individuals (15) and the parameters used to evaluate its response are amplitude and implicit time. Amplitude is related to the functional integrity of optic pathways, and implicit time is related to the conduction of visual sign along optic pathways(16). Analyzing amplitude and implicit time allows to investigate physiopathology of several neuro-ophthalmic disorders(17). In addition, topographic location can be determined using adequate stimulation (for example, monocular stimulation evaluates pre-chiasmatic lesions(18)) or by association between different electrophysiological techniques (for example, association with pattern reversal ERG to detect macula or optic nerve lesions)(17). To analyze VEP implicit time peak, one must consider that photoreceptors require 1-3 ms to produce an electrical potential to be transmitted to bipolar cells and therefore to the retinal ganglion cells, thereby generating an electrical potential. This first potential generated by retinal ganglion cells occurs 20-30 ms after Table 4. Descriptive data for P1 and N1 implicit time peaks and P1N1 duration according to age, including both genders, in 280 normal eyes. Each age group is composed by 20 right eyes and 20 left eyes. Implicit time and duration values are expressed in milliseconds (ms) Eye Wave Age group Right P1 implicit time 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 21.5 22.5 22.6 23.3 23.5 23.4 24.6 N1 implicit time 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 P1N1 duration Left Mean (±pd) Median Minimum Maximum 95% CI (±2.1) (±1.2) (±1.3) (±1.4) (±1.7) (±1.5) (±2.1) 21.5 22.5 23.0 23.5 23.7 23.2 24.7 17.5 19.5 20.0 20.0 20.5 20.0 20.0 25.5 25.0 25.0 25.5 28.0 27.0 28.5 20.5;22.4 22.0;23.1 22.0;23.2 22.7;23.9 22.7;24.3 22.7;24.0 23.6;25.5 39.9 40.1 41.1 41.5 41.8 42.6 44.2 (±2.7) (±1.4) (±1.5) (±1.7) (±1.7) (±1.7) (±2.6) 39.0 40.0 41.2 42.0 41.5 42.0 44.0 37.0 38.5 39.0 38.0 40.0 40.5 40.0 46.5 45.0 43.5 45.0 46.0 47.0 52.0 38.7;41.2 39.5;40.7 40.4;41.8 40.7;42.3 41.0;42.6 41.8;43.3 43.0;45.3 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 18.2 17.5 18.5 18.1 18.3 19.2 19.6 (±2.5) (±1.7) (±1.8) (±1.8) (±1.5) (±1.8) (±2.8) 17.5 17.2 18.7 18.2 18.0 19.0 20.0 14.0 15.0 16.0 15.0 15.5 16.0 15.0 24.0 22.0 22.5 20.5 21.0 23.0 25.0 17.1;19.3 16.8;18.3 17.7;19.2 17.3;18.9 17.6;19.0 18.3;20.0 18.3;20.8 P1 implicit time 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 20.4 22.8 23.0 23.8 23.2 23.9 24.5 (±4.5) (±1.3) (±2.0) (±1.6) (±1.9) (±1.7) (±2.2) 21.0 23.0 23.0 23.0 23.0 24.0 24.0 20.0 20.0 20.0 21.0 20.0 20.0 20.0 25.0 25.0 28.0 27.0 28.0 27.0 29.0 18.4;22.4 22.2;23.4 22.1;23.9 23.0;24.5 22.4;24.1 23.1;24.7 23.6;25.5 N1 implicit time 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 39.8 40.1 41.0 41.3 41.6 41.8 44.6 (±2.9) (±1.5) (±2.1) (±1.9) (±2.0) (±2.0) (±2.7) 39.0 40.0 40.5 41.0 41.0 41.0 44.0 36.5 37.0 37.5 39.0 38.5 39.5 40.0 47.5 44.0 46.0 47.0 46.0 47.0 52.0 38.5;41.1 39.4;40.7 40.0;42.0 40.5;42.2 40.7;42.4 41.0;42.7 43.4;45.8 P1N1 duration 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 > 60 18.3 17.2 18.0 17.5 18.3 18.0 20.1 (±2.5) (±2.0) (±1.9) (±2.1) (±1.8) (±2.0) (±2.2) 17.7 17.0 18.0 17.0 18.5 18.0 20.0 14.5 12.0 14.5 13.0 15.0 14.0 15.0 25.5 21.0 21.5 22.0 21.0 22.0 24.0 17.2;19.5 16.3;18.1 17.2;18.8 16.6;18.5 17.5;19.1 17.1;18.9 19.1;21.1 pd= pattern deviation; CI= confidence interval Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 74(1)10.pmd 41 2/4/2011, 14:51 41 AXONAL E L E C T R O V I S I O G R A M A S AN E L E C T R O P H Y S I O L O G I C A L T E S T T O E V A L U A T E O P T I C N E R V E AND INNER RETINA ELECTRICAL POTENTIALS: FINDINGS IN NORMAL SUBJECTS Figure 4. P1N1 amplitude comparison between males and females in the left eye, expressed in microvolts (mV). Mean amplitudes are higher in females but those older than 60 years-old. light stimulation and then it is transmitted to the visual cortex after about 50 ms(14,19). However, the time taken for processing retinal information, its transmission along optic pathways and its cortical processing capable to generate a recordable electrical activity, reflects about twice the actual time of driving stimulus (14). AxEvg is a modality of visual evoked potential originally described as arising from the optic nerve(8). It is an easily performed and low cost electrophysiological test, since it does not require special equipment or different materials from those usually employed for the flash VEP. Its normal electric response is composed by an initial positive wave, named P1, followed by a negative wave of greater amplitude, named N1, which represents the main electrical potential(8,10). The P1N1 component is obtained from the P1 maximum positive amplitude to the N1 maximum negative amplitude. P1 and N1 waves were constant and reproducible in all normal eyes. Mean P1 amplitude was 2.0 μV, mean N1 amplitude was -3.9 μV, and mean P1N1 amplitude was 5.8 μV. Mean P1 implicit time peak was 23.1 ms, mean N1 implicit time peak was 41.5 ms, and mean P1N1 duration was 18.3 ms. No significant differences were found between the right and left eyes in both males and females, similar to the findings previously described for normal values of visually evoked potentials (11). The only exception was the P1N1 amplitude of the left eye, that presented higher mean amplitudes in normal female subjects younger than 60 years. Because this was an isolated finding among all variables and no statistically significant differences were found in P1 and N1 waves (the forming waves of P1N1 component), it is possible that this difference has no clinical significance and it may disappear by increasing the sample size. According to age, P1 and N1 implicit time peaks and P1N1 duration increased with age, similar to normal flash and pattern reversal VEP(20-25). We also observed that P1 amplitude in the right eye increased with age, but this finding should be considered with caution because, although this variable has reached statistical significance, the Pearson’s correlation coefficient suggests a weak association. P1 presented a mean implicit time peak of about 23 ms (with a 95% confidence interval from 22.9 to 23.2 ms) and N1 presented a mean implicit time peak of about 41 ms (95% confidence interval from 41.4 to 41.7 ms). As low-pass (high cut) filter was set to 30 Hz in order to reduce the interference from electric potentials of periocular muscles and brain, the registered implicit time peak has increased by 5-10 ms(26). Adjusting these values, P1 and N1 waves presented implicit time peaks compatible with those described for the early components of the flash VEP (waves 1 and 2)(2,9). The origin of the early components of flash VEP is controversial. Considering the mean P1 implicit time peak of 23 ms and adjusting it for artifacts related to low-pass filter, this electrical potential is similar to those described for the optic nerve, around 10 ms(3). Likewise, the 42 74(1)10.pmd mean N1 implicit time peak, considered the AxEvg main wave(8), has characteristics similar to the potentials generated from the retinal ganglion cells(14,19). Moreover, as the AxEvg technique involves monocular light stimulation, the rising waves have pre-chiasmatic origin and, thus, the potential recorded should not be confused with subcortical potentials originated in the post-chiasmatic area, with implicit time peaks of less than 30 ms(6). The purpose of the present study was to validate the AxEvg technique and to establish its normal values. As electrical waves were constant and reproducible in all normal eyes and the study involved a wide range of participants from different age groups, ethnicity and genders, we suggest that these values may be considered normative for the entire population. However, we must point out some limitations: a) the pediatric population, due to its characteristic neurological maturation in the first years, should be studied in greater details; b) no racial distinction was made and analysis regarding different ethnical groups may present different results; and c) only normal subjects were studied. Therefore, further studies are needed and ongoing research protocols involving different neuroretinal disorders may better define AxEvg clinical indications. CONCLUSIONS AxEvg can be considered a modality of flash VEP capable of generating constant and reproducible electrical potentials, characterized by an initial positive wave (P1) followed by a negative wave (N1) of greater amplitude. The AxEvg electrophysiological characteristics suggest that P1 wave represents an electrical potential arising from the optic nerve and the N1 wave represents a response of inner retinal layers, possibly the ganglion cell layer. Thus, AxEvg is an easily performed non-invasive electrophysiological test that can be employed in clinical practice to detect lesions of the optic nerve and inner retina, and it can be used in electrophysiological workup alone or combined with other tests to better characterize the nature of visual impairment. ACKNOWLEDGMENTS We are grateful to the ophthalmic techniques Erika Pires, Priscila Moraes Mendes and Fabrícia Simplício, for performing the electrophysiological tests and for always being available to assist the patients enrolled in the present study. REFERENCES 1. Adrian ED, Matthews BH. The interpretation of potential waves in the cortex. J Physiol. 1934;81(4):440-71. 2. Ciganek ML. The EEG response (evoked potential) to light stimulus in man. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1961;13(2):165-72. 3. van Hasselt P. A short latency visual evoked potential recorded from the human mastoid process and auricle. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1972;33(5): 517-9. 4. Spire JP, Hosobuchi Y. Depth electrode recording of the VER from the geniculate region in man. Electroencephalogr Clin Neurophysiol. 1980;47(1):8. 5. Vaughan HG Jr, Gross CG. Cortical responses to light in unanesthetized monkeys and their alteration by visual system lesions. Exp Brain Res. 1969;8(1):19-36. 6. 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Available from: www.lkc.com/pdf/UTAS_user_manual.pdf XVIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OFTALMOLOGIA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO 10 a 11 de junho 2011 IEP Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês São Paulo - SP • Informações: JDE Comunicações e Eventos Tels.: (11) 5082-3030 / 5084-9174 Site.: www.oftalmologiasantacasa.com.br Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 37-43 74(1)10.pmd 43 2/4/2011, 14:51 43 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Tratamento dos sulcos palpebromalar e nasojugal com ácido hialurônico Treatment of tear trough deformity with hyaluronic acid gel filler GIOVANNI ANDRÉ PIRES VIANA1, MIDORI HENTONA OSAKI1, ANGELINO JÚLIO CARIELLO1, RENATO WENDELL DAMASCENO1 RESUMO ABSTRACT Objetivo: Verificar a eficácia do preenchimento dos sulcos nasojugal e palpebromalar deprimidos através da injeção de ácido hialurônico e analisar as complicações observadas. Métodos: Foi realizado um estudo piloto, prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, com pacientes recrutados no Serviço de Plástica Ocular do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP/EPM. Foram selecionados pacientes de ambos os sexos, com idade entre 25 e 60 anos, que apresentavam os sulcos nasojugal e/ou palpebromalar deprimidos, que não haviam sido submetidos à cirurgia na pálpebra inferior nem apresentavam histórico de trauma nesse local. O ácido hialurônico foi aplicado via transcutânea e depositado na região supraperiosteal em pequenos volumes. Todo paciente foi tratado pelo mesmo cirurgião (GAPV), tendo sido examinado no pós-operatório em intervalos regulares e fotografado no pré-operatório, no pós-operatório imediato, na 4ª semana, no 6º e no 12º mês após o procedimento. Ao final deste período todas as fotos foram analisadas por profissional não ligado a esta pesquisa, visando verificar a eficiência da técnica em atingir seus objetivos. Resultados: Entre junho e agosto de 2008, 10 pacientes foram incluídos neste estudo piloto. Oito pacientes foram tratadas uma única vez, enquanto duas precisaram de retoque na 4ª semana após a aplicação inicial. O volume injetado foi em média de 0,61 ml (DP=0,25) no lado direito e de 0,65 ml (DP=0,26) no lado esquerdo. As complicações observadas foram equimose em 6 casos, edema local maior que 48 horas em um paciente e lesão cutânea semelhante à acne em um participante. Conclusões: O estudo piloto demonstrou que o tratamento dos sulcos nasojugal e pálpebro-malar com uso de ácido hialurônico se mostrou eficaz e previsível, com alto nível de satisfação dos pacientes e com resultado duradouro. Background: Volume loss and muscular hyperactivity are two major components of the aging process that contribute to the formation of the folds and wrinkles. Tear trough deformity is one of the most difficult depressions to correct surgically. Purpose: The aim of this study was to evaluate the results of ten patients submitted to periorbital filling with hyaluronic acid gel filler. Methods: Between June and August, 2008, 10 patients have had their tears troughs treated with hyaluronic acid gel filler. The filler was introduced by a serial puncture technique and approximately 0.1 ml was injected at each pass. The filler was placed in the pre-periosteal tissue. Patients photographs before and after the procedure were reviewed to assess the outcomes. Results: The mean volume per side needed to achieve correction was on the right side 0.61 ml (SD=0.25) and on the left side 0.65 ml (SD=0.26). The most common complications were bruising, erythema, local swelling, and pain at the injection site. The effect of treatment lasted up to 12 months. Conclusions: This pilot study showed that the treatment of tear trough deformity with hyaluronic acid gel filler was feasible, predictable and effective. All patients were very satisfied with their results. Descritores: Ácido hialurônico/administração & dosagem; Ácido hialurônico/efeitos adversos; Pálpebras/cirurgia; Resultado de tratamento; Face/cirurgia; Técnicas cosméticas INTRODUÇÃO rejuvenescimento da região periorbital inferior passou a ser valorizado nas últimas duas décadas, tornando-se parte essencial da cirurgia cosmética da face. A correção cirúrgica da depressão dos sulcos nasojugal e palpebromalar é muito difícil, pois esta região é caracterizada por apresentar pele extremamente fina, estrutura óssea peculiar (arco zigomático), o ligamento or- O Trabalho realizado no Serviço de Plástica Ocular, Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. 1 Keywords: Hyaluronic acid, lower eyelid; Hyaluronic acid, injection; Hyaluronic acid, side effects; Filler; Treatment, tear trough; Face bitomalar, podendo ainda apresentar protrusão das bolsas de gordura através do septo orbital. Até o momento, métodos não invasivos para correção deste problema, tais como silicone líquido, polimetilmetacrilato, colágeno, entre outros, não têm demonstrado resultados consistentes(1-5). Na tentativa de melhorar o contorno desta área, vários autores propõem uma abordagem conservadora no tratamento dos sulcos nasojugal e palpebromalar deprimidos através da injeção de ácido hialurônico(6-9). O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia do preenchimento dos sulcos nasojugal e palpebromalar deprimidos por meio da injeção de ácido hialurônico e analisar as complicações observadas. Médicos, Serviço de Plástica Ocular, Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Giovanni André Pires Viana. Alameda Jauaperi, 732 - São Paulo (SP) - CEP 04523-013 - E-mail: [email protected] Os autores não apresentam qualquer tipo de interesse comercial no produto mencionado no texto Recebido para publicação em 24.11.2009 Última versão recebida em 18.11.2010 Aprovação em 19.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. José Byron Vicente Dias Fernandes e Célia Simões C. de Oliveira Sathler sobre a divulgação de seus nomes como revisores, agradecemos suas participações neste processo. 44 74(1)14.pmd MÉTODOS Foi realizado um estudo piloto, prospectivo com 10 pacientes consecutivos, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP/EPM, recrutados do Serviço de Plástica Ocular do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP, no período de junho de 2008 a agosto de 2008. Foram selecionados pacientes de ambos os sexos, com idade entre 25 e 60 anos, que apresentavam os sulcos naso- Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):44-7 44 18/4/2011, 11:51 V IANA GAP, O SAKI MH, jugal e/ou palpebromalar deprimidos, com ausência de cirurgia ou trauma prévios na pálpebra inferior e que concordassem em participar desta pesquisa. Todos os casos que não se enquadravam nestes requisitos foram rejeitados. O tempo de acompanhamento mínimo deste estudo foi estabelecido como um ano. Foi utilizado o ácido hialurônico (Restylane®, Q-MED Brasil, Rio de Janeiro, RJ) na concentração de 20 mg/ml. Todo paciente foi tratado pelo mesmo cirurgião (GAPV), tendo sido examinado no pós-operatório em intervalos regulares e fotografado no pré-operatório, no pós-operatório imediato, na 4ª semana, no 6º e no 12º mês após o procedimento. Ao final deste período todas as fotos foram analisadas por profissional não ligado a esta pesquisa, visando verificar a eficiência da técnica em atingir seus objetivos. Para se obter uma avaliação quantitativa dos resultados, foi utilizada uma escala de graduação que classificou os resultados pré- e pós-operatórios, conforme proposto por Barton et al.(10). A escala proposta por Barton e colaboradores, classifica esta região de acordo com as características anatômicas do local, variando de classe Zero (anatomia ideal) a classe Três (pior anatomia possível). TÉCNICA DE APLICAÇÃO Todos os pacientes foram posicionados sentados com o encosto da cadeira inclinado a aproximadamente 30º, em ambiente bem iluminado. Foi realizada a assepsia local com álcool a 70% e a morfologia da pálpebra inferior foi avaliada (Figura 1). A seguir foi aplicada uma camada de pomada tópica anestésica (Lidocaína, 25 mg; prilocaína, 25 mg) sobre a região a ser tratada e retirada após 20 minutos com o auxílio de uma gaze embebida em álcool a 70%. A injeção do produto ocorreu com uma agulha de tamanho 30 G (0,3 X 13 mm). A aplicação iniciou-se pela região mais lateral do sulco palpebromalar, seguindo em direção medial ao sulco nasojugal. A técnica de aplicação foi a de retroinjeção, ponto a ponto, com a agulha penetrando a pele em ângulo de aproximadamente 90º (Figura 2). O produto foi depositado na região supraperiosteal em pequenos volumes a cada aplicação. Ao término da aplicação foi realizada massagem sobre a região tratada para melhor acomodação do produto. Após a aplicação foi orientado ao paciente fazer uso de compressas umedecidas com solução fisiológica de NaCl 0,9% durante 24 horas e uso de protetor solar (FPS 30). O paciente deveria retornar ao ambulatório para reavaliação após 7 dias, e se necessário, algum retoque seria realizado. Figura 1. Esquema da marcação prévia. Seta preta - linha demarcando o rebordo orbital inferior. Seta branca - área a ser tratada com o ácido hialurônico. RESULTADOS Neste estudo foram incluídos 10 pacientes, todos do sexo feminino, com idade entre 29 e 58 anos (média 45,4 anos, DP=9,60). O tempo de acompanhamento variou entre 365 e 450 dias. O volume injetado foi em média de 0,61 ml (0,1 - 1,0 ml; DP=0,25) no lado direito e de 0,65 ml (0,2 - 1,0 ml; DP=0,26) no lado esquerdo. O resultado do preenchimento pode ser analisado na figura 3. Em duas pacientes foi necessário realizar um retoque na 4ª semana após o tratamento, sendo realizada a injeção de 0,5 ml no lado direito e de 0,3 ml no lado esquerdo da paciente número 1 e de 0,6 ml em cada lado na paciente número 3. A avaliação independente demonstrou que três pacientes foram classificados como classe 1, quatro como classe 2 e três como classe 3. Após um ano de tratamento, dentre os pacientes classificados como classe 1, dois foram avaliados como classe 0 e um não sofreu alteração de classe. Entre os pacientes da classe 2, dois foram classificados como classe 1 e dois não modificaram sua classe. Já entre os participantes classificados previamente em classe III, um foi avaliado como classe 1, outro como classe 2 e um não sofreu alteração alguma em sua classificação. As complicações existentes foram equimose em 60% dos casos, edema local maior que 48 horas em um paciente e lesão cutânea semelhante à acne em um participante. DISCUSSÃO O produto ideal para preenchimento deve ser seguro, biocompatível, não imunogênico, facilmente obtido, não reabsorvível, de baixo custo e facilmente estocado. O ácido hialurônico (Restylane®) foi escolhido por ser uma molécula presente em diferentes tecidos, entre eles no tecido conjuntivo, na derme, nas articulações e no vítreo; e por ser o produto que mais se aproxima do produto ideal(11). O ácido hialurônico é formado por uma cadeia longa polissacarídea, subdividido em unidades dissacarídeas repetidas de ácido Figura 2. Aplicação através de retroinjeção de ácido hialurônico. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 44-7 74(1)14.pmd 45 ET AL. 18/4/2011, 11:51 45 TRATAMENTO DOS SULCOS PALPEBROMALAR E NASOJUGAL COM ÁCIDO HIALURÔNICO A B Figura 3. Paciente feminino, 56 anos de idade. A) Antes do tratamento; B) Sete meses após a aplicação. urônico e N-acetil-glicosamina. O Restylane® é um ácido hialurônico de origem não animal, obtido a partir da fermentação de cepas de Streptococcus (S. equi ou S. zooepidemicus) e estabilizado por processo químico de ligações cruzadas (“cross-linked”)(11). Goldberg et al. relataram sua experiência com o uso de Restylane® em 155 pacientes. O produto foi depositado em plano profundo (abaixo do músculo orbicular), formando uma figura tridimensional semelhante a um cone de palha (“haystack”). Relataram que para atingir o efeito desejado, entre 25 e 50 aplicações foram realizadas em cada sulco nasojugal(6). Kane descreveu sua experiência com Restylane® no tratamento do sulco nasojugal, aplicando-o em um plano entre a pele e o músculo orbicular, criando pequenos cordões a cada aplicação (passada). Demonstrou que para se atingir o resultado ideal deveria ser feito em torno de 100 passadas por sulco nasojugal(7). Steinsapir et al. descreveram que preferem depositar o ácido hialurônico em um plano supraperiosteal, entretanto, em alguns 46 74(1)14.pmd casos especiais alguns pacientes também seriam beneficiados por uma aplicação mais superficial, de modo semelhante ao proposto por Kane(7). Outro relato mostra a aplicação de ácido hialurônico em plano médio (no músculo orbicular), com início da aplicação na região mais lateral do sulco nasojugal e depois progredindo em direção medial, devendo a velocidade de aplicação ser lenta e com pouca pressão(9). Os autores, neste estudo piloto, preferiram a aplicação em plano profundo (plano supraperiosteal), com injeção de pequeno volume, de maneira retrógrada, ou seja, o produto só seria injetado quando a agulha estivesse sendo retirada, ficando o ácido hialurônico depositado abaixo do músculo orbicular, diminuindo a chance de irregularidades cutâneas(6), e em alguns casos especiais, optouse por associar um preenchimento superficial(8). Observou-se que o nível de satisfação dos participantes com o resultado obtido após um ano de tratamento foi alto, uma vez que Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):44-7 46 18/4/2011, 11:51 V IANA GAP, O SAKI MH, todos relataram ter visualizado mudança no formato de sua “olheira” (sulco nasojugal). Quando analisamos a avaliação realizada pelo observador independente, concluiu-se que 60% dos pacientes apresentaram melhora na classificação do sulco nasojugal, entretanto, no restante dos pacientes, apesar de existir melhora cosmética visível, esta não foi a ponto de permitir a mudança de sua classificação. Verificou-se através do seguimento destes pacientes, que o efeito do preenchimento foi persistente após um ano(9). Todos os acontecimentos adversos, neste estudo piloto, foram leves, passageiros, autolimitados e se resolveram espontaneamente. Em um estudo com o Hylaform®, observou-se a incidência de granuloma em 2% dos casos; já em outra casuística com 4.320 casos com uso de Restylane® entre os anos de 1997 a 2001, obteve-se 0,02% de incidência de reação de hipersensibilidade; em outro trabalho com 262.000 pacientes submetidos a tratamento com Restylane® no ano 2000, notou-se 0,06% de incidência de eventos adversos, entre eles edema, hiperemia, prurido, equimose e irregularidade de contorno. Outro evento observado, neste mesmo estudo, foi o relato de desconforto no local da aplicação e do aparecimento de lesão tipo acne no local da aplicação, com incidência de 0,0005%(11-15). Goldberg et al. relataram que os efeitos colaterais mais comuns foram equimose, irregularidade de contorno, edema persistente e alteração de coloração(6). Estes autores sugerem evitar o uso de Restylane® em pacientes que apresentam edema periorbital frequente. Steinsapir et al. descreveram que as complicações mais frequentes encontrada por eles foram irregularidade de contorno e equimose(8). Algumas das complicações mais temíveis quando se aplica qualquer substância na região periorbital, seria a injeção intra-arterial, com consequente lesão cutânea ou até mesmo amaurose. Contudo até o momento não há casos relatados de amaurose com o ácido hialurônico, apesar de existir casos com outros produtos, tais como silicone, colágeno, polimetilmetacrilato e corticóide(15-18). Os autores concluíram que este estudo piloto demonstrou que o tratamento dos sulcos nasojugal e palpebromalar com uso de ácido hialurônico se mostrou eficaz e previsível, com alto nível de satisfação dos pacientes e com resultado duradouro (maior que um ano). Os efeitos adversos foram autolimitados e de resolução espontânea. Com base neste estudo piloto, os autores propuseram o desenvolvimento de um estudo com maior número de pacientes e por um período maior de seguimento para avaliar a eficácia do ácido hialurônico. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio da Q-MED Brasil pela doação do ácido hialurônico, sem o qual não haveria possibilidade de se realizar este estudo piloto. REFERÊNCIAS 1. Carraway JH, Coleman S, Kane MA, Patipa M. Periorbital rejuvenation. Aesthet Surg J. 2001;21(4):337-43. 2. Stegman SJ, Chu S, Armstrong RC. Adverse reactions to bovine collagen implant: clinical and histologic features. J Dermatol Surg Oncol. 1988;14(1 Suppl):39-48. 3. Requena C, Izquierdo MJ, Navarro M, Martínez A, Vilata JJ, Botella R, et al. Adverse reactions to injectable aesthetic microimplants. Am J Dermatopathol. 2001;23(3):197-202. 4. Haneke E. Polymethyl methacrylate microspheres in collagen. Semin Cutan Med Surg. 2004;23(4):227-32. 5. Narins RS, Beer K. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 44-7 74(1)14.pmd 47 ET AL. 18/4/2011, 11:51 47 A RTIGO S O RIGINAIS | ORIGINAL ARTICLES Ação do bevacizumabe subconjuntival na neovascularização e re-epitelização corneana 25 dias após queimadura química Effect of subconjunctival bevacizumab on corneal neovascularization and reepithelization 25 days after chemical burn GLAUCO HENRIQUE REGGIANI MELLO1,FABÍOLA GRIGOLETTO LUPION2,FERNANDA MOREIRA OLIVEIRA1,LUCAS ROSKAMP BUDE3, DANIEL WASILEWESKI1, TERESA CRISTINA CAVALCANTI1, HAMILTON MOREIRA1 RESUMO ABSTRACT Objetivos: Avaliar a ação do bevacizumabe subconjuntival em modelo experimental de neovascularização em córnea de coelho. Analisar se o modelo de avaliação empregado é adequado e comparar entre os grupos a extensão dos vasos, inflamação e re-epitelização da córnea. Métodos: Estudo experimental, prospectivo em 20 coelhos submetidos a trauma químico com hidróxido de sódio a 1 N divididos em dois grupos, Imediatamente após a queimadura, o grupo tratado recebeu injeção subconjuntival de 0,15 ml (3,75 mg) de bevacizumabe e o grupo controle, injeção subconjuntival de 0,15 ml de soro fisiológico a 0,9%. Após 25 dias, foi realizada análise fotográfica digital para avaliar a extensão e inflamação/calibre dos vasos segundo critério pré-estabelecido e estudo histopatológico da córnea, no qual foi avaliado o estado do epitélio e o número de polimorfonucleares. Resultados: A extensão dos neovasos corneanos foi menor no grupo estudo em relação ao controle (p<0,001). Não houve diferença significativa entre os grupos na inflamação/calibre dos vasos. A análise histopatológica mostrou que não ocorreu diferença entre os grupos nas variáveis estado do epitélio e número de polimorfonucleares. A análise de concordância para a variável extensão dos vasos e para a variável inflamação/calibre dos vasos teve uma estimativa do coeficiente de Kappa respectivamente de 0,705 e 0,500 indicando bom grau de concordância nas diferentes avaliações cegadas, validando o método empregado. Conclusões: O modelo de avaliação foi adequado e pode ser reproduzido para avaliar outras drogas na córnea. O bevacizumabe inibiu a neovascularização corneana, porém não foi eficaz em reduzir o processo inflamatório. A droga não atrasou a re-epitelização da córnea. Purposes: To evaluate the effect of subconjunctival bevacizumab in an experimental model of neovascularization in rabbit cornea. Determine its effect on vessels extension, inflammation, epithelialization of the cornea and whether the evaluation method used is appropriate to compare neovascular models. Methods: Experimental, prospective, randomized, blinded study in twenty rabbits subjected to chemical trauma with sodium hydroxide at 1N divided into two groups. The study group received subconjunctival injection of 0.15 ml (3.75 mg) of bevacizumab and was compared with the control group that received subconjunctival injection of 0.15 ml saline solution. After 25 days, digital photographic analysis was performed to assess the vessel’s extension and inflammation/diameter according to pre-established criteria. Histopathology of the cornea, which evaluated the state of the epithelium and the number of polymorphonuclear cells was also studied. Results: The length of the neovessels was greater in the control group compared to the study group (P=<0.001). There was no difference in inflammation/vessel diameter between groups. Histopathology analysis showed that there was no difference between groups for the variables state of the epithelium and number of polymorphonuclear cells. The concordance analysis for the variable extension of the vessels and the variable inflammation/vessel diameter was estimated with Kappa coefficients of 0.705 and 0.500 respectively, indicating a good level of agreement in different evaluations and validating the method. Conclusions: The experimental model is adequate and can be reproduced to evaluate other drugs in the cornea. Bevacizumab inhibit the neovessels’ growth but was not effective in preventing the inflammatory response. The drug did not delay the reepithelialization of the cornea. Descritores: Neovascularização patológica; Neovascularização da córnea; Inibidores da angiogênese/administração & dosagem; Queimaduras químicas; Modelos animais de doença Keywords: Neovascularization, pathological; Corneal neovascularization; Angiogenesis inhibitors/administration & dosage; Burns, chemical; Diseases models, animal INTRODUÇÃO rauma ocular, infecção, inflamação e degeneração são responsáveis por neovascularização da córnea. Os neovasos apresentam alterações estruturais que permitem extravasamento do fluido para o espaço extravascular, estase sanguínea e hemorragia, ocasionando diminuição da transparência corneana com progressiva redução da visão(1-2). Neovasos corneanos são fatores de risco para rejeição no transplante de córnea(3), devido ao favorecimento no acesso de células apresentadoras de antígenos ao tecido doador. Atualmente, os corticóides têm sido a primeira escolha no tratamento da neovascularização corneana devido ao seu alto poder de diminuir o processo inflamatório(4) e a proliferação vascular que se inicia após a cascata inflamatória(5). Entretanto, apesar do corticóide ser utilizado em várias doenças oculares neovasculares, o seu modo de ação inespecífico é responsável por uma alta incidência de efeitos adversos (retardo no processo de cicatrização, glaucoma e catarata(6-7)). Expressão intensa de fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) é encontrada em córneas humanas neovascularizadas T Trabalho realizado no Programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e da Faculdade Evangélica do Paraná - Curitiba (PR), Brasil. 1 2 3 Médico, Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba (PR), Brasil. Acadêmica do Curso de Medicina, Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba (PR), Brasil. Acadêmico do Curso de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR - Curitiba (PR), Brasil. Endereço para correspondência: Glauco Reggiani Mello, 668 - Euclid Avenue Unit 506 - Zip 44114 Cleveland, OH USA - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 04.07.2010 Última versão recebida em 30.10.2010 Aprovação em 21.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Vinícius Coral Ghanem e Procópio Miguel dos Santos sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. 48 74(1)13.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 48-52 48 29/3/2011, 09:12 M ELLO GHR, L UPION FG, ou expostas a queimaduras por álcali (8-9). Estudos recentes correlacionam o VEGF e seus receptores em múltiplas doenças oculares neovasculares (retinopatia diabética(10), neovascularização da íris(11), neovascularização da degeneração macular relacionada à idade(12) e neovascularização da córnea(8)). O bevacizumabe (inibidor do VEGF) é utilizado para tratamento de doenças de retina desde 2005, com estudos mostrando que a droga é segura para o uso ocular(13). As drogas anti-VEGF, como o bevacizumabe, têm provocado uma revolução no tratamento das doenças neovasculares, não só por reduzir os vasos sanguíneos, como também pela sua suposta ação nos fibroblastos(14). O bevacizumabe possui efeitos benéficos na neovascularização da degeneração macular relacionada à Idade (DMRI), na retinopatia diabética e no glaucoma. Esses efeitos podem ser estendidos para a redução da formação de neovasos em outras regiões do globo ocular. Com isso em mente nos propusemos a avaliar sua ação na córnea. O objetivo do trabalho é avaliar a neovascularização em modelo experimental de córnea de coelhos, 25 dias após trauma químico com NaOH, comparando coelhos que receberam injeção subconjuntival de bevacizumabe com aqueles que receberam soro fisiológico. Analisar se o modelo de avaliação empregado é adequado e reprodutível. MÉTODOS Estudo experimental, prospectivo e comparativo desenvolvido no Instituto de Pesquisas Médicas do Programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia da Faculdade Evangélica do Paraná e do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Foram respeitadas as Normas e Princípios na Experimentação Animal. Foram estudadas 20 córneas de 20 coelhos da linhagem Nova Zelândia, albinos, machos, sadios, com peso entre 2.300 a 2.500 g e entre 3 e 4 meses de vida. Provenientes do Instituto de Tecnologia do Paraná. Todos os animais foram examinados antes do início do experimento para verificar a higidez da córnea. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos de 10 coelhos cada (grupo controle e estudo) utilizando o programa Reseach Randomizer® (www.randomizer.org). O investigador que estava realizando os procedimentos não tinha conhecimento da randomização. Os coelhos foram anestesiados com cloridrato de xilazina (0,1 ml/kg) e cloridrato de ketamina (0,2 ml/kg) intramuscular, para o procedimento de queimadura e da injeção subconjuntival da córnea. Após o procedimento anestésico, os animais foram submetidos à queimadura corneana do olho direito com hidróxido de sódio (NaOH) a 1 N(15), embebido em papel filtro com 3 mm de diâmetro, aplicado durante 20 segundos na córnea superior tangencial porém sem contato direto com o limbo(16). Após o procedimento, a córnea foi irrigada com 20 ml de soro fisiológico a 0,9%. Os animais grupo controle receberam injeção subconjuntival com 0,15 ml de solução salina isotônica a 0,9%. O grupo estudo recebeu injeção subconjuntival de 0,15 ml (3,75 mg) de bevacizumabe (Avastin ®, Roche AG, Basel - Suíça). As injeções foram aplicadas imediatamente após a queimadura corneana. Os animais foram novamente anestesiados após 25 dias da queimadura química sendo utilizado o mesmo procedimento anestésico descrito anteriormente. Após a sedação os coelhos foram posicionados adequadamente e imobilizados para a realização de fotografias digitais. As variáveis estudadas foram extensão dos vasos, grau de inflamação/calibre dos vasos, integridade do epitélio e número de polimorfonucleares. Utilizou-se câmera Sony Cybershot 7.2 megapixels (Sony Corporation, Tóquio - Japão) e lente acessória Zeiss (Carl Zeiss AG, Ober- kochen - Alemanha) com magnificação de 40 vezes em distância de 5 cm. A máquina fotográfica foi apoiada em tripé fixo. Na sequência, foi colocado blefarostato no olho direito para melhor apresentação da córnea, da área queimada e da neovascularização. As fotografias foram realizadas em posição frontal. Foram realizadas duas avaliações clínicas seriadas, por dois oftalmologistas especialistas em córnea, através das fotografias, de forma cegada e randomizada para as variáveis extensão dos vasos e grau de inflamação/calibre dos vasos. As avaliações foram comparadas utilizando a estatística de Kappa para comprovar a reprodutibilidade do método. 1º) Extensão dos vasos determinada em escala de 0 a 4, a saber: Grau 0 - sem vasos no limbo corneano. Grau 1 - vasos que avançam sobre o limbo corneano, chegando até ¼ da área queimada. Grau 2 - vasos que chegam até ½ da área queimada. Grau 3 - vasos que chegam até ¾ da área queimada. Grau 4 - vasos que se estendem por toda a área queimada. 2º) Grau de inflamação e calibre dos vasos foram determinados em escala de 0 a 3, a saber: Grau 0 - sem inflamação ou vasos. Grau 1 - pouca inflamação, vasos de pequeno calibre. Grau 2 - reação inflamatória moderada, vasos de médio calibre. Grau 3 - reação inflamatória intensa, vasos de grande calibre. Logo após a realização das fotografias, os animais foram sacrificados com dose de 5 ml de pentobarbital sódico intramuscular. Em seguida, foi realizada a extração da córnea direita de todos os animais, sendo mantida margem escleral de 3 mm. Após a retirada, as córneas foram fixadas por 24 horas em formalina e preparadas para o estudo histopatológico. Foram realizados cortes longitudinais, incluindo toda a córnea, sendo as alterações encontradas coincidentes com a área aonde foi realizada a queimadura. A espessura do corte foi de 3 micra, a parafina foi removida e o tecido reidratado, para poder sofrer coloração com hematoxilina-eosina. Foi sempre computada para a avaliação a lâmina com maior dano. Foi observado o estado epitelial com o auxilio do microscópio, classificando as córneas em duas categorias: epitélio íntegro e epitélio erosado. A análise quantitativa do número de polimorfonucleares por campo de grande aumento foi realizada utilizando um aumento de 400 vezes em um microscópio ótico Nikon® (Nikon Inc. Melville Estados Unidos da América) modelo eclipse E200. A reprodutibilidade do modelo de avaliação (análise fotográfica) utilizado foi validado considerando a estatística de Kappa. Em cada um dos momentos de avaliação, os dois grupos foram comparados em relação a variáveis ordinais (extensão dos vasos e inflamação/calibre dos vasos) considerando-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Já a comparação dos grupos dentro de cada momento para variáveis dicotômicas (epitélio integro ou erosado), foi efetuada considerando-se o teste exato de Fisher. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. RESULTADOS No dia 18 após a queimadura química da córnea, 2 coelhos do grupo controle morreram e foram excluídos da pesquisa. Desta forma, permaneceram no estudo 18 animais, sendo 8 do grupo controle e 10 do grupo de estudo. ANÁLISE FOTOGRÁFICA As variáveis estudadas foram extensão dos vasos e grau de inflamação/calibre dos vasos. As fotografias digitais de cada animal foram submetidas a duas avaliações de cada variável (Quadro 1). Na figura 1, observa-se o animal 1 do grupo controle. Em contraste, o animal 1 do grupo estudo (Figura 2). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 48-52 74(1)13.pmd 49 ET AL. 29/3/2011, 09:12 49 A ÇÃO DO BE V A C I Z U M A B E S U B C O N J U N T I V A L NA N E O V A S C U L A R I Z A Ç Ã O E R E - E P I T E L I Z A Ç Ã O C O R N E A N A 25 DIAS APÓS QUEIMADURA QUÍMICA Quadro 1. Resultados das avaliações realizadas na análise fotográfica das variáveis extensão dos vasos e inflamação/calibre dos vasos no grupo controle e estudo, 25 dias após a queimadura Animal controle 01 02 03 04 05 06 07 08 Animal estudo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Extensão dos vasos Avaliação 1 Avaliação 2 4 4 4 3 4 4 3 3 4 3 4 3 4 4 3 4 Extensão dos vasos Avaliação 1 Avaliação 2 1 4 3 2 3 2 1 2 3 3 1 4 2 2 3 3 1 2 3 3 Inflamação/calibre dos vasos Avaliação 1 Avaliação 2 3 2 3 2 2 3 1 1 3 2 3 3 2 2 2 2 Inflamação/calibre dos vasos Avaliação 1 Avaliação 2 1 3 3 1 2 3 1 1 2 1 1 3 3 2 2 3 1 1 1 2 Figura 1. Animal 1 do grupo controle, extensão de vasos grau 4 e inflamação/calibre dos vasos grau 3. ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA - Variável extensão dos vasos: Para a variável extensão dos vasos a estimativa do coeficiente de Kappa foi igual 0,705 (Intervalo de Confiança de 95%: 0,514 - 0,895) indicando um bom grau de concordância entre as duas avaliações. A concordância fica melhor caracterizada nos graus mais extremos: grau 1, apresenta coeficiente de Kappa de 0,863 (IC 95% de 0,541 - 1) e grau 4, com coeficiente de Kappa de 0,824 (IC 95% 0,502 - 1). - Variável Grau de inflamação/Calibre dos vasos: a estimativa do coeficiente de Kappa foi igual a 0,500 (intervalo de confiança entre 0,269 e 0,731) indicando um bom grau de concordância entre as duas avaliações. A concordância apresenta-se fraca nos graus 1 e 2, apresentando coeficiente de Kappa 0,383 (IC 95% 0,061 - 0,706) e 0,339 (IC 95% 0,017 - 0,661), respectivamente, indicando certo grau de dúvida em vasos de calibre pequeno ou médio, havendo uma boa reprodutibilidade das avaliações em vasos de grande calibre (grau 3), apresentando coeficiente de Kappa 0,853 (IC 95% 0,531 - 1) (Tabela 1). COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS Nas análises subsequentes foi considerada a média das duas avaliações. VARIÁVEIS EXTENSÃO DOS VASOS E INFLAMAÇÃO/CALIBRE DOS VASOS Vinte e cinco dias após a queimadura química, o grupo estudo apresentou uma extensão dos vasos significativamente menor que o grupo controle. Em relação à inflamação/calibre dos vasos, apesar de encontrarmos valores menores no grupo estudo, a diferença não foi significativa (Tabela 2). Figura 2. Animal 1 do grupo estudo, classificado como grau 1 nas variáveis extensão dos vasos e grau de inflamação/calibre dos vasos. ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA Com relação ao estado do epitélio, somente um coelho do grupo estudo apresentou epitélio erosado (10%). No grupo controle, 3 coelhos apresentaram erosão do epitélio (37,5%), não havendo diferença estatisticamente significativa (Tabela 3). 50 74(1)13.pmd Foi realizada uma avaliação histológica quantitativa em relação ao número de polimorfonucleares encontrados por campo de grande aumento, não sendo encontrado diferença significativa entre os grupos estudo e controle (Tabela 4). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 48-52 50 29/3/2011, 09:12 M ELLO GHR, L UPION FG, ET AL. Tabela 1. Análise de concordância entre as avaliações Variável extensão dos vasos Classificação Grau 1 - vasos que avançam sobre o limbo corneano, chegando até ¼ da área queimada Grau 2 - vasos que chegam até ½ da área queimada Grau 3 - vasos que chegam até ¾ da área queimada Grau 4 - vasos que se estendem por toda a área queimada Kappa IC 95% Concordância 0,863 0,471 0,644 0,824 0541 - 1 0,149 - 0,794 0,322 - 0,967 0,502 - 1 Excelente Boa Boa Excelente Kappa IC 95% Concordância 0,383 0,339 0,853 0,061 - 0,706 0,017 - 0,661 0,531 - 1 Fraca Fraca Excelente Variável calibre dos vasos/grau de inflamação Classificação Grau 0 - sem vasos ou inflamação Grau 1 - pouca inflamação, vasos de pequeno calibre Grau 2 - reação inflamatória moderada, vasos de médio calibre Grau 3 - reação inflamatória intensa, vasos de grande calibre IC= intervalo de confiança Tabela 2. Análise das variáveis extensão, inflamação/calibre dos vasos entre os grupos Análise da variável extensão dos vasos entre os grupos Grupo n Mediana Mínimo Máximo Valor de p Controle Experimento 08 10 3,75 2,50 3 1 4 4 0,004* Análise da variável inflamação/calibre dos vasos entre os grupos Controle Experimento 08 10 2,25 1,75 1,5 1,0 3 3 0,360* *= teste não-paramétrico de Mann-Whitney Tabela 3. Análise comparativa do estado do epitélio entre os grupos Epitélio Grupo Erosado Íntegro Total Controle Estudo 3 (37,5%) 5 (62,5%) 8 1 (10%) 9 (90%) 10 Valor de p=0,274 Teste exato de Fischer Tabela 4. Análise do numero de polimorfonucleares entre os grupos Grupo n Mediana Mínimo Máximo Valor de p Controle Experimento 08 10 10,0 09,5 1 0 70 70 0,408* *= teste não-paramétrico de Mann-Whitney DISCUSSÃO Neste trabalho procurou-se avaliar o efeito do bevacizumabe em modelo experimental de córnea de coelho. Para a investigação de uma substância antiangiogênica necessita-se de um modelo que permita acessibilidade, visibilidade e acompanhamento temporal do crescimento dos vasos sanguíneos. O coelho foi escolhido por apresentar estas características(17-19). De acordo com a análise estatística realizada com os dados obtidos da pesquisa confirmou-se que o método utilizado repro- duziu adequadamente o que ocorreu com os vasos. Estes resultados obtidos mostraram que o método utilizado pode ser reproduzido para avaliação de outras drogas antiangiogênicas na córnea. A diminuição da extensão dos vasos comprova o efeito esperado da droga nas queimaduras químicas e está de acordo com os dados encontrados na literatura recente(20-21). Os estudos também mostram que o efeito da droga é maior se esta é aplicada simultaneamente com a cauterização química. Considerando que a presença de neovasos é um fator conhecido de mau prognóstico em transplante de córnea, além de interferir na transparência corneana e causar baixa acuidade visual(1), a droga tem potencial para melhora de prognóstico em casos de queimadura química, principalmente naqueles casos em que seria realizado um transplante de córnea em um momento posterior. O grau de inflamação foi avaliado visto que existem estudos que, apesar da droga não apresentar efeitos anti-inflamatórios diretos, mostram evidencias de um efeito em fibroblastos(21-22). A ação na inflamação aguda ainda não havia sido estudada mais profundamente, sendo sugerido uma diminuição na invasão de neutrófilos na ferida(23). Os resultados mostraram que a droga não tem um efeito anti-inflamatório clinicamente significativo. Isso corrobora que a inflamação possui varias vias e que a inibição da via do VEGF não possibilita um controle adequado da inflamação. O estudo histopatológico do número de polimorfonucleares mostrou um número menor dessas células inflamatórias nas córneas do grupo estudo comparado ao grupo controle. Entretanto, os números não obtiveram significância estatística, indo de acordo com os dados anteriormente citados de que o efeito direto da droga na inflamação aguda não é significativo. Os efeitos sobre a inflamação aguda podem ocorrer devido à diminuição do aporte sanguíneo e consequentemente a uma maior dificuldade para as células inflamatórias chegarem ao local da inflamação e não por um efeito direto da droga nos mecanismos celulares como ocorre com o corticóide. A associação do bevacizumabe com corticóide mostrou em estudo recente(24) não ter efeito sinérgico ou aditivo em relação a inibição da neovascularização corneana. Entretanto, a modulação dos efeitos deletérios do processo inflamatório intenso com essa associação não foi avaliada. São necessários mais estudos para estabelecer a segurança desta associação, pois a inibição intensa da inflamação e da neovascularização combinadas podem levar a um quadro teórico de morte celular por hipóxia aguda, devido à inibição de todos os mecanismos fisiológicos envolvidos em um quadro isquêmico desta natureza(25). A opacidade resultante da queimadura química não foi avaliada no presente estudo. O efeito do bevacizumabe foi avaliado na literatura recente(21), que mostrou não haver alteração significativa no grau de opacidade final. O estudo da associação do bevacizuma- Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 48-52 74(1)13.pmd 51 29/3/2011, 09:12 51 A ÇÃO DO BE V A C I Z U M A B E S U B C O N J U N T I V A L NA N E O V A S C U L A R I Z A Ç Ã O E R E - E P I T E L I Z A Ç Ã O C O R N E A N A be com drogas como corticóides ou ciclosporina, drogas com efeito direto que comprovadamente reduzem a opacidade corneana após a queimadura(26), é promissor. O estado do epitélio corneano foi avaliado, pois a droga tem o potencial de alterar a cicatrização, tendo sido descrito o atraso na cicatrização de feridas (Avastin®). O epitélio íntegro é fundamental no processo cicatricial, diminuindo a possibilidade de contaminação secundária da ferida, sendo o atraso na re-epitelização um fator negativo para o seu uso em lesões oculares. A comparação entre os dois grupos não mostrou um atraso na re-epitelização do grupo estudo, sugerindo segurança da droga em situações de defeito epitelial. Trabalhos recentes mostram um atraso no fechamento epitelial(27) contrastando com o resultado encontrado no presente estudo. Entretanto, o tratamento foi realizado com bevacizumabe tópico várias vezes ao dia, no qual a droga tem um contato direto com o epitélio corneano; enquanto no presente trabalho foi realizado aplicação subconjuntival, em que a droga não atinge as células epiteliais diretamente. Supõe-se então que esta seja a via mais segura, visto que neste estudo não prejudicou a re-epitelização. Estudo utilizando bevacizumabe subconjuntival com análise de re-epitelização em ratos(28) também mostrou que a droga tem o potencial de acelerar a regeneração da membrana basal, podendo ter efeito benéfico no fechamento da ferida (em contraste com o atraso na re-epitelização causado por corticóides). A neovascularização induzida pela queimadura foi suprimida, porém não totalmente. Isso se deve possivelmente ao VEGF não ser a única via angiogênica e mesmo como tratamento, outros fatores pró-angiogênicos continuam agindo como TGF-Beta e o fator de crescimento de fibroblasto(19). Sugere-se que o bevacizumabe não deve ser utilizado como monoterapia e pode ser parte do tratamento para quadros agudos agindo em conjunto com outras drogas como corticóides. Estudos com outros quadros devidos a neovasos antigos como a retinopatia diabética(19,29) mostram uma recidiva importante dos vasos após a supressão do medicamento, devendo o tratamento ser realizado seguidamente. Para quadros agudos de neovascularização como queimaduras ou início de neovascularização após um transplante de córnea, o efeito da droga ainda não foi extensivamente estudado e é possível que se diminuirmos o estímulo angiogênico na fase aguda, com o uso de inibidores específicos como o bevacizumabe, podemos ter uma diminuição dos neovasos a longo prazo, já que nesses casos o estímulo angiogênico é de curta duração e não parte da fisiopatologia da doença como na retinopatia diabética. Esse tratamento seria então muito benéfico a longo prazo, podendo inclusive facilitar tratamentos como um transplante de córnea em um momento posterior. O bevacizumabe tem potencial para uso em casos graves que geralmente apresentam prognóstico reservado e sem tratamentos eficazes atualmente disponíveis. Várias linhas de pesquisa sobre a droga podem ser exploradas utilizando doses, vias de administração e períodos diferentes, com ênfase em um prazo mais longo. CONCLUSÕES O modelo experimental é adequado e pode ser reproduzido e utilizado para avaliar outras drogas antiangiogênicas na córnea. O estudo revelou que há uma diferença estatisticamente significativa em relação à extensão dos vasos, sendo menor no grupo de estudo. Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à inflamação ou calibre dos vasos, tanto pela análise fotográfica como para estudo histopatológico. A droga não atrasou a re-epitelização da córnea após a queimadura. AGRADECIMENTOS Ao professor Dr. Oswaldo Malafaia, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Princípios de Cirurgia do Hospital Universi52 74(1)13.pmd 25 DIAS APÓS QUEIMADURA QUÍMICA tário Evangélico de Curitiba e da Faculdade Evangélica do Paraná, pela oportunidade de desenvolvimento da pesquisa no Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM). REFERÊNCIAS 1. Chang JH, Gabison EE, Kato T, Azar DT. Corneal neovascularization. Curr Opin Ophthalmol. 2001;12(4):242-9. 2. Lee P, Wang CC, Adamis AP. Ocular neovascularization: an epidemiologic review. Surv Ophthalmol. 1998;43(3):245-69. 3. Koay PY, Lee WH, Figueiredo FC. Opinions on risk factors and management of corneal graft rejection in the United Kingdom. Cornea. 2005;24(3):292-6. 4. Kuckelkorn R, Schrage N, Keller G, Redbrake C. Emergency treatment of chemical and thermal eye burns. Acta Ophthalmol Scand. 2002;80(1):4-10. Review. 5. Kvanta A. Ocular angiogenesis: the role of growth factors. Acta Ophthalmol Scand. 2006; 84(3):282-8. 6. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 48-52 52 29/3/2011, 09:12 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Posterior scleral tuberculoma: case report Tuberculoma escleral posterior: relato de caso ANTONIO AUGUSTO VELASCO E CRUZ1, FERNANDO CHAHUD2, RODRIGO FELDMAN1, PATRICIA MITIKO SANTELLO AKAISHI1 ABSTRACT RESUMO Posterior scleral tuberculoma formation is an extremely rare condition. The few reports on scleral involvement in tuberculosis refer to cases of anterior scleritis. In the present manuscript we describe a patient who had rheumatoid arthritis and developed a large posterior scleral tuberculoma. The lesion provoked retinal detachment and visual loss and was diagnosed only after enucleation due to a misdiagnosis of choroidal melanoma. A formação de granuloma tuberculoso na esclera posterior é um evento extremamente raro. Os poucos relatos de acometimento escleral na tuberculose referem-se a casos de esclerite anterior. No presente trabalho é descrito um caso de granuloma escleral posterior em um paciente portador de artrite reumatóide. A lesão provocou descolamento da retina e perda visual e só foi diagnosticada após enucleação por suspeita de melanoma de coróide. Keywords: Tuberculosis, ocular/diagnosis; Tuberculosis, ocular/immunology; Mycobacterium tuberculosis; Sclera/pathology; Melanoma; Tuberculoma; Immunosupressive agents; Human; Female; Aged; Case reports Descritores: Tuberculose ocular/diagnóstico; Tuberculose ocular/imunologia; Mycobacterium tuberculosis; Esclera/patologia; Melanoma; Tuberculoma; Imunossupressores; Humano; Feminino; Idoso; Relatos de casos INTRODUCTION uberculosis (TB) is an ancient illness that remains a global public health problem leading to approximately 1.6 million deaths each year(1). The disease is caused by the Mycobacterium tuberculosis and in rare instances by other members of M. tuberculosis complex such as M. bovis, M. africanum and M. canetti(2). TB can affect any organ or tissue and is typically associated with granuloma formation. In the eye, large lesions (tuberculomas) are usually found only in the choroid(3). In the present report we describe a large posterior scleral tuberculoma that was misdiagnosed as choroidal melanoma. At our best knowledge this is the first well documented case of posterior scleral tuberculosis granuloma. total retinal detachment overlying a posterior intraocular mass. Topographic and magnetic resonance images revealed that the intraocular mass had no orbital extension. As the findings were compatible with coroidal melanoma, enucleation was advised. After surgery, macroscopic examination disclosed a large (20 x 6 mm) justapapilary scleral nodule (Figure 1). Microscopic examination revealed a granuloma with caseation limited to the sclera. Acid-fast bacilli were found in sections with Ziel-Nielsen staining (Figure 2). A systemic work-up did not show any evidence of tuberculosis elsewhere. T CASE REPORT A 66-year-old woman presented with a 3-month history of vision loss in the right eye. The patient was diabetic and had rheumatoid arthritis which had been treated for 8 years with desflazacort (5 mg/ day); naproxeno (500 mg/day) and leflunomide (20 mg/day). Purified protein derivative (PPD) test was negative and chest radiograph was normal. The visual acuity was no light perception in OD and 20/30 in OS. Examination of the left eye was unremarkable. In OD there was a dense cataract with 360º posterior synechiae which precluded fundus view. B-scan ultrasonography demonstrated a Study carried out at the Department of Ophthalmology, Otorhinolaringology and Head and Neck Surgery, Hospital das Clínicas of Ribeirão Preto - USP, Brazil. 1 2 MD, Department of Ophthalmology, Otorhinolaringology and Head and Neck Surgery, Hospital das Clínicas of Ribeirão Preto, São Paulo University, Ribeirão Preto (SP), Brazil. MD, Department of Pathology, Hospital das Clínicas of Ribeirão Preto, São Paulo University, Ribeirão Preto (SP), Brazil. Correspondence address: Patricia Mitiko Santello Akaishi. Hospital das Clínicas - Campus. Av. Bandeirantes, 3.900 - Ribeirão Preto (SP) - CEP 14049-900 E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 05.05.2009 Última versão recebida em 30.03.2010 Aprovação em 05.04.2010 DISCUSSION It is well known that after the primary pulmonary infection, M. tuberculosis bacilli can spread by lymphohematogenous route and remain dormant inside macrophages over long periods of time. During this latency period the balance between the host immune response and the pathogen can be altered any time in life producing clinical disease in almost every organ of the body (extrapulmonary TB)(2). Granuloma formation is the hallmark of TB. Its function is to contain M. tuberculosis at the site of infection and to prevent dissemination of the pathogen. Morphologically granulomas are formed by a central necrotic core surrounded by layers of macrophages, epithelioid cells, multinucleated Langhans giant cells and lymphocytes(4). The most common clinical presentation of intraocular TB is uveitis(3). In the majority of cases the diagnostic is presumed due to the difficult in microbiological examination(5). Scleral involvement is extremely uncommon. Only a few cases of anterior scleritis have been reported(6). In the eye large granulomas are seen only in the choroid as solitary masses mimicking a tumor(3). We believe that our case is the first well documented large posterior TB scleral granuloma. Different populations of T cells control the granuloma organization(4) and certainly the chronic use of immunosuppressant agents weakened the immune system of our patient provoking the development of such large lesion. The sclera around the optic nerve is perforated by branches of the short ciliary arteries. The rich vascular plexus of this region explains the location of this unique granuloma. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 53-4 74(1)01.pmd 53 29/3/2011, 09:16 53 POSTERIOR SCLERAL TUBERCULOMA: CASE REPORT Figure 1. Left: Nodular, yellowish scleral lesion, posterior to the equator causing deformity of the eyeball and total retinal detachment. Right: The lesion is composed of several granulomas with central caseous necrosis (H&E, panoramic). Figure 2. Granulomatous reaction with central necrosis affecting the sclera. The arrow points to a multinucleated giant cell of the Langhans type at the periphery of the granuloma (H&E, 100x). Inset: Special stain demonstrated acid fast bacilli (arrow) among the inflammatory infiltrate (ZiehlNeelsen, immersion). REFERENCES 1. World Health Organization. Global tuberculosis control: surveillance, planning, financing [Internet]. Geneve: WHO; 2007. (WHO/HTM/TB/2007.376). [cited 2010 Jul 27]. Available from: http://www.who.int/tb/publications/global_report/2007/pdf/full.pdf 2. Fitzgerald D, Haas DW. Mycobacterium tuberculosis. In: Mandel GL, Bennett JE, Dolin R, editors. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious disease. Philadelphia: Elsevier Churchill Livingstone; 2005. p.2852-86. 54 74(1)01.pmd 3. Gupta V, Gupta A, Rao NA. Intraocular tuberculosis - an update. Surv Ophthalmol. 2007; 5(6)2:561-87. 4. Ulrichs T, Kaufmann SH. New insights into the function of granulomas in human tuberculosis. J Pathol. 2006;208(2):261-9. 5. Almeida SR, Finamor LP, Muccioli C. [Ocular manifestation in patients with tuberculosis]. Arq Bras Oftalmol. 2006;69(2):177-9. Portuguese. 6. Saini JS, Sharma A, Pillai P. Scleral tuberculosis. Trop Geogr Med. 1988;40(4):350-2. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):53-4 54 29/3/2011, 09:16 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Ichthyosis follicularis, alopecia and photophobia syndrome (IFAP): report of the first case with ocular and cutaneous manifestations in Brazil with a favorable response to treatment Síndrome de ictiose folicular, alopécia e fotofobia (IFAP): relato do primeiro caso com acometimento ocular e cutâneo do Brasil e da resposta favorável ao tratamento LUISA MOREIRA HÖPKER1, CHRISTIE GRAF RIBEIRO2, LUCIANE MOREIRA OLIVEIRA3, ANA TEREZA RAMOS MOREIRA3 ABSTRACT RESUMO Ichthyosis follicular, alopecia, and photophobia (IFAP) syndrome is a rare disease, with possible X-linked mode of inheritance. The patient presented with ocular findings of photophobia, corneal scarring and erosions, superficial and deep corneal vascularization and myopia. He was treated with artificial tears and punctal occlusion with small improvement of photophobia. After three months using systemic retinoid (Acitretina) and posterior amniotic membrane transplantation in the left eye, there was a significant improvement of photophobia, corneal erosions and neuropsychomotor development. A síndrome de ictiose folicular, alopecia e fotofobia (IFAP) é uma doença rara, com possível modo de herança ligado ao cromossomo X. O paciente apresentou achados oftalmológicos de fotofobia, cicatrizes e erosão corneanas, neovascularização superficial e profunda da córnea e miopia. Foi iniciado uso de lubrificantes e oclusão do ponto lacrimal com discreta melhora da fotofobia. Após uso de retinóide sistêmico (Acitretina) por três meses e posterior transplante de membrana amniótica no olho esquerdo apresentou melhora importante da fotofobia, das erosões corneanas e do desenvolvimento neuropsicomotor. Keywords: Ichthyosis/diagnosis; Alopecia/diagnosis; Photophobia/diagnosis; Ichthyosis/genetics; Alopecia/genetics; Photophobia/genetics; Ichthyosis/drug therapy; Alopecia//drug therapy; Photophobia/drug therapy; Retinoids/therapeutic use; Amnion/transplantation; Chromosomes, human, X Descritores: Ictiose/diagnóstico; Alopecia/diagnóstico; Fotofobia/diagnóstico; Ictiose/ genética; Alopecia/genética; Fotofobia/genética; Ictiose/quimioterapia; Alopecia/ quimioterapia; Fotofobia/quimioterapia; Retinóides/uso terapêutico; Âmnio/transplante; Cromossomos humanos X; Relatos de casos INTRODUCTION he ichthyosis follicular, alopecia, and photophobia (IFAP) syndrome was first described by MacLeod in 1909(1). Up to now nearly twenty-five cases were described. This is the first ophthalmology case described in detail in Brazil. The X-linked recessive mode of inheritance was at first considered, though lately an autosomal pattern has been suggested(2). More recently Oeffner et al. showed the mutation of the gene MBTPS2 associated with the IFAP phenotype(3). This syndrome shows ocular findings such as photophobia, corneal scarring and corneal erosion(1,4-5). The photophobia seems to be due to corneal defects such as central leucoma, recurrent epithelial erosions, neovascularization and potential ulcers5. This report describes a case of ichthyosis follicularis, alopecia and photophobia (IFAP), its ocular findings and discusses therapeutic treatment approaches. T Study carried out at Vision Center, Department of Ophthalmology and Otorrhinolaryngology, Hospital de Clínicas, Federal University of Paraná - UFPR - Curitiba (PR), Brazil. 1 2 3 MD, Ophthalmology Service, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. MD, Ophthalmology Service, Hospital de Clínicas, Federal University of Paraná - UFPR - Curitiba (PR), Brazil. MD, PhD, Ophthalmology Service, Hospital de Clínicas, Federal University of Paraná - UFPR - Curitiba (PR), Brazil. Correspondence address: Luisa Moreira Höpker. Av. Munhoz da Rocha 98, Apto. 31 - Curitiba (PR) - CEP 80035-000 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 25.07.2009 Última versão recebida em 29.03.2010 Aprovação em 30.03.2010 The authors have no commercial interest in the medication used by the patient. The medication used was the one available in the Public Health System. Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência do Dr. Paulo Pierre Filho sobre a divulgação de seu nome como revisor, agradecemos sua participação neste processo. CASE REPORT A three-year and three-month-old white male patient was referred to the ophthalmology department with alopecia, loss of eyelashes and eyebrows, xerosis and photophobia since 4 months of age. The intense photophobia made impossible for him to open his eyes before the end of the day. The boy was born at term by natural birth, weighing 3,300 g. He presented sickle cell trait. He showed delayed speech and low weight. His family history shows that he had non-consanguineous caucasian parents. There was no history of similar illness in the family. The dermatological examination showed skin phototype II, areas of capillary rarefaction, thin and brittle hair with the presence of follicular papules, severe xerosis, residual hypochromic macules and no evidence of traction, therefore excluding a diagnosis of psoriasis. He presented loss of eyelashes and eyebrows (Figure 1A). Under optical microscopy the hair presented trichorrhexis nodosa (Figure 1B). A skin biopsy showed hyperkeratosis with follicular plugging (Figure 1C). Vitamin A deficiency was excluded by direct determination. On examination the child showed intense photophobia (Figure 1C) and visual acuity of 20/130 measured by Teller Acuity Cards in both eyes. At biomicroscopy, a more severe diffuse bilateral corneal erosion was observed on the left eye, bilateral central leucoma and bilateral superficial and deep corneal neovascularisation (Figure 2 A). His eyelids had no abnormalities, the tear strip had 0.2 mm in both eyes, no Schirmer’s test was performed. The intraocular pressure was of 8 mmHg in both eyes and cycloplegia of -1.00 diopter in Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 55-7 74(1)08.pmd 55 18/4/2011, 11:52 55 ICHTHYOSIS F OL L ICULA R I S , ALOPECIA AND PHOT OPHOBI A S Y N D R O M E C UT A N E OUS M A N IF E ST A T I ONS IN B RAZIL (IFAP): REPORT OF THE F I R S T CASE WITH OCULAR AND WITH A FAVORABLE RE S P O N S E TO TREATMENT alopecia and, in some cases, thin and sparse hair are also a finding in this syndrome1. Differential diagnoses are made with otherwise rare diseases and several clinical and epidemiological characteristics must be considered (Table 1). The ocular findings are photophobia, corneal scars, punctate keratopathy, corneal erosion, allergic keratoconjunctivitis, superficial and deep corneal neovascularization, horizontal nystagmus, and myopia(1,5-6). Myopia appears to be caused by deprivation of the adequate growth of the eyeball(1,6). Corneal changes are caused by modification of the tear film and recurrent atopic keratoconjunctivitis(1,6). Photophobia may exist since birth or may have developed later(1,6). Vision is generally low (5) and appears to be due to central leucoma. Fundus findings may vary from vascular tortuosity, staphyloma and no change (5). Regarding neurological findings, delayed neuropsychomotor development is a common feature of most patients. There are reported cases of mental retardation, epilepsy and other neurological findings(4). Retinoids, such as Acitretin, have been used in genetic disorders from keratinization in children(7) due to action in the mechanisms of cell proliferation and differentiation. Different aspects of the favorable clinical response occurred, in average, after the third month of the beginning of the treatment(8). There are reports of improvement in the fluorescein pattern in IFAP with 6 months of use of Acitretin. However, photophobia and corneal neovascularization showed no improvement (3). Photophobia shows to have spontaneously improved in some cases. In the present study, the use of Acicretin showed an improvement in the fluorescein pattern, as described in the literature(4). Clinical response was observed in the second month of treatment, before what was previously described(8). Persistent epithelial defects are difficult to treat and are caused by inflammation of the ocular surface, damage to stem cells and the epithelium basement membrane. Although less frequently applied both eyes. He was prescribed glasses with photochromic lenses and started regular use of lubricant eye drops and lubricant gel. After two months using regularly lubricant eye drops there was no improvement in erosion, neovascularization and leucoma, however, photophobia had a small improvement. After that, the use of therapeutic contact lenses was an option but the frequent lens drop-out prevented their use. So, a permanent occlusion of the lower lachrymal point of both eyes was performed with mild bilateral corneal erosion improvement. As the patient still complained of photophobia, Acitretin at 10 mg/day was administered orally. After 2 months of use of this medication an improvement of the fluorescein pattern and photophobia was noted, with no change in neovascularization and leucoma. The use of systemic retinoid (Acitretin) was suspended due to lack of supply of this medication by the Public Health System. As there was still a significant phothophobia in the left eye, with the child closing it and preventing him from carrying out his normal activities, after 1 year and 4 months of the beginning of the treatment, an amniotic membrane graft in the left eye was an option. This eye had greater epithelium erosion and worse response to the previous treatment. The technique used was to suture the membrane with continuous stitch on the cornea with 10.0 nylon and on the conjunctiva with vicryl 8.0, covering the entire cornea and limbal area. There was an improvement in epithelialization and leucoma (Figure 2 B), and photophobia in this eye. The patient made use of topical corticosteroid for 2 months after surgery and since then until the follow-up of 8 months makes use of lubricant, showing stability. The child showed improvement in mood, behavioral change, increasing his activities and gaining weight. DISCUSSION Characteristics of the IFAP syndrome are cutaneous manifestations such as significant xerosis and follicular papules(6). Total A B C Figure 1. A) Loss of eyebrows and eyelashes. Intense photophobia; B) Optical microscopy 100X. Hair with Trichorrhexis nodosa; C) Optical microscopy Hematoxylin and Eosin 100X. Back skin biopsy with hyperkeratosis and follicular plugging. A B Figure 2. A) Left eye: Corneal leucoma, epithelial erosion, superficial and deep neovascularisation; B) Left eye: Improvement of corneal leucoma, epithelial erosion and neovascularisation. 56 74(1)08.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):55-7 56 18/4/2011, 11:52 H ÖPKER LM, R IBEIRO CG, ET AL. Table 1. Differential diagnoses of IFAP syndrome Dermatological and systemic findings Syndrome Ichthyosis, photophobia, alopecia (IFAP) Mode of inheritance Follicular hyperkeratosis, congenital alopecia, hyperkeratosis. Onset at birth or during the first year. X-linked/autosomal dominant. Nonbullous congenital ichthyosiform erythroderma (CIE) Fine white scales, erythroderma, palmoplantar keratoderma, alopecia, loss of eyebrows. Onset at birth or during the first year. Classic lamellar ichthyosis Ocular findings Reference Photophobia, punctate keratopathy, erosion, corneal scarring Cursiefen C, 1999 Autosomal recessive. Loci 2q33-q35; 14q11.2, 17p13.1; 19p13.1-p13.2; 19p12-q12. Ectropion Akiyama M, 2003 Large, dark, platelike scales, erythroderma, hyperkeratosis. Onset at birth or during the first year. Autosomal recessive Loci 14q11 and 2q33-35. Severe ectropion, cicatricial lagophthalmos, blepharitis Sjogren-Larsson Congenital ichthyosis, Intellectual disability, spastic diplegia or tetraplegia. Onset in the first year of life. Autosomal recessive. Aldehyde dehydrogenase (FALDH) deficiency Locus 17p11. Pigmentary changes in the retina X-linked ichthyosis Generalized desquamation of large, adherent, dark brown scales, cryptorchidism. Onset at birth. Steroid sulfatase (STS) deficiency. Locus Xp22.3. Corneal opacity Keratosis follicularis spinulosa decalvans (KFSD) Follicular hyperkeratosis, progressive cicatricial alopecia, fissuring of the palms and soles. Onset on childhood. X-linked/autosomal dominant Locus Xp22.1. Photophobia, blepharitis, ectropion, and corneal degeneration Deficiency of MBTPS2. in children, amniotic membrane was a useful option here to revert chronic epithelial defect. Moreover, it could also be considered as a carrier of limbal stem cells, as recently reported(9-10). The results remain the same until the moment when 8 months of follow-up was completed. The child showed behavioral changes, adequate growth and weight gain. The treatment as a whole had a positive impact on the child’s quality of life, as the left eye was the one that was closed for the most time of the day before the surgery. 3. 4. 5. 6. 7. ACKNOWLEDGE3MENTS We acknowledge the cooperation of Dr. Daniel Wasilewski and Dr. Gleison Rezende Pantaleão and Dr. Daniela Seidel. 8. 9. REFERENCES 1. MacLeod JMH. Three cases of “ichthyosis follicularis” associated with baldness. Br J Dermatol. 1909;21:165-89. 2. Cursiefen C, Schlötzer-Schrehardt U, Holbach L, Pfeiffer RA, Naumann GO. Ocular 10. Pinna A, 2004 Aslam AS, 2007 Hernández-Martín A, 1999 Bellet JS, 2008 findings in ichthyosis follicularis, atrichia, and photophobia syndrome. Arch Ophthalmol. 1999;117(5):681-4. Oeffner F, Fischer G, Happle R, König A, Betz RC, Bornholdt D, et al. IFAP syndrome is caused by deficiency in MBTPS2, an intramembrane zinc metalloprotease essential for cholesterol homeostasis and ER stress response. Am J Hum Genet. 2009;84(4):459-67. Khandpur S, Bhat R, Ramam M. Ichthyosis follicularis, alopecia and photophobia (IFAP) syndrome treated with acitretin. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2005; 9(6): 759-62. Traboulsi E, Waked N, Mégarbané H, Mégarbané A. Ocular findings in ichthyosis follicularis-alopecia-photophobia (IFAP) syndrome. Ophtalmic Genet. 2004;25(2): 153-6 Eramo LR, Esterly NB, Zieserl EJ, Stock EL, Herrmann J. Ichthyosis follicularis with alopecia and photophobia. Arch Dermatol. 1985;121(9):1167-74. Ruiz-Maldonado R, Tamayo-Sanchez L, Orozco-Covarrubias ML. The use of retinoids in the pediatric patient. Dermatol Clin. 1998;16(3):553-69. Brito MFM, Sant’Anna IP, Figueiroa F. Avaliação laboratorial dos efeitos colaterais pelo uso da acitretina em crianças portadoras de ictiose lamelar: seguimento por um ano. An Bras Dermatol. 2004;79(3):283-8. Ricardo JRS, Barros SL, Santos MS, Souza LB, Gomes JAP. Transplante de membrana amniótica em casos agudos graves de queimadura ocular química e síndrome de StevensJohnson. Arq Bras Oftalmol. 2009;72(2):215-20. Gomes JAP, Pazos HSB, Silva ABE, Cristovam PC, Belfort Júnior R. Transplante de célulastronco epiteliais límbicas alógenas expandidas ex vivo sobre membrana amniótica: relato de caso. Arq Bras Oftalmol. 2009;72(2):254-6. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 55-7 74(1)08.pmd 57 18/4/2011, 11:52 57 R ELATOS DE C ASOS | C ASE R EPORTS Fístula liquórica traumática com luxação de globo ocular: relato de caso Management of globe luxation followed by traumatic liquoric fistula: case report FILIPE JOSÉ PEREIRA1, RONALDO BRANDÃO DE PROENÇA BETTEGA1, ANTONIO AUGUSTO VELASCO E CRUZ2 ABSTRACT RESUMO This report describes the only case in the literature of globe luxation due to traumatic cerebrospinal fluid fistula to the orbit caused by fire gun with ocular globe maintenance. E.N., female, white, 7 months, admitted with left orbitocranial injury by fire gun. Ocular globe luxation was detected with complete ocular motility restriction and absence of pupillary reflex in the left orbit. Computed tomography showed fracture of the medial orbital wall; bone fragments near the apex of the orbit and a stretched optic nerve. Surgical exploration was performed, showing liquor fistula through the ethmoid-sphenoid wall that was blocked with sponge (Gelfoam®) plus organic glue in the left orbit posterior wall, with immediate resolution of the proptosis and ocular integrity maintenance. Although controversial, maintenance of the ocular globe instead of enucleation was performed due to the integrity of the globe in this case. Despite the blindness, we considered the result to the proposed treatment excellent, once the maintenance of the ocular globe provides a good appearance and will contribute to an adequate facial bone development. O presente estudo apresenta o único caso de luxação de globo ocular devido fístula liquórica traumática em vítima de trauma órbito-cerebral por projétil de arma de fogo com a preservação do globo ocular. E.N., feminino, branca, 7 meses, admitida com ferimento por projétil de arma de fogo em região órbito-craniana esquerda. Apresentava luxação de globo ocular esquerdo com restrição completa da motilidade ocular e reflexo fotomotor ausente à esquerda. À tomografia: fraturas da parede medial da órbita; fragmentos ósseos próximos ao ápice da órbita. Realizou-se exploração cirúrgica, evidenciando-se fístula liquórica através de fratura etmoidoesfenoidal a qual foi tamponada com esponja (Gelfoam®) e cola orgânica na parte posterior da parede medial da órbita esquerda, com regressão imediata da luxação do globo ocular, sendo o mesmo mantido íntegro. Embora controversa na literatura, optou-se pela preservação do globo ocular à enucleação, visto que o mesmo estava íntegro. Apesar da cegueira, consideramos um excelente resultado ao tratamento proposto, tendo em vista que a preservação do globo ocular provém uma boa aparência, favorecendo também o desenvolvimento ósseo da face. Keyword: Fistula; Cerebrospinal fluid; Eye injuries; Wounds, gunshot/complications; Orbit/pathology; Optic nerve injuries/surgery; Tomography, x-ray; Human; Female; Infant; Case reports Descritores: Fístula; Líquido cefalorraquidiano; Traumatismos oculares; Ferimentos por arma de fogo/complicações; Orbita/patologia; Traumatismos do nervo óptico/ cirurgia; Tomografia por raios x; Humanos; Feminino; Lactente; Relatos de casos INTRODUCTION cular trauma is one of the main causes of ocular morbidity and blindness in children. It has great importance in public health, involving medical care, long-term of morbidity, school absence, long-term disabilities and economic impact. However, approximately 90% of ocular injuries could be prevented with relative simple methods because the highest incidence occurs in the domestic environment, followed by car accidents(1). According to some studies, cutting objects (35.1%) and noncutting objects (22.6%) are the principal causes of trauma, followed by fire weapons (6.9%); sand, dust and wood particles (6.6%); and chemical products (5.1%). Usually they are associated with craniumencephalic lesions and facial fractures. Males are more frequently reported (64.9%) to have eye injuries than females. Results varied across studies regarding the age-specific frequency of eye injuries, with some reporting a higher incidence in older children and others in younger children(2-5). Orbit fire gun lesions have several clinical aspects such as globe perforation; orbital celullitis; arteriovenous or cerebrospinal fluid fistula; fractures; ocular globe luxation; optic nerve lesion and others(2-5). There is only one case report in literature of globe luxation after optic nerve avulsion by gun fire, in a 38 years old patient, without light perception in the affected eye, which was submitted to enucleation(6). This study reports the only case in the literature of globe luxation due to traumatic cerebrospinal fluid fistula to the orbit by fire gun in a 7 month child. O Trabalho realizado no Departamento de Plástica Ocular do Hospital Governador Celso Ramos Florianópolis (SC) e Centro de Estudos de Oftalmologia Dr. Aramis Ritzmann Mendes. 1 2 Médico, Departamento de Plástica Ocular, Hospital Governador Celso Ramos - HGCR - Florianópolis (SC), Brasil. Médico, Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo - USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Filipe José Pereira. CCPO - Clínica Catarinense de Plástica Ocular. Rua Dom Jaime Câmara, 179 - Sl. 704/705 - Florianópolis (SC) - CEP 88015-120 E-mail: [email protected] Fontes de auxilio à pesquisa: livros oftalmológicos/publicações internet Recebido para publicação em 18.08.2008 Última versão recebida em 25.01.2010 Aprovação em 08.02.2010 58 74(1)11.pmd CASE REPORT E.N., female, 7m, admitted in the emergency of Hospital Infantil Joana de Gusmão (Florianópolis) with left orbito-cranial injury by gun fire. In 01.19.2003, the child was admitted in the intensive unit care with antibiotic therapy (ceftriaxone), followed by surgical exploration by neurosurgeon - projectile enter orifice and duramater cleaning, with removal of non-viable debris. On the 1st postoperative day (Figure 1) our first ophthalmological evaluation detected a luxation of the globe (previous to the neurosurgery) with complete restriction of ocular motility, superior eyelid hematoma, severe chemosis, and a fixed and dilated left pupil. Ophthalmoscopy was normal. A computed tomography (CT) was performed showing us hemorrhage and contusions at the base of the left frontal and temporal region and a projectile lodged in the left mastoid. Fractures of the lamina papiracea and posterior-medial orbit wall were found. Proptosis was due to the fluid collection in the superior-medial orbit portion. Bone fragments that points to optic nerve damage were present near the optic canal. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 58-60 58 2/4/2011, 15:30 P EREIRA FJ, B ETTEGA RBP, Surgical exploration was performed using an anterior approach, showing liquor fistula through the ethmoid-sphenoid wall that was blocked with sponge (Gelfoam®) plus organic glue in the left orbital posterior wall, with immediate resolution of the proptosis. After the surgery, she presented with left eyelid edema and normotensive orbit. Direct pupillary reflex on the left eye remained absent. (Figure 2) The patient had improved clinically. Last examination was performed on 08.10.2006 with good scar, and at that time it was noted that the patient had no motility restriction but a mild ptosis was detected (superior MRD = 2,5 mm). This ptosis will be treated at some time in the near future. DISCUSSION In the present study, a 7 month’s child was victim of orbitocranial injury by fire gun projectile with optic nerve lesion, orbital wall ET AL. fracture and intracranial foreign body. It is a difficult case because multiple complications are inherent and threatful, so it has to be treated as soon as possible with broad-spectrum parental antibiotics, tetanus prophylaxis and anticonvulsant medication (30% incidence of epilepsy). Survival rate is 90% when early surgical intervention to remove the foreign body is done, whereas nonintervention has a 30% survival rate. Ophthalmologic and neurosurgical evaluation with a careful follow-up are essential for any patient with penetrating orbitocranial injury(7-9). The nature of the foreign body influences the risk of infection, with wood and vegetable material providing the most infective sources, which does not fix in the presented case, wich is metallic material(8). The patient developed liquoric fistula, which was manifested by fluid leakage through the orbital structure and lids edema (8). In this case, the propellant force were created by the fire gun projectile, and by entering at the posterior orbital region, protrude Figure 1. 1st day after neurosurgery showing luxation of the globe, CT scan showing projectile, bone fragments and proptosis at left. Figure 2 . 1st day after liquoric fistula blockage and patient at 4 years-old. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 58-60 74(1)11.pmd 59 2/4/2011, 15:30 59 FÍSTULA L I Q U Ó R I C A T R A U M Á T I C A C O M L U X A Ç Ã O DE G L O B O O C U L A R : R E L A T O DE C A S O the ocular globe without breaking the optic nerve fibers at CT. The optic nerve lesion in its insertion at the ocular globe is facilitated by nerve fibers vulnerability at the optic disc and scleral wall fragility, by the crivous lamina. There are some papers describing that CT can be normal even with optic nerve avulsion(8-9). The orbital exploration should be done searching foreign bodies, signs of globe disruption and hemorrhages. Any type of traumatic enucleation can develop an orbital infection, liquor leakage, subaracnoidal hemorrhage, meningitis and hipotalamic break down, with endocrine disruption(6-10). Some authors recommend a quick replacement of the globe back to the orbit, since there is not an ocular globe posterior disruption (optic nerve avulsion only in the pre-laminar and crivous lamina portions). In these cases, a decrease on the edema and an improvement in the blood flow would avoid the ischemia and the phthisis bulbi development(7). Other authors suggest primary enucleation to the treatment of ocular globe luxation with optic nerve avulsion. We disagree, and according with several authors, we believe in the benefits of ocular globe maintenance, since in this case the globe was intact. One example is the case of an 18 months child, whose luxated globe, after a traumatic disruption of the optic nerve, were replaced to allow a symmetric facial development and a important psychological gain to the patient(10). A primary enucleation in ocular trauma is questionable, being indicated when a functional and anatomical restoration of the globe is impossible or to avoid the sympathethic ophthalmia occurrence. Therefore, it is mostly indicated only in the lost of ocular globe integrity(6-7,9-10). In this study, a liquor fistula to the left posterior-medial wall of the orbit were blocked with sponge (Gelfoam®) plus organic glue, 60 74(1)11.pmd with immediate resolution of ocular globe luxation and maintenance of globe integrity. The treatment was rapidly performed, after use of antibiotics and anticonvulsants by the pediatrician and neurosurgeon approach, showing the necessity of a multidisciplinary team to the correct treatment of orbitocranial trauma, decreasing the inherits risks(7,9). Instead the blindness, we considered an excellent result to the treatment proposed, so that the maintenance of ocular globe provides a good appearance, collaborating to the facial bone development, besides, release psychological consumption in enucleated patients and all its potential disturbances. REFERENCES 1. Negrel AD, Thylefors B. The global impact of eye injuries. Ophthalmic Epidemiol. 1998;5(3): 143-69. Comment in: Ophthalmic Epidemiol. 1998;5(3):115-6. 2. 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Slit-lamp examination showed bilateral conjunctival hyperemia, slight diffuse corneal edema, shallow anterior chamber and fixed and dilated pupil in both eyes. Splitting of the anterior layers of the iris with fibrillar degeneration extending for approximately one quadrant inferiorly was presented in each eye. Fundus examination showed opitc disc edema with no vascular tortuosity and no cup in both eyes. The condition was treated as bilateral acute angle-closure glaucoma in a patient with irisdoschisis. After medical treatment and improvement of visual acuity, perimetry revealed a significant visual field defect especially in left eye; this case represents a rare concurrence of acute angle-closure glaucoma and bilateral nonarteritic ischemic optic neuropathy. Although most cases of elevated intraocular pressure, including acute angle-closure glaucoma, do not result in optic disc edema and irreversible vision loss, variations in the vascular supply of the nerve optic head along with others ocular systemic risk factors, may predispose certain individuals to nonarteritic ischemic optic neuropathy during periods of elevated intraocular pressure. Paciente de 55 anos, sexo feminino, encaminhada para nosso serviço com história de perda de visão e aumento da pressão intraocular no olho esquerdo há uma semana seguida quatro dias após de perda visual no olho direito. À biomicroscopia hiperemia conjuntival bilateral, edema difuso da córnea, câmara anterior rasa e pupilas fixas e dilatadas em ambos os olhos. Separação do folheto anterior da íris no quadrante inferior estava presente em ambos os olhos. O exame do fundo do olho mostrava edema de disco sem tortuosidade vascular e sem escavação em ambos os olhos. O quadro clínico foi tratado como crise de fechamento angular bilateral num paciente com iridosquise. Após tratamento clínico e iridotomia bilateral com melhora da acuidade visual, a perimetria computadorizada revelou grave perda de campo visual, especialmente no olho esquerdo; este caso representa a rara ocorrência simultânea de crise de fechamento angular e neuropatia óptica isquêmica anterior não-arterítica bilateral. Embora a maioria dos casos com pressão intraocular elevada, incluindo crise de fechamento angular, não resulta em edema de disco e perda visual irreverssível, variações no suprimento vascular da cabeça do nervo óptico associados com outros fatores de risco sistêmicos, podem predispor certos indivíduos à neuropatia óptica isquêmica anterior durante períodos de elevação da pressão intraocular. Keywords: Iris diseases/diagnosis; Glaucoma, angle-closure; Optic neuropathy, ischemic; Case reports Descritores: Doenças da iris/diagnóstico; Glaucoma de angulo fechado; Neuropatia óptica isquêmica; Relatos de casos INTRODUCTION ridoschisis is a rare condition characterized by bilateral separation of the iris stroma, most commonly in the inferior quadrants of the eye. Glaucoma, mainly of the angle-closure type, occurs in approximately 50% of cases(1). The condition usually presents as a defect in the iris of older patients and by itself is rarely associated with ocular dysfunction although visual loss from corneal decompensation(2) or glaucoma may occur. In this paper, we report a patient that developed visual loss as a result of bilateral ischemic optic neuropathy following acute angle-closure glaucoma. Physicians, Division of Ophthalmology, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo - USP São Paulo (SP), Brazil. clinical improvement. Past medical history was completely unremarkable. On examination, visual acuity was hand movements in OD and light perception in OS. Slit-lamp examination showed bilateral conjunctival hyperemia, slight diffuse corneal edema, shallow anterior chamber and fixed and dilated pupil in both eyes. Splitting of the anterior layers of the iris with fibrillar degeneration extending for approximately one quadrant inferiorly was present in each eye. The clinical appearance was consistent with iridoschisis. Intraocular pressure was 42 mmHg in OD and 44 mmHg in OS. Gonioscopy revealed that the patient had narrow angles (Shaffer grade 0) for 360º in OU. Ultrasound biometry revealed axial lengths on A-scan of 20.42 mm in OD and 20.09 mm in OS. Fundus examination showed opitc disc edema with no vascular tortuosity and no cup in OU. Medical treatment with timolol, brimonidine, pilocarpine, prednisolone eye drops, manitol and acetazolamide, followed by YAG laser iridectomy achieved satisfactory IOP control. Two months later the best corrected visual acuity was 20/20 in OD and 20/200 in OS. Intraocular pressure was 11 mmHg OU with no medication and patent iridectomies. Optic disc edema progressively resolved and was followed by optic disc pallor in OU (Figure 1). Visual perimetry revealed a significant visual field defect especially in OS (Figure 2). Correspondence address: André Torricelli. Rua Vieira de Morais, 74 - Apto. 111A - São Paulo (SP) Zip Code 04617-000 - E-mail: [email protected] DISCUSSION Recebido para publicação em 27.09.2009 Última versão recebida em 07.02.2010 Aprovação em 08.02.2010 Iridoschisis is a rare disease with approximately 100 cases reported in the literature to date(3). Most patients are over 65 years I CASE REPORT A 55-year-old woman was referred to our clinic because of a one-week history of visual loss and raised intraocular pressure in the left eye (OS) followed 4 days later by visual loss in the right eye (OD). Glaucoma medication had been prescribed elsewhere without Work carried out at the Department of Ophthalmology - University of São Paulo - USP. 1 Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 61-3 74(1)12.pmd 61 18/4/2011, 11:52 61 BILATERAL NONARTERITIC ANTERIOR ISCHEMIC NEUROPATHY FOLLOWING ACUTE ANGLE-CLOSURE GLAUCOMA IN A P A T I E N T W I T H I R I D O S C H I S I S : C A S E R E P O R T Figure 1. Fundus photograph. OS OD Figure 2. Visual field evidencing the visual loss. old and the condition is usually bilateral. The etiopathogenesis is not clearly understood but has most commonly been considered as an age-related atrophy(4). Visual loss is uncommon, usually caused by glaucoma, maily angle-closure from pupillary block, and corneal decompensation secondary to iridocorneal touch(2,5). The prognosis of the visual loss in acute angle-closure glaucoma (AACG) is related with the duration and the severity of acute attack; a long duration of acute attack and very high IOP may cause permament damage to the optic disk. Nonarteritic anterior ischemic optic neuropathy (NAION) is the most common cause of acute optic neuropathy after age 50, but may also occur in younger patients. NAION is presumably secondary to small vessel disease of the short posterior ciliary arteries, with resultant hypoperfusion and infarction of the anterior optic nerve. The diagnosis is based on clinical findings including painless visual loss associated with a relative afferent pupillary defect and disc edema. In almost all cases, there is an underlying crowded optic disc with a small cup-to-disc ratio. The visual prognosis is usually poor, although up to 43% of patients may improve over time. The fellow eye is involved in up to 15% of patients within 5 years, but the risk of recurrence in the same eye is less than 5%. There is no treatment for acute NAION but it is essential to evaluate these patients for underlying treatable atheromatous vascular risk factors and to prevent precipitating factors such as blood loss, sleep apnea syndrome or nocturnal hypotension(6-8). 62 74(1)12.pmd The association of NAION with acute glaucoma has been described in only a few reports, Slavin et al.(9) in 2001 reported a case of NAION developing in both eyes of a patient that developed sequential acute angle-closure glaucoma; Irak I et al.(10) in 2003 described a 41-year-old woman with NAION and glaucomatocyclitic crisis (Posner-Schlossman syndrome) and Nahum Y et al.(11) in 2008 described a 59-year-old hyperopic woman with NAION following by a acute angle-closure glaucoma. In these reports, NAION was attributed to an acute IOP rise with resultant perfusion decrease in optic nerve supplying vessels. Fundoscopic examination in previously reported cases and the patient presented in this paper demonstrate diffuse optic disc edema with or without hemorrhages on the disc margin and the presence of a small cup-to-disc ratio. Automated perimetry in previously reported cases revealed: a superior altitudinal visual field defect, dense superior and inferior arcuate defects and an inferior altitudinal defect (9-11). Most of these clinical characteristics are similar to those found in cases with typical NAION, not related to glaucoma although in the latter the disc edema tends to be segmental and the altitudinal field defect generally occurs inferiorly. The presence of optic disc with small or absent physiologic cup is a frequent finding in both in typical NAION and in cases secondary to acute glaucoma(6-7). Therefore, although we can find some differences and similarities in clinical findings of patients with NAION after acute rise of IOP and patients with typical idiopathic NAION, the number of cases of NAION after acute glaucoma is so small that one a clear distinction between the two modalities of ischemic optic neuropathies cannot be established. NAION triggered by acute glaucoma should also be differentiated from the usually mild, optic disc edema that has been observed acute elevation of the intraocular pressure (1). In fact, congested and edematous optic discs were observed in the first week after experimentally induced acute glaucoma in the owl monkey. A marked reduction in the blood flow was observed in the optic nerve indicating that the general mechanism of optic disc damage in acute glaucoma is ischemic(12). Therefore although clear-cut cases of acute glaucoma induced NAION as the one we describe here are extremely uncommon, the presence of optic mild disc edema before cupping develops indicates that some form of optic disc ischemia are probably relatively common after acute glaucoma. The differentiation from true cases of NAION, however, is that frank optic disc edema and typical altitudinal visual field defect does not usually develop after acute glaucoma. To our knowledge our case is the first patient reported with bilateral and simultaneous NAION associated with AACG secondary to iridoschisis. Based on the previous above mentioned reports, we believe that raised intraocular pressure was probably the main precipitating factor for the development of NAION. Furthermore, our patient had crowded disc, with bilateral small cup-to-disk ratio which may have contributed for the development of NAION. Although most cases of elevated IOP, including acute angle-closure glaucoma, do not result in optic disc edema and irreversible vision loss, variations in the vascular supply of the nerve optic head along with others ocular systemic risk factors, may predispose certain individuals to NAION during period of elevated IOP (10). Our patient therefore is important because it serves to emphasize that elevated intraocular pressure may be a precipitating factor for the development of NAION. Intraocular pressure reduction should be achieved as soon as possible to avoid such dreadful complication. REFERENCES 1. Shieds MB, editor. Textbook of glaucoma. 3rd ed. Baltimore: Willians & Wilkins; 1992. 2. Srinivasan S, Batterbury M, Hiscott P. Bullous keratopathy and corneal decompensation secondary to iridoschisis: a clinicopathological report. Cornea. 2005;24(7):867-9. 3. Danias J, Aslanides IM, Eichenbaum JW, Silverman RH, Reinstein DZ, Coleman DJ. Iridoschisis: high frequency ultrasound imaging. 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XXXVI CONGRESSO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA 5 a 8 de setembro de 2011 Centro de Convenções da FIERGS Porto Alegre - RS • Informações: CCM Eventos Tels.: (51) 3086-9115 E-mail: [email protected] Ste: www.cbo2011.com.br Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 61-3 74(1)12.pmd 63 18/4/2011, 11:53 63 A TUALIZAÇÃO C ONTINUADA | CURRENT UPDATE Floppy eyelid syndrome: review Síndrome da frouxidão palpebral: revisão da literatura CRISTINA MIYAMOTO1, LILIAN CRISTINA ESPÍRITO SANTO1, LUIZ ROISMAN1, PILAR DE ANDRADE MEMORIA MORENO1, ANGELINO JULIO CARIELLO1, MIDORI HENTOSA OSAKI1 ABSTRACT RESUMO Floppy eyelid syndrome is characterized by the easy evertion of the upper eyelid which occurs spontaneously during the sleep, causing the exposure of the eye surface and chronic papillary conjunctivitis. Its pathogenesis is not totally defined yet: it is usually more frequent in middle-aged, male obese patients and it is associated with systemic disorders such as obstructive sleep apnea, high blood pressure and diabetes. On the occasions which conservative treatment fails, surgical procedures present good results, including surgical techniques which are constantly evolving. A síndrome de frouxidão palpebral é caracterizada pela fácil eversão da pálpebra que ocorre espontaneamente durante o sono causando exposição dos olhos, com consequente conjuntivite papilar crônica. Sua patogênese ainda não está totalmente definida e é mais comum em pacientes masculinos, obesos, de meia idade e está associada a doenças sistêmicas como apnéia obstrutiva do sono, hipertensão arterial e diabetes. Quando o tratamento clínico não apresenta boa resposta, procedimentos cirúrgicos apresentam bons resultados, com técnicas em constante evolução. Keywords: Conjunctiva/pathology; Conjunctivitis; Ectropion; Obesity/complications; Hypertension/complications; Diabetes Mellitus/complications; Sleep apnea, obstructive/complications; Eyelid diseases/surgery; Syndrome; Oculomotor Muscles/ surgery; Eyelids/surgery; Corneal diseases Descritores: Conjuntiva/patologia; Conjuntivite; Ectrópio; Obesidade/complicações; Hipertensão/complicações; Diabete Mellitus/complicações; Apnéia do sono tipo obstrutiva/complicações; Doenças palpebrais/cirurgia; Síndrome; Músculos oculomotores/cirurgia; Pálpebras/cirurgia; Doenças da córnea INTRODUCTION loppy eyelid syndrome (FES), first reported in 1981 by Culbertson and Ostler(1), is recognized by a loose upper lid that readily everts by pulling it upward (1) (Figure1), a soft, rubbery tarsus that can be easily folded(2), and chronic papillary conjunctival response(1,3). Patients with this syndrome generally complain about nonspecific irritation, foreign body sensation, mucoid discharge, dryness, redness, photosensitivity, eyelid swelling and decreased vision(4-5). These symptoms are usually worse on awakening in the morning, and the affected side seems to correspond to the side the patient usually sleeps(1). In most cases, the patient is chronically treated with topical therapeutic agents with no response. Although initially reported to be typical in middle-aged overweight men(1,3), FES has also been found in women, different age groups, and no obese patients(6-7). The syndrome is not completely understood and it may be associated with many systemic and ophthalmic diseases such as obesity, obstructive sleep apnea, hypertension, ischemic heart disease, skin and collagen pathologies, corneal and eyelids abnormalities and glaucoma. The treatment is basically surgical, however clinical management, like eye shields, lubricants and weight loss can be efficient in some cases. The purpose of this article is to make a review of floppy eyelid syndrome emphasizing the main associated conditions, theories about its pathogenesis, and treatments. PATHOGENESIS Since the initial description of the floppy eyelid syndrome in 1981, several hypotheses have been made for its pathogenesis. Culbertson and Ostler(1), who first pointed out this condition, postulated that spontaneous nocturnal eversion of the upper eyelid would cause events, such as mechanical insult to the conjunctiva, subsequent papillary conjunctivitis and conjunctival keratinization leading to the loss of tarsal elasticity. They made this hypothesis based on the observation that the ocular signs and symptoms are generally more frequent and/or more severe in the eye corresponding to the side on which the patient prefers to sleep. They also suggested an X-chromosome-linked inheritance pattern or hormone influence associated to the problem, since they only found it in men. Parunovic(2), however, proposed that the laxity of the lids was the cause of the irritative symptoms mentioned by the patients. The reduced interface between the loose eyelids and the epibulbar surface would compromise the distribution of the tear film over the cornea and conjunctiva, producing poor wetting and subsequent ocular surface disease. This proposition was based on diffuse keratitis found in FES different of that one usually localized resulting from nocturnal exposure. Schwartz et al.(8) and Goldberg et al.(9) also suggested this mechanism of injury. Later, other researchers postulated that a genetically predisposition, like genetic abnormalities in collagen, elastin, or both, associated with age and sleeping patterns, would cause the FES(3,10). The obstructive sleep apnea (OSA), often present in patients with FES, lead to the hypothesis that a common underlying connective tissue disorder would explain the syndrome. Redundancy of tissue in the tarsal plate of lateral canthal tendons might contribute to the development of FES, like the excess of oropharyngeal tissues found in OSA cause upper airway obstruction specially when the person is sleeping(3,11-12). Inflammation was also pointed out as a contributing factor to FES. Since blepharochalasis and FES share many of the same ocular findings and significant chronic inflammation are encountered in both conditions, a theory of a common inflammatory pathway was F Study carried out at the Department of Ophthalmology, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo, Brazil. 1 Physician, Department of Ophthalmology, Federal University of São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brazil. Correspondence address: Angelino Julio Cariello. Rua Botucatu, 820 - São Paulo (SP) ZIP Code 04023-062 - E-mail: [email protected] Recebido para publicação em 24.11.2009 Última versão recebida em 11.10.2010 Aprovação em 30.10.2010 64 74(1)15.pmd Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):64-6 64 29/3/2011, 09:26 M IYAMOTO C, E SPIRITO S ANTO LC, A ET AL . B Figure 1. Young man with floppy eyelid syndrome: ptosis of the cilia (A) and abnormal degree of laxity of the upper eyelid during minimal lateral traction (B). made. Inflammation would cause generalized atrophy and attenuation of muscles, tendons and ligaments. Nevertheless, histological studies of the tarsus showed normal structure along with the presence of chronic inflammatory infiltrate(3,11). Hyperglycinemia was another condition that was speculated to be involved in the pathogenesis of FES, because glycine is present in high concentrations in collagen and gelatin, and a patient with floppy lids and hyperglycinemia was described. The high concentration of glycine in collagen would induce structural changes in the tarsus(6). Goldberg et al., however, observed that hyperglycinemia is not classically associated with collagen disorders(9). Another theory claims that a combination of local pressure-induced lid ischemia and systemic hypoventilation followed by reperfusion oxidation injury during sleep (sleep apnea) is responsible for changes, such as chronic inflammation, which leads to higher temperature and lost of the normal barrier against water evaporation. This, in turn, would cause additional damage to the skin and this vicious cycle would aggravate lid inflammation, contributing to meibomian gland dysfunction, a condition that might be associated with FES(12) and lid floppiness(4). The nonspecific ocular surface irritation related with FES might be due to abnormality in tear film dynamics. There is a high correlation between the eye with worse symptoms with more severe floppy lids and the ocular surface evaporation rate. Tear film alterations is prevalent in patients with FES, most of them due to lipid tear deficiency(4), which might be caused by abnormalities of meibomian glands(12). Since the main finding in FES is the laxity of the lids, as the name of the syndrome suggests, it was postulated that alterations in collagen would explain this condition. In fact, mutations in the type V collagen genes COL5A1 and COL5A2 were found in patients with ocular phenotype of classic Ehlers-Danlos syndrome (EDS), a disease characterized by laxity and fragility of soft connective tissues. Type V collagen is a quantitatively minor fibril-forming collagen that is present in type I collagen-rich connective tissues such as dermis, tendon and ligament. Mechanisms producing the abnormalities in those tissues were probably associated with altered regulation of collagen fibrillogenesis due to alterations in heterotypic I/V collagen interactions (5). Meanwhile, tarsal collagen appeared normal using hematoxylin-eosin and Masson trichrome stains in eyelid biopsy specimens of FES patients, and electron microscopy showed that the quantity of collagen in the tarsus was normal. Also, the localization of collagen types I and III was similar in patients with FES and controls(12). Reduced amount of tarsal elastin was observed in patients with FES by immunohistochemical studies using Verhoeff’s modified elastin stain suggesting that abnormal elastogenesis might be associated with this syndrome (12). The marked decrease in the amount of elastin within the tarsal plate and eyelid skin, however, might be explained by an up-regulation of elastolytic enzymes, particularly matrix metalloproteinases 7 and 9 (MMP-7 and MMP-9), most probably stimulated by repeated mechanical stress, like eye rubbing and sleeping habits. This up-regulation could also be the cause of eyelash misdirection frequently found in FES(10). The up-regulation of matrix metalloproteinase (MMP) expression, by the way, might be due to elevated levels of leptin that has been shown to regulate the expression of MMP-9 in a dose-dependent manner. Besides, hyperleptinemia correlates positively with the severity of obstructive sleep apnea (OSA), a condition frequently present in patients with FES. Therefore, hyperleptinemia may be involved in the pathogenesis of both FES and OSA(5). CORNEAL ABNORMALITY AND SYSTEMIC CONDITIONS RELATED WITH FLOPPY EYELID SYNDROME Corneal abnormality Culbertson and Tseng(13), in a retrospective review of 60 patients with floppy eyelid syndrome followed at the Bascom Palmer Eye Institute found a prevalence of seventy-one per cent of patients with clinically significant corneal abnormalities related with FES, that could affect all layers of cornea. Punctate epithelial keratitis was described as the most common corneal disorder, usually diffuse and found only in the involved eye(13). Another corneal abnormality reported by Culberston and Tseng(13) was keratoconus, present in 10% of all patients. FES associated with keratoconus was also described by Parunovic(2), Donnenfeld et al.(14), and Negris(15). Corneal endotheliopathy associated with FES was described as a progressive non guttate dystrophy and as a possible Chandler’s variant of the iridocorneal endothelial syndrome(13). Other corneal signs include subepithelial scarring and deep neovascularization(16). OBSTRUCTIVE SLEEP APNEA Obstructive sleep apnea (OSA) is characterized by intermittent and repeated interruption of airflow during the sleep due to elevated airway resistance. It causes sleep disorder, waking the patient during the night, resulting in excessive daytime somnolence. The patient could present snoring and arterial hypertension. This syndrome is strongly associated with obesity and FES(17). The diagnosis is made by polysomnography and the treatment is based in losing weight. Severe cases may be treated by uvulopalatopharyngoplasty and continuous positive airway pressure (CPAP). The first case associating this entities was reported in 1987 by Gonnering and Sonneland(18). In 1989, Goldberg et al.(9), described another patient with ectropion due to FES and sleep disorders that they called Pickwickian respiratory syndrome. No conclusion between this association had been taken yet. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 64-6 74(1)15.pmd 65 29/3/2011, 09:26 65 FLOPPY EYELID S Y N D R O M E : RE V I E W In 1990, Young et al.(17) reported 3 patients with FES and OSA and proposed a tissue abnormality to correlate these two syndromes. In 1987, Gonnering and Sonelland(18) selected patients with FES to underwent polysomnography and patients with OSA to be examined for ocular abnormalities and measurement of vertical upper lid pull. In a group of 8 patients with FES, all of them had also OSA in different degrees; however, among 20 patients with OSA, only one case of FES was diagnosed. Nevertheless, measurement of vertical upper lid pull was significantly higher in these patients compared with normal population. McNab(18) also showed one patient with the 2 entities, that improved of FES after treatment of OSA (uvulopalatopharyngoplasty and CPAP), with no papillary conjunctivis and normal lid laxity(19). In 2005, McNab(20) analyzed 50 patients with FES and found that 96% of them had symptoms of OSA. Seventeen of these patients were undergone sleep studies and in sixteen (94%) was confirmed the diagnosis of OSA. This result corroborated with his previous study showing that patients with FES and OSA had worse degrees of severity, higher number of apnoeic or hypopnoiec episodes per hour, and lower minimum saturation of arterial oxygen, when compared with patients who had only OSA. It suggests that FES is a severity marker of OSA. In 2006, Karger et al.(21) confirmed McNab findings. They encountered an association with subjectively easy lid eversion and sleep disorders, but a low frequency of FES. According to currently data, most of the patients with FES have OSA, however the opposite is not true. Patients with FES should undergo polysomnography to evaluate a possible OSA, whose treatment could give a better life quality to the patient. Several other systemic conditions have already been associated with FES, such as diabetes, ischemic heart disease, hypercholesterolemia, osteoarthritis, asthma, gastroesophageal reflux disease, chronic renal failure, and schizophrenia(22). However, many of these conditions are directly or indirectly linked with obesity, which may represent a confounding factor. TREATMENT Based on the speculative etiologies of FES, many different kinds of clinical and surgical treatments were proposed. The clinical treatment involves losing weight, taping the eyelids during the night(1), eye shields and topical lubricants(2). Improvement of FES manifestations by the treatment of OSA with CPAP was seen by McNab(19). The surgical techniques changed in the years and are constantly being improved to treat this condition. Gerner and Hughes(6) first described a shortening procedure in a patient with hyperglycinemia and floppy eyelids. Dutton had also tried an eyelid shortening procedure, in which a full thickness resection of the lateral one third to one half of the eyelid was performed with primary layered closure(23). Later, lateral tarsorrhaphy was used by Bouchard(24). Karesh et al.(25) had done a similar procedure to Dutton’s by using a lateral canthal tendon placation, and lower eyelid horizontal shortening. Despite of the good effectiveness, these procedures do not have a fine aesthetic result. Therefore, Periman and Sires(26) presented a modified technique in which a temporally placed, modified back tapered wedge resection and advancement flap is used to create a wound and scar that satisfactorily falls within or more nearly parallel to the eyelid crease, camouflaging it, having a better cosmetic result. More recently, Burkat and Lemke(27) described a lateral tarsal strip fixation to periosteal flaps based inside the orbital rim to achieve horizontal tightening, with 91% of improvement of symptoms in a follow-up of 52 months. Valenzuela and Sullivan(28) performed, based on the presence of predominately medial upper laxity, a medial upper eyelid horizontal shortening with an upper eyelid skin reduction when excess of skin was present, and some other patients also underwent horizontal lower eyelid shortening additionally or not to the lower eyelid 66 74(1)15.pmd retractor plication. The authors had a great success in 18 months of followup, with relief of the symptoms and good aesthetic appearance. Besides the surgical management is the main and more effective treatment for FES, a long-term study(29) involving 71 patients who had undergone surgery for FES at Moorfields Eye Hospital demonstrate significant recurrence rates varying from 25.6% to 60.6% depending on the procedure used. The data provided by this showed better survival outcomes using the medial canthal and lateral canthal plication and upper lid lateral tarsal strip procedures in comparison with the full-thickness wedge excision procedure, which was recommended to be avoided(29). REFERENCES 1. Culbertson WW, Ostler HB. The floppy eyelid syndrome. Am J Ophthalmol. 1981;92(4):568-75. 2. Parunovic A. Floppy eyelid syndrome. Br J Ophthalmol. 1983;67(4):264-6. 3. Brown MD, Potter JW. Floppy eyelid syndrome: a case report and clinical review. J Am Optom Assoc. 1992;63(5):309-14. 4. Leibovitch I, Selva D. Floppy eyelid syndrome: clinical features and the association with obstructive sleep apnea. Sleep Med. 2006;7(2):117-22. Comment in: Sleep Med. 2006;7(2): 97-9. 5. Taban M, Taban M, Perry JD. Plasma leptin levels in patients with floppy eyelid syndrome. Ophthal Plast Reconstr Surg. 2006;22(5):375-7. 6. Gerner EW, Hughes SM. Floppy eyelid with hyperglycinemia. Am J Ophthalmol. 1984;98(5): 614-6. 7. 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Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):64-6 66 29/3/2011, 09:27 A TUALIZAÇÃO C ONTINUADA | CURRENT UPDATE Cross-linking e segmento de anel corneano intraestromal Cross-linking and intrastromal corneal ring segment ADIMARA DA CANDELARIA RENESTO1, MARTA SARTORI1, MAURO CAMPOS1 RESUMO ABSTRACT O cross-linking corneano é um procedimento usado para a estabilização mecânica e aumento da rigidez corneana em pacientes com ceratocone (reduzindo a possibilidade de progressão), e também em processos inflamatórios de afinamento corneano. Os segmentos de anéis corneanos intraestromais têm como princípio o aplanamento central da córnea. Inicialmente utilizados para correção de baixa miopia, a principal indicação atual é em pacientes com ceratocone, para melhorar a acuidade visual não corrigida, a acuidade visual corrigida e permitir uma melhor tolerância ao uso de lentes de contato como também retardar a necessidade de um transplante de córnea. O objetivo deste artigo é revisar algumas publicações relacionadas ao crosslinking corneano e à inserção do segmento de anel intraestromal, apresentando suas indicações, resultados e complicações relatadas até o momento. Corneal cross-linking is a procedure used for stabilizing the cornea in patients with progressive keratoconus by increasing corneal rigidity, and it is also used in corneal inflammatory melting process. The intrastromal corneal ring segments act by flatting the center of the cornea. Originally designed for the correction of mild myopia, the segments are now being used for reduction of keratoconus in order to improve the uncorrected visual acuity, the best spectacle corrected visual acuity, to allow good tolerance to the use of contact lenses and delay the need for corneal grafting procedures. The present text presents a review of corneal cross-linking and insertion of intrastromal corneal ring segments, emphasizing their indications, results and complications related until now. Descritores: Córnea; Riboflavina; Colágeno; Terapia ultravioleta; Ceratocone Keywords: Cornea; riboflavin; collagen; Ultraviolet therapy; keratoconus HISTÓRICO investigação biomecânica de córneas humanas ectásicas iniciou-se a partir de 1980 revelando diferenças significantes na sua elasticidade comparada com córneas normais, indicando uma diminuição na rigidez corneana em córneas com ceratocone(1). A base microscópica destes achados ainda é desconhecida, mas acredita-se em uma redução das ligações cruzadas de colágeno corneano e também das ligações moleculares entre os proteoglicanos corneanos estromais (2). Até 1998, nenhum tratamento conservador para ectasia corneana estava disponível. O princípio do cross-linking corneano (CXL) pela combinação da irradiação ultravioleta A (UVA) e o fotossintetizador riboflavina é o aumento da rigidez corneana devido ao aumento das ligações intrafibrilares e interfibrilares entre as moléculas de colágeno da córnea levando à diminuição da progressão de ectasias corneanas(3). Os primeiros estudos de CXL em olhos humanos iniciaram-se em 1998 na Universidade de Dresden, Alemanha por Wollensak, Spoerl e Seiler(4). INTRODUÇÃO O ceratocone é uma doença relativamente frequente com uma incidência de 1 em 2.000 na população geral, afetando jovens pacientes(5). Ao redor de 21% dos pacientes com ceratocone serão submetidos ao transplante de córnea(5). Métodos atuais de tratamento, como os segmentos de anéis intracorneanos, ceratectomia fotorrefrativa e o uso de lentes de contato apenas corrigem o erro refrativo não impedindo a progressão da doença(5). Pela primeira vez, um novo tratamento baseado nas ligações cruzadas de colágeno com a ajuda da irradiação ultravioleta A e o fotossintetizador riboflavina foi introduzido. Este tratamento tem como objetivo interferir no colágeno corneano de pacientes com ceratocone e mudar as propriedades biomecânicas intrínsecas deste colágeno, impedindo assim a progressão da doença(5). A Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia, Setor de Cirurgia Refrativa, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. 1 Médicos, Departamento de Oftalmologia, Setor de Cirurgia Refrativa, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo (SP), Brasil. Endereço para correspondência: Adimara da Candelaria Renesto. Rua Carlos Sampaio, 94 - Apto. 22 - São Paulo (SP) - CEP 01333-020 E-mail: [email protected] Os autores não apresentam qualquer tipo de interesse comercial nos produtos ou equipamentos mencionados no texto. Recebido para publicação em 14.05.2010 Última versão recebida em 07.11.2010 Aprovação em 08.11.2010 Nota Editorial: Depois de concluída a análise do artigo sob sigilo editorial e com a anuência dos Drs. Sérgio Kwitko e Adriana dos Santos Forseto sobre a divulgação de seus nomes como revisores, agradecemos suas participações neste processo. PRINCÍPIO BÁSICO O CXL é um método largamente empregado na indústria de polímeros para o endurecimento de materiais e também em bioengenharia para a estabilização de tecidos(5). Usando UVA em um comprimento de onda de 370 nm e o fotossintetizador riboflavina (Figuras 1 e 2), esta é excitada em seu estado triplo produzindo espécies reativas de oxigênio, principalmente oxigênio livre e em menor quantidade radicais de ânion superóxidos. O oxigênio livre reage com várias moléculas induzindo ligações químicas covalentes e pontes entre grupos aminos das fibrilas de colágeno corneano (reação fotoquímica tipo II). O comprimento de onda de 370 nm foi escolhido porque é onde se dá o pico de absorção da riboflavina(5). A riboflavina, vitamina B2 (peso molecular de 376,37 g/mol(6)), é um fotossintetizador não tóxico, solúvel em água e penetra facilmente no estroma corneano na ausência de epitélio(3). TÉCNICA A técnica padrão para o procedimento do CXL corneano é a seguinte(6): Início do procedimento em sala cirúrgica em condições Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 74(1)06.pmd 67 18/4/2011, 11:53 67 CROSS -LINKING E SEGMENTO DE A N E L CORNEANO INTRAESTROMAL aplicada a cada 5 minutos. Durante o procedimento, o cirurgião controla a centralização do tratamento pedindo ao paciente para manter o olhar em direção à sonda de emissão de luz. Após o tratamento, é colocada uma lente de contato terapêutica que é mantida até a completa reepitelização corneana. Uma combinação de colírio de antibiótico e anti-inflamatório hormonal é prescrita em média por 15 dias ou enquanto houver defeito epitelial. Podese utilizar também analgésicos orais em pacientes com queixa exacerbada de dor. ESTUDOS LABORATORIAIS Estudos têm sido conduzidos em relação aos efeitos biomecânicos, efeitos termomecânicos, efeitos morfológicos, efeitos histológicos, localização anterior do efeito principal e efeitos na resistência à colagenase. EFEITOS BIOMECÂNICOS Figura 1. Procedimento do cross-linking corneano. Usando um equipamento que avalia medidas de tensão-deformação em córneas porcinas e humanas, Wollensak et al.(9) verificaram que houve um aumento significante da rigidez corneana após o CXL, indicado por um aumento de tensão em córneas porcinas de 71,9% e em córneas humanas de 328,9%. O efeito máximo do CXL encontra-se na porção de 300 μm anterior da córnea. Assim, o maior efeito biomecânico em córneas humanas é explicado pela grande quantidade de estroma submetido ao efeito do CXL, visto que a espessura corneana humana é em média de 550 μm comparada a 850 μm de córneas porcinas. EFEITOS TERMOMECÂNICOS Em experimentos termomecânicos com córneas porcinas, o máximo encolhimento hidrotermal foi 70°C para controles não tratados, 75°C para córneas tratadas com UVA e riboflavina e 90°C para córneas tratadas com gluteraldeído, demonstrando a dependência da temperatura de encolhimento no efeito de CXL. Além disso, em córneas tratadas com UVA e riboflavina uma alta temperatura de encolhimento foi observada na porção anterior da córnea (75°C) comparada à porção posterior do estroma (70°C) devido ao alto grau de CXL no estroma anterior. A localização anterior do efeito do CXL é vantajoso para o endotélio corneano e para a preservação da curvatura anterior da córnea(10). EFEITOS MORFOLÓGICOS Figura 2. O princípio do cross-linking fotodinâmico pelo ultravioleta A e o fotossintetizador riboflavina. de esterilização adequadas. Instilação de colírio de cloridrato de proximetacaína 0,5% para anestesia local. Remoção do epitélio corneano central em 9 mm com o uso de uma espátula romba. Um fotossintetizador, colírio de solução de riboflavina 0,1% (10 mg de riboflavina-5-fosfato em solução de 10 ml de dextran-T-500 20%), é aplicado na córnea a cada 5 minutos por um período de 30 minutos antes do início da irradiação UVA. Usando-se a lâmpada de fenda em luz azul de cobalto, o cirurgião confirma a presença da riboflavina na câmara anterior. A córnea então é exposta (uso de blefarostato) à irradiação de luz ultravioleta através de um aparelho em sólido estado, estando disponíveis para uso: O (UV-X System; Peschke Meditrade GmbH, Hunenberg, Switzerland), o X-Link (Opto Eletronica, São Carlos, Brazil(7)), e o CSO Vega CBM X linker (CSO, Florence, Italy(8)), que emitem luz em um comprimento de onda de 370 ± 5 nm a uma irradiância de 3 mW/cm2 ou 5,4 J/cm2. A córnea é exposta por 30 minutos, onde a solução de riboflavina é 68 74(1)06.pmd No estroma anterior de córneas de coelhos tratadas com UVA e riboflavina, o diâmetro das fibras colágenas estava significativamente aumentado em 12,2% (3,96 nm), e no estroma posterior de 4,6% (1,63 nm). O efeito do CXL é maior na metade anterior do estroma devido à rápida diminuição da irradiação UVA através do estroma corneano como resultado do aumento da absorção de UVA pela riboflavina(11). Bottós et al. (7), em um estudo usando imunofluorescência confocal em córneas porcinas submetidas ao tratamento de CXL e possíveis variações de técnica, observaram uma zona de fluorescência anterior (182,5 ± 22,5 μm) altamente organizada e com uma linha de demarcação de fibras de colágeno apenas nos olhos com o tratamento clássico, o que não foi observado em outros grupos (grupo controle apenas com desepitelização da córnea; cross-linking sem desepitelização, ou desepitelização com aplicação isolada de riboflavina ou UVA), ressaltando a importância da remoção do epitélio corneano e da associação riboflavina-UVA para o efeito do tratamento de CXL. Em um estudo de microscopia confocal a laser in vivo, Mazzotta et al.(12), em um seguimento de três anos de pacientes submetidos ao CXL, demonstraram que não houve dano à região corneana limbar, a anatomia do plexo nervoso estava normal após um ano do procedimento e houve um aumento da densidade da matriz extra- Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 68 18/4/2011, 11:53 R ENESTO AC, S ARTORI M, celular no pós-operatório tardio pelo CXL do colágeno, evidenciado por uma linha de demarcação tardia a 340 μm de profundidade. EFEITOS HISTOLÓGICOS Em coelhos tratados com riboflavina e irradiação UVA variando de 0,75 a 4 mW/cm2, a apoptose de ceratócitos foi encontrada em profundidades variadas já com um dia de pós-operatório dependendo da irradiação utilizada. Com a irradiação padrão de 3 mW/ cm2 a apoptose de ceratócitos estava presente a uma profundidade de até 300 μm. Um nível de citotoxicidade de irradiação UVA para os ceratócitos foi mostrado por volta de 0,5 mW/cm 2, correspondendo a doses de UVA de 0,86-1,39 J/cm2(13). LOCALIZAÇÃO ANTERIOR DO EFEITO PRINCIPAL Há vários achados que apontam para a localização anterior do efeito cross-linking na córnea. O diâmetro das fibras de colágeno está significativamente aumentado somente na metade anterior do estroma(10). Em um estudo em que córneas porcinas e de olhos humanos doadores submetidas ao CXL foram cortadas com um microcerátomo a uma profundidade de 200 μm, em córneas porcinas o efeito de rigidez foi maior no flap anterior tratado (261,7 ± 133,2 x 103 N/m2) em relação ao flap posterior tratado (105,0 ± 55,8 x 103 N/m2) e flaps controles(14). Um efeito semelhante foi observado em córneas humanas. Este estudo demonstrou que o tratamento da córnea com riboflavina e UVA aumenta significativamente a rigidez corneana até 200 μm. Isto é explicado porque 65% de 70% da irradiação UVA foi absorvida dentro de 200 μm e somente 20% após 200 μm(14). Todos esses achados mostram uma preservação do endotélio corneano e de estruturas oculares mais profundas. EFEITOS NA RESISTÊNCIA À DIGESTÃO ENZIMÁTICA O CXL do colágeno corneano pela riboflavina e UVA aumenta significativamente a resistência à digestão pela colagenase, pepsina e tripsina, especialmente na metade anterior da córnea. Botões corneanos porcinos tratados com o CXL, foram dissolvidos somente 13 e 14 dias após digestão de pepsina e colagenase respectivamente versus 6 dias de córneas controles não tratadas. A digestão pela tripsina foi observada no 5º dia em córneas tratadas versus 2 dias em córneas controles. Esses achados encorajam o uso deste procedimento para o tratamento de úlceras corneanas(15). ESTUDOS CLÍNICOS O primeiro estudo clínico no tratamento de cross-linking foi realizado por Wollensak et al.(4). Neste estudo, com um tempo de seguimento de 3 meses a 4 anos, 22 pacientes com ceratocone ET AL . progressivo foram submetidos ao CXL. Em todos os olhos tratados não houve progressão do ceratocone. Em 15 pacientes houve uma melhora da acuidade visual corrigida em 1,26 linhas de Snellen. Em 16 pacientes houve uma regressão e aplanamento do ceratocone em 2,01 dioptrias (D). Não houveram complicações, córnea e cristalino permaneceram transparentes, sem perda de células endoteliais ou alteração na pressão intraocular. A tabela 1 mostra alguns resultados recentes da literatura no tratamento de cross-linking para ceratocone e outras ectasias. RISCOS E COMPLICAÇÕES A irradiação ultravioleta geralmente representa um potencial perigo para o olho humano. Sabemos que a irradiação ultravioleta B (UVB 290-320 nm) é a principal responsável pelas queimaduras oculares causadas pelo sol ou fotoceratites. No tratamento de cross-linking, apenas um pico de UVA (370 nm) é usado. Além disso, devido à proteção da riboflavina, todas as estruturas atrás do estroma corneano, incluindo endotélio corneano, câmara anterior, íris, cristalino e retina são expostas a uma radiação residual de ultravioleta que é menor do que 1 J/cm2. Este valor é considerado seguro de acordo com as pesquisas da literatura(6-13). Em um estudo de córneas porcinas, o nível de citotoxicidade para o endotélio corneano foi de 0,36 mW/cm2, que poderia ser alcançado em córneas humanas com uma espessura estromal menor do que 400 μm(19). Assim, é de fundamental importância a realização da paquimetria pré-operatória para o procedimento de crosslinking, para a exclusão de córneas com menos de 400 μm estromais, e também checar a irradiância UVA usando o calibrador do equipamento de CXL. Em relação às complicações do CXL, Koller et al. (20) avaliaram 117 olhos de 99 pacientes com ectasia primária, em um ano de seguimento pós CXL. Neste estudo avaliou-se a razão de complicação do CXL e recomendações para evitá-la. A porcentagem de olhos com perda de 2 ou mais linhas de Snellen foi 2,9%. A razão de falha do CXL (olhos com progressão da ectasia) foi de 7,6%. Idade acima de 35 anos e acuidade visual corrigida pré-operatória melhor do que 20/25 foram identificados como fator de risco para complicações. Infiltrados estéreis foram observados em 7,6% dos casos e cicatriz estromal em 2,8%. Os autores concluíram que algumas mudanças no critério de inclusão para o CXL podem reduzir falhas no tratamento e complicações. Há também relato de caso relacionando o procedimento do CXL a algumas complicações como ceratite lamelar difusa após o CXL em paciente com ectasia corneana pós laser in situ keratomileusis(21). Outras potenciais complicações incluem ceratite infecciosa, “haze” estromal e defeito epitelial persistente. Tabela 1. Resultados do tratamento de cross-linking Estudo* Hafezi, 2007 Olhos (16) Procedimento Seguimento Mudança na acuidade visual Mudança refrativa 010 CXL para ectasia após laser in situ keratomileusis 25 meses Melhora da AV e cilindro na maioria dos casos Diminuição da ceratometria máxima de 2,0 D ou mais em 5 olhos Raiskup-Wolf, 2008(17) 480 CXL para ceratocone progressivo Máximo de 6 anos e média de 26 meses Melhora da AVCC (> 1 linha) em 53% dos olhos no 1º ano e 57% no 2º ano A ceratometria máxima (K2) diminuiu de 2,68 D no 1º ano, 2,21 D no 2º ano e 4,84 D no 3º ano (n=33) Vinciguerra, 2009(18) 028 CXL para ceratocone avançado progressivo 1 ano A média preop da AVSC e AVCC A ceratometria média preop foi de 0,17 e 0,52 respectivamente; era de 48,08 D; com 1 ano, em 1 ano, foi de 0,27 e 0,72, (p<0,05) era de 42,01 D (p<0,05) Caporossi, 2010(8) 044 CXL para ceratocone Média de 52,4 meses A AVCC melhorou em 1,9 linhas de Snellen, e a AVSC melhorou de 2,7 linhas de Snellen A ceratometria média reduziu em 2,0 D, a aberração coma melhorou em mais de 85% dos casos Estudo*= somente primeiro autor; CXL= cross-linking; AV= acuidade visual; D= dioptrias; AVCC= acuidade visual com correção; AVSC= acuidade visual sem correção; Preop= pré-operatória Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 74(1)06.pmd 69 18/4/2011, 11:53 69 CROSS -LINKING E SEGMENTO DE A N E L CORNEANO INTRAESTROMAL SEGMENTO DE ANEL CORNEANO INTRAESTROMAL HISTÓRICO O conceito de adicionar tecido na periferia da córnea para remodelar sua curvatura anterior foi introduzido por Barraquer em 1949(22-23). Em 1987, Fleming et al.(24) descreveram um implante feito de polimetilmetacrilato (PMMA) chamado de anel corneano intraestromal (ACI), baseado em um original conceito desenvolvido por Reynolds (24). As primeiras cirurgias usando os anéis corneanos intraestromais foram realizadas no Brasil em olhos não funcionais por Nosé(25), e nos Estados Unidos por Assil(26), para correção de baixa miopia. Em 1995, um estudo clínico fase II regulado pelo United States Food and Drug Administration (FDA) teve início usando-se segmentos de anéis corneanos intraestromais (SACI) manufaturados pela Keravision Inc. Em 1999, os SACI foram aprovados pelo FDA para correção de miopia de -1.00 até -3.00 dioptrias (D) recebendo então o nome Intacs. Após falência da Keravision Inc. em 2001, esses anéis passaram a ser representados pela Addition Technology Inc., mantendo-se o nome Intacs. Em 1986, no Brasil, Ferrara(27) iniciou o uso do SACI para miopias moderadas e altas. Utilizou os segmentos de anéis inicialmente em coelhos albinos, examinados durante 12 meses. Em nenhum caso houve extrusão do implante e sua localização anterior permitiu verificar também um aumento do efeito refrativo do implante(28). Este autor, em 1996, usou o SACI para correção de ceratocone, e em 1999 para correção de astigmatismo irregular após cirurgia refrativa(27). MECANISMO DE AÇÃO De acordo com Barraquer(23), quando material é removido da área central da córnea ou adicionado à periferia, um efeito de aplanamento central é alcançado. Ao contrário, quando material é adicionado ao centro ou removido da periferia corneana, há um encurvamento da área central. Os SACI criam um efeito de encurtamento da lamela corneana, aplanando a área central da córnea. Para correção do astigmatismo, a base de cada segmento pode produzir uma força de tração na superfície, levando a um adicional aplanamento em seu eixo de referência. A interpretação topográfica de olhos submetidos a inserção do SACI mostra um aplanamento global da córnea, deslocamento do ápice corneano em direção ao centro, preservação da asfericidade corneana e diminuição da irregularidade da superfície(26). INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES As indicações para o uso dos SACI têm aumentado constantemente. Inicialmente indicados para baixa miopia(25-26), frequentemente têm sido mais usados em pacientes com ceratocone (com intolerância ao uso de lente de contato e espessura corneana de pelo menos 400 μm na área de inserção), astigmatismo irregular após ceratoplastia penetrante ou lamelar, ectasia corneana após cirurgia refrativa, astigmatismo irregular após ceratotomia radial, degeneração marginal pelúcida, após trauma corneano em superfícies irregulares(29), e mais recentemente associado à técnica do cross-linking corneano(30). Os SACI não devem ser utilizados em pacientes com ceratocone grave (leitura ceratométrica acima de 70 D), espessura corneana menor de 400 μm na área de inserção, opacidades corneanas, hidrópsia, transplantes corneanos descentrados, doença atópica grave, presença de infecção ativa, doença autoimune sistêmica ou localizada, síndrome de erosão corneana recorrente, cicatriz corneana extensa e distrofias corneanas(26-30). ANÉIS DISPONÍVEIS PARA INSERÇÃO - Intacs Addition Technology, Inc. (Fremont, CA, USA): consiste em um par de segmento semicircular de PMMA, com um compri- 70 74(1)06.pmd mento de arco de 150°, uma base transversa hexagonal e uma seção longitudinal cônica. Cada segmento tem um diâmetro externo de 8,10 mm e um diâmetro interno de 6,77 mm. O efeito refrativo é modulado por sua espessura, que varia de 250 a 450 μm. Recentemente, um novo desenho do Intacs (Intacs SK, Addition Technology) foi produzido; tem um diâmetro interno de 6,0 mm e uma seção transversal oval. Há duas espessuras disponíveis: 400 μm (para ceratometrias de 57 a 62 D e cilindro <5,0 D) e 450 μm (para ceratometrias >62 D e cilindro >5,0 D)(31) (Figura 3 A). - Ferrara Ring Segment (Ferrara Ophthalmics, Belo Horizonte, Brasil): esses segmentos são feitos de PMMA Perspex CQ. Estão disponíveis em dois diâmetros, 6,0 mm para miopia até -7,0 D e 5,0 mm para alta miopia. Sua espessura varia de 150 a 350 μm, com mudança a cada 50 μm. O diâmetro interno e externo é de 4,4 mm e 5,4 mm, respectivamente, para 5,0 mm de zona óptica e 5,4 mm e 6,4 mm, respectivamente, para 6,0 mm de zona ótica. Tem uma base triangular com uma constante de 600 μm. Os segmentos têm 90º, 120º, 150º, 160º, 210º ou 240º de arco(31) (Figura 3 B). - Keraring (Mediphacos, Belo Horizonte, Brasil): são feitos de PMMA e caracterizados por uma base triangular de 600 μm. Os diâmetros apicais são de 5,0 mm ou 6,0 mm e com espessura variando de 150 a 350 μm, com mudança a cada 50 μm. Possui comprimento de arco variável (90°, 120°, 150°, 160°, 210° e 240°). Há dois modelos, o SI5 (zona óptica de 5,0 mm) e o SI6 (zona óptica de 5,5 mm ou 6,0 mm) (Figura 3 C). - Corneal Ring (Visiontech, Belo Horizonte, Brasil): são feitos de PMMA e caracterizados por uma secção transversal fusiforme. Possui um diâmetro interno de 4,7 mm e a espessura varia de 150 a 350 μm, com mudança a cada 50 μm. Tem comprimento de arco de 155°(comprimento padrão) e 220°(segmento especial). PLANEJAMENTO CIRÚRGICO Para a seleção do tipo de segmento de anel a ser inserido e sua posição, o cirurgião deve considerar alguns parâmetros como refração, ceratometria, espessura corneana e a forma do ceratocone de acordo com a topografia. As empresas fabricantes dos segmentos de anéis fornecem nomogramas que auxiliam na escolha desses segmentos. Há algumas diferenças entre os cirurgiões na escolha da profundidade de implantação do SACI. Relatos na literatura têm mostrado inserção a 66%, 70%, 75% e 80% de profundidade corneana na zona óptica de 5-7 mm. Ertan e Kamburoglu(32) implantaram os segmentos de Intacs em uma profundidade corneana de 70%. Houve extrusão dos segmentos em três olhos em pacientes com ceratocone grave. Coskunseven et al.(33) relataram a inserção do segmento Intacs a uma profundidade corneana de 75%, sem complicações intraoperatórias. É importante seguir o nomograma de cada fabricante a fim de se evitar a utilização de anéis muito espessos (350 μm) em córneas finas. Esses nomogramas trazem a informação do limite máximo de espessura do anel a ser inserido levando em consideração a espessura mínima da córnea do paciente no local de inserção do segmento. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO O procedimento cirúrgico é realizado sob assepsia e anestesia local. 1) Técnica mecânica O procedimento é centralizado no reflexo corneano da luz do microscópio, onde um marcador circular é usado para criar duas marcas concêntricas na córnea. Usando um bisturi de diamante com a profundidade de inserção escolhida pelo cirurgião, uma incisão corneana radial é criada entre as duas marcações na periferia do cone, no seu eixo mais curvo (alguns cirurgiões fazem uma incisão horizontal). Através do separador corneano estromal na base da Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 70 18/4/2011, 11:53 R ENESTO AC, S ARTORI M, ET AL . A C B Figura 3. A) Imagem do VisanteTM OCT-Intacs; B) Imagem do VisanteTM OCT-Ferrara; C) Imagem do VisanteTM OCT-Keraring. incisão, o tecido corneano é divulsionado para a entrada dos anéis. Com os túneis já iniciados, faz-se a confecção de dois túneis concêntricos, no sentido horário e anti-horário, com tunelizadores apropriados. Após, segue-se a inserção dos anéis. Vácuo também pode ser usado para a criação dos túneis. O diâmetro do túnel depende do tipo de anel selecionado. Na maioria dos casos, não há necessidade de sutura. Após a cirurgia, pode ser colocada uma lente de contato terapêutica por 24 a 48h. Medicações pós-operatórias incluem uma combinação de colírio antibiótico e anti-inflamatório hormonal quatro vezes ao dia por 2 semanas, e lágrimas artificiais. 2) Técnica pelo laser de femtosegundo O procedimento é centralizado no reflexo corneano da luz do microscópio. Os parâmetros usados para a criação do túnel e incisão são diâmetro interno e externo, comprimento e profundidade da incisão. O túnel é confeccionado pelo laser de femtosegundo (laser infravermelho ultrarrápido 10 -15 de segundo) com um comprimento de onda de 1053 nm. O feixe de laser de 3 μm de diâmetro é opticamente focado na profundidade estromal predeterminada no equipamento. Este feixe gera cavidades, microbolhas de dióxido de carbono e vapor de água pelo mecanismo de fotodisrrupção. A interconexão dessas bolhas forma um plano de dissecção. Um anel descartável de sucção é colocado no olho para sua fixação. A criação do túnel intraestromal é completada em 15 segundos, sem manipulação corneana (31). Após, segue-se a colocação do anel. RESULTADOS DE LITERATURA A tabela 2 mostra alguns resultados da literatura em relação à inserção de diferentes tipos de anéis em ceratocone, assim como as duas diferentes técnicas. SEGMENTOS DE ANÉIS CORNEANOS INTRAESTROMAIS PARA ECTASIA APÓS CIRURGIA REFRATIVA E DEGENERAÇÃO MARGINAL PELÚCIDA Alguns estudos relatam o uso de SACI em pacientes com ectasia após laser in situ keratomileusis (LASIK) e em pacientes com degeneração marginal pelúcida (DMP)(40-41). Kymionis et al.(40) apresentaram resultados de 5 anos de seguimento mostrando estabilidade após inserção do Intacs em pacientes com ectasia pós LASIK. Em DMP, uma doença progressiva, não inflamatória e periférica da córnea caracterizada por uma faixa de afinamento corneano principalmente inferior, Ertan e Bahadýr(41) implantaram Intacs em 9 olhos com DMP usando o laser de femtosegundo. A acuidade visual não corrigida melhorou em todos os olhos do estudo. Em um estudo de revisão relacionado ao tratamento de ectasias primárias ou secundárias, Tan et al. mostram que a inserção dos SACI seria uma alternativa viável à ceratoplastia penetrante convencional, pois melhoram a acuidade e reabilitação visual dos pacientes (42). A tabela 3 mostra alguns resultados da literatura relacionados a ectasia após cirurgia refrativa ou DMP. ASSOCIAÇÃO DE SEGMENTOS DE ANÉIS CORNEANOS INTRAESTROMAIS E CROSS-LINKING Somente a inserção do Intacs pode não impedir a progressão do ceratocone. Alió et al. (50) encontrou um aumento de 1,67 D nos valores de ceratometria média entre 6 meses e 36 meses em uma série de 13 olhos após a implantação do Intacs. Isto pode ser esperado, pois os segmentos de anéis não tratam o problema estrutural de fraqueza do colágeno corneano. Assim, surgiu a idéia da combinação do tratamento cross-linking com a inserção do SACI em pacientes com ceratocone para garantir a estabilidade corneana (31). Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 74(1)06.pmd 71 18/4/2011, 11:53 71 CROSS -LINKING E SEGMENTO DE A N E L CORNEANO INTRAESTROMAL Tabela 2. Resultados de segmentos de anéis intraestromais Olhos Intacs® Keraring® Ferrara® Seguimento médio Coskunseven 50 Keraring 15,6 meses Ertan (32) 306 Intacs Torquetti(34) 35 Shabayek(35) Estudo* (33) Mudança na acuidade visual Mudança refrativa Complicações Ganho de 1,7 linhas de Snellen na AVSC EE médio diminuiu de -5,62 D para -2,50 D Em 3 olhos houve migração do seguimento para a incisão no 1º PO 10 meses Ganho de mais de 4 linhas de AVSC e AVCC em 15% e 10,7% dos olhos respectivamente EE médio diminuiu de -7,81 D para -4,72 D; a ceratometria média diminuiu de 50,70 D para 47,91 D Extrusão do seguimento ocorreu em 3 olhos 6 meses após o implante do anel Ferrara 5 anos A AVSC melhorou de 0,15 para 0,31 aos 5 anos, e a AVCC melhorou de 0,41 para 0,62 (Snellen) A ceratometria média diminuiu de 51,27 D para 46,24 D aos 5 anos Os autores não relataram as complicações deste estudo 21 Keraring 6 meses A AVSC melhorou de 0,06 para 0,3; A AVCC melhorou de 0,54 para 0,71 (Snellen) EE médio diminuiu em 2,23 D; a ceratometria média diminuiu de 48,79 D para 46,54 D Ceratite infecciosa localizada ocorreu em 1 olho 1 mês após a cirurgia; em 8 olhos, ocorreu opacificação corneana superficial no sítio da incisão Kwitko(36) 51 Ferrara 13 meses A AVSC melhorou em 44 olhos, não mudou em 3 olhos e piorou em 3 olhos; A AVCC melhorou em 44 olhos, não mudou em 1 olho e piorou em 6 olhos EE médio diminuiu de -6,08 D para -3,81 D; o astigmatismo diminuiu de 3,69 D para 2,20 D; A ceratometria média diminuiu de 48,76 D para 43,17 D Descentração em 2 olhos; extrusão do anel em 10 olhos; ceratite disciforme em 1 olho e ceratite bacteriana em 1 olho Colin(37) 10 Intacs 12 meses A AVSC melhorou em média de 20/200 para 20/50 no PO de 12 meses; A AVCC melhorou em média de 20/50 para 20/32 no PO de 12 meses O astigmatismo reduziu em média de 4 D para 1,3 D no PO 12 meses; Redução da ceratometria média mínima de 48 D para 44,40 D aos 12 meses, e redução da ceratometria média máxima de 53,2 D para 48,6 D aos 12 meses Sem complicações intraoperatórias nesta série de casos Bryan(38) 13 Intacs 6 meses Houve média de ganho de 1 linha tanto na AVSC como também na AVCC, do pré-operatório até 6 meses de seguimento O EE não mudou dos valores pré-operatórios até os 6 meses de seguimento; Houve uma redução em 2,77 D no astigmatismo, do pré-operatório para 6 meses de seguimento Sem complicações descritas Colin(39) 10 Intacs 10,6 meses A AVSC melhorou de 0,12 para 0,3 (Snellen) aos 6 meses; A AVCC melhorou de 0,38 para 0,63 aos 6 meses de seguimento O EE reduziu de -5,13 D para -3,01 D aos 6 meses; A ceratometria média reduziu de 51,73 D para 46,88 D aos 6 meses de seguimento Sem complicação intraoperatória Extrusão do anel em 1 olho após 2 meses da cirurgia Estudo*= somente primeiro autor; EE= equivalente esférico; AVSC= acuidade visual sem correção; AVCC= acuidade visual com correção; D= dioptrias; PO= pós-operatório Há ainda poucos estudos associando as duas técnicas descritos até o momento: Chan et al.(51) mostraram uma adicional razão para a combinação das duas terapias. Em um estudo com 25 olhos, os autores encontraram um maior efeito de aplanamento após a inserção do Intacs no grupo de pacientes que foram submetidos ao CXL (após Intacs). Houve redução estatisticamente significante maior nos valores de cilindro e ceratometria no grupo (CXL+Intacs) em relação ao grupo Intacs somente. Coskunseven et al.(30) compararam duas sequências de tratamento, (CXL+Keraring) e (Keraring+CXL). A acuidade visual média não corrigida e corrigida melhoraram em ambos os grupos. Os valores médios de equivalente esférico, cilindro e ceratometria também diminuíram em ambos os grupos. Os autores concluiram que de maneira geral, houve uma maior melhora na acuidade visual corrigida, equivalente esférico e ceratometria média no grupo (Keraring+CXL). Em um estudo onde 25 olhos de pacientes com ceratocone foram submetidos à inserção do Intacs e após, CXL transepitelial (sem remoção de epitélio), Ertan et al.(52) verificaram que após o 72 74(1)06.pmd CXL, houve uma melhora de 1,2 linhas de Snellen na acuidade visual não corrigida e 0,36 linhas de Snellen na acuidade visual corrigida. Houve adicional diminuição nos valores de grau esférico, cilíndrico, ceratometria média e mais curva de 0,5 D, 0,15 D, 0,35 D e 0,76 D respectivamente após o tratamento do CXL. Os autores concluiram que a implantação do Intacs seguida do CXL transepitelial foi efetiva em olhos com ceratocone. Há algumas possíveis razões para o maior efeito com a adição do tratamento cross-linking. Inicialmente, ele pode funcionar como um simples efeito aditivo, como mostrou Wollensak et al.(4) em seu estudo original. Eles encontraram uma redução média da ceratometria máxima de 2,01 D somente com o cross-linking em 70% dos olhos estudados. COMPLICAÇÕES A técnica mecânica tradicional de criação do túnel intraestromal pode levar às seguintes complicações(31,53): defeito epitelial no sítio da incisão, perfuração anterior e posterior durante a criação do túnel, extensão da incisão em direção ao eixo visual ou limbo, Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 72 18/4/2011, 11:53 R ENESTO AC, S ARTORI M, ET AL . Tabela 3. Resultados de segmentos de anéis intraestromais pós LASIK/PRK ou DMP Olhos Intacs® Keraring® Ferrara® Seguimento médio 8 Intacs/DMP 24 meses A AVSC melhorou de 20/325 para 20/50 aos 12 meses; A AVCC melhorou de 20/45 para 20/30 aos 12 meses EE médio diminuiu de -4,75 D para -1,36 D; O cilindro médio diminuiu de -6,31 D para -1,72 D Sem complicações Piñero (44) 21 Intacs e Keraring/DMP 6 meses A AVSC não mudou ao longo de 6 meses; A AVCC melhorou em 44,44% dos olhos, com ganho de 2 linhas EE médio diminuiu de -3,84 D para -0,87 D; O cilindro médio reduziu de -5,36 D para -3,21 D; Redução da ceratometria média de 44,95 D para 43,19 D Sem complicações Ertan (45) 1 Intacs/DMP 3 meses A AVSC melhorou de 0,05 para 0,15; A AVCC melhorou de 0,15 para 0,4 A refração melhorou de -4,50x180° para -2,50x90° Sem complicações Pokroy(46) 5 Intacs/LASIK 9 meses Houve melhora de linhas de visão em todos os casos O EE médio melhorou de -1,60 D para -0,80 D Sem complicações Kymionis(47) 8 Intacs/LASIK 5 anos A AVSC melhorou de 20/100 para 20/40 ou melhor em 6 olhos; Houve ganho de 1 ou 2 linhas na AVCC em 6 olhos O EE médio melhorou de -5,47 D para -2,56 D; A ceratometria média melhorou de 41,29 D para 38,04 D, com redução média de 3,68 D Sem complicações Lovisolo(48) 4 Intacs /Anel de Ferrara LASIK/ PRK 3 meses Melhora significante na AVSC e AVCC Regularização da superfície corneana com aumento de sua uniformidade Sem complicações Kymionis(49) 10 Intacs/LASIK 15 meses A AVSC melhorou de 20/100 para 20/40 ou melhor em 9 olhos; A AVCC melhorou em 7 olhos, com ganho de 1 a 2 linhas O EE médio melhorou de -4,81 D para -0,96 D; A ceratometria média reduziu de 40,21 D para 37,14 D, com redução média de 3,07 D Sem complicações Alió (50) 3 Intacs/LASIK 8 meses A AVSC foi para 20/40 em 2 olhos e 20/50 em 1 olho; A AVCC foi para 20/40 em 2 olhos e 20/32 em 1 olho A ceratometria máxima reduziu de 33,60 para 28,90 D em 1 olho, 38,10 para 32,90 D no segundo olho, e de 37,80 para 33,90 D no terceiro olho Sem complicações Estudo* Mularoni (43) Mudança na acuidade visual Mudança refrativa Complicações Estudo*= somente primeiro autor; EE= equivalente esférico; AVSC= acuidade visual sem correção; AVCC= acuidade visual com correção; D= dioptrias superficialização dos segmentos de anéis, ceratite infecciosa, intervalo incisional persistente, descentração do anel, afinamento estromal, edema corneano estromal ao redor da incisão ou do anel, extrusão do segmento e migração, hipocorreção ou hipercorreção do erro refrativo, depósitos intraestromais e “glare”. O laser de femtosegundo oferece várias vantagens que poderiam reduzir estas complicações devido a uma localização mais precisa do túnel e de suas dimensões, no que se refere à profundidade, diâmetro e largura. Entretanto, há relatos de complicações. Coskunseven et al.(54) analisando 850 olhos com ceratocone que foram submetidos à inserção do Keraring pelo laser de femtosegundo, observaram que a criação incompleta do túnel foi a complicação intraoperatória mais frequente, e migração do segmento de anel a complicação pós-operatória mais frequente. A razão geral de complicações foi de 5,7% (49 casos). Em uma revisão retrospectiva de 74 olhos de 45 pacientes(55), Intacs foi implantado em 4 olhos, porém explantado em 3 olhos devido a intenso desconforto ou baixa permanente de acuidade visual. Subsequentemente estes olhos foram submetidos a transplante penetrante de córnea com boa evolução. CONCLUSÃO O cross-linking é um método que está se mostrando promissor para o tratamento de ceratocone. Sua principal indicação é para pacientes que apresentam ceratocone com progressão documentada. Os segmentos de anéis intracorneanos visam à regularização da superfície corneana pelo seu efeito de aplanamento. A associação das técnicas de inserção do segmento de anel e cross-linking podem proporcionar melhor efeito no tratamento das ectasias corneanas. REFERÊNCIAS 1. Andreassen TT, Simonsen AH, Oxlund H. Biomechanical properties of keratoconus and normal corneas. Exp Eye Res.1980;31(4):435-41. 2. Wollensak J, Ihme A, Seiler T. Neue Befunde bei Keratoconus. Fortschr Ophthalmol. 1987;84:28-32. 3. Spoerl E, Huhle M, Seiler T. Induction of cross-links in corneal tissue. Exp Eye Res. 1998; 66(1):97-103. 4. Wollensak G, Spoerl E, Seiler T. Riboflavin/ultraviolet-A-induced collagen crosslinking for the treatment of keratoconus. Am J Ophthalmol. 2003;135(5):620-7. 5. Wollensak G. 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J Cataract Refract Surg. 2008;34(3):383-8. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 67-74 74 18/4/2011, 11:53 I NSTRUÇÕES PARA A UTORES | O ARQUIVOS BRASILEIROS DE OFTALMOLOGIA (ABO, ISSN 00042749 - versão impressa e ISSN 1678-2925 - versão eletrônica), publicação bimestral oficial do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, objetiva divulgar estudos científicos em Oftalmologia, Ciências Visuais e Saúde Pública, fomentando a pesquisa, o aperfeiçoamento e a atualização dos profissionais relacionados à área. METODOLOGIA São aceitos manuscritos originais, em português, inglês ou espanhol que, de acordo com a metodologia empregada, deverão ser caracterizados em uma das seguintes modalidades: ESTUDOS CLÍNICOS Estudos descritivos ou analíticos que envolvam análises em seres humanos ou avaliem a literatura pertinente a seres humanos. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS Estudos analíticos que envolvam resultados populacionais. ESTUDOS DE EXPERIMENTAÇÃO LABORATORIAL Estudos descritivos ou analíticos que envolvam modelos animais ou outras técnicas biológicas, físicas ou químicas. ESTUDOS TEÓRICOS Estudos descritivos que se refiram à descrição e análise teórica de novas hipóteses propostas com base no conhecimento existente na literatura. TIPOS DE MANUSCRITOS A forma do manuscrito enviado deve enquadrar-se em uma das categorias a seguir. Os limites para cada tipo de manuscrito estão entre parênteses ao final das descrições das categorias. A contagem de palavras do manuscrito refere-se do início da introdução ao final da discussão, portanto, não participam da contagem a página de rosto, abstract, resumo, referências, agradecimentos, tabelas e figuras incluindo legendas. EDITORIAIS Os editoriais são feitos a convite e devem ser referentes a assuntos de interesse atual, preferencialmente relacionados a artigos publicados no mesmo fascículo do ABO (limites máximos: 1.000 palavras, título, 2 figuras ou tabelas no total e 10 referências). ARTIGOS ORIGINAIS Artigos originais apresentam experimentos completos com resultados nunca publicados (limites máximos: 3.000 palavras, título, resumo estruturado, 7 figuras ou tabelas no total e 30 referências). A avaliação dos manuscritos enviados seguirá as prioridades abaixo: 1. Informação nova e relevante comprovada em estudo com metodologia adequada. 2. Repetição de informação existente na literatura ainda não comprovada regionalmente baseada em estudo com metodologia adequada. 3. Repetição de informação existente na literatura e já comprovada regionalmente, desde que baseada em estudo com metodologia adequada. * Não serão aceitos manuscritos com conclusões especulativas, não comprovadas pelos resultados ou baseadas em estudo com metodologia inadequada. I NSTRUCTIONS TO A UTHORS RELATOS DE CASOS OU SÉRIE DE CASOS Relatos de casos ou série de casos serão considerados para publicação se descreverem achados com raridade e originalidade ainda não comprovadas internacionalmente, ou quando o relato apresentar respostas clínicas ou cirúrgicas que auxiliem na elucidação fisiopatológica de alguma doença (limites máximos: 1.000 palavras, título, resumo não estruturado, 4 figuras ou tabelas no total e 10 referências). CARTAS AO EDITOR As cartas ao editor serão consideradas para publicação se incluírem comentários pertinentes a manuscritos publicados anteriormente no ABO ou, excepcionalmente, resultados de estudos originais com conteúdo insuficiente para serem enviados como Artigo Original. Elas devem introduzir nova informação ou nova interpretação de informação já existente. Quando seu conteúdo fizer referência a algum artigo publicado no ABO, este deve estar citado no primeiro parágrafo e constar das referências. Nestes casos, as cartas estarão associadas ao artigo em questão, e o direito de réplica dos autores será garantido na mesma edição. Não serão publicadas cartas de congratulações (limites máximos: 700 palavras, título, 2 figuras ou tabelas no total e 5 referências). MANUSCRITOS DE REVISÃO Manuscritos de revisão seguem a linha editorial da revista e são aceitos apenas por convite do editor. Sugestões de assuntos para artigos de revisão podem ser feitas diretamente ao editor, mas os manuscritos não podem ser enviados sem um convite prévio (limites máximos: 4.000 palavras, título, resumo não estruturado, 8 figuras ou tabelas no total e 100 referências). PROCESSO EDITORIAL Para que o manuscrito ingresse no processo editorial, é fundamental que todas as regras tenham sido cumpridas. A secretaria editorial comunicará inadequações no envio do manuscrito. Após a notificação, o autor correspondente terá o prazo de 30 dias para adequação do seu manuscrito. Se o prazo não for cumprido, o manuscrito será excluído. Os manuscritos enviados ao ABO são avaliados inicialmente pelos editores quanto à adequação do seu conteúdo à linha editorial do periódico. Após essa avaliação, todos os manuscritos são encaminhados para análise e avaliação por pares, sendo o anonimato dos avaliadores garantido em todo o processo de julgamento. O anonimato dos autores não é implementado. Após a avaliação editorial inicial, os comentários dos avaliadores podem ser encaminhados aos autores como orientação para as modificações que devam ser realizadas no texto. Após a implementação das modificações sugeridas pelos avaliadores, o manuscrito revisado deverá ser encaminhado, acompanhado de carta (enviada como documento suplementar) indicando pontualmente todas as modificações realizadas no manuscrito ou os motivos pelos quais as modificações sugeridas não foram efetuadas. Manuscritos que não vierem acompanhados da carta indicando as modificações ficarão retidos aguardando o recebimento da mesma. O prazo para envio da nova versão do manuscrito é de 90 dias após a comunicação da necessidade de modificações, sendo excluído após esse prazo. A publicação dependerá da aprovação final dos editores. Os trabalhos devem destinar-se exclusivamente ao Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, não sendo permitido envio simultâneo a outro periódico, nem sua reprodução total ou parcial, ou tradução para publicação em outro idioma, sem autorização dos editores. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 75-8 Normas.pmd 75 18/4/2011, 11:54 75 AUTORIA Os critérios para autoria de manuscritos em periódicos médicos está bem estabelecido. O crédito de autoria deve ser baseado em indivíduos que tenham contribuído de maneira concreta nas seguintes três fases do manuscrito: I. Concepção e delineamento do estudo, coleta dos dados ou análise e interpretação dos dados. II. Redação do manuscrito ou revisão crítica do manuscrito com relação ao seu conteúdo intelectual. III. Aprovação final da versão do manuscrito a ser publicada. O ABO requer que os autores garantam que todos os autores preenchem os critérios acima e que nenhuma pessoa que preencha esses critérios seja preterida da autoria. Apenas a posição de chefia de qualquer indivíduo não atribui a este o papel de autor, o ABO não aceita a participação de autores honorários. É necessário que o autor correspondente preencha e envie o formulário de Declaração de Contribuição dos Autores como documento suplementar. PREPARAÇÃO DO ARTIGO Os artigos devem ser enviados exclusivamente de forma eletrônica, pela Internet, na interface apropriada do ABO. As normas que se seguem foram baseadas no formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e publicadas no artigo: Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals. O respeito às instruções é condição obrigatória para que o trabalho seja considerado para análise. O texto deve ser enviado em formato digital, sendo aceitos apenas os formatos .doc. ou .rtf. O corpo do texto deve ser digitado em espaço duplo, fonte tamanho 12, com páginas numeradas em algarismos arábicos, iniciando-se cada seção em uma nova página. As seções devem se apresentar na sequência: Página de Rosto, Abstract e Keywords, Resumo e Descritores, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão Agradecimentos (eventuais), Referências, Tabelas (opcionais) e Figuras (opcionais) com legenda. 1. Página de Rosto. Deve conter: a) título em inglês (máximo de 135 caracteres, incluindo espaços); b) título em português ou espanhol (máximo de 135 caracteres, incluindo espaços); c) título resumido para cabeçalho (máximo 60 caracteres, incluindo os espaços); d) nome científico de cada autor; e) titulação de cada autor (área de atuação profissional*, cidade, estado, país e, quando houver, departamento, escola, Universidade); f) nome, endereço, telefone e e-mail do autor correspondente; g) fontes de auxilio à pesquisa (se houver); h) número do projeto e instituição responsável pelo parecer do Comitê de Ética em Pesquisa; i) declaração dos conflitos de interesses de todos os autores; j) número do registro dos ensaios clínicos em uma base de acesso público. *Médico, estatístico, enfermeiro, ortoptista, fisioterapeuta, estudante etc. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os estudos que envolvam coleta de dados primários ou relatos clínico-cirúrgicos, sejam retrospectivos, transversais ou prospectivos, devem indicar, na página de rosto, o número do projeto e nome da Instituição que forneceu o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa. As pesquisas em seres humanos devem seguir a Declaração de Helsinque, enquanto as pesquisas envolvendo animais devem seguir os princípios propostos pela Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO). É necessário que o autor correspondente envie, como documento suplementar, a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ou seu parecer dispensando da avaliação do projeto pelo Comitê. Não cabe ao autor a decisão sobre a necessidade de avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 76 Normas.pmd Declaração de Conflito de Interesses. A página de rosto deve conter a declaração de conflitos de interesse de todos os autores (mesmo que esta seja inexistente). Para maiores informações sobre os potenciais conflitos de interesse acesse: Chamon W, Melo LA Jr, Paranhos A Jr. Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9. É necessário que todos os autores enviem os Formulários para Declaração de Conflitos de Interesse como documentos suplementares. Ensaios Clínicos. Todos os Ensaios Clínicos devem indicar, na página de rosto, número de registro em uma base internacional de registro que permita o acesso livre a consulta (exemplos: U.S. National Institutes of Health, Australian and New Zealand Clinical Trials Registry, International Standard Randomised Controlled Trial Number - ISRCTN, University Hospital Medical Information Network Clinical Trials Registry - UMIN CTR, Nederlands Trial Register). 2. Abstract e Keywords. Resumo estruturado (Purpose, Methods, Results, Conclusions) com, no máximo, 300 palavras. Resumo não estruturado com, no máximo, 150 palavras. Citar cinco descritores em inglês, listados pela National Library of Medicine (MeSH - Medical Subject Headings). 3. Resumo e Descritores. Resumo estruturado (Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusões) com, no máximo 300 palavras. Resumo não estruturado com, no máximo, 150 palavras. Citar cinco descritores, em português listados pela BIREME (DeCS - Descritores em Ciências da Saúde). 4. Introdução, Métodos, Resultados e Discussão. As citações no texto devem ser numeradas sequencialmente, em números arábicos sobrescritos e entre parênteses. É desaconselhada a citação nominal dos autores. 5. Agradecimentos. Colaborações de pessoas que mereçam reconhecimento, mas que não justificam suas inclusões como autores, devem ser citadas nessa seção. Estatísticos e editores médicos podem preencher os critérios de autoria e, neste caso, devem ser reconhecidos como tal. Quando não preencherem os critérios de autoria, eles deverão, obrigatoriamente, ser citados nesta seção. Não são aceitos escritores não identificados no manuscrito, portanto, escritores profissionais devem ser reconhecidos nesta seção. 6. Referências. A citação (referência) dos autores no texto deve ser numérica e sequencial, na mesma ordem que foram citadas e identificadas por algarismos arábicos sobrescritos. A apresentação deve estar baseada no formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), conforme os exemplos que se seguem. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o estilo apresentado pela List of Journal Indexed in Index Medicus, da National Library of Medicine. Para todas as referências, cite todos os autores, até seis. Nos trabalhos com sete ou mais autores, cite apenas os seis primeiros, seguidos da expressão et al. Exemplos de referências: Artigos de Periódicos Costa VP, Vasconcellos JP, Comegno PEC, José NK. O uso da mitomicina C em cirurgia combinada. Arq Bras Oftalmol. 1999; 62(5):577-80. Livros Bicas HEA. Oftalmologia: fundamentos. São Paulo: Contexto; 1991. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):75-8 76 18/4/2011, 11:54 Capítulos de livros Gómez de Liaño F, Gómez de Liaño P, Gómez de Liaño R. Exploración del niño estrábico. In: Horta-Barbosa P, editor. Estrabismo. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1997. p. 47-72. Anais Höfling-Lima AL, Belfort R Jr. Infecção herpética do recém-nascido. In: IV Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira; 1980 Jul 28-30, Belo Horizonte, Brasil. Anais. Belo Horizonte; 1980. v.2. p. 205-12. Teses Schor P. Idealização, desenho, construção e teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1997. Documentos Eletrônicos Monteiro MLR, Scapolan HB. Constrição campimétrica causada por vigabatrin. Arq Bras Oftalmol. [periódico na Internet]. 2000 [citado 2005 Jan 31]; 63(5): [cerca de 4 p.]. Disponível em:http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-274920000005000 12&lng=pt&nrm=iso 7. Tabelas. A numeração das tabelas deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas devem ter título e cabeçalho para todas as colunas e serem apresentadas em formatação simples, sem linhas verticais ou preenchimentos de fundo. No rodapé da tabela deve constar legenda para todas as abreviaturas (mesmo que definidas previamente no texto) e testes estatísticos utilizados, além da fonte bibliográfica quando extraída de outro trabalho. Todas as tabelas devem estar contidas no documento principal do manuscrito após as referências bibliográficas, além de serem enviadas como documento suplementar. 8. Figuras (gráficos, fotografias, ilustrações, quadros). A numeração das figuras deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. O ABO publicará as figuras em preto e branco sem custos para os autores. Os manuscritos com figuras coloridas apenas serão publicados após o pagamento da respectiva taxa de publicação de R$ 500,00 por manuscrito. Os gráficos devem ser, preferencialmente, em tons de cinza, com fundo branco e sem recursos que simulem 3 dimensões ou profundidade. Gráficos do tipo torta são dispensáveis e devem ser substituídos por tabelas ou as informações serem descritas no texto. Fotografias e ilustrações devem ter resolução mínima de 300 DPI para o tamanho final da publicação (cerca de 2.500 x 3.300 pixels, para página inteira). A qualidade das imagens é considerada na avaliação do manuscrito. Todas as figuras devem estar contidas no documento principal do manuscrito após as tabelas (se houver) ou após as referências bibliográficas, além de serem enviadas como documento suplementar. No documento principal, cada figura deve vir acompanhada de sua respectiva legenda em espaço duplo e numerada em algarismo arábico. Os arquivos suplementares enviados podem ter as seguintes extensões: JPG, BMP, TIF, GIF, EPS, PSD, WMF, EMF ou PDF, e devem ser nomeados conforme a identificação das figuras, por exemplo: “grafico_1.jpg” ou “figura_1A.bmp”. 9. Abreviaturas e Siglas. Quando presentes, devem ser precedidas do nome correspondente completo ao qual se referem, quando citadas pela primeira vez, e nas legendas das tabelas e figuras (mesmo que tenham citadas abreviadas anteriormente no texto). Não devem ser usadas no título e no resumo. 10. Unidades: Valores de grandezas físicas devem ser referidos de acordo com os padrões do Sistema Internacional de Unidades. 11. Linguagem. A clareza do texto deve ser adequada a uma publicação científica. Opte por sentenças curtas na forma direta e ativa. Quando o uso de uma palavra estrangeira for absolutamente necessário, ela deve aparecer com formatação itálica. Agentes terapêuticos devem ser indicados pelos seus nomes genéricos seguidos, entre parênteses, pelo nome comercial, fabricante, cidade, estado e país de origem. Todos os instrumentos ou aparelhos de fabricação utilizados devem ser citados com o seu nome comercial, fabricante, cidade, estado e país de origem. É necessária a colocação do símbolo (sobrescrito) de marca registrada ® ou ™ em todos os nomes de instrumentos ou apresentações comerciais de drogas. Em situações de dúvidas em relação a estilo, terminologia, medidas e assuntos correlatos, o AMA Manual of Style 10th edition deverá ser consultado. 12. Documentos Originais. Os autores correspondentes devem ter sob sua guarda os documentos originais como a carta de aprovação do comitê de ética institucional para estudos com humanos ou animais; o termo de consentimento informado assinado por todos os pacientes envolvidos, a declaração de concordância com o conteúdo completo do trabalho assinada por todos os autores e declaração de conflito de interesse de todos os autores, além dos registros dos dados colhidos para os resultados do trabalho. 13. Correções e Retratações. Erros podem ser percebidos após a publicação de um manuscrito que requeiram a publicação de uma correção. No entanto, alguns erros, apontados por qualquer leitor, podem invalidar os resultados ou a autoria do manuscrito. Se alguma dúvida concreta a respeito da honestidade ou fidedignidade de um manuscrito enviado para publicação for levantada, é obrigação do editor excluir a possibilidade de fraude. Nestas situações o editor comunicará as instituições envolvidas e as agências financiadoras a respeito da suspeita e aguardará a decisão final desses órgãos. Se houver a confirmação de uma publicação fraudulenta no ABO, o editor seguirá os protocolos sugeridos pela International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e pelo Committee on Publication Ethics (COPE). LISTA DE PENDÊNCIAS Antes de iniciar o envio do seu manuscrito o autor deve confirmar que todos os itens abaixo estão disponíveis: Manuscrito formatado de acordo com as instruções aos autores. Limites de palavras, tabelas, figuras e referências adequados para o tipo de manuscrito. Todas as figuras e tabelas inseridas no documento principal do manuscrito. Todas as figuras e tabelas na sua forma digital para serem enviadas separadamente como documentos suplementares. Formulário de Declaração da Participação dos Autores preenchido e salvo digitalmente, para ser enviado como documento suplementar. Formulários de Declarações de Conflitos de Interesses de todos os autores preenchidos e salvos digitalmente, para serem enviados como documentos suplementares. Número do registro na base de dados que contem o protocolo do ensaio clínico constando na folha de rosto. Versão digital do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com a aprovação do projeto, para ser enviado como documento suplementar. Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1): 75-8 Normas.pmd 77 18/4/2011, 11:54 77 LISTA DE SÍTIOS DA INTERNET Interface de envio de artigos do ABO http://www.scielo.br/ABO Formulário de Declaração de Contribuição dos Autores http://www.cbo.com.br/site/files/Formulario Contribuicao dos Autores.pdf International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) http://www.icmje.org/ Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals http://www.icmje.org/urm_full.pdf Declaração de Helsinque http://www.wma.net/en/30publications/10policies/b3/index.html Princípios da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) http://www.arvo.org/eweb/dynamicpage.aspx?site=arvo2& webcode=AnimalsResearch Chamon W, Melo LA Jr, Paranhos A Jr. Declaração de conflito de interesse em apresentações e publicações científicas. Arq Bras Oftalmol. 2010;73(2):107-9. http://www.scielo.br/pdf/abo/v73n2/v73n2a01.pdf Princípios de Autoria segundo ICMJE http://www.icmje.org/ethical_1author.html Australian and New Zealand Clinical Trials Registry http://www.anzctr.org.au International Standard Randomised Controlled Trial Number - ISRCTN http://isrctn.org/ University Hospital Medical Information Network Clinical Trials Registry - UMIN CTR http://www.umin.ac.jp/ctr/index/htm Nederlands Trial Register http://www.trialregister.nl/trialreg/index.asp MeSH - Medical Subject Headings http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=mesh&term= DeCS - Descritores em Ciências da Saúde http://decs.bvs.br/ Formatação proposta pela International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html List of Journal Indexed in Index Medicus http://www.ncbi.nlm.nih.gov/journals AMA Manual of Style 10th edition http://www.amamanualofstyle.com/ Formulários para Declaração de Conflitos de Interesse http://www.icmje.org/coi_disclosure.pdf Protocolos da International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) http://www.icmje.org/publishing_2corrections.html U.S. National Institutes of Health http://www.clinicaltrials.gov Protocolos da Committee on Publication Ethics (COPE) http://publicationethics.org/flowcharts Editada por IPSIS GRÁFICA E EDITORA S.A. Rua Dr. Lício de Miranda, 451 CEP 04225-030 - São Paulo - SP Fone: (0xx11) 2172-0511 - Fax (0xx11) 2273-1557 Diretor-Presidente: Fernando Steven Ullmann; Diretora Comercial: Helen Suzana Perlmann; Diretora de Arte: Elza Rudolf; Editoração Eletrônica, CTP e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A. Periodicidade: Bimestral; Tiragem: 7.000 exemplares 78 Normas.pmd Publicidade CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA R. Casa do Ator, 1.117 - 2º andar - Vila Olímpia São Paulo - SP - CEP 04546-004 Contato: Fabrício Lacerda Fone: (5511) 3266-4000 - Fax: (5511) 3171-0953 E-mail: [email protected] Arq Bras Oftalmol. 2011;74( 1):75-8 78 18/4/2011, 11:54 C M Y CM MY CY CMY K