BRICs os gigantes emergentes Nasce o BRIC Foi Jim O'Neill, do Goldman Sachs, em 2001, quem teve a feliz idéia de definir esse grupo de países emergentes com a palatável expressão BRIC. O acrônimo pegou de forma impressionante. Baseado em dados estatísticos, o economista acredita que em 40 anos o grupo de quatro países deva superar o G-7, configurando nova composição de forças no poder global. Contudo, os BRIC estão longe deformar um grupo homogêneo, e até o presente tal neologismo não passa de um conceito, pois não existe nenhum organismo formal representativo dos mesmos. No plano estratégico, as diferenças acirram-se mais ainda, visto que Rússia e China são potências políticas e militares, ambas compõem o restrito Conselho de Segurança da ONU. A Índia, apesar de não se configurar como potência global é uma potência atômica: foi o sexto país do mundo a adquirir a bomba nuclear. Pela primeira vez desde 1880, os países ricos representam menos de 50% da produção mundial e o centro de gravidade da economia global toma o rumo Sul POR ANTONIO LUIZ M. C. COSTA QUEM DIRIA? A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que a partir de 1961 começou a reunir os países do chamado "Ocidente industrializado", está desde 2007 cortejando cinco dos maiores países periféricos - Brasil, China, Índia, Indonésia e África do Sul - para aderirem a seus quadros. Da perspectiva dos anos 60, seria inesperado esses países poderem algum dia cogitar de ser admitidos na organização. Mas o mais curioso é que nenhum deles se interessou. Um marco simbólico importante é que em 2009, pela primeira vez desde os anos 1880 e a extensão do imperialismo à escala planetária, os países do núcleo da OCDE respondem por menos de 50% do Produto Mundial Bruto. Ao longo dos anos 80 e 90 representavam cerca de 60% da economia mundial, caíram para 51% em 2008, devem ficar em 49% em 2009 e sua participação continuará a cair continuamente, ficando em 44% no ano de 2014, segundo as projeções do FMI. Por núcleo da OCDE entendam-se Europa Ocidental (mais a Alemanha Oriental, incorporada em 1990), América do Norte, Japão, Austrália e Nova Zelândia - o conjunto tradicional dos "ricos". Desde a fundação, a organização incluía também a Turquia e, a partir de 1994, passou a incorporar mais alguns países semiperiféricos: México, Coréia do Sul, República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia. Contando todos estes, a OCDE ainda representa 56% da economia mundial em 2009, mas cairá para 51% em 2014. Igualmente interessante é a redução do peso do núcleo do núcleo, ou seja, o G-7. Até 1996, esse foro representava a maior parte do PIB mundial e de fato agia em relação à economia do planeta como um acordo de acionistas majoritários. Em 1997, a soma dos sete grandes caiu pela primeira vez abaixo dos 50%. Coincidentemente, a Rússia (cerca de 3% do PIB mundial) foi formalmente admitida naquela data, o que manteve a participação do grupo ligeiramente acima dos 50% por mais cinco anos. Em 2005, o grupo, mesmo ampliado, passara a 48% da produção mundial e já não conseguia desempenhar seu papel tradicional. Nesse ano, Tony Blair, ante a necessidade de avançar no tema do aquecimento global, propôs então, pela primeira vez, estender o diálogo a mais cinco países: Brasil, China, Índia, África do Sul e México. Além de serem importantes em termos de contribuição para o efeito estufa, capitaneavam a aliança conhecida como G-20, que desde 2003, na reunião da OMC em Cancun, desafiava o consenso dos países ricos. O primeiro encontro formal do G-8+5, visando à questão climática, deu-se em 2007. No mesmo ano o governo francês propôs a incorporação integral dos cinco países ao grupo e, em 2008, também do Egito, substituindo o G-8 por um G-14. A idéia teve apoio do Reino Unido, mas os outros participantes resistiram e EUA e Japão se opuseram explicitamente. Na verdade, os republicanos estadunidenses quiseram voltar a excluir a Rússia do grupo, como propôs explicitamente John McCain em sua campanha eleitoral. Mas a verdade é que, com Rússia ou sem ela, o G-8, apesar de seu quase-monopólio do poder militar, não tem mais um peso suficiente para decidir sobre os rumos econômicos do globo. Em 2009, os sete grandes representam só 41% do produto mundial e devem cair para menos de 37% até 2014. Já o G-14 proposto por Nicolas Sarkozy significaria hoje cerca de 68% da economia do planeta e manteria essa participação (quase a mesma de 1992) pelo futuro previsível, sempre segundo as projeções, do FMI. De mera sigla inventada por um analista - não havia, à época, maiores laços entre os quatro países -, o BRIC tornou-se organização real em 2009. De mera correia de transmissão do G-S, o grupo das vinte maiores economias também chamado G-20, mas muito diferente do G-20 de Cancun - começou também neste ano a se tornar um foro real, com discussões políticas e presença dos chefes de Estado. Sem pedir licença à OCDE ou ao FMI, o MERCOSUL, a Alba, a Asean, o BRIC e outras organizações começam a planejar a substituição do dólar por acordos de troca, moedas regionais alternativas e mesmo uma moeda global alternativa, proposta impulsionada com entusiasmo pela Rússia e com mais cautela e seriedade pela China, que não pode brincar com suas reservas de 2 trilhões de dólares. Não só a idéia de um Império unilateral dos EUA como também a da hegemonia imperial multilateral da América do Norte, Europa e Japão tornaram-se obsoletas. Sozinhos ou em grupo, esses países estão perdendo o comando da economia global e não podem cooptar os rivais realmente importantes sem diluir sua influência e abrir mão de suas exigências. Mesmo antes da crise do neoliberalismo e do investment grade, não interessava ao Brasil aderir à abertura de mão única e aos acordos que favorecem os países de origem do capital na tributação das transnacionais e impedem medidas para restringir o fluxo de capitais em caso de necessidade, como ainda exige a OCDE. Muito menos lhe convém a posição dos ricos sobre aquecimento global - fixar os limites de emissão com base em 1990, o que seria congelar o status quo econômico neste momento a eles favorável. Se isso não interessa a Brasília, muito menos a Pequim ou Nova Délhi, embora ainda possa cooptar pequenos países semiperiféricos já comprometidos com o liberalismo, como Chile, Israel, Eslovênia e Estônia. A Rússia é ambígua: aproxima-se estrategicamente da China, é difícil imaginá-la em harmonia com os EUA e a União Européia no essencial, mas reluta em ampliar o G-8, negocia com a OCDE e os limites de 1990 para as cotas de emissão lhe interessam. Com todas as suas discordâncias, os demais países periféricos descobrem interesses comuns importantes e começam a discutir o futuro do mundo com os países já-não-tão-centrais. Não como uma massa passiva de bárbaros a serem civilizados, mas como um grupo com interesses e ideias diferentes, articulado em torno dos líderes do G-20 de Cancun. Não só os EUA como o G-8 e a OCDE terão de se conformar em ser interlocutores e não ditadores. A ascensão dos BRICS representa um rearranjo global? POR EDILSON ADÃO. MESTRE EM Ciências HUMANAS PELA USP. PROFESSOR DE RELAÇOES INTERNACIONAIS DAS FACULDADES ESAMC. O termo globalização lastreou o glossário das relações internacionais na última década do século xx e a primeira deste. A primeira vez que a expressão foi utilizada com o sentido atual - de interdependência dos lugares - foi em 1985, quando o economista britânico Theodore Levitt lançou o livro The Globalization ofthe Markets. Depois, converteu-se em palavra da moda. Inicialmente, a globalização impregnou-se de uma conotação essencialmente econômica, apresentando a ideia de integração dos mercados mundiais e de abertura. Depois virou sinônimo de integração nas mais variadas dimensões: informacional, cultural, social, política, etc. A intensa integração provocou um progressivo estreitamento entre as economias nacionais com imensa descentralização do processo produtivo e a mundialização do consumo. Como muito daquilo que se passa em ciências humanas, não há consenso sobre quando se inicia tal processo. Não são poucos os estudiosos que repudiam este fenômeno como pertencente ao fim do século XX. Para eles, o processo inicia-se ainda no mercantilismo, quando o mundo deixa de se restringir à Europa e arredores para atravessar o Atlântico e incorporar a América ao processo produtivo daquela primeira fase do capitalismo comercial do século XVI. Nessa visão, globalização seria a nova roupagem do imperialismo. Um inegável traço da globalização do fim do século XX é o acirramento das diferenças entre um Hemisfério Norte rico e um Sul pobre; segundo muitos estudos, o contraste das riquezas nunca foi tão evidente. Paradoxalmente, esses primeiros anos do novo século, trazem, contudo, um novo alinhamento geopolítico e, por que não dizer, esboça-se uma releitura da ordem vigente, uma espécie de "reglobalização", porém, sem contemplar a redistribuição das riquezas. Conforme vimos anteriormente, avizinha-se nova relação entre os ricos do Norte e alguns pobres do Sul, esses últimos constituindo um grupo específico: os BRICs e agregados, que se apresentam ao mundo reivindicando uma realocação de suas posições, não só no plano econômico, mas também político. BRIC é uma abreviatura criada com as iniciais das quatro grandes economias emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. Sob essa ótica, é nítido notar que saímos de uma era bipolarizada pelo confronto ideológico capitalismo vs. socialismo e adentramos à propalada multipolaridade econômica do pós-Guerra Fria. A tal "nova ordem" logo se mostrou nem tanto multipolar assim, com a nítida supremacia norte-americana, situação que se intensificou com o unilateralismo da era Bush Jr. e sua vontade de uni polarizar o sistema mundial, buscando uma supremacia econômica, política e militar norte-americana. Simultaneamente à essa transição de ordens, a China emergia como realidade econômica mundial e mais séria candidata a se rivalizar com os Estados Unidos pela hegemonia; não já, mas em breve. Seguindo seus passos, a Índia conheceu igualmente espetacular crescimento econômico, em torno de 7% ao ano. Depois da caótica transição da planificação burocrática à economia de mercado, nos anos 1990, o renascimento russo traz alento à sua sociedade. Por fim, com a estabilidade econômica do Brasil dos últimos dez anos, o País ascendeu à condição de emergente privilegiado, complementada com a firme política externa conduzida por Celso Amorim e que, a despeito de algumas dissonâncias no meio acadêmico internacionalista e midiático, verbalizou de maneira mais efetiva a opinião brasileira diante das questões internacionais. Nosso país encaminhou um multilateralismo antes jamais visto, sem se afastar de sua tradicional parceria com os Estados Unidos e a Europa. Em síntese, essa foi a rota dos quatro países que compõem o BRIC nos últimos vinte anos. Os fóruns de poder Apesar da obsolescência de sua representatividade, o Conselho de Segurança da ONU segue sendo uma espécie de clube do poder mundial. Apenas cinco, entre os quinze Estados que o compõem, têm assento permanente e, mais que isso, o decisivo poder de veto. É sabido o interesse de alguns países em alterar essa instância, particularmente Brasil, Índia, Japão e Alemanha, que tentaram em vão uma reforma do Conselho. Esbarraram na lógica de que poder não se divide, se conquista. Os principais organismos internacionais são dominados pelos países do Hemisfério Norte. Dentre eles, parece ser a Organização Mundial do Comércio (OMC) o mais democrático e onde os países do Sul conseguiram se não vitórias absolutas, pelo menos fazer frente aos ricos em alguns momentos, como foi o caso da formação do G-20, um grupo de vinte países "em desenvolvimento" que se uniu contra os subsídios agrícolas dos ricos, em Cancun. É essa reconfiguração nos principais fóruns de poder mundial que, espera-se, seja alterada para que se possa falar em uma verdadeira remultipolarização. Caso ocorra, essa nova formatação do poder mundial será a médio prazo. A grave crise financeira de 2008 parece ter acelerado uma transição que, de fato, demonstra estar em curso. Afinal, esta crise foi o maior abalo na economia mundial, desde 1929. Mas, o que temos no Sistema Internacional, por enquanto, é uma nítida hegemonia daqueles países que se tornaram potência ainda no imperialismo. O status quo da arena internacional, em que pese novas tendências, segue sendo pautado nas resoluções tomadas em Bretton Woods, em 1944. Sendo assim, o que temos em relação aos BRIC e demais emergentes são projeções e há de se tomar cuidados de onde parte o discurso, pois não há consenso entre os estudiosos. Para citar dois exemplos: Jim O'Neil1, acredita que já em 2020, ou seja, em pouco mais de dez anos, os BRIC alcancem o G-7 em termos de PIB. Por outro lado, o economista britânico John Bowler coloca sob suspeita tal ascensão à esfera do poder mundial, induzindo a pensar que a crise financeira também atingiu os BRIC, com exceção da China. Aos demais cabe muito bem ainda a expressão "emergente". Se haverá, de fato, a emersão, faz-se necessário aguardar. Outra questão: parece que quando se fala em nova inserção dos emergentes no tabuleiro do xadrez geopolítico mundial, esquece-se da questão social. Esses países, em vinte ou trinta anos, encostarão nos países ricos quanto à equivalência do padrão de vida? A resposta é claríssima: não! Destarte a importância do PIE, o que vale mesmo é a renda per capita. Todos os países emergentes e mesmo os BRICs (a exceção seria a Argentina) encontram-se em posição bastante desconfortável quanto ao ranking do IDH, que é o que importa quando o assunto é melhoria social. Rumo a uma ordem caótica A organização política do mundo e a forma de relações entre Estados (e mesmo organismos) devem obedecer a alguns princípios básicos: segurança, equilíbrio de poder e formas de cooperação e convivência. Esses pilares proporcionam certa estabilidade no sistema mundial, desde que não haja total supremacia de um Estado perante os demais. São muitas as visões de "ordem internacional" e um único consenso: encerrou-se uma ordem entre 1989 e 1991, respectiva-mente anos da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética. De lá para cá, as coisas não estão muito claras. Se a bipolaridade ideológica da Guerra Fria era assustadora e perigosa, a que surgiu após ela é menos ameaçadora, porém muito mais complicada. Não há consenso sobre qual tipo de ordem vivemos, mas ela parece bastante caótica. Pode, inclusive, como sustenta a matéria anterior, dar vazão a países que nunca foram potências. Há ao redor do mundo um sem-número de conflitos mal resolvidos prestes a serem retomados. Canta-se, como tantas outras vezes, o declínio do império americano, mas o que se vê é a manutenção da hegemonia norte-americana com uma economia que é três vezes maior que a segunda. E a ex-superpotência soviética, agora russa, detém ainda poder de fogo para uma destruição implacável. O que parece definitivo é a ascensão da China à condição de superpotência. É preocupante ver os Estados Unidos chamarem a potência asiática para uma conversa a sós, numa espécie de G-2, ignorando o resto do mundo, como se deu em julho de 2009. Porém, seria demasiado simplista designar tal remontagem da ordem global como nova bipolaridade. O mundo tornou-se deveras complexo para aceitar tal simplificação. O caos contemporâneo não permitirá. Atividades 1) (Ufrj 2009) O relatório apresentado em 2008 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta o aumento na emissão de gases de estufa como um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. a) Qual a importância dos gases de estufa para a manutenção da vida na Terra? b) Compare o Brasil e a China em relação às suas principais fontes de emissão de gases de estufa. 2) (UNESP 2008) A sigla BRIC está sendo utilizada para indicar o grupo de países emergentes composto pelo Brasil, Rússia, Índia e China. Analise a tabela e o gráfico relativos à produção de aço em 2005 e 2006. Descreva a produção de aço do Brasil, comparando-a com a dos demais países da tabela. Identifique a região do mundo onde está principalmente concentrada essa produção, analisando sua participação no total mundial. 3) (Unicamp 2008) “Saem as economias costeiras do Brasil e da China e entra o interior dos dois países. Em vez da Índia e Rússia, estão Filipinas, Indonésia, México, Turquia e Vietnã. Serão esses os ‘novos BRICs?’”. (Folha de São Paulo. Sérgio Dávila, “Brasil rural desponta entre novos BRICs.”, 23/09/07, p. C3) a) O acrônimo BRIC se forma pela junção da primeira letra dos nomes de um grupo específico de países. Quais são esses países e qual a similaridade que esses países apresentam? b) Quais as principais causas do crescimento elevado da China na última década? 4) (UFRJ 2006) Na Índia, o setor de serviços tecnológicos setransformou em um dos principais motores da economia e permitiu que o país crescesse a uma média de 6% ao ano, desde o começo dos anos 1990. As maiores empresas mundiais da área de informática e de telecomunicações têm filiais nesse país. Bangalore, o Vale do Silício indiano, uma ilha futurista em meio ao caos urbano que caracteriza a maioria das cidades indianas. (Adaptado de Folha de São Paulo, 10/09/2006) Apresente dois fatores que propiciaram os investimentos externos no setor de serviços tecnológicos na Índia. 05) (UFRJ 2009) O grupo de países emergentes conhecido pela sigla BRIC é composto por Brasil, Rússia, Índia e China. Esses países têm apresentado ritmos de crescimento superiores aos dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Todos os países que formam o BRIC têm ambições de se consolidar como grandes potências regionais, com projeção em escala global. No entanto, do ponto de vista geopolítico e militar, o Brasil se diferencia dos demais integrantes do grupo. Apresente um aspecto que diferencie a geopolítica brasileira da dos demais países integrantes do BRIC. Gabarito 1) a) Os gases de estufa são importantes para a vida na Terra por seu papel na absorção de parte da energia emitida pela superfície terrestre ao ser aquecida pela radiação solar. Essa energia é então radiada de volta à superfície terrestre, o que contribui para a manutenção do equilíbrio térmico que possibilita a existência de vida sob a forma que a conhecemos. b) A principal fonte de emissão de gases de estufa no Brasil é a queima da cobertura vegetal, enquanto na China é a queima de combustíveis fósseis. 2) Dos quatro países emergentes que integram a sigla BRIC, o Brasil é o que menos produz aço. Analisando a primeira tabela, nota-se que em 2006 a produção brasileira correspondia a cerca de 40% da russa e era inferior a 10% da chinesa. Além disso, no período analisado, o Brasil foi o único país com variação percentual negativa, demonstrando a queda sofrida no total de sua produção. A região do mundo que concentra a maior produção de aço é a Ásia. Nela se produz quase metade do aço mundial, e no período analisado aumentou em 12,9%, sendo a região com maior crescimento. 3) a) Os países que formam o acrônimo BRIC são, respectivamente, Brasil, Rússia, Índia e China. As principais similaridades apresentadas por eles são: grande extensão territorial, significativas reservas de recursos minerais e energéticos, populações superiores a 100 milhões de habitantes e um grande potencial de crescimento econômico (segundo a agência de investimentos Goldman Sachs, que divulgou inicialmente o acrônimo). b) O elevado crescimento econômico chinês iniciou-se nos anos de 1980, quando foram criadas as Zonas Econômicas Especiais numa faixa próxima ao litoral do país. Nessas áreas houve uma abertura econômica controlada, para atrair investidores estrangeiros oferecendo incentivos fiscais, facilidades para exportação, mão-de-obra abundante e barata, além de vantagens de acesso ao potencial mercado consumidor interno. Esses fatores, associados ao rigoroso controle do governo chinês sobre os movimentos ambientais e sociais, revelam o segredo da economia que mais cresceu no mundo na última década. 4) Entre os fatores que propiciaram os investimento externos no setor de serviços tecnológicos na Índia estão: abertura ao capital estrangeiro; política de privatização; qualificação e baixos salários de uma parcela da população; uso da língua inglesa por grande parte dos indianos; crescimento de uma parcela do mercado interno. 5) A geopolítica brasileira se diferencia da dos demais países do grupo dos BRICs pelos seguintes aspectos: o Brasil não possui armamento de destruição em massa; estabeleceu com a vizinha Argentina laços de cooperação pacífica nos setores nuclear e militar; estabeleceu com os países da costa africana e sul-americana a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul; sua projeção enquanto potência regional se dá preferencialmente de forma geoeconômica e não através da dissuasão bélica.