INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA CLÍNICA INSTITUCIONAL NAS ALDEIAS INFANTIS S.O.S Helena Bandeira de Melo Rio Branco(1) Fabiane dos Santos Cardoso(1) Profa. Msc. Raquel Almeida de Castro(2) Departamento de Psicologia RESUMO: A atuação de um Psicólogo não se resume exclusivamente à terapêutica individual, existem técnicas para uma intervenção junto aos integrantes de uma instituição. Trata-se da Psicologia Institucional, que fundamentada no referencial psicanalítico, objetiva promover a promoção da saúde mental, desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis e compreensão da dinâmica institucional pelos integrantes da mesma. O Projeto de Extensão intitulado “Intervenção em Psicologia Clínica Institucional nas Aldeias Infantis S.O.S”, foi desenvolvido na Aldeia Infantil S.O.S do Amazonas, localizada na cidade de Manaus. O projeto Aldeias Infantis surgiu em 1949, na Áustria, com a finalidade de ajudar crianças que haviam perdido seus lares, sua segurança e suas famílias em conseqüência da II Guerra Mundial. Partindo da filosofia “família é a base do desenvolvimento infantil”, sua missão é oferecer uma família substituta com a mãe social, irmãos e casa própria, além de acolhimento, educação, segurança e conforto, às crianças em situação de risco social. Apenas em 1967 o projeto chegou ao Brasil, sendo instalado nas principais capitais. Trata-se de uma entidade não governamental e sem fins lucrativos, que sobrevive da doação de voluntários do mundo todo. O Projeto de Extensão, que ocorreu no período de agosto de 2005 a julho de 2006, objetivou estudar, a partir do modelo conceitual da Psicologia Institucional, as relações interpessoais e a dinâmica institucional, a fim de promover grupos operativos que enfatizem a saúde mental na vida dos integrantes da mesma. Além de investigar os problemas da instituição que demandem a inserção da ciência psicológica, propondo uma intervenção que promova a saúde mental; bem como, oportunizar o desenvolvimento de habilidades de observação, entrevistas e manejo dinâmico de grupos, através de uma atuação ética condizente com o profissional. A proposta metodológica apoiou-se no preceito da Interpretação e Intervenção Psicanalítica, que através da atribuição de significados à informação, permitiu compreender a relação singular e o estabelecimento de papéis de cada casa-lar, além de identificar mecanismos de defesa e processos inconscientes apresentados pelos integrantes da instituição. Após a realização de entrevistas individuais com as mães-sociais, corpo administrativo e observação participante na instituição, foram estruturados três grupos operativos, com realização quinzenal, destinados às crianças, aos adolescentes e às mães e tias. Além de dinâmicas de grupo com os membros de cada casa-lar, enfatizando os conflitos familiares. Os participantes foram: mães e tias sociais - Ensino Médio Completo, faixa etária de 23 a 40 anos, crianças de zero a 10 anos e adolescentes de 11 a 20 anos. As intervenções psicológicas se organizaram, sobretudo, a partir de alguns focos: relacionamento interpessoal entre mães e crianças - a comunicação, o respeito mútuo e sentimento em relação à saída de uma criança; relacionamento intrapessoal e interpessoal de mães e tias - as perdas ocasionadas pelo afastamento das crianças (reinserção) e a aceitação das crianças remanejadas para a casa; trabalho com as crianças – a vivência grupal, as mudanças corporais e psíquicas na adolescência, a reinserção na família biológica, para as crianças que passarão pelo processo de reinserção – o afastamento da mãe-social e dos irmãos sociais, a perspectiva de férias e o medo referentes às férias. As atividades desenvolvidas promoveram um maior conhecimento e compreensão dos conflitos no relacionamento interpessoal pelos integrantes. Possibilitando o surgimento de ações para a resolução ou amenização dos mesmos. Apesar de nos depararmos com grande resistência dos integrantes e corpo administrativo. Diante da impossibilidade de trabalhar com todos os integrantes da instituição, examinamos os “pontos de urgência” para uma intervenção focal. Trabalhar com a subjetividade humana implica na não quantificação dos resultados em números. Em suma, a Atividade de Extensão possibilitou a identificação de vários conflitos manifestos e latentes, fazendo com que os acadêmicos transcendessem a queixa expressa pela instituição. Atingiu-se, com isso, o reconhecimento de um “choque” entre a ética e objetivos do trabalho, quando a necessidade de fazer mudanças nos aspectos da instituição, não puderam ser realizadas porque os integrantes da mesma não julgaram como necessárias. E-mail: [email protected] ________________________________________ (1) Acadêmica de Psicologia (2) Orientadora